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Ciências Humanas e suas Tecnologias
Conteúdo
Atitude filosófica e vida cotidiana
Objetivos
Refletir sobre o impacto da violência dos desenhos animados sobre o indivíduo
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Bichinhos legais

Introdução
Acompanhe esta seqüência: Luís, oito anos, assiste a um desenho animado na sala de
casa. Na tela, o Papa-Léguas atira um pesada bigorna, do alto de um penhasco, na
cabeça do Coiote, seu eterno inimigo. Bip! Bip! O pobre Coiote fica achatado como
uma panqueca. Luís arregala os olhos. Com um sorriso suspeito, pega um vaso de cima
da mesa. Sobe a escada vai até o berço em que dorme seu irmãozinho Pedro. PLOFT!!
A cabeça do bebê vira geléia. A não ser que Luís fosse um perigoso psicopata-mirim, tal
cena jamais aconteceria. Considerar que tiros e sangue de mentira provocam ou
reforçam o que acontece na vida real - como fazem os politicamente corretos - é uma
forma simplista de explicar a violência da nossa sociedade. O ser humano, felizmente, é
muito mais complexo do que insinuam esses psicologismos rasos. Coloque a questão
em discussão na classe.
Texto de Apoio
Nos anos 70, era moda estudar a influência dos programas infantis, desenhos animados
e filmes na formação do cidadão. Não eram raras as pesquisas (na área da Psicologia
Experimental) que expunham crianças a uma programação considerada violenta e logo
após davam a essas cobaias um pedaço de pau e um boneco para checar se elas influenciadas pelo programa - o malhariam. Ainda hoje há estudos que expõem
adolescentes a filmes violentos e, logo após, pedem a eles que pratiquem um esporte,
concluindo que o fazem de forma mais violenta. Tão caricaturais quanto filmes classe
C, essas pesquisas reduzem a complexidade do psiquismo, sugerindo que o jovem é
manipulável, sujeito a modelos mecanicistas.
Para nossa sorte, o psiquismo humano é muito mais complexo do que um simples
conjunto de causas e efeitos. Ele está sujeito à história de vida de cada um, ainda que
dentro de uma mesma classe social ou faixa etária. Por isso, a violência caricatural dos
personagens de desenhos animados e filmes não deve ser responsabilizada como causa
ou facilitadora da violência real. Está certo que uma criança ou um adolescente, ao ver
uma cena de violência, experimenta algumas vezes um processo catártico, ou seja, vê-se
momentaneamente no papel da vítima ou do vilão. Isso não significa, entretanto, que
eles vão incorporar os conteúdos da violência. É muito provável que essa "vivência" do
papel da vítima ou do agressor seja saudável, já que os ajuda a elaborar seus próprios
conteúdos agressivos. As crianças que assistem ao Tom (de Tom e Jerry) ser cortado em
fatias ou achatado por um rolo compressor percebem que a violência está sendo tratada
com fantasia e exagero. Trata-se de uma maneira de tornar acessível aquilo que, na
realidade, é horrível até de se pensar, permitindo que a criança e o adolescente lidem
com seus medos. O mesmo papel cabe às histórias orais e aos livros que, analisados
com os tais olhos "politicamente corretos", podem ser considerados tão "violentos"
como os desenhos animados (veja quadro).
O que talvez seja realmente sério nessa relação da criança e do adolescente com as
programações diárias de televisão é o tempo em que ficam expostas a esquemas e
modelos estéticos repetitivos. Talvez esse lazer indolente de deixar-se levar pela
programação desse uma excelente (e séria) pesquisa: por que as crianças e jovens se
deixam levar por tanta repetição? Não seria pelo fato de que o jovem, no final, necessite
desses programas para lidar com uma violência sorrateira e mascarada imposta por um
modo de vida competitivo e violento?
Atividades
1. Organize um debate com a turma em que apareçam as seguintes questões: a violência
exibida nos programas infantis e filmes tem o poder de transformar o telespectador
infanto-juvenil em pessoa violenta? Ao viver a emoção simbólica da violência, o
espectador poderia estar descarregando simbolicamente suas emoções negativas? Os
filmes fazem mal pelas próprias cenas ou porque monopolizam a mente do espectador,
que se deixa levar pela programação?
2. Para trabalhar com a linguagem dos desenhos animados, grave um deles em vídeo
(sugestões: Beavis e Butt-Head, Os Simpsons, Frajola e Piu-Piu, Tom e Jerry) e peça
aos alunos para destacarem a fábula (a história contada), o enredo (como foi contada) e
os detalhes que, na opinão deles, atingem a emoção do público (riso, medo, expectativa
etc.). Em seguida, inicie um exercício de observação dos seguintes elementos:
a. Intertextualidade: a história lembra alguma outra? O autor partiu de alguma história já
conhecida?
b. Estereótipos e clichês: destaque dicotomias como o bem contra o mal, o esperto
contra o bobo, o grandalhão contra o fraco. Clichês, como a bomba que estoura sempre
na mão do vilão, certamente serão percebidos.
c. Textualidade (estratégia da previsibilidade): aguce a capacidade de previsão da turma:
tome um filme de ação, mostre as primeiras cenas e desligue a TV. Em seguida,
pergunte a cada aluno como será o desfecho e por quê. Passe o restante do filme e
confira as previsões.
As fadas tinham dentes. E mordiam!
Histórias infantis nem sempre tiveram finais felizes, enredos cor-de-rosa e perdão para
os vilões. Os mais famosos contos de fadas, originários da história oral da Idade Média
e depois registrados pelos Irmãos Grimm, carregam em seus enredos cenas de arrepiar
os cabelos de qualquer adulto. Os originais de O Pequeno Polegar, por exemplo, não
omitem uma só gota de sangue jorrado das cinco meninas degoladas por engano pelo
próprio pai, um malvado Ogro, que queria matar o Polegar e seus irmãos. A madrasta
malvada de Branca de Neve é obrigada, no final da história, a vestir chinelos de ferro
em brasa e dançar até morrer. Aliás, não foi por pena que os sete anões recolheram a
jovem e pálida princesa que encontraram na floresta. Eles a julgaram a pessoa ideal para
fazer os serviços da casa, como lavar suas roupas e preparar seu almoço. A meiga
história de Cinderela também tem seus momentos de terror: sem conseguir vestir os
pequenos e delicados sapatinhos, as irmãs más cortam com uma faca os dedos dos pés e
os calcanhares. As pombas brancas, amigas da mocinha, denunciam a farsa ao princípe,
quando vêem o fio de sangue que saía dos sapatinhos. No casamento de Cinderela, as
mesmas pombinhas vingativas furam os olhos das duas, cegando-as para sempre. O
realismo dessas histórias foi mantido e revisto várias vezes ao longo do tempo. Charles
Perrault, por exemplo, autor que recontou vários contos de Grimm, adaptou-os ao gosto
da aristocracia francesa do século XVII, abrandando as passagens mais cruas e criando
desfechos felizes. De lá para cá, esse processo se acentuou chegando a distorcer
profundamente os enredos originais. É o caso de Chapeuzinho Vermelho. Os Grimm
descrevem com detalhes como o lobo mastiga a menina e sua avó. Perrault ameniza os
detalhes das mortes, mas elas efetivamente acontecem. Na literatura moderna, aparece a
figura do caçador, que salva as vítimas da mocarra do lobo e o mata.

Bichinhos legais
Pesquisa derruba o mito de que os personagens
de desenhos animados estimulam a violência
Crianças de todo o mundo já viram o filme A Auto-Estrada Fracassada, exibido na
televisão desde 1963. O roteiro conta a história de Homero, um funcionário de uma
empresa de engenharia que tenta derrubar uma árvore para, no lugar dela, construir uma
estrada. Mas um morador da área se recusa a sair e submete o sujeito a violências
indizíveis. Em sete minutos, Homero leva uma surra de cassetete, é jogado em uma
betoneira, explode com uma bomba que lhe cai nas calças e é atropelado por um trator.
Filme de terror? Não, é apenas mais um episódio do desenho animado Picapau, criado
em 1940 pelo americano Walter Lantz. De uns tempos para cá, o desenho tornou-se um
dos milhares de exemplos usados pelo esquadrão dos politicamente corretos para
mostrar como a criançada está exposta à violência televisiva. As gerações que
cresceram gargalhando a cada vez que o operário se estrepa ao tentar derrubar o Picapau
da árvore, no entanto, têm um consolo. Um estudo feito pelo Laboratório de Pesquisa
sobre Infância, Imaginário e Comunicação, da Universidade de São Paulo, USP, com
1.020 crianças mostra que colocar os cartoons no balaio das más influências é uma
asneira sem tamanho. "Uma criança normal, que não sofre de distúrbio cerebral, jamais
transfere a violência do faz-de-conta para o cotidiano", conclui Elza Dias Pacheco,
coordenadora da pesquisa e doutora em psicologia social.
O conto da Gata Borralheira, escrito no século XVII pelo francês Charles Perrault,
mostra uma madrasta que obriga as filhas a cortar os dedos dos pés para calçar um
sapatinho de cristal. A primeira versão de Chapeuzinho Vermelho trazia o Lobo Mau
mastigando uma menina e sua avó. Nossos tataravós não se transformaram em
matadores depois de ouvir as histórias. As crianças de hoje também não jogarão
dinamites nos desafetos, como faz o Pernalonga. Como nos contos, a linguagem da
maioria dos desenhos é propositadamente exagerada e deixa claro que se está falando de
um mundo irreal. As cores são berrantes, ninguém morre, as músicas ridicularizam as
cenas de violência e garantem o tom de diversão.
A pesquisa tem outra conclusão importante: a meninada prefere os desenhos antigos. No
ranking dos dez mais lembrados pelas crianças entrevistadas, apenas três têm menos de
uma década. O Picapau está em primeiro lugar. Pateta, Tom e Jerry e Pernalonga vêm
em seguida. "Gosto do Tom e Jerry e, principalmente, do Mickey. Tenho travesseiros,
copos e bicho de pelúcia dele", conta André Sollito, 8 anos. A doutora Elza ficou
intrigada com a mania retrô e tentou explicar por que os novos desenhos, liderados pela
safra japonesa, não conseguem fixar-se no gosto infantil. Descobriu que, apesar de os
personagens dos desenhos japoneses sempre se apresentarem com os olhos muito
grandes e redondos, à maneira ocidental, eles são ultranipônicos num traço de
comportamento que as crianças — mesmo inconscientemente — percebem. Eles sempre
andam em turmas gigantes. É assim, por exemplo, com os Cavaleiros do Zodíaco e os
Power Rangers. São tantos personagens que as crianças têm dificuldade para identificar
um herói. Há ainda outro ponto. Os novos desenhos pecam pelo excesso de realidade.
Filmes como Yu Yu Hakusho — em que o herói embrenha-se em crises existenciais e
depois soca os inimigos até que jorrem litros de sangue — não convencem. "Quando
vejo os super-heróis, fico sério na frente da TV. Mas quando assisto ao Picapau não
agüento de tanto rir. Por isso ele é mais legal", diz o paulista Felipe Vannucci Maneschi,
9 anos, que acorda todos os sábados às 7 da manhã para ver as estripulias do
personagem.
Os desenhos de outrora também levam vantagem ao mostrar bichos — quase sempre
travestidos de gente — como heróis. Em vez de atormentar as crianças com dilemas
éticos, os bichinhos garantem o que qualquer criança, com toda a razão, quer: diversão.
"O Pernalonga é o maior barato. Ele vive se escondendo para enganar os outros. Eu
também brinco de esconder dentro de casa e gosto de imitá-lo", conta Lucas Bobadilla,
8 anos. A pesquisa da USP é a redenção da geração TV. É também um alívio em meio à
febre politicamente correta que produziu curiosidades como uma recente pesquisa
divulgada pela ONU. Nela foram computados 1.432 crimes cometidos em uma semana
de exibição de desenhos animados em emissoras brasileiras. Boa parte deles era contra o
patrimônio. Devem estar falando de quando o Frajola amassa a gaiola do Piu-Piu.

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Bichinhos legais: violência nos desenhos animados

  • 1. Plaft! Soc! Bum! Pou!! Bases Legais Ciências Humanas e suas Tecnologias Conteúdo Atitude filosófica e vida cotidiana Objetivos Refletir sobre o impacto da violência dos desenhos animados sobre o indivíduo Conteúdo relacionado Reportagem da Veja: • Bichinhos legais Introdução Acompanhe esta seqüência: Luís, oito anos, assiste a um desenho animado na sala de casa. Na tela, o Papa-Léguas atira um pesada bigorna, do alto de um penhasco, na cabeça do Coiote, seu eterno inimigo. Bip! Bip! O pobre Coiote fica achatado como uma panqueca. Luís arregala os olhos. Com um sorriso suspeito, pega um vaso de cima da mesa. Sobe a escada vai até o berço em que dorme seu irmãozinho Pedro. PLOFT!! A cabeça do bebê vira geléia. A não ser que Luís fosse um perigoso psicopata-mirim, tal cena jamais aconteceria. Considerar que tiros e sangue de mentira provocam ou reforçam o que acontece na vida real - como fazem os politicamente corretos - é uma forma simplista de explicar a violência da nossa sociedade. O ser humano, felizmente, é muito mais complexo do que insinuam esses psicologismos rasos. Coloque a questão em discussão na classe. Texto de Apoio Nos anos 70, era moda estudar a influência dos programas infantis, desenhos animados e filmes na formação do cidadão. Não eram raras as pesquisas (na área da Psicologia Experimental) que expunham crianças a uma programação considerada violenta e logo após davam a essas cobaias um pedaço de pau e um boneco para checar se elas influenciadas pelo programa - o malhariam. Ainda hoje há estudos que expõem adolescentes a filmes violentos e, logo após, pedem a eles que pratiquem um esporte, concluindo que o fazem de forma mais violenta. Tão caricaturais quanto filmes classe C, essas pesquisas reduzem a complexidade do psiquismo, sugerindo que o jovem é manipulável, sujeito a modelos mecanicistas. Para nossa sorte, o psiquismo humano é muito mais complexo do que um simples conjunto de causas e efeitos. Ele está sujeito à história de vida de cada um, ainda que dentro de uma mesma classe social ou faixa etária. Por isso, a violência caricatural dos personagens de desenhos animados e filmes não deve ser responsabilizada como causa ou facilitadora da violência real. Está certo que uma criança ou um adolescente, ao ver uma cena de violência, experimenta algumas vezes um processo catártico, ou seja, vê-se momentaneamente no papel da vítima ou do vilão. Isso não significa, entretanto, que eles vão incorporar os conteúdos da violência. É muito provável que essa "vivência" do
  • 2. papel da vítima ou do agressor seja saudável, já que os ajuda a elaborar seus próprios conteúdos agressivos. As crianças que assistem ao Tom (de Tom e Jerry) ser cortado em fatias ou achatado por um rolo compressor percebem que a violência está sendo tratada com fantasia e exagero. Trata-se de uma maneira de tornar acessível aquilo que, na realidade, é horrível até de se pensar, permitindo que a criança e o adolescente lidem com seus medos. O mesmo papel cabe às histórias orais e aos livros que, analisados com os tais olhos "politicamente corretos", podem ser considerados tão "violentos" como os desenhos animados (veja quadro). O que talvez seja realmente sério nessa relação da criança e do adolescente com as programações diárias de televisão é o tempo em que ficam expostas a esquemas e modelos estéticos repetitivos. Talvez esse lazer indolente de deixar-se levar pela programação desse uma excelente (e séria) pesquisa: por que as crianças e jovens se deixam levar por tanta repetição? Não seria pelo fato de que o jovem, no final, necessite desses programas para lidar com uma violência sorrateira e mascarada imposta por um modo de vida competitivo e violento? Atividades 1. Organize um debate com a turma em que apareçam as seguintes questões: a violência exibida nos programas infantis e filmes tem o poder de transformar o telespectador infanto-juvenil em pessoa violenta? Ao viver a emoção simbólica da violência, o espectador poderia estar descarregando simbolicamente suas emoções negativas? Os filmes fazem mal pelas próprias cenas ou porque monopolizam a mente do espectador, que se deixa levar pela programação? 2. Para trabalhar com a linguagem dos desenhos animados, grave um deles em vídeo (sugestões: Beavis e Butt-Head, Os Simpsons, Frajola e Piu-Piu, Tom e Jerry) e peça aos alunos para destacarem a fábula (a história contada), o enredo (como foi contada) e os detalhes que, na opinão deles, atingem a emoção do público (riso, medo, expectativa etc.). Em seguida, inicie um exercício de observação dos seguintes elementos: a. Intertextualidade: a história lembra alguma outra? O autor partiu de alguma história já conhecida? b. Estereótipos e clichês: destaque dicotomias como o bem contra o mal, o esperto contra o bobo, o grandalhão contra o fraco. Clichês, como a bomba que estoura sempre na mão do vilão, certamente serão percebidos. c. Textualidade (estratégia da previsibilidade): aguce a capacidade de previsão da turma: tome um filme de ação, mostre as primeiras cenas e desligue a TV. Em seguida, pergunte a cada aluno como será o desfecho e por quê. Passe o restante do filme e confira as previsões. As fadas tinham dentes. E mordiam! Histórias infantis nem sempre tiveram finais felizes, enredos cor-de-rosa e perdão para os vilões. Os mais famosos contos de fadas, originários da história oral da Idade Média e depois registrados pelos Irmãos Grimm, carregam em seus enredos cenas de arrepiar os cabelos de qualquer adulto. Os originais de O Pequeno Polegar, por exemplo, não omitem uma só gota de sangue jorrado das cinco meninas degoladas por engano pelo próprio pai, um malvado Ogro, que queria matar o Polegar e seus irmãos. A madrasta malvada de Branca de Neve é obrigada, no final da história, a vestir chinelos de ferro em brasa e dançar até morrer. Aliás, não foi por pena que os sete anões recolheram a jovem e pálida princesa que encontraram na floresta. Eles a julgaram a pessoa ideal para
  • 3. fazer os serviços da casa, como lavar suas roupas e preparar seu almoço. A meiga história de Cinderela também tem seus momentos de terror: sem conseguir vestir os pequenos e delicados sapatinhos, as irmãs más cortam com uma faca os dedos dos pés e os calcanhares. As pombas brancas, amigas da mocinha, denunciam a farsa ao princípe, quando vêem o fio de sangue que saía dos sapatinhos. No casamento de Cinderela, as mesmas pombinhas vingativas furam os olhos das duas, cegando-as para sempre. O realismo dessas histórias foi mantido e revisto várias vezes ao longo do tempo. Charles Perrault, por exemplo, autor que recontou vários contos de Grimm, adaptou-os ao gosto da aristocracia francesa do século XVII, abrandando as passagens mais cruas e criando desfechos felizes. De lá para cá, esse processo se acentuou chegando a distorcer profundamente os enredos originais. É o caso de Chapeuzinho Vermelho. Os Grimm descrevem com detalhes como o lobo mastiga a menina e sua avó. Perrault ameniza os detalhes das mortes, mas elas efetivamente acontecem. Na literatura moderna, aparece a figura do caçador, que salva as vítimas da mocarra do lobo e o mata. Bichinhos legais Pesquisa derruba o mito de que os personagens de desenhos animados estimulam a violência Crianças de todo o mundo já viram o filme A Auto-Estrada Fracassada, exibido na televisão desde 1963. O roteiro conta a história de Homero, um funcionário de uma empresa de engenharia que tenta derrubar uma árvore para, no lugar dela, construir uma estrada. Mas um morador da área se recusa a sair e submete o sujeito a violências indizíveis. Em sete minutos, Homero leva uma surra de cassetete, é jogado em uma betoneira, explode com uma bomba que lhe cai nas calças e é atropelado por um trator. Filme de terror? Não, é apenas mais um episódio do desenho animado Picapau, criado em 1940 pelo americano Walter Lantz. De uns tempos para cá, o desenho tornou-se um dos milhares de exemplos usados pelo esquadrão dos politicamente corretos para mostrar como a criançada está exposta à violência televisiva. As gerações que cresceram gargalhando a cada vez que o operário se estrepa ao tentar derrubar o Picapau da árvore, no entanto, têm um consolo. Um estudo feito pelo Laboratório de Pesquisa sobre Infância, Imaginário e Comunicação, da Universidade de São Paulo, USP, com 1.020 crianças mostra que colocar os cartoons no balaio das más influências é uma asneira sem tamanho. "Uma criança normal, que não sofre de distúrbio cerebral, jamais transfere a violência do faz-de-conta para o cotidiano", conclui Elza Dias Pacheco, coordenadora da pesquisa e doutora em psicologia social. O conto da Gata Borralheira, escrito no século XVII pelo francês Charles Perrault, mostra uma madrasta que obriga as filhas a cortar os dedos dos pés para calçar um sapatinho de cristal. A primeira versão de Chapeuzinho Vermelho trazia o Lobo Mau mastigando uma menina e sua avó. Nossos tataravós não se transformaram em matadores depois de ouvir as histórias. As crianças de hoje também não jogarão dinamites nos desafetos, como faz o Pernalonga. Como nos contos, a linguagem da maioria dos desenhos é propositadamente exagerada e deixa claro que se está falando de
  • 4. um mundo irreal. As cores são berrantes, ninguém morre, as músicas ridicularizam as cenas de violência e garantem o tom de diversão. A pesquisa tem outra conclusão importante: a meninada prefere os desenhos antigos. No ranking dos dez mais lembrados pelas crianças entrevistadas, apenas três têm menos de uma década. O Picapau está em primeiro lugar. Pateta, Tom e Jerry e Pernalonga vêm em seguida. "Gosto do Tom e Jerry e, principalmente, do Mickey. Tenho travesseiros, copos e bicho de pelúcia dele", conta André Sollito, 8 anos. A doutora Elza ficou intrigada com a mania retrô e tentou explicar por que os novos desenhos, liderados pela safra japonesa, não conseguem fixar-se no gosto infantil. Descobriu que, apesar de os personagens dos desenhos japoneses sempre se apresentarem com os olhos muito grandes e redondos, à maneira ocidental, eles são ultranipônicos num traço de comportamento que as crianças — mesmo inconscientemente — percebem. Eles sempre andam em turmas gigantes. É assim, por exemplo, com os Cavaleiros do Zodíaco e os Power Rangers. São tantos personagens que as crianças têm dificuldade para identificar um herói. Há ainda outro ponto. Os novos desenhos pecam pelo excesso de realidade. Filmes como Yu Yu Hakusho — em que o herói embrenha-se em crises existenciais e depois soca os inimigos até que jorrem litros de sangue — não convencem. "Quando vejo os super-heróis, fico sério na frente da TV. Mas quando assisto ao Picapau não agüento de tanto rir. Por isso ele é mais legal", diz o paulista Felipe Vannucci Maneschi, 9 anos, que acorda todos os sábados às 7 da manhã para ver as estripulias do personagem. Os desenhos de outrora também levam vantagem ao mostrar bichos — quase sempre travestidos de gente — como heróis. Em vez de atormentar as crianças com dilemas éticos, os bichinhos garantem o que qualquer criança, com toda a razão, quer: diversão. "O Pernalonga é o maior barato. Ele vive se escondendo para enganar os outros. Eu também brinco de esconder dentro de casa e gosto de imitá-lo", conta Lucas Bobadilla, 8 anos. A pesquisa da USP é a redenção da geração TV. É também um alívio em meio à febre politicamente correta que produziu curiosidades como uma recente pesquisa divulgada pela ONU. Nela foram computados 1.432 crimes cometidos em uma semana de exibição de desenhos animados em emissoras brasileiras. Boa parte deles era contra o patrimônio. Devem estar falando de quando o Frajola amassa a gaiola do Piu-Piu.