Este documento descreve os critérios para definir o que constitui uma cidade, incluindo critérios numéricos, funcionais e legais. Discute também as fases de crescimento das cidades, desde a fase inicial centrípeta até às fases suburbanização e recente reconquista dos centros urbanos.
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Origem e crescimento das cidades
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RESUMO DAS AULAS DE GEOGRAFIA – 2013/2014
9ºano
AULA Nº2
Olá turma!
Nesta segunda aula vamo-nos debruçar sobre os descritores que compões o objetivo “Compreender a origem e
o crescimento das cidades”:
1. Referir critérios utilizados na definição de cidade.
2. Referir fatores responsáveis pelo surgimento das cidades.
3. Explicar os principais fatores de crescimento das cidades em países com diferentes graus de
desenvolvimento.
4. Explicar o processo de formação de uma área metropolitana e de uma megalópolis, localizando as principais
megalópolis, a nível mundial.
5. Discutir as consequências do forte crescimento urbano em países com diferentes graus de desenvolvimento.
Esta aula tem, como suporte, uma apresentação de diapositivos com o título “CIDADES – ORIGEM E
CRESCIMENTO” já publicada no blog.
Se vos pedisse para me darem exemplos de caraterísticas de uma cidade tenho a certeza que não seria uma
tarefa difícil. Todos saberiam apontar, pelo menos, uma, Afinal, vivemos numa cidade e bastava descrever a
nossa realidade diária. Mas, se vos pedisse,
- Então digam-me, como definem cidade?
Aí, seria mais complicado. Porquê? Porque não existe uma definição que seja universal e sirva para todos os
lugares classificados como cidades!
Por isso, há diferentes critérios e, como iremos ver, será preciso combiná-los quando nos pedem que digamos o
que é uma cidade.
Voltemos aos diapositivos. Um dos critérios diz-se numérico pois exprime-se por valores numéricos. Se esse
valor se refere ao número total dos residentes da cidade, chama-se de critério numérico absoluto. Como esse
valor absoluto se concentra num espaço reduzido, pode-se afirmar que, igualmente, uma cidade apresenta um
elevado valor de densidade populacional - critério numérico relativo. Nenhum destes é suficiente. Cada país
tem um valor a partir do qual considera que um aglomerado populacional é uma cidade. Além deste valor ser
diferente de país para país, dentro de cada país esse valor muda ao longo do tempo. Por exemplo, em 1960, em
Portugal, o recenseamento da população considerava que era necessário haver um mínimo de 10 000 habitantes
para um núcleo populacional ser considerado urbano/cidade. Hoje, a lei em vigor fala num mínimo de 8 000
eleitores (cidadãos a partir dos 18 anos, residentes no território nacional).
Logo, será necessário criar um novo critério, chamado, de critério funcional. Este é um critério comum às
cidades como aquela em que habitámos. O que significa? Significa que, uma cidade, desempenha um conjunto
de funções que permitem a satisfação das necessidades, quer da sua própria população, quer da população que
se dirige à cidade, diariamente, ou temporariamente, ou, ainda, raramente. A esses desempenhos da cidade
chama-se funções urbanas.
Há diferentes tipos de funções urbanas. Por exemplo, quem vive na cidade precisa de água, luz, pão, transporte
público rodoviário. São necessidades básicas que queremos ver servidas todos os dias. Daí, chamarem-se
funções urbanas vulgares. Mas há outras funções que só existem em cidades maiores, mais importantes pela
influência que exercem sobre o território. Lisboa é a cidade mais importante do país pois é a capital e sede do
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governo. Se eu tiver que ir à Assembleia da República tenho mesmo que ir a Lisboa. Mas, para comprar um par
de sapatos ou uma roupa de cerimónia encontro esses produtos em Gaia. Até se quiser comprar um carro
utilitário não preciso de sair de Gaia. Todavia, se me sair o euromilhões e pretender comprar um Ferrari? Como
não existe em Gaia essa marca à venda terei de me deslocar a um stand na cidade do Porto. E, se terminado o
12º ano, concorrer ao curso de Medicina? Tenho que sair de Gaia e concorrer para a cidade do Porto, de
Coimbra, de Lisboa, de Braga ou da Covilhã. A população precisa dos médicos. Porém, seria impossível cada
uma das cidades ter uma universidade. O seu funcionamento é muito caro e não haveria número de alunos que
justificasse tal. Em conclusão, há funções urbanas que não nos fazem falta diariamente e só existem em
determinadas cidades. Algumas delas, provavelmente, nunca recorreremos a elas na nossa vida. São as
funções urbanas raras.
Exemplos de funções urbanas:
- residencial (há quem more na cidade)
- comercial (há muitas lojas na cidade e diversificadas, tais como, sapatarias, livrarias, cafés, lojas de roupa,
restaurantes …)
- industrial (hoje já não se encontram grandes edifícios fabris; as fábricas poluem muito e precisam de muito
espaço e, com o tempo, foram obrigadas a localizarem-se na periferia da cidade. Mas continuam a existir
pequenas indústrias compatíveis com a cidade, caso de oficinas de ourivesaria, de artes gráficas, de pequeno
mobiliário, de confeções de vestuário)
- cultural (há cinemas, teatros, galerias de arte, museus, monumentos)
- turística (pelos seus monumentos e pela maior oferta funcional, a cidade atrai mais turistas do que o campo)
- administrativa (uma das funções mais antigas. Desde que o homem se sedentarizou e teve receio de ser
atacado por invasores interessados nas riquezas que explorava, sentiu necessidade de ter quem o defendesse.
Defender implica ter um exército que obedeça, regras que têm de ser cumpridas, impostos que têm de ser
cobrados, isto é, tem que haver quem administre os bens públicos e os use para cobrir as necessidades da
população do país.
Acontece que existem cidades muito pouco importantes com poucas funções disponíveis e há vilas que
oferecem uma grande variedade de funções, algumas delas, raras.
Esta diferenciação entre as cidades está na base daquilo que se chama de hierarquia urbana.
Atrás dissemos que Lisboa é a cidade que ocupa o 1º lugar (547 733 habitantes), a cidade do Porto está no 2º
lugar (237 591), a cidade de Gaia em 3º (178 526) e seguem-se as restantes por ordem decrescente de
população. Beja, cidade capital do distrito de Beja, conta apenas com 25 024 habitantes.
A dificuldade numa definição que sirva para todas as situações urbanas levou ao aparecimento de critérios
mistos que procuram associar critérios numéricos a critérios funcionais.
Em Portugal, desde 1982, a Assembleia da República aprovou a Lei nº11/82 de 2 de Junho. Segundo o Artigo
13º:
Uma vila só pode ser elevada à categoria de cidade quando:
- Conte com um número de eleitores, em aglomerado populacional contínuo, superior a 8000
- Possua, pelo menos, metade dos seguintes equipamentos coletivos:
◦Instalações hospitalares com serviço de permanência
◦Farmácias
◦Corporação de bombeiros
◦Casa de espetáculos e centro cultural
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◦Museu e biblioteca
◦Instalações de hotelaria
◦Estabelecimento de ensino preparatório e secundário
◦Estabelecimento de ensino pré-primário e infantários
◦Transportes públicos, urbanos e suburbanos
◦Parques ou jardins públicos
Podemos, então, classificar este critério como um critério legal dado que tem origem num documento legal.
A adesão de Portugal à União Europeia tem levado à adoção de diretivas europeias que tendem a uniformizar
regras a serem respeitadas pelos seus Estados-membros. Essa é a razão que levou Portugal a definir uma
unidade territorial básica. Essa unidade é a freguesia. Atualmente, os indicadores urbanos do continente
baseiam-se na classificação das freguesias em áreas predominantemente urbanas (APU), áreas mediamente
urbanas (AMU) e áreas predominantemente rurais (APR)1
De uma forma simples, a partir de 2009, quando se quer avaliar o grau de urbanização do país precisamos de
conhecer dois dados: a população que habita nas APU e nas AMU e a população total.
Duas definições podemos extrair daqui:
População urbana é a que reside nas freguesias classificadas como APU e AMU.
A taxa de urbanização é a percentagem de habitantes nas APU e nas AMU por cada 100
habitantes.
Ao longo da história, as cidades que se formaram adquiriram caraterísticas próprias da respetiva época. As
cidades atuais, tais com as da Europa Ocidental, são o produto da Revolução Industrial. O modelo que serve de
base é a da cidade industrial inglesa e é aquela que é mais comum aos chamados países desenvolvidos.
Segundo este modelo, a cidade tem passado por diferentes fases.
Quando as fábricas começaram a surgir tornaram-se num foco de forte atração em relação à população que vivia
no campo. Fala-se na fase centrípeta. Sem estruturas preparadas para albergar tanta gente, sem infraestruturas
básicas, tais como canalizações de água e de saneamento, com uma medicina ainda pouco evoluída, com uma
falta de higiene muito preocupante, as cidades eram locais sujos, insalubres, fortemente poluídas com o uso do
carvão como fonte de energia.
A população com maior poder de compra, afasta-se do centro e fixa residência nos subúrbios onde encontra
condições ambientais adequadas. Com a construção das vias férreas, a divulgação do comboio, a construção de
estradas, o aparecimento dos transportes públicos rodoviários, a classe média procura, também, afastar-se para
a periferia onde a habitação começa a surgir e a preços mais baixos. Entrou-se na fase centrífuga.
Com esta fase de expansão vão aparecer novas configurações.
Suburbanização, periurbanização, conurbação, metrópoles, áreas metropolitanas, megalópoles, são “palavrões”
novos e que têm de ser entendidos.
O esquema na página seguinte procura representar as diversas fases da expansão urbana.
1
Às AMU pode-se aplicar o termo Áreas medianamente ou mediamente Urbanas. As duas designações surgem na literatura
específica.
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Observem bem a orientação das setas e confirmem o respetivo significado na legenda.
Uma das setas dirige-se da periferia para o centro. Esta é a fase mais recente e que se pode apreciar, por
exemplo, na cidade do Porto.
Colocada fora dos limites da cidade, a indústria permitiu que a cidade concentre cada vez mais funções
terciárias. O centro mais antigo e mais degradado é, em muitos casos, alvo de reabilitação e renovação. As
casas renovadas são procuradas por jovens estudantes ou jovens casais interessados em evitar as filas de
trânsito às horas de ponta. Gostam de andar a pé, morarem perto do emprego, das atividades culturais e de
lazer.
A nível mundial, este processo de reconquista do centro marcou cidades como Nova Iorque, San Francisco,
Toronto, Londres.
Prof. Idalina Leite
Fonte – “Expansão urbana”,
Mena Varandas
http://www.slideshare.net/fmm
va/expanso-urbana