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Estratégia Pedagógica




        2ª edição – 2010
      Versão Experimental
Estratégia Pedagógica
   do Bloco Inicial
  de Alfabetização




       2ª edição – 2010
     Versão Experimental
GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL
Rogério Schumann Rosso

SECRETÁRIO DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL
Sinval Lucas de Souza Filho

SECRETÁRIA ADJUNTA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO
FEDERAL
Maria Nazaré de Oliveira Mello

SUBSECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA
Ana Carmina Pinto Dantas Santana

DIRETOR DE ENSINO FUNDAMENTAL
Luciano Barbosa Ferreira

COMISSÃO DE REVISÃO DA ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA DO BLOCO
INICIAL DE ALFABETIZAÇÃO - BIA

COORDENAÇÃO
Márcia Lucindo Lages

ELABORAÇÃO
Bethel Mansur Ferreira | Celina Henriqueta Matos Herédia | Cláudia Teles de
Medeiros | Dalva Martins de Almeida | Esther Gomes Shiraishi | Flávia Motta
Santos | Girlene Torres de Almeida | Luciana da Silva Oliveira | Márcia Cristina
Lima Pereira | Márcia Valéria Nascimento Seabra | Maria do Carmo Cardoso
Mendonça Menezes |Patrícia Coelho Rodrigues | Rafaela Ferreira Castro
Bischoff |Rosângela Mary Delphino | Sandra Yara Zanchet dos Santos | Seir
Pereira da Silva | Sheila Soares da Silva | Soraneide Dantas Carneiro

COLABORAÇÃO
Benigna Maria de Freitas Villas Boas | Carmyra Oliveira Batista

EDIÇÃO E DIAGRAMAÇÃO
Amanda Midôri Amano
SUMÁRIO



APRESENTAÇÃO .............................................................................................. 3
1. BLOCO INICIAL DE ALFABETIZAÇÃO – BIA - A ESTRATÉGIA
PEDAGÓGICA DOS PRIMEIROS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL NO
DISTRITO FEDERAL ......................................................................................... 5
     1.1 HISTÓRICO DO BIA ................................................................................. 5
     1.2 A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR EM CICLO ................................................ 8
     1.3 A CONCEPÇÃO DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM .......................... 13
     1.4 A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E TEMPO ESCOLAR ......................... 17
     1.5 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BLOCO INICIAL DE ALFABETIZAÇÃO 25
2.      ALFABETIZAÇÃO,               LETRAMENTOS               E     LUDICIDADE:           OS      EIXOS
INTEGRADORES DO TRABALHO PEDAGÓGICO NO BLOCO INICIAL DE
ALFABETIZAÇÃO ............................................................................................ 32
3. OS PRINCÍPIOS DO TRABALHO PEDAGÓGICO NO BLOCO INICIAL DE
ALFABETIZAÇÃO ............................................................................................ 40
     3.1. PRINCÍPIO DA FORMAÇÃO CONTINUADA......................................... 40
     3.2 PRINCÍPIO DO REAGRUPAMENTO ..................................................... 48
     3.3. PRINCÍPIO DO PROJETO INTERVENTIVO ......................................... 53
     3.4. PRINCÍPIO DA AVALIAÇÃO FORMATIVA ............................................ 58
     3.5. PRINCÍPIO DO ENSINO DA LÍNGUA ................................................... 69
     3.6. PRINCÍPIO DO ENSINO DA MATEMÁTICA ......................................... 90
       3.6.1. A matemática e sua importância na formação humana ................... 90
       3.6.2. A matemática no BIA ....................................................................... 91
       3.6.3. Os campos fundamentais da matemática escolar ........................... 93
       3.6.4. Dimensões da atividade matemática ............................................... 94
       3.6.5. Os sete processos mentais .............................................................. 96
       3.6.6. A ação pedagógica do professor ..................................................... 99
       3.6.7. O ambiente matematizador ............................................................ 101
4. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ................................................................. 105
5. REFERÊNCIAS .......................................................................................... 107
APRESENTAÇÃO




       A Estratégia Pedagógica do Bloco Inicial de Alfabetização - 2ª Edição -
Versão Experimental é um documento construído por comissão, designada por
meio de Ordem de Serviço, ouvidos os professores e os coordenadores, que
atuam nos três primeiros anos do Ensino Fundamental, que tem por objetivo,
entre outros mais específicos “Garantir ao estudante, a partir dos 6 anos de
idade, a aquisição da alfabetização/letramentos na perspectiva da ludicidade e
do seu desenvolvimento global, com vistas à formação do leitor e do escritor
proficientes”.
       Assim, essa publicação visa nortear a prática pedagógica dos/as
educadores/as no que tange à reorganização e à articulação do tempo e do
espaço da aprendizagem, à identificação dos saberes já construídos pelos
alunos para que, a partir dessa identificação, planejem e replanejem seus
trabalhos e, ainda, definam mecanismos de acompanhamento que propiciem a
transformação no fazer pedagógico, para que o educando tenha acesso aos
saberes essenciais para sua formação como sujeito autônomo, crítico e
competente.
       Espera-se, dessa forma, que, no ano letivo de 2011, a partir do
desenvolvimento desta Estratégia Pedagógica do Bloco Inicial de Alfabetização
- 2ª Edição - Versão Experimental, no cotidiano escolar, o/a professor/a reflita,
discuta e avalie, aprimorando-a com vistas à publicação definitiva em 2012.




                        Ana Carmina Pinto Dantas Santana
                         Subsecretária de Educação Básica




                                                                                    3
1. BLOCO INICIAL DE ALFABETIZAÇÃO – BIA - A ESTRATÉGIA
PEDAGÓGICA DOS        PRIMEIROS  ANOS      DO   ENSINO
FUNDAMENTAL NO DISTRITO FEDERAL

1.1 HISTÓRICO DO BIA
      Com a promulgação da Lei nº 3.483, de 25 de novembro de 2004, o
Distrito Federal estabeleceu a implantação do Ensino Fundamental de 9 anos
na Rede Pública de Ensino do Distrito Federal, antecipando-se, portanto, ao
restante do país. Em 2005, a Secretaria de Estado de Educação do Distrito
Federal iniciou essa ampliação para os 9 anos no ensino fundamental nas
instituições educacionais vinculadas à Diretoria Regional de Ceilândia, sendo
que nas demais Diretorias, essa ampliação foi gradativa até o ano de 2008.
Assim, em 2009 o Ensino Fundamental de 9 anos estava consolidado nas 14
Diretorias Regionais de Ensino: Brazlândia, Ceilândia, Guará, Gama, Núcleo
Bandeirante, Paranoá, Planaltina, Plano Piloto/ Cruzeiro, Recanto das Emas,
Samambaia, Santa Maria, São Sebastião, Sobradinho e Taguatinga.
      Esse processo ocorreu segundo os princípios metodológicos da
Proposta Pedagógica do Bloco Inicial de Alfabetização – BIA de 2006,
aprovada pelo Conselho de Educação do Distrito Federal por meio do Parecer
nº 212/2006 e instituída pela Secretaria de Estado de Educação do Distrito
Federal - SEDF por meio da Portaria nº 4, do dia 12 de janeiro de 2007.
Destaca-se que a construção da proposta inicial do BIA contou com a
participação dos professores da Rede pública de ensino por meio de debates,
de encontros, de reuniões e de informações levantadas nos processos de
formação.
      Assim, a proposta pedagógica do Bloco Inicial de Alfabetização – BIA,
buscou, além de atender a Lei Federal nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006,
em seu art. 5º, a reorganização do tempo e do espaço escolar, a fim de que se
pudesse obter um processo de alfabetização de qualidade, bem como de
reafirmar um dos objetivos do Plano Nacional de Educação de 2001: a redução
das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e à permanência,
com sucesso, na educação pública.
      Os professores, envolvidos no processo inicial de escolarização nas
instituições públicas do Distrito Federal, sabem os sucessos colhidos e as


                                                                                5
dificuldades vivenciadas na transformação de uma instituição educacional que
precisa, cada vez mais, ser acolhedora e de qualidade para todos.
      Na tabela, pode-se observar as duas matrizes curriculares que
coexistem, atualmente, no Ensino Fundamental.


                       ENSINO FUNDAMENTAL DE 9 ANOS
                      1º     2º     3º     4º     5º     6º     7º     8º     9º
        DRE
                     ANO    ANO    ANO    ANO    ANO    ANO    ANO    ANO    ANO
     Ceilândia       2005   2006   2007   2008   2009   2010   2011   2012   2013
    Taguatinga       2006   2007   2008   2009   2010   2011   2012   2013   2014
    Brazlândia
      Guará          2007   2008   2009   2010   2011   2012   2013   2014   2015
    Samambaia
 Demais DRE que
 implantaram o EF    2008   2009   2010   2011   2012   2013   2014   2015   2016
de 09 anos em 2008
                                                                         Tabela 1

      Com isso, confirma-se a perspectiva de uma instituição educacional
igualitária que se fortalece com a ampliação do Ensino Fundamental para
9 anos, conforme legislação vigente. Uma vez que um ano a mais de vida
escolar traz diferenças consideráveis no percurso de escolarização do cidadão.
Para isto, o BIA, a partir de uma proposta pedagógica fundamentada com a
participação de todos para a melhoria da educação, visa envolver a instituição
educacional em ações sistematizadas que promovam a aprendizagem dos
estudantes, por meio da construção de uma educação inclusiva que respeite a
diversidade cultural, social, de gênero e de credo.
      Assim, alguns índices, como o IDEB - Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica - de 2009 evidencia o crescimento dos anos iniciais do
Ensino Fundamental da rede pública do Distrito Federal (5.4) que já superou a
meta estabelecida pelo MEC para o ano de 2011. No entanto, em relação à
leitura e à escrita, mesmo com os avanços já conseguidos, há necessidade de
continuidade das políticas de organização escolar e maior investimento nos
anos iniciais de escolarização.
      Sabe-se que o insucesso da educação apresenta como razões, diversos
fatores, entre eles o de caráter social que dificulta o acesso, a permanência e o
aproveitamento escolar. Todavia, a questão metodológica, o “como fazer” para


                                                                                    6
que as crianças aprendam, de fato, a ler e a escrever proficientemente,
também, é um elemento importante.
      Nessa perspectiva, assegurar a todas as crianças um tempo/espaço
ressignificado de convivência escolar e oportunidades concretas de aprender
requer de todo professor uma prática educativa fundamentada na existência de
sujeitos, que como afirma Freire (1996, p. 77) “um que ensinando, aprende,
outro que aprendendo, ensina”. É a dialética desse processo que torna a
educação uma prática social imprescindível na constituição de sociedades
verdadeiramente democráticas.
                                                         PARA SABER MAIS...
      O BIA apresenta uma organização escolar
                                                      Professor,      leia      as
em ciclos de aprendizagem, assim, preconiza           Orientações Gerais para o
                                                      Ensino Fundamental de 9
uma instituição educacional que proporcione o         anos:    Bloco   Inicial  de
avanço   de   todos     com    a   qualidade    de    Alfabetização, de 2006, no
                                                      capítulo de contexto legal e
aprendizagem e respeito às questões individuais       educacional.

dessas aprendizagens. O Distrito Federal possibilitou a progressão continuada
no Bloco antecipando a não retenção de suas crianças nos anos iniciais da
alfabetização, confirmando um caminho, hoje, defendido e preconizado pelo
Ministério da Educação.
      Segundo as Diretrizes Operacionais para a matrícula no ensino
fundamental, o Conselho Nacional de Educação aponta que os três anos
iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar:

                      a) a alfabetização e o letramento;
                      b) o desenvolvimento das diversas formas de expressão, o
                      aprendizado da matemática e das demais áreas de
                      conhecimento;
                      c) o princípio da continuidade da aprendizagem, tendo em
                      conta a complexidade do processo de alfabetização e os
                      prejuízos que a repetência pode causar no ensino fundamental
                      como um todo e, particularmente, na passagem do primeiro
                      para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro.
                      Parágrafo 1º: mesmo quando o sistema de ensino ou a escola,
                      no uso de sua autonomia, façam opção pelo regime seriado, é
                      necessário considerar os três anos iniciais do ensino
                      Fundamental como um bloco pedagógico ou um ciclo
                      seqüencial não passível de interrupção, para ampliar a todos
                      os estudantes as oportunidades de sistematização e
                      aprofundamento das aprendizagens básicas, imprescindíveis
                      para o prosseguimento dos estudos.




                                                                                     7
A política de ciclos é polêmica e foco de muitas discussões, de avanços
e de recuos, e, portanto, não se pode deixar de refletir sobre o papel identitário
e social da instituição educacional pública e tomar como ponto de partida a
análise da lógica da instituição educacional seriada e suas consequências
(seletividade, exclusão, taxas de reprovação).
      Considerando este panorama educacional, a Secretaria de Estado de
Educação do Distrito Federal – SEDF – constituiu uma comissão com
professores da rede pública de ensino, para revisar e ampliar o documento
orientador do BIA, tendo em vista atender aos anseios e às necessidades da
alfabetização e do letramento no contexto atual, contribuindo para uma reflexão
maior sobre o processo inicial de escolarização.
      Essa comissão contou com representantes da equipe da 1ª edição da
proposta e com professores que atuam nas diversas Diretorias Regionais de
Ensino, nos Centros de Referência em Alfabetização - CRA, coordenação
intermediária, além de coordenadores do nível central da SEDF, com o cuidado
de garantir estruturas participantes dos mais diversos profissionais que
implementam o BIA no DF, dando voz aos professores atuantes no Bloco.


1.2 A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR EM CICLO
      Na organização escolar em ciclo, o pensamento norteador está em
função das necessidades de aprendizagens dos estudantes. Ele parte de outra
concepção de aprendizagem e de avaliação que traz desdobramentos
significativos para o espaço e o tempo escolar, além de exigir novas práticas e
novas posturas da equipe escolar.
      O tempo escolar é uma construção histórica e cultural, a partir da
década de 80, vários estados e municípios reestruturaram o ensino
fundamental a partir das séries iniciais. Esse processo de reorganização, que
tinha como objetivo político minimizar o problema da repetência e da evasão
escolar, adotou como princípio norteador a flexibilização da seriação, o que
abriria a possibilidade de o currículo ser trabalhado ao longo de um período de
tempo maior e permitiria respeitar os diferentes ritmos de aprendizagem que os
estudantes apresentam (PCN, 1996).
      Desse modo, a seriação inicial deu lugar ao ciclo básico, tendo como
objetivo propiciar maiores oportunidades de escolarização voltada para a

                                                                                     8
alfabetização efetiva das crianças. As experiências, ainda que tenham
apresentado problemas estruturais e necessidades de ajustes da prática,
acabaram por demonstrar que a organização por ciclos contribui, efetivamente,
para a superação dos problemas do desenvolvimento escolar.
         Segundo Mainardes (2007), na década de 1980, muitos estados no país
– São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Paraná - implantaram o sistema de ciclos
com o CBA (Ciclo Básico de Alfabetização). No estudo de Tolentino (2007) o
Distrito Federal também implantou o ciclo nesse período com o Projeto ABC
(1984), o CBA (1989) e a Escola Candanga (1997). Vale destacar a
participação do DF nas experiências pioneiras do País de políticas de não
retenção, quando na década de 1960, mais precisamente a partir de 1963, o
ensino primário foi dividido em três fases, onde o estudante avançava para a
segunda fase ao completar o processo de alfabetização.
         A organização escolar em ciclos foi
vista como um recurso para a modernização              PARA SABER MAIS...

da educação, a redução da seletividade da         A ideia de eliminar a reprovação
                                                  nos      primeiros      anos    de
escola     e    o   desperdício   de   recursos   escolarização não é nova. As
                                                  discussões sobre políticas de não
financeiros, que com o regime seriado e o         reprovação tiveram início no final
sistema        de   promoção,     baseado   no    da década de 1910 e as primeiras
                                                  experiências                 foram
desempenho dos estudantes, produziram os          implementadas no final da década
                                                  de 1950. Na educação brasileira o
altos índices de reprovação e de evasão.          termo     “ciclo”   apareceu     na
                                                  Reforma       Francisco    Campos
Segundo Teixeira (1954 In Ibid.), em 1938,        (década de 1930) e na Reforma
                                                  Capanema (Leis Orgânicas do
58% dos estudantes matriculados, na 1ª            ensino – 1942/1946). E o uso
série, não chegavam a 2ª série, além disso,       deste termo, como política de não
                                                  reprovação, foi protagonizado por
somente 4% dos estudantes, completavam o          São       Paulo,      em      1984
                                                  (MAINARDES, 2007).
ensino primário sem nenhuma reprovação.
         Nos anos de 1990, os ciclos foram reformatados e indicados na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96, no seu artigo 23 e o
Regime de Progressão Continuada foi incluído no parágrafo 2º do Art. 32. A
diferença está na forma como as ações norteadoras da organização escolar se
estabelecerão. A política de ciclos pôde ser implementada, portanto, somente
com o objetivo de diminuir as taxas de reprovação, assumindo um caráter mais
conservador, ou com o objetivo de criação de um sistema educacional mais
democrático e igualitário, assumindo um caráter mais transformador.

                                                                                        9
A proposta dos ciclos no Brasil abrange dois tipos de organização: os
ciclos de aprendizagem e os ciclos de formação. Embora a progressão
continuada seja considerada uma organização em ciclos, faz-se necessário
refletir sobre as diferenças existentes. Os ciclos de aprendizagem apresentam
uma estrutura de dois ou três anos de duração e prevê ao final desse período a
retenção do estudante que não atingir os objetivos do ciclo. Os ciclos de
formação baseiam-se nos ciclos de desenvolvimento humano e prevê uma
mudança mais radical no sistema de ensino com a não retenção do estudante
ao longo do Ensino Fundamental. A Escola Plural (Belo Horizonte) e a Escola
Cidadã (Porto Alegre) são referências positivas de formulação de ciclos de
formação (MAINARDES, 2007).
       Na progressão continuada, as séries são mantidas e a reprovação é
eliminada em algumas séries, bem diferente dos ciclos de formação e de
aprendizagem que propõem mudanças no contexto escolar, na formação dos
professores, na avaliação e no currículo. Segundo Freitas (2003) somente o
                                        entendimento   de   ciclos,   para   além    da
        PARA REFLETIR...
                                        progressão continuada, trará o avanço da
 Você, professor, percebe-se
 como sujeito da mudança que            concepção    conservadora-liberal    para    as
 se almeja com a implantação do
 BIA na organização dos anos            propostas transformadoras e progressistas.
 iniciais      do        Ensino
 Fundamental?                                 Os objetivos de formação, no final do
                                        percurso nos ciclos de aprendizagem, devem
 (LOPES      apud     MAINARDES,
 2008,     p.74):   “as     políticas   ser bem definidos, afirma Perrenoud (2006)
 curriculares não se resumem
 apenas aos documentos escritos,        que indica como pontos positivos nessa
 mas incluem os processos de
 planejamentos, vivenciados e           organização o tempo/espaço escolar, o olhar
 construídos em múltiplos sujeitos
 no corpo social da educação. São       diferenciado em função da aprendizagem de
 produções     para     além      das
                                        cada estudante; a pedagogia diferenciada em
 instâncias governamentais.”
                                        que se pensam ações voltadas para as reais
necessidades dos estudantes; o nível de comprometimento da equipe
pedagógica; e a não-retenção, pois tira o foco da dimensão tempo, forçando
uma atitude em relação às outras dimensões. A organização escolar em ciclo
possibilita à instituição educacional olhar para todos os seus estudantes,
porque estes, não mais evadem por causa da repetência e, ao permanecerem
na escola, exigem dessa instituição uma tomada de atitude.



                                                                                          10
Assim, o BIA - Bloco Inicial de Alfabetização - é uma organização
escolar em ciclos de aprendizagem que pressupõe mudanças nas concepções
de ensino, aprendizagem e avaliação, e, consequentemente, na organização
do trabalho pedagógico e na formação de seus professores. Segundo Villas
Boas (2010), pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade de
Brasília, implantar um ciclo de alfabetização implica construir uma escola
desvinculada das características da seriação, tais como: a fragmentação do
trabalho e seu desenvolvimento não-diferenciado, a avaliação centrada em
notas e a aprovação ou reprovação. Portanto, requer outra concepção de
ensino e aprendizagem, requer outra escola.
        Nesse sentido, Mainardes (2007) ressalta que a organização da
escolaridade em ciclos somente faz sentido se resultar em um estado
qualitativo superior no que se refere à garantia do direito à educação, à
apropriação do conhecimento pelos alunos e à concretização de um projeto
transformador da escola e da sociedade. Em outras palavras, a instituição
educacional em ciclos só será exitosa, se avançar em relação à instituição
educacional seriada e suas limitações.
                                                         PARA LEMBRAR...
        Portanto, cada professor é protagonista
                                                   A DSE – Diretoria de Organização
nesse     processo   de    ressignificação   dos   do Sistema de Ensino, que é
                                                   responsável pela estratégia de
espaços e dos tempos de ensino e de                matrícula, o documento que
                                                   normatiza o processo de matrícula
aprendizagens na alfabetização. Retornando         na Rede pública de ensino do DF
ao BIA, seguem as mudanças que implicam a          e que determina o número de
                                                   estudantes em sala para o ano
sua organização escolar:                           letivo subseqüente, de acordo
                                                   com o decreto nº 28.007/2007, em
        1º - Trabalho Pedagógico: deve estar       conformidade com o artigo 104,
                                                   parágrafo único, da resolução nº
voltado     para     as    necessidades      de    01/2005-CEDF, juntamente com o
                                                   Regimento Interno da SEDF.
aprendizagem de todos os estudantes e
com a garantia de um processo contínuo de aprendizagem.
        2º - Progressão Continuada: os estudantes no bloco têm progressão do
1º ano para o 2º ano, e deste para o 3º ano; uma garantia de respeito aos
tempos de desenvolvimento do estudante nos primeiros anos escolares.
        3º - Retenção: só acontece ao final do ciclo, no 3º ano do BIA.
        4º - Avaliação, Currículo, Metodologia e Formação dos Professores:
requerem outras organizações e ações pedagógicas pautadas na construção e
no fazer coletivo.

                                                                                       11
Outro ponto de destaque é a formação de turmas, que pode priorizar um
menor número de alunos em sala, de idades mais próximas, com
características e interesses similares.
       A análise dos resultados dos últimos anos, após a implantação do BIA,
demonstra como a organização inicial em CICLOS gerou uma menor retenção
de estudantes no período inicial da escolarização. Sabe-se que uma avaliação
mais detalhada e um estudo sobre este programa reclamam mais informações
e análises mais aprofundadas, no entanto já é permitida uma constatação, os
resultados das avaliações externas e essa análise inicial apontam que a
qualidade de ensino, com a organização escolar em ciclos de aprendizagem,
por meio do BIA, tem sido maior e melhor e tem promovido mudanças
significativas para o alfabetizar letrando.
       Análise os rendimentos dos estudantes a partir da implantação do BIA,
aprecie os gráficos abaixo.


                                    ÍNDICE DE RETENÇÃO
                                       Séries e Ciclos
    20%                       15%
    10%                                                            5,6%
     0%
              Série (1ª e 2ª série) 2005 a 2009 Ciclos (1º, 2º e 3º ano) 2005 a 2009
                                                                 - BIA

                                                                           Gráfico 1


                                    ÍNDICE DE RETENÇÃO
                              Ensino Fundamental de 8 e 9 anos
    20,00%

    15,00%           14,47%     14,67%
                                           13,51%
    10,00%                                                       10,67%
                                         6,62%      8,90%
                                                                 6,35%
      5,00%                                         6,18%

      0,00%           0,00%      0,01%                                      EF 08
                 2005      2006        2007      2008       2009            Anos

                                                                           Gráfico 2




                                                                                       12
PARA REFLETIR...                  Em 2009, foi realizada uma pesquisa

  E você professor, como percebe   que   contou    com   a   participação   de
 essa dinâmica? É comum na sua
                                   professores, diretores e coordenadores, que
 escola a crença de que a
 reprovação garante aprendizagem   atuam com o BIA, pela Coordenadoria de
 na ocorrência da repetência? O
 grupo de educadores reconhece o   Editoração de Inovações Pedagógicas da
 BIA como possibilidade de fazer
 uma escola mais igualitária?      SEDF, que gerou o documento “Bloco Inicial
                                   de Alfabetização: o desafio da mudança”
(2009), e um dos pontos de maior discussão e relevância apontados pelos
docentes está no fato de a retenção acontecer só ao final do BIA. Um número
significativo de professores ainda não conseguiu internalizar a dinâmica de
uma aprendizagem que precisa ser contínua e interativa, atendendo às
múltiplas e diferenciadas necessidades dos estudantes.


1.3 A CONCEPÇÃO DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM
      A organização em ciclos preconiza uma concepção de aprendizagem
que respeita e entende os tempos da vida, que o ser humano está
constantemente aprendendo (Santana In MAINARDES, 2009). Com a edição
renovada desta orientação para o Bloco Inicial de Alfabetização, espera-se
esclarecer que uma organização em ciclos não é promoção automática e nem
a desvalorização do processo de ensino, e sim, uma organização que traz
como essência, o respeito aos tempos de aprendizagem de cada estudante,
promovendo a aprendizagem significativa por meio de eixos e princípios que
serão apresentados, a seguir, e que precisam ser considerados na
dinamicidade do planejamento educativo.
      Como se sabe, a aprendizagem é um dos principais objetivos da
educação escolar e os educadores são desafiados, a todo o momento, a
revisar estudos e a ampliar conceitos.
      Nesse sentido, as concepções que se têm sobre o ato de aprender, de
ensinar e de avaliar são essenciais e responsáveis pelo melhor cumprimento
da função social da instituição educacional pública.
   Sendo assim, retomar o percurso histórico das concepções, já vivenciadas
na educação, é importante para que se assumam determinadas teorias de
aprendizagem no embasamento do trabalho alfabetizador que se faz presente
nas metodologias utilizadas no ato de ensinar.

                                                                                 13
   Concepção de conhecimento na Perspectiva Idealista: a aprendizagem
       dependeria de uma predeterminação biológica;
       Concepção de conhecimento na Perspectiva Comportamentalista: a
       aprendizagem depende de opções e estímulos para o sujeito por meio
       de reforço e fixação;
      Concepção de conhecimento na Perspectiva Sócio-Construtivista: a
       aprendizagem é construída na interação do sujeito com o meio social e
       ambiental no qual está inserido;
   Como se sabe esta última é a concepção que vigora e explica os processos
de aprendizagem do ser humano atualmente. E por isso, a concepção de
aprendizagem adotada pelo BIA corrobora uma perspectiva de construção de
conhecimento numa relação sócio-histórico-interacionista, fundamentada na
convicção de que os conhecimentos científicos necessitam ser reconstruídos
em suas plurideterminações, dentro das novas condições de produção de vida
humana, respondendo, quer de forma teórica, quer de forma prática, aos novos
desafios propostos pela sociedade contemporânea, conforme defende
Gasparim (2002).
       Todas as situações sociais vividas têm significado no desenvolvimento
da aprendizagem do estudante. Para Vygotsky (TEIXEIRA, 2003), a linguagem
transforma-se em uma ferramenta fundamental da aprendizagem humana,
entendendo que as funções psíquicas da mente são essencialmente sociais.
       Portanto o ser humano precisa de desejo, interesse, colaboração e
socialização do conhecimento para aprender, daí a importância de você,
professor, agir como um interventor e, consequentemente, mediador de
aprendizagens,     especialmente   no     momento   inicial   de   escolarização,
enfatizando mais a aprendizagem como processo que como resultado, dando
lugar ativo à ação de quem aprende.
       Para facilitar a compreensão desses processos, os aspectos referentes
ao aprender são fundamentados em diversas teorias que devem embasar o
trabalho pedagógico do professor alfabetizador. Dentre as diversas teorias,
destacam-se os estudos de Piaget, Vygotsky, Wallon e Ausubel como
importantes autores que se referem aos processos de aprendizagem e que os
alfabetizadores devem utilizar para fundamentar sua prática docente.


                                                                                    14
Assim, o conhecimento, na abordagem sócio-interacionista estimula uma
forma de pensar em que o aprendiz constrói e reconstrói o conhecimento
existente, tornando-o significativo.
       Nesse contexto, a Concepção de Alfabetização para o BIA se apresenta
baseada numa concepção de língua interacionista, funcional e discursiva,
buscando entender o “como” e o “quando” se estabelecem as relações no ato
de aprender a ler e a escrever na construção deste código alfabético, com
vistas ao uso social da língua escrita e falada.
       Então, é preciso que os professores assumam uma concepção social da
linguagem     escrita,   partindo      do    pressuposto        do      caráter       histórico   da
comunicação,      entendendo          qual   o    papel    da        escrita      nesse      mundo
contemporâneo (KLEIN, 2003). Assim, conceber o ensino da língua em uma
perspectiva social implica entendê-la como produção do homem, a forma que
ela assume na organização social, suas funções e seus interesses. Como
defende Antunes (2003, p. 45): “Ter acesso à palavra escrita representa a
possibilidade de dominar um instrumento de poder chamado linguagem social.”
                                                 A comunicação é suscetível de um
        PARA REFLETIR...
                                        manejo construtivo em sala de aula, na
 Quais     outras  teorias  de
 aprendizagem estão presentes           medida em que a aprendizagem deve permitir
 em seu trabalho pedagógico de          ao estudante se posicionar a partir de uma
 alfabetizador?
                                        perspectiva pessoal e reflexiva (TEIXEIRA,
 Atente-se para o fato de que
 essas teorias necessitam partilhar     2003).    Evidentemente           essa        nova    forma
 da mesma base teórica assumida
 para o BIA e da concepção de           pedagógica        de     agir     pede        ações       que
 língua interacionista e dialógica.
 Ter ciência de que qualquer            privilegiem   a        contradição,       a     dúvida,    o
 prática em sala de aula sem teoria     questionamento, onde a diversidade e a
 é falaciosa e esvaziada de
 sentido, para Vázquez (1997), a        divergência são valorizadas. Os conteúdos
 teoria     é   indispensável     à
 constituição da práxis, pois é “a      precisam ser despojados de sua forma pronta
 sua capacidade de modelar
 idealmente um processo futuro          e    imutável      para          serem          analisados,
 que     lhe   permite    ser   um
 instrumento – às vezes decisivo –      compreendidos e apreendidos dentro de sua
 na práxis produtiva ou social”.        totalidade dinâmica, o que conforme explicita
 (p.215).
                                        Gasparim (2002) só será possível ao se
instituir uma nova forma de trabalho pedagógico que dê conta deste desafio.
       A partir das reflexões, estudos e incitações promovidos pela vivência
desde a implantação e implementação do BIA, reafirmam que o Objetivo Geral

                                                                                                        15
do BIA é garantir ao estudante, a partir dos 6 anos de idade, a aquisição da
alfabetização/letramentos      na    perspectiva    da    ludicidade     e    do     seu
desenvolvimento global, com vistas à formação do leitor e do escritor
proficientes.
       Esse objetivo, nessa conjuntura, se desdobra em Objetivos Específicos.
Relembrando!
      Reorganizar o tempo/espaço da escola, com vistas ao pleno
       desenvolvimento do estudante e sua efetiva alfabetização/letramento.
      Atender aos fundamentos teórico-metodológicos norteadores da prática
       docente, tendo em vista a concepção de alfabetização e letramentos
       proposta para o BIA.
      Garantir      o    trabalho    efetivo   com      o    eixo      integrador    –
       alfabetização/letramentos/ludicidade – que articule a construção de
       diferentes linguagens e as relações que essa construção estabelece
       com os objetos do conhecimento.
      Valorizar a formação continuada dos professores, estimulando a
       reflexão-ação-reflexão da prática pedagógica.
      Refletir sobre o processo de ensino e aprendizagem, permitindo aos
       estudantes do Bloco:
          o vivenciar experiências prazerosas de aprendizagem, com a
                ressignificação das atividades escolares;
          o interagir solidariamente com seus pares e demais membros da
                comunidade escolar;
          o perceber       o   espaço    escolar   como      ambiente    de   trabalho
                cooperativo e de equipe, responsabilizando-se pela organização
                da vida coletiva e pela construção de novos conhecimentos;
          o sentir-se apoiado e estimulado a refletir, questionar, pesquisar,
                tomar iniciativa, enfim, ser o sujeito ativo no processo educativo.
       Por isso, que a organização escolar em ciclos de aprendizagem
apresentada pelo BIA pede a reorganização do espaço social da sala de aula,
da instituição educacional, que deve ser um espaço participativo e de
compartilhamento de ações.




                                                                                           16
1.4 A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E TEMPO ESCOLAR
      A organização espaço/tempo do fazer pedagógico é desafiadora e,
muitas vezes, reveladora da forma os professores, concebem e realizam o
trabalho docente. Pensar nesse espaço de atuação pedagógica é pensar que a
primeira presença se faz pelo corpo que ocupa um espaço e estabelece
sentido.
      Confirma-se, então, a nova significação dada à linguagem e à expressão
corporal, que para Amorim (2004) são constructos integradores para a vivência
da diversidade e amplitude do estudante. Dessa maneira, o cuidado, um olhar
mais sensível, às estratégias pedagógicas diversas e a organização do tempo
e espaço escolar fazem a diferença na formação do homem mais feliz,
consciente de si e dos outros. E essas relações, promovidas por um espaço e
tempo bem organizados e estimulantes, segundo a mesma autora, possibilitam
outras formas de relacionamentos e de aprendizagens.
      O sentido que se atribui à instituição educacional e a sua função social,
a concepção que se tem de infância e de adolescência, os espaços da
motricidade, da afetividade e da cognição no processo de ensino e de
aprendizagem influenciam, diretamente, na forma em que se organizar o
trabalho pedagógico. Além desses, muitos outros fatores condicionam a
organização do trabalho pedagógico, como, por exemplo, as características
individuais de professores e de estudantes, a localização da instituição
educacional, no bairro ou cidade, o espaço físico da própria escola e as
atividades nela desenvolvidas, bem como a concepção de educação e de
sujeitos que se quer formar. Falemos então sobre o espaço.
      Ao se pensar na sala de aula, pode-se entender esse ambiente como
uma estrutura dinâmica que apresenta 04 dimensões, claramente definidas e
interrelacionadas entre si. Como ampliar essa discussão? Seriam então,
dimensões, para além da corpórea, e otimizadoras para o planejamento:
      1. Dimensão física: O que há e como se organiza?
      2. Dimensão funcional: Como se utiliza e para quê?
      3. Dimensão relacional: Quem e em que circunstâncias?
      4. Dimensão temporal: Quando e como é utilizada?
      Entender o espaço como estrutura de oportunidades e contexto de
aprendizagens e de significados, é destacado por Zabalza (1998) ao afirmar

                                                                                  17
que o espaço na educação deve ser constituído como uma estrutura de
oportunidades. É uma condição externa que favorecerá ou dificultará o
processo de crescimento pessoal do estudante e do professor e o
desenvolvimento das atividades educativas. Esse ambiente, enquanto contexto
de aprendizagens constitui espaços vivos de estruturas espaciais, de
linguagens, de instrumentos, bem como, de possibilidades ou de limitações do
desenvolvimento que se almeja.

        PARA REFLETIR...                   Estudantes        e       professores,   como
                                     protagonistas dessa interação que se faz a
 A criança de 06 anos no Ensino
 Fundamental:        Professores,    todo instante na sala de aula, precisam ser
 como esta criança de 6 anos
 tem sido tratada no seu             considerados       no           planejamento        e,
 trabalho e na sua escola?
                                     principalmente, numa instituição educacional
 Com a inserção da criança de seis
 anos no Ensino Fundamental é de     organizada em ciclos, como o BIA, que
 suma importância o papel do         apresenta, pelos seus tempos e espaços, a
 professor na organização do
 espaço. Esse espaço precisa         dinâmica promotora dos trabalhos coletivos e
 valorizar as ações das crianças,
 suas expressões, a imaginação,      diversos, para o respeito aos tempos de
 as falas e as produções. Envolve
 um caminho hibrido entre o          desenvolvimento    e        a    ressignificação    do
 mundo do Ensino Fundamental e
 a prática da Educação Infantil.     trabalho   do     alfabetizador         para       uma
                                     aprendizagem de todos.
      Sendo o tempo outro aspecto de fundamental importância na
organização do trabalho pedagógico com o qual se depara e parecendo
sempre escasso pede uma forma de organização com qualidade. Nesse
sentido, o BIA propõe um repensar na organização do tempo escolar de modo
flexível, buscando a retomada de aspectos importantes do processo de ensino
e de aprendizagem, ou seja, dos conhecimentos tratados nas diferentes
situações didáticas com os estudantes. Deve-se lembrar, também, que as
pessoas têm tempos diferentes de aprendizagem e, consequentemente,
aprendem de formas diferentes. Nesse sentido, os professores devem criar
oportunidades diferenciadas de aprendizagem para os estudantes e, para tal, é
imprescindível que organizem o trabalho e o tempo didático em função de cada
um deles, garantindo, assim, um ganho significativo na formação plena de
futuros cidadãos.
      A organização da práxis pedagógica orienta caminhos e implementa
estratégias eficazes para um bom uso dos espaços e dos tempos escolares,

                                                                                              18
assim, conhecer as etapas do desenvolvimento humano e ter uma atitude
investigadora e organizadora de outros tempos e espaços escolares, pois como
afirma Wallon in Almeida (2000, p. 86): “Somos componentes privilegiados do
meio de nosso aluno, torná-lo mais propício ao desenvolvimento é nossa
responsabilidade.”
       A organização do trabalho pedagógico caracteriza-se como uma
dimensão muito importante na ação docente como sabem os professores. No
BIA deve-se atentar para não o reduzir apenas ao trabalho da sala de aula,
como se o professor fosse um ser isolado, mas deve estendê-lo para toda a
instituição educacional, com o exercício do planejamento coletivo e a ação
concretizadora da proposta pedagógica.
       Portanto, é imprescindível que se organize o trabalho pedagógico de na
sala de aula buscando sempre a articulação das diversas áreas do
conhecimento. A seguir, estão relacionados alguns aspectos importantes que
se deve considerar para a organização do espaço e do tempo escolar.


       O Planejamento
       Para garantir a qualidade das ações pedagógicas, a aprendizagem
significativa para todos os estudantes, a oferta de vários espaços de
aprendizagem, as diversas possibilidades de interação e a efetivação dos
princípios de um trabalho, é preciso ter o planejamento como ferramenta de
fundamental importância.
       É necessário, portanto, professor que se compreenda o planejamento,
não como algo burocrático ou uma exigência da coordenação, mas como uma
forma efetiva de acompanhar, de prever, de organizar, de interagir e de avaliar
as ações e as estratégias pedagógicas adequadas a cada estudante ou grupo
de estudantes. O planejamento traz qualidade ao trabalho pedagógico a partir
do momento que aponta, com clareza, aonde se quer chegar, levanta
questionamentos e indica caminhos. “Uma das funções mais importantes do
planejamento é assegurar a unidade e coerência do trabalho pedagógico da
escola como um todo e o de cada turma em particular” (VILLAS BOAS, 2004 p.
95).
       O planejamento, como reflexão-ação-reflexão, deverá partir sempre do
diagnóstico, dentro de uma concepção formativa, em consonância com as

                                                                                  19
Diretrizes de Avaliação da SEDF. É um momento para se encontrar novas
maneiras de promover a aprendizagem e uma ferramenta para o conhecimento
e a reflexão da realidade da instituição educacional, de suas potencialidades,
de seus acertos e erros, de suas necessidades; e a partir dele buscar
alternativas, tomar decisões, revisar as ações e solucionar os problemas.

        PARA REFLETIR...                         Na coordenação pedagógica coletiva,
                                         os professores devem avaliar refletir, e
 Como está o planejamento na
 sua escola? Ele é coletivo? E           planejar    estratégias    pedagógicas          mais
 qual o seu compromisso com o
 planejamento       escolar    que       adequadas e indicadas a sua turma e a cada
 precisa facilitar o seu trabalho e
 a       aprendizagem          dos       estudante. Outro horário valioso é o de
 estudantes?
                                         planejamento com seus pares (professor que
 “Não há processo, técnica ou
                                         atuam no mesmo ano de escolarização do
 instrumento de planejamento que
 faça milagre. O que existe são          BIA),   o   que    proporciona    a     troca    de
 caminhos,      mais   ou     menos
 adequados. De qualquer forma, o         experiências, o enriquecimento das ideias, a
 fundamento primeiro de qualquer
 processo de planejamento está           criatividade e os olhares diferentes para a
 num nível mínimo, (considerando
 que a realidade é sempre                realidade da instituição educacional. Esses
 contraditória    e     processual),
                                         momentos oportunizam o planejar como ato
 pessoal       e     coletivo      de
 compromisso       (desejo,     ética,   coletivo, interativo, com a articulação e o
 responsabilidade) e competência
 (capacidade        de       resolver    envolvimento      dos   profissionais    por     um
 problemas)”. (Vasconcelos, 2002,
 p. 37)                                  objetivo comum: a aprendizagem.
                                                 De acordo com a metodologia de
acompanhamento pedagógico sistemático, que será apresentada mais à frente,
no Princípio da Avaliação, a realização do diagnóstico, trará visibilidade às
diversas necessidades, possibilidades e potencialidades dos estudantes. A
partir delas, então, o professor, na organização de seu planejamento, deverá
elaborar, criar e elencar estratégias pedagógicas que atendam a essas
necessidades educativas dos seus estudantes.
   O planejamento organiza o tempo pedagógico e assegura a realização dos
princípios do BIA, como forma de atender as necessidades de aprendizagem
dos estudantes ou de um determinado grupo de estudantes. Deve, ainda,
garantir a otimização do uso dos diversos espaços escolares, ousando outras
formas de fazer/viver a alfabetização.




                                                                                                20
Base para o                               Concretização formal do                                                    Relação entre a reflexão




                                                                                         Professor pesquisador - avaliação formativa
                                                   Rotina
    Diagnóstico
                  planejamento                              planejamento: Deve                                                         e a ação do professor
                                                            prever período para                                                        pesquisador.
                                                            execução; Ser flexível.
                  Planejamento deve
                  contemplar momentos                       Elaboração deve levar                                                      "O professor
                  de leitura, escrita, fala e               em consideração, se:                                                       pesquisador não se vê
                  escuta. (Antunes)                         Está adequada ao                                                           apenas como um usuário
                                                            diagnóstico da turma?                                                      de conhecimento
                                                            Contempla os eixos - as 4                                                  produzido por outros
                                                            práticas - de forma                                                        pesquisadores, mas se
                                                            simultânea e interligada?                                                  propõe também a
                                                                                                                                       produzir conhecimentos
                                                            A quantidade de                                                            sobre seus problemas
                                                            intervenções                                                               profissionais, de forma a
                                                            pedagógicas voltada                                                        melhorar sua prática. O
                                                            para determinado                                                           que distingue um
                                                            eixo, está adequada?                                                       professor pesquisador
                                                            Existe um projeto/tema                                                     dos demais professores
                                                            central inter-                                                             é seu compromisso de
                                                            relacionando os                                                            refletir, buscando
                                                            conteúdos abordados?                                                       reforçar e desenvolver
                                                                                                                                       aspectos positivos e
                                                            Contempla os conteúdos                                                     superar as próprias
                                                            nas suas três dimensões?                                                   deficiências. Para isso se
                                                            Estes, estão sendo                                                         mantém aberto a novas
                                                            introduzido, trabalhados                                                   idéias e estratégias."
                                                            sistematicamente, conso                                                    (Bortoni-Ricardo, p.46)
                                                            lidados e
                                                            retomados, quanto
                                                            necessário?                                                                Avaliação formativa -
                                                            Há interdisciplinaridade?                                                  Movimento de AÇÃO-
                                                            Ou compreende um                                                           REFLEXÃO-AÇÃO sobre
                                                            conjunto de atividades                                                     nosso fazer.
                                                            soltas?




           A rotina diária
           A rotina representa, também, a estrutura sobre a qual será organizado o
tempo didático, ou seja, o tempo de trabalho educativo realizado com os
estudantes. Assim, professor, é necessário resgatar as estruturas didáticas que
contemplam as múltiplas estratégias organizadas em função das intenções
educativas expressas no projeto de trabalho de cada turma, ano e/ou
instituição            educacional,             constituindo-se          em      um     instrumento                                                para     o
planejamento do professor.
           Essas estruturas didáticas podem ser agrupadas em três grandes
modalidades de organização de tempo. São elas:
           1. As atividades permanentes;
           2. A sequência didática;
           3. Os projetos de trabalho.


                                                                                                                                                                    21
Ressalta-se, que toda rotina pedagógica, o ambiente e as atividades
desenvolvidas devem ser repletas de ludicidade e conciliadas com a
Alfabetização e os Letramentos, que serão ampliados no capítulo dos eixos do
BIA.
    Um quadro semanal de rotina pode facilitar o trabalho do docente. Como
utilizar um Quadro Semanal de Rotina?
     Construir uma legenda para representar os eixos/4 práticas. Utilizar
         cores facilita a identificação do foco da minha rotina (legenda 1);
     Distribuir as atividades planejadas no Quadro Semanal de maneira a
         contemplar todos os eixos especificados na legenda;
     Identificar       se    o    conteúdo         está   sendo        introduzido,   trabalhado
         sistematicamente ou consolidado (legenda 2). Retomá-lo pode dar pistas
         por que o aprendizado não está ocorrendo.


                                 Sugestão de rotina semanal
 Sequência do trabalho desenvolvido em sala de aula: (Projetos/Tema Central)


                      2ª feira     3ª feira    4ª feira      5ª feira      6ª feira




                                                           Legenda 2: conteúdos em suas
Legenda 1: Acrescentar e/ou retirar (fica a cargo
                                                           dimensões – conceitural, procedimental e
do professor)
                                                           atitudinal.
    Eixos/Quatro Práticas de Alfabetização:                      Trabalho com as capacidades

       Compreensão e valorização da Cultura
                                                            I    Introduzir
       Escrita
       Desenvolvimento da oralidade
                                                            T    Trabalhar sistematicamente
       Produção de textos escritos
       Apropriação do Sistema de Escrita
                                                            C    Consolidar
       Leitura
       Reagrupamento/Projeto Interventivo
                                                            R    Retomar
       Letramento matemático




                                                                                                      22
A seguir vai se conhecer as estruturas que fazem do trabalho do
alfabetizador um trabalho mais significativo e direcionado ao avanço de todos
os alunos nas aprendizagens necessárias a cada ano do BIA.


      As Atividades Permanentes
      São as atividades em que os conteúdos necessitam de uma constância,
um tempo maior de vivência, onde o alfabetizador trabalha com os conteúdos
numa interligação com a prática social, o que para Gasparim (2002) leva o
estudante a aprender criticamente o conhecimento científico.
      A escolha dos conteúdos, que define os tipos de atividades permanentes
a serem realizadas com frequência regular, diária ou semanal, em cada grupo
de crianças ou turma, dependerá das prioridades elencadas a partir do
Currículo e das metas estabelecidas para o trabalho educativo.
      Consideram-se atividades permanentes, entre outras: brincadeiras no
espaço interno e externo, a roda de história, a roda de conversas, os ateliês ou
oficinas de desenho, de pintura, de modelagem e de música, as atividades
diversificadas ou ambientes organizados por temas ou materiais a escolha da
criança, incluindo os momentos para que os estudantes possam ficar sozinhos,
se assim o desejarem, exercitando a autonomia, bem como os cuidados com o
corpo, além da necessária vivência da corporeidade, pelo estímulo à expressão
humana.
                                                       PARA SABER MAIS...
      Para Bastos apud Amorim (2004) a
aprendizagem     também    está     voltada   ao   A linguagem corporal precisa
                                                   ser ressignificada na escola.
processo    de    ampliação    do     repertório   Como um texto, o corpo é o
                                                   mais rico de todos eles e
existencial e à sensibilização para o contato      bastante       necessário   na
de cada pessoa consigo mesma e em suas             alfabetização. Esta linguagem
                                                   é importante porque reformula,
múltiplas interações com o meio natural e          explicita, coloca questões que
                                                   às vezes a fala é incapaz de
social e estas interações ocorrem no contato       expressar.      Alfabetizar  é
direto entre os estudantes e os conteúdos          promover experimentações de
                                                   grafemas e de fonemas, que
trabalhados.                                       antes da escrita convencional
                                                   se fazem pela dinâmica do
      Construir, diariamente, a rotina do dia é
                                                   movimento, que precisa da
trabalho de exercício da autonomia e de co-        liberdade psicomotora para o
                                                   seu desenvolvimento.
responsabilidade entre os pares. No BIA



                                                                                    23
possibilita se confirmar os espaços dos eixos e dos princípios do bloco no
planejamento diário.


       A Sequência Didática
       Debater e discutir outras formas de organizar o trabalho pedagógico é
ação   ativa   de    mudanças,       necessárias então    quando      se   pensa   na
reorganização do trabalho pedagógico em ciclo. Villas Boas (2004) afirma que
os objetivos reais da escola estão impressos na organização do seu trabalho
pedagógico global e nas suas práticas avaliativas, e que o desenvolvimento da
prática em sala de aula é entendido como os momentos e espaços de
aprendizagem.
       As sequências didáticas são planejadas e orientadas com o objetivo de
promover uma aprendizagem específica e definida. Os princípios pedagógicos
do BIA pedem uma sequência que atenda a necessidade de alfabetizar
letrando, a partir do texto e que leve à formação de um leitor e escritor
competente.
       Portanto, você, professor do BIA, precisa organizar didaticamente os
conteúdos de forma sequenciada com intenção de oferecer desafios com graus
diferentes de complexidade para que os estudantes possam ir, paulatinamente,
resolvendo problemas a partir de diferentes atividades vivenciadas. As quatro
                                     práticas    de      alfabetização,     proposta
       PARA REFLETIR...
                                     metodológica do BIA, e que será mais
Enquanto professor alfabetizador
tenho sequências didáticas que       explicitada no capítulo do Princípio da Língua,
promovem a aprendizagem de
meus estudantes?                     promove um trabalho em sala de aula em que
As práticas de avaliação que         todo estudante deve falar, ouvir,         ler e
utilizo  refletem    essa     nova
dinâmica de tempo e espaço que       escrever,   seja    qual   for    a   área    do
a escola em ciclos necessita?
                                     conhecimento trabalhada.


   Os Projetos de Trabalho
   Bem, sabe-se o quanto a pedagogia de projetos ganhou espaço, nas salas
de aula e nas instituições educacionais, e promoveu mudanças no papel de
estudantes e de educadores. Os projetos de trabalho corresponsáveis e que
levam à construção da autonomia pedem um trabalho pedagógico integrador e



                                                                                        24
totalizador, que rompa com a hermenêutica dos conteúdos e de processos de
uma sequência didática que não permitem a reflexão.
   Os projetos de trabalho são conjuntos de atividades que trabalham com
conhecimentos específicos, construídos a partir de um dos eixos de trabalho,
que se organizam ao redor de um problema para resolver ou de um produto
final que se quer obter. É uma concreta possibilidade de diálogo entre as áreas
do conhecimento.
       A pedagogia de projetos se apresenta                  PARA SABER MAIS...

como aliada no processo de reorganização                Na rotina diária, você professor
                                                        precisa garantir:
dos tempos e dos espaços no BIA, quando
                                                        1. Atividades       Permanentes:
possibilita a participação, a construção e o               cabeçalho,          calendário,
planejamento coletivo, envolvendo todos em                 quantos      somos,      leitura
                                                           compartilhada...
temas de interesse comum.                               2. Sequência             Didática:
                                                           atividades que priorizam as 4
       O conhecimento é uma construção                     práticas de alfabetização, o
                                                           desenvolvimento       dos      7
coletiva    e    é,   na       troca   dos   sentidos      processos mentais e os
                                                           demais letramentos...
construídos, no diálogo e na valorização das            3. Projetos      de     Trabalho:
diferentes vozes, que circulam nos espaços                 projetos do Projeto Político
                                                           Pedagógico, e os projetos de
de interação escolar que a aprendizagem vai                intervenção                    e
                                                           reagrupamentos,que        serão
se dando. Pensar em como efetivar esta                     apresentados no capítulo dos
                                                           princípios respectivamente.
instituição educacional em ciclos é o desafio
                                                        Vamos ampliar mais esta
que precisa ser dialogado e coletivizado em             discussão e entendimento no
nas             instituições           educacionais.    capítulo    do Princípio de
                                                        Avaliação .
Principalmente, uma educação que pede a
inclusão de todos, conforme se discute a seguir.


1.5 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BLOCO INICIAL DE ALFABETIZAÇÃO
       A organização por ciclos de aprendizagem, tendo a concepção do
conhecimento como um processo de construção e de reconstrução, integra-se,
harmoniosamente, à concepção de inclusão, pois valoriza o sujeito estudante
em suas várias dimensões: cognitiva, afetiva, psicomotora, histórica, social e
cultural.
       Como já refletido, a reorganização do trabalho pedagógico no BIA
favorece o processo de ensino e de aprendizagem. Para os estudantes, propõe
novos espaços e tempos de aprendizagem, visando não só o desenvolvimento

                                                                                              25
individual, mas oportunizando a inclusão social e promovendo a aprendizagem
de cidadania que envolve a participação do sujeito na construção da cultura e
na formação de um homem capaz de intervir no mundo. E, para os
professores, o planejamento e a execução do trabalho, de forma coletiva,
trazem a oportunidade da troca de experiências, do diálogo e da discussão, em
uma construção apoiada e partilhada pelo grupo, na qual mesmo as angústias
têm vazão e acolhimento mútuo.
                                                                        PARA LEMBRAR...
       O processo de inclusão requer que a
                                                                 Professor, é bom relembrar que o
instituição    educacional       reflita     sobre      as       atendimento            educacional
                                                                 especializado realizado nas Salas
condições de seus estudantes, a fim de                           de Recursos é definido nas
possibilitar-lhes o acesso à aprendizagem                        Diretrizes Curriculares Nacionais
                                                                 para a Educação Especial na
respeitando,       valorizando          e     propondo           Educação Básica (MEC/SEESP,
                                                                 2001).
respostas       educativas        adequadas             às
necessidades educacionais especiais de cada um. Sua concretização demanda
mudanças organizacionais e pedagógicas, pois possibilita conflitos e reflexões,
“desacomodando” práticas segregacionistas historicamente constituídas.

       PARA SABER MAIS...                            A partir desses desafios, a SEDF
                                            modificou       a    estrutura   e    a    organização
 A     Política  Nacional   de
 Educação       Especial    na              pedagógica da rede pública de ensino a fim
 Perspectiva    da    Educação
 Inclusiva (MEC/SEESP, 2008)                de torná-la inclusiva, não apenas transferindo
 esclarece que:
                                            os estudantes de espaços escolares, mas
 O      atendimento    educacional
 especializado tem como função
                                            buscando            construir     uma        instituição
 identificar, elaborar e organizar          educacional ainda mais desafiadora para o
 recursos pedagógicos e de
 acessibilidade que eliminem as             exercício docente e discente.
 barreiras      para    a       plena
 participação     dos   estudantes,                  Nessa        construção,         soma-se    ao
 considerando suas necessidades
 específicas.      As     atividades        professor regente o apoio do profissional que
 desenvolvidas no atendimento
 educacional          especializado
                                            oferta      o         atendimento           educacional
 diferenciam-se            daquelas         especializado em Sala de Recursos que,
 realizadas na sala de aula
 comum, não sendo substitutivas à           juntos, em um trabalho de equipe, buscarão
 escolarização.
                                            respostas às demandas de aprendizagem
dos estudantes com deficiências (intelectual, sensorial, física ou múltipla),
transtornos globais do desenvolvimento ou altas habilidades/superdotação,
prevendo e provendo as flexibilizações e adequações curriculares, recursos



                                                                                                       26
didáticos    diferenciados       e   processos      de    avaliação     adequados         ao
desenvolvimento desses estudantes, num processo de reflexão-ação-reflexão.
       O profissional do atendimento educacional especializado buscará
alternativas, atividades, materiais e equipamentos específicos de acordo com
as necessidades identificadas, a fim de oferecer ao estudante sistemas de
apoio que oportunizem aprendizagens efetivas para todos; como resposta à
diversidade, complementará/suplementará o currículo desenvolvido na classe
comum.
       A avaliação das propostas acerca dos apoios oferecidos aos estudantes
deve ser ampla e cuidadosa. É importante que se avalie a eficiência dos
procedimentos pedagógicos utilizados para que não sejam confundidos
deficiência e fracasso escolar. Não se pode atribuir ao estudante com
deficiência a responsabilidade da dificuldade na aprendizagem, pois mesmo
que haja influência de fatores variados, as deficiências não são determinantes
na causalidade do fracasso escolar.
       O progresso da aprendizagem, para determinados estudantes com
deficiências ou transtornos globais do desenvolvimento, dar-se-á com planos
de apoio como a adequação curricular, pois
                                                               PARA SABER MAIS...
sabe-se que, por mais que a prática do
                                                          Você, professor, conhece a
professor seja criadora e reflexiva (SILVA,
                                                          organização funcional das salas
2004), alguns desses estudantes podem não                 de recursos da SEDF?
                                                          São dois modelos básicos:
responder aos anseios e expectativas de                     Salas        de      Recursos
                                                               Generalistas (na qual são
aprendizagem     dos    conteúdos          curriculares        atendidos individualmente
                                                               ou em grupos, estudantes
definidas pelo professor por questões outras.                  com Deficiência Intelectual,
       A proposta de adequação curricular visa,                Deficiência           Física,
                                                               Deficiência    Múltipla     e
portanto, dar respostas às demandas de                         Transtorno     Global      do
                                                               Desenvolvimento);
aprendizagem de estudantes prejudicados pela                Salas        de      Recursos
                                                               Específicas (de três tipos:
homogeneização da ação pedagógica e rigidez                    Sala de Recursos para
dos currículos, ofertando a eles a possibilidade               Deficientes Auditivos, Sala
                                                               de      Recursos        para
de serem avaliados tendo como referência e                     Deficientes Visuais e Sala
                                                               de      Recursos        para
como        parâmetro        o       seu       próprio         estudantes    com       Altas
                                                               Habilidades/
desenvolvimento.                                               Superdotação).
       Na perspectiva da educação inclusiva, o foco não é na deficiência do
estudante, mas em suas possibilidades. As instituições educacionais se

                                                                                               27
empenham nesta direção. Os espaços, os ambientes e os recursos físicos e os
materiais devem, nesse contexto, ser acessíveis e responder à especificidade
de cada estudante. Aos profissionais da educação, cabe o papel de mediar o
processo educacional dos estudantes numa perspectiva que contemple a
articulação dos conhecimentos teóricos e práticos, visando extrapolar a
competência puramente técnica, priorizando as trocas cognitivas e afetivas da
interação professor-estudante.
      Assim, a acessibilidade dos materiais pedagógicos, tecnológicos,
arquitetônicos e das comunicações, somado ao investimento na formação
continuada do professor, criam condições favoráveis para o processo
educacional   dos   estudantes    com    deficiência,   transtornos   globais    do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.
      O relatório acerca do parecer CNE/CEB Nº 17/2001 (BRASIL, 2001), no
que se refere à operacionalização pelos sistemas de ensino, trata da
organização do atendimento e diz da necessidade de prever:

                     (...) temporalidade flexível do ano letivo, para atender às
                     necessidades educacionais especiais de alunos com
                     deficiência mental ou graves deficiências múltiplas, de forma
                     que possam concluir em tempo maior o currículo previsto para
                     a série/etapa escolar, principalmente nos anos finais do ensino
                     fundamental, conforme estabelecido por normas dos sistemas
                     de ensino, procurando-se evitar grande defasagem idade/série.
                     (BRASIL, 2001, p. 48)

      No Bloco, os estudantes têm garantido o respeito ao tempo de
aprendizagem e o atendimento às diferenças individuais, somando-se a isso
todos os serviços de apoio e demais direitos concedidos aos estudantes com
deficiências, TGD e altas habilidades/superdotação, visando à igualdade de
oportunidades educacionais.
      É importante conhecer a Resolução nº 01/2009 do CEDF, no capítulo da
Educação Especial, no Art. 44, define que:

                     A estrutura do currículo e da proposta pedagógica, para
                     atender às especificidades dos estudantes com necessidades
                     educacionais especiais deve observar a necessidade de
                     constante revisão e adequação da prática pedagógica nos
                     seguintes aspectos: I – introdução ou eliminação de conteúdos,
                     considerando a condição individual do estudante; II –
                     modificação metodológica dos procedimentos, da organização
                     didática e da introdução de métodos; III – temporalidade com a

                                                                                       28
flexibilização do tempo para realizar as atividades e
                     desenvolvimento de conteúdos; IV – avaliação e promoção
                     com critérios diferenciados, em consonância com a proposta
                     pedagógica da instituição educacional, respeitada a freqüência
                     obrigatória (DISTRITO FEDERAL, 2009, p. 9).

      Além das adequações de pequeno porte, pensadas dentro da instituição
educacional e contempladas na organização do trabalho pedagógico, no
planejamento das atividades docentes, e que beneficiam a todos os estudantes
com necessidades educacionais especiais, há aqueles de grandes ajustes que,
por serem tão significativos, frequentemente, dependem de ações político-
administrativas, que são discutidas pela equipe escolar, e se efetivam com a
anuência da família do estudante.                        PARA SABER MAIS...
      A adequação na temporalidade que
                                                   Professor,    o    registro    das
prolonga a permanência do estudante por            adequações propostas será feito
                                                   em     formulários     específicos
mais um ano na mesma série ou ano, não             disponíveis no site da SEDF, na
                                                   aba “educadores” – “formulários”.
conota reprovação. No BIA, isso ocorre,
sobretudo, nos dois anos iniciais, e precisa ser cuidadosamente analisada.
      Uma vez que os outros estudantes não são retidos, e acreditando que a
permanência entre os pares, no grupo de colegas que iniciou junto a trajetória
de vida escolar, seja mais uma oportunidade de aquisição de habilidades
necessárias à alfabetização e aos letramentos, recomenda-se priorizar o
conjunto de modificações, suportes e apoios, que sejam avaliadas e supridas
as necessidades de cada estudante, em detrimento à opção pela adequação
na temporalidade no Bloco. No caso de retenção, esta se dará no 3º ano “caso
haja evidências fundamentadas, argumentadas e devidamente registradas pelo
Conselho de Classe” (Diretrizes de Avaliação da SEDF, 2008, p. 30).
      As    adequações     organizativas,    relativas    às     expectativas      de
aprendizagem (objetivos) e conteúdos, metodológicas e didáticas, na
temporalidade (pouco significativas) e avaliativas, devem focalizar as
capacidades, o potencial, e não se concentrar nas limitações do estudante.
      Para a implementação das adequações muito significativas, como no
caso da temporalidade (prolongamento de mais um ano letivo no processo),
diferentes daquelas adequações da temporalidade de pequeno porte, cujas
alterações se dão no tempo previsto para a realização das atividades, é



                                                                                        29
necessário adotar critérios e discutir as possibilidades num estudo de caso com
a equipe da instituição educacional.
      O trabalho em grupo é necessário na instituição educacional inclusiva.
Portanto, é importante buscarmos o fortalecimento da parceria com os
profissionais do Serviço de Apoio à Aprendizagem.
      Precisa-se, para além das questões discutidas, ampliar a abrangência
da educação inclusiva que se faz pelas mais variadas formas de diversidade
presentes no contexto escolar. É necessário conceber diversidade como um
conjunto heterogêneo de concepções e atitudes relativas às diferenças, sejam
elas físicas e intelectuais e, também, as de origem étnico-racial, de gênero, de
orientação sexual, religiosa, de pertencimento a contextos sócio-culturais, e
outras. Trata-se, portanto, de realidades complexas resultantes das formas de
interação entre as diferenças, que devem ser tratadas como fatores de
agregação, e não de conflitos, desigualdades e exclusão.
      Considerar toda a amplitude dessa diversidade é desafio para a
realização de uma instituição educacional de todos e para todos. Portanto,
educar para a diversidade significa reconhecer que se é, naturalmente, diverso.
Aprende-se por meio de processos, experiências, construções e reconstruções.
O BIA facilita essa convivência entre diferentes na igualdade de ser
alfabetizando e na perspectiva de uma instituição educacional inclusiva e de
aprendizagem para todos e todas.                         PARA SABER MAIS...
      Entendendo       que    encerrar      essa
                                                    Outras       informações       e
discussão    num    único    tópico    é   tarefa   aprofundamento da temática, você
                                                    professor pode encontrar na
impossível, o que se quer, então, é fortalecer o    consulta       à      Orientação
                                                    Pedagógica: Educação Especial
empenho em fazer da instituição educacional         (DISTRITO FEDERAL, 2010) e
                                                    Orientação     Pedagógica    dos
espaço de diversidade, por excelência, que é o      Serviços Especializados de Apoio
lugar social do sujeito, um lugar rico de           à    Aprendizagem     (DISTRITO
                                                    FEDERAL, 2010).
interações para todo estudante. E que na sala
de aula, as relações estabelecidas devem potencializar o desenvolvimento de
cada um e de todos.




                                                                                       30
2. ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTOS E LUDICIDADE: OS
EIXOS INTEGRADORES DO TRABALHO PEDAGÓGICO NO
BLOCO INICIAL DE ALFABETIZAÇÃO

      O Bloco Inicial de Alfabetização apresenta uma proposta pedagógica
pautada na tríade alfabetização, letramentos e ludicidade. Esses eixos
procuram estabelecer uma coerência entre os aspectos fundamentais do
processo de alfabetização, buscando a proficiência leitora e escritora a partir da
alfabetização e dos letramentos sem perder de vista a ludicidade.
      A intenção é a de que o eixo integrador possa facilitar o desenvolvimento
das estruturas cognitivas e das dimensões afetiva, social e motora dos
estudantes nos diferentes anos do Bloco, favorecendo a alfabetização e os
letramentos nos seus diversos sentidos. Santomé (1998, p. 125) afirma que “as
propostas integradoras favorecem tanto o desenvolvimento de processos com
o conhecimento dos problemas mais graves da atualidade”.
      Em seguida, são apresentados os eixos, separadamente, para uma
melhor organização didática, mas é preciso contemplá-los paralelamente e
articuladamente ao trabalho docente diário. Discutindo esses eixos.


      Alfabetização e Letramentos
      A   partir   das   contribuições   da   Psicolinguística,   na   perspectiva
psicogenética da aprendizagem da língua escrita, de Emilia Ferreiro (2001),
houve uma significativa mudança de pressupostos e objetivos na área da
alfabetização, uma vez que alterou fundamentalmente a concepção do
processo de aprendizagem e reduziu a distinção entre aprendizagem do
sistema de escrita (alfabetização) e práticas efetivas de leitura e de escrita
(letramento).
      Essa mudança de paradigma permitiu identificar e explicar o processo
por meio do qual a criança constrói o conceito de língua escrita como um
sistema de representação dos sons da fala por sinais gráficos, isto é, o
processo por meio do qual o estudante, partindo do desenho (fase pré-silábica)
para expressar seu pensamento de forma gráfica, passa pela fase silábica e se
torna alfabética, reconstruindo a trajetória pela qual passou a humanidade,
desde o homem primitivo.


                                                                                     32
Nesse contexto, o Bloco Inicial de Alfabetização tem como eixo orientador a
lógica do processo de aprendizagem do estudante e não a lógica dos conteúdos a
ensinar (superação do modelo tradicional, baseado na cartilha). Cabe salientar
que ter se apropriado da escrita é diferente de ter aprendido a ler e a escrever.
Aprender a ler e a escrever significa adquirir uma tecnologia, isto é, a de
codificar e de decodificar a língua escrita. Apropriar-se da escrita é tornar a
escrita "própria", ou seja, é assumi-la como sua propriedade.
      A Sociolinguística, no estudo dos diferentes falares, tem trazido
contribuições singulares para o ensino da língua, pois a partir do momento em
que o aluno vê sua forma de falar respeitada e valorizada na instituição
educacional - agência primeira do letramento - sente-se acolhido e incluído na
cultura escolar, melhorando sua auto-estima, entre outros aspectos que
possam interferir no seu desenvolvimento e aprendizagem.
      Emília Ferreiro (idem) afirma que a língua é um instrumento identitário,
portanto é preciso respeitar os diferentes modos de falar dos alunos, sob pena
de se estar negando sua identidade linguístico-cultural. Bortoni-Ricardo (2004)
pesquisadora sociolinguísta, acrescenta que alguns professores não sabem
como intervir de forma produtiva em sala de aula diante das diferentes formas
de falar dos alunos, sobretudo, dos estudantes oriundos das classes populares,
e, por vezes, intervém de forma preconceituosa.
      Há que se reconhecer as variedades linguísticas dos estudantes para, a
partir daí, ampliar seu repertório linguístico, permitindo-lhes aprender a
variedade linguística de prestígio, que é mais aceita e legitimada pela
sociedade. O estudante tem o direito inalienável de aprender essa variedade,
não se pode negar-lhe esse conhecimento, sob pena de se fecharem para ele
as possibilidades de ascensão social, afirma ainda Bortoni-Ricardo. Assim
professores e estudantes precisam estar bem conscientes de que existem
várias maneiras de se dizer a mesma coisa. A língua portuguesa tem como um
dos seus inúmeros instrumentos, a constante renovação das palavras, a
mudança de significado e a aquisição de novas acepções.
      Nesse    sentido,   a   ação   pedagógica    no   BIA     deve   contemplar,
simultaneamente, a alfabetização e o letramento, nos seus mais diversos
campos de conhecimentos e assegurar ao estudante a apropriação do sistema
alfabético de escrita que envolve, especificamente, a dimensão linguística do

                                                                                     33
código com seus aspectos fonéticos, fonológicos, morfológicos e sintéticos, à
medida que ele se apropria do uso da língua nas práticas sociais de leitura e
escrita.
                                                                       PARA SABER MAIS...
         É    necessário,         portanto,    que        você,
professor do BIA, leve para a sala de aula, a                     Professor,     as     considerações
                                                                  acerca      de    alfabetização    e
língua       portuguesa          com       toda       a    sua    letramento feitas por autores
                                                                  como Lígia Klein (2003), Mirian
complexidade e riqueza (leitura de imagens,                       Lemle (2003 ) e Magda Soares
                                                                  (2004) ampliam mais ainda esses
leitura corporal, leitura de gráficos, música,                    termos, definindo alfabetização e
                                                                  letramento      como       processos
poesias, parlendas etc.), e proponha a todos
                                                                  interdependentes e indissociáveis
os estudantes um ambiente em que palavras                         porque a alfabetização só se torna
                                                                  significativa quando se dá no
não        apareçam            descontextualizadas           e    contexto dos usos sociais de
                                                                  leitura e de escrita e por meio
isoladas,      sem        a     preocupação        com       a    dessas práticas, ou seja, em um
                                                                  contexto de letramento, e este, por
construção de sentidos, mas sim inseridas em                      sua vez, só se desenvolve na
                                                                  dependência da aprendizagem do
um contexto significativo, visto que a Língua
                                                                  sistema de escrita.
Materna é trabalhada junto com a prática
social a que pertence e está presente em todos os conteúdos, das mais diversas
áreas do conhecimento.
         Precisa-se repensar a organização escolar e todo o seu trabalho,
principalmente seu processo avaliativo, de forma que esse funcione como
elemento promotor das diferentes formas de letramento. Compreendendo
letramento         científico      como       Stela       Maris
Bortoni-Ricardo (2004), que o considera como                           PARA SABER MAIS...
o     desenvolvimento            de      habilidades       que    Por    que       LETRAMENTOS,
permitam           aos        sujeitos     utilizarem       de    professor?

metodologias que embasam as ciências para                         Tendo em vista as diferentes
                                                                  funções (para se distrair, para se
compreensão de fatos do seu cotidiano,                            informar e se posicionar) e as
                                                                  formas pelas quais as pessoas
mediado pelo ensino da língua materna que                         têm acesso à língua escrita – com
                                                                  ampla autonomia, com ajuda do
deve         ser     necessariamente              funcional,      professor(a) ou mesmo por
discursivo e interativo.                                          alguém que escreve, por exemplo,
                                                                  cartas ditadas por analfabetos – a
         O propósito do letramento científico é                   literatura a respeito assume ainda
                                                                  a     existência    de   tipos  de
tornar        os         conhecimentos            científicos     letramento ou de letramentos, no
                                                                  plural.
funcionais, o que remete à função social do
                                                                        (Pró-letramento-MEC,2008)
conhecimento. Nessa perspectiva, as práticas



                                                                                                         34
de letramento se estendem às ciências sociais (história, geografia...), ciências
naturais (matemática, física, química e biologia) e códigos e linguagens.
         Os diversos letramentos devem ser apresentados de maneira dialógica
entre os mesmos, evitando ações rígidas e compartimentadas como se
encontram os atuais ensinos dos componentes curriculares. Nesse sentido, as
práticas pedagógicas e avaliativas devem ser elaboradas com o olhar nas
especificidades de cada área de conhecimento, mas com objetivo de
possibilitar conhecimentos em sua totalidade de forma interdisciplinar,
transdisciplinar e multidisciplinar.                           PARA LEMBRAR...
         O propósito do letramento científico é         Interdisciplinaridade:          uma
tornar       os    conhecimentos          científicos   possibilidade de quebrar a rigidez
                                                        dos compartimentos em que se
funcionais, o que remete à função social do             encontram isoladas as disciplinas
                                                        dos currículos escolares.
conhecimento. Nessa perspectiva, as práticas            Multidisciplinaridade: trata de
                                                        temas comuns sob sua própria
de letramento se estendem às ciências sociais           ótica, articulando, algumas vezes
                                                        bibliografia, técnicas de ensino e
(história,    geografia...),   ciências     naturais
                                                        procedimentos de avaliação.
(matemática, física, química e biologia) e              Transdisciplinaridade:        É    a
                                                        tendência de criar pontes entre as
códigos e linguagens.                                   disciplinas, um terreno comum de
                                                        troca, diálogo e integração, onde
         Logo, o trabalho desenvolvido no BIA           os Fenômenos Naturais possam
                                                        ser     encarados     de    diversas
por você, professor, deve formar pessoas                perspectivas diferentes ao mesmo
                                                        tempo,          gerando         uma
letradas no sentido de abrir possibilidades de
                                                        compreensão       holística    desse
entrada de outras vozes em suas histórias de            Fenômeno, compreensão essa
                                                        que não se enquadra mais dentro
vida, em seu mundo, para ver, viver, ser e ter          de nenhuma disciplina, ao final.

uma perspectiva de sujeitos organizadores e                            (FRIGOTTO, 1995)
partilhadores dos seus saberes significativos.
Respeitar os espaços e tempos individuais dos estudantes e garantir o tempo
do brincar, entendendo-o necessário e essencial nesta etapa inicial de
escolarização traz, para os alfabetizadores, o desafio de promover a
aprendizagem para a formação integral.
         É portanto, alfabetizar letrando, considerando a ludicidade como eixo
que deve perpassar todo o trabalho desenvolvido. A brincadeira deve ser vista
como um dos eixos que contribui para o exercício da cidadania, ou seja, a
criança deve ter o direito de brincar como forma particular de expressão,
pensamento, interação e comunicação infantil. Entendendo Vamos esse eixo
de trabalho no Bloco.

                                                                                               35
Ludicidade
         A construção lúdica se dá como convivência, que torna fundamental a
presença efetiva e afetiva do outro, sendo este o processo co-educativo do
lúdico apresentado como eixo integrador no trabalho pedagógico do Bloco, e
por isso, necessita estar em toda sala de aula que se almeja promotora das
aprendizagens significativas.
                                                               PARA LEMBRAR...
         É preciso entender que a atividade
                                                        Professor, através da brincadeira
lúdica    para    a     criança,   não   é   apenas     ocorre o desenvolvimento de
                                                        capacidades importantes para o
prazerosa,       mas    vivência   significativa   de   desenvolvimento       integral    da
                                                        criança.
experimentações          e    de   construções      e   Vamos relembrá-las?
reconstruções do real e do imaginário. No                COGNITIVAS         -      imitação,
                                                        imaginação,                  regras,
momento importante da alfabetização, as                 transformação      da     realidade,
                                                        acesso     e     ampliação       dos
crianças     aprendem         corporalmente,       em   conhecimentos               prévios;
                                                        AFETIVAS e EMOCIONAIS -
contato com o mundo do brincar, sem                     escolha de papéis, parceiros e
                                                        objetos,     vínculos       afetivos,
restrições a uma vida que é a própria                   expressão       de     sentimentos;
existência infantil.                                    INTERPESSOAIS - negociação
                                                        de regras e convivência social;
         Além de garantir momentos específicos          FÍSICAS - imagem e expressão
                                                        corporal; ÉTICAS E ESTÉTICAS -
para a brincadeira, a rotina de alfabetização           negociação e uso de modelos
                                                        socioculturais;
precisa     priorizar     a   dinamicidade     e    o   DESENVOLVIMENTO                   DA
                                                        AUTONOMIA - pensamento e
movimento infantil, garantindo uma postura de           ação centrados na vontade e
acolhimento às manifestações individuais.               desejos. (WAJSKOP, 1990 apud
                                                        MARCELLINO, 2003)
         O brincar e o jogar propiciam, ao
                                                        Tais construtos não podem mais
estudante, o desenvolvimento da linguagem,              estar fora da sala de aula,
                                                        principalmente no início da
do pensamento, da socialização, da iniciativa,          escolarização.
da autoestima, da autonomia e da criticidade. E com a sua mediação,
professor, o lúdico atua na esfera cognitiva, e além de facilitador, promove as
aprendizagens.
         Necessita-se, dessa forma, entender que explorar a ludicidade é um
aspecto essencial para a aprendizagem e que contemplar esse aspecto no
planejamento diário não é perda de tempo nem deve ser um espaço utilizado
apenas para o momento do relaxamento, uma vez que nas suas mais variadas
formas, os conteúdos escolares precisam do brincar para se tornarem reais e
concretos aos estudantes, principalmente às crianças dos anos iniciais.



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Bia

  • 1. Estratégia Pedagógica 2ª edição – 2010 Versão Experimental
  • 2. Estratégia Pedagógica do Bloco Inicial de Alfabetização 2ª edição – 2010 Versão Experimental
  • 3. GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL Rogério Schumann Rosso SECRETÁRIO DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL Sinval Lucas de Souza Filho SECRETÁRIA ADJUNTA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL Maria Nazaré de Oliveira Mello SUBSECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA Ana Carmina Pinto Dantas Santana DIRETOR DE ENSINO FUNDAMENTAL Luciano Barbosa Ferreira COMISSÃO DE REVISÃO DA ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA DO BLOCO INICIAL DE ALFABETIZAÇÃO - BIA COORDENAÇÃO Márcia Lucindo Lages ELABORAÇÃO Bethel Mansur Ferreira | Celina Henriqueta Matos Herédia | Cláudia Teles de Medeiros | Dalva Martins de Almeida | Esther Gomes Shiraishi | Flávia Motta Santos | Girlene Torres de Almeida | Luciana da Silva Oliveira | Márcia Cristina Lima Pereira | Márcia Valéria Nascimento Seabra | Maria do Carmo Cardoso Mendonça Menezes |Patrícia Coelho Rodrigues | Rafaela Ferreira Castro Bischoff |Rosângela Mary Delphino | Sandra Yara Zanchet dos Santos | Seir Pereira da Silva | Sheila Soares da Silva | Soraneide Dantas Carneiro COLABORAÇÃO Benigna Maria de Freitas Villas Boas | Carmyra Oliveira Batista EDIÇÃO E DIAGRAMAÇÃO Amanda Midôri Amano
  • 4. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .............................................................................................. 3 1. BLOCO INICIAL DE ALFABETIZAÇÃO – BIA - A ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA DOS PRIMEIROS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL NO DISTRITO FEDERAL ......................................................................................... 5 1.1 HISTÓRICO DO BIA ................................................................................. 5 1.2 A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR EM CICLO ................................................ 8 1.3 A CONCEPÇÃO DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM .......................... 13 1.4 A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E TEMPO ESCOLAR ......................... 17 1.5 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BLOCO INICIAL DE ALFABETIZAÇÃO 25 2. ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTOS E LUDICIDADE: OS EIXOS INTEGRADORES DO TRABALHO PEDAGÓGICO NO BLOCO INICIAL DE ALFABETIZAÇÃO ............................................................................................ 32 3. OS PRINCÍPIOS DO TRABALHO PEDAGÓGICO NO BLOCO INICIAL DE ALFABETIZAÇÃO ............................................................................................ 40 3.1. PRINCÍPIO DA FORMAÇÃO CONTINUADA......................................... 40 3.2 PRINCÍPIO DO REAGRUPAMENTO ..................................................... 48 3.3. PRINCÍPIO DO PROJETO INTERVENTIVO ......................................... 53 3.4. PRINCÍPIO DA AVALIAÇÃO FORMATIVA ............................................ 58 3.5. PRINCÍPIO DO ENSINO DA LÍNGUA ................................................... 69 3.6. PRINCÍPIO DO ENSINO DA MATEMÁTICA ......................................... 90 3.6.1. A matemática e sua importância na formação humana ................... 90 3.6.2. A matemática no BIA ....................................................................... 91 3.6.3. Os campos fundamentais da matemática escolar ........................... 93 3.6.4. Dimensões da atividade matemática ............................................... 94 3.6.5. Os sete processos mentais .............................................................. 96 3.6.6. A ação pedagógica do professor ..................................................... 99 3.6.7. O ambiente matematizador ............................................................ 101 4. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ................................................................. 105 5. REFERÊNCIAS .......................................................................................... 107
  • 5. APRESENTAÇÃO A Estratégia Pedagógica do Bloco Inicial de Alfabetização - 2ª Edição - Versão Experimental é um documento construído por comissão, designada por meio de Ordem de Serviço, ouvidos os professores e os coordenadores, que atuam nos três primeiros anos do Ensino Fundamental, que tem por objetivo, entre outros mais específicos “Garantir ao estudante, a partir dos 6 anos de idade, a aquisição da alfabetização/letramentos na perspectiva da ludicidade e do seu desenvolvimento global, com vistas à formação do leitor e do escritor proficientes”. Assim, essa publicação visa nortear a prática pedagógica dos/as educadores/as no que tange à reorganização e à articulação do tempo e do espaço da aprendizagem, à identificação dos saberes já construídos pelos alunos para que, a partir dessa identificação, planejem e replanejem seus trabalhos e, ainda, definam mecanismos de acompanhamento que propiciem a transformação no fazer pedagógico, para que o educando tenha acesso aos saberes essenciais para sua formação como sujeito autônomo, crítico e competente. Espera-se, dessa forma, que, no ano letivo de 2011, a partir do desenvolvimento desta Estratégia Pedagógica do Bloco Inicial de Alfabetização - 2ª Edição - Versão Experimental, no cotidiano escolar, o/a professor/a reflita, discuta e avalie, aprimorando-a com vistas à publicação definitiva em 2012. Ana Carmina Pinto Dantas Santana Subsecretária de Educação Básica 3
  • 6.
  • 7. 1. BLOCO INICIAL DE ALFABETIZAÇÃO – BIA - A ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA DOS PRIMEIROS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL NO DISTRITO FEDERAL 1.1 HISTÓRICO DO BIA Com a promulgação da Lei nº 3.483, de 25 de novembro de 2004, o Distrito Federal estabeleceu a implantação do Ensino Fundamental de 9 anos na Rede Pública de Ensino do Distrito Federal, antecipando-se, portanto, ao restante do país. Em 2005, a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal iniciou essa ampliação para os 9 anos no ensino fundamental nas instituições educacionais vinculadas à Diretoria Regional de Ceilândia, sendo que nas demais Diretorias, essa ampliação foi gradativa até o ano de 2008. Assim, em 2009 o Ensino Fundamental de 9 anos estava consolidado nas 14 Diretorias Regionais de Ensino: Brazlândia, Ceilândia, Guará, Gama, Núcleo Bandeirante, Paranoá, Planaltina, Plano Piloto/ Cruzeiro, Recanto das Emas, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião, Sobradinho e Taguatinga. Esse processo ocorreu segundo os princípios metodológicos da Proposta Pedagógica do Bloco Inicial de Alfabetização – BIA de 2006, aprovada pelo Conselho de Educação do Distrito Federal por meio do Parecer nº 212/2006 e instituída pela Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal - SEDF por meio da Portaria nº 4, do dia 12 de janeiro de 2007. Destaca-se que a construção da proposta inicial do BIA contou com a participação dos professores da Rede pública de ensino por meio de debates, de encontros, de reuniões e de informações levantadas nos processos de formação. Assim, a proposta pedagógica do Bloco Inicial de Alfabetização – BIA, buscou, além de atender a Lei Federal nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, em seu art. 5º, a reorganização do tempo e do espaço escolar, a fim de que se pudesse obter um processo de alfabetização de qualidade, bem como de reafirmar um dos objetivos do Plano Nacional de Educação de 2001: a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e à permanência, com sucesso, na educação pública. Os professores, envolvidos no processo inicial de escolarização nas instituições públicas do Distrito Federal, sabem os sucessos colhidos e as 5
  • 8. dificuldades vivenciadas na transformação de uma instituição educacional que precisa, cada vez mais, ser acolhedora e de qualidade para todos. Na tabela, pode-se observar as duas matrizes curriculares que coexistem, atualmente, no Ensino Fundamental. ENSINO FUNDAMENTAL DE 9 ANOS 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º DRE ANO ANO ANO ANO ANO ANO ANO ANO ANO Ceilândia 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Taguatinga 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Brazlândia Guará 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Samambaia Demais DRE que implantaram o EF 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 de 09 anos em 2008 Tabela 1 Com isso, confirma-se a perspectiva de uma instituição educacional igualitária que se fortalece com a ampliação do Ensino Fundamental para 9 anos, conforme legislação vigente. Uma vez que um ano a mais de vida escolar traz diferenças consideráveis no percurso de escolarização do cidadão. Para isto, o BIA, a partir de uma proposta pedagógica fundamentada com a participação de todos para a melhoria da educação, visa envolver a instituição educacional em ações sistematizadas que promovam a aprendizagem dos estudantes, por meio da construção de uma educação inclusiva que respeite a diversidade cultural, social, de gênero e de credo. Assim, alguns índices, como o IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - de 2009 evidencia o crescimento dos anos iniciais do Ensino Fundamental da rede pública do Distrito Federal (5.4) que já superou a meta estabelecida pelo MEC para o ano de 2011. No entanto, em relação à leitura e à escrita, mesmo com os avanços já conseguidos, há necessidade de continuidade das políticas de organização escolar e maior investimento nos anos iniciais de escolarização. Sabe-se que o insucesso da educação apresenta como razões, diversos fatores, entre eles o de caráter social que dificulta o acesso, a permanência e o aproveitamento escolar. Todavia, a questão metodológica, o “como fazer” para 6
  • 9. que as crianças aprendam, de fato, a ler e a escrever proficientemente, também, é um elemento importante. Nessa perspectiva, assegurar a todas as crianças um tempo/espaço ressignificado de convivência escolar e oportunidades concretas de aprender requer de todo professor uma prática educativa fundamentada na existência de sujeitos, que como afirma Freire (1996, p. 77) “um que ensinando, aprende, outro que aprendendo, ensina”. É a dialética desse processo que torna a educação uma prática social imprescindível na constituição de sociedades verdadeiramente democráticas. PARA SABER MAIS... O BIA apresenta uma organização escolar Professor, leia as em ciclos de aprendizagem, assim, preconiza Orientações Gerais para o Ensino Fundamental de 9 uma instituição educacional que proporcione o anos: Bloco Inicial de avanço de todos com a qualidade de Alfabetização, de 2006, no capítulo de contexto legal e aprendizagem e respeito às questões individuais educacional. dessas aprendizagens. O Distrito Federal possibilitou a progressão continuada no Bloco antecipando a não retenção de suas crianças nos anos iniciais da alfabetização, confirmando um caminho, hoje, defendido e preconizado pelo Ministério da Educação. Segundo as Diretrizes Operacionais para a matrícula no ensino fundamental, o Conselho Nacional de Educação aponta que os três anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar: a) a alfabetização e o letramento; b) o desenvolvimento das diversas formas de expressão, o aprendizado da matemática e das demais áreas de conhecimento; c) o princípio da continuidade da aprendizagem, tendo em conta a complexidade do processo de alfabetização e os prejuízos que a repetência pode causar no ensino fundamental como um todo e, particularmente, na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro. Parágrafo 1º: mesmo quando o sistema de ensino ou a escola, no uso de sua autonomia, façam opção pelo regime seriado, é necessário considerar os três anos iniciais do ensino Fundamental como um bloco pedagógico ou um ciclo seqüencial não passível de interrupção, para ampliar a todos os estudantes as oportunidades de sistematização e aprofundamento das aprendizagens básicas, imprescindíveis para o prosseguimento dos estudos. 7
  • 10. A política de ciclos é polêmica e foco de muitas discussões, de avanços e de recuos, e, portanto, não se pode deixar de refletir sobre o papel identitário e social da instituição educacional pública e tomar como ponto de partida a análise da lógica da instituição educacional seriada e suas consequências (seletividade, exclusão, taxas de reprovação). Considerando este panorama educacional, a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal – SEDF – constituiu uma comissão com professores da rede pública de ensino, para revisar e ampliar o documento orientador do BIA, tendo em vista atender aos anseios e às necessidades da alfabetização e do letramento no contexto atual, contribuindo para uma reflexão maior sobre o processo inicial de escolarização. Essa comissão contou com representantes da equipe da 1ª edição da proposta e com professores que atuam nas diversas Diretorias Regionais de Ensino, nos Centros de Referência em Alfabetização - CRA, coordenação intermediária, além de coordenadores do nível central da SEDF, com o cuidado de garantir estruturas participantes dos mais diversos profissionais que implementam o BIA no DF, dando voz aos professores atuantes no Bloco. 1.2 A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR EM CICLO Na organização escolar em ciclo, o pensamento norteador está em função das necessidades de aprendizagens dos estudantes. Ele parte de outra concepção de aprendizagem e de avaliação que traz desdobramentos significativos para o espaço e o tempo escolar, além de exigir novas práticas e novas posturas da equipe escolar. O tempo escolar é uma construção histórica e cultural, a partir da década de 80, vários estados e municípios reestruturaram o ensino fundamental a partir das séries iniciais. Esse processo de reorganização, que tinha como objetivo político minimizar o problema da repetência e da evasão escolar, adotou como princípio norteador a flexibilização da seriação, o que abriria a possibilidade de o currículo ser trabalhado ao longo de um período de tempo maior e permitiria respeitar os diferentes ritmos de aprendizagem que os estudantes apresentam (PCN, 1996). Desse modo, a seriação inicial deu lugar ao ciclo básico, tendo como objetivo propiciar maiores oportunidades de escolarização voltada para a 8
  • 11. alfabetização efetiva das crianças. As experiências, ainda que tenham apresentado problemas estruturais e necessidades de ajustes da prática, acabaram por demonstrar que a organização por ciclos contribui, efetivamente, para a superação dos problemas do desenvolvimento escolar. Segundo Mainardes (2007), na década de 1980, muitos estados no país – São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Paraná - implantaram o sistema de ciclos com o CBA (Ciclo Básico de Alfabetização). No estudo de Tolentino (2007) o Distrito Federal também implantou o ciclo nesse período com o Projeto ABC (1984), o CBA (1989) e a Escola Candanga (1997). Vale destacar a participação do DF nas experiências pioneiras do País de políticas de não retenção, quando na década de 1960, mais precisamente a partir de 1963, o ensino primário foi dividido em três fases, onde o estudante avançava para a segunda fase ao completar o processo de alfabetização. A organização escolar em ciclos foi vista como um recurso para a modernização PARA SABER MAIS... da educação, a redução da seletividade da A ideia de eliminar a reprovação nos primeiros anos de escola e o desperdício de recursos escolarização não é nova. As discussões sobre políticas de não financeiros, que com o regime seriado e o reprovação tiveram início no final sistema de promoção, baseado no da década de 1910 e as primeiras experiências foram desempenho dos estudantes, produziram os implementadas no final da década de 1950. Na educação brasileira o altos índices de reprovação e de evasão. termo “ciclo” apareceu na Reforma Francisco Campos Segundo Teixeira (1954 In Ibid.), em 1938, (década de 1930) e na Reforma Capanema (Leis Orgânicas do 58% dos estudantes matriculados, na 1ª ensino – 1942/1946). E o uso série, não chegavam a 2ª série, além disso, deste termo, como política de não reprovação, foi protagonizado por somente 4% dos estudantes, completavam o São Paulo, em 1984 (MAINARDES, 2007). ensino primário sem nenhuma reprovação. Nos anos de 1990, os ciclos foram reformatados e indicados na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96, no seu artigo 23 e o Regime de Progressão Continuada foi incluído no parágrafo 2º do Art. 32. A diferença está na forma como as ações norteadoras da organização escolar se estabelecerão. A política de ciclos pôde ser implementada, portanto, somente com o objetivo de diminuir as taxas de reprovação, assumindo um caráter mais conservador, ou com o objetivo de criação de um sistema educacional mais democrático e igualitário, assumindo um caráter mais transformador. 9
  • 12. A proposta dos ciclos no Brasil abrange dois tipos de organização: os ciclos de aprendizagem e os ciclos de formação. Embora a progressão continuada seja considerada uma organização em ciclos, faz-se necessário refletir sobre as diferenças existentes. Os ciclos de aprendizagem apresentam uma estrutura de dois ou três anos de duração e prevê ao final desse período a retenção do estudante que não atingir os objetivos do ciclo. Os ciclos de formação baseiam-se nos ciclos de desenvolvimento humano e prevê uma mudança mais radical no sistema de ensino com a não retenção do estudante ao longo do Ensino Fundamental. A Escola Plural (Belo Horizonte) e a Escola Cidadã (Porto Alegre) são referências positivas de formulação de ciclos de formação (MAINARDES, 2007). Na progressão continuada, as séries são mantidas e a reprovação é eliminada em algumas séries, bem diferente dos ciclos de formação e de aprendizagem que propõem mudanças no contexto escolar, na formação dos professores, na avaliação e no currículo. Segundo Freitas (2003) somente o entendimento de ciclos, para além da PARA REFLETIR... progressão continuada, trará o avanço da Você, professor, percebe-se como sujeito da mudança que concepção conservadora-liberal para as se almeja com a implantação do BIA na organização dos anos propostas transformadoras e progressistas. iniciais do Ensino Fundamental? Os objetivos de formação, no final do percurso nos ciclos de aprendizagem, devem (LOPES apud MAINARDES, 2008, p.74): “as políticas ser bem definidos, afirma Perrenoud (2006) curriculares não se resumem apenas aos documentos escritos, que indica como pontos positivos nessa mas incluem os processos de planejamentos, vivenciados e organização o tempo/espaço escolar, o olhar construídos em múltiplos sujeitos no corpo social da educação. São diferenciado em função da aprendizagem de produções para além das cada estudante; a pedagogia diferenciada em instâncias governamentais.” que se pensam ações voltadas para as reais necessidades dos estudantes; o nível de comprometimento da equipe pedagógica; e a não-retenção, pois tira o foco da dimensão tempo, forçando uma atitude em relação às outras dimensões. A organização escolar em ciclo possibilita à instituição educacional olhar para todos os seus estudantes, porque estes, não mais evadem por causa da repetência e, ao permanecerem na escola, exigem dessa instituição uma tomada de atitude. 10
  • 13. Assim, o BIA - Bloco Inicial de Alfabetização - é uma organização escolar em ciclos de aprendizagem que pressupõe mudanças nas concepções de ensino, aprendizagem e avaliação, e, consequentemente, na organização do trabalho pedagógico e na formação de seus professores. Segundo Villas Boas (2010), pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, implantar um ciclo de alfabetização implica construir uma escola desvinculada das características da seriação, tais como: a fragmentação do trabalho e seu desenvolvimento não-diferenciado, a avaliação centrada em notas e a aprovação ou reprovação. Portanto, requer outra concepção de ensino e aprendizagem, requer outra escola. Nesse sentido, Mainardes (2007) ressalta que a organização da escolaridade em ciclos somente faz sentido se resultar em um estado qualitativo superior no que se refere à garantia do direito à educação, à apropriação do conhecimento pelos alunos e à concretização de um projeto transformador da escola e da sociedade. Em outras palavras, a instituição educacional em ciclos só será exitosa, se avançar em relação à instituição educacional seriada e suas limitações. PARA LEMBRAR... Portanto, cada professor é protagonista A DSE – Diretoria de Organização nesse processo de ressignificação dos do Sistema de Ensino, que é responsável pela estratégia de espaços e dos tempos de ensino e de matrícula, o documento que normatiza o processo de matrícula aprendizagens na alfabetização. Retornando na Rede pública de ensino do DF ao BIA, seguem as mudanças que implicam a e que determina o número de estudantes em sala para o ano sua organização escolar: letivo subseqüente, de acordo com o decreto nº 28.007/2007, em 1º - Trabalho Pedagógico: deve estar conformidade com o artigo 104, parágrafo único, da resolução nº voltado para as necessidades de 01/2005-CEDF, juntamente com o Regimento Interno da SEDF. aprendizagem de todos os estudantes e com a garantia de um processo contínuo de aprendizagem. 2º - Progressão Continuada: os estudantes no bloco têm progressão do 1º ano para o 2º ano, e deste para o 3º ano; uma garantia de respeito aos tempos de desenvolvimento do estudante nos primeiros anos escolares. 3º - Retenção: só acontece ao final do ciclo, no 3º ano do BIA. 4º - Avaliação, Currículo, Metodologia e Formação dos Professores: requerem outras organizações e ações pedagógicas pautadas na construção e no fazer coletivo. 11
  • 14. Outro ponto de destaque é a formação de turmas, que pode priorizar um menor número de alunos em sala, de idades mais próximas, com características e interesses similares. A análise dos resultados dos últimos anos, após a implantação do BIA, demonstra como a organização inicial em CICLOS gerou uma menor retenção de estudantes no período inicial da escolarização. Sabe-se que uma avaliação mais detalhada e um estudo sobre este programa reclamam mais informações e análises mais aprofundadas, no entanto já é permitida uma constatação, os resultados das avaliações externas e essa análise inicial apontam que a qualidade de ensino, com a organização escolar em ciclos de aprendizagem, por meio do BIA, tem sido maior e melhor e tem promovido mudanças significativas para o alfabetizar letrando. Análise os rendimentos dos estudantes a partir da implantação do BIA, aprecie os gráficos abaixo. ÍNDICE DE RETENÇÃO Séries e Ciclos 20% 15% 10% 5,6% 0% Série (1ª e 2ª série) 2005 a 2009 Ciclos (1º, 2º e 3º ano) 2005 a 2009 - BIA Gráfico 1 ÍNDICE DE RETENÇÃO Ensino Fundamental de 8 e 9 anos 20,00% 15,00% 14,47% 14,67% 13,51% 10,00% 10,67% 6,62% 8,90% 6,35% 5,00% 6,18% 0,00% 0,00% 0,01% EF 08 2005 2006 2007 2008 2009 Anos Gráfico 2 12
  • 15. PARA REFLETIR... Em 2009, foi realizada uma pesquisa E você professor, como percebe que contou com a participação de essa dinâmica? É comum na sua professores, diretores e coordenadores, que escola a crença de que a reprovação garante aprendizagem atuam com o BIA, pela Coordenadoria de na ocorrência da repetência? O grupo de educadores reconhece o Editoração de Inovações Pedagógicas da BIA como possibilidade de fazer uma escola mais igualitária? SEDF, que gerou o documento “Bloco Inicial de Alfabetização: o desafio da mudança” (2009), e um dos pontos de maior discussão e relevância apontados pelos docentes está no fato de a retenção acontecer só ao final do BIA. Um número significativo de professores ainda não conseguiu internalizar a dinâmica de uma aprendizagem que precisa ser contínua e interativa, atendendo às múltiplas e diferenciadas necessidades dos estudantes. 1.3 A CONCEPÇÃO DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM A organização em ciclos preconiza uma concepção de aprendizagem que respeita e entende os tempos da vida, que o ser humano está constantemente aprendendo (Santana In MAINARDES, 2009). Com a edição renovada desta orientação para o Bloco Inicial de Alfabetização, espera-se esclarecer que uma organização em ciclos não é promoção automática e nem a desvalorização do processo de ensino, e sim, uma organização que traz como essência, o respeito aos tempos de aprendizagem de cada estudante, promovendo a aprendizagem significativa por meio de eixos e princípios que serão apresentados, a seguir, e que precisam ser considerados na dinamicidade do planejamento educativo. Como se sabe, a aprendizagem é um dos principais objetivos da educação escolar e os educadores são desafiados, a todo o momento, a revisar estudos e a ampliar conceitos. Nesse sentido, as concepções que se têm sobre o ato de aprender, de ensinar e de avaliar são essenciais e responsáveis pelo melhor cumprimento da função social da instituição educacional pública. Sendo assim, retomar o percurso histórico das concepções, já vivenciadas na educação, é importante para que se assumam determinadas teorias de aprendizagem no embasamento do trabalho alfabetizador que se faz presente nas metodologias utilizadas no ato de ensinar. 13
  • 16. Concepção de conhecimento na Perspectiva Idealista: a aprendizagem dependeria de uma predeterminação biológica;  Concepção de conhecimento na Perspectiva Comportamentalista: a aprendizagem depende de opções e estímulos para o sujeito por meio de reforço e fixação;  Concepção de conhecimento na Perspectiva Sócio-Construtivista: a aprendizagem é construída na interação do sujeito com o meio social e ambiental no qual está inserido; Como se sabe esta última é a concepção que vigora e explica os processos de aprendizagem do ser humano atualmente. E por isso, a concepção de aprendizagem adotada pelo BIA corrobora uma perspectiva de construção de conhecimento numa relação sócio-histórico-interacionista, fundamentada na convicção de que os conhecimentos científicos necessitam ser reconstruídos em suas plurideterminações, dentro das novas condições de produção de vida humana, respondendo, quer de forma teórica, quer de forma prática, aos novos desafios propostos pela sociedade contemporânea, conforme defende Gasparim (2002). Todas as situações sociais vividas têm significado no desenvolvimento da aprendizagem do estudante. Para Vygotsky (TEIXEIRA, 2003), a linguagem transforma-se em uma ferramenta fundamental da aprendizagem humana, entendendo que as funções psíquicas da mente são essencialmente sociais. Portanto o ser humano precisa de desejo, interesse, colaboração e socialização do conhecimento para aprender, daí a importância de você, professor, agir como um interventor e, consequentemente, mediador de aprendizagens, especialmente no momento inicial de escolarização, enfatizando mais a aprendizagem como processo que como resultado, dando lugar ativo à ação de quem aprende. Para facilitar a compreensão desses processos, os aspectos referentes ao aprender são fundamentados em diversas teorias que devem embasar o trabalho pedagógico do professor alfabetizador. Dentre as diversas teorias, destacam-se os estudos de Piaget, Vygotsky, Wallon e Ausubel como importantes autores que se referem aos processos de aprendizagem e que os alfabetizadores devem utilizar para fundamentar sua prática docente. 14
  • 17. Assim, o conhecimento, na abordagem sócio-interacionista estimula uma forma de pensar em que o aprendiz constrói e reconstrói o conhecimento existente, tornando-o significativo. Nesse contexto, a Concepção de Alfabetização para o BIA se apresenta baseada numa concepção de língua interacionista, funcional e discursiva, buscando entender o “como” e o “quando” se estabelecem as relações no ato de aprender a ler e a escrever na construção deste código alfabético, com vistas ao uso social da língua escrita e falada. Então, é preciso que os professores assumam uma concepção social da linguagem escrita, partindo do pressuposto do caráter histórico da comunicação, entendendo qual o papel da escrita nesse mundo contemporâneo (KLEIN, 2003). Assim, conceber o ensino da língua em uma perspectiva social implica entendê-la como produção do homem, a forma que ela assume na organização social, suas funções e seus interesses. Como defende Antunes (2003, p. 45): “Ter acesso à palavra escrita representa a possibilidade de dominar um instrumento de poder chamado linguagem social.” A comunicação é suscetível de um PARA REFLETIR... manejo construtivo em sala de aula, na Quais outras teorias de aprendizagem estão presentes medida em que a aprendizagem deve permitir em seu trabalho pedagógico de ao estudante se posicionar a partir de uma alfabetizador? perspectiva pessoal e reflexiva (TEIXEIRA, Atente-se para o fato de que essas teorias necessitam partilhar 2003). Evidentemente essa nova forma da mesma base teórica assumida para o BIA e da concepção de pedagógica de agir pede ações que língua interacionista e dialógica. Ter ciência de que qualquer privilegiem a contradição, a dúvida, o prática em sala de aula sem teoria questionamento, onde a diversidade e a é falaciosa e esvaziada de sentido, para Vázquez (1997), a divergência são valorizadas. Os conteúdos teoria é indispensável à constituição da práxis, pois é “a precisam ser despojados de sua forma pronta sua capacidade de modelar idealmente um processo futuro e imutável para serem analisados, que lhe permite ser um instrumento – às vezes decisivo – compreendidos e apreendidos dentro de sua na práxis produtiva ou social”. totalidade dinâmica, o que conforme explicita (p.215). Gasparim (2002) só será possível ao se instituir uma nova forma de trabalho pedagógico que dê conta deste desafio. A partir das reflexões, estudos e incitações promovidos pela vivência desde a implantação e implementação do BIA, reafirmam que o Objetivo Geral 15
  • 18. do BIA é garantir ao estudante, a partir dos 6 anos de idade, a aquisição da alfabetização/letramentos na perspectiva da ludicidade e do seu desenvolvimento global, com vistas à formação do leitor e do escritor proficientes. Esse objetivo, nessa conjuntura, se desdobra em Objetivos Específicos. Relembrando!  Reorganizar o tempo/espaço da escola, com vistas ao pleno desenvolvimento do estudante e sua efetiva alfabetização/letramento.  Atender aos fundamentos teórico-metodológicos norteadores da prática docente, tendo em vista a concepção de alfabetização e letramentos proposta para o BIA.  Garantir o trabalho efetivo com o eixo integrador – alfabetização/letramentos/ludicidade – que articule a construção de diferentes linguagens e as relações que essa construção estabelece com os objetos do conhecimento.  Valorizar a formação continuada dos professores, estimulando a reflexão-ação-reflexão da prática pedagógica.  Refletir sobre o processo de ensino e aprendizagem, permitindo aos estudantes do Bloco: o vivenciar experiências prazerosas de aprendizagem, com a ressignificação das atividades escolares; o interagir solidariamente com seus pares e demais membros da comunidade escolar; o perceber o espaço escolar como ambiente de trabalho cooperativo e de equipe, responsabilizando-se pela organização da vida coletiva e pela construção de novos conhecimentos; o sentir-se apoiado e estimulado a refletir, questionar, pesquisar, tomar iniciativa, enfim, ser o sujeito ativo no processo educativo. Por isso, que a organização escolar em ciclos de aprendizagem apresentada pelo BIA pede a reorganização do espaço social da sala de aula, da instituição educacional, que deve ser um espaço participativo e de compartilhamento de ações. 16
  • 19. 1.4 A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E TEMPO ESCOLAR A organização espaço/tempo do fazer pedagógico é desafiadora e, muitas vezes, reveladora da forma os professores, concebem e realizam o trabalho docente. Pensar nesse espaço de atuação pedagógica é pensar que a primeira presença se faz pelo corpo que ocupa um espaço e estabelece sentido. Confirma-se, então, a nova significação dada à linguagem e à expressão corporal, que para Amorim (2004) são constructos integradores para a vivência da diversidade e amplitude do estudante. Dessa maneira, o cuidado, um olhar mais sensível, às estratégias pedagógicas diversas e a organização do tempo e espaço escolar fazem a diferença na formação do homem mais feliz, consciente de si e dos outros. E essas relações, promovidas por um espaço e tempo bem organizados e estimulantes, segundo a mesma autora, possibilitam outras formas de relacionamentos e de aprendizagens. O sentido que se atribui à instituição educacional e a sua função social, a concepção que se tem de infância e de adolescência, os espaços da motricidade, da afetividade e da cognição no processo de ensino e de aprendizagem influenciam, diretamente, na forma em que se organizar o trabalho pedagógico. Além desses, muitos outros fatores condicionam a organização do trabalho pedagógico, como, por exemplo, as características individuais de professores e de estudantes, a localização da instituição educacional, no bairro ou cidade, o espaço físico da própria escola e as atividades nela desenvolvidas, bem como a concepção de educação e de sujeitos que se quer formar. Falemos então sobre o espaço. Ao se pensar na sala de aula, pode-se entender esse ambiente como uma estrutura dinâmica que apresenta 04 dimensões, claramente definidas e interrelacionadas entre si. Como ampliar essa discussão? Seriam então, dimensões, para além da corpórea, e otimizadoras para o planejamento: 1. Dimensão física: O que há e como se organiza? 2. Dimensão funcional: Como se utiliza e para quê? 3. Dimensão relacional: Quem e em que circunstâncias? 4. Dimensão temporal: Quando e como é utilizada? Entender o espaço como estrutura de oportunidades e contexto de aprendizagens e de significados, é destacado por Zabalza (1998) ao afirmar 17
  • 20. que o espaço na educação deve ser constituído como uma estrutura de oportunidades. É uma condição externa que favorecerá ou dificultará o processo de crescimento pessoal do estudante e do professor e o desenvolvimento das atividades educativas. Esse ambiente, enquanto contexto de aprendizagens constitui espaços vivos de estruturas espaciais, de linguagens, de instrumentos, bem como, de possibilidades ou de limitações do desenvolvimento que se almeja. PARA REFLETIR... Estudantes e professores, como protagonistas dessa interação que se faz a A criança de 06 anos no Ensino Fundamental: Professores, todo instante na sala de aula, precisam ser como esta criança de 6 anos tem sido tratada no seu considerados no planejamento e, trabalho e na sua escola? principalmente, numa instituição educacional Com a inserção da criança de seis anos no Ensino Fundamental é de organizada em ciclos, como o BIA, que suma importância o papel do apresenta, pelos seus tempos e espaços, a professor na organização do espaço. Esse espaço precisa dinâmica promotora dos trabalhos coletivos e valorizar as ações das crianças, suas expressões, a imaginação, diversos, para o respeito aos tempos de as falas e as produções. Envolve um caminho hibrido entre o desenvolvimento e a ressignificação do mundo do Ensino Fundamental e a prática da Educação Infantil. trabalho do alfabetizador para uma aprendizagem de todos. Sendo o tempo outro aspecto de fundamental importância na organização do trabalho pedagógico com o qual se depara e parecendo sempre escasso pede uma forma de organização com qualidade. Nesse sentido, o BIA propõe um repensar na organização do tempo escolar de modo flexível, buscando a retomada de aspectos importantes do processo de ensino e de aprendizagem, ou seja, dos conhecimentos tratados nas diferentes situações didáticas com os estudantes. Deve-se lembrar, também, que as pessoas têm tempos diferentes de aprendizagem e, consequentemente, aprendem de formas diferentes. Nesse sentido, os professores devem criar oportunidades diferenciadas de aprendizagem para os estudantes e, para tal, é imprescindível que organizem o trabalho e o tempo didático em função de cada um deles, garantindo, assim, um ganho significativo na formação plena de futuros cidadãos. A organização da práxis pedagógica orienta caminhos e implementa estratégias eficazes para um bom uso dos espaços e dos tempos escolares, 18
  • 21. assim, conhecer as etapas do desenvolvimento humano e ter uma atitude investigadora e organizadora de outros tempos e espaços escolares, pois como afirma Wallon in Almeida (2000, p. 86): “Somos componentes privilegiados do meio de nosso aluno, torná-lo mais propício ao desenvolvimento é nossa responsabilidade.” A organização do trabalho pedagógico caracteriza-se como uma dimensão muito importante na ação docente como sabem os professores. No BIA deve-se atentar para não o reduzir apenas ao trabalho da sala de aula, como se o professor fosse um ser isolado, mas deve estendê-lo para toda a instituição educacional, com o exercício do planejamento coletivo e a ação concretizadora da proposta pedagógica. Portanto, é imprescindível que se organize o trabalho pedagógico de na sala de aula buscando sempre a articulação das diversas áreas do conhecimento. A seguir, estão relacionados alguns aspectos importantes que se deve considerar para a organização do espaço e do tempo escolar. O Planejamento Para garantir a qualidade das ações pedagógicas, a aprendizagem significativa para todos os estudantes, a oferta de vários espaços de aprendizagem, as diversas possibilidades de interação e a efetivação dos princípios de um trabalho, é preciso ter o planejamento como ferramenta de fundamental importância. É necessário, portanto, professor que se compreenda o planejamento, não como algo burocrático ou uma exigência da coordenação, mas como uma forma efetiva de acompanhar, de prever, de organizar, de interagir e de avaliar as ações e as estratégias pedagógicas adequadas a cada estudante ou grupo de estudantes. O planejamento traz qualidade ao trabalho pedagógico a partir do momento que aponta, com clareza, aonde se quer chegar, levanta questionamentos e indica caminhos. “Uma das funções mais importantes do planejamento é assegurar a unidade e coerência do trabalho pedagógico da escola como um todo e o de cada turma em particular” (VILLAS BOAS, 2004 p. 95). O planejamento, como reflexão-ação-reflexão, deverá partir sempre do diagnóstico, dentro de uma concepção formativa, em consonância com as 19
  • 22. Diretrizes de Avaliação da SEDF. É um momento para se encontrar novas maneiras de promover a aprendizagem e uma ferramenta para o conhecimento e a reflexão da realidade da instituição educacional, de suas potencialidades, de seus acertos e erros, de suas necessidades; e a partir dele buscar alternativas, tomar decisões, revisar as ações e solucionar os problemas. PARA REFLETIR... Na coordenação pedagógica coletiva, os professores devem avaliar refletir, e Como está o planejamento na sua escola? Ele é coletivo? E planejar estratégias pedagógicas mais qual o seu compromisso com o planejamento escolar que adequadas e indicadas a sua turma e a cada precisa facilitar o seu trabalho e a aprendizagem dos estudante. Outro horário valioso é o de estudantes? planejamento com seus pares (professor que “Não há processo, técnica ou atuam no mesmo ano de escolarização do instrumento de planejamento que faça milagre. O que existe são BIA), o que proporciona a troca de caminhos, mais ou menos adequados. De qualquer forma, o experiências, o enriquecimento das ideias, a fundamento primeiro de qualquer processo de planejamento está criatividade e os olhares diferentes para a num nível mínimo, (considerando que a realidade é sempre realidade da instituição educacional. Esses contraditória e processual), momentos oportunizam o planejar como ato pessoal e coletivo de compromisso (desejo, ética, coletivo, interativo, com a articulação e o responsabilidade) e competência (capacidade de resolver envolvimento dos profissionais por um problemas)”. (Vasconcelos, 2002, p. 37) objetivo comum: a aprendizagem. De acordo com a metodologia de acompanhamento pedagógico sistemático, que será apresentada mais à frente, no Princípio da Avaliação, a realização do diagnóstico, trará visibilidade às diversas necessidades, possibilidades e potencialidades dos estudantes. A partir delas, então, o professor, na organização de seu planejamento, deverá elaborar, criar e elencar estratégias pedagógicas que atendam a essas necessidades educativas dos seus estudantes. O planejamento organiza o tempo pedagógico e assegura a realização dos princípios do BIA, como forma de atender as necessidades de aprendizagem dos estudantes ou de um determinado grupo de estudantes. Deve, ainda, garantir a otimização do uso dos diversos espaços escolares, ousando outras formas de fazer/viver a alfabetização. 20
  • 23. Base para o Concretização formal do Relação entre a reflexão Professor pesquisador - avaliação formativa Rotina Diagnóstico planejamento planejamento: Deve e a ação do professor prever período para pesquisador. execução; Ser flexível. Planejamento deve contemplar momentos Elaboração deve levar "O professor de leitura, escrita, fala e em consideração, se: pesquisador não se vê escuta. (Antunes) Está adequada ao apenas como um usuário diagnóstico da turma? de conhecimento Contempla os eixos - as 4 produzido por outros práticas - de forma pesquisadores, mas se simultânea e interligada? propõe também a produzir conhecimentos A quantidade de sobre seus problemas intervenções profissionais, de forma a pedagógicas voltada melhorar sua prática. O para determinado que distingue um eixo, está adequada? professor pesquisador Existe um projeto/tema dos demais professores central inter- é seu compromisso de relacionando os refletir, buscando conteúdos abordados? reforçar e desenvolver aspectos positivos e Contempla os conteúdos superar as próprias nas suas três dimensões? deficiências. Para isso se Estes, estão sendo mantém aberto a novas introduzido, trabalhados idéias e estratégias." sistematicamente, conso (Bortoni-Ricardo, p.46) lidados e retomados, quanto necessário? Avaliação formativa - Há interdisciplinaridade? Movimento de AÇÃO- Ou compreende um REFLEXÃO-AÇÃO sobre conjunto de atividades nosso fazer. soltas? A rotina diária A rotina representa, também, a estrutura sobre a qual será organizado o tempo didático, ou seja, o tempo de trabalho educativo realizado com os estudantes. Assim, professor, é necessário resgatar as estruturas didáticas que contemplam as múltiplas estratégias organizadas em função das intenções educativas expressas no projeto de trabalho de cada turma, ano e/ou instituição educacional, constituindo-se em um instrumento para o planejamento do professor. Essas estruturas didáticas podem ser agrupadas em três grandes modalidades de organização de tempo. São elas: 1. As atividades permanentes; 2. A sequência didática; 3. Os projetos de trabalho. 21
  • 24. Ressalta-se, que toda rotina pedagógica, o ambiente e as atividades desenvolvidas devem ser repletas de ludicidade e conciliadas com a Alfabetização e os Letramentos, que serão ampliados no capítulo dos eixos do BIA. Um quadro semanal de rotina pode facilitar o trabalho do docente. Como utilizar um Quadro Semanal de Rotina?  Construir uma legenda para representar os eixos/4 práticas. Utilizar cores facilita a identificação do foco da minha rotina (legenda 1);  Distribuir as atividades planejadas no Quadro Semanal de maneira a contemplar todos os eixos especificados na legenda;  Identificar se o conteúdo está sendo introduzido, trabalhado sistematicamente ou consolidado (legenda 2). Retomá-lo pode dar pistas por que o aprendizado não está ocorrendo. Sugestão de rotina semanal Sequência do trabalho desenvolvido em sala de aula: (Projetos/Tema Central) 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Legenda 2: conteúdos em suas Legenda 1: Acrescentar e/ou retirar (fica a cargo dimensões – conceitural, procedimental e do professor) atitudinal. Eixos/Quatro Práticas de Alfabetização: Trabalho com as capacidades Compreensão e valorização da Cultura I Introduzir Escrita Desenvolvimento da oralidade T Trabalhar sistematicamente Produção de textos escritos Apropriação do Sistema de Escrita C Consolidar Leitura Reagrupamento/Projeto Interventivo R Retomar Letramento matemático 22
  • 25. A seguir vai se conhecer as estruturas que fazem do trabalho do alfabetizador um trabalho mais significativo e direcionado ao avanço de todos os alunos nas aprendizagens necessárias a cada ano do BIA. As Atividades Permanentes São as atividades em que os conteúdos necessitam de uma constância, um tempo maior de vivência, onde o alfabetizador trabalha com os conteúdos numa interligação com a prática social, o que para Gasparim (2002) leva o estudante a aprender criticamente o conhecimento científico. A escolha dos conteúdos, que define os tipos de atividades permanentes a serem realizadas com frequência regular, diária ou semanal, em cada grupo de crianças ou turma, dependerá das prioridades elencadas a partir do Currículo e das metas estabelecidas para o trabalho educativo. Consideram-se atividades permanentes, entre outras: brincadeiras no espaço interno e externo, a roda de história, a roda de conversas, os ateliês ou oficinas de desenho, de pintura, de modelagem e de música, as atividades diversificadas ou ambientes organizados por temas ou materiais a escolha da criança, incluindo os momentos para que os estudantes possam ficar sozinhos, se assim o desejarem, exercitando a autonomia, bem como os cuidados com o corpo, além da necessária vivência da corporeidade, pelo estímulo à expressão humana. PARA SABER MAIS... Para Bastos apud Amorim (2004) a aprendizagem também está voltada ao A linguagem corporal precisa ser ressignificada na escola. processo de ampliação do repertório Como um texto, o corpo é o mais rico de todos eles e existencial e à sensibilização para o contato bastante necessário na de cada pessoa consigo mesma e em suas alfabetização. Esta linguagem é importante porque reformula, múltiplas interações com o meio natural e explicita, coloca questões que às vezes a fala é incapaz de social e estas interações ocorrem no contato expressar. Alfabetizar é direto entre os estudantes e os conteúdos promover experimentações de grafemas e de fonemas, que trabalhados. antes da escrita convencional se fazem pela dinâmica do Construir, diariamente, a rotina do dia é movimento, que precisa da trabalho de exercício da autonomia e de co- liberdade psicomotora para o seu desenvolvimento. responsabilidade entre os pares. No BIA 23
  • 26. possibilita se confirmar os espaços dos eixos e dos princípios do bloco no planejamento diário. A Sequência Didática Debater e discutir outras formas de organizar o trabalho pedagógico é ação ativa de mudanças, necessárias então quando se pensa na reorganização do trabalho pedagógico em ciclo. Villas Boas (2004) afirma que os objetivos reais da escola estão impressos na organização do seu trabalho pedagógico global e nas suas práticas avaliativas, e que o desenvolvimento da prática em sala de aula é entendido como os momentos e espaços de aprendizagem. As sequências didáticas são planejadas e orientadas com o objetivo de promover uma aprendizagem específica e definida. Os princípios pedagógicos do BIA pedem uma sequência que atenda a necessidade de alfabetizar letrando, a partir do texto e que leve à formação de um leitor e escritor competente. Portanto, você, professor do BIA, precisa organizar didaticamente os conteúdos de forma sequenciada com intenção de oferecer desafios com graus diferentes de complexidade para que os estudantes possam ir, paulatinamente, resolvendo problemas a partir de diferentes atividades vivenciadas. As quatro práticas de alfabetização, proposta PARA REFLETIR... metodológica do BIA, e que será mais Enquanto professor alfabetizador tenho sequências didáticas que explicitada no capítulo do Princípio da Língua, promovem a aprendizagem de meus estudantes? promove um trabalho em sala de aula em que As práticas de avaliação que todo estudante deve falar, ouvir, ler e utilizo refletem essa nova dinâmica de tempo e espaço que escrever, seja qual for a área do a escola em ciclos necessita? conhecimento trabalhada. Os Projetos de Trabalho Bem, sabe-se o quanto a pedagogia de projetos ganhou espaço, nas salas de aula e nas instituições educacionais, e promoveu mudanças no papel de estudantes e de educadores. Os projetos de trabalho corresponsáveis e que levam à construção da autonomia pedem um trabalho pedagógico integrador e 24
  • 27. totalizador, que rompa com a hermenêutica dos conteúdos e de processos de uma sequência didática que não permitem a reflexão. Os projetos de trabalho são conjuntos de atividades que trabalham com conhecimentos específicos, construídos a partir de um dos eixos de trabalho, que se organizam ao redor de um problema para resolver ou de um produto final que se quer obter. É uma concreta possibilidade de diálogo entre as áreas do conhecimento. A pedagogia de projetos se apresenta PARA SABER MAIS... como aliada no processo de reorganização Na rotina diária, você professor precisa garantir: dos tempos e dos espaços no BIA, quando 1. Atividades Permanentes: possibilita a participação, a construção e o cabeçalho, calendário, planejamento coletivo, envolvendo todos em quantos somos, leitura compartilhada... temas de interesse comum. 2. Sequência Didática: atividades que priorizam as 4 O conhecimento é uma construção práticas de alfabetização, o desenvolvimento dos 7 coletiva e é, na troca dos sentidos processos mentais e os demais letramentos... construídos, no diálogo e na valorização das 3. Projetos de Trabalho: diferentes vozes, que circulam nos espaços projetos do Projeto Político Pedagógico, e os projetos de de interação escolar que a aprendizagem vai intervenção e reagrupamentos,que serão se dando. Pensar em como efetivar esta apresentados no capítulo dos princípios respectivamente. instituição educacional em ciclos é o desafio Vamos ampliar mais esta que precisa ser dialogado e coletivizado em discussão e entendimento no nas instituições educacionais. capítulo do Princípio de Avaliação . Principalmente, uma educação que pede a inclusão de todos, conforme se discute a seguir. 1.5 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BLOCO INICIAL DE ALFABETIZAÇÃO A organização por ciclos de aprendizagem, tendo a concepção do conhecimento como um processo de construção e de reconstrução, integra-se, harmoniosamente, à concepção de inclusão, pois valoriza o sujeito estudante em suas várias dimensões: cognitiva, afetiva, psicomotora, histórica, social e cultural. Como já refletido, a reorganização do trabalho pedagógico no BIA favorece o processo de ensino e de aprendizagem. Para os estudantes, propõe novos espaços e tempos de aprendizagem, visando não só o desenvolvimento 25
  • 28. individual, mas oportunizando a inclusão social e promovendo a aprendizagem de cidadania que envolve a participação do sujeito na construção da cultura e na formação de um homem capaz de intervir no mundo. E, para os professores, o planejamento e a execução do trabalho, de forma coletiva, trazem a oportunidade da troca de experiências, do diálogo e da discussão, em uma construção apoiada e partilhada pelo grupo, na qual mesmo as angústias têm vazão e acolhimento mútuo. PARA LEMBRAR... O processo de inclusão requer que a Professor, é bom relembrar que o instituição educacional reflita sobre as atendimento educacional especializado realizado nas Salas condições de seus estudantes, a fim de de Recursos é definido nas possibilitar-lhes o acesso à aprendizagem Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Especial na respeitando, valorizando e propondo Educação Básica (MEC/SEESP, 2001). respostas educativas adequadas às necessidades educacionais especiais de cada um. Sua concretização demanda mudanças organizacionais e pedagógicas, pois possibilita conflitos e reflexões, “desacomodando” práticas segregacionistas historicamente constituídas. PARA SABER MAIS... A partir desses desafios, a SEDF modificou a estrutura e a organização A Política Nacional de Educação Especial na pedagógica da rede pública de ensino a fim Perspectiva da Educação Inclusiva (MEC/SEESP, 2008) de torná-la inclusiva, não apenas transferindo esclarece que: os estudantes de espaços escolares, mas O atendimento educacional especializado tem como função buscando construir uma instituição identificar, elaborar e organizar educacional ainda mais desafiadora para o recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as exercício docente e discente. barreiras para a plena participação dos estudantes, Nessa construção, soma-se ao considerando suas necessidades específicas. As atividades professor regente o apoio do profissional que desenvolvidas no atendimento educacional especializado oferta o atendimento educacional diferenciam-se daquelas especializado em Sala de Recursos que, realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à juntos, em um trabalho de equipe, buscarão escolarização. respostas às demandas de aprendizagem dos estudantes com deficiências (intelectual, sensorial, física ou múltipla), transtornos globais do desenvolvimento ou altas habilidades/superdotação, prevendo e provendo as flexibilizações e adequações curriculares, recursos 26
  • 29. didáticos diferenciados e processos de avaliação adequados ao desenvolvimento desses estudantes, num processo de reflexão-ação-reflexão. O profissional do atendimento educacional especializado buscará alternativas, atividades, materiais e equipamentos específicos de acordo com as necessidades identificadas, a fim de oferecer ao estudante sistemas de apoio que oportunizem aprendizagens efetivas para todos; como resposta à diversidade, complementará/suplementará o currículo desenvolvido na classe comum. A avaliação das propostas acerca dos apoios oferecidos aos estudantes deve ser ampla e cuidadosa. É importante que se avalie a eficiência dos procedimentos pedagógicos utilizados para que não sejam confundidos deficiência e fracasso escolar. Não se pode atribuir ao estudante com deficiência a responsabilidade da dificuldade na aprendizagem, pois mesmo que haja influência de fatores variados, as deficiências não são determinantes na causalidade do fracasso escolar. O progresso da aprendizagem, para determinados estudantes com deficiências ou transtornos globais do desenvolvimento, dar-se-á com planos de apoio como a adequação curricular, pois PARA SABER MAIS... sabe-se que, por mais que a prática do Você, professor, conhece a professor seja criadora e reflexiva (SILVA, organização funcional das salas 2004), alguns desses estudantes podem não de recursos da SEDF? São dois modelos básicos: responder aos anseios e expectativas de  Salas de Recursos Generalistas (na qual são aprendizagem dos conteúdos curriculares atendidos individualmente ou em grupos, estudantes definidas pelo professor por questões outras. com Deficiência Intelectual, A proposta de adequação curricular visa, Deficiência Física, Deficiência Múltipla e portanto, dar respostas às demandas de Transtorno Global do Desenvolvimento); aprendizagem de estudantes prejudicados pela  Salas de Recursos Específicas (de três tipos: homogeneização da ação pedagógica e rigidez Sala de Recursos para dos currículos, ofertando a eles a possibilidade Deficientes Auditivos, Sala de Recursos para de serem avaliados tendo como referência e Deficientes Visuais e Sala de Recursos para como parâmetro o seu próprio estudantes com Altas Habilidades/ desenvolvimento. Superdotação). Na perspectiva da educação inclusiva, o foco não é na deficiência do estudante, mas em suas possibilidades. As instituições educacionais se 27
  • 30. empenham nesta direção. Os espaços, os ambientes e os recursos físicos e os materiais devem, nesse contexto, ser acessíveis e responder à especificidade de cada estudante. Aos profissionais da educação, cabe o papel de mediar o processo educacional dos estudantes numa perspectiva que contemple a articulação dos conhecimentos teóricos e práticos, visando extrapolar a competência puramente técnica, priorizando as trocas cognitivas e afetivas da interação professor-estudante. Assim, a acessibilidade dos materiais pedagógicos, tecnológicos, arquitetônicos e das comunicações, somado ao investimento na formação continuada do professor, criam condições favoráveis para o processo educacional dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. O relatório acerca do parecer CNE/CEB Nº 17/2001 (BRASIL, 2001), no que se refere à operacionalização pelos sistemas de ensino, trata da organização do atendimento e diz da necessidade de prever: (...) temporalidade flexível do ano letivo, para atender às necessidades educacionais especiais de alunos com deficiência mental ou graves deficiências múltiplas, de forma que possam concluir em tempo maior o currículo previsto para a série/etapa escolar, principalmente nos anos finais do ensino fundamental, conforme estabelecido por normas dos sistemas de ensino, procurando-se evitar grande defasagem idade/série. (BRASIL, 2001, p. 48) No Bloco, os estudantes têm garantido o respeito ao tempo de aprendizagem e o atendimento às diferenças individuais, somando-se a isso todos os serviços de apoio e demais direitos concedidos aos estudantes com deficiências, TGD e altas habilidades/superdotação, visando à igualdade de oportunidades educacionais. É importante conhecer a Resolução nº 01/2009 do CEDF, no capítulo da Educação Especial, no Art. 44, define que: A estrutura do currículo e da proposta pedagógica, para atender às especificidades dos estudantes com necessidades educacionais especiais deve observar a necessidade de constante revisão e adequação da prática pedagógica nos seguintes aspectos: I – introdução ou eliminação de conteúdos, considerando a condição individual do estudante; II – modificação metodológica dos procedimentos, da organização didática e da introdução de métodos; III – temporalidade com a 28
  • 31. flexibilização do tempo para realizar as atividades e desenvolvimento de conteúdos; IV – avaliação e promoção com critérios diferenciados, em consonância com a proposta pedagógica da instituição educacional, respeitada a freqüência obrigatória (DISTRITO FEDERAL, 2009, p. 9). Além das adequações de pequeno porte, pensadas dentro da instituição educacional e contempladas na organização do trabalho pedagógico, no planejamento das atividades docentes, e que beneficiam a todos os estudantes com necessidades educacionais especiais, há aqueles de grandes ajustes que, por serem tão significativos, frequentemente, dependem de ações político- administrativas, que são discutidas pela equipe escolar, e se efetivam com a anuência da família do estudante. PARA SABER MAIS... A adequação na temporalidade que Professor, o registro das prolonga a permanência do estudante por adequações propostas será feito em formulários específicos mais um ano na mesma série ou ano, não disponíveis no site da SEDF, na aba “educadores” – “formulários”. conota reprovação. No BIA, isso ocorre, sobretudo, nos dois anos iniciais, e precisa ser cuidadosamente analisada. Uma vez que os outros estudantes não são retidos, e acreditando que a permanência entre os pares, no grupo de colegas que iniciou junto a trajetória de vida escolar, seja mais uma oportunidade de aquisição de habilidades necessárias à alfabetização e aos letramentos, recomenda-se priorizar o conjunto de modificações, suportes e apoios, que sejam avaliadas e supridas as necessidades de cada estudante, em detrimento à opção pela adequação na temporalidade no Bloco. No caso de retenção, esta se dará no 3º ano “caso haja evidências fundamentadas, argumentadas e devidamente registradas pelo Conselho de Classe” (Diretrizes de Avaliação da SEDF, 2008, p. 30). As adequações organizativas, relativas às expectativas de aprendizagem (objetivos) e conteúdos, metodológicas e didáticas, na temporalidade (pouco significativas) e avaliativas, devem focalizar as capacidades, o potencial, e não se concentrar nas limitações do estudante. Para a implementação das adequações muito significativas, como no caso da temporalidade (prolongamento de mais um ano letivo no processo), diferentes daquelas adequações da temporalidade de pequeno porte, cujas alterações se dão no tempo previsto para a realização das atividades, é 29
  • 32. necessário adotar critérios e discutir as possibilidades num estudo de caso com a equipe da instituição educacional. O trabalho em grupo é necessário na instituição educacional inclusiva. Portanto, é importante buscarmos o fortalecimento da parceria com os profissionais do Serviço de Apoio à Aprendizagem. Precisa-se, para além das questões discutidas, ampliar a abrangência da educação inclusiva que se faz pelas mais variadas formas de diversidade presentes no contexto escolar. É necessário conceber diversidade como um conjunto heterogêneo de concepções e atitudes relativas às diferenças, sejam elas físicas e intelectuais e, também, as de origem étnico-racial, de gênero, de orientação sexual, religiosa, de pertencimento a contextos sócio-culturais, e outras. Trata-se, portanto, de realidades complexas resultantes das formas de interação entre as diferenças, que devem ser tratadas como fatores de agregação, e não de conflitos, desigualdades e exclusão. Considerar toda a amplitude dessa diversidade é desafio para a realização de uma instituição educacional de todos e para todos. Portanto, educar para a diversidade significa reconhecer que se é, naturalmente, diverso. Aprende-se por meio de processos, experiências, construções e reconstruções. O BIA facilita essa convivência entre diferentes na igualdade de ser alfabetizando e na perspectiva de uma instituição educacional inclusiva e de aprendizagem para todos e todas. PARA SABER MAIS... Entendendo que encerrar essa Outras informações e discussão num único tópico é tarefa aprofundamento da temática, você professor pode encontrar na impossível, o que se quer, então, é fortalecer o consulta à Orientação Pedagógica: Educação Especial empenho em fazer da instituição educacional (DISTRITO FEDERAL, 2010) e Orientação Pedagógica dos espaço de diversidade, por excelência, que é o Serviços Especializados de Apoio lugar social do sujeito, um lugar rico de à Aprendizagem (DISTRITO FEDERAL, 2010). interações para todo estudante. E que na sala de aula, as relações estabelecidas devem potencializar o desenvolvimento de cada um e de todos. 30
  • 33.
  • 34. 2. ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTOS E LUDICIDADE: OS EIXOS INTEGRADORES DO TRABALHO PEDAGÓGICO NO BLOCO INICIAL DE ALFABETIZAÇÃO O Bloco Inicial de Alfabetização apresenta uma proposta pedagógica pautada na tríade alfabetização, letramentos e ludicidade. Esses eixos procuram estabelecer uma coerência entre os aspectos fundamentais do processo de alfabetização, buscando a proficiência leitora e escritora a partir da alfabetização e dos letramentos sem perder de vista a ludicidade. A intenção é a de que o eixo integrador possa facilitar o desenvolvimento das estruturas cognitivas e das dimensões afetiva, social e motora dos estudantes nos diferentes anos do Bloco, favorecendo a alfabetização e os letramentos nos seus diversos sentidos. Santomé (1998, p. 125) afirma que “as propostas integradoras favorecem tanto o desenvolvimento de processos com o conhecimento dos problemas mais graves da atualidade”. Em seguida, são apresentados os eixos, separadamente, para uma melhor organização didática, mas é preciso contemplá-los paralelamente e articuladamente ao trabalho docente diário. Discutindo esses eixos. Alfabetização e Letramentos A partir das contribuições da Psicolinguística, na perspectiva psicogenética da aprendizagem da língua escrita, de Emilia Ferreiro (2001), houve uma significativa mudança de pressupostos e objetivos na área da alfabetização, uma vez que alterou fundamentalmente a concepção do processo de aprendizagem e reduziu a distinção entre aprendizagem do sistema de escrita (alfabetização) e práticas efetivas de leitura e de escrita (letramento). Essa mudança de paradigma permitiu identificar e explicar o processo por meio do qual a criança constrói o conceito de língua escrita como um sistema de representação dos sons da fala por sinais gráficos, isto é, o processo por meio do qual o estudante, partindo do desenho (fase pré-silábica) para expressar seu pensamento de forma gráfica, passa pela fase silábica e se torna alfabética, reconstruindo a trajetória pela qual passou a humanidade, desde o homem primitivo. 32
  • 35. Nesse contexto, o Bloco Inicial de Alfabetização tem como eixo orientador a lógica do processo de aprendizagem do estudante e não a lógica dos conteúdos a ensinar (superação do modelo tradicional, baseado na cartilha). Cabe salientar que ter se apropriado da escrita é diferente de ter aprendido a ler e a escrever. Aprender a ler e a escrever significa adquirir uma tecnologia, isto é, a de codificar e de decodificar a língua escrita. Apropriar-se da escrita é tornar a escrita "própria", ou seja, é assumi-la como sua propriedade. A Sociolinguística, no estudo dos diferentes falares, tem trazido contribuições singulares para o ensino da língua, pois a partir do momento em que o aluno vê sua forma de falar respeitada e valorizada na instituição educacional - agência primeira do letramento - sente-se acolhido e incluído na cultura escolar, melhorando sua auto-estima, entre outros aspectos que possam interferir no seu desenvolvimento e aprendizagem. Emília Ferreiro (idem) afirma que a língua é um instrumento identitário, portanto é preciso respeitar os diferentes modos de falar dos alunos, sob pena de se estar negando sua identidade linguístico-cultural. Bortoni-Ricardo (2004) pesquisadora sociolinguísta, acrescenta que alguns professores não sabem como intervir de forma produtiva em sala de aula diante das diferentes formas de falar dos alunos, sobretudo, dos estudantes oriundos das classes populares, e, por vezes, intervém de forma preconceituosa. Há que se reconhecer as variedades linguísticas dos estudantes para, a partir daí, ampliar seu repertório linguístico, permitindo-lhes aprender a variedade linguística de prestígio, que é mais aceita e legitimada pela sociedade. O estudante tem o direito inalienável de aprender essa variedade, não se pode negar-lhe esse conhecimento, sob pena de se fecharem para ele as possibilidades de ascensão social, afirma ainda Bortoni-Ricardo. Assim professores e estudantes precisam estar bem conscientes de que existem várias maneiras de se dizer a mesma coisa. A língua portuguesa tem como um dos seus inúmeros instrumentos, a constante renovação das palavras, a mudança de significado e a aquisição de novas acepções. Nesse sentido, a ação pedagógica no BIA deve contemplar, simultaneamente, a alfabetização e o letramento, nos seus mais diversos campos de conhecimentos e assegurar ao estudante a apropriação do sistema alfabético de escrita que envolve, especificamente, a dimensão linguística do 33
  • 36. código com seus aspectos fonéticos, fonológicos, morfológicos e sintéticos, à medida que ele se apropria do uso da língua nas práticas sociais de leitura e escrita. PARA SABER MAIS... É necessário, portanto, que você, professor do BIA, leve para a sala de aula, a Professor, as considerações acerca de alfabetização e língua portuguesa com toda a sua letramento feitas por autores como Lígia Klein (2003), Mirian complexidade e riqueza (leitura de imagens, Lemle (2003 ) e Magda Soares (2004) ampliam mais ainda esses leitura corporal, leitura de gráficos, música, termos, definindo alfabetização e letramento como processos poesias, parlendas etc.), e proponha a todos interdependentes e indissociáveis os estudantes um ambiente em que palavras porque a alfabetização só se torna significativa quando se dá no não apareçam descontextualizadas e contexto dos usos sociais de leitura e de escrita e por meio isoladas, sem a preocupação com a dessas práticas, ou seja, em um contexto de letramento, e este, por construção de sentidos, mas sim inseridas em sua vez, só se desenvolve na dependência da aprendizagem do um contexto significativo, visto que a Língua sistema de escrita. Materna é trabalhada junto com a prática social a que pertence e está presente em todos os conteúdos, das mais diversas áreas do conhecimento. Precisa-se repensar a organização escolar e todo o seu trabalho, principalmente seu processo avaliativo, de forma que esse funcione como elemento promotor das diferentes formas de letramento. Compreendendo letramento científico como Stela Maris Bortoni-Ricardo (2004), que o considera como PARA SABER MAIS... o desenvolvimento de habilidades que Por que LETRAMENTOS, permitam aos sujeitos utilizarem de professor? metodologias que embasam as ciências para Tendo em vista as diferentes funções (para se distrair, para se compreensão de fatos do seu cotidiano, informar e se posicionar) e as formas pelas quais as pessoas mediado pelo ensino da língua materna que têm acesso à língua escrita – com ampla autonomia, com ajuda do deve ser necessariamente funcional, professor(a) ou mesmo por discursivo e interativo. alguém que escreve, por exemplo, cartas ditadas por analfabetos – a O propósito do letramento científico é literatura a respeito assume ainda a existência de tipos de tornar os conhecimentos científicos letramento ou de letramentos, no plural. funcionais, o que remete à função social do (Pró-letramento-MEC,2008) conhecimento. Nessa perspectiva, as práticas 34
  • 37. de letramento se estendem às ciências sociais (história, geografia...), ciências naturais (matemática, física, química e biologia) e códigos e linguagens. Os diversos letramentos devem ser apresentados de maneira dialógica entre os mesmos, evitando ações rígidas e compartimentadas como se encontram os atuais ensinos dos componentes curriculares. Nesse sentido, as práticas pedagógicas e avaliativas devem ser elaboradas com o olhar nas especificidades de cada área de conhecimento, mas com objetivo de possibilitar conhecimentos em sua totalidade de forma interdisciplinar, transdisciplinar e multidisciplinar. PARA LEMBRAR... O propósito do letramento científico é Interdisciplinaridade: uma tornar os conhecimentos científicos possibilidade de quebrar a rigidez dos compartimentos em que se funcionais, o que remete à função social do encontram isoladas as disciplinas dos currículos escolares. conhecimento. Nessa perspectiva, as práticas Multidisciplinaridade: trata de temas comuns sob sua própria de letramento se estendem às ciências sociais ótica, articulando, algumas vezes bibliografia, técnicas de ensino e (história, geografia...), ciências naturais procedimentos de avaliação. (matemática, física, química e biologia) e Transdisciplinaridade: É a tendência de criar pontes entre as códigos e linguagens. disciplinas, um terreno comum de troca, diálogo e integração, onde Logo, o trabalho desenvolvido no BIA os Fenômenos Naturais possam ser encarados de diversas por você, professor, deve formar pessoas perspectivas diferentes ao mesmo tempo, gerando uma letradas no sentido de abrir possibilidades de compreensão holística desse entrada de outras vozes em suas histórias de Fenômeno, compreensão essa que não se enquadra mais dentro vida, em seu mundo, para ver, viver, ser e ter de nenhuma disciplina, ao final. uma perspectiva de sujeitos organizadores e (FRIGOTTO, 1995) partilhadores dos seus saberes significativos. Respeitar os espaços e tempos individuais dos estudantes e garantir o tempo do brincar, entendendo-o necessário e essencial nesta etapa inicial de escolarização traz, para os alfabetizadores, o desafio de promover a aprendizagem para a formação integral. É portanto, alfabetizar letrando, considerando a ludicidade como eixo que deve perpassar todo o trabalho desenvolvido. A brincadeira deve ser vista como um dos eixos que contribui para o exercício da cidadania, ou seja, a criança deve ter o direito de brincar como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil. Entendendo Vamos esse eixo de trabalho no Bloco. 35
  • 38. Ludicidade A construção lúdica se dá como convivência, que torna fundamental a presença efetiva e afetiva do outro, sendo este o processo co-educativo do lúdico apresentado como eixo integrador no trabalho pedagógico do Bloco, e por isso, necessita estar em toda sala de aula que se almeja promotora das aprendizagens significativas. PARA LEMBRAR... É preciso entender que a atividade Professor, através da brincadeira lúdica para a criança, não é apenas ocorre o desenvolvimento de capacidades importantes para o prazerosa, mas vivência significativa de desenvolvimento integral da criança. experimentações e de construções e Vamos relembrá-las? reconstruções do real e do imaginário. No COGNITIVAS - imitação, imaginação, regras, momento importante da alfabetização, as transformação da realidade, acesso e ampliação dos crianças aprendem corporalmente, em conhecimentos prévios; AFETIVAS e EMOCIONAIS - contato com o mundo do brincar, sem escolha de papéis, parceiros e objetos, vínculos afetivos, restrições a uma vida que é a própria expressão de sentimentos; existência infantil. INTERPESSOAIS - negociação de regras e convivência social; Além de garantir momentos específicos FÍSICAS - imagem e expressão corporal; ÉTICAS E ESTÉTICAS - para a brincadeira, a rotina de alfabetização negociação e uso de modelos socioculturais; precisa priorizar a dinamicidade e o DESENVOLVIMENTO DA AUTONOMIA - pensamento e movimento infantil, garantindo uma postura de ação centrados na vontade e acolhimento às manifestações individuais. desejos. (WAJSKOP, 1990 apud MARCELLINO, 2003) O brincar e o jogar propiciam, ao Tais construtos não podem mais estudante, o desenvolvimento da linguagem, estar fora da sala de aula, principalmente no início da do pensamento, da socialização, da iniciativa, escolarização. da autoestima, da autonomia e da criticidade. E com a sua mediação, professor, o lúdico atua na esfera cognitiva, e além de facilitador, promove as aprendizagens. Necessita-se, dessa forma, entender que explorar a ludicidade é um aspecto essencial para a aprendizagem e que contemplar esse aspecto no planejamento diário não é perda de tempo nem deve ser um espaço utilizado apenas para o momento do relaxamento, uma vez que nas suas mais variadas formas, os conteúdos escolares precisam do brincar para se tornarem reais e concretos aos estudantes, principalmente às crianças dos anos iniciais. 36