O documento discute a resistência criptopolítica à vigilância em massa e ao poder de análise das corporações de tecnologia através da criptografia. Apresenta o contexto de sociedades de controle e o poder de processamento de dados antes de discutir a retomada do ativismo ciberpunk e o uso da criptografia como instrumento político de defesa da privacidade e dos direitos humanos através de movimentos como os CryptoParties.
3. @samadeu
Sociedades de Controle
Estado organiza sua biopolítica a partir de
estruturas privadas de modulação
Os dispositivos cibernéticos dominam as
comunicações que não se realizam face-a-face
4. @samadeu
A reorganização econômica do capital leva as
práticas de armazenamento e consumo crecente
de informações
O capital se torna informacional (Castells) e
cognitivo (Moulier-Boutang), completamente
dependente de dados sobre as populações
5. @samadeu
A crescente produção, armazenamento e
processamento de dados faz emergir um poder
específico: o poder de análise
9. @samadeu
O tráfego global de dados na internet
poderá atingir 1,4 zettabytes por ano, até 2017,
índice três vezes superior ao observado em 2012.
Base: pesquisa Visual Networking Index,
realizada anualmente pela multinacional norte-americana Cisco
10. @samadeu
Um Zettabyte
é uma unidade de informação ou memória.
Corresponde a 1.000.000.000.000.000.000.000
(10²¹ ) Bytes.
Fonte: wikipedia
11.
12. @samadeu
Cada zettabyte equivale a
1 trilhão de gigabytes,
Equivalente a 1 bilhão de
DVDs assistidos por dia
durante um ano inteiro.
13. @samadeu
Poder de análise é assimétrico,
macro-relacional e distribuído.
Se forma na capacidade de construir
análises-experimentos de comportamentos,
de agrupar perfis e modular afetos.
14.
15. @samadeu
Poder de processar e extrair dados dos
dispositivos de controle exigem a anulação da
privacidade como problema e como direito.
“Dados são como oxigênio e devem
circular sem impedimentos”.
16. @samadeu
Simultaneamente, a capacidade de
recortar e combinar diversos dados depende de
algo completamente assimétrico que é o
poder de análise.
Este tipo de capacidade distribuída vai se
tornando atividade econômica
estruturante do capital.
18. @samadeu
A disseminação de tecnologias informacionais
permite a equalização da criatividade, portanto
tem o potencial de dispersar a característica
concentradora de poder econômico do capital.
A inteligência é medianamente
distribuída pelo planeta.
19. @samadeu
… Controlar as fontes de criação, inventividade e
as principais minas de extração de dados.
20. @samadeu
A espionagem hoje não é feita
principalmente sobre o corpo específico do
indivíduo, mas a partir do processamento de
bilhões de informações extraídas de banco de
dados e da comunicação entre cidadãos.
21. @samadeu
Trata-se da espionagem massiva
efetuada a partir do uso popular das
plataformas e tecnologias vendidas pelas
grandes corporações.
A camada de espionagem se realiza
com maior efetividade sobre os dispositivos
tecno-sociais de controle.
22. @samadeu
Agamben demonstrou que o estado de exceção
vem se tornando cada vez mais a regra.
O melhor exemplo é o Patriot Act
e o que Appelbaum chamou de combate aos
infocavaleiros do apoclipse: terrorismo, tráfico de
drogas, pedofilia e lavagem de dinheiro.
24. @samadeu
Diante do cenário colocado,
a denuncia do ex-agente da NSA, Edward
Snowden, confirmou o que já era notório para as
comunidades ciberpunks e de desenvolvedores
de software livre ...
25. @samadeu
A criptografia torna-se instrumento
político a ser amplamente incorporado pelos
movimentos de resistência ao poder de
análise e a biopolítica de modulação
executada pelas grande corporações, de
tecnologia e de rede.
26. @samadeu
A criptografia continua sendo tecnologia militar,
tecnologia vital para as transações finaceiras e
comerciais nas redes digitais, mas pela força
da cultura hacker, em particular pela perspectiva
ciberpunk, a criptografia se torna instrumento de
uma política em defesa de direitos humanos.
27. @samadeu
A privacidade como direito e garantia individual,
no pensamento liberal, a um dos principais
entraves ao exercício da livre iniciativa
na economia de redes e no
capitalismo cognitivo.
28. @samadeu
Big Data, tracking, intrusão nos computadores
para fins comerciais, monitoramento de aparelhos
móveis, rastreamento do SIM (IMSI number standing for International Mobile Subscriber
Identity) e do IMEI (International Mobile
Equipment Identity), entre outros meios e modos
de obtensão de dados.
29. @samadeu
Phil Zimmermann desenvolveu, em 1991, o PGP
(Pretty Good Privacy), programa de criptografia
assimétrica para cifrar e decifrar e-mails. Foi
processado por violação da legislação de
exportação de software de criptografia nos
Estados Unidos.
31. @samadeu
The Conscience of a Hacker// by The Mentor / Written on
January 8, 1986
Crypto Anarchist Manifesto / Timothy C. May / Mid-1988
A Cypherpunk's Manifesto / by Eric Hughes / March 9, 1993
A Declaration of the Independence of Cyberspace / John
Perry Barlow / February 8, 1996
A Cyberpunk Manifesto / Christian As. Kirtchev / February
14, 1997
A Cyberpunk Manifesto v2.0 / Christian As. Kirtchev /
January 28, 2003
A Cyberpunk Manifesto v3.0 / Created by the current
Cyberpunk people of 2007 AD
41. @samadeu
"This book is not a manifesto. There is not time for that.
This book is a warning.
The world is not sliding, but galloping into a new transnational
dystopia. This development has not been properly recognized
outside of national security circles. It has been hidden by
secrecy, complexity and scale. The internet, our greatest
tool of emancipation, has been transformed into the most
dangerous facilitator of totalitarianism we have ever
seen. The internet is a threat to human civilization."
Assange
52. @samadeu
A CryptoParty Manifesto:
... CryptoParties proporcionam a oportunidade de
conhecer e aprender como usar as soluções para
dar a todos os meios com os quais afirmamos o
nosso direito à privacidade e ao anonimato
online.
53.
54. @samadeu
A CryptoParty Manifesto:
... Nós confiamos na sabedoria coletiva dos
seres humanos, acima do interesse dos
fornecedores de software, das empresas ou dos
governos. Nós recusamos os grilhões dos Gulags
digitais, dominados por interesses de governos e
corporações. Nós somos os revolucionários
cypherpunks.
55. @samadeu
A CryptoParty Manifesto:
... O anonimato pessoal, o uso de pseudonimos
e a privacidade são direitos humanos básicos.
Estes direitos incluem a vida, liberdade, a
dignidade, a segurança, o direito a uma família e
o direito de viver sem medo ou intimidação.
Nenhum governo, organização ou indivíduo deve
evitar que as pessoas tenham acesso a
tecnologia que reforça esses direitos humanos
básicos.
56. @samadeu
A CryptoParty Manifesto:
... Privacidade é um direito absoluto do indivíduo.
A transparência é uma exigência de governos e
corporações que atuam em nome do povo.
57. @samadeu
A CryptoParty Manifesto:
... Só o indivíduo possui o direito à sua
identidade. Apenas o indivíduo pode escolher o
que compartilhar . Tentativas de coerção para
obter acesso a informações pessoais sem o
consentimento explícito é uma violação dos
direitos humanos.
58. @samadeu
A CryptoParty Manifesto:
... Proibir, censurar ou bloquear criptografia,
deixando-a longe das pessoas é privar os seres
humanos de um direito humano,
a liberdade de expressão.
59. @samadeu
A CryptoParty Manifesto:
… Aqueles que procuram impedir a
propagação da criptografia são semelhantes ao
clero do século XV que tentava banir a imprensa,
com medo de perder seu monopólio sobre o
conhecimento.
60. @samadeu
Os cryptoparties estão se disseminando
por todos os continentes e certamente são
fenômenos de articulação de novas batalhas
contra a mercantilização dos nossos dados e
rastros digitais e sua transformação em mero
ativo econômico.
Também já estão promovendo novos
enfrentamentos contra o crescimento do estado
de exceção e da diplomacia do cinismo.
61. @samadeu
“As pessoas precisam se dar conta de uma
coisa relacionada à criptografia: nenhum grau de
violência dá conta de resolver um problema
matemático.”
Jacob Appelbaum, Cypherpunks: Freedom and
the Future of the Internet