1. PRÁTICAS DE LETRAMENTO
DIGITAL NO SKOOB
Sérgio Araújo de Mendonça
Filho[IFPB]
5º Simpósio Hipertexto e Tecnologias na Educação e 1º Colóquio Internacional de Educação com Tecnologias
Aprendizagem móvel dentro e fora da escola
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Novembro/2013
2. APRESENTAÇÃO
Trabalhar literatura no ensino médio e promover a leitura literária de
maneira integral, tem exigido do professor de língua portuguesa uma
mudança de atitude a fim de promover o letramento necessário aos
jovens nesse nível de ensino. Desse modo, com o auxílio das
ferramentas digitais bastante conhecidas pelos estudantes,
resolvemos promover o letramento literário (COSSON, 2012) e
ressignificar o letramento digital (COSCARELLI e RIBEIRO, 2011;
RIBEIRO e NOVAIS, 2012; RIBEIRO, 2012) em práticas sociais de
leitura e escrita na rede social de leitores Skoob, a partir da leitura
do romance Senhora, de José de Alencar, culminando na produção
do gênero textual resenha.
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3. OBJETIVOS GERAIS
•Estimular a leitura literária de clássicos da literatura brasileira;
•Ressignificar o letramento digital.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
•Possibilitar a apreensão dos vários conhecimentos obtidos pela
leitura literária;
•Reconhecer na prática de leitura as funções da literatura;
•Interagir nas redes sociais de forma significativa;
•Produzir gêneros textuais como forma de apropriar-se dos
mecanismos linguísticos da língua em sua modalidade escrita culta.
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4. LEITURA LITERÁRIA E FERRAMENTAS DIGITAIS
Para Ivanda Martins “O ensino de literatura precisa estar atrelado ao
contexto dinâmico das novas ferramentas tecnológicas. No contexto
atual, marcado pela cibercultura, [...] a literatura busca caminhos para
se adaptar à era [...] da hipermídia...(In BUNZEN e MENDONÇA,
2006, p.97) ”.
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5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Pautamo-nos em Lévy (1999) para compreensão do ciberespaço e do
que o autor chama de “comunidade atual”; em Xavier (2009) quando
discorre sobre os suportes de leitura; de Marcuschi (2008, p.217) a ideia
de gênero como forma de “consumo”; de Magda Soares o conceito de
letramento; de Cosson (2012) e Ribeiro & Novais (2012), os de
letramento literário e letramento digital respectivamente.
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6. LETRAMENTO
Para Magda Soares (2012, p.20) “[...]não basta apenas ler e escrever,
é preciso também saber fazer uso do ler e do escrever, saber fazer
uso das exigências de leitura e de escrita que a sociedade faz
continuamente”.
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7. LETRAMENTO LITERÁRIO
“[...] o letramento literário é uma prática social e, como tal,
responsabilidade da escola. A questão a ser enfrentada não é se a
escola deve ou não escolarizar a literatura [...], mas sim como fazer
essa escolarização sem descaracterizá-la, sem transformá-la em um
simulacro de si mesma que mais nega do que confirma seu poder de
humanização.” (COSSON, 2012, p. 23)
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8. LETRAMENTO DIGITAL
Segundo Ana Elisa Ribeiro (RIBEIRO, In RIBEIRO e NOVAIS, 2012. p.15)
o “interessante é envolver tecnologias digitais nas propostas
escolares, sem perder o sentido dos conteúdos e das habilidades a
serem desenvolvidas, isto é, aquelas que são curriculares e
importantes para a educação escolar”
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9. SKOOB: REDE SOCIAL DE LEITORES
Figura 1: Interface do Skoob
Fonte http://www.skoob.com.br/
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10. Figura 2: Página de um perfil no Skoob
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11. Figura 3: gráfico multimodal de leitura
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12. COMUNIDADE ATUAL
o Skoob se insere perfeitamente no que Lévy (1999, p. 132) prefere
chamar de “comunidade atual”, porque “ realizam de fato uma
verdadeira atualização (no sentido da criação de um contato efetivo)
de grupos humanos que eram apenas potenciais antes do surgimento
do ciberespaço. A expressão “comunidade atual” seria, no fundo,
muito mais adequada para descrever os fenômenos de comunicação
coletiva no ciberespaço do que “comunidade virtual”.
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13. METODOLOGIA
Para a aplicação do projeto utilizamo-nos da sequência básica de
leitura literária proposta por Cosson (2012):
•Motivação;
•Introdução;
•Leitura;
•Interpretação.
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14. MOTIVAÇÃO
A motivação partiu da leitura em sala do conto Um divórcio nos
Alpes, de Robert Barr, que estabelece uma relação de
intertextualidade com o romance Senhora, pois narra um episódio na
vida de um casal em crise conjugal, perpassando também pela
temática da vingança feminina e do casamento de aparência, tal qual
na obra alencarina.
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15. INTRODUÇÃO
A introdução é a apresentação do autor e da obra. Apresentamos
José de Alencar aos alunos destacando a importância do projeto de
uma literatura eminentemente brasileira construída pelo escritor em
seus mais variados romances, que visam retratar, a maneira do
romantismo, as faces de nossa nação por meio dos romances
indianistas, históricos, regionalistas e urbanos. Depois apresentamos
o romance a ser lido através da leitura de uma resenha que não
revelasse maiores detalhes da história, mas apenas introduzisse a
turma no universo da leitura que eles mesmos teriam de percorrer.
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16. LEITURA
A terceira etapa da sequência é a leitura. Nela o essencial é o
acompanhamento da leitura dos alunos pelo professor. A forma que
encontramos para unir letramento literário e letramento digital pode
ser observada nessa etapa do processo que consiste na produção de
resumos periódicos da obra lida com o auxílio de uma ferramenta do
Skoob chamada “Histórico do progresso da minha leitura”. Por ela
acompanhamos a leitura dos alunos, suas compreensões e impressões
pessoais sobre a história.
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17. Figura 4: Histórico de leitura
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18. INTERVALOS
Os intervalos são na sequência de Cosson (2012) atividades
específicas que mantêm o ritmo e o interesse pela leitura da obra
proposta. Em nosso projeto, além do acompanhamento já
comentado, trabalhamos conforme propõe o autor, realizando em
sala leituras que focalizem e permitam tecer aproximações com o
tema da obra principal.
Para isso, criamos no Skoob um grupo de debate destinado à turma,
intitulado “Skoobers do IFPB campus João Pessoa” (Disponível em
http://www.skoob.com.br/grupo/24-skoobers-do-ifpb-campus-joao-pessoa
). Nele, interagíamos a distância a partir de um ponto específico
sobre a leitura.
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19. SKOOBERS DO IFPB
Figura 5: Página do grupo
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20. INTERVALO 1
Nossa primeira atividade do intervalo girou em torno da personagem
principal que inspirou o título do romance: a Senhora Aurélia
Camargo. Em sala, trabalhamos um trecho de outra história de
Alencar, A viuvinha. O objetivo foi comparar a personagem Carolina
a Aurélia para que os alunos pudessem conhecer os perfis femininos
na literatura alencarina, identificando pela linguagem as
características dessas personagens. No grupo do Skoob, lançamos um
debate sobre a protagonista de Senhora cujo tópico é seu nome:
“Aurélia Camargo”. Nesse tópico os alunos puderam escrever as
primeiras impressões que tiveram da personagem.
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21. Figura 6: Fórum sobre Aurélia
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22. INTERVALO 2
A segunda atividade do intervalo foi sobre o par romântico de
Aurélia, Fernando Seixas. Em sala debatemos os motivos pelos quais
Fernando preocupa-se tanto com o status. Os que não opinaram
oralmente puderam na rede fazê-lo pela escrita em tópico intitulado
“Fernando Seixas”.
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23. Figura 7: Fórum sobre Fernando Seixas
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24. INTERVALO 3
Para a terceira atividade lemos o conto Um e outro, de Lima Barreto,
sobre uma mulher que se interessa por um rapaz que possui um carro
de luxo. Em sala estabelecemos as devidas comparações com
Senhora, identificando não apenas a aproximação temática, mas
também as diferenças de linguagem entre um autor filiado ao
romantismo e outro pertencente ao que tradicionalmente a
historiografia literária chama de pré-modernismo, além de
debatermos a respeito das pessoas que se aproximam das outras
interessadas em seus bens materiais. No grupo, sob o tópico
“interesse” indagamos inicialmente “O que o tema do casamento por
interesse e, por extensão, do relacionamento por interesse revelam
sobre os valores da sociedade em uma época?”.
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25. Figura 8: Fórum sobre a temática do interesse
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26. INTERVALO 4
Já com o romance finalizado pela maioria da turma, levamos para
leitura em sala o mito de Cupido e Psique, seguido de algumas
questões relativas a força que o sentimento do amor promove nas
pessoas e sobre a purificação que esse sentimento gerou no casal
protagonista. Assim, concluímos nossas atividades no grupo com o
tópico “purificação”, cuja pergunta indagava “De que modo o amor
purifica o que passaram Aurélia e Seixas até se declararem
sinceramente um ao outro?”
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27. Figura 9: Fórum sobre a purificação do amor
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28. INTEPRETAÇÃO
Finalmente, para a interpretação, que consiste na “externalização
da leitura, isto é, seu registro” (COSSON, 2012. p. 66), propomos a
produção de uma resenha sobre o romance lido e exaustivamente
debatido (em sala e no ciberespaço). As resenhas produzidas podem
ser lidas em http://www.skoob.com.br/livro/resenhas/534.
Para a apropriação e produção da resenha trabalhamos com a
Sequência didática de ensino dos gêneros de schneuwly e Dolz (2011),
entendendo o gênero como forma histórica que circula “na sociedade
para consumo dos falantes e leitores em geral” (MARCUSCHI, 2008,
p.217)
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29. Figura 10: produção e publicação da resenha
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30. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cientes de que o processo de ensino-aprendizagem das práticas de
letramento deve ser constante e contínuo, sabemos que a proposta
cujos resultados aqui expomos não deve se esgotar na execução de
um único projeto, mas sim prosseguir numa prática ininterrupta para
a promoção do letramento a ser proporcionado pelo professor,
formando cidadãos altamente letrados e, portanto capazes de
dominarem as práticas sociais de leitura e escrita a fim de melhor
interagirem socialmente.
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31. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR, José de. Senhora. 2º ed. São Paulo: Scipione, 2004. 194
p.
BARR, Robert. Um divórcio nos Alpes. Conhecimento prático
literatura, São Paulo, n.29, p.11-14, 2010.
BARRETO, Lima. Os melhores contos. São Paulo: Martin Claret,
2002. 168 p.
BULFINCH, Thomas. O livro de ouro da mitologia: histórias de
deuses e heróis. [tradução de David Jardim]. 26º ed. Rio de Janeiro:
Ediouro, 2002. 416 p.
BUNZEN, Clécio; MENDONÇA, Márcia. (Orgs.). Português no
Ensino Médio e Formação do Professor. São Paulo: Parábola
Editorial, 2006. 256 p.
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32. COSCARELLI, Carla Viana & RIBEIRO, Ana Elisa. (Orgs.) Letramento
digital: aspectos sociais e possibilidades pedagógicas. 3º edição,
Belo Horizonte: Ceale, Autêntica, 2011. 248 p.
COSSON, Rildo. Letramento literário. 2º ed., São Paulo: Contexto,
2012. 144 p.
DALVI, Maria Amélia; REZENDE, Neide Luzia; JOVER-FALEIROS,
Rita (Orgs.) Leitura de literatura na escola. São Paulo: Parábola,
2013. 168 p.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. [tradução de Carlos Irineu da Costa]. São
Paulo: Editora 34, 1999. 272 p.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e
compreensão. São Paulo: Parábola, 2008. 296 p.
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33. ______________________. Novas tecnologias para ler e escrever –
algumas ideias sobre ambientes e ferramentas digitais na sala de aula.
Belo Horizonte: RHJ, 2012. 136 p.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 3º ed., Belo
Horizonte: Autêntica Editora, 2012. 128 p.
XAVIER, Antonio Carlos. A era do hipertexto: linguagem e tecnologia.
Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2009. 228 p.
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