Este documento discute o tema da psicopictografia, definindo-a como a transmissão de mensagens visuais através da pintura mediúnica. Apresenta casos históricos como Victor Hugo e descreve o processo de sessões de psicopictografia, nas quais música é usada para facilitar a incorporação do médium. Finalmente, reflete sobre a função elevadora da arte espírita de promover o belo associado ao bem.
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
Mocidade Espírita Chico Xavier - Psicopictografia
1. Facilitadoras:
Scheila Fássio Lima de Paiva
Tânia Mara Lima Dias
Endereço:
Rua Silviano Brandão, 419 – Centro
Machado – MG
Mocidade Espírita Chico Xavier
Aula Psicopictografia
12/06/2015
2.
3. O que é Psicopictografia?
Popularmente conhecido como pintura mediúnica, o ato de transmitir visualmente uma
mensagem.
De acordo com a Doutrina Espírita, esse ato de transmissão mediúnica se chama
psicopictografia, ou pictografia, como é mais comumente chamado.
Eis o que Allan Kardec disse sobre o tema no capítulo XVI do livro dos Médiuns:
“(são médiuns pintores ou desenhistas) os que pintam ou desenham sob a influência dos
Espíritos.
Falamos dos que obtêm trabalhos sérios, visto não se poder dar esse nome a certos médiuns
que Espíritos zombeteiros levam a fazer coisas grotescas, que desabonariam o mais atrasado
estudante”.
4. O que é Arte?
“A arte pura é a mais elevada contemplação espiritual por parte das criaturas.
Ela significa a mais profunda exteriorização do ideal, a divina manifestação desse ‘mais além’que
polariza as esperanças das almas”.
Emmanuel – O Consolador
“O Espiritismo vem abrir para a arte novas perspectivas, horizontes sem limites.
A comunicação que ele estabelece entre os mundos visível e invisível, as informações fornecidas
sobre as condições da vida no Além, a revelação que ele nos traz das leis superiores da
harmonia e de beleza que regem o universo, vem oferecer aos nossos pensadores e artistas
inesgotáveis temas de inspiração.”
Léon Denis – O Espiritismo na Arte
“As Artes não sairão do torpor em que jazem, senão por meio de uma reação no sentido das
idéias espiritualistas.”[...]
“[...] É matematicamente certo dizer que, sem crença as artes carecem de vitalidade e que toda
transformação filosófica acarreta necessariamente uma transformação artística paralela.”
Allan Kardec – Obras Póstumas
Como disse Chico Xavier:
A pintura mediúnica nada mais é do que a evangelização através das cores.
5. O que é a Arte Espírita e qual o seu objetivo?
A Arte Espírita é uma manifestação cultural dos espíritas que se propõem a aliar os princípios
e valores éticos e morais do Espiritismo às manifestações artísticas em geral, por meio da
arte-educação, a serviço do bem e do belo. A Arte Espírita traduz os postulados espíritas em
seu conteúdo, na finalidade e na intenção que inspirou o processo criativo e na nascente do
coração que se propõe a servir.
A Arte Espírita tem por objetivo a divulgação da Doutrina Espírita, aliada ao entretenimento e
à educação, à luz do Consolador prometido pelo Cristo.
“Assim como a arte cristã sucedeu à arte pagã, transformando-a, a arte espírita será o
complemento e a transformação da arte cristã.”
Allan Kardec – Obras Póstumas
“O Espiritismo irá depurar a arte que conhecemos e esta arte, depurada, será aquela inspirada
nos ensinamentos da Doutrina Espírita”. [...]
Espírito Rossini – Obras Póstumas
6. Uma das primeiras referências encontradas de como o espiritismo pode apreender a arte está
na Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos, publicação fundada por Allan Kardec, em
Paris, no ano de 1858. Em sua edição de dezembro de 1860, a Revista informa que, em um
dos encontros da Sociedade de Estudos Espíritas realizado no dia 23 de novembro daquele
ano, o espírito de Alfred de Musset, tendo como médium a senhorita Eugénie,
espontaneamente se disponibilizou a responder quaisquer questões dos presentes.
Assim então se deu:
Aproveitando da boa vontade do Espírito de Alfred de Musset, foram-lhe dirigidas as
perguntas seguintes:
1. Qual será a influência da poesia no Espiritismo?
R. A poesia é o bálsamo que se aplica sobre as feridas; a poesia foi dada ao homem como um
maná celeste, e todos os poetas são médiuns que Deus enviou sobre a Terra para regenerar
um pouco o seu povo, e não deixá-los embrutecer inteiramente; porque, o que há de mais
belo! O que fala mais à alma do que a poesia!
2. A pintura, a escultura, a arquitetura, a poesia foram
alternativamente influenciadas pelas idéias pagãs e cristãs; quereis
nos dizer se, depois da arte pagã e da arte cristã, haverá um dia a
arte espírita?
R. Fazeis uma pergunta que se responde por si mesma: o verme é verme, torna-se verme de
seda, depois borboleta.
O que há de mais aéreo, de mais gracioso do que uma borboleta?
Pois bem! A arte pagã é o verme; a arte cristã é a crisálida; a arte espírita será a borboleta.
(KARDEC, 1860b, p.387-388).
7. Relato da Médium Regina Souza
Regina Souza é médium conhecida nos círculos espíritas brasileiros pela prática da psicopictografia,
atividade que realiza há mais de 30 anos, e pela qual é reconhecida também fora do Brasil, onde já
fez apresentações de seu trabalho.
A renda obtida na venda de suas telas é convertida em doações às entidades filantrópicas.
Ela explica que a atividade serve como canal de mensagens de um mundo melhor, “nossa pátria
espiritual”, Segundo Souza,os quadros possuem uma função cromoterápica, de tratamento pelas
cores. Assim, no momento em que os “pintores do espaço” pintam as obras por meio de suas
mãos, a energia dos espíritos circula por aquele espaço, além de ficar impregnada nas telas.
Portanto, ao se adquirir um quadro, adquire-se também a energia nele impregnada, que continua
beneficiando seu possuidor, “conforme seu merecimento” – algo que fora comprovado, para ela,
quando, ao fazer uma sessão em um círculo militar, permitiu que um dos sargentos “medisse” com
uma máquina a quantidade de energia que emanava do quadro em relação a outros objetos.
Essa energia era visivelmente maior na obra, produzindo um raio energético de quatro metros.
Ela também relatou ter sido Chico Xavier o responsável por lhe ensinar o significado da pintura –
explicando que esse é um trabalho de evangelização por meio das cores, tanto para espíritos
encarnados quanto para desencarnados.
8. A função da música na Sessão de Piscopictografia
A sessão, é acompanhada de música ambiente escolhida pelos “amigos”, conforme a
preferência de cada pintor.
A música teria duas funções:
1 - Facilitar os movimentos da médium.
2 - Deixar a sessão menos monótona aos espectadores.
9. Casos de Psicopictografia
Uma primeira definição de psicopictografia que emerge das leituras realizadas e da situação
presenciada é de que se trata da atividade de produção de obras pictóricas por um médium, ou
seja, um indivíduo com o atributo ou o dom de se comunicar com o além, quando incorporado
pelo espírito de um artista desencarnado. Normalmente, a prática vem de certas características
básicas:
1 - Desconhecimento prévio do médium de qualquer prática artística, ou seja, nunca fez
nenhuma escola de pintura ou teve formação em artes.
2 - Grande produtividade do médium.
3 - Rapidez na execução dos quadros.
4 - Utilização de diferentes membros do corpo (mão direita e esquerda ou pés).
O fenômeno da psicopictografia é de tradição espírita, tendo sido inaugurado por Victor Hugo
(1802 – 1885), célebre escritor e poeta francês, autor de Os Miseráveis, em seu exílio entre
1853 e 1855, na ilha de Jersey, Canal da Mancha.
Nesse período, Hugo participou de mesas girantes3, onde entrou em contato com os espíritos
de Jesus Cristo, Maomé, Moliére, entre outros, que o levaram a desenhar centenas de obras, as
quais tinham características insólitas, como a presença de impressões digitais, dobras do papel
ao meio para permitir o espelhamento de manchas de tinta, rasuras, presença de penas de
pássaros colados aos desenhos,manchas de café, etc. (PEIRY, 2001, p. 17-18).
10. Victor Hugo, mancha dobrada ressaltada à pena, sem data.
Paris, Biblioteca Nacional da França.
Descrição e imagem retirados de PEIRY, 2001, p. 17.
11. Mansão de Mozart em Júpiter, pelo médium incorporado Victorien Sardou.
O desenho consta na edição de agosto da Revista Espírita de 1858.
12. Reflexão
PERANTE A ARTE
“E a paz de Deus, que excede todo entendimento, guardará os vossos corações e os vossos
sentimentos em Cristo Jesus.”
Paulo (Filipenses, 4:7)
Colaborar na Cristianização da Arte, sempre que se lhe apresentar ocasião.
A Arte deve ser o Belo criando o Bem.
Repelir, sem crítica azeda, as expressões artísticas, torturadas que exaltem a animalidade ou
a extravagância.
O trabalho artístico que trai a Natureza nega a si próprio.
Burilar incansavelmente as obras artísticas de qualquer gênero.
Melhoria buscada, perfeição entrevista.
Preferir as composições artísticas de feitura espírita integral, preservando-se a pureza
doutrinária.
A arte enobrecida estende o poder do amor.
Examinar com antecedência as apresentações artísticas para as reuniões festivas nos arraiais
espíritas, dosando-as e localizando-as segundo as condições das assembleias a
que se destinem.
A apresentação artística é como o ensinamento: deve observar condições e lugar.
André Luiz – Conduta Espírita
Psicografia: Waldo Vieira
13. Fontes:
Revista Espírita ano de 1858
(KARDEC, 1860a, p. 366).
(KARDEC, 1860b, p.387-388).
Blog Mundo Maior
Livro dos Médiuns Cap,XVI