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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E GESTÃO AMBIENTAL
DA TEORIA A UM RELATO PRÁTICO
João Antônio Ramos Castro, M. Eng.
Departamento de Engenharia Industrial/CT/UFSM
CEP: 97.111.970. Camobi. Santa Maria. RS
Abstract:
This article summarize, some aspects the will tackle at strategic planning process of a
industrial organization, in the than concern the strategy of adoption a environmental
management system.
Key words: Strategic Planning, Environmental Management
1. Introdução
Com a Revolução Industrial, deu-se início o desenvolvimento tecnológico da era
atual, caracterizado pela agressividade dos processos produtivos ao meio ambiente, apenas
tendo como meta a expansão das organizações industriais e utilizando as técnicas de
Engenharia, apenas para o tratamento dos efeitos de tais agressividades.
Nos anos mais recentes, profundas mudanças estão ocorrendo tanto no contexto
mundial, quanto no Brasil. Estas transformações são oriundas de um processo de
globalização dos mercados, a formação de blocos econômicos, inovações tecnol gicas cada
vez mais rápidas, tudo isso decorrente da busca da satisfazer as exigências do mercado
consumidor.
Tais mudanças, vem gerando um período de consideráveis modificações, no
ambiente empresarial, tais como restruturações nas organizações dos mais diversos
sistemas produtivos, nos modelos gerenciais tradicionais, nas tecnologias em prol do
imperativo ambiental e também modificações extremamente profundas nas relações de
trabalho até então vigentes no país.
Dentro deste contexto, temos uma nova visão no que tange os processos projetuais e
produtivos em toda a sua abrangência, através da incorporação de ações que agreguem
valor ambiental ao produto e conseqüentemente torne a organização apta a satisfazer às
exigências do mercado atuante e ainda possibilitar a competitividade perante a
concorrência, habilitando a conquista de novos mercados, tornando-a uma empresa de
classe mundial. SILVERSTEIN (1993) advertiu que, já se verifica no mercado
internacional uma grande gama de restrições a produtos e serviços que não demonstrem de
forma inequívoca a sua qualidade ambiental e a de seus processos produtivos.
Atualmente, as organizações sofrem muitas pressões para gerenciar e melhorar seu
desempenho ambiental: atuar em conformidade com uma legislação mais rigorosa e
satisfazer as demandas dos clientes. A partir desta realidade, as questões ambientais
parecem tocar agora profundamente no pensar e no agir tecnológicos, restruturando de uma
forma objetiva a concepção tradicional de processos em Engenharia. Já não basta, pensar
apenas em termos de custo/benefício e de otimização no sentido puramente técnico
atrelado apenas aos limites processuais e produtivos da unidade fabril. Hoje é preciso levar
em conta os resíduos processuais, o ciclo de vida dos produtos e os danos ao meio
ambiente. Em síntese: “o meio ambiente tornou-se uma variável básica no interior do
processo de produção.” (AIDAR e CYTRYNOWICZ, 1992, p.15).
Essa restruturação, envolve fatores, que segundo SILVERSTEIN (1993): “estão
relacionados com o meio ambiente e estão alterando fundamentalmente o valor dos ativos,
a maneira como são feitos os produtos, o material que é utilizado nessa produção, os tipos
de produtos que as pessoas compram e o modus operandi dos diretores e planejadores” (p.
9).
2. Planejamento Estratégico
Toda a empresa é uma reunião de atividades que são executadas para projetar,
produzir, comercializar, entregar e sustentar seu produto. A partir desta concepção, a
atividade de planejamento torna-se de caráter primordial, que segundo OLIVEIRA (1993):
“ o seu propósito pode ser definido como o desenvolvimento de processos, técnicas e
atitudes administrativas, as quais proporcionam uma situação viável de avaliar as
implicações futuras de decisões presentes em função dos objetivos empresariais que
facilitarão a tomada de decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, eficiente e
eficaz.” (p.26).
O planejamento estratégico é conceituado como um processo gerencial que visa a
empresa como um todo e, que portanto diz respeito tanto à formulação de objetivos quanto
à seleção dos cursos de ação a serem seguidos para a sua consecução, de modo a atingir um
nível de consonância entre a empresa e o ambiente onde a mesma está inserida. Também é
considerado, segundo OLIVEIRA (1993), as premissas básicas que a empresa, como um
todo, deve respeitar para que o processo estratégico tenha coerência e sustentação
decisória. Em conseqüência, o planejamento estratégico é, normalmente, de
responsabilidade dos níveis mais altos da empresa, pois é neste nível que as decisões
presentes, a partir de sua dimensão afetarão o futuro da empresa. Com isso, o mesmo
relaciona-se normalmente, com objetivos a longo prazo.
Planejamento estratégico é um processo contínuo e sistemático de análise da
empresa, com o intuito de conhecer e melhor utilizar seus pontos fortes; conhecer e
eliminar ou adequar seus pontos fracos; conhecer e melhor usufruir as oportunidades
externas e conhecer e evitar as ameaças externas, para o estabelecimento de objetivos,
estratégias e ações que instrumentalizem à empresa na busca de vantagem competitiva. Na
prática, planejamento estratégico, conforme HAMEL e PRAHALAD (1995): “...é um
‘crivo da viabilidade’. É uma ferramenta para garantir que as questões de viabilidade sejam
Na sua missão mais atual, conforme o trabalho de GRACIOSO (1996): “o
planejamento estratégico procurou corrigir as falhas do passado e assume duas dimensões
essenciais: (1) ele é voltado para o ambiente externo e visa conciliar a realidade do
mercado com os recursos da empresa e; (2) ele procura estimular o raciocínio estratégico
em todos os níveis decisórios da empresa. Finalmente, através de uma metodologia de
planejamento adequada, criam-se condições para que os executivos de linha participem
ativamente de sua elaboração e se comprometam com suas conclusões.” (p. 16). A partir
daí, define-se normalmente, planejamento estratégico, segundo GRACIOSO: “pela
alocação de recursos calculados para atingir determinados objetivos, num ambiente
competitivo e dinâmico.”(p. 28).
OLIVEIRA (1993), enfatiza que o planejamento estratégico possui três dimensões
operacionais: delineamento, elaboração e implementação. O delineamento compreende a
estruturação do processo de planejamento estratégico, que pode ser
organização no ambiente externo) ou organizacional (ajuste entre a organização e o
ambiente externo). A elaboração inclui a identificação das oportunidades e ameaças no
ambiente da empresa e adoção de estimativas de risco para as alternativas estabelecidas. A
implementação envolve assuntos organizacionais, os sistemas de informações, os sistemas
de incentivos, a competência operacional, o treinamento e a liderança necessária ao
desenvolvimento do processo.
No planejamento estratégico, não existe uma metodologia universal, porque as
empresas diferem de tamanhos, em tipos de operações, em forma de organização, em
filosofia e estilo gerencial. A partir do conhecimento das dimensões operacionais citadas
acima, podemos a seguir propor algumas etapas a serem seguidas e suas funções no
desenvolvimento do processo de planejamento estratégico nas empresas.
a) Diagnóstico Básico: nesta etapa, se trabalha com a cultura, valores e filosofia da
organização. São desenvolvidas as análises externas e internas da empresa,
identificando-se as oportunidades e ameaças que podem estar presente no ambiente
da empresa, a partir da análise externa. Da análise interna, verifica-se os pontos
fortes e fracos da empresa, para que a área de atuação da mesma seja determinada.
b) Missão Empresarial: Nesta etapa, temos a definição de qual é o negócio da
empresa, definindo os setores onde a mesma já atua ou esta analisando a
possibilidade de atuar no futuro.
c) Políticas: São parâmetros, orientações ou regras que facilitam a tomada de
decisões no âmbito do comportamento e dos procedimentos internos e externos da
empresa.
d) Objetivos e Metas: Nesta etapa, determina-se o alvo ou estado futuro que se
almeja atingir. A quantificação e o estabelecimento de prazo para sua realização,
concretiza-se através das metas da empresa.
e) Estratégias: Expressa como a empresa deverá utilizar seus pontos fortes e
potenciais existentes para superar, levando em conta seus objetivos, mudanças que
possam afetar a interação da empresa e seu ambiente.
f) Controle e Ativação: Nesta etapa, temos o acompanhamento do desempenho do
sistema através da comparação dos padrões previamente estabelecidos, da avaliação
do desempenho e do resultado das ações como forma de realimentar o sistema, com
o intuito de corrigir possíveis desvios ou melhorar o desempenho para assegurar o
cumprimento de metas e objetivos estabelecidos anteriormente.
3. Gestão Ambiental
A globalização dos mercados, formação de blocos econômicos, mudança da visão
dos clientes, com referência a produtos, processos e serviços, estão dirigindo as empresas a
buscarem certificação por terceiros da sua conformidade com padrões de sistemas de
garantia da qualidade definidos e internacionais - ISO série 9000.
Em termos de todas as vantagens de competitividade e diferenciação concebidas, que
as organizações obtém, através da certificação de um sistema de gestão da garantia da
qualidade; podemos ter uma idéia, de um padrão internacional para a implantação de um
, que promova a integração dos critérios ambientais aos
critérios de desempenho da organização em todos os níveis, fornecendo à organização uma
base auto-reguladora para a melhoria contínua do desempenho ambiental, através dos
processos de auditoria e revisão. Embora, não seja uma solução para o desenvolvimento
sustentável, a adoção de um sistema de gestão ambiental. Mas é uma forma de gerenciar a
organização, levando em conta os reflexos de suas atividades ao meio ambiente.
Os princípios do desenvolvimento sustentável, conforme GILBERT: “ envolvem o
processo de integração dos critérios ambientais na prática econômica, com o intuito de
assegurar que os planos estratégicos das organizações satisfaçam a necessidade de
crescimento e evolução contínuos e, ao mesmo tempo, conservem as “riquezas” do meio
ambiente para o futuro.” (1995, p. 2-3).
Incorporar estes princípios, no gerenciamento das organizações industriais, significa
uma restruturação da filosofia da mesma e também exigirá muitas mudanças nos aspectos
da sociedade e comércio, vivendo dentro da capacidade dos ecossistemas existentes.
Conforme GILBERT (1995): “não se trata apenas da poluição do ar, conservação da água,
uso de matéria-prima e gestão de resíduos processuais; trata-se de um problema global, que
afeta as transações que atravessam fronteiras, comércio, finanças e ideologias políticas.” (p.
2).
Com isso, o papel das indústrias que procuram se manter no mercado globalizado,
operando em uma base internacional é essencial para que uma abordagem construtiva possa
alcançar a meta de desenvolvimento sustentável. Sendo que, as indústrias influenciam a
fonte de matérias-primas, os processos de produção e distribuição, as respostas de seus
consumidores e os métodos de eliminação de res duos através de suas operações.
Um gerenciamento pró-ativo das indústrias, visando encontrar incentivos positivos
para mudar e melhorar continuamente o desempenho ambiental, significa que além do
atendimento das legislações de controle ambiental pertinentes a sua atividade, também
instrumentaliza para a aplicação das melhores práticas internacionais para a melhoria de
seu desempenho e ainda proporciona um processo de comunicação mais saudável com as
partes interessadas (comunidade local, funcionários, clientes, acionistas, órgãos de
controle) e, finalmente um futuro industrial e social sustentável para toda a humanidade.
Um Sistema de Gestão Ambiental, segundo GILBERT (1995): “enfoca elementos
diferentes dentro do sistema gerencial, pois o mesmo apresenta uma ampliação para o
tratamento da questão ambiental tornando-se mais amplo” (p. 10), e é definido por
HEMENWAY e GILDERSLEEVE (1995), como: “aquele aspecto da estrutura
administrativa global da organização que endereça o impacto imediato e a longo prazo de
seus produtos, serviços e processos ao meio ambiente. Fornece ordem e consistência nas
metodologias organizacionais através da alocação de recursos, definição de
responsabilidades e avaliação contínua de práticas, procedimentos e processos.” (p. 7).
Um sistema de gestão ambiental passa a existir, de acordo com o trabalho de
CARVALHO e FROSINI (1995), como conseqüência do reconhecimento por parte da
organização da necessidade de controlar e melhorar o seu desempenho ambiental,
entendido como a habilidade de gerenciar efeitos ambientais, como forma de: sob uma
ótica reativa e dependente, alcançar, dentre outros, redução de custos, atendimento a
legislações e regulamentos, evitar sanções penais e/ou obter diferencial de competitividade;
eguir, dentre outros, desenvolver e
manter os seus negócios de forma sustentável e contribuir com a preservação, conservação
e/ou recuperação de fontes de recursos naturais e nichos ecológicos estratégicos; e/ou ainda
sob uma ótica consciente de interdependência global, responder a desafios mundiais como,
por exemplo, a degradação da camada de ozônio, o aquecimento do planeta, a poluição da
água, do ar e do solo, os efeitos de químicos tóxicos, a deterioração da qualidade de vida,
entre outros.
Para o desenvolvimento e implementação de um Sistema de Gestão Ambiental,
temos alguns elementos(estágios) constituintes, são eles: o estabelecimento de princípios
e compromissos ambientais; avaliação inicial de impactos; pol tica ambiental;
institucionalização da função gestão da qualidade ambiental; inventário de leis,
normas e regulamentos; análises de conformidade; programa de gestão ambiental;
manual de gestão ambiental; implantação do programa; ativação do controle
operacional; relatórios de desempenho ambiental; auditorias ambientais; e ações
corretivas, apoiados pelo comprometimento e engajamento da alta administração da
empresa, sendo que vários desses elementos devido as suas características, são oriundos
diretamente do planejamento estratégico.
4. Relato prático
4.1. A empresa
A Petroflex, é uma empresa nacional que é constituída de três unidades fabris. É
hoje, um dos principais fabricantes mundiais de elastômeros em suas unidades produtivas,
localizadas nos municípios de Duque de Caxias-RJ, Cabo-PE e Triunfo-RS. A unidade, na
qual está sendo obtida as informações, para a realização deste trabalho é a de Triunfo (III
oquímico), que é a precursora das demais em adoção de sistemas de gestão. A
unidade, se dedica a fabricação de Borracha Sintética em Emulsão (SBR), Etilbenzeno, e
em outras atividades, produtos e serviços relacionados à indústria petroquímica.
Além do compromisso com a Qualidade, a empresa é signatária do programa
voluntário de “Atuação Responsável” da ABIQUIM - Associação Brasileira da Indústria
Química, seguindo uma tendência internacional das empresas químicas. Este programa
inclui a segurança das instalações, processos e produtos, e a preservação da saúde dos
trabalhadores, além da proteção do meio ambiente, por parte das empresas do setor e ao
longo da cadeia produtiva.
A empresa dispõem de uma política de conservação de energia baseada na
racionalização do consumo de vapor e energia elétrica. Para tanto, busca sempre o aumento
da eficiência nos processos produtivos. Todo o trabalho da empresa, que foi como o
precursor para a adoção de sistemas, iniciou com o programa de redução de perdas, sendo
que a metodologia gerencial deste programa, acompanha todas as etapas de produção,
desde a entrada de matéria-prima até a saída dos res duos e dos produtos, da unidade fabril,
e seu objetivo maior é otimizar os processos em todas as frentes e com a tendência a uma
A Petroflex, por ser uma indústria petroquímica e adotar uma tecnologia moderna,
apresenta agregação de valor em equipamentos e processos e pequena quantidade de
funcionários, mas os mesmos treinados e qualificados.
A empresa é certificada na Norma ISO 9002 e na ISO 14001 e trabalha junto de seus
colaboradores no sistema de gestão de sa de e segurança balizado pela norma BS 8800. É
a primeira instalação industrial do setor petroquímico a ser certificada por uma norma de
gestão ambiental e a segunda do país.
4.2. Questões Ambientais, Sistemas de Gestão e o Planejamento Estratégico.
A empresa, desde o início de suas atividades produtivas, no final da década de 70,
teve as questões ambientais um forte peso em suas estratégias. Por estar situada no III Pólo
Petroquímico do Sul, a Petroflex usufrui de uma série de vantagens que este complexo
oferece, dentre elas o Sistema Integrado de Tratamento de Efluentes Líquidos - SITEL e o
Sistema Centralizado de Controle de Resíduos Sólidos - SICECORS. Em seu parque fabril,
a Petroflex vem desenvolvendo soluções para o controle e a preservação do meio ambienta,
através de um sistema de melhoria contínua. Para tanto, vem desenvolvendo estudos e
projetos para a redução e reaproveitamento de resíduos e efluentes, com base na legislação
vigente e nas melhores práticas internacionais; além de manter áreas de preservação, como
o lago natural e a reserva florestal anexa ao parque industrial.
A partir de 1991, deu-se, oriundo do planejamento estratégico, um enfoque maior
nas questões ambientais, com o destaque na formação e treinamento de recursos humanos
específicos para a área ambiental, que antes fazia parte das engenharias de processo e de
produção.
A partir do ano de 1995, no planejamento estratégico da Petroflex, as questões
ambientais passaram a ser sistematizadas, em um gerenciamento ambiental que atende-se
às normas BS 7750 e posteriormente à ISO 14001. Esse sistema, está proporcionando a
empresa, o estudo, projeto e execução de redução de perdas, desperdícios processuais,
redução, reutilização e reciclagem de resíduos e efluentes, novas tecnologias e aí por
diante, enfim a modificação e otimização dos processos projetuais e produtivos em prol do
imperativo ambiental. Para ilustrar melhor esta proposição, temos que após a implantação
desta sistemática pela empresa, 97% dos resíduos gerados nas unidades de produção da
stando para serem armazenados no SICECORS apenas
3%, na sua maior parte composto de lixo doméstico.
A adoção de sistemas, como modelo gerencial, é oriundo do planejamento
estratégico. Sendo o que busca a empresa é: competitividade e uma produção ética.
Estamos, em realidade, vivendo a véspera de um novo paradigma, um novo modelo
conceitual que balizará as relações produtivas e comerciais do próximo s culo.
No atual ritmo das mudanças contextuais, nenhuma empresa pode considerar-se
imune as ameaças do ambiente, tais como: obsolescência do produto, a saturação do
mercado, novas exigências legais, normativas ou comunitárias frente a atividade da
empresa, dentre outras. Por essa razão, todas as empresas devem fazer revisões periódicas
de suas estratégias dentro do processo contínuo de identificação das ameaças e
oportunidades externas. Conforme PORTER (1986): “a empresa, deve escolher e
implementar uma estratégia genérica a fim de obter e sustentar uma vantagem
Dentro destas mudanças, temos as questões relativas à conservação ambiental, que
ocupam hoje uma significativa parcela de investimentos e esforços administrativos de
todos os segmentos da atividade econômica. De acordo com ANSOFF (1987), que trata a
poluição ambiental e a necessidade de adaptação das empresas as novas exigências do
mercado frente as questões ambientais, da seguinte forma: “como ganhou grande aceitação
social a opinião segundo a qual as ‘empresas poluidoras não merecem continuar existindo’,
os gerentes de um número cada vez maior de empresas estão tentando, de diversas
maneiras, adaptar seu comportamento a esta nova situação adversa.” (p. 131).
O mercado, segundo REIS (1996), rapidamente percebeu que as exigências podem
atuar fortemente em favor da competitividade de uns em oposição à inviabilização de
outros.
Uma empresa, ou um setor, que identifique nas questões ambientais uma vantagem
competitiva utilizará tal arma com vigor, especialmente se fomentar no seio da comunidade
que abriga uma atividade concorrente, uma oposição ao “
classificação esteja desprovida de sustentação técnica ou de amparo legal.
O componente ambiental chegou para ficar. Conforme REIS (1996): “o dilema da
empresa moderna é o de adaptar-se ou correr o risco de perder espaços arduamente
conquistados, sendo imperativo aplicar princípios de gerenciamento ambiental condizentes
com o desenvolvimento sustentável.” (p. 5).
A partir do exposto, temos que, para que as empresas se tornem competitivas, ou
simplesmente continuem existindo, devem ser permeáveis ao meio ambiente, percebendo
os sinais ambientais e tendo-os como referencial para o desenvolvimento do processo
contínuo de mudança estratégica.
Para a adoção do gerenciamento ambiental pela organização industrial, temos alguns
aspectos relevantes a serem abordados pelo processo de planejamento estratégico, da
mesma:
a) Inclusão da variável ambiental no planejamento estratégico da empresa.
b) Utilização de métodos de avaliação de impacto ambiental mais adequados ao dia-
a-dia operacional dos processos produtivos utilizados pelas empresas, com base na
realidade político-econômica do país.
c) Avaliação das tecnologias em uso e desenvolvimento de novas, com o objetivo de
determinar a extensão de benefícios e/ou danos ao meio ambiente.
d) Na análise de investimentos, inserir critérios de tomada de decisões, buscando
estabelecer relações custo/benefício onde os fatores relacionados com o meio
ambiente sejam levados em consideração.
Bibliografia.
AIDAR, José L.; CYTRYNOWICZ, Roney. Tecnologia e Meio Ambiente:
Confronto e interações. Revista Politécnica da USP. São Paulo: USP, n. 205,
jun. 1992. p. 14-15.
ANSOFF, H. I; DECLERK, R.P. e HAYES, R. L.. Do planejamento estratégico à
administração estratégica. São Paulo: Ed. Atlas, 1981.
AZAMBUJA, Telmo; KOHN, Ricardo. Gestão da Qualidade Ambiental. Revista
Controle da Qualidade, São Paulo, n.24, mai. 94, p. 51-59.
BACKER, Paul de. Gestão Ambiental: A Administração Verde. Rio de Janeiro:
Ed. Qualitymark, 1995.
CARVALHO, Alexandre e FROSINI, Luiz Henrique. Auditorias de Sistemas da
Qualidade e Ambiental. Revista Controle da Qualidade. n. 37. jun. 1995. p.
16-32.
CERTO, Samuel C. e PETER, J. Paul. Administração estratégica - planejamento e
implantação da estratégia. São Paulo: Makron Books, 1993.
CYTRYNOWICZ, Roney. Da Natureza ao meio ambiente. Revista Politécnica da
USP. São Paulo: USP, n. 205, jun. 1992. p. 15.
GAJ, Luis. Tornando a Administração estratégica possível - como aumentar a
percepção da realidade e da dinâmica organizacional, colocando em
AÇÃO a ESTRATÉGIA. São Paulo: Makron Books, 1990.
GILBERT, Michael. ISO 14001/BS 7750: Sistema de Gerenciamento Ambiental.
São Paulo: IMAM, 1995.
GRACIOSO, Francisco. Planejamento Estratégico voltado para o mercado.
Paulo: Ed. Atlas, 1996.
HAMEL, Gary e PRAHALAD, C. D.. Competindo pelo futuro - Estratégias
inovadoras para obter o controle do seu setor e criar os mercados de
amanhã. Rio de Janeiro: Ed. Campos, 1995.
HEMENWAY, Caroline; GILDERSLEEVE, James. ISO 14000 - O que é?. São
Paulo: IMAM, 1995.
JURAN, J.M.. Juran Planejando para a Qualidade. São Paulo: ed. Pioneira, 1992.
OLIVEIRA, Djalma de P. Rebouças de. Planejamento Estratégico: conceito,
metodologia e práticas. São Paulo: ed. Atlas, 1995, 7. edição.
PORTER, M. E. Estratégia Competitiva - Técnicas para a Análise da Indústria e
da Concorrência. Rio de Janeiro: Ed. Campos, 1991.
PORTER, M. E. Vantagem Competitiva - Criando e Sustentando um
Desenvolvimento Superior. Rio de Janeiro: Ed. Campos, 1992.
REIS, Maurício. ISO 14000 - Gerenciamento Ambiental: Um novo desafio para a
sua competitividade. Rio de Janeiro: Ed. Qualitymark, 1996
SILVERSTEIN, Michael. A Revolução Ambiental. Rio de Janeiro: ed. Nórdica,
1993.

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Planejamento ambiental estratégico

  • 1. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E GESTÃO AMBIENTAL DA TEORIA A UM RELATO PRÁTICO João Antônio Ramos Castro, M. Eng. Departamento de Engenharia Industrial/CT/UFSM CEP: 97.111.970. Camobi. Santa Maria. RS Abstract: This article summarize, some aspects the will tackle at strategic planning process of a industrial organization, in the than concern the strategy of adoption a environmental management system. Key words: Strategic Planning, Environmental Management 1. Introdução Com a Revolução Industrial, deu-se início o desenvolvimento tecnológico da era atual, caracterizado pela agressividade dos processos produtivos ao meio ambiente, apenas tendo como meta a expansão das organizações industriais e utilizando as técnicas de Engenharia, apenas para o tratamento dos efeitos de tais agressividades. Nos anos mais recentes, profundas mudanças estão ocorrendo tanto no contexto mundial, quanto no Brasil. Estas transformações são oriundas de um processo de globalização dos mercados, a formação de blocos econômicos, inovações tecnol gicas cada vez mais rápidas, tudo isso decorrente da busca da satisfazer as exigências do mercado consumidor. Tais mudanças, vem gerando um período de consideráveis modificações, no ambiente empresarial, tais como restruturações nas organizações dos mais diversos sistemas produtivos, nos modelos gerenciais tradicionais, nas tecnologias em prol do imperativo ambiental e também modificações extremamente profundas nas relações de trabalho até então vigentes no país. Dentro deste contexto, temos uma nova visão no que tange os processos projetuais e produtivos em toda a sua abrangência, através da incorporação de ações que agreguem valor ambiental ao produto e conseqüentemente torne a organização apta a satisfazer às exigências do mercado atuante e ainda possibilitar a competitividade perante a concorrência, habilitando a conquista de novos mercados, tornando-a uma empresa de classe mundial. SILVERSTEIN (1993) advertiu que, já se verifica no mercado internacional uma grande gama de restrições a produtos e serviços que não demonstrem de forma inequívoca a sua qualidade ambiental e a de seus processos produtivos. Atualmente, as organizações sofrem muitas pressões para gerenciar e melhorar seu desempenho ambiental: atuar em conformidade com uma legislação mais rigorosa e satisfazer as demandas dos clientes. A partir desta realidade, as questões ambientais parecem tocar agora profundamente no pensar e no agir tecnológicos, restruturando de uma
  • 2. forma objetiva a concepção tradicional de processos em Engenharia. Já não basta, pensar apenas em termos de custo/benefício e de otimização no sentido puramente técnico atrelado apenas aos limites processuais e produtivos da unidade fabril. Hoje é preciso levar em conta os resíduos processuais, o ciclo de vida dos produtos e os danos ao meio ambiente. Em síntese: “o meio ambiente tornou-se uma variável básica no interior do processo de produção.” (AIDAR e CYTRYNOWICZ, 1992, p.15). Essa restruturação, envolve fatores, que segundo SILVERSTEIN (1993): “estão relacionados com o meio ambiente e estão alterando fundamentalmente o valor dos ativos, a maneira como são feitos os produtos, o material que é utilizado nessa produção, os tipos de produtos que as pessoas compram e o modus operandi dos diretores e planejadores” (p. 9). 2. Planejamento Estratégico Toda a empresa é uma reunião de atividades que são executadas para projetar, produzir, comercializar, entregar e sustentar seu produto. A partir desta concepção, a atividade de planejamento torna-se de caráter primordial, que segundo OLIVEIRA (1993): “ o seu propósito pode ser definido como o desenvolvimento de processos, técnicas e atitudes administrativas, as quais proporcionam uma situação viável de avaliar as implicações futuras de decisões presentes em função dos objetivos empresariais que facilitarão a tomada de decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, eficiente e eficaz.” (p.26). O planejamento estratégico é conceituado como um processo gerencial que visa a empresa como um todo e, que portanto diz respeito tanto à formulação de objetivos quanto à seleção dos cursos de ação a serem seguidos para a sua consecução, de modo a atingir um nível de consonância entre a empresa e o ambiente onde a mesma está inserida. Também é considerado, segundo OLIVEIRA (1993), as premissas básicas que a empresa, como um todo, deve respeitar para que o processo estratégico tenha coerência e sustentação decisória. Em conseqüência, o planejamento estratégico é, normalmente, de responsabilidade dos níveis mais altos da empresa, pois é neste nível que as decisões presentes, a partir de sua dimensão afetarão o futuro da empresa. Com isso, o mesmo relaciona-se normalmente, com objetivos a longo prazo. Planejamento estratégico é um processo contínuo e sistemático de análise da empresa, com o intuito de conhecer e melhor utilizar seus pontos fortes; conhecer e eliminar ou adequar seus pontos fracos; conhecer e melhor usufruir as oportunidades externas e conhecer e evitar as ameaças externas, para o estabelecimento de objetivos, estratégias e ações que instrumentalizem à empresa na busca de vantagem competitiva. Na prática, planejamento estratégico, conforme HAMEL e PRAHALAD (1995): “...é um ‘crivo da viabilidade’. É uma ferramenta para garantir que as questões de viabilidade sejam Na sua missão mais atual, conforme o trabalho de GRACIOSO (1996): “o planejamento estratégico procurou corrigir as falhas do passado e assume duas dimensões essenciais: (1) ele é voltado para o ambiente externo e visa conciliar a realidade do mercado com os recursos da empresa e; (2) ele procura estimular o raciocínio estratégico em todos os níveis decisórios da empresa. Finalmente, através de uma metodologia de planejamento adequada, criam-se condições para que os executivos de linha participem ativamente de sua elaboração e se comprometam com suas conclusões.” (p. 16). A partir daí, define-se normalmente, planejamento estratégico, segundo GRACIOSO: “pela alocação de recursos calculados para atingir determinados objetivos, num ambiente competitivo e dinâmico.”(p. 28).
  • 3. OLIVEIRA (1993), enfatiza que o planejamento estratégico possui três dimensões operacionais: delineamento, elaboração e implementação. O delineamento compreende a estruturação do processo de planejamento estratégico, que pode ser organização no ambiente externo) ou organizacional (ajuste entre a organização e o ambiente externo). A elaboração inclui a identificação das oportunidades e ameaças no ambiente da empresa e adoção de estimativas de risco para as alternativas estabelecidas. A implementação envolve assuntos organizacionais, os sistemas de informações, os sistemas de incentivos, a competência operacional, o treinamento e a liderança necessária ao desenvolvimento do processo. No planejamento estratégico, não existe uma metodologia universal, porque as empresas diferem de tamanhos, em tipos de operações, em forma de organização, em filosofia e estilo gerencial. A partir do conhecimento das dimensões operacionais citadas acima, podemos a seguir propor algumas etapas a serem seguidas e suas funções no desenvolvimento do processo de planejamento estratégico nas empresas. a) Diagnóstico Básico: nesta etapa, se trabalha com a cultura, valores e filosofia da organização. São desenvolvidas as análises externas e internas da empresa, identificando-se as oportunidades e ameaças que podem estar presente no ambiente da empresa, a partir da análise externa. Da análise interna, verifica-se os pontos fortes e fracos da empresa, para que a área de atuação da mesma seja determinada. b) Missão Empresarial: Nesta etapa, temos a definição de qual é o negócio da empresa, definindo os setores onde a mesma já atua ou esta analisando a possibilidade de atuar no futuro. c) Políticas: São parâmetros, orientações ou regras que facilitam a tomada de decisões no âmbito do comportamento e dos procedimentos internos e externos da empresa. d) Objetivos e Metas: Nesta etapa, determina-se o alvo ou estado futuro que se almeja atingir. A quantificação e o estabelecimento de prazo para sua realização, concretiza-se através das metas da empresa. e) Estratégias: Expressa como a empresa deverá utilizar seus pontos fortes e potenciais existentes para superar, levando em conta seus objetivos, mudanças que possam afetar a interação da empresa e seu ambiente. f) Controle e Ativação: Nesta etapa, temos o acompanhamento do desempenho do sistema através da comparação dos padrões previamente estabelecidos, da avaliação do desempenho e do resultado das ações como forma de realimentar o sistema, com o intuito de corrigir possíveis desvios ou melhorar o desempenho para assegurar o cumprimento de metas e objetivos estabelecidos anteriormente. 3. Gestão Ambiental A globalização dos mercados, formação de blocos econômicos, mudança da visão dos clientes, com referência a produtos, processos e serviços, estão dirigindo as empresas a buscarem certificação por terceiros da sua conformidade com padrões de sistemas de garantia da qualidade definidos e internacionais - ISO série 9000. Em termos de todas as vantagens de competitividade e diferenciação concebidas, que as organizações obtém, através da certificação de um sistema de gestão da garantia da qualidade; podemos ter uma idéia, de um padrão internacional para a implantação de um , que promova a integração dos critérios ambientais aos critérios de desempenho da organização em todos os níveis, fornecendo à organização uma base auto-reguladora para a melhoria contínua do desempenho ambiental, através dos
  • 4. processos de auditoria e revisão. Embora, não seja uma solução para o desenvolvimento sustentável, a adoção de um sistema de gestão ambiental. Mas é uma forma de gerenciar a organização, levando em conta os reflexos de suas atividades ao meio ambiente. Os princípios do desenvolvimento sustentável, conforme GILBERT: “ envolvem o processo de integração dos critérios ambientais na prática econômica, com o intuito de assegurar que os planos estratégicos das organizações satisfaçam a necessidade de crescimento e evolução contínuos e, ao mesmo tempo, conservem as “riquezas” do meio ambiente para o futuro.” (1995, p. 2-3). Incorporar estes princípios, no gerenciamento das organizações industriais, significa uma restruturação da filosofia da mesma e também exigirá muitas mudanças nos aspectos da sociedade e comércio, vivendo dentro da capacidade dos ecossistemas existentes. Conforme GILBERT (1995): “não se trata apenas da poluição do ar, conservação da água, uso de matéria-prima e gestão de resíduos processuais; trata-se de um problema global, que afeta as transações que atravessam fronteiras, comércio, finanças e ideologias políticas.” (p. 2). Com isso, o papel das indústrias que procuram se manter no mercado globalizado, operando em uma base internacional é essencial para que uma abordagem construtiva possa alcançar a meta de desenvolvimento sustentável. Sendo que, as indústrias influenciam a fonte de matérias-primas, os processos de produção e distribuição, as respostas de seus consumidores e os métodos de eliminação de res duos através de suas operações. Um gerenciamento pró-ativo das indústrias, visando encontrar incentivos positivos para mudar e melhorar continuamente o desempenho ambiental, significa que além do atendimento das legislações de controle ambiental pertinentes a sua atividade, também instrumentaliza para a aplicação das melhores práticas internacionais para a melhoria de seu desempenho e ainda proporciona um processo de comunicação mais saudável com as partes interessadas (comunidade local, funcionários, clientes, acionistas, órgãos de controle) e, finalmente um futuro industrial e social sustentável para toda a humanidade. Um Sistema de Gestão Ambiental, segundo GILBERT (1995): “enfoca elementos diferentes dentro do sistema gerencial, pois o mesmo apresenta uma ampliação para o tratamento da questão ambiental tornando-se mais amplo” (p. 10), e é definido por HEMENWAY e GILDERSLEEVE (1995), como: “aquele aspecto da estrutura administrativa global da organização que endereça o impacto imediato e a longo prazo de seus produtos, serviços e processos ao meio ambiente. Fornece ordem e consistência nas metodologias organizacionais através da alocação de recursos, definição de responsabilidades e avaliação contínua de práticas, procedimentos e processos.” (p. 7). Um sistema de gestão ambiental passa a existir, de acordo com o trabalho de CARVALHO e FROSINI (1995), como conseqüência do reconhecimento por parte da organização da necessidade de controlar e melhorar o seu desempenho ambiental, entendido como a habilidade de gerenciar efeitos ambientais, como forma de: sob uma ótica reativa e dependente, alcançar, dentre outros, redução de custos, atendimento a legislações e regulamentos, evitar sanções penais e/ou obter diferencial de competitividade; eguir, dentre outros, desenvolver e manter os seus negócios de forma sustentável e contribuir com a preservação, conservação e/ou recuperação de fontes de recursos naturais e nichos ecológicos estratégicos; e/ou ainda sob uma ótica consciente de interdependência global, responder a desafios mundiais como, por exemplo, a degradação da camada de ozônio, o aquecimento do planeta, a poluição da água, do ar e do solo, os efeitos de químicos tóxicos, a deterioração da qualidade de vida, entre outros. Para o desenvolvimento e implementação de um Sistema de Gestão Ambiental, temos alguns elementos(estágios) constituintes, são eles: o estabelecimento de princípios
  • 5. e compromissos ambientais; avaliação inicial de impactos; pol tica ambiental; institucionalização da função gestão da qualidade ambiental; inventário de leis, normas e regulamentos; análises de conformidade; programa de gestão ambiental; manual de gestão ambiental; implantação do programa; ativação do controle operacional; relatórios de desempenho ambiental; auditorias ambientais; e ações corretivas, apoiados pelo comprometimento e engajamento da alta administração da empresa, sendo que vários desses elementos devido as suas características, são oriundos diretamente do planejamento estratégico. 4. Relato prático 4.1. A empresa A Petroflex, é uma empresa nacional que é constituída de três unidades fabris. É hoje, um dos principais fabricantes mundiais de elastômeros em suas unidades produtivas, localizadas nos municípios de Duque de Caxias-RJ, Cabo-PE e Triunfo-RS. A unidade, na qual está sendo obtida as informações, para a realização deste trabalho é a de Triunfo (III oquímico), que é a precursora das demais em adoção de sistemas de gestão. A unidade, se dedica a fabricação de Borracha Sintética em Emulsão (SBR), Etilbenzeno, e em outras atividades, produtos e serviços relacionados à indústria petroquímica. Além do compromisso com a Qualidade, a empresa é signatária do programa voluntário de “Atuação Responsável” da ABIQUIM - Associação Brasileira da Indústria Química, seguindo uma tendência internacional das empresas químicas. Este programa inclui a segurança das instalações, processos e produtos, e a preservação da saúde dos trabalhadores, além da proteção do meio ambiente, por parte das empresas do setor e ao longo da cadeia produtiva. A empresa dispõem de uma política de conservação de energia baseada na racionalização do consumo de vapor e energia elétrica. Para tanto, busca sempre o aumento da eficiência nos processos produtivos. Todo o trabalho da empresa, que foi como o precursor para a adoção de sistemas, iniciou com o programa de redução de perdas, sendo que a metodologia gerencial deste programa, acompanha todas as etapas de produção, desde a entrada de matéria-prima até a saída dos res duos e dos produtos, da unidade fabril, e seu objetivo maior é otimizar os processos em todas as frentes e com a tendência a uma A Petroflex, por ser uma indústria petroquímica e adotar uma tecnologia moderna, apresenta agregação de valor em equipamentos e processos e pequena quantidade de funcionários, mas os mesmos treinados e qualificados. A empresa é certificada na Norma ISO 9002 e na ISO 14001 e trabalha junto de seus colaboradores no sistema de gestão de sa de e segurança balizado pela norma BS 8800. É a primeira instalação industrial do setor petroquímico a ser certificada por uma norma de gestão ambiental e a segunda do país. 4.2. Questões Ambientais, Sistemas de Gestão e o Planejamento Estratégico. A empresa, desde o início de suas atividades produtivas, no final da década de 70, teve as questões ambientais um forte peso em suas estratégias. Por estar situada no III Pólo Petroquímico do Sul, a Petroflex usufrui de uma série de vantagens que este complexo oferece, dentre elas o Sistema Integrado de Tratamento de Efluentes Líquidos - SITEL e o Sistema Centralizado de Controle de Resíduos Sólidos - SICECORS. Em seu parque fabril,
  • 6. a Petroflex vem desenvolvendo soluções para o controle e a preservação do meio ambienta, através de um sistema de melhoria contínua. Para tanto, vem desenvolvendo estudos e projetos para a redução e reaproveitamento de resíduos e efluentes, com base na legislação vigente e nas melhores práticas internacionais; além de manter áreas de preservação, como o lago natural e a reserva florestal anexa ao parque industrial. A partir de 1991, deu-se, oriundo do planejamento estratégico, um enfoque maior nas questões ambientais, com o destaque na formação e treinamento de recursos humanos específicos para a área ambiental, que antes fazia parte das engenharias de processo e de produção. A partir do ano de 1995, no planejamento estratégico da Petroflex, as questões ambientais passaram a ser sistematizadas, em um gerenciamento ambiental que atende-se às normas BS 7750 e posteriormente à ISO 14001. Esse sistema, está proporcionando a empresa, o estudo, projeto e execução de redução de perdas, desperdícios processuais, redução, reutilização e reciclagem de resíduos e efluentes, novas tecnologias e aí por diante, enfim a modificação e otimização dos processos projetuais e produtivos em prol do imperativo ambiental. Para ilustrar melhor esta proposição, temos que após a implantação desta sistemática pela empresa, 97% dos resíduos gerados nas unidades de produção da stando para serem armazenados no SICECORS apenas 3%, na sua maior parte composto de lixo doméstico. A adoção de sistemas, como modelo gerencial, é oriundo do planejamento estratégico. Sendo o que busca a empresa é: competitividade e uma produção ética. Estamos, em realidade, vivendo a véspera de um novo paradigma, um novo modelo conceitual que balizará as relações produtivas e comerciais do próximo s culo. No atual ritmo das mudanças contextuais, nenhuma empresa pode considerar-se imune as ameaças do ambiente, tais como: obsolescência do produto, a saturação do mercado, novas exigências legais, normativas ou comunitárias frente a atividade da empresa, dentre outras. Por essa razão, todas as empresas devem fazer revisões periódicas de suas estratégias dentro do processo contínuo de identificação das ameaças e oportunidades externas. Conforme PORTER (1986): “a empresa, deve escolher e implementar uma estratégia genérica a fim de obter e sustentar uma vantagem Dentro destas mudanças, temos as questões relativas à conservação ambiental, que ocupam hoje uma significativa parcela de investimentos e esforços administrativos de todos os segmentos da atividade econômica. De acordo com ANSOFF (1987), que trata a poluição ambiental e a necessidade de adaptação das empresas as novas exigências do mercado frente as questões ambientais, da seguinte forma: “como ganhou grande aceitação social a opinião segundo a qual as ‘empresas poluidoras não merecem continuar existindo’, os gerentes de um número cada vez maior de empresas estão tentando, de diversas maneiras, adaptar seu comportamento a esta nova situação adversa.” (p. 131). O mercado, segundo REIS (1996), rapidamente percebeu que as exigências podem atuar fortemente em favor da competitividade de uns em oposição à inviabilização de outros. Uma empresa, ou um setor, que identifique nas questões ambientais uma vantagem competitiva utilizará tal arma com vigor, especialmente se fomentar no seio da comunidade que abriga uma atividade concorrente, uma oposição ao “ classificação esteja desprovida de sustentação técnica ou de amparo legal.
  • 7. O componente ambiental chegou para ficar. Conforme REIS (1996): “o dilema da empresa moderna é o de adaptar-se ou correr o risco de perder espaços arduamente conquistados, sendo imperativo aplicar princípios de gerenciamento ambiental condizentes com o desenvolvimento sustentável.” (p. 5). A partir do exposto, temos que, para que as empresas se tornem competitivas, ou simplesmente continuem existindo, devem ser permeáveis ao meio ambiente, percebendo os sinais ambientais e tendo-os como referencial para o desenvolvimento do processo contínuo de mudança estratégica. Para a adoção do gerenciamento ambiental pela organização industrial, temos alguns aspectos relevantes a serem abordados pelo processo de planejamento estratégico, da mesma: a) Inclusão da variável ambiental no planejamento estratégico da empresa. b) Utilização de métodos de avaliação de impacto ambiental mais adequados ao dia- a-dia operacional dos processos produtivos utilizados pelas empresas, com base na realidade político-econômica do país. c) Avaliação das tecnologias em uso e desenvolvimento de novas, com o objetivo de determinar a extensão de benefícios e/ou danos ao meio ambiente. d) Na análise de investimentos, inserir critérios de tomada de decisões, buscando estabelecer relações custo/benefício onde os fatores relacionados com o meio ambiente sejam levados em consideração. Bibliografia. AIDAR, José L.; CYTRYNOWICZ, Roney. Tecnologia e Meio Ambiente: Confronto e interações. Revista Politécnica da USP. São Paulo: USP, n. 205, jun. 1992. p. 14-15. ANSOFF, H. I; DECLERK, R.P. e HAYES, R. L.. Do planejamento estratégico à administração estratégica. São Paulo: Ed. Atlas, 1981. AZAMBUJA, Telmo; KOHN, Ricardo. Gestão da Qualidade Ambiental. Revista Controle da Qualidade, São Paulo, n.24, mai. 94, p. 51-59. BACKER, Paul de. Gestão Ambiental: A Administração Verde. Rio de Janeiro: Ed. Qualitymark, 1995. CARVALHO, Alexandre e FROSINI, Luiz Henrique. Auditorias de Sistemas da Qualidade e Ambiental. Revista Controle da Qualidade. n. 37. jun. 1995. p. 16-32. CERTO, Samuel C. e PETER, J. Paul. Administração estratégica - planejamento e implantação da estratégia. São Paulo: Makron Books, 1993. CYTRYNOWICZ, Roney. Da Natureza ao meio ambiente. Revista Politécnica da USP. São Paulo: USP, n. 205, jun. 1992. p. 15. GAJ, Luis. Tornando a Administração estratégica possível - como aumentar a percepção da realidade e da dinâmica organizacional, colocando em AÇÃO a ESTRATÉGIA. São Paulo: Makron Books, 1990. GILBERT, Michael. ISO 14001/BS 7750: Sistema de Gerenciamento Ambiental. São Paulo: IMAM, 1995. GRACIOSO, Francisco. Planejamento Estratégico voltado para o mercado. Paulo: Ed. Atlas, 1996. HAMEL, Gary e PRAHALAD, C. D.. Competindo pelo futuro - Estratégias inovadoras para obter o controle do seu setor e criar os mercados de amanhã. Rio de Janeiro: Ed. Campos, 1995.
  • 8. HEMENWAY, Caroline; GILDERSLEEVE, James. ISO 14000 - O que é?. São Paulo: IMAM, 1995. JURAN, J.M.. Juran Planejando para a Qualidade. São Paulo: ed. Pioneira, 1992. OLIVEIRA, Djalma de P. Rebouças de. Planejamento Estratégico: conceito, metodologia e práticas. São Paulo: ed. Atlas, 1995, 7. edição. PORTER, M. E. Estratégia Competitiva - Técnicas para a Análise da Indústria e da Concorrência. Rio de Janeiro: Ed. Campos, 1991. PORTER, M. E. Vantagem Competitiva - Criando e Sustentando um Desenvolvimento Superior. Rio de Janeiro: Ed. Campos, 1992. REIS, Maurício. ISO 14000 - Gerenciamento Ambiental: Um novo desafio para a sua competitividade. Rio de Janeiro: Ed. Qualitymark, 1996 SILVERSTEIN, Michael. A Revolução Ambiental. Rio de Janeiro: ed. Nórdica, 1993.