SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  23
O SUJEITO DISCURSIVO
CONTEMPORÂNEO: UM
EXEMPLO (ORLANDI, 2007)
Sheila Alves
&
Severino Rodrigues
(UFPE-PPGL)
INTRODUÇÃO
 “O sujeito discursivo implica a
relação do simbólico com o
político” (p. 11)
 “Como exemplo do sujeito
contemporâneo, a análise do
sujeito da pichação” (p. 16)
 Para Francine Mazière “a questão do sujeito,
organizada pela ideologia e pelo inconsciente
pode ser mais completamente explorada.”
Ressalta a variedade de produções no Brasil, seu
corpora diversificados e como é constante “o
cuidado em pensar um lugar do sujeito, na difícil
(impossível) localização, ou na perda de
localização e de posição.” (2007,p.66)
 As análises em AD são capazes de fazer emergir
teoricamente novos elementos;
 Não era a questão do sujeito que Orlandi visava,
apesar de ser recorrente em seus estudos. É então
que surge a necessidade de uma síntese dessas
recorrências: Do sujeito no histórico e no simbólico.
 Em Pêcheux - o indivíduo é interpelado em
sujeito pela ideologia;
 Em Orlandi - ao inscrever-se na língua o
indivíduo é interpelado em sujeito pela ideologia,
daí resultando uma forma sujeito histórica.
 É no pressuposto de interpelação que a teoria
materialista do discurso critica as duas formas de
evidências – constituição do sujeito e do sentido do
discurso – da filosofia idealista da linguagem
(pensamento filosófico-linguístico dominante no início
do século XX:
 o subjetivismo idealista: A enunciação partiria do
interior para o exterior do sujeito, a linguagem é uma
representação fiel daquilo que existe na mente
humana;
 O objetivismo abstrato: Há o domínio da estrutura
linguística sobre o sujeito.
 “O sujeito se submete à língua mergulhado em
sua experiência de mundo e determinado a
significar-se. E o faz em um gesto, um movimento
sócio-historicamente situado, em que se reflete
sua interpelação pela ideologia.” (p.12)
 “A materialidade dos lugares dispõe a vida dos
sujeitos e, ao mesmo tempo a resistência desses
sujeitos constitui outras posições que vão
materializar novos (ou outros) lugares. (...) Como
se dá a resistência?” (p.12)
 Na interpelação não há separação entre
exterioridade e interioridade, mas para o sujeito
sim, e é nessa evidência que ele constrói a ilusão
de ser a origem do dizer e da literalidade do
sentido;
 Essa ilusão se assenta no des-conhecimento de
um duplo movimento na compreensão da
constituição do sujeito:
 I – Da interpelação do indivíduo em sujeito pela ideologia
(assujeitamento) resulta a forma sujeito é histórica com sua
materialidade;
 II – Em um novo movimento em relação aos processos
identitários e de subjetivação, é agora o Estado, com suas
instituições e as relações materializadas pela formação social
que lhe corresponde que individualiza a forma-sujeito
histórica(...) (p.13)
O SUJEITO CAPITALISTA: UM
EXEMPLO
QUEM É ESSE SUJEITO
INDIVIDUALIZADO?
 “Uma vez interpelado em sujeito pela ideologia em um
processo simbólico, o indivíduo, agora como sujeito,
determina-se pelo modo como, na história, terá sua forma
individual concreta (...) temos o sujeito indiviloalizado,
caracterizado pelo percurso bio-psico-social. O que fica de
fora quando se pensa o sujeito já idividualizado é
justamente o simbólico, o histórico e a ideologia, que
tornam possível a interpelação do indivíduo em sujeito.”
(p.13)
 Pode o sujeito, ao resistir aos processos de sua
individualização afetar a forma-histórica do
sujeito e por aí chegar até mesmo a atingir seu
modo de interpelação?
DOIS EXEMPLOS
 A língua nacional (submissão do sujeito ao modo
como o Estado o individualiza):
 Noção de sujeito de direito (p.14)
 Em relação à Gramática, não é em seu conteúdo mas no
modo como se estrutura seu discurso em função de um
sujeito de conhecimento que se encontra a marca da
interpelação. (O sujeito que deve se relacionar com o
saber a língua). (p.14)
 A gramática em seu processo de produção faz muito
mais do que ser um lugar de conhecimento ou norma.
Ela é a forma da relação da língua com a sociedade na
história (...) o sujeito não pode resistir à língua sem ser
marginalizado ao cair fora da norma. (lugar de
resistência)
ENTEDENDO O PROCESSO SOCIAL
 Segundo Schaller (2001) a questão do século XXI
é viver juntos ao mesmo tempo iguais e
diferentes;
(p.15)
 Ver alguns pontos do texto. (p.15)
 “[...] nessa perspectiva que tomamos, como
exemplo do sujeito contemporâneo, a análise do
sujeito da pichação e o modo como ele enfrenta
sua dificuldade através da simbolização.”(p. 16)
 Referência: o quadro urbano (a escrita).
 “como a cidade se significa, ou seja, como o social
se constitui” (p. 16)  imaginário contemporâneo
 Nesse espaço acima, encontramos o sujeito e os
seus modos de significar(-se).
 Para tanto, reflete a relação escrita e o espaço
urbano contemporâneo através do muro como um
gesto que significa socialmente.
 “Não se pode pensar a linguagem como se ela
estivesse separada do seu meio natural, das suas
condições, da conjuntura em que aparece”.(p. 16-
17)
 Pensar nas manifestações de linguagem, na
organização da linguagem em relação à
organização do espaço de significação.
 A pichação vista como inscrições indecifráveis
(grifo da autora), mas “o indecifrável, o
ininteligível que faz sentido” (p. 17).
 A escrita da década de 60 ≠ A escrita do sujeito
capitalista (FDs diversas)
 “Não são o mesmo recorte da ideologia ainda que
sejam igualmente contestatórias. Isso é a história
e o político.” (p. 17)
 “O pichador elabora seu sistema e não se
submete ao parâmetro do certo/errado, da norma
escolar. Ele resiste com sua letra indecifrável,
fazendo deslizar sua escritura, produzindo um
efeito metafórico da letra, produzindo um sistema
de escrita urbano. Sua ilegitimidade é então
construída em outro lugar: o direito de usar
(sujar) ou não os muros.” (p. 17)
O Estado
individualiza
sujeitos capitalistas
O sujeito pichador
ligado à sociedade de que fazem parte
(o sujeito capitalista e o sujeito pichador)
“busca um lugar num movimento de fora para dentro”
 Pichação enquanto comunicação
 “Há uma ordem significante e há sujeitos que
significam [...] irrompem com o social.” (p. 18)
 Análise: “Eu sou periferia”  Identificação do
sujeito com o lugar, sendo este discursivo e não
puramente como lugar social.
 Revuz (1997)
 modos do desemprego de significar-se  o “ter”
 “Ter um emprego (colocação) é ter seu lugar entre
os outros e encontrar-se assim intimado a
elaborar uma maneira de ser com os outros”
(p.18) = encontrar seu lugar discursivo
 “Se observarmos o sujeito, para além de sua adaptação a
comportamento e a sistemas de representação já dados na
realidade social, (1) é preciso perguntar como esses
elementos do mundo social (individualização pelo
Estado) existem para o sujeito enquanto
representações psíquicas inconscientes, ideológicas, e
(2) como podem ser objetos de identificação, no
sentido discursivo do termo. É preciso então atentar
para a desigualdade que existe segundo o “lugar” a que
pertencemos com sua visibilidade social. Essa visibilidade
jogando sobre os outros mas sobretudo sobre o próprio
sujeito, em seus processos de identificação, e em termos de
retorno da imagem sobre a pessoa: que retorno acolhe
aquele que enuncia “eu sou periferia”? Como podemos ver,
há uma relação complexa ideologicamente na
identificação, que afasta e que aproxima. Que cria
distância e que cria vínculo. São esses processos que
vemos mobilizados na pichação.” (p. 18) (numeração e grifos
nossos)
 Palavras-chaves: individualização e identificação.
 “Em um movimento que contraria a relação de
mão única com que o Estado o individualiza
enquanto forma sujeito histórica, a do
capitalismo, atado com seu corpo ao social, sem
lhe dar condições de realizar vínculos, o sujeito
pichador contraditoriamente produz um gesto
social.” (p. 19)
 “Essa é uma forma de resistência entre outras.”
(p.19)
“Até que ponto
essas formas de resistência
são capazes de afetar
a forma histórica do sujeito?” (p.
19)
 “Certamente esse gesto em si pode apenas afetar
a forma de individualização do sujeito e não
atingir a forma histórica do sujeito. Para isso é
preciso que ecoe na história e deixe de ser apenas
uma repetição para ser ruptura.” (p. 19)
 Birman
- Número de pichações é importante (repetições)
- O risco do sujeito pichador “(...) resiste ao não-
sentido e busca a simbolização.” (p.20)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 O artigo dialoga com a psicanálise: Revuz e
Birman.
 “Mas chegar-se a articular o verdadeiro a
propósito das materialidades discursivas
acompanham-se de deslocamentos de
fronteiras entre as disciplinas, afetando
profundamente seu regime de verdade, enquanto
elas (as disciplinas) são provocadas por suas
margens, ou em suas margens (M. Pêcheux,
1981).” (p. 20) (grifo nosso)
 “São estas margens que roçamos o tempo todo
quando trabalhamos com discurso. E como diz M.
Pêcheux (idem) tocar este triplo real da língua, da
história, do inconsciente, sem pressupor uma
teoria mais ou menos geral do objeto do discurso,
exige explorar a rede de questões que aí circulam:
nossos terrenos de encontros problemáticos. Para a
análise de discurso fica o encargo de trabalhar com a
noção de ideologia que é o vestígio desse
encontro de terrenos problemáticos. E é com a
ideologia que, na análise de discurso, tratamos de
questões como a falta e o resto (o a-mais, o que
excede), ambos derivando do fato de que há
versões, de que a diferença faz sentido na
repetição, de que não existe uma separação estanque
e inequívoca entre paráfrase e polissemia. Daí,
pensarmos o sujeito, a linguagem, a história, em
seu movimento, em suas rupturas e em seus
deslocamentos.” (p. 20) (grifos nossos)

Contenu connexe

Tendances

Texto e discurso as vozes presentes no texto
Texto e discurso   as vozes presentes no textoTexto e discurso   as vozes presentes no texto
Texto e discurso as vozes presentes no textoRoberta Scheibe
 
Palestra discurso e poder
Palestra discurso e poderPalestra discurso e poder
Palestra discurso e poderNadia Biavati
 
AULA- Análises de Discurso em Ciências Sociais
AULA- Análises de Discurso em Ciências SociaisAULA- Análises de Discurso em Ciências Sociais
AULA- Análises de Discurso em Ciências SociaisCleide Magáli dos Santos
 
Bronckart - os gêneros e tipos de discurso
Bronckart - os gêneros e tipos de discursoBronckart - os gêneros e tipos de discurso
Bronckart - os gêneros e tipos de discursoRaquel Salcedo Gomes
 
Análise de textos de comunicação_Maingueneau
Análise de textos de comunicação_MaingueneauAnálise de textos de comunicação_Maingueneau
Análise de textos de comunicação_Maingueneaupatricia_fox
 
ANÁLISE DO DISCURSO: UM ITINERÁRIO HISTÓRICO
ANÁLISE DO DISCURSO: UM ITINERÁRIO HISTÓRICOANÁLISE DO DISCURSO: UM ITINERÁRIO HISTÓRICO
ANÁLISE DO DISCURSO: UM ITINERÁRIO HISTÓRICOFrancis Mary Rosa
 
Minicurso | Análise de Discurso Crítica e Mídia | Semana de Letras - UFV
Minicurso | Análise de Discurso Crítica e Mídia | Semana de Letras - UFVMinicurso | Análise de Discurso Crítica e Mídia | Semana de Letras - UFV
Minicurso | Análise de Discurso Crítica e Mídia | Semana de Letras - UFVMurilo Araújo
 
Análise crítica do discurso
Análise crítica do discursoAnálise crítica do discurso
Análise crítica do discursoAlessandra Rufino
 
Seminário marxismo e filosofia da linguagem
Seminário marxismo e filosofia da linguagemSeminário marxismo e filosofia da linguagem
Seminário marxismo e filosofia da linguagemdeismachadoo
 
G:\Gru Ger Form Pes Ace\ Gt Form 2010\Projetos\Aprimoramento Profissional...
G:\Gru Ger Form Pes Ace\ Gt   Form   2010\Projetos\Aprimoramento Profissional...G:\Gru Ger Form Pes Ace\ Gt   Form   2010\Projetos\Aprimoramento Profissional...
G:\Gru Ger Form Pes Ace\ Gt Form 2010\Projetos\Aprimoramento Profissional...ElenitaPimentel
 
Gêneros discursivos, formas de textualização e tipologia
Gêneros discursivos, formas de textualização e tipologiaGêneros discursivos, formas de textualização e tipologia
Gêneros discursivos, formas de textualização e tipologiaAdail Sobral
 
Concepções de linguagem fundamentos dialógicos do circulo de bakhtin
Concepções de linguagem fundamentos dialógicos do circulo de bakhtinConcepções de linguagem fundamentos dialógicos do circulo de bakhtin
Concepções de linguagem fundamentos dialógicos do circulo de bakhtinDouradoalcantara
 
Gêneros no ensino de línguas Marcuschi
Gêneros no ensino de línguas   MarcuschiGêneros no ensino de línguas   Marcuschi
Gêneros no ensino de línguas MarcuschiMauro Toniolo Silva
 
Resenha: Entre o desejo e a impossibilidade: o sujeito e a(s) língua(s)
Resenha: Entre o desejo e a impossibilidade: o sujeito e a(s)  língua(s)Resenha: Entre o desejo e a impossibilidade: o sujeito e a(s)  língua(s)
Resenha: Entre o desejo e a impossibilidade: o sujeito e a(s) língua(s)Mariane Murakami
 
Análise de gêneros do discurso na teoria bakhtiniana
Análise de gêneros do discurso na teoria bakhtinianaAnálise de gêneros do discurso na teoria bakhtiniana
Análise de gêneros do discurso na teoria bakhtinianaAmábile Piacentine
 

Tendances (20)

Texto e discurso as vozes presentes no texto
Texto e discurso   as vozes presentes no textoTexto e discurso   as vozes presentes no texto
Texto e discurso as vozes presentes no texto
 
Palestra discurso e poder
Palestra discurso e poderPalestra discurso e poder
Palestra discurso e poder
 
AULA- Análises de Discurso em Ciências Sociais
AULA- Análises de Discurso em Ciências SociaisAULA- Análises de Discurso em Ciências Sociais
AULA- Análises de Discurso em Ciências Sociais
 
Bronckart - os gêneros e tipos de discurso
Bronckart - os gêneros e tipos de discursoBronckart - os gêneros e tipos de discurso
Bronckart - os gêneros e tipos de discurso
 
Analise do discurso
Analise do discursoAnalise do discurso
Analise do discurso
 
Análise de textos de comunicação_Maingueneau
Análise de textos de comunicação_MaingueneauAnálise de textos de comunicação_Maingueneau
Análise de textos de comunicação_Maingueneau
 
Análise do discurso anita
Análise do discurso   anitaAnálise do discurso   anita
Análise do discurso anita
 
ANÁLISE DO DISCURSO: UM ITINERÁRIO HISTÓRICO
ANÁLISE DO DISCURSO: UM ITINERÁRIO HISTÓRICOANÁLISE DO DISCURSO: UM ITINERÁRIO HISTÓRICO
ANÁLISE DO DISCURSO: UM ITINERÁRIO HISTÓRICO
 
Minicurso | Análise de Discurso Crítica e Mídia | Semana de Letras - UFV
Minicurso | Análise de Discurso Crítica e Mídia | Semana de Letras - UFVMinicurso | Análise de Discurso Crítica e Mídia | Semana de Letras - UFV
Minicurso | Análise de Discurso Crítica e Mídia | Semana de Letras - UFV
 
Análise crítica do discurso
Análise crítica do discursoAnálise crítica do discurso
Análise crítica do discurso
 
Seminário marxismo e filosofia da linguagem
Seminário marxismo e filosofia da linguagemSeminário marxismo e filosofia da linguagem
Seminário marxismo e filosofia da linguagem
 
Esquema Bakhtin
Esquema BakhtinEsquema Bakhtin
Esquema Bakhtin
 
G:\Gru Ger Form Pes Ace\ Gt Form 2010\Projetos\Aprimoramento Profissional...
G:\Gru Ger Form Pes Ace\ Gt   Form   2010\Projetos\Aprimoramento Profissional...G:\Gru Ger Form Pes Ace\ Gt   Form   2010\Projetos\Aprimoramento Profissional...
G:\Gru Ger Form Pes Ace\ Gt Form 2010\Projetos\Aprimoramento Profissional...
 
Gêneros discursivos, formas de textualização e tipologia
Gêneros discursivos, formas de textualização e tipologiaGêneros discursivos, formas de textualização e tipologia
Gêneros discursivos, formas de textualização e tipologia
 
Os gêneros do discurso
Os gêneros do discursoOs gêneros do discurso
Os gêneros do discurso
 
A teoria dos gêneros
A teoria dos gênerosA teoria dos gêneros
A teoria dos gêneros
 
Concepções de linguagem fundamentos dialógicos do circulo de bakhtin
Concepções de linguagem fundamentos dialógicos do circulo de bakhtinConcepções de linguagem fundamentos dialógicos do circulo de bakhtin
Concepções de linguagem fundamentos dialógicos do circulo de bakhtin
 
Gêneros no ensino de línguas Marcuschi
Gêneros no ensino de línguas   MarcuschiGêneros no ensino de línguas   Marcuschi
Gêneros no ensino de línguas Marcuschi
 
Resenha: Entre o desejo e a impossibilidade: o sujeito e a(s) língua(s)
Resenha: Entre o desejo e a impossibilidade: o sujeito e a(s)  língua(s)Resenha: Entre o desejo e a impossibilidade: o sujeito e a(s)  língua(s)
Resenha: Entre o desejo e a impossibilidade: o sujeito e a(s) língua(s)
 
Análise de gêneros do discurso na teoria bakhtiniana
Análise de gêneros do discurso na teoria bakhtinianaAnálise de gêneros do discurso na teoria bakhtiniana
Análise de gêneros do discurso na teoria bakhtiniana
 

En vedette

Intertextualidade + Polifonia + Polissemia
Intertextualidade + Polifonia + PolissemiaIntertextualidade + Polifonia + Polissemia
Intertextualidade + Polifonia + PolissemiaDiego Stedile
 
INTERTEXTUALIDAD Y MEMORIA DISCURSIVA
INTERTEXTUALIDAD Y MEMORIA DISCURSIVAINTERTEXTUALIDAD Y MEMORIA DISCURSIVA
INTERTEXTUALIDAD Y MEMORIA DISCURSIVADiego Barreto
 
A pós modernidade e a forma-sujeito-fluido
A pós modernidade e a forma-sujeito-fluidoA pós modernidade e a forma-sujeito-fluido
A pós modernidade e a forma-sujeito-fluidoEwerton Gindri
 
A polifonia no discurso publicitário como recurso pedagógico
A polifonia no discurso publicitário como recurso pedagógicoA polifonia no discurso publicitário como recurso pedagógico
A polifonia no discurso publicitário como recurso pedagógicoDenise Medeiros
 
O que é o discurso do sujeito coletivo 2013
O que é o discurso do sujeito coletivo 2013O que é o discurso do sujeito coletivo 2013
O que é o discurso do sujeito coletivo 2013fernandolefevre
 
Apresentação de Dissertação - Da brancura à sujeira
Apresentação de Dissertação - Da brancura à sujeiraApresentação de Dissertação - Da brancura à sujeira
Apresentação de Dissertação - Da brancura à sujeiraBreno Brito
 
4ª Aula 24 03 2010\AnáLise Do Discurso E Direitos Humanos
4ª Aula   24 03 2010\AnáLise Do Discurso E Direitos Humanos4ª Aula   24 03 2010\AnáLise Do Discurso E Direitos Humanos
4ª Aula 24 03 2010\AnáLise Do Discurso E Direitos HumanosElenitaPimentel
 
Analise Discurso Novas Direções
Analise Discurso  Novas DireçõesAnalise Discurso  Novas Direções
Analise Discurso Novas DireçõesIsabella Ferreira
 
Filosofia(s) em bakhtin
Filosofia(s) em bakhtinFilosofia(s) em bakhtin
Filosofia(s) em bakhtinAdail Sobral
 
Ideologia e formação discursiva - Professor Jason Lima
Ideologia e formação discursiva - Professor Jason LimaIdeologia e formação discursiva - Professor Jason Lima
Ideologia e formação discursiva - Professor Jason Limajasonrplima
 
História da Música I: 4ª aula
História da Música I:   4ª aulaHistória da Música I:   4ª aula
História da Música I: 4ª aulaLeonardo Brum
 
Introdução aos estudos literários
Introdução aos estudos literáriosIntrodução aos estudos literários
Introdução aos estudos literáriosRomualdo Correia
 

En vedette (20)

Slide Polifonia
Slide PolifoniaSlide Polifonia
Slide Polifonia
 
Intertextualidade + Polifonia + Polissemia
Intertextualidade + Polifonia + PolissemiaIntertextualidade + Polifonia + Polissemia
Intertextualidade + Polifonia + Polissemia
 
Dialogismo
DialogismoDialogismo
Dialogismo
 
Trabalho rafa
Trabalho rafaTrabalho rafa
Trabalho rafa
 
Análise do discurso
Análise do discursoAnálise do discurso
Análise do discurso
 
Marxismo e filosofia da linguagem
Marxismo e filosofia da linguagemMarxismo e filosofia da linguagem
Marxismo e filosofia da linguagem
 
INTERTEXTUALIDAD Y MEMORIA DISCURSIVA
INTERTEXTUALIDAD Y MEMORIA DISCURSIVAINTERTEXTUALIDAD Y MEMORIA DISCURSIVA
INTERTEXTUALIDAD Y MEMORIA DISCURSIVA
 
A pós modernidade e a forma-sujeito-fluido
A pós modernidade e a forma-sujeito-fluidoA pós modernidade e a forma-sujeito-fluido
A pós modernidade e a forma-sujeito-fluido
 
A polifonia no discurso publicitário como recurso pedagógico
A polifonia no discurso publicitário como recurso pedagógicoA polifonia no discurso publicitário como recurso pedagógico
A polifonia no discurso publicitário como recurso pedagógico
 
O que é o discurso do sujeito coletivo 2013
O que é o discurso do sujeito coletivo 2013O que é o discurso do sujeito coletivo 2013
O que é o discurso do sujeito coletivo 2013
 
Apresentação de Dissertação - Da brancura à sujeira
Apresentação de Dissertação - Da brancura à sujeiraApresentação de Dissertação - Da brancura à sujeira
Apresentação de Dissertação - Da brancura à sujeira
 
Fundamentos da análise do discurso
Fundamentos da análise do discursoFundamentos da análise do discurso
Fundamentos da análise do discurso
 
Tezza cristóvão_-_o_filho_eterno
Tezza  cristóvão_-_o_filho_eternoTezza  cristóvão_-_o_filho_eterno
Tezza cristóvão_-_o_filho_eterno
 
4ª Aula 24 03 2010\AnáLise Do Discurso E Direitos Humanos
4ª Aula   24 03 2010\AnáLise Do Discurso E Direitos Humanos4ª Aula   24 03 2010\AnáLise Do Discurso E Direitos Humanos
4ª Aula 24 03 2010\AnáLise Do Discurso E Direitos Humanos
 
Analise Discurso Novas Direções
Analise Discurso  Novas DireçõesAnalise Discurso  Novas Direções
Analise Discurso Novas Direções
 
Filosofia(s) em bakhtin
Filosofia(s) em bakhtinFilosofia(s) em bakhtin
Filosofia(s) em bakhtin
 
Ideologia e formação discursiva - Professor Jason Lima
Ideologia e formação discursiva - Professor Jason LimaIdeologia e formação discursiva - Professor Jason Lima
Ideologia e formação discursiva - Professor Jason Lima
 
Análise de discurso
Análise de discursoAnálise de discurso
Análise de discurso
 
História da Música I: 4ª aula
História da Música I:   4ª aulaHistória da Música I:   4ª aula
História da Música I: 4ª aula
 
Introdução aos estudos literários
Introdução aos estudos literáriosIntrodução aos estudos literários
Introdução aos estudos literários
 

Similaire à O sujeito discursivo contemporâneo

Mediacao semiotica vygotsky cida e ernani v.6 de 23.11
Mediacao semiotica vygotsky cida e ernani v.6 de 23.11Mediacao semiotica vygotsky cida e ernani v.6 de 23.11
Mediacao semiotica vygotsky cida e ernani v.6 de 23.11xereque2009
 
Fichamento macedo - ok
Fichamento   macedo - okFichamento   macedo - ok
Fichamento macedo - okfamiliaestagio
 
Sandro ornellas
Sandro ornellasSandro ornellas
Sandro ornellasliterafro
 
Fichamento analise do discurso, orlandi
Fichamento analise do discurso, orlandiFichamento analise do discurso, orlandi
Fichamento analise do discurso, orlandiNome Sobrenome
 
Aula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptx
Aula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptxAula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptx
Aula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptxJacksonCiceroFranaBa
 
Memórias da diversidade populacional como patrimônio cultural da cidade de fo...
Memórias da diversidade populacional como patrimônio cultural da cidade de fo...Memórias da diversidade populacional como patrimônio cultural da cidade de fo...
Memórias da diversidade populacional como patrimônio cultural da cidade de fo...Historia Line
 
Olhares Que Fazem A Diferença O índio
Olhares Que Fazem A Diferença O índioOlhares Que Fazem A Diferença O índio
Olhares Que Fazem A Diferença O índioculturaafro
 
Literatura infantil de autoria indígena
Literatura infantil de autoria indígenaLiteratura infantil de autoria indígena
Literatura infantil de autoria indígenaNearin Inbrapi
 
Literatura Infantil de Autoria Indígena
Literatura Infantil de Autoria IndígenaLiteratura Infantil de Autoria Indígena
Literatura Infantil de Autoria IndígenaInstituto Uka
 
A subjetivação do deficiente no interior da escola
A subjetivação do deficiente no interior da escolaA subjetivação do deficiente no interior da escola
A subjetivação do deficiente no interior da escolasedf
 
anlisededodiscurso-140409123243-phpapp02.ppt
anlisededodiscurso-140409123243-phpapp02.pptanlisededodiscurso-140409123243-phpapp02.ppt
anlisededodiscurso-140409123243-phpapp02.pptadrianomcosta3
 
Comunicação e a cultura no cotidiano
Comunicação e a cultura no cotidianoComunicação e a cultura no cotidiano
Comunicação e a cultura no cotidianoEliete Correia Santos
 
Plinio marcos um maldito dramaturgo intelectual brasileiro
Plinio marcos um maldito dramaturgo intelectual brasileiroPlinio marcos um maldito dramaturgo intelectual brasileiro
Plinio marcos um maldito dramaturgo intelectual brasileiroHelciclever Barros
 
resenhaaformacaodasalmas
resenhaaformacaodasalmasresenhaaformacaodasalmas
resenhaaformacaodasalmasunirio2011
 
resenhaformacaodasalmas1
resenhaformacaodasalmas1resenhaformacaodasalmas1
resenhaformacaodasalmas1unirio2011
 
resenhaformacaodasalmas1
resenhaformacaodasalmas1resenhaformacaodasalmas1
resenhaformacaodasalmas1unirio2011
 

Similaire à O sujeito discursivo contemporâneo (20)

Mediacao semiotica vygotsky cida e ernani v.6 de 23.11
Mediacao semiotica vygotsky cida e ernani v.6 de 23.11Mediacao semiotica vygotsky cida e ernani v.6 de 23.11
Mediacao semiotica vygotsky cida e ernani v.6 de 23.11
 
Fichamento macedo - ok
Fichamento   macedo - okFichamento   macedo - ok
Fichamento macedo - ok
 
Sandro ornellas
Sandro ornellasSandro ornellas
Sandro ornellas
 
Fichamento analise do discurso, orlandi
Fichamento analise do discurso, orlandiFichamento analise do discurso, orlandi
Fichamento analise do discurso, orlandi
 
Aula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptx
Aula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptxAula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptx
Aula 01 - CONCEPCÕES DE LÍNGUA, SUJEITO, TEXTO E SENTDO.pptx
 
Memórias da diversidade populacional como patrimônio cultural da cidade de fo...
Memórias da diversidade populacional como patrimônio cultural da cidade de fo...Memórias da diversidade populacional como patrimônio cultural da cidade de fo...
Memórias da diversidade populacional como patrimônio cultural da cidade de fo...
 
Genre por ana_ale
Genre por ana_aleGenre por ana_ale
Genre por ana_ale
 
Illa Pires de Azevedo.pptx
Illa Pires de Azevedo.pptxIlla Pires de Azevedo.pptx
Illa Pires de Azevedo.pptx
 
Roberto Marques
Roberto MarquesRoberto Marques
Roberto Marques
 
Olhares Que Fazem A Diferença O índio
Olhares Que Fazem A Diferença O índioOlhares Que Fazem A Diferença O índio
Olhares Que Fazem A Diferença O índio
 
Texto-discurso.ppt
Texto-discurso.pptTexto-discurso.ppt
Texto-discurso.ppt
 
Literatura infantil de autoria indígena
Literatura infantil de autoria indígenaLiteratura infantil de autoria indígena
Literatura infantil de autoria indígena
 
Literatura Infantil de Autoria Indígena
Literatura Infantil de Autoria IndígenaLiteratura Infantil de Autoria Indígena
Literatura Infantil de Autoria Indígena
 
A subjetivação do deficiente no interior da escola
A subjetivação do deficiente no interior da escolaA subjetivação do deficiente no interior da escola
A subjetivação do deficiente no interior da escola
 
anlisededodiscurso-140409123243-phpapp02.ppt
anlisededodiscurso-140409123243-phpapp02.pptanlisededodiscurso-140409123243-phpapp02.ppt
anlisededodiscurso-140409123243-phpapp02.ppt
 
Comunicação e a cultura no cotidiano
Comunicação e a cultura no cotidianoComunicação e a cultura no cotidiano
Comunicação e a cultura no cotidiano
 
Plinio marcos um maldito dramaturgo intelectual brasileiro
Plinio marcos um maldito dramaturgo intelectual brasileiroPlinio marcos um maldito dramaturgo intelectual brasileiro
Plinio marcos um maldito dramaturgo intelectual brasileiro
 
resenhaaformacaodasalmas
resenhaaformacaodasalmasresenhaaformacaodasalmas
resenhaaformacaodasalmas
 
resenhaformacaodasalmas1
resenhaformacaodasalmas1resenhaformacaodasalmas1
resenhaformacaodasalmas1
 
resenhaformacaodasalmas1
resenhaformacaodasalmas1resenhaformacaodasalmas1
resenhaformacaodasalmas1
 

O sujeito discursivo contemporâneo

  • 1. O SUJEITO DISCURSIVO CONTEMPORÂNEO: UM EXEMPLO (ORLANDI, 2007) Sheila Alves & Severino Rodrigues (UFPE-PPGL)
  • 2. INTRODUÇÃO  “O sujeito discursivo implica a relação do simbólico com o político” (p. 11)  “Como exemplo do sujeito contemporâneo, a análise do sujeito da pichação” (p. 16)
  • 3.  Para Francine Mazière “a questão do sujeito, organizada pela ideologia e pelo inconsciente pode ser mais completamente explorada.” Ressalta a variedade de produções no Brasil, seu corpora diversificados e como é constante “o cuidado em pensar um lugar do sujeito, na difícil (impossível) localização, ou na perda de localização e de posição.” (2007,p.66)  As análises em AD são capazes de fazer emergir teoricamente novos elementos;  Não era a questão do sujeito que Orlandi visava, apesar de ser recorrente em seus estudos. É então que surge a necessidade de uma síntese dessas recorrências: Do sujeito no histórico e no simbólico.
  • 4.  Em Pêcheux - o indivíduo é interpelado em sujeito pela ideologia;  Em Orlandi - ao inscrever-se na língua o indivíduo é interpelado em sujeito pela ideologia, daí resultando uma forma sujeito histórica.  É no pressuposto de interpelação que a teoria materialista do discurso critica as duas formas de evidências – constituição do sujeito e do sentido do discurso – da filosofia idealista da linguagem (pensamento filosófico-linguístico dominante no início do século XX:  o subjetivismo idealista: A enunciação partiria do interior para o exterior do sujeito, a linguagem é uma representação fiel daquilo que existe na mente humana;  O objetivismo abstrato: Há o domínio da estrutura linguística sobre o sujeito.
  • 5.  “O sujeito se submete à língua mergulhado em sua experiência de mundo e determinado a significar-se. E o faz em um gesto, um movimento sócio-historicamente situado, em que se reflete sua interpelação pela ideologia.” (p.12)  “A materialidade dos lugares dispõe a vida dos sujeitos e, ao mesmo tempo a resistência desses sujeitos constitui outras posições que vão materializar novos (ou outros) lugares. (...) Como se dá a resistência?” (p.12)
  • 6.  Na interpelação não há separação entre exterioridade e interioridade, mas para o sujeito sim, e é nessa evidência que ele constrói a ilusão de ser a origem do dizer e da literalidade do sentido;  Essa ilusão se assenta no des-conhecimento de um duplo movimento na compreensão da constituição do sujeito:  I – Da interpelação do indivíduo em sujeito pela ideologia (assujeitamento) resulta a forma sujeito é histórica com sua materialidade;  II – Em um novo movimento em relação aos processos identitários e de subjetivação, é agora o Estado, com suas instituições e as relações materializadas pela formação social que lhe corresponde que individualiza a forma-sujeito histórica(...) (p.13) O SUJEITO CAPITALISTA: UM EXEMPLO
  • 7. QUEM É ESSE SUJEITO INDIVIDUALIZADO?  “Uma vez interpelado em sujeito pela ideologia em um processo simbólico, o indivíduo, agora como sujeito, determina-se pelo modo como, na história, terá sua forma individual concreta (...) temos o sujeito indiviloalizado, caracterizado pelo percurso bio-psico-social. O que fica de fora quando se pensa o sujeito já idividualizado é justamente o simbólico, o histórico e a ideologia, que tornam possível a interpelação do indivíduo em sujeito.” (p.13)  Pode o sujeito, ao resistir aos processos de sua individualização afetar a forma-histórica do sujeito e por aí chegar até mesmo a atingir seu modo de interpelação?
  • 8. DOIS EXEMPLOS  A língua nacional (submissão do sujeito ao modo como o Estado o individualiza):  Noção de sujeito de direito (p.14)  Em relação à Gramática, não é em seu conteúdo mas no modo como se estrutura seu discurso em função de um sujeito de conhecimento que se encontra a marca da interpelação. (O sujeito que deve se relacionar com o saber a língua). (p.14)  A gramática em seu processo de produção faz muito mais do que ser um lugar de conhecimento ou norma. Ela é a forma da relação da língua com a sociedade na história (...) o sujeito não pode resistir à língua sem ser marginalizado ao cair fora da norma. (lugar de resistência)
  • 9. ENTEDENDO O PROCESSO SOCIAL  Segundo Schaller (2001) a questão do século XXI é viver juntos ao mesmo tempo iguais e diferentes; (p.15)  Ver alguns pontos do texto. (p.15)
  • 10.  “[...] nessa perspectiva que tomamos, como exemplo do sujeito contemporâneo, a análise do sujeito da pichação e o modo como ele enfrenta sua dificuldade através da simbolização.”(p. 16)
  • 11.  Referência: o quadro urbano (a escrita).  “como a cidade se significa, ou seja, como o social se constitui” (p. 16)  imaginário contemporâneo  Nesse espaço acima, encontramos o sujeito e os seus modos de significar(-se).
  • 12.  Para tanto, reflete a relação escrita e o espaço urbano contemporâneo através do muro como um gesto que significa socialmente.  “Não se pode pensar a linguagem como se ela estivesse separada do seu meio natural, das suas condições, da conjuntura em que aparece”.(p. 16- 17)  Pensar nas manifestações de linguagem, na organização da linguagem em relação à organização do espaço de significação.
  • 13.  A pichação vista como inscrições indecifráveis (grifo da autora), mas “o indecifrável, o ininteligível que faz sentido” (p. 17).  A escrita da década de 60 ≠ A escrita do sujeito capitalista (FDs diversas)  “Não são o mesmo recorte da ideologia ainda que sejam igualmente contestatórias. Isso é a história e o político.” (p. 17)
  • 14.  “O pichador elabora seu sistema e não se submete ao parâmetro do certo/errado, da norma escolar. Ele resiste com sua letra indecifrável, fazendo deslizar sua escritura, produzindo um efeito metafórico da letra, produzindo um sistema de escrita urbano. Sua ilegitimidade é então construída em outro lugar: o direito de usar (sujar) ou não os muros.” (p. 17)
  • 15. O Estado individualiza sujeitos capitalistas O sujeito pichador ligado à sociedade de que fazem parte (o sujeito capitalista e o sujeito pichador) “busca um lugar num movimento de fora para dentro”
  • 16.  Pichação enquanto comunicação  “Há uma ordem significante e há sujeitos que significam [...] irrompem com o social.” (p. 18)  Análise: “Eu sou periferia”  Identificação do sujeito com o lugar, sendo este discursivo e não puramente como lugar social.
  • 17.  Revuz (1997)  modos do desemprego de significar-se  o “ter”  “Ter um emprego (colocação) é ter seu lugar entre os outros e encontrar-se assim intimado a elaborar uma maneira de ser com os outros” (p.18) = encontrar seu lugar discursivo
  • 18.  “Se observarmos o sujeito, para além de sua adaptação a comportamento e a sistemas de representação já dados na realidade social, (1) é preciso perguntar como esses elementos do mundo social (individualização pelo Estado) existem para o sujeito enquanto representações psíquicas inconscientes, ideológicas, e (2) como podem ser objetos de identificação, no sentido discursivo do termo. É preciso então atentar para a desigualdade que existe segundo o “lugar” a que pertencemos com sua visibilidade social. Essa visibilidade jogando sobre os outros mas sobretudo sobre o próprio sujeito, em seus processos de identificação, e em termos de retorno da imagem sobre a pessoa: que retorno acolhe aquele que enuncia “eu sou periferia”? Como podemos ver, há uma relação complexa ideologicamente na identificação, que afasta e que aproxima. Que cria distância e que cria vínculo. São esses processos que vemos mobilizados na pichação.” (p. 18) (numeração e grifos nossos)
  • 19.  Palavras-chaves: individualização e identificação.  “Em um movimento que contraria a relação de mão única com que o Estado o individualiza enquanto forma sujeito histórica, a do capitalismo, atado com seu corpo ao social, sem lhe dar condições de realizar vínculos, o sujeito pichador contraditoriamente produz um gesto social.” (p. 19)  “Essa é uma forma de resistência entre outras.” (p.19)
  • 20. “Até que ponto essas formas de resistência são capazes de afetar a forma histórica do sujeito?” (p. 19)
  • 21.  “Certamente esse gesto em si pode apenas afetar a forma de individualização do sujeito e não atingir a forma histórica do sujeito. Para isso é preciso que ecoe na história e deixe de ser apenas uma repetição para ser ruptura.” (p. 19)  Birman - Número de pichações é importante (repetições) - O risco do sujeito pichador “(...) resiste ao não- sentido e busca a simbolização.” (p.20)
  • 22. CONSIDERAÇÕES FINAIS  O artigo dialoga com a psicanálise: Revuz e Birman.  “Mas chegar-se a articular o verdadeiro a propósito das materialidades discursivas acompanham-se de deslocamentos de fronteiras entre as disciplinas, afetando profundamente seu regime de verdade, enquanto elas (as disciplinas) são provocadas por suas margens, ou em suas margens (M. Pêcheux, 1981).” (p. 20) (grifo nosso)
  • 23.  “São estas margens que roçamos o tempo todo quando trabalhamos com discurso. E como diz M. Pêcheux (idem) tocar este triplo real da língua, da história, do inconsciente, sem pressupor uma teoria mais ou menos geral do objeto do discurso, exige explorar a rede de questões que aí circulam: nossos terrenos de encontros problemáticos. Para a análise de discurso fica o encargo de trabalhar com a noção de ideologia que é o vestígio desse encontro de terrenos problemáticos. E é com a ideologia que, na análise de discurso, tratamos de questões como a falta e o resto (o a-mais, o que excede), ambos derivando do fato de que há versões, de que a diferença faz sentido na repetição, de que não existe uma separação estanque e inequívoca entre paráfrase e polissemia. Daí, pensarmos o sujeito, a linguagem, a história, em seu movimento, em suas rupturas e em seus deslocamentos.” (p. 20) (grifos nossos)