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O Realismo e o
Naturalismo em Portugal
CMCB
Literatura
Releitura
1. Você percebeu a diferença temática
que caracterizam as obras comentadas.
Percebeu também as diferenças de
intenções e modos de representação com
que foram elaboradas. Reproduza o painel
a seguir e preencha-o com as
semelhanças e diferenças.
Painel de semelhanças e diferenças entre os
quadros
Quadro 1
(elementos
românticos)
Quadro 2
(elementos
realistas)
Tema morte, sepultamento morte, sepultamento
Características
formais
Subjetivismo,
dramaticidade,
heroísmo, solenidade
Objetivismo,
temáticas sociais,
racionalismo,
prosaísmo
2. O quadro 1 foi elaborado a partir de uma
cena do romance Atala, do escritor romântico
Chateaubriand, enquanto o quadro 2, segundo
palavras do próprio autor, representa
ironicamente o enterro do Romantismo.
a) Relacionando tema e forma, explique
por que podemos considerar o quadro
1 um exemplo de idealização
romântica.
Ao dar à cena da amada morta um tom
solene, que se aproxima do sublime, o
quadro exemplifica a idealização
romântica do amo, em geral marcada
pela impossibilidade de realização
concreta.
b) O quadro 2 caracteriza-se por um tipo de
representação que podemos chamar de verista.
Entre os elementos indicados a seguir,
identifique aquele que não contribui para
construir esse “efeito de realidade”.
 tema extraído da realidade
 Cenário do quadro: cidade natal de Coubert
(Ornans)
 Intenção documental
 Presença de personagens verídicos, que
pousaram como modelos.
 Ausência de representação das diversas
classes sociais
c) Na sua opinião, o verismo do quadro
torna-o feio, vulgar? Por quê?
3. O quadro 1 apresenta um cenário
sombrio, uma caverna fechada e escura,
que contrasta com a luz intensa, mas
distante, dirigindo o olhar do observador
para a personagem morta. A presença
marcante de constrastes e oposições, como
escuro/claro, interior/exterior, morte/vida
acentua qual característica a seguir,
tipicamente romântica?
• Exotismo
• Emocionalismo
• Nacionalismo
Leitura
Ideal
Aquela, que eu adoro, não é feita
De lírios nem de rosas purpurinas,
Não tem as formas languidas, divinas
Da antiga Vénus de cintura estreita...
Não é a Circe, cuja mão suspeita
Compõe filtros mortaes entre ruinas,
Nem a Amazona, que se agarra ás crinas
D'um corcel e combate satisfeita...
A mim mesmo pergunto, e não atino
Com o nome que dê a essa visão,
Que ora amostra ora esconde o meu
destino...
É como uma miragem, que entrevejo,
Ideal, que nasceu na solidão,
Nuvem, sonho impalpável do Desejo...
Antero de Quental, in "Sonetos"
Mais Luz!
Amem a noite os magros crapulosos,
E os que sonham com virgens impossíveis,
E os que inclinam, mudos e impassíveis,
À borda dos abismos silenciosos...
Tu, lua, com teus raios vaporosos,
Cobre-os, tapa-os e torna-os insensíveis,
Tanto aos vicios crueis e inextinguiveis,
Como aos longos cuidados dolorosos!
Eu amarei a santa madrugada,
E o meio-dia, em vida refervendo,
E a tarde rumorosa e repousada.
Viva e trabalhe em plena luz: depois,
Seja-me dado ainda ver, morrendo,
O claro sol, amigo dos heroes!
Antero de Quental, in "Sonetos"
1. Releia o soneto “Ideal”, de Antero de
Quental e comente como o sujeito
lírico idealiza a mulher amada.
Ele a denomina visão , miragem, ideal,
nuvem, “sonho impalpável do desejo”
2. Identifique e exemplifique um dos
modos pelos quais essa atitude
claramente romântica e renegada no
soneto “Mais Luz!”, do mesmo autor.
O poema começa renegando o
Romantismo por meio das expressões
que depreciam os poetas desse estilo
como os magros crapulosos, os que
sonham com virgens impossíveis, os que
inclinam, mudos e impassíveis, À borda
dos abismos silenciosos...
3. No quadro de Coubert, há uma
luminosidade que vem do céu,
parecendo anunciar a chegada da luz do
Sol, em oposição às “trevas românticas”.
Que passagens do poema podem ser
relacionadas com essa luminosidade?
Explique.
Tanto o título quanto os dois tercetos do
poema fazem apologia da luz do Sol, do
dia, que simboliza o racionalismo
defendido pelos realistas, em oposição
ao emocionalismo romântico,
4.No poema há figuras de linguagem e
outros procedimentos retóricos que lhe
garantem beleza e expressividade.
Seguindo o exemplo apresentado,
exemplifique-os e explique o efeito que
produzem. Exemplo:
Antítese
“Amem a noite os magros crapulosos”
“Eu amarei a santa madrugada”
Efeito expressivo: realçar o contraste entre
o Romantismo e o Realismo, em defesa do
segundo contra o primeiro.
a)Prosopopeia ou personificação
Tu, lua, com teus raios vaporosos,
/Cobre-os, tapa-os e torna-os
insensíveis, /Tanto aos vicios crueis e
inextinguiveis, /Como aos longos
cuidados dolorosos!
Efeito expressivo: a personificação da
Lua permite que se torne interlocutora do
eu lírico.
b) Função conativa da linguagem
(expressa ordem, pedido, conselho)
Tu, lua, com teus raios vaporosos,
/Cobre-os, tapa-os e torna-os
insensíveis.
Efeito expressivo: ao pedir à Lua que
proteja os poetas românticos de seus
vícios e sofrimentos, o eu lírico os trata
de forma irônica , pois torna a Lua – uma
das principais confidentes dos
românticos – aliada dos interesses dos
5. Antecipe uma opinião sobre a trajetória
poética de Antero de Quental, grande
poeta português que estudaremos neste
capítulo.
Leitura
O primo Basílio
Eça de Queiroz
Havia doze dias que Jorge tinha partido e, apesar do calor e da
poeira, Luísa vestia-se para ir a casa de Leopoldina. Se Jorge
soubesse não havia de gostar não. Mas estava tão farta de estar só!
Aborrecia-se tanto! De manhã ainda tinha os arranjos a costura, a
toalete, algum romance... Mas de tarde!
A hora em que Jorge costumava voltar do ministério, a solidão
parecia alargar-se em torno dela. Fazia-lhe tanta falta o seu toque
de campainha, os seus passos no corredor!...
Ao crepúsculo, ao ver cair o dia, entristecia-se sem razão, caía
numa vaga sentimentalidade;[...] O que pensava em tolices então!
Fragmento 2
Servia, havia vinte anos. Como ela dizia,
mudava de amos, mas não mudava de sorte.
Vinte anos a dormir em cacifos, a levantar-se de
madrugada, a comer os restos, a vestir trapos
velhos, a sofrer os repelões das crianças e as
más palavras das senhoras, a fazer despejos, a
ir para o hospital quando vinha a doença, a
esfalfar-se quando voltava a saúde!... Era
demais! Tinha agora dias em que só de ver o
balde das águas sujas e o ferro de engomar se
lhe embrulhava o estômago. Nunca se
acostumara a servir [...]
As antipatias que a cercavam faziam-na
assanhada, como um círculo de espingardas
enraivece um lobo. Fez-se má; beliscava
crianças até lhes enodar a pele, e se lhe
ralhavam, a sua cólera rompia em rajadas.
Começou a ser despedida. Num só ano esteve
em três casas. - Saía com escândalo, aos gritos,
atirando as portas, deixando as armas todas
pálidas, todas nervosas. […]
A necessidade de se constranger trouxe-lhe o
hábito de odiar; odiou sobretudo as patroas, com
um ódio irracional e pueril."
O primo Basílio. In Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilhar, 1986. p. 585 e 597.v.I
Releitura
1. Considere o seguinte fragmento de uma
das famosas Conferências do Cassino
Lisbonense, em que Eça de Queirós
teoriza sobre o novo estilo, comparando-o
com o Romantismo:“O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a
apoteose do sentimento; - o Realismo é a anatomia do caráter. É a
crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos –
para condenar o que houver de mau na nossa sociedade.”
a) O narrador caracteriza Luísa como
uma personagem romântica. Que
traços da personagem, presentes no
fragmento 1, nos permitem associá-la
com o Romantismo?
A solidão, o tédio, a propensão ao
sentimentalismo.
b) Luísa é caracterizada por meio de uma
ótica realista, na medida em que o
narrador critica lhe o romantismo, em vez
de aderir a ele. Que frase do fragmento 1
comprova essa afirmação.
“O que pensava em tolices então”.
2. Além da postura racional e objetiva,
necessária para a anatomia do caráter
pretendida pelos escritores realistas,
esse estilo, em sua vertente naturalista,
vê o comportamento humano como
consequência de certos fatores que o
determinam.
a) No caso de Luísa, que no romance é
casada com Jorge e tem uma vida
ociosa, de classe média abastada, a
que fatores presentes no texto
podemos atribuir os seus traços
românticos?
Os fatores são a ausência do marido e a
falta de ocupação.
b) E no caso de Juliana, a segunda
personagem caracteriza no fragmento 2?
Qual é o fator determinante de sua
revolta, de seu ódio?
O fator que determina a reunião e o ódio
de Juliana é a sua condição de serva.
3. Ao ver o homem como produto de leis
biológicas, o estilo naturalista o compara
com os outros animais.
a) Transcreva o trecho do fragmento 2
que exemplifica essa característica.
As antipatias que a cercavam faziam-na
assanhada, como um círculo de
espingardas enraivece um lobo.
b) Em que sentido o fragmento 2 ilustra o
tema das desigualdades sociais
intensamente tratado pelos escritores
realistas?
Esse fragmento descreve
minuciosamente, em tom de denúncia,
as precárias condições de vida dos
empregados, isto é, dos oprimidos pela
sociedade burguesa.

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Realismo e Naturalismo em Portugal

  • 1. O Realismo e o Naturalismo em Portugal CMCB Literatura
  • 2.
  • 3. Releitura 1. Você percebeu a diferença temática que caracterizam as obras comentadas. Percebeu também as diferenças de intenções e modos de representação com que foram elaboradas. Reproduza o painel a seguir e preencha-o com as semelhanças e diferenças.
  • 4. Painel de semelhanças e diferenças entre os quadros Quadro 1 (elementos românticos) Quadro 2 (elementos realistas) Tema morte, sepultamento morte, sepultamento Características formais Subjetivismo, dramaticidade, heroísmo, solenidade Objetivismo, temáticas sociais, racionalismo, prosaísmo
  • 5. 2. O quadro 1 foi elaborado a partir de uma cena do romance Atala, do escritor romântico Chateaubriand, enquanto o quadro 2, segundo palavras do próprio autor, representa ironicamente o enterro do Romantismo.
  • 6. a) Relacionando tema e forma, explique por que podemos considerar o quadro 1 um exemplo de idealização romântica. Ao dar à cena da amada morta um tom solene, que se aproxima do sublime, o quadro exemplifica a idealização romântica do amo, em geral marcada pela impossibilidade de realização concreta.
  • 7. b) O quadro 2 caracteriza-se por um tipo de representação que podemos chamar de verista. Entre os elementos indicados a seguir, identifique aquele que não contribui para construir esse “efeito de realidade”.  tema extraído da realidade  Cenário do quadro: cidade natal de Coubert (Ornans)  Intenção documental  Presença de personagens verídicos, que pousaram como modelos.  Ausência de representação das diversas classes sociais
  • 8. c) Na sua opinião, o verismo do quadro torna-o feio, vulgar? Por quê?
  • 9. 3. O quadro 1 apresenta um cenário sombrio, uma caverna fechada e escura, que contrasta com a luz intensa, mas distante, dirigindo o olhar do observador para a personagem morta. A presença marcante de constrastes e oposições, como escuro/claro, interior/exterior, morte/vida acentua qual característica a seguir, tipicamente romântica? • Exotismo • Emocionalismo • Nacionalismo
  • 10. Leitura Ideal Aquela, que eu adoro, não é feita De lírios nem de rosas purpurinas, Não tem as formas languidas, divinas Da antiga Vénus de cintura estreita... Não é a Circe, cuja mão suspeita Compõe filtros mortaes entre ruinas, Nem a Amazona, que se agarra ás crinas D'um corcel e combate satisfeita... A mim mesmo pergunto, e não atino Com o nome que dê a essa visão, Que ora amostra ora esconde o meu destino... É como uma miragem, que entrevejo, Ideal, que nasceu na solidão, Nuvem, sonho impalpável do Desejo... Antero de Quental, in "Sonetos" Mais Luz! Amem a noite os magros crapulosos, E os que sonham com virgens impossíveis, E os que inclinam, mudos e impassíveis, À borda dos abismos silenciosos... Tu, lua, com teus raios vaporosos, Cobre-os, tapa-os e torna-os insensíveis, Tanto aos vicios crueis e inextinguiveis, Como aos longos cuidados dolorosos! Eu amarei a santa madrugada, E o meio-dia, em vida refervendo, E a tarde rumorosa e repousada. Viva e trabalhe em plena luz: depois, Seja-me dado ainda ver, morrendo, O claro sol, amigo dos heroes! Antero de Quental, in "Sonetos"
  • 11. 1. Releia o soneto “Ideal”, de Antero de Quental e comente como o sujeito lírico idealiza a mulher amada. Ele a denomina visão , miragem, ideal, nuvem, “sonho impalpável do desejo”
  • 12. 2. Identifique e exemplifique um dos modos pelos quais essa atitude claramente romântica e renegada no soneto “Mais Luz!”, do mesmo autor. O poema começa renegando o Romantismo por meio das expressões que depreciam os poetas desse estilo como os magros crapulosos, os que sonham com virgens impossíveis, os que inclinam, mudos e impassíveis, À borda dos abismos silenciosos...
  • 13. 3. No quadro de Coubert, há uma luminosidade que vem do céu, parecendo anunciar a chegada da luz do Sol, em oposição às “trevas românticas”. Que passagens do poema podem ser relacionadas com essa luminosidade? Explique. Tanto o título quanto os dois tercetos do poema fazem apologia da luz do Sol, do dia, que simboliza o racionalismo defendido pelos realistas, em oposição ao emocionalismo romântico,
  • 14. 4.No poema há figuras de linguagem e outros procedimentos retóricos que lhe garantem beleza e expressividade. Seguindo o exemplo apresentado, exemplifique-os e explique o efeito que produzem. Exemplo: Antítese “Amem a noite os magros crapulosos” “Eu amarei a santa madrugada” Efeito expressivo: realçar o contraste entre o Romantismo e o Realismo, em defesa do segundo contra o primeiro.
  • 15. a)Prosopopeia ou personificação Tu, lua, com teus raios vaporosos, /Cobre-os, tapa-os e torna-os insensíveis, /Tanto aos vicios crueis e inextinguiveis, /Como aos longos cuidados dolorosos! Efeito expressivo: a personificação da Lua permite que se torne interlocutora do eu lírico.
  • 16. b) Função conativa da linguagem (expressa ordem, pedido, conselho) Tu, lua, com teus raios vaporosos, /Cobre-os, tapa-os e torna-os insensíveis. Efeito expressivo: ao pedir à Lua que proteja os poetas românticos de seus vícios e sofrimentos, o eu lírico os trata de forma irônica , pois torna a Lua – uma das principais confidentes dos românticos – aliada dos interesses dos
  • 17. 5. Antecipe uma opinião sobre a trajetória poética de Antero de Quental, grande poeta português que estudaremos neste capítulo.
  • 18. Leitura O primo Basílio Eça de Queiroz Havia doze dias que Jorge tinha partido e, apesar do calor e da poeira, Luísa vestia-se para ir a casa de Leopoldina. Se Jorge soubesse não havia de gostar não. Mas estava tão farta de estar só! Aborrecia-se tanto! De manhã ainda tinha os arranjos a costura, a toalete, algum romance... Mas de tarde! A hora em que Jorge costumava voltar do ministério, a solidão parecia alargar-se em torno dela. Fazia-lhe tanta falta o seu toque de campainha, os seus passos no corredor!... Ao crepúsculo, ao ver cair o dia, entristecia-se sem razão, caía numa vaga sentimentalidade;[...] O que pensava em tolices então!
  • 19. Fragmento 2 Servia, havia vinte anos. Como ela dizia, mudava de amos, mas não mudava de sorte. Vinte anos a dormir em cacifos, a levantar-se de madrugada, a comer os restos, a vestir trapos velhos, a sofrer os repelões das crianças e as más palavras das senhoras, a fazer despejos, a ir para o hospital quando vinha a doença, a esfalfar-se quando voltava a saúde!... Era demais! Tinha agora dias em que só de ver o balde das águas sujas e o ferro de engomar se lhe embrulhava o estômago. Nunca se acostumara a servir [...]
  • 20. As antipatias que a cercavam faziam-na assanhada, como um círculo de espingardas enraivece um lobo. Fez-se má; beliscava crianças até lhes enodar a pele, e se lhe ralhavam, a sua cólera rompia em rajadas. Começou a ser despedida. Num só ano esteve em três casas. - Saía com escândalo, aos gritos, atirando as portas, deixando as armas todas pálidas, todas nervosas. […] A necessidade de se constranger trouxe-lhe o hábito de odiar; odiou sobretudo as patroas, com um ódio irracional e pueril." O primo Basílio. In Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilhar, 1986. p. 585 e 597.v.I
  • 21. Releitura 1. Considere o seguinte fragmento de uma das famosas Conferências do Cassino Lisbonense, em que Eça de Queirós teoriza sobre o novo estilo, comparando-o com o Romantismo:“O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a apoteose do sentimento; - o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para condenar o que houver de mau na nossa sociedade.”
  • 22. a) O narrador caracteriza Luísa como uma personagem romântica. Que traços da personagem, presentes no fragmento 1, nos permitem associá-la com o Romantismo? A solidão, o tédio, a propensão ao sentimentalismo.
  • 23. b) Luísa é caracterizada por meio de uma ótica realista, na medida em que o narrador critica lhe o romantismo, em vez de aderir a ele. Que frase do fragmento 1 comprova essa afirmação. “O que pensava em tolices então”.
  • 24. 2. Além da postura racional e objetiva, necessária para a anatomia do caráter pretendida pelos escritores realistas, esse estilo, em sua vertente naturalista, vê o comportamento humano como consequência de certos fatores que o determinam.
  • 25. a) No caso de Luísa, que no romance é casada com Jorge e tem uma vida ociosa, de classe média abastada, a que fatores presentes no texto podemos atribuir os seus traços românticos? Os fatores são a ausência do marido e a falta de ocupação.
  • 26. b) E no caso de Juliana, a segunda personagem caracteriza no fragmento 2? Qual é o fator determinante de sua revolta, de seu ódio? O fator que determina a reunião e o ódio de Juliana é a sua condição de serva.
  • 27. 3. Ao ver o homem como produto de leis biológicas, o estilo naturalista o compara com os outros animais. a) Transcreva o trecho do fragmento 2 que exemplifica essa característica. As antipatias que a cercavam faziam-na assanhada, como um círculo de espingardas enraivece um lobo.
  • 28. b) Em que sentido o fragmento 2 ilustra o tema das desigualdades sociais intensamente tratado pelos escritores realistas? Esse fragmento descreve minuciosamente, em tom de denúncia, as precárias condições de vida dos empregados, isto é, dos oprimidos pela sociedade burguesa.