O documento discute os impactos da atividade petrolífera no ambiente marinho. A atividade sísmica pode causar danos a cetáceos através de alterações na comunicação, comportamento de fuga e alterações fisiológicas. As plataformas de petróleo geram grandes quantidades de resíduos que poluem o mar. A maioria dos derramamentos de petróleo no oceano ocorre durante o transporte marítimo e operações em plataformas offshore.
1. Impactos da atividade petrolífera no
ambiente marinho
Prof. MSc Fernando Sanzi Cortez
Biólogo Lab. Ecotoxicologia - UNISANTA
2. Petróleo – Fonte de Energia não
renovável
ü Fontes não renováveis são aquelas que a natureza não
tem condições de repor em um horizonte de tempo
compatível com seu consumo pelos seres humanos.
ü Extremamente versátil e facilmente transportável e
estocável, é considerado o energético mais importante e
estratégico do planeta.
Dos dois trilhões de barris de petróleo estimados que o planeta
possuia, de 45% a 70% já foram explorados;
Restam cerca de 1,2 trilhões de barris a explorar, o que deve se
esgotar em cinquenta anos.
3. Petróleo – História
² Registros históricos da utilização do petróleo remontam a 4000 a.C.
devido a exsudações e afloramnetos frequentes no Oriente Médio.
§ Povos da Mesopotâmia, do Egito, da Pérsia e da Judéia
utilizavam o BETUME para:
• Pavimentação de estradas;
• Calafetação de grandes construções;
• Aquecimento e iluminação de casas;
• Lubrificantes e até laxativo.
4. Petróleo – Consumo
Ø Com a era industrial, aumentou-se a demanda de energia e, em
1970, o consumo mundial já era de aproximadamente 2 bilhões
de toneladas por ano.
Ø Produtos comerciais de maior consumo no planeta terra;
Ø Os derivados de petróleo, correspondem a cerca de 50% do
global dos produtos do mercado mundial;
Ø 80% da energia consumida nas atividades industriais, de
transporte, de lazer e de conforto do homem é proveniente dos
derivados (gasolina, querosene, fuel oil, entre outros).
6. Porque a maioria dos acidentes com
petróleo acontecem no ambiente marinho ?
q Os petroleiros transportam mais de 40% de todo o comércio marítimo
mundial (INTERTANKO, 2003);
q Dos 530.855 mil barris produzidos no Brasil em 2002, 451.902 mil
barris foram extraídos do mar (ANP 2003), o que representa 85% da
,
produção nacional de petróleo;
!
q Dos 3,2 bilhões de toneladas de petróleo consumidas anualmente, cerca
da metade é transportada pelo mar.
Cinco categorias para ocorrência de óleo no mar:
I. Fontes naturais;
II. Poluição atmosférica;
III. Transporte marítimo;
IV. Produção costeira ( resíduos municipais e industriais);
V. Vazamentos.
7. Porque a maioria dos acidentes com
petróleo acontecem no ambiente marinho ?
² > Procura por reservas em águas profundas;
² > Número de navios petroleiros e oleodutos submarinos;
² Transporte do óleo bruto è Refinaria è Distribuição dos
subprodutos.
Aumento dos RISCOS ambientais
Circunstâncias/Processos;
Ocorrência de eventos;
Danos ambientais.
8. Fontes de petróleo no mar - Estimativas
u Estima-se que a quantidade de óleo derramado em todo mundo
ultrapassa 4,5 milhões de toneladas, onde os maiores contribuintes
para estes números são:
a. Limpeza dos reservatórios de navios petroleiros, onde o óleo é
despejado ilegalmente nos oceanos, sendo assim, responsáveis por
45% da poluição;
b. 7% do óleo contido no mar pode ser diretamente atribuído a
acidentes em plataformas e navios;
c. Descargas de lixo urbano e industrial (fármacos e outros poluentes),
as quais alcançam os oceanos pelos cursos dos rios, também estão
entre os maiores contribuintes para o aumento da poluição no mar
(ESA, 1998).
9. Fontes de petróleo no mar - Estimativas
Fontes de petróleo no mar (milhões de toneladas por ano).
*
Fonte: J.M. Hollander, 1992.
* Lavagem ilegal de tanques ?
15. Impactos da exploração - Atividade sísmica
1999 è Fim do monopólio do petróleo resultou em maior
quantidade de blocos de exploração em campos petrolíferos
marinhos por diferentes empresas.
ê
Técnicas de PERFILAGEM SÍSMICA para definição das áreas
para perfuração dos poços.
ê
Prejuízos ambientais e econômicos (pesca).
ê
Medidas mitigadoras para minimizar os impactos – Observação
de mamíferos marinhos a bordo - SIMMAM
16. Impactos da exploração - Atividade sísmica
Emissões de ondas sísmicas artificiais
geradas por ar comprimido de alta
pressão (canhão – air gun).
Ondas – Alta intensidade e baixa
frequência.
Aquisição de dados sísmicos – 3 fases:
ü Aquisição de dados;
ü Processamento (softwares);
ü Interpretação.
Resultado final: Mapeamento da
estrutura do solo e a identificação de
depósitos potenciais e/ou existentes de
hidrocarbonetos.
17. Impactos da exploração - Atividade sísmica
1. Estrutura para operação de sísmica:
• Embarcações propriamente equipadas com
conjuntos de canhões de ar;
• Flutuadores;
• Arranjo de hidrofones de vários kilômetros
de comprimento.
2. Métodos:
• Prospecção em área aproximada de 10
Km2;
• Atividade ininterrupta;
• Disparos regulares de 4 a 15 segundos.
Obs: Nenhuma outra atividade pode ser desenvolvida na área.
18. Atividade sísmica - Cetáceos
SOM – Papel fundamental no
comportamento dos mamíferos –
3 importantes funções:
• Informação sobre o ambiente
físico;
• Detecção de presas;
• Reprodução.
19. Atividade sísmica - Cetáceos
1. Danos em tecidos e orgãos.
Efeitos em mergulhadores humanos
submetidos a pulsos intensos de
baixa frequência:
• Tontura, náusea e confusão
visual;
• Fr a n t z i s ( 1 9 9 8 ) , o b s e r vo u
diminuição da função vestibular
a partir de 160 decibéis, o que
pode estar relacionado a
desorientação de mamíferos
marinhos e consequentemente
aos encalhes.
20. Atividade sísmica - Cetáceos
2. Interferência na comunicação.
• As grandes baleias (misticetos)
são particularmente vulneráveis
a interferências na comunicação
quando expostas a sons de baixa
freqüência.
ê
VOCALIZAÇÃO DE BAIXA
FREQUÊNCIA
Consequências nos agrupamentos
em época de reprodução já que são
animais solitários ou vivem em
pequenos grupos
21. Atividade sísmica - Cetáceos
3. Alteração da rota migratória e restrição a locais de
alimentação e reprodução.
Ø Estudos (Mc Donald et al., 1995; Richardson; 1995; Ridgway et al.,
1997) foram realizados pela observação do comportamento em
situações reais de obtenção de dados sísmicos com a utilização de
canhões de ar experimentais.
Resultados:
Ø Comportamento de evasão em
graus diversos;
Ø Alterações no tempo de mergulho e
respiração;
Ø Redução e interrupção das
vocalizações, e de procedimentos de
alimentação.
22. Atividade sísmica - Cetáceos
v Richardson et al. (2000) realizaram, ao longo de três anos, no Mar de
Beaufort, um programa de monitoramento das alterações de rotas
migratórias em função de operações sísmicas.
Os estudos constatou uma zona de evasão de 20Km em torno da área de
levantamento sísmico.
v Mc Cauley et al. (2000) observaram que baleias jubarte (Megaptera
novaeangliae) em comportamento migratório.
Os indivíduos mantinham-se afastadas a cerca de 4 Km de uma embarcação
realizando atividade sísmica;
Grupos de fêmeas com filhotes mostraram-se ainda mais sensíveis,
mantendo entre 7 e 12 Km de distância da embarcação.
23. Atividade sísmica - Cetáceos
4. Colisão com embarcações
• Cetáceos odontocetos (golfinhos
e baleias com dentes) são menos
suscetíveis a colisões;
• Por outro lado, entre as grandes
baleias há maior ocorrência de
acidentes desse tipo, o que pode
estar relacionada às questões da
transmissão de sons de baixa
freqüência no meio marinho.
24. Atividade sísmica - Cetáceos
5. Alterações fisiológicas
• O aumento do ruído sonoro no
ambiente marinho pode levar ao
estresse pela liberação de
hormônios, comumente associados
a mudanças de comportamento
social, aumento de agressividade e
alterações no ritmo respiratório.
25. Atividade sísmica - Cetáceos
6. Redução da disponibilidade de
presas
• Poluição sonora marinha pode
afetar a abundância, o
comportamento e a distribuição de
presas;
• A fuga dos peixes impõe restrições à
disponibilidade de presas para os
cetáceos podendo, eventualmente,
esvaziar áreas tradicionais de
alimentação desses mamíferos
(Gordon et al., 1998).
26. Atividade sísmica - Monitoramento
Área de segurança para o meio biótico:
Ø Todas as ocasiões que baleias, golfinhos e/ou tartarugas
forem avistados a menos de 500 metros das fontes sonoras,
a atividade é paralisada imediatamente e caso esses
animais sejam avistados entre 500 e 1000 metros de
distância, toda a tripulação é colocada em sobreaviso para
uma possível paralisação.
CONAMA 350/2004
Regulamenta esta atividade que
depende da LPS, concedida pelo
IBAMA.
27. Influência da sísmica na pesca
1. Restrição de acesso à áreas de pesca:
• Atividade sísmica requer exclusividade de uma área por um
determinado tempo causando impacto socioeconômico;
• Maior prejuízo ao pescador artesanal.
2. Redução na captura do pescado:
• Não há estudos conclusivos no Brasil, apenas informações de
comunidades pesqueiras ao IBAMA (obs: Canadá)
Esquema de aquisição de dado sísmico marítmo (Schlumberger Oilfield Glossary, 2003)
28. Influência da sísmica na pesca
3. Danos a equipamentos de pesca:
• Possibilidade de colisão de equipamentos de pesca e cabos sísmicos.
Perda de equipamentos de pesca e danos aos cabos sísmicos podendo
ocorrer vazamento do fluído de preenchimento (flutuação).
Fluído de preenchimento: Querosene menos denso que a água ISOPAR-M,
ensaios de toxicidade demonstraram baixa toxicidade para ouriço-do-mar.
4. Impactos na dinâmica populacional de recursos pesqueiros:
• “Barreira sônica” impede o acesso de peixes para desova;
• Impacto sobre o plâncton – DIMINUIÇÃO DOS ESTOQUES.
Quase todos os organismos possuem
representantes no plâncton.
29. Impactos físicos – Plataformas, dutos e
outras estruturas
v G e ra m g ra n d e s q u a n t i d a d e s d e
resíduos;
v Alteração no padrão de ondas e e
correntes marinhas locais;
v Perturbação no leito oceânico;
v Barreira física para animais;
v Empecilho para navegação;
v Abandono de estruturas com o
esgotamento dos poços.
Smith et al., 1996 FILMES
30. Resíduos provenientes das operações em
plataformas
Ø Fluidos de perfuração;
Ø Emissões atmosféricas;
Ø Águas oleosas (CONAMA
393/2007);
Ø Resíduos de alimento;
Ø Esgoto sanitário.
31. Impactos das operações em plataformas
Ø Nihoul e Ducroty (1994) em um estudo realizado no Mar do Norte
demostraram:
§ Entre 15% e 30% de todo óleo despejado no Mar do Norte, em
1990, foi consequência de operação off-shore, desse total :
§ 7% foi causado por derramamentos acidentais (acidentes e
explosões);
§ 21% por despejos de água de produção;
§ 72% por sobras de operações de perfuração.
1990:
- 193 plataformas de gás e óleo em operação;
- 483 novos poços foram perfurados;
- 65% destes com fluidos de perfuração base óleo
32. Operações de perfuração
Resíduos resultantes das perfurações são intensamente absorvidos por
partículas sólidas e tendem a se acumular nos sedimentos.
Resíduos são formados por:
1. Resíduos de rocha;
2. Óleo;
3. Lama de refrigeração das brocas de perfuração.
Piores efeitos ocorrem em um raio de 500
metros da plataforma e incluem:
• Sufocamento do assoalho oceânico;
• Alteração da comunidade bentônica;
• Vazamento de óleo para o ambiente no
início do processo.
34. Resíduos provenientes das operações em
plataformas
ü Resolução CONAMA 393/2007:
Dispõe sobre o descarte contínuo de água de processo ou de
produção em plataformas marítimas de petróleo e gás natural, e
dá outras providências.
Art. 5o O descarte de água produzida deverá obedecer à concentração
média aritmética simples mensal de óleos e graxas de até 29 mg/L;
Art. 4o A água produzida somente poderá ser lançada, direta ou
indiretamente, no mar desde que obedeça às condições, padrões e
exigências dispostos nesta Resolução e não acarrete ao mar, no entorno
do ponto de lançamento, características diversas da classe de
enquadramento para a área definida, com exceção da zona de mistura.
Parágrafo único. Para efeito desta Resolução, a zona de mistura está
limitada a um raio de 500 m do ponto de descarte.
35. Fluidos de perfuração
Fluidos ou lama de perfuração são constituídos por uma mistura
de sólidos, líquidos, aditivos químicos e gases.
Funções:
o Resfriar e lubrificar a broca;
o Proteger e sustentar as paredes do poço;
o Carrear os cascalhos até a superfície.
Tipos de fluidos:
o Base água;
o Base óleo;
o Sintéticos (mais utilizados em offshore).
36. Fluidos de perfuração
1978 – Preocupação relativa à toxicidade de
fluidos de perfuração (EUA).
US EPA – Organização de um programa de
ensaios de toxicidade com f luidos de
perfuração.
Métodos e organismos utilizados:
- FPS – 5 minutos agitação e decantação por 1
hora;
- Mysidopsis juniae (CL50; 96h) e Lytechinus
variegatus (CI50; 24h) – Brasil.
Resultados:
- Estabelecimento do limite de toxicidade de
3% da FPS e limites para Cádmio (3mg/Kg) e
Mercúrio (1mg/Kg) no cascalho.
40. Fontes de hidrocarbonetos no ambiente
marinho
Mecanismos de introdução de
hidrocarbonetos no ambiente com
exceção de derrames de óleo e
efluentes de indústria petrolífera:
v Despejos domésticos e industriais;
v Queima natural ou intencional de
madeira e plantações;
v Drenagens pluviais urbanas;
v Combustão de óleo;
v Processos naturais (cera
epicuticulares de plantas superiores e
algas);
v Exsudações.
43. Fontes de hidrocarbonetos
ü A maioria dos vazamentos de navios-
tanque resulta de operações de rotina
como carga, descarga e
abastecimento, que normalmente
ocorre em portos ou terminais (áreas
criticas);
ü A m a i o r i a d o s v a z a m e n t o s
operacionais são pequenos, com 91%
deles envolvendo quantidades
menores que 7 t;
ü Acidentes envolvendo colisões e
encalhes geralmente representam
risco de derramamento de grande
porte, com quase a metade deles
envolvendo quantidades maiores que
7 t.
45. Comportamento do óleo no mar
Intemperismo do óleo no mar inicia-se imediatamente após o derrame.
Combinação de processos físicos, químicos e biológicos
dependentes das seguintes variáveis:
• Condições da água do mar (salinidade, temperatura, correntes);
• Clima (vento, incidência de radiação solar);
• Presença de bactérias e material particulado na água;
• Propriedades físico-química do óleo derramado (viscosidade,
solubilidade, temperatura).
46. Comportamento do óleo no mar
1. Espalhamento.
Processo que consiste no
movimento horizontal do óleo na
superfície da água, inicia-se logo
após o derrame;
Ventos e correntes influenciam
diretamente no processo;
Óleos menos viscosos tendem a se
espalhar mais rápido.
47. Comportamento do óleo no mar
2. Evaporação.
Perda dos compostos mais
voláteis para atmosfera;
Ocorre nas primeiras 24 h e
reduz o volume do óleo
(< toxicidade ?);
Processo de espalhamento,
fortes ventos, mar agitado e
clima quente influenciam no
processo.
48. Comportamento do óleo no mar
3. Dispersão.
Ocorre nos primeiros dias do
derrame com a quebra da
mancha em pequenas gotículas
suspensas na coluna d` água
facilitando a biodegradação e
sedimentação (ITOPF 2002);
,
Ondas e turbulência marinha
facilitam o processo enquanto
que com óleos mais viscosos
ocorre menor dispersão.
49. Comportamento do óleo no mar
4. Dissolução.
Consiste na transferência dos
compostos do produto derramado
para coluna d`água (Monteiro,
2003);
Processo com grande influência
nas consequências biológicas do
derrame;
Depende do espalhamento, da
d i s s o l u ç ã o , ox i d a ç ã o ( ge ra
p r o d u t o s m a i s s o l ú ve i s ) e
turbulência da água.
50. Comportamento do óleo no mar
5. Emulsificação.
Incorporação de água no óleo
formando uma emulsão água-
óleo (mousse);
Fração extremamente resistente
aos outros processos de
intempérie permanecendo no
ambiente por muito tempo;
Depende da viscosidade do óleo
e do hidrodinamismo do mar.
51. Comportamento do óleo no mar
5. Oxidação.
As moléculas de hidrocarbonetos
reagem com o oxigênio do
ambiente formando compostos
que tendem a ser mais solúveis
e tóxicos (ITOPF 2002);
,
Ocorre na superfície;
Processo lento mas que pode
ser acelerado pelo grau de
espalhamento da mancha e
pelos raios solares fotoxidação.
52. Comportamento do óleo no mar
6. Sedimentação.
Ocorre devido à adesão de partículas
de sedimento ou matéria orgânica ao
óleo;
Processo depende da densidade e das
partículas em suspensão na água;
Quanto maior a densidade do óleo
menor a dependência de partículas
na água para que ocorra o processo,
representa sérios riscos à costa
principalmente para as praias.
53. Comportamento do óleo no mar
7. Biodegradação.
Consiste na degradação do óleo
por microorganismos
naturalmente presentes no mar;
Ocorre na superfície e na coluna
d’água, no sedimento e na costa,
podendo persistir por muitos
anos;
E s t e p r o c e s s o d ep e n d e d a
temperatura, da disponibilidade
de nutrientes.
55. Comportamento do óleo no mar
O reconhecimento destes processos permite aos tomadores de
decisão o rastreamento de possíveis fontes poluidoras, bem
como favorece a elaboração de planos de contingência, de
emergência e estudos de impacto sobre o ecossistema
marinho;
Dessa forma, medidas de prevenção, controle e resposta
poderão ser adotadas com maior eficácia.
56. Plano de contingência
PNC – Plano Nacional de Contingência:
• Diminuição do efeitos;
• Diminuição da magnitude e do alcance do evento.
57. Plano de contingência
1. Parte Estratégica:
Procedimentos de treinamento e simulados, atualização;
Relacionar atores envolvidos e suas funções;
Abrangência geográfica;
Prioridades de atuação e proteção.
2. Parte Operacional:
Procedimentos para comunicação de incidentes;
Acionamento e execução da resposta;
Comunicação entre os grupos executores e para o público externo;
Procedimentos de encerramento.
58. Mapeamento ambiental
Mapeamento da sensibilidade ambiental é um instrumento essencial
para um adequado planejamento e ação de resposta a derrames de
óleo (zoneamento das áreas sensíveis: Costão, Mangue, Maricultura).
Possibilita estimar as descargas de pior caso, o provável deslocamento
das manchas de óleo, bem como as áreas sensíveis que podem ser
atingidas.
Oferece suporte para o plano de contingência
60. Limpeza de ambientes costeiros - Brasil
ü A limpeza do meio e a escolha adequada da técnica a ser utilizada
é crucial para minimização dos danos ecológicos.
Os procedimentos de limpeza empregados têm sido definidos levando-
se em conta, principalmente, aspectos estéticos; aspectos ecológicos
muitas vezes são colocados em segundo plano, o que termina por gerar
impactos adicionais e muitas vezes mais sérios do que os do próprio
derrame de petróleo (Michel et al., 1992, CETESB 2002, ITOPF 2006).
CONAMA 269/2000
– Regulamenta a utilização de dispersantes.
(FILME)
61. Limpeza de ambientes costeiros - Brasil
Métodos de limpeza estão
vinculados aos seguintes fatores:
• Tipo de ecossistema impactado
(levam em conta características e
sensibilidade);
• Tipo de óleo derramado;
• Tipo de equipamento que pode ser
utilizado;
• Custos.
Má escolha do método = Aumento dos danos ambientais
(Milanelli ,1994)
62. Limpeza de ambientes costeiros - Brasil
Opções mais utilizadas para
limpeza dos ambientes costeiros:
• Limpeza natural;
• Remoção manual;
• Uso de materiais absorventes
(turfa vegetal, palha de pinho);
• Bombeamento a vácuo;
• Jateamento com água
(diferentes pressões);
• Remoção de sedimentos;
• Biorremediação induzida;
• Produtos dispersantes.
63. Limpeza de ambientes costeiros - Brasil
1) Manguezais:
Ambiente mais sensível e vulnerável ao impacto do óleo;
Óleo pode persistir neste ecossistema por anos e, neste caso,
as técnicas que permitem limpar ou remover o petróleo são
limitadas (Gundlach & Hayes 1978);
Nestas áreas o American Petroleum Institute (API, 1985)
recomenda:
• Jateamento a baixa pressão;
• Esteiras recolhedoras de óleo (somente na margem);
64. Limpeza de ambientes costeiros - Brasil
Agravantes do processo de limpeza em manguezais:
a. Pisoteio do substrato, plântulas, pneumatóforos, inevitável para
o deslocamento no interior do bosque;
b. Maior penetração do óleo existente no substrato em função dos
orifícios causados pelo pisoteamento e pelos orifícios de
caranguejos;
No Brasil, não é permitido o uso de dispersantes em ambientes
costeiros abrigados e sensíveis, como é o caso dos manguezais
(Brasil,2000).
65. Limpeza de ambientes costeiros - Brasil
2) Praias:
Prioridade de limpeza nestes ambientes em função de dois
fatores:
a. Turismo; Fatores estéticos acima dos ecológicos.
b. Lazer.
Técnicas apropriadas para limpeza de praias (API, 1985):
- Absorção;
- Remoção manual;
- Bombeamento a vácuo;
- Remoção mecânica;
- Biodegradação induzida;
- Dispersão química;
- Limpeza natural.
66. Limpeza de ambientes costeiros - Brasil
§ No litoral de São Paulo os métodos mais utilizados na
limpeza de praias eram:
- Recolhimento manual com pás e enxadas;
- Uso de máquinas pesadas, causando a retirada de grandes
quantidades de areia das praias, principalmente da zona
entremarés.
Consequências
GRAVES PERTURBAÇÕES EM COMUNIDADES BIOLÓGICAS
67. Limpeza de ambientes costeiros - Brasil
v Estudos e avaliações de novos métodos realizados por
Milanelli & Lopes (2001), definiram novas diretrizes que
foram adotadas pela CETESB:
Evitar na zona entremarés o uso de veículos e remoção
mecânica;
Recomendado o uso de rodos e não pás e enxadas;
Utilização de absorvente é eficiente nestes ambientes.
No Brasil é proibido o uso
de dispersantes em
praias.
68. Limpeza de ambientes costeiros - Brasil
3. Costão rochoso:
a. Abrigado:
Indicação de jateamento de
baixa pressão pricipalmente
quando o óleo está fresco e
líquido;
Muitos autores posicionam-se
contra a intervenção nestes
ambientes, exceto por razões
estéticas significativas.
Baixo hidrodinamismo dificulta
remoção natural.
69. Limpeza de ambientes costeiros - Brasil
b. Expostos:
Indicação de limpeza natural
devido ao alto dinamismo, acesso
pode ser perigoso;
Muitas vezes a não intervenção
pode ser ecologicamente mais
adequado para recuperação do
ambiente (CETESB, 2002).
T é c n i c a s re c o m e n d a d a s e m
costões:
- Bombeamento a vácuo;
- Limpeza manual.
70. Efeitos biológicos dos hidrocarbonetos
1. Agudo (Letal):
Ocorre a morte dos organismos
pela toxicidade do composto ou
efeitos físicos (recobrimento,
asfixia);
2. Crônico (Sub-letal):
Efeitos no compor tamento,
crescimento, reprodução ou em
níveis de organização biológica
mais baixos.
72. Efeitos biológicos dos hidrocarbonetos
o Principais efeitos em
comunidades biológicas
costeiras:
- Morte direta por recobrimento ou
asfixia;
- Mor te direta por intoxicação
(benzeno, tolueno e xileno);
- Morte de larvas (mais sensíveis);
- Redução da taxa de fertilização;
- Bioacumulação;
- Incorporação de substâncias
carcinogênicas.
73. Efeitos biológicos dos hidrocarbonetos no
homem
1. Efeito agudo:
- Alterações enzimáticas na mucosa
do trato gastrointestinal;
- Aumento do fígado.
2. Efeito crônico:
- Distúrbios no sistema nervoso;
- No sistema imunológico;
- No sistema nervoso;
- Câncer, tumores.
REACH
74. Principais categorias de organismos
impactados (CETESB, 2000)
1. Fitoplâncton:
Comunidade vegetal microscópica,
base da cadeia alimentar.
- 0,1 ml/L de óleo causam inibição
da divisão celular;
- Dependendo do óleo derramado
pode haver inibição em até 90% da
entrada de luz na coluna de água
interferindo na produtividade
primária.
75. Principais categorias de organismos
impactados (CETESB, 2000)
2. Zooplâncton:
- Pequenos animais que vivem na
coluna d`água, principais
consumidores do fito;
- E l o d e l i g a ç ã o e n t r e o s
produtores primários e os níveis
tróficos mais altos;
- Alimento das grandes baleias.
76. Principais categorias de organismos
impactados (CETESB, 2000)
3. Ictioplâncton:
- Composto por ovos e larvas
de peixes;
- Importância na reposição do
estoque pesqueiro;
- Diminuição dos estoques
pesqueiros.
77. Principais categorias de organismos
impactados (CETESB, 2000)
4. Fito e Zoobentos:
- G r u p o c o n s t i t u í d o p e l o s
equinodermos, moluscos,
crustáceos, poliquetos,
cnidários, algas;
- Camarões, lagostas, ostras e
marisco que são importantes
recursos pesqueiros;
- Bivalves (mexilhão) importante
b i o - i n d i c a d o r, o r g a n i s m o
sentinela, acumula HPA nos
tecidos (Neutral red).
78. Principais categorias de organismos
impactados (CETESB, 2000)
5. Peixes:
- Efeitos crônicos são mais
significativos em peixes pois
causam alterações na
alimentação, migração,
crescimento e reprodução
das espécies;
- Micronúcleo em robalos (São
Vicente);
- Prejuízos econômicos – pesca.
79. Principais categorias de organismos
impactados (CETESB, 2000)
6. Aves:
- Perda da impermeabilidade
da plumagem – prejuízos no
isolamento térmico e na
flutuabilidade;
- Na tentativa de limpar a
plumagem as aves ingerem
óleo.
80. Principais categorias de organismos
impactados (CETESB, 2000)
7. Mamíferos:
- Irritação das mucosas;
- Pe r d a d a t e m p e r a t u r a
corporal (animais com pêlos
para se aquecerem);
- I n a l a ç ã o d e v a p o r e s
podendo levar a morte
81. Efeitos do petróleo nas atividades
socioeconômicas
1. Atividades ligadas ao mar:
• Pesca;
• Maricultura;
• Turismo e lazer.
2. Riscos à saúde pública:
• Intoxicação por alimentos
contaminados;
• Mortes causadas por explosões e
incêndios.
84. Sensibilidade e vulnerabilidade dos
ecossistemas
Resposta do manguezal ao
derramamento ocorre em três fases:
- Sufocação mecânica (efeito agudo);
- Toxicidade química crônica;
- Recuperação.
De acordo com Odum (1975), a
regeneração de um bosque de mangue
pode levar até vinte anos.
Efeitos: Inibição das trocas gasosas
(pneumatóforos), desfolhamento e
morte das árvores.
90. RIMA – Campo de Mexilhão
A importância ambiental da região costeira entre os municípios de
Angra dos Reis (RJ) a Iguape (SP) e o município do Rio de Janeiro
(RJ), onde se insere a área de influência do Projeto Mexilhão, pode
ser comprovada pela existência de 52 Unidades de Conservação
(UC s):
9 Federais;
16 Estaduais;
25 Municipais;
2 Privadas.
91. RIMA – Campo de Mexilhão
Colônias e associações de pescadores localizadas na Área de Influência do
empreendimento.
92. RIMA – Campo de Mexilhão
Fator Ambiental: Ecossistemas aquáticos:
Interferências com os ecossistemas aquáticos devido à instalação dos
dutos terrestres;
Alteração da qualidade da água devido ao revolvimento do sedimento
causado pelo lançamento de dutos marinhos e jateamento hidráulico;
Alteração da comunidade bentônica devido ao impacto mecânico
causado pelo lançamento de dutos marinhos e jateamento hidráulico;
Alteração da qualidade da água devido ao descarte de efluentes
sanitários;
Alteração da qualidade da água devido ao descarte de fluido de
perfuração base água.
93. RIMA – Campo de Mexilhão
Fator Ambiental: Ecossistemas
aquáticos:
Alteração da comunidade bentônica
devido ao impacto mecânico causado
pela instalação das estruturas
submarinas;
Interferência sonora com as populações
de cetáceos devido à geração de ruídos
das atividades de perfuração;
Alteração da biota marinha devido à
mobilização das sondas de perfuração
SS-39 e SS-45 e da instalação da
unidade de produção PMXL-1.
94. Caso Exxon Valdez – Alaska - 1989
Por volta da meia noite de 23 de março,
primeiros minutos do dia 24 de março, de
1989 o navio-tanque Exxon Valdez, que se
dirigia do Alasca para a Califórnia, e se
encontrava fora da rota normal com a
intenção de evitar icebergs encalhou em
Bligh Reef, no Estreito de Prince William,
Alasca, provocando a ruptura de 8
tanques e derramando 11 milhões de
galões (260.000 barris). A maior parte do
óleo foi derramada nas primeiras seis
horas após o encalhe (NOAA, 2004d).
95. Caso Exxon Valdez – Alaska - 1989
Mais de 2.000 Km de costa e 25.600
Km2 foram contaminados em
diversos graus;
Aproximadamente 35.000 aves e
1.000 mamíferos morreram pela
contaminação;
PNC: De 1989 a 1991 com mais de
10.000 pessoas, 1.400 barcos e 85
aviões envolvidos na resposta;
Neste período cerca de 25.000 t de
lixo oleoso e centenas de milhares
de barris de mistura óleo-água
foram recolhidos e dispostos em
aterros.
96. Caso Exxon Valdez – Alaska - 1989
Incapacidade de resposta:
- No momento do acidente a barcaça
destinada à resposta de
derramamento estava em
manutenção;
- Disposição de barreiras no entorno
do navio só estava completa 35
horas depois do vazamento;
- Os problemas de logística no
for necimento de combustível,
refeições, acomodações,
equipamentos de resposta,
gerenciamento de resíduos e outros
recursos foi um dos maiores
desafios para o gerenciamento da
resposta.
97. Caso Exxon Valdez – Alaska - 1989
Estudos sobre este acidente
reconheceram conclusivamente que
havia falta de preparo dentro de toda a
comunidade – quer federal, estadual,
local e industrial – envolvida na
resposta; e que os planos de
contingência elaborados por esta
mesma comunidade não estavam
convenientemente inter-relacionados
(PLOURDE&FORESMAN, 2003).
98. Golfo do México
• Acidente derramou 700 milhões de litros de petróleo no Golfo do
México, nos Estados Unidos;
• Maior desastre ecológico dos EUA;
• A British Petroleum (BP), responsável pelo acidente, se prepara
para explorar áreas no Brasil.
107. Sumário das Resoluções CONAMA
Resolução CONAMA 269/2000 – Dispõe sobre a utilização de
dispersantes químicos;
Resolução CONAMA 293/2001 - Dispõe sobre o conteúdo mínimo do
Plano de Emergência Individual para incidentes de poluição por óleo
originados em portos organizados, instalações portuárias ou
terminais, dutos, plataformas, bem como suas respectivas
instalações de apoio, e orienta a sua elaboração;
Resolução CONAMA 350/2004 - Dispõe sobre o licenciamento
ambiental específico das atividades de aquisição de dados sísmicos
marítimos e em zonas de transição;
Resolução CONAMA 393/2007 - Dispõe sobre o descarte contínuo
de água de processo ou de produção em plataformas marítimas de
petróleo e gás natural, e dá outras providências.