2. Biografia
Nasceu em Minas Gerais, em uma cidade cuja memória
viria a permear parte de sua obra, Itabira. Posteriormente, foi
estudar em Belo Horizonte e Nova Friburgo com os Jesuítas no
colégio Anchieta. Formado em farmácia, com Emílio Moura e
outros companheiros, fundou "A Revista", para divulgar
o modernismo no Brasil. Durante a maior parte da vida foi
funcionário público, embora tenha começado a escrever cedo e
prosseguido até seu falecimento, que se deu em 1987 no Rio
de Janeiro, doze dias após a morte de sua única filha, a
escritora Maria Julieta Drummond de Andrade. Além de poesia,
produziu livros infantis, contos e crônicas.
3. Carreira
Sua estréia oficial deu-se em 1930, com Alguma poesia. Com
esta obra, Drummond inaugura a segunda fase do Modernismo.
Escreveu também prosa que se caracteriza pela riqueza e
expressividade da linguagem e do tema, impregnados de senso de
humor. Atribuem-se essas qualidades, igualmente, à sua obra poética
Sua carreira poética pode ser dividida em 3 fases. Cada uma
delas é composta por obras que nos permitem acompanhar a evolução
de seus temas e sua visão de mundo.
4. 1ª fase: Eu maior que o mundo — marcada pela poesia irônica.
Esta fase (a fase gauche) tem como características o
pessimismo, o isolamento, o individualismo e a reflexão existencial.
Nota-se nesta fase um desencanto em relação ao mundo. Nesta fase,
sem se deixar envolver, o poeta mantém um certo distanciamento do
mundo à sua volta, o que lhe possibilita brincar e soltar a razão,
deixando-a entregue a si mesma, maquinando incertezas e certezas,
mais afeitas a negar e anular que a construir. Daí os temas do
cotidiano, da família, do isolamento, da monotonia entediante das
coisas e do viver, expressos numa linguagem coloquial plena de ironia
seca, sarcasmo e humor desencantado, onde sentimento e emoção
são refreados.
Obras características dessa fase: Alguma poesia, Brejo das
almas e Sentimento do mundo, obra já considerada de transição para
a fase social.
5. 2ª fase: Eu menor que o mundo — marcada pela poesia social.
Esta fase, chamada fase social, é marcada pela vontade do
poeta de participar e tentar transformar o mundo, o pessimismo e o
isolamento da 1ª fase é posto de lado. O poeta se solidariza com os
problemas do mundo. Nesta fase, sem se distanciar, deixa-se envolver
pela realidade à sua volta e canta a impotência e a solidão em um
mundo mecânico, frio e político; a decepção e a falta de perspectiva
diante da fragmentação causada pela guerra; o sofrimento e a
solidariedade do ser humano brasileiro e universal. Temas estes
abordados em tons ora esperançosos, ora desesperançosos, com a
mesma ironia, humor e sobriedade.
Obras características dessa fase: José (1942) e Rosa do
Povo (1945).
6. 3ª fase: Eu igual ao mundo — abrange a poesia metafísica e a
objectual.
Poesia metafísica. Afastando-se da ótica sociológico-realista e da
representação social-concreta, o poeta volta-se para um simbolismo
abstrato. Seu lirismo filosófico reveste-se de um “classicismo
moderno”, em que o poeta concentra-se na escavação do real,
mediante um processo de interrogações e negações que acabam
revelando o vazio existencial. O mundo apresenta-se como “um vácuo
atormentado”, abolindo toda a crença e negando toda a esperança
possível.
Obras características dessa fase: Novos poemas, Claro
enigma, Fazendeiro do ar e A vida passada a limpo.