Apresentação de resumo do texto de Lúcia Bruno, Educação e desenvolvimento econômico no Brasil. Apresentado no II Seminário de Educação, Desenvolvimento e Tecnologias
1. UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO (PPGEDU)
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
Seminário de Linha de Pesquisa III
Educação, Desenvolvimento e Tecnologias
Professor: Telmo Adams
Educação e
desenvolvimento
econômico no Brasil
Lúcia Bruno
Maria do Livramento Alves do Nascimento
Sônia Matos Moutinho
2. Sobre a autora
• Graduação em Ciências Sociais (1976); Mestrado(1982) pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, e Doutorado
(1991) em Sociologia pela Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas Universidade de São Paulo;
• Atualmente é professora livre-docente da Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo.
• Foi Chefe do Departamento de Administração Escolar e
Economia da Educação, Vice-Presidente da Comissão de
Pesquisa;
3. Sobre a autora
• Professora Visitante na École des Hautes Études en Sciences
Sociales de Paris em 2006.
• Professora do Programa de pós-graduação em Integração da
América Latina da USP.
• Possui diversos trabalhos publicados nas áreas de Sociologia
Política e de Educação, trabalhando com os seguintes temas:
educação e trabalho, ensino superior, Estado, políticas
públicas, lutas sociais.
4. Considerações iniciais
• Para Marx a circulação e reprodução do capital envolve
também a reprodução das classes sociais, tanto dos
trabalhadores que estão na ativa como dos que estão no
exército de reserva e, implica a reprodução das novas
gerações de trabalhadores a fim de dá continuidade o circulo
do capital;
• A reprodução das classes sociais envolve o trabalho
assalariado, que garante parte da sobrevivência dos
trabalhadores, bem como os trabalhos realizados fora da
empresa em diversas instancias, inclusive na escola que atua
diretamente na produção das qualificações necessárias para o
exercício do trabalho;
5. Considerações iniciais
• O processo de reprodução da classe trabalhadora global e da
composição do proletariado formado por trabalhadores da
fábrica e de fora dela e, da sociedade como local dessa
reprodução, indica uma nova dimensão do capitalismo, até
recentemente, pouco problematizada. Trata-se da expansão
dos mecanismos econômicos do capitalismo para o conjunto
das instituições sociais, evidenciando a dimensão politica do
capital.
• Para compreender a importância da educação nesse processo
de reprodução e do capital, é necessário coloca-la na relação
das mais-valia o vai permitir fazer sua relação com o
desenvolvimento econômico.
6. A educação nos mecanismos gerais da
acumulação de capital
No século XIX
• O tempo livre dos trabalhadores era voltado para a reposição de energias
dos trabalhadores;
• O trabalho doméstico era considerado não produtivo;
• O trabalho escolar tanto do professor como do aluno não era visto como
atividade que tem lugar na reprodução do capital;
• A vitória nas lutas travadas pelos trabalhadores pela a obtenção da
fixação/redução da jornada de trabalho e melhores salários, levou os
capitalistas a recorrerem ao uso crescente de maquinaria o que possibilitou
a diminuição da jornada de trabalho e o aumento do tempo livre do
trabalhador.
• Novos mecanismos foram criados pelos capitalistas para controlar o tempo
livre do trabalhador, buscando convertê-lo em trabalho produtivo voltado
para a reprodução da força do trabalho.
7. A educação nos mecanismos gerais da
acumulação de capital
Nesse sentido,
• O lazer, o trabalho doméstico e o trabalho escolar passam por
reorganizações sucessivas;
• A expansão da educação escolar estava diretamente subordinada ao
aumento do controle do capital;
• Instituiu-se a obrigatoriedade da matricula de crianças e jovens em
idade escolar;
• Os poderes constituídos fecharam/reprimiram as escolas
controladas pelos trabalhadores, sobretudo as de concepções
libertárias e anarquistas;
• O controle da produção da capacidade de trabalho (qualificação)
deveria ser feita pelo Estado.
8. A educação nos mecanismos gerais da
acumulação de capital
Assim,
• a educação publica era condicionada para atender as
necessidades de determinadas especialidades, da nova
tecnologia, das novas estratégias, de controle social e,
sobretudo das necessidades oriundas do novo quadro
disciplinar que se tornou dominante.
• Os sistemas educacionais foram criados com base em modelos
burocráticos inicialmente inspirados na teoria clássica da
administração e reorganizados ao longo do século XX,
sucessivamente a partir dos modelos de gestão e
administração empresarial. Passando os professores e outros
profissionais da educação ter seus trabalhos regidos pela Lei
do valor.
9. A educação na dinâmica da mais-valia
absoluta e relativa
Mais-valia
• É a resultante da troca desigual de tempos de trabalho (tempo de
trabalho despendido durante a jornada de trabalho e tempo de
trabalho necessário a reprodução do trabalhador), isto é, a mais-
valia resulta da capacidade do trabalhador de despender, durante o
processo de realização de suas atividades produtivas, um tempo de
trabalho superior ao que tem em si incorporado.
• Essa capacidade, não garante que ocorrerá a desigualdade na troca
dos tempos de trabalho, isso vai depender do trabalhador,
considerando que a exploração é uma relação social estruturada no
e pelo conflito entre as classes, não se tem nunca garantia de que o
trabalho excedente será produzido.
10. A educação na dinâmica da mais-valia
absoluta e relativa
Mais-valia absoluta
• O aumento do tempo excedente do trabalho (produção) em
decorrência do aumento do tempo de trabalho (horas extras)
realizado pelo trabalhador, isto é, o aumento da produção de
mercadorias resulta das horas a mais trabalhadas, não
alterando o valor de custo do produto.
• Intensificação da jornada de trabalho com a eliminação do
trabalho improdutivo (tempos mortos), comprimindo-os, o
que faz aumentar o tempo de trabalho e a quantidade de
mercadorias produzidas, sem qualquer alteração na
qualificação do trabalhador.
11. A educação na dinâmica da mais-valia
absoluta e relativa
Mais-valia relativa
• O aumento do tempo de trabalho excedente (produção) obtido por
meio da diminuição do valor incorporado nos bens e serviços
consumidos pelos trabalhadores, o que permite a redução do tempo
necessário destinado a sua reprodução, ampliando-se, portanto o
tempo de trabalho excedente.
• O aumento do tempo do trabalho excedente resulta da passagem do
trabalho simples para o trabalho complexo. Tal passagem ocorre
mediante inovações tecnológicas, fazendo diminuir o valor de cada
unidade produzida.
• A diminuição do valor desses bens e serviços implica a introdução de
inovações tecnológicas, remodelações técnicas e organizacionais
gerais que permitem o crescimento do número de bens e serviços
produzidos numa mesma fração de tempo, diminuindo
consequentemente o tempo de trabalho socialmente necessário para
a produção de cada unidade, desencadeando o aumento da
produtividade.
12. A educação na dinâmica da mais-valia
absoluta e relativa
Mais-valia absoluta ≠ Mais-valia relativa
• A mais-valia relativa aumenta a produtividade sem a
necessidade de aumentar as horas trabalhadas ou intensificar
a jornada de trabalho do trabalhador e, sem a diminuição dos
bens e serviços consumidos pela classe trabalhadora
enquanto na mais-absoluta, o aumento do tempo de trabalho
excedente resulta da redução (falta) dos bens e serviços
(inovações) incorporados na força de trabalho, ou do aumento
real da jornada de trabalho ou ainda pela conjugação dos dois
processos.
13. A educação na dinâmica da mais-valia
absoluta e relativa
Resultados decorrentes da confluência dos fatores
apresentados
• Mais-valia relativa – aumento da instrução geral, reforçando o
papel da escola e do meio social, no processo formativo das
novas gerações de trabalhadores.
• Mais-valia absoluta – como se trata apenas de estender a
jornada de trabalho ou intensificá-la sem inovação
tecnológica, sem aumento da produtividade o que se observa
é um quadro de estagnação da economia e dos sistemas
educativos.
14. A educação na dinâmica da mais-valia
absoluta e relativa
• A autora ressalta que em uma região ou país não se opera
apenas com uma dessa forma de exploração. Elas existem
articuladas, às vezes no interior de uma mesma cadeia
produtiva. O que se pode dizer é que existem economias que
predomina uma ou outra forma com consequências bem
distintas para o desenvolvimento econômico e para a classe
trabalhadora.
16. Universalização da educação, massificação e
reprodução da classe trabalhadora
• A Universalização resulta do interesse dos capitalistas em
explorar uma força de trabalho capaz de realizar atividades
mais complexas e produtivas, quanto das pressões e lutas das
famílias e dos jovens por acesso a níveis superiores de
qualificação e aos certificados exigidos pelo mercado de
trabalho.
• A Massificação resulta da ação do capital para reduzir os
processos formativos às exigências estritas da reprodução do
capital, daí muitas vezes suscitar a apatia dos estudantes ou
sua revolta contra os sistemas de ensino.
17. Universalização da educação, massificação e
reprodução da classe trabalhadora
A reorganização do mercado de trabalho resultante da
reestruturação dos processos de trabalho, a composição da
classe trabalhadora foi alterada. Acelerou-se o processo de
proletarização de profissionais, cuja capacidade de trabalho não
tinha sido até então submetido à forma de mercadoria (os
profissionais liberais).
Exemplo: Profissionais liberais tornaram-se assalariados de
grandes empresas, estando submetidos à mesma racionalidade
e controle tal como qualquer trabalhador dos setores
tradicionalmente subordinados ao capital.
18.
19. Universalização da educação, massificação e
reprodução da classe trabalhadora
• Temos uma composição da classe trabalhadora e uma nova
hierarquização em seu interior, regida por diferentes níveis de
qualificação e pela posição que ocupam na cadeia de
produção de valor (se são ou não trabalhadores estratégicos).
• Essa hierarquização se reproduz no interior dos sistemas de
ensino em âmbito mundial e está na base das reformas
educacionais, inclusive do nível superior.
• Processo de Bologna – Unificação de um espaço Europeu de
educação superior. ( 47 países)
• Encontro de Jontien – Conferência Mundial sobre Educação.
• As orientações passam a ser de âmbito mundial.
20. Universalização da educação, massificação e
reprodução da classe trabalhadora
A necessidade de expandir a acesso à educação para as
populações mais pobres, ao tempo em que se reconhece o
papel da mulher na reprodução da força de trabalho nas regiões
mais pauperizadas do mundo, a urgência em direcionar os
processos educativos diretamente para o trabalho, a defesa da
ação de novos agentes tanto na oferta quanto na
regulamentação da educação em âmbito mundial, foi um marco
na institucionalização de novas estratégias de reprodução da
força do trabalho global.
A educação deixa de ser uma questão nacional e passa a ser
pensada, planejada e regulada por centros de poder que vão
muito além dos estados Nacionais.
21. Universalização da educação, massificação e
reprodução da classe trabalhadora
• Como impor o trabalho enquanto controle social numa
situação em que o capital se mundializou e o uso intensivo da
maquinaria, da ciência e da tecnologia são redutores de
trabalho vivo, aumentando o desemprego estrutural.
• Uma das saídas é incorporar os jovens sem emprego em
atividades voltadas para a reprodução da classe trabalhadora,
por meio de incentivo ao empreendedorismo individual, ao
trabalho junto a comunidades, o que para a autora trata-se de
um novo mecanismo de controle, na medida em que o
capitalismo se efetiva por meio da imposição do trabalho a
todos os que não possuem meios de produção necessários à
sua sobrevivência.
22. Universalização da educação, massificação e
reprodução da classe trabalhadora
• Tal contexto requer a reformulação da educação
• A pedagogia da competência é a forma contemporânea de
subordinar a aprendizagem às novas necessidades do
capital, tanto no que se refere aos trabalhadores que atuam
dentro da empresa com os que atuam fora, encarregando-se
da reprodução da classe trabalhadora em diferentes âmbitos.
• Ao lado da necessidade de trabalhadores mais qualificados
colocada pelo desenvolvimento tecnológico e as mudanças no
sistema capitalista, coloca-se também a necessidade da
reformulação dos currículos, o repensar da duração dos cursos
do nível pós médio e superior, objetivando adequá-los à nova
segmentação do mercado de trabalho, bem como demarca-lo
relativamente aos cursos direcionados para a formação de
gestores e capitalistas.
23. Universalização da educação, massificação e
reprodução da classe trabalhadora
• O conhecimento a ser transmitido às novas gerações de
trabalhadores em qualquer nível de ensino dever inteiramente
instrumentalizado; é fundamental que o aluno saiba
transformar o saber escolar em técnicas de trabalho e em
comportamento adaptativo aos novos códigos disciplinares (
ser proativo, saber resolver problemas no ambiente de
trabalho e na comunidade e ser capaz de trabalhar sob
pressão, assinalar as regras da competição imposta a classe
trabalhadora)
24. Universalização da educação, massificação e
reprodução da classe trabalhadora
• A exigência de mais anos de escolaridade e conhecimento
mais complexo, não inclui o domínio de pensamento teórico
sólido e investigativo, ao contrário, trata-se apenas de garantir
o aprendizado de conhecimento meramente instrumental e as
competências trabalhadas são de caráter adaptativo as
exigências do sistema. É esse o sentido da massificação da
educação, inclusive a superior.
• Essa massificação não implica necessariamente a
universalização do acesso a todos os níveis de ensino no
mesmo patamar de complexidade, pois se rege por uma lógica
própria.
25. Valor de uso e valor de troca da educação
• A abordagem do valor de uso e valor troca da educação e sua
incidência no desenvolvimento econômico a partir da questão
da qualificação.
• A qualificação é como uma estrutura cujos elementos, além
de mutáveis historicamente, se apresentam hierarquizados
entre si a partir de uma determinada lógica, que por sua vez é
dada pelas relações sociais de produção vigentes em
processos de trabalhos que são distintos entre si, do ponto de
vista das formas de exploração.
• Historicamente, a qualificação diz respeito à capacidade do
trabalhador de realizar tarefas requeridas pela tecnologia
utilizada, a partir de dois componentes básicos, um muscular
e o outro intelectual.
26. Valor de uso e valor de troca da educação
O que as empresas que operam com tecnologias intensivas
valorizam? (p.555)
• Escolaridade crescente;
• Conhecimento tácito relacionado com a experiência do
trabalhador no exercício de sua função.
• Capacidade de tomar decisões e prevenir desajustes
operacionais;
• Capacidade de comunicação que permita o estabelecimento
de referências comuns e proposições de ações conjuntas entre
trabalhadores que desempenham funções distintas com
diferentes graus de complexidade;
• Habilidade manual que permita utilização eficiente de
equipamentos de alta precisão técnica;
27. Valor de uso e valor de troca da educação
• Capacidade de inovação no âmbito das atividades
desempenhadas;
• Capacidade de selecionar e relacionar informações variadas;
• Capacidades de assimilação de códigos e normas disciplinares
e de comportamento;
Articulando,
• Aspectos de personalidade e atributos relacionados à
condição étnico-cultural, de gênero e geracional.
28. Valor de uso e valor de troca da educação
• A qualificação deve ser vista a partir do valor de uso e valor de
troca
• Ser qualificado é , na perspectiva do capital, possuir algum
tipo de capacidade de trabalho passível de ser utilizada na
produção de valor, de mais-valia.
• Uma mercadoria tem valor de uso porque tem um valor ao ser
utilizada. Satisfaz alguma necessidade socialmente dada.
Possui também valor de troca quando não é imediatamente
útil a quem a possui.
• Para o capitalista, a capacidade de trabalho é valor de uso,
pois ele é que irá explorá-la, tendo em vista a produção da
mais-valia.
29. Valor de uso e valor de troca da educação
• Para o trabalhador, é valor de troca, pois não sendo proprietário dos
meios de produção não pode utilizá-la em beneficio próprio, tendo
de vendê-la ao capitalista para garantir sua sobrevivência. E valor de
uso quando o trabalhador se organiza para lutar contra a
exploração, por melhores condições de trabalho e de vida; quando
utiliza sua capacidade de pensar e se organizar para seu próprio
beneficio.
p.57
• No capitalismo o real consumidor da qualificação da força de
trabalho é o capital, já que para o trabalhador ela é mercadoria
alienável, valor de troca. Por isso o interesse do capitalismo
controlar os processos formativos, devendo estes produzir
capacidade de trabalho dentro dos padrões exigidos pela
organização do trabalho e pela tecnologia utilizada, o que envolve
conhecimento e disciplina.
30. Valor de uso e valor de troca da educação
Além disso,
• Como o valor da força de trabalho é dado pelo tempo de
trabalho socialmente necessário para a sua produção e
reprodução, os processos formativos e, portanto a educação
escolar, devem estar sob o controle estrito do capital, também
porque é fundamental garantir o aumento permanente da
produtividade do trabalho, com o objetivo de compensar o
aumento dos anos de escolaridade e da complexidade dos
processos formativos exigidos pelo desenvolvimento
tecnológico.
• Se a produtividade dos processos escolares for baixa, o valor
da força de trabalho aumentará a cada geração o que vai
repercutir de forma negativa no montante da mais-valia
produzida pelas novas gerações.
31. Valor de uso e valor de troca da educação
p.558
• A educação a distância é mais uma das estratégias, cada vez mais
utilizada para trabalhar os processos formativos, constituindo-se um
novo passo na busca do aumento da produtividade do trabalho
escolar. Neste caso o trabalho do professor atinge um grande
numero de alunos, com o auxilio da tecnologia digital, podendo
alcançar uma produtividade jamais conhecida até hoje.
• As inovações, da mesma forma que a massificação, estão associadas
ao aumento da escolaridade e da complexidade dos processos
formativos da classe trabalhadora.
• No século XX, houve um acréscimo geral das qualificações dos
trabalhadores, uma vez que o aumento da produtividade dos
processos formativos passou a ser questão de sobrevivência do
capitalismo, com o objetivo reduzir o valor da reprodução da classe
trabalhadora, especialmente, das novas gerações.
32. Valor de uso e valor de troca da educação
• Para o capital é um desperdício formar a totalidade das novas
gerações num mesmo grau de complexidade, pois com a dinâmica
do mercado formal, altamente estratificado e poupador de força de
trabalho, muitos jovens não serão inseridos, irão para a reserva ou
executarão trabalhos simples que exigem baixo grau de
complexidade.
• Da mesma forma que a geladeira deixou de ser um bem de luxo
presente apenas nas casas burguesas e passou a fazer parte dos
lares de trabalhadores (aumentando a produtividade do trabalho
doméstico), em decorrência das inovações tecnológicas que
produziram o tempo de trabalho socialmente necessário para a sua
fabricação, a educação deixou de ser privilégio dos filhos das
famílias de capitalistas, gestores e profissionais liberais, para
constituir-se um processo geral de produção de capacidade de
trabalho e controle social.
33. Valor de uso e valor de troca da educação
• Intensificar o trabalho do professor, aumentar a jornada e
reduzir o valor da sua força de trabalho por meio de baixos
salários, são mecanismos típicos da mais-valia absoluta.
Historicamente, isso gera apatia e desinteresse dos docentes
do por seu trabalho, o que, por sua vez, agrava o quadro de
baixa produtividade e compromete ainda mais a qualidade do
ensino, impedindo o recurso à mais-valia relativa, num circulo
vicioso que só agrava o quadro geral.
• O que se denomina hoje, no Brasil, degradação do ensino
é, pelo menos em um aspecto, a dificuldade de se obterem
ganho de produtividade, na forma atual da organização do
ensino, tendo de se recorrer a mera redução de custos.
34. Valor de uso e valor de troca da educação
Nesse sentido,
• A própria formação de professores, embora realizada em nível
superior, não tem conseguido alterar o quadro;
• A obediência aos mecanismos da mais-valia absoluta
(precarização do trabalho docente
universitário, principalmente, nas instituições de ensino
privadas, baixos salários, extensas jornadas de
trabalho, número excessivo de estudantes em sala de
aula, ausência de formação teórica e em pesquisa, e educação
a distancia na formação inicial tem comprometido a formação
das novas gerações de professores etc);
35. Valor de uso e valor de troca da educação
• Do ponto de vista do trabalhador, o valor de troca da
educação está relacionado com o valor que suas aptidões
adquiridas durante o processo formativo têm no mercado de
trabalho, seja ele formal ou informal.
• Quando se inaugura um novo patamar tecnológico e um ciclo
da mais valia-relativa se inicia, os trabalhadores formados em
patamares tecnológicos anteriores sofrem uma desvalorização
aguda.
36. REFERÊNCIAS
• BRUNO, Lúcia. Educação e desenvolvimento econômico no
Brasil. Revista Brasileira de educação. V. 16, n. 48, p. 545-
562, set./dez., 2011. Disponível em:<
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413
-24782011000300002&Ing=pt&nrm=iso>. Acesso em: 26 set.
2012.