Uma pesquisa mostra que 56,1% dos brasileiros acreditam que a economia vai piorar nos próximos meses. Entre os pessimistas, 61,3% afirmam que sua situação financeira piorou devido ao endividamento, queda na renda e desemprego. Como consequência, os consumidores planejam cortar gastos com itens não essenciais e lazer para economizar.
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56% dos brasileiros acreditam que a economia vai piorar nos próximos meses em relação a 2014
1. 56% dos brasileiros acreditam que a economia vai piorar
nos próximos meses em relação a 2014, diz SPC Brasil
Dentre os pessimistas, 61% afirmam que sua condição financeira se agravou:
endividamento, queda da renda e desemprego são os principais responsáveis
A maioria dos brasileiros está pessimista com os rumos da economia do Brasil e
56,1% acreditam na piora do cenário nos próximos meses em relação a 2014. É o
que mostra o estudo “O Cenário Econômico na Visão dos Consumidores”, elaborado
pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela CNDL (Confederação Nacional
de Dirigentes Lojistas). Os dados mostram uma piora em relação às expectativas
avaliadas em uma pesquisa de março: na época, 47,0% esperavam um cenário pior
em 2015. No caso dos que esperam uma situação melhor, a porcentagem era de
27,0%, e recuou para 17,8%.
Entre os que acreditam em um agravamento da crise, a maioria (61,3%)
argumenta que a sua própria condição financeira piorou em relação ao ano
passado. As razões para esse fato são o endividamento (30,7%), a queda da renda
(15,4%) e o desemprego (15,2%). De acordo com o estudo, apenas um em cada
dez (11,2%) entrevistados está otimista e imagina que a situação vai melhorar.
Para o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, é importante analisar a
visão do consumidor para ter um termômetro de como a atividade econômica se
encontra. “O consumidor começa a acreditar que a economia vai piorar, já que
muitos percebem que o poder de compra está menor, seja em razão do desemprego
e da alta da inflação, seja por que agora se encontram endividados”, explica. “Assim,
muitos decidem cortar gastos e isso acaba afetando diretamente o consumo e a
economia.”
Os dados do estudo também mostram que, para os consumidores, as consequências
diretas do cenário econômico em crise são a restrição ao consumo, a percepção de
alta dos juros e o difícil acesso ao crédito.
47,7% deixarão de consumir produtos não essenciais
Como resultado de uma condição financeira pior, o consumo será diretamente
impactado: 47,7% dos consumidores que acreditam em uma piora das condições
econômicas do país no segundo semestre pretendem deixar de consumir coisas que
não precisam tanto a fim de economizar, e 37,1% porque terá menos dinheiro.
Outros 44,7% garantem que farão menos compras parceladas. De acordo com o
2. estudo, três em cada dez consumidores (29,7%) pretendem trocar a marca de
alguns produtos que compram por outras mais baratas.
Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a população está
percebendo que deve priorizar o consumo do que é essencial no dia a dia. “É
perceptível que as conquistas celebradas pelas medidas econômicas dos anos
anteriores estão entrando em um retrocesso e gerando impacto no consumo dos
brasileiros, sobretudo aquele voltado aos bens de menor importância”, diz Kawauti.
Entre os hábitos de consumo a serem mudados, 61,3% pretendem diminuir a
compra de produtos supérfluos, e o setor mais afetado será o de alimentação:
47,7% têm a intenção de cortar os gastos com refeições fora de casa, sobretudo os
consumidores pertencentes às classes C, D e E (55,7%). As despesas com lazer
também devem ser afetadas: 43,1% pretendem diminuir gastos com cinema e
33,7% com bares e restaurantes. Outros cortes incluem itens de supermercado de
menor necessidade, como iogurtes, congelados, carne, leite e bebidas (35,4%).
Outra consequência de uma pior condição financeira dos brasileiros é a falta de
liquidez, ou seja, menos dinheiro no bolso. “A população está cada vez mais com
dificuldades para poupar”, alerta Kawauti. Cerca de 40,4% dos entrevistados
acreditam que ficará mais difícil economizar e fazer reservas financeiras, e apenas
três em cada dez consumidores (35,2%) pretendem fazer aplicações periódicas, seja
na poupança ou em outros investimentos, nos próximos seis meses.
60,5% dos consumidores consideram o acesso ao crédito mais difícil
“Essa situação também é reflexo do acesso ao crédito, que está sendo reduzido em
um momento onde os indicadores econômicos tem mostrado desaceleração e até
mesmo retração”, explica a economista do SPC Brasil. Para 60,5% dos consumidores
entrevistados, o acesso ao crédito está mais difícil – percentual bem acima dos
34,0% verificados na pesquisa de março. Outros 81,4% dos brasileiros têm a
percepção de que os juros aumentaram nos empréstimos, cartão de crédito e cheque
especial – também maior que os 57,0% identificados em março desse ano.
Como meio de driblar a crise, o estudo mostra que a atitude mais adotada pelos
brasileiros é a de organizar as contas da casa (67,4%), pagar à vista a maioria das
compras (31,8%) e evitar compras parceladas (29,9%). Para Kawauti, o consumidor
está correto e deve dar atenção aos princípios da educação financeira e evitar cair
nas tentações das compras por impulso.
71,9% ainda pretendem comprar roupas e calçados
Embora o estudo aponte sinais de que a crise econômica cause alterações no
comportamento do consumidor, outros dados sugerem que ainda é alta a intenção
3. de compra em alguns setores. Considerando as intenções dos entrevistados para os
próximos seis meses, observa-se que parte dos consumidores ainda possuem
desejos de compra: 71,9% mencionam a intenção de adquirir vestuário e calçados e
38,1% mencionam a intenção de adquirir móveis, eletrodomésticos ou
eletroeletrônicos, 40,8% afirmam pensar em comprar parcelado no cartão de
crédito.
Segundo o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, esse dinheiro deveria ser
utilizado para pagamentos de dívidas, reservas financeiras ou investimentos. “Ao
mesmo tempo em que boa parte dos entrevistados compreende a necessidade de
limitar os gastos devido a um cenário econômico desfavorável, muitos acabam
cedendo, seja por necessidade, seja por dificuldades em fazer contas e conter o
consumismo”, explica Vignoli.
Metodologia
Foram ouvidas 605 pessoas das 27 capitais brasileiras em julho e julho, com idade
igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. A
margem de erro é de 4,0 pontos percentuais e a confiança é de 95%. Os dados
foram pós-ponderados para ficarem representativos ao universo estudado.
Baixe a pesquisa na íntegra e a metodologia clicando no link:
https://www.spcbrasil.org.br/imprensa/pesquisas
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