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Agradecimentos
Quero agradecer a todas as pessoas que com seu interesse sem medidas, fez com que esse
projeto de tradução andasse. E quero agradecer aos leitores com seu apoio incondicional.

Moderador
Patryck Pontes

Tradução
Cícero
Bárbara A.
Aline
Agnes
Rafaela
CR. Oliveira
Liliane

Revisão
Patryck Pontes
Antes de embarcar em uma jornada de vingança, cave duas covas.
-CONFUCIUS
ALGUMAS AMIZADES NUNCA MORREM

Você já conheceu alguém com nove vidas? Como aquele “ser do espaço” que quebrou sete
ossos em seu corpo no verão passado, mas de alguma forma levou sua equipe em gols nesta
temporada de lacrosse.
Ou aquela duas caras que se sentava ao seu lado em geometria, que ela colou nas provas
e ferrava os amigos pelas costas , a vadia-mor. E que vivia desfilando pra lá e pra cá. Mrow.
Os relacionamentos podem ter nove vidas, também. Como o namorado que você lutou e
fez por merecer por dois anos seguidos? Ou o BFF conivente que você perdoou novamente e
novamente? Ela nunca esteve totalmente morta para você, não é? Mas talvez seria melhor se
estivesse.
Quatro meninas bonitas de Rosewood encontram-se diante de uma velha "amiga da
onça" que achavam ter sido queimada, literalmente. Mas eles já deveriam saber que nada em
Rosewood está realmente terminado.
De fato, algumas antigas e perdidas melhores amizades continuam apenas para conseguir o que
realmente importa .
Vingança.
― O último que estiver fora do penhasco compra o jantar! ― disse Spencer Hastings
dando nós duplos nas cordas de seu biquíni Ralph Lauren correndo até a borda das rochas que
tinha a vista para o mar turquesa mais bonita que já tinha visto. Isso foi dizer muito,
considerando que a família Hastings tinha ido à praticamente todas as ilhas do Caribe, até
mesmo as pequenas que exigiram um avião particular para chegar.
― Logo atrás de você! ― Aria Montgomery disse, enquanto chutava para o alto
suas Havaianas flip-flops, fazendo um coque em seu longo e sinuoso cabelo azulpreto . Ela não se preocupou em tirar as pulseiras dos braços ou os brincos de penas que
balançavam em suas orelhas.
― Fora do meu caminho! ― Hanna Marin passou as mãos sobre o estreito quadril e ela
ainda esperava que continuassem estreitos após a placa maciça de um tipo de mariscos
fritos que tinha comido e do peixe Bem Vindo à Jamaica que viu fritando naquela tarde.
Emily Fields se levantou deixando a camisa em uma pedra grande e plana. Quando
ela chegou à beira e olhou para baixo, uma onda de tontura bateu nela. Ela parou e cobriu a
boca até que o sentimento passasse. As meninas pularam de um precipício e caíram na
água quente e tropical, exatamente ao mesmo tempo.
Elas surgiram, rindo - todas ganharam e perderam! E olhando para o Cliffs , o resort
jamaicano alto acima de suas cabeças. O prédio de estuque rosa, que abrigava as salas,
estúdio de ioga, dança, clube e spa, elevou-se até as nuvens, e havia várias pessoas ociosas em
suas varandas sombreadas ou comendo algo no convés.
As palmeiras balançavam e as aves nativas cantavam. Um som bem fraco de uma
versão tambor de aço de "Redemption Song" de Bob Marley flutuava pelo ar.
― Paraíso ― Spencer sussurrou. As outras murmuraram em acordo.
Este foi o refúgio ideal, o oposto completo de Rosewood, na Pensilvânia, onde as quatro
meninas viviam.
Claro, o subúrbio de Filadélfia era como um cartão-postal, resplandecente, com
espessura, matas exuberantes, mansões expansivas, trilhas a cavalo, idílicos
e pitorescos celeiros velhos em ruínas do século XVII, mas depois do que tinha
acontecido poucos meses antes, as meninas precisavam de uma mudança de cenário. Elas
precisavam esquecer de que Alison DiLaurentis, a garota que costumava admirar e adorar e
toda a gente queria ser , havia tentado matá-las.
Esquecer era impossível, no entanto. Apesar de dois meses terem se passado desde o
que aconteceu, as memórias continuavam assombrado elas, visões vagando como fantasmas.
Gosto de como Alison pegou suas mãos e disse a cada uma delas que ela não era sua
irmã gêmea, Courtney, como seus pais haviam alegado, mas sua melhor amiga que voltara
do túmulo.
Ou como Ali convidou-as para casa de sua família em Poconos, dizendo que seria o
reencontro perfeito. Como, logo depois que eles chegaram, Ali levou-as a um quarto no andar
de cima e pediu que a deixassem hipnotizar-las exatamente como tinha feito na noite em
que desapareceu na sétima série. Em seguida, ela bateu a porta, trancou pelo lado de fora, e
deslizou uma nota embaixo dizendo-lhes exatamente quem ela era. . . e quem ela não era.
Seu nome era Ali, tudo bem. Mas acabou que elas não tinham sido amigas da Ali real. A
menina que escreveu essa nota na casa de Poconos não era a mesma garota que
tinha arrancado Spencer, Aria, Emily, Hanna da obscuridade em Rosewood Day no início
da sexta série. Tampouco era a menina com quem tinha trocado roupas, fofocas, tinham
competido, e “veneraram” por um ano e meio.
Isso tinha sido Courtney o tempo todo, posando como Ali, entrando em sua vida logo
depois que a sexta série começou. Esta Ali, a Ali real, era uma estranha. Uma menina que as
odiava com cada grama de seu ser. A verdadeira “A” que tinha matado Ian Thomas, que
queimara as madeiras atrás da casa de Spencer, que tinha assassinado Jenna Cavanaugh por
saber demais, e também a pessoa que matou sua irmã gêmea Courtney na fatídica noite da festa
do pijama das meninas na sétima série. E ela planejava que as meninas seriam as próximas.
Assim que as meninas leram a última frase da carta horrível, seus narizes começaram a
contrair com o cheiro de fumaça, a Ali real tinha encharcado a casa em gás e acendido um
fósforo. Elas escaparam a tempo, mas Ali não tinha sido tão feliz. Quando a cabine explodiu,
Ali ainda estava dentro. Ou não era ela? Havia muitos rumores de que ela não conseguiu sair
viva. A história toda foi a público agora, incluindo o interruptor duplo, e mesmo que ela fosse
uma assassina de sangue frio, algumas pessoas ainda estavam fascinados com a verdadeira Ali
como sempre ocorria.
Pessoas afirmaram ter visto Ali em Denver, ou Minneapolis, ou Palm Springs. As
meninas tentaram não pensar nisso. Elas tiveram que seguir em frente. Elas não tinham nada a
temer.
Duas figuras apareceram no topo do penhasco. Um deles foi Noel Kahn, namorado de
Aria, o outro era Mike Montgomery, seu irmão e namorado de Hanna.
As meninas remaram para as etapas esculpidas na rocha.
Noel entregou a Aria uma toalha grande bem fofa que tinha as falésias de Negril na
Jamaica costurada na parte inferior na linha vermelha.
― Você fica tão sexy nesse biquíni ― disse Noel.
― Sim, certo ― Aria abaixou a cabeça e olhou para os seus membros pálidos.
Certamente não tão quente quanto as deusas louras que ficavam passando óleo o dia
todo em seus braços longos e pernas que já eram bronzeados . Se ela tivesse pego Noel
verificando-os, ou era apenas paranóia ciumenta para obter o melhor dela?
― Estou falando sério ― Noel belsicou a bunda de Aria . ― Eu fiquei segurando sua
skinny- dipping nesta viagem. E quando fomos à Islândia, e ficamos nus nas piscinas
geotérmicas ― completou Noel. Aria corou.
Noel deu uma cotovelada nela.
― Você está empolgado com a Islândia, não é?
― Claro. ― Noel havia surpreendido Aria com ingressos para ela, ele mesmo, Hanna,
e Mike para irem à Islândia neste verão com todas as despesas pagas pela sua família.
Aria certamente não poderia dizer que havia ficado três anos numa ilha bucólica na
Islândia depois que Ali desapareceu. Mas ela sentiu uma estranha resistência sobre a viagem,
um pressentimento estranho que ela não deveria ir. O porque, ela não tinha certeza.
Depois que as meninas caíram em suas cangas, vestidos de praia e no caso de Emily em
uma enorme camiseta Urban Outfitters com as palavras Merci Beaucoup impressos na frente,
Noel e Mike as levaram a uma mesa no restaurante panorâmico tropical.
Toneladas de outros adolescentes também de férias de primavera estavam
no bar, paquerando e tomando algumas doses. Um nó de meninas em mini-vestidos
e saltos altos, tiras riram em um canto. Rapazes altos e bronzeados em calções pólo
confortáveis calçando tênis da puma brindavam com suas garrafas de cerveja enquanto
conversavam sobre esportes. O ar tinha um pulso elétrico, que brilhava com uma promessa
de conexões ilícitas, memórias bêbadas, e nadadas altas horas da noite na piscina do resort de
água salgada.
O ar também vibrava com outra coisa, algo que as quatro meninas perceberam
instantaneamente. Excitação, certamente. . . mas também uma pitada de perigo. Parecia uma
daquelas noites que tudo poderia ir de maravilhosamente bem. . . para terrivelmente errada.
Noel perguntou:
― Bebidas? O que vamos pedir?
― Red Stripe (a clássica cerveja da Jamaica) ― Hanna respondeu. Spencer e Aria
acenaram com a cabeça em concordância
― Emily? ― Noel virou para ela.
― Somente uma cerveja de gengibre ― disse Emily.
Spencer tocou em seu braço e disse
― Você está bem?
Emily não era uma grande festeira, mas era estranho que ela não estivesse aproveitando
pelo menos um pouco das férias.
Emily apertou a mão sobre a boca. Em seguida, levantou-se desajeitadamente da mesa e
correu em direção ao banheiro pequeno no canto.
― Eu só tenho que. . . ― Emily não conseguiu completar.
Todo mundo viu como ela costurou em torno das crianças na pista de dança e se
enfiou às pressas pela porta rosa do banheiro. Mike fez uma careta e disse:
― Isso é a vingança de Montezuma, o Imperador Asteca.
― Eu não sei... ― Aria disse. Eles tinham tido o cuidado de não beber água da
torneira aqui. Mas Emily não tinha sido ela mesma desde o fogo. Ela tinha sido apaixonada
por Ali. A menina que ela pensava ser sua melhor amiga e que tinha voltado para quebrar seu
coração e tentar matá-la tudo isso deve ter sido duplamente devastador.
O telefone celular de Hanna zumbiu, quebrando o silêncio. Ela puxou-o para fora de sua
bolsa de praia feita de palha e gemeu.
― Bem, é oficial. Meu pai está correndo para o Senado. Este idiota em sua equipe de
campanha já está pedindo para se encontrar comigo quando eu voltar.
― Sério? ― Aria pôs o braço em volta dos ombros da Hanna.
―- Hanna, isso é incrível!
― Se ele ganhar, você vai ser uma Primeira Filha! ― disse Spencer. ― Você vai estar
nas revistas da sociedade!
Mike arrastou sua cadeira para mais perto de Hanna.
― Posso ser seu agente do Serviço Secreto pessoal?
Hanna pegou um punhado de chips de banana de uma bacia em cima da mesa e
empurrou-as em sua boca.
― Eu não vou ser a primeira filha. Kate vai ― murmurou enraivada.
A enteada de seu pai e sua nova esposa eram agora sua verdadeira
família agora. Hanna e sua mãe foram rejeitadas.
Aria bateu na mão de Hanna e as pulseiras do braço dela se agitaram em seu pulso.
― Você é melhor do que ela é, e você sabe disso.
Hanna revirou os olhos com desprezo. Ela era grata a Aria por tentar animá-la. Essa foi
à única coisa boa que tinha saído da desastrosa Ali: As quatro eram melhores
amigas novamente, com vínculo ainda mais forte do que na sétima
série. Elas prometeram permanecer amigas para sempre.
Nada jamais iria ficar entre elas novamente.
Noel voltou com as bebidas, e todo mundo brindou e disse:
― Sim, mon! ― Em seus acentos jamaicanos falsos. Emily voltou cambaleando do
banheiro, ainda enjoada, mas sorriu com alegria quando tomou um gole da cerveja de gengibre.
Depois do jantar, Noel e Mike andaram até uma tabela de hockey no canto e começaram
a trocar passes. O DJ aumentou o volume da música, e a voz de Alicia Keys começou a explodir
no aparelho de som. Várias pessoas se contorciam na pista de dança. Um rapaz com cabelo
castanho ondulado e um excelente físico chamou a atenção de Spencer e acenou para ela se
juntar a ele.
Aria cutucou Spencer.
― Vá em frente Spence!
Spencer virou corando. E tentou disfarçar.
― Ele parece o remédio perfeito para você esquecer o Andrew ―
Hanna insistiu. Andrew Campbell, o namorado de Spencer, tinha termindado com ela há um
mês, aparentemente o calvário de Spencer com Ali e A fora “uma barra muito intensa" para ele
segurar. ”Coitadinho”
Spencer olhou para o cara na pista de dança novamente. Na verdade, ele era bonito em
seus longos shorts cáqui e sapatos de barco. Então ela viu a insígnia em sua pólo. EQUIPE
DE PRINCETON. Princeton era a faculdade que ela queria cursar. Hanna se iluminou,
percebendo a insígnia também.
― Spence! É um sinal! Vocês podem acabar sendo companheiros de dormitório!
Spencer desviou o olhar.
― Não é como se fosse certo de que conseguirei a vaga ― Spencer completou.
As meninas trocaram um olhar surpreso.
― Claro que você vai ― Emily disse calmamente.
Spencer pegou a cerveja e tomou um gole generoso, ignorando os olhares curiosos. A
verdade era que se descuidara nos últimos meses com seus trabalhos escolares, após a
sua suposta BFF tentar matá-las? A última vez que verificou algo com o seu orientador sobre
sua posição na classe, havia escorregado ao vigésimo sétimo lugar.
Ninguém ficou tão baixa que nunca entrou em uma das univeridades da Ivy (Brown,
Columbia, Cornell, Darmouth, Cambrigde, Pensilvânia, Princeton e Yale).
― Eu prefiro ficar com vocês meninas ― disse Spencer. Ela não queria pensar sobre a
faculdade nas férias.
Aria, Emily, e Hanna encolheram os ombros, então, ergueram os copos mais uma vez.
― A nós ― disse Aria.
― A nossa amizade ― Hanna concordou.
Cada uma das meninas deixou suas mentes vagarem para um lugar zen, e pela primeira
vez em dias, elas não pensaram automaticamente em seu passado horrível. Nem as mensagens
de A voltaram a se formar em suas mentes. Rosewood parecia um sistema solar diferente.
O DJ colocou para tocar uma música antiga da Madonna, Spencer se levantou dizendo:
― Vamos dançar galera.
Os outros começaram a saltar para cima também, mas Emily agarrou o braço de
Spencer com força, puxando-a de volta para baixo dizendo:
― Não se mova.
― O quê? ― Spencer olhou para ela. ― Por quê?
Olhos de Emily eram discos, o seu olhar fixo em algo pela escada em espiral.
― Olhem.
As meninas se viraram e olharam. Uma garota magra, loura em um vestido amarelo
brilhante apareceu no corredor. Ela tinha olhos azuis impressionantes, lábios alinhados e rosas,
uma cicatriz sobre sua sobrancelha direita. Mesmo de onde elas estavam sentadas poderiam
distinguir mais cicatrizes em seu corpo: pele enrugada em seus braços, lacerações em
seu pescoço, a carne seca em suas pernas nuas. Mas, apesar das cicatrizes, ela irradiava beleza e
confiança.
― O que é isso? ― Aria murmurou.
― Você a conhece? ― perguntou Spencer.
― Não consigo ver ― Emily sussurrou, sua voz estava trêmula . ― Isso não parece
óbvio?
― O que supostamente estaríamos vendo? ― Aria disse suavemente, preocupada.
― Aquela garota ― Emily virou-se para elas, seu rosto estava pálido e seus lábios sem
sangue. ― É... Ali.
DEZ MESES DEPOIS...
1
GRANDE FESTINHA

Um fornecedor rechonchudo com as mãos impecavelmente bem cuidadas empurrou uma
bandeja fumegante de queijo gosmento na cara de Spencer Hastings.
— Brie assado?
Spencer escolheu um biscoito e deu uma mordida grande. Delicioso. Não era todo dia
que serviam Brie assado em sua própria cozinha, mas nesta noite de sábado em particular, sua
mãe dava uma festa para dar as boas vindas a uma nova família no bairro. Sra. Hastings não
estava no humor de bancar a anfitriã nos últimos meses, mas ela teve uma explosão de
entusiasmo social.
Veronica Hastings entrou apressada na sala, uma nuvem de Chanel N° 5 estava ao redor
dela, seus brincos balançavam em suas orelhas e havia um grande anel de diamante em seu dedo
direito. O anel era uma recente compra de sua mãe, que havia trocado todas as joias que o pai de
Spencer dera. Seu cabelo loiro acinzentado caia em seu rosto, seus olhos pareciam grandes
graças a maquiagem bem aplicada. Ela usava um vestido preto da Pilatestoned que exibia seus
braços.
— Spencer, sua amiga está aqui para trabalhar na sessão de casaco — Sra. Hastings
disse apressadamente, enquanto ela colocava um par de pratos na máquina de lavar louças e
dava uma olhada na cozinha para checar pela décima vez se faltava algo. — talvez você devesse
ir ver se ela precisa de alguma coisa.
— Quem? — Spencer torceu o nariz, ela não havia pedido para ninguém trabalhar hoje.
Geralmente sua mãe contratava estudantes da Faculdade Hollis, a Universidade que
havia na estrada. A mãe de Spencer deixou escapar um suspiro impaciente e verificou seu
reflexo impecável na porta de aço inoxidável da geladeira.
— Emily Fields, eu a contratei pelos estudos.
Spencer se enrijeceu, Emily estava aqui? Ela não a havia convidado. Ela não conseguia
se lembrar qual foi a última vez que ela havia falado com Emily, havia meses. Mas a sua mãe, e
o resto do mundo, ainda pensavam que elas eram amigas íntimas. A capa da revista People era a
culpada, por publicar, logo após a real Ali tentar matá-las e mostrou Spencer, Emily, Aria e
Hanna dando um abraço coletivo com a seguinte manchete: Muito bonitas, mas definitivamente
não são mentirosas. Recentemente um repórter ligou para a casa de Spencer para solicitar uma
entrevista com as quatro para o aniversário daquela noite terrível em Poconos, que seria no
próximo sábado, o público queria saber como as meninas estavam um ano depois.
Spencer negou a entrevista e tem certeza que as outras meninas também.
— Spence?
Spencer se virou e viu que sua mãe havia se retirado e que sua irmã Melissa estava em
seu lugar, com seu corpo envolto em uma capa de chuva cinza, um par de calças pretas finas de
J. Crew.
— Hey
Melissa estendeu a mão e deu um grande abraço em Spencer, Spencer sentiu que ela
cheirava Chanel N° 5, Melissa era um clone de sua mãe, mas Spencer ignorou isso.
— É tão bom te ver! — Melissa soava como uma tia que há muito tempo não via
Spencer, desde que ela era uma criança, mesmo que tivesse ido esquiar na Bachelor Gulch no
Colorado há dois meses. Então alguém saiu de trás dela.
— Oi Spencer — disse o homem a direita de Melissa. Ele parecia estranho em uma
jaqueta, gravata e calças cáqui com vincos perfeitamente alinhados nas pernas. Spencer estava
acostumada de vê-lo com o uniforme da polícia de Rosewood com uma arma na cintura. Darren,
policial Daren Wilden, havia sido o detetive na investigação do assassinato de Alison
DiLaurentis.
Ele havia questionado Spencer sobre o desaparecimento de Ali, que na verdade era
Courtney, diversas vezes.
— O-oi — Spencer disse observando como Wilden enrolava seus dedos nos de Melissa.
Os dois estavam namorando há quase um ano, mas ainda era estranho. Se Melissa e
Wilden tivessem procurado o par perfeito no eHarmony, o site nunca os conectaria.
No passado, Wilden havia sido um mau elemento de Rosewood Day, a escola particular
onde todos estudavam, o garoto escrevia mensagens sujas nas paredes do banheiro, fumava
cigarros na sala do professor de ginástica.
Melissa, por outro lado, havia sido oradora da sala e rainha do baile, sua ideia de ficar
bêbada era comer metade de uma trufa recheada com licor holandês.
Spencer também sabia que Wilden havia crescido em uma comunidade Amish em
Lancaster na Pensilvânia e que havia fugido quando era adolescente. Será que ele já havia
partilhado essa sua história com Melissa?
— Eu vi a Emily quando eu entrei — disse Wilden — Vocês vão assistir aquele filme
louco feito para a TV no próximo final de semana?
— UHM — Spencer fingiu arrumar a blusa, não querendo responder a pergunta.
Wilden se referia ao filme Pretty Little Killer, um docu-drama que iria recontar a
história do retorno na verdadeira Ali, e A, e a sua morte.
Em uma vida paralela, as quatro iriam, provavelmente, ver o filme juntas, iriam analisar
as meninas que haviam sido escolhidas para interpretá-las, reclamando do diálogo impreciso e
estremecendo ao ver a insanidade de Ali. Mas não agora, após a Jamaica, a amizade entre elas
começou a desmoronar. Atualmente, Spencer não conseguia permanecer na mesma sala com
nenhuma de suas amigas sem se sentir ansiosa e impaciente.
— O que vocês estão fazendo aqui? — Spencer perguntou, desviando a conversa para
longe do passado — Não que eu me importe claro.
Ela disparou um sorriso para Melissa. As irmãs tiveram seus problemas no passado, mas
elas tentaram colocar tudo isso para trás após o incêndio no ano passado.
— Oh, nós estamos apenas de passagem para pegar umas caixas que eu deixei para trás
no meu antigo quarto — Melissa disse — daqui nós vamos para a loja Kitchens and Beyond. Eu
te falei? Eu estou redecorando minha cozinha, eu quero um tema mais Mediterrâneo. E Darren
está se mudando para lá.
Spencer levantou uma sobrancelha para Wilden.
— E o seu trabalho em Rosewood? — Melissa vivia em uma casa luxuosamente
reformada em Rittenhouse Square na Filadélfia, um presente de seus pais por ser formar na
Penn. — Será uma longa viagem todos os dias.
— Eu me demiti da polícia mês passado — Wilden sorriu — a Melissa me conseguiu
um emprego de segurança no Museu de Arte da Filadélfia, eu vou correr nas escadas de
mármore todos os dias como o Rocky.
— E proteger valiosas pinturas — Melissa lembrou.
— Então de quem é essa festa afinal? — Wilden pegou dois copos do balcão de granito
e serviu a ele e Melissa vinho tinto.
Spencer deu de ombros para a sala.
— Uma nova família que se mudou para a casa do outro lado da rua. Eu acho que minha
mãe está tentando fazer boa impressão.
— A casa dos Cavanaugh? — Wilden se endireitou — Alguém comprou esse lugar?
— Deve ter sido um negócio e tanto — Melissa estalou a língua — eu não viveria lá
nem de graça.
— Acho que estão tentando apagar as memórias — Spencer resmungou.
— Bem que seja, saúde! — Melissa inclinou o copo e bebeu.
Spencer ficou olhando para o chão. Era doido que alguém houvesse comprado a casa
dos Cavanaugh, os dois filhos deles haviam morrido enquanto viviam lá. Toby cometeu suicídio
logo depois que voltou do reformatório. Jenna havia sido estrangulada e jogada em uma vala
atrás da casa por Ali, a verdadeira Ali.
— Então, Spencer — Wilden virou-se para ela novamente — você está mantendo um
segredo.
A cabeça de Spencer se ergueu, seu coração disparou.
— Me desculpa?
Wilden tinha instinto de detetive. Ele poderia dizer que ela estava escondendo algo?
Certamente ele não sabia nada sobre a Jamaica. Ninguém poderia saber sobre isso enquanto ela
vivesse.
— Você entrou em Princeton! — Wilden falou — Parabéns!
Lentamente o ar preencheu o pulmão de Spencer.
— Oh, verdade, descobri há um mês atrás.
— Eu não podia deixar de me gabar com ele Spence — Melissa sorriu — espero que
você não se importe.
— E a decisão antecipada também — as sobrancelhas de Wilden subiram — incrível!
— Obrigada. — Mas a pele de Spencer pinicava, como se ela tivesse passado muito
tempo no sol. Ela havia feito um esforço sobre-humano para retornar ao topo do ranking de sua
classe para assegurar seu lugar na Universidade de Princeton.
Ela não estava exatamente orgulhosa de tudo o que ela havia feito, mas ela o fez. A Sra.
Hastings voltou a cozinha e bateu levemente nos ombros de Spencer e Melissa.
— Por que vocês não estão circulando na festa? Eu estou falando das minhas duas filhas
brilhantes faz dez minutos e as quero mostrar.
— Mãe — lamentou Spencer, embora secretamente se sentisse feliz quando sua mãe
tinha orgulho de ambas, e não apenas de Melissa.
A mãe de Spencer a dirigiu até a porta, felizmente a Sra. Norwood, uma mulher com
quem a mãe de Spencer regularmente jogava tênis bloqueou seu caminho. Quando ela viu a Sra.
Hastings, seus olhos brilharam. Ela agarrou os punhos da mãe de Spencer.
— Veronica! Estou morrendo de vontade de falar com você! Bom jogo querida!
— Desculpe? — a mãe de Spencer parou e lhe deu um sorriso largo e falso.
— Não finja que nada está acontecendo! — Sra.Norwood baixou o queixo timidamente
e piscou — Eu sei sobre Nicholas Pennythistle! Ótima escolha!
A mãe de Spencer ficou pálida.
— O-oh — os olhos dela esvoaçavam para as suas duas filhas — eu não disse
exatamente.
— Quem é Nicholas Pennythistle? — Melissa interrompeu, sua voz estava afiada.
— Um ficante? — Spencer repetiu.
A sra. Norwood na hora percebeu a sua gafe e recuou até a sala. A sra. Hastings
enfrentou suas filhas. Uma veia em seu pescoço se destacou.
— Hum Darren, nos dá licença por um momento?
Wilden assentiu e se dirigiu para a sala principal, a Sra. Hastings afundou em uma das
banquetas e suspirou.
— Olha, eu ia contar pra vocês esta noite, depois que todos fossem embora. Eu estou
namorando alguém, seu nome é Nicholas Pennythistle e acho que é sério, gostaria que vocês o
conhecessem.
— Não é um pouco cedo? — o queixo de Spencer caiu, como poderia a mãe dela estar
namorando novamente?
O divórcio só foi finalizado há alguns meses, antes do natal, ela ainda estava deprimida,
andando pela casa de moletom de chinelos.
— Não, não é muito cedo, Spencer — Sra. Hastings respirou profundamente.
— O meu pai sabe? — Spencer via seu pai praticamente todo final de semana, os dois
iam a exposições de arte e assistiam a documentários na cobertura de seu pai na Cidade antiga.
Recentemente, Spencer havia percebido indícios de uma mulher no apartamento, uma escova de
dentes extra, uma garrafa de bebida, e ela percebeu que ele estava saindo com alguém.
Ela havia achado muito cedo, mas agora a mãe dela também estava saindo com alguém.
Ironicamente Spencer era a única pessoa em sua família que não namorava.
— Sim, seu pai sabe — respondeu a Sra. Hastings exasperada — eu disse a ele ontem.
A garçonete voltou para a cozinha.
A mãe de Spencer colocou mais champanhe.
— Eu gostaria que vocês jantassem com Nicholas no Goshen Inn, comigo e com os
filhos dele, amanhã a noite, portanto liberem suas agendas. E vistam algo legal.
— Filhos? — Spencer murmurou.
Estava ficando pior. Ela imaginou passar a noite com dois pirralhos usando aparelhos e
propensão para torturar pequenos animais.
— Zachary de 18 e Amélia de 15. — a mãe de Spencer respondeu secamente.
— Bem mãe, eu acho maravilhoso — Melissa disse sorrindo brilhantemente — claro,
você deve seguir com a sua vida! Bom pra você!
Spencer sabia que deveria dizer algo nesse sentido também, mas nada veio a sua mente.
Ela que havia exposto a traição de seu pai com a mãe de Ali, e que Ali e Courtney eram meiairmãs dela e de Melissa. Se ela não o fizesse, A o faria.
— Agora se misturem meninas, isso é uma festa!
A sra. Hastings agarrou nos braços de Melissa e Spencer e as empurrou para a sala.
Spencer cambaleou para o espaço que estava cheio de pessoas do bairro, do clube e da
associação de pais de Rosewood Day. Um bando de garotos que conheciam Spencer desde o
jardim da infância estavam reunidos ao lado da janela do lado da casa, tomando champanhe.
Naomi Zeigler gritava com Mason Byers que fazia cócegas nela. Sean Ackard estava
em uma profunda conversa com Gemma Curran. Mas Spencer não tinha vontade de falar com
nenhum deles. Em vez disso ela caminhou em direção ao bar, ela poderia muito bem tomar uma
bebida, nesse instante, ela prendeu seus saltos na borda do tapete. Suas pernas ficaram e, de
repente ela estava no ar. Ela estendeu a mão para um dos quadros pintados a óleo na parede e
conseguiu recuperar o equilíbrio antes que quebrasse seu nariz no chão, mas várias cabeças
viraram e olharam para ela.
Emily chamou a atenção dos olhos de Spencer antes dos outros, Spencer não conseguia
desviar o olhar, Spencer então, voltou para a cozinha, elas não estavam se falando agora e
sempre. A temperatura da cozinha estava ainda mais quente do que antes. Os cheiros de
salgados fritos, e queijos picantes importados deixaram Spencer tonta.
Ela se inclinou no balcão, respirando profundamente. Quando ela olhou para a sala
novamente, os olhos de Emily haviam se desviado, ótimo. Mas em seu lugar, alguém estava
olhando para ela, Wilden havia visto claramente a troca silenciosa de olhares entre ela e Emily.
Spencer quase podia ver as engrenagens funcionando na cabeça do ex-detetive. O que poderia
ter causado essa figura perfeita, a capa de uma revista de uma amizade destruída e queimada?
Spencer bateu a porta da cozinha e se retirou para o porão, levando uma garrafa de
champanhe com ela. Muito ruim, Wilden. Isso era um segredo que nem ele, nem ninguém
jamais saberia.
2
PELES, AMIGAS E RISADAS DISTANTES

— Por favor, não use um cabide de arame — disse rispidamente uma senhora de cabelos
grisalhos, enquanto tirava seu trench Burberry e colocava nos braços de Emily Fields. Então,
sem sequer agradecer, a mulher entrou no centro da sala dos Hastings e sentou-se em um sofá.
Esnobe.Emily pendurou o casaco, que cheirava a uma mistura de água de colônia, cigarros e
cachorro molhado em um cabide, fixou uma etiqueta de verificação e colocou-o no grande
armário de carvalho no escritorio do Sr. Hastings. Os dois Labradoodles de Spencer, Rufus e
Beatrice, ofegavam do outro lado da porta, frustrados por terem ficado trancados por causa da
festa. Emily deu um tapinha na cabeça deles e eles abanaram suas caudas. Pelo menos eles
ficaram felizes em vê-la.
Quando voltou para sua posição na mesa de verificação de casacos, olhou com cautela
ao redor da sala. Spencer ainda estava na cozinha. Emily não tinha certeza se sentia alívio ou
desapontamento.
A casa dos Hastings era a mesma de sempre: quadros antigos da família pendurados no
hall de entrada, luxuosas cadeiras e sofás franceses na sala e pesadas cortinas douradas cobrindo
as janelas. No passado, quando elas estavam no sexto e sétimo ano, Emily, Spencer, Ali e outras
alegavam que a sala era um quarto em Versalhes. Ali e Spencer quase sempre brigavam sobre
quem seria Maria Antonieta, e Emily quase sempre era relegada a ser uma dama de honra. Uma
vez, enquanto Ali se fazia de Maria Antonieta, obrigou Emily a fazer-lhe uma massagem nos
pés.
— Você sabe que você adora isso. — ela brincou.
O desespero enrolou Emily como uma forte onda no mar. Era doloroso pensar sobre o
passado. Se somente pudesse colocar as memórias em uma caixa e enviá-las para o Pólo Sul e
estar livre delas para sempre.
— Você está encurvada — uma voz sussurrou.
Emily olhou para cima. Sua mãe estava à sua frente, com a testa franzida e os cantos da
sua boca enrugados em uma careta. Ela usava um vestido azul que chegava a um lugar pouco
atraente entre os joelhos e panturrilhas, e uma bolsa de pele de cobra falsa debaixo do braço que
parecia como se levasse um pedaço de pão francês.
— E sorria, — disse a Sra Fields — Você parece miserável.
Emily encolheu os ombros, o que deveria fazer? Sorrir como uma louca? Começar a
cantar?
— Este trabalho não é exatamente divertido — disse ela.
As narinas da Sra Fiels se dilataram.
— A Sra. Hastings foi muito amável, dando-lhe esta oportunidade. Por favor, não
abandone isso como fez com todo o resto.
Ouch. Emily se escondeu atrás de uma cortina de cabelo louro avermelhado.
— Eu não vou abandonar.
— Então, basta fazer o seu trabalho. Fazer algum dinheiro. Deus sabe que cada pequena
coisa conta.
A Sra Fields saiu, colocando um rosto feliz para os vizinhos. Emily caiu na cadeira,
segurando as lágrimas. Não abandone isso como você fez com todo o resto. Sua mãe havia
ficado furiosa quando Emily saiu da equipe de natação em junho do ano passado, sem
explicação, para passar o verão na Filadélfia. E nem tinha voltado para a equipe de Rosewood
Day no outono. No mundo competitivo da natação, pular alguns meses significa problemas,
especialmente durante a fase de seleção para a bolsa de estudos. Perder duas temporadas era a
perdição. Seus pais estavam devastados. Você não percebe que não podemos pagar a
universidade se não conseguir uma bolsa de estudos? Você não percebe que você está jogando
seu futuro pelo cano?
Emily não sabia como responder a essas perguntas. Não havia nenhuma maneira de
dizer por que abandonou a equipe, não enquanto estivesse viva. Finalmente, ela se encontrou
com seus companheiros de equipe a algumas semanas atrás na esperança de que algum caçador
de talentos ficasse com pena dela e lhe desse uma oportunidade de última hora. Um recrutador
da Universidade do Arizona esteve interessado nela no último ano, e Emily havia se agarrado à
idéia de que eles ainda a queriam na equipe. Mas hoje, ela teve de deixar esse sonho pra tras.
Ela pegou o celular de sua bolsa e verificou novamente o email de rejeição do
recrutador. Lamento dizer... simplesmente não tem espaço suficiente... boa sorte.
Bastava ler essas palavras, e seu estômago começava a se agitar.
De repente, a sala começou cheirar alho assado e Altoids de canela. O quarteto de
cordas que estava em um canto da sala soava horrivelmente fora de sintonia. As paredes
pareciam fechadas ao redor de Emily. O que faria no próximo ano? Conseguir um emprego e
morar em sua casa? Ir para a faculdade comunitária?
Tinha que sair de Rosewood , se ela ficasse ali, as terríveis lembranças a engoliriam até
que nada restasse dela.
Uma garota alta e com cabelo preto se aproximou do armário de pratos chamando sua
atenção. Aria.
O coração de Emily disparou. Spencer tinha agido como se tivesse visto um fantasma
quando cruzaram os olhares, mas talvez Aria reagisse de forma diferente. Enquanto a observava
olhando os enfeites do armario, agindo como se os objetos na sala fossem mais importantes do
que as pessoas, algo que ela sempre fazia quando ficava sozinha durante as festas. Emily foi
superada pela nostalgia. Ela saiu de trás da mesa e se aproximou de sua ex-amiga. Se pudesse
correr para Aria e perguntar como ela estava. Dizer o que tinha acontecido com a bolsa de
natação. Pedir um abraço. Se elas não tivessem ido para a Jamaica juntas, ela poderia.
Para sua surpresa, Aria olhou para cima e focou em Emily. Seus olhos se arregalaram.
Seus lábios franziram.
Emily se endireitou e ofereceu um pequeno sorriso.
— H-hey.
Aria estremeceu.
— Hey.
— Eu posso levar isso para você, se quiser. — Emily assentiu com a cabeça em direção
ao casaco roxo de Aria, que ainda estava firmemente amarrado na sua cintura. Emily estava com
Aria quando comprou o casaco em um brechó na Filadélfia no ano passado, pouco antes de sair
para as férias de primavera juntas. Spencer e Hanna tinham falado para Aria que o casaco
cheirava a uma senhora idosa, mas ela tinha comprado de qualquer maneira.
Aria colocou as mãos nos bolsos do casaco.
— Tudo bem.
— O casaco fica bem em você. — disse Emily. — O roxo sempre foi a tua cor.
Um músculo no maxilar de Aria se moveu. Parecia que ela queria dizer alguma coisa,
mas fechou a boca com força. Então seus olhos se iluminaram com algo do outro lado da sala.
Noel Kahn, o namorado dela correu para Aria e a envolveu com seus braços.
— Eu estava te procurando.
Aria deu-lhe um beijo como comprimento e foi embora sem dizer uma palavra para
Emily. Um grupo de pessoas no centro da sala explodiu em risadas. Sr. Kahn, que cambaleava
como se tivesse bebido demais, começou a tocar no piano dos Hastings a valsa "Danúbio Azul".
De repente, Emily não podia suportar ver a festa por mais tempo. Ela correu pela porta da frente
pouco antes que as lágrimas começaram a cair.
Lá fora, o ar estava muito quente para fevereiro. Ela caminhou pelo lado da casa até o
quintal dos Hastings, com lágrimas caindo silenciosamente por suas bochechas.
A visão do quintal de Spencer era tão diferente agora. O antigo celeiro que ficava na
parte de trás da propriedade não existia mais. A verdadeira Ali, tinha queimado no ano passado.
Havia apenas pó preto e a área queimada. Emily duvidava que algo voltasse a crescer
novamente nesse lugar. Ao lado estava a antiga casa DiLaurentis. Maya St. Germain, com quem
Emily teve alguma coisa no terceiro ano secundario, ainda morava lá, embora não tinham mais
se visto. No quintal da frente, o Santuário de Ali, que tinha ficado alí por muito tempo para
Courtney — sua Ali—, tinha sumido. O público ainda estava obcecado. Os jornais descreviam o
aniversário do incendio de Alison DiLaurentis, e por outro lado tinha o horrível filme biográfico
de Alison, Pretty Little Killer, mas ninguém queria elogiar um assassina.
Pensando nisso, Emily colocou a mão no bolso da calça jeans e sentiu a borla de seda
que ela levava durante o último ano. Apenas sentir já a tranquilizava.
Um pequeno choro soou e Emily se virou. Apenas a 20 metros de distância, quase
totalmente integrada com o tronco do gigante carvalho da casa dos Hastings, estava uma
adolescente com um bebê pequeno.
— Shhh! — Sussurrou a garota. Então ela olhou para Emily com um sorriso de
desculpas. — Desculpe. Eu vim aqui para ela se acalmar, mas não está funcionando.
—Tudo bem. — Emily secretamente enxugou os olhos. Ela olhou para o bebê. — Qual
é o nome dela?
— Grace. — A garota levantou o bebê em seus braços. — Diga oi, Grace.
— É... sua? — A garota parecia ter a mesma idade de Emily.
— Oh Deus, não. — A menina riu. — É da minha mãe. Mas ela está lá dentro,
conversando, então eu estou de babá. — Puxou a grande bolsa de fraldas de seu ombro. — Você
se importaria de segurar ela por um segundo? Eu tenho que pegar a mamadeira, mas está no
fundo.
Emily piscou. Não havia segurado um bebê há muito tempo.
— Bem, está bem ...
A garota entregou o bebê, que estava enrolado em um cobertor rosa e cheirava a talco.
Sua boca vermelha se abriu e as lágrimas apareceram em seus olhos.
— Tudo bem — Emily disse ao bebê. — Você pode chorar. Eu não me importo.
Uma ruga se formou na pequena testa de Grace. Ela fechou a boca e olhou para Emily
com curiosidade. Sentimentos tumultuados percorreram Emily. Suas lembranças vibravam,
prontas para se libertarem, mas ela rapidamente empurrou-as para o fundo.
A garota levantou a cabeça da bolsa de fraldas.
— Ei! É natural. Você tem irmãos ou irmãs?
Emily mordeu o lábio.
— Não, apenas uma mais velha. Mas eu fui babá um monte de vezes.
— Está explicado — sorriu. — Sou Chloe Roland. Minha família acabou de se mudar
aqui de Charlotte.
Emily se apresentou.
— Qual escola você vai?
— Rosewood Day. Vou para o ultimo ano.
Emily sorriu.
— É onde eu vou!
— Você gosta? — Chloe perguntou, procurando a mamadeira.
Emily segurou as costas de Grace. Se gostava de Rosewood Day? A escola recordavalhe Ali, e A. Cada canto, cada sala tinha uma lembrança que preferia esquecer.
— Eu não sei — disse, e inadvertidamente, deixou escapar um forte suspiro.
Chloe viu o rosto de Emily cheio de lágrimas.
— Está tudo bem?
Emily enxugou os olhos. Seu cérebro invocou as palavras eu estou bem e não importa,
mas não poderia dizê-las.
— Eu só descobri que eu não consegui uma bolsa de estudos para entrar na
universidade, — ela disse abruptamente. — Meus pais não podem dar-se ao luxo de me enviar
sem ela. Foi minha culpa. Eu... Eu desisti da natação neste verão. A equipe não me quer agora.
Eu não sei o que eu faço.
Novas lágrimas cairam em cascata pelo rosto de Emily. Desde quando andava por aí
lamentando-se sobre seus problemas com garotas que não conhecia?
— Sinto muito. Tenho certeza que você não queria ouvir isso.
Chloe bufou.
— Por favor. É mais do que qualquer outro me disse nesta festa. Então, você nada?
— Sim.
Chloe sorriu.
— Meu pai é um grande doador na Universidade da Carolina do Norte, onde ele se
formou. Ele pode ser capaz de ajudar.
Emily olhou para cima.
— A UCN tem uma grande escola de natação.
— Talvez poderia conversar com ele sobre você.
Emily olhou.
— Mas você não me conhece!
Chloe tomou Grace em seus braços.
— Você parece simpática.
Emily olhou Chloe mais de perto. Tinha um rosto redondo, brilhantes olhos avelãs e
cabelos longos e castanhos da cor de um pudim de chocolate. Suas sobrancelhas pareciam que
não tinham sido feitas há tempo, e usava pouca maquiagem, e Emily tinha certeza que tinha
visto o vestido que Chloe estava usando no The Gap. Agradou-lhe por não se esforçar tanto.
A porta de entrada da casa dos Hastings foi aberta e alguns convidados sairam pela
varanda. Uma centelha de medo subiu pelo peito de Emily. Checar Casacos!
— T-Tenho que ir, — ela disse, virando-se. — Eu deveria estar verificando os casacos.
Provavelmente, vou ser demitida agora.
— Foi um prazer conhecê-la! — Acenou Chloe. — E, hey! Se você precisar de
dinheiro, você pode cuidar da Grace para nós segunda-feira? Meus pais não conhecem ninguém
ainda, e eu tenho uma entrevista na universidade.
Emily parou na grama congelada.
— Onde você mora?
Chloe riu.
— Tudo bem. Isso seria uma grande ajuda, hein? Ela apontou para a casa em frente.
— Alí.
Emily olhou para a grande casa vitoriana e suspirou. A família de Chloe tinha se
mudado para a antiga casa dos Cavanaugh.
— Hum, com certeza. — Ela despediu-se e correu em direção à casa. Ao passar pela
linha de grossos arbustos que separavam a propriedade dos Hastings com a DiLaurentis ouviu
uma risada aguda.
Ela parou de repente. Alguém estava olhando? Estava rindo? O riso desapareceu nas
árvores. Emily se arrastou até a calçada, tentando tirar o som de sua cabeça. Ela estava ouvindo
coisas. Ninguém olhava para ela agora. Esses dias felizmente desapareceram, hà muito, muito
tempo.
Certo?
3
APENAS OUTRA FAMÍLIA POLÍTICA PERFEITA

Naquela mesma noite de sábado, Hanna Marin sentou-se com seu namorado, Mike
Montgomery, num antigo armazém de garrafas de vidro que virou estúdio de fotografia em
Hollis, no centro da cidade. O espaço de pé-direito alto estava cheio de luzes quentes, várias
câmeras, e vários cenários diferentes, um pano azul, uma cena de outono, e uma tela coberta
com uma grande bandeira americana tremulando, que Hanna achou insuportavelmente brega.
O pai de Hanna, Tom Marin, estava em meio à multidão de conselheiros políticos,
ajustando a gravata e alisando suas linhas. Ele estava concorrendo para o Senado dos EUA no
próximo Novembro, e hoje ele estava filmando seu primeiro comercial político que iria
introduzi-lo como senador da Pensilvânia. Sua nova esposa, Isabel, estava ao lado dele,
ajeitando seus cabelos na altura do queixo, alisando seu terno vermelho com ombreiras – ugh –
de esposa poderosa e fiscalizando sua pele alaranjada em um espelho de mão Chanel.
— Sério, — Hanna sussurrou para Mike, que estava pegando outro sanduíche do
carrinho de comida. — Por que ninguém diz para Isabel deixar a Tan Mystic? Ela parece um
Oompa Loompa.
Mike riu, apertando a mão de Hanna, enquanto sua meia-irmã, Kate, passou deslizando.
Infelizmente, Kate não era clone de sua mãe, parecia que ela tinha passado o dia no salão
destacando seus cabelos castanhos, colocando cílios postiços, e clareando os dentes para que ela
ficasse absolutamente perfeita para o grande comercial de seu pai. Padrasto, não que Kate já
tenha feito distinção. E não que o pai de Hanna já o fez, também.
Então, como se sentisse que Hanna estava pensando coisas desagradáveis sobre ela,
Kate se mostrou mais.
— Vocês deveriam estar ajudando. Há muito que fazer.
Hanna deu um gole apático da lata de Diet Coke que tinha roubado do refrigerador.
Kate tinha tomado para si a tarefa de assistente do pai como algum estagiário ávido em The
West Wing.
— Como o quê?
— Você poderia me ajudar a executar as minhas falas —, Kate sugeriu de modo
autoritário. Ela cheirava a sua loção para o corpo favorita de Jo Malone Fig & Cassis, que
parecia a Hanna como uma ameixa seca deixada na floresta por muito tempo. — Eu tenho três
sentenças no anúncio, e eu quero que elas saiam perfeitas.
— Você tem falas? — Hanna deixou escapar, e então imediatamente se arrependeu. Isso
foi exatamente o que Kate queria que ela dissesse.
Como Hanna previu, os olhos de Kate se arregalaram com falsa simpatia.
— Oh, Hanna, quer dizer que você não tem? Eu me pergunto por que isso? — Ela
virou-se e passeou de volta para o set. Seus quadris balançando. Seu cabelo brilhante saltou.
Sem dúvida, um enorme sorriso no rosto.
Tremendo de raiva, Hanna pegou um punhado de batata frita da bacia ao lado dela e
empurrou-as na boca. Elas eram de creme de leite e cebola, não seu favorito, mas ela não se
importava. Hanna tinha estado em guerra com sua meia-irmã desde que Kate reentrou na vida
de Hanna, no ano passado e se tornou uma das garotas mais populares em Rosewood Day. Kate
ainda era BFF de Naomi Zeigler e Riley Wolfe, duas cadelas que tinham rancor de Hanna desde
que a sua Ali (também conhecida como Courtney) abandonou-as no início da sexta série.
Depois que Hanna se reencontrou com suas velhas amigas, a ascensão de Kate para a
popularidade não a incomodava tanto, mas agora que ela, Spencer, Aria e Emily não estavam se
falando, Hanna não poderia deixar Kate chegar até ela.
— Esquece. — Mike tocou no braço de Hanna. — Parece que tem uma bandeira
americana na bunda dela.
— Obrigada —, Hanna disse, sem rodeios, mas não era de muita ajuda.
Hoje, ela só se sentiu... diminuída. Desnecessária. Só havia espaço para uma brilhante
filha adolescente, e era a menina que tinha recebido três frases inteiras para dizer na frente das
câmeras.
Então, o telefone celular de Mike tocou.
— É de Aria —, ele murmurou respondendo a mensagem. — Quer que eu lhe diga oi?
Um cara baixinho com óculos grossos, camisa rosa listrada e calças cinza bateu palmas,
surpreendendo Hanna e Mike.
— Ok, Tom, estamos prontos para você —. Era Jeremiah, o conselheiro de campanha
número um do Sr. Marin - ou, como Hanna gostava de chamá-lo, seu cachorrinho. Jeremiah
estava ao lado do pai em todas as horas do dia, fazendo o que fosse necessário. Hanna ficou
tentada a fazer um barulho chicote quando ele estava por perto.
Jeremiah se movimentava de um lado para o outro, posicionando o pai de Hanna em
frente da tela azul.
— Nós vamos fazer umas dublagens de você falando sobre como você vê o futuro da
Pensilvânia —, disse ele em uma voz feminina nasal. Quando ele abaixou a cabeça, Hanna pode
ver a mancha crescente da careca em sua cabeça. — Certifique-se de falar sobre todo o trabalho
comunitário que você fez no passado. E definitivamente mencionar o seu compromisso de
acabar com o consumo de álcool entre jovens.
— Absolutamente —, disse Marin em um tom presidencial.
Hanna e Mike trocaram um olhar e se esforçaram para não rir. Ironicamente, a causa
célebre do Sr. Marin era abolir o consumo de álcool entre os jovens. Ele não poderia ter focado
em algo que não têm um impacto direto sobre a vida de Hanna? Darfur, talvez? Melhor
tratamento para os empregados do Wal-Mart? Que divertido seria uma festa sem bebida?
O Sr. Marin lia suas falas, parecendo robusto, confiável. Isabel e Kate sorriram e se
cutucaram orgulhosamente, o que quase fez Hanna querer vomitar. Mike deu o seu parecer
arrotando alto durante uma das tomadas. Hanna o adorava por isso.
Em seguida, Jeremiah guiou o Sr. Marin para o fundo da bandeira americana.
— Agora vamos fazer o segmento familiar. Vamos emendar isso no final do comercial
– todo mundo vai ver que bom pai de família você é. E que família linda que você tem. — Ele
fez uma pausa para piscar para Isabel e Kate, que riam tontamente.
Homem de família minha bunda, Hanna pensava. Engraçado como ninguém tinha
mencionado que Tom Marin havia se divorciado, mudado para Maryland, e esquecido sua velha
esposa e filha por três longos anos. Interessante, também, que ninguém tinha falado que seu pai
mudou-se com Kate e Isabel para a casa de Hanna, no ano passado, quando a mãe de Hanna
arrumou um emprego no exterior e quase arruinou a vida de Hanna. Felizmente, eles haviam
sido expulsos após a mãe de Hanna voltar de Cingapura, encontrando uma McMansion em
Devon, que não era tão legal como a casa de Hanna no topo do Monte Kale. Mas sua presença
ainda permanecia: Hanna ainda sentia o perfume Fig & Cassis de Kate quando ela caminhava
pelo corredor ou sentava no sofá.
— Ok, família! — O diretor, um espanhol de cabelos compridos chamado Sergio,
acendeu as luzes. — Todos contra a bandeira! Preparem-se com as suas falas!
Kate e Isabel entraram obedientemente nos lugares posaram ao lado do Sr. Marin. Mike
se enfiou ao lado de Hanna.
— Vá!
Hanna hesitou. Não que ela não queria estar na frente de uma câmera – ela sempre
fantasiou sobre como se tornar uma apresentadora famosa ou uma modelo, mas ela não queria
estar em um comercial com a meia-irmã, como se fossem uma grande família feliz.
Mike a empurrou novamente.
— Hanna, vá.
— Ótimo. — Hanna gemeu, deslizando para fora da mesa e batendo em direção ao
conjunto.
Vários assistentes dos diretores se viraram e olharam para ela confusamente.
— Quem é você? — Sergio perguntou, soando como a lagarta fumando narguilé em
Alice no País das Maravilhas.
Hanna riu desconfortavelmente.
— Uh, eu sou Hanna Marin. Filha biológica de Tom.
Sergio coçou o esfregão de cachos longos.
— Os membros da família na minha folha de chamada são Isabel e Kate Randall.
Houve uma longa pausa. Vários dos assistentes trocaram olhares desconfortáveis. O
sorriso de Kate se ampliou.
— Pai? — Hanna virou-se para seu pai. — O que está acontecendo?
Sr. Marin puxou o microfone que um dos assistentes tinha enfiado debaixo da sua
jaqueta.
— Bem, Hanna, é só... — Ele esticou o pescoço e localizou seu assistente.
Rapidamente, Jeremiah deu a Hanna um olhar exasperado.
— Hanna, nós preferimos que você só assista.
Nós?
— Por quê? — Hanna rangia.
— Estamos apenas tentando poupá-la de mais pessoas da imprensa intrometidos,
Hanna, — o Sr. Marin disse suavemente. — Você estava no centro das atenções no ano
passado. Eu não sabia se você queria trazer mais atenção para si mesma.
Ou talvez ele não queria chamar a atenção de volta para ela. Hanna estreitou os olhos,
percebendo que seu pai estava preocupado com os erros que tinha feito no passado. Como ela
tinha sido presa furtando na Tiffany e, em seguida, roubado e destruído o carro de seu namorado
Sean Ackard. Como a segunda A – a verdadeira Ali – enviando Hanna para a Reserva, uma
instituição mental para adolescentes problemáticos. E, a cereja no topo, algumas pessoas
acreditavam que Hanna e suas amigas mataram Ali - sua Ali, a menina que havia desaparecido
na sétima série.
Houve também o que tinha acontecido na Jamaica, não que o Sr. Marin sabia disso. Não
que alguém saberia. Nunca.
Hanna deu um grande passo para longe, sentindo-se como se o chão houvesse caído
debaixo dela. O pai dela não queria ela associada com sua campanha. Ela não se encaixava em
seu retrato de família saudável. Ela era sua antiga filha, seu resto, uma menina montada em
escândalos que ele não queria se lembrar mais. De repente, uma velha mensagem de A brilhou
em sua mente: Nem papai te ama mais!
Hanna girou nos calcanhares e caminhou de volta para Mike. Dane-se. Ela não queria
estar no comercial estúpido de seu pai, de qualquer maneira. Pessoas na política tinham cabelo
ruim, sorrisos falsos, e um senso de moda horrível, exceto para os Kennedys, é claro, mas eles
eram a exceção que confirmava a regra.
— Vamos —, Ela rosnou, agarrando a bolsa da cadeira vazia.
— Mas, Hanna... —Mike olhou para ela com seus redondos olhos azuis.
— Vamos.
— Hanna, espere —, seu pai chamou atrás dela.
Continue caminhando, Hanna disse a si mesma. Deixe que ele veja o que está faltando.
Não fale com ele novamente. Seu pai chamou o seu nome mais uma vez.
— Vamos voltar —, ele disse, sua voz gotejando com culpa.
— Há espaço para todos nós. Você pode até dizer algumas falas se quiser. Podemos dar
algumas de Kate para você.
— O quê? — Kate gritou, mas alguém silenciou-a.
Hanna se virou e viu os olhos de seu pai implorando para ela.
Após a frustração de um momento, ela entregou sua bolsa a Mike e caminhou de volta
para o set.
— Tom, eu não acho que isso é uma boa ideia —, advertiu Jeremiah, mas o Sr. Marin
apenas deu de ombros com ele. Quando Hanna entrou nas luzes, ele lhe deu um grande sorriso,
mas ela não sorriu de volta. Sentia-se como o garoto perdedor do jogo que o professor fez com
todos no recreio. O pai dela só foi chamá-la de volta porque pareceria um idiota se a excluísse.
Sergio correu suas falas com a família, dividindo as de Kate entre as duas filhas.
Quando a câmera voltou para Hanna, ela tomou uma respiração profunda, afastou as vibrações
negativas ao seu redor, e entrou na personagem.
— Pensilvânia precisa de um líder forte, que trabalhe para você —, disse ela, tentando
parecer natural, socando para baixo suas esperanças murchas. Sergio fez tomada após tomada
até as bochechas de Hanna doerem de sorrir. Uma hora depois, tudo estava acabado.
Assim que as luzes se apagaram e Sergio declarou que estava terminado, Hanna correu
para Mike.
— Vamos dar o fora daqui.
— Você foi muito bem, Han —, disse Mike, saltando para fora da mesa.
— Ele está certo—, disse uma segunda voz.
Hanna olhou. Um dos assistentes de Sergio estava a poucos metros de distância, duas
grandes malas pretas cheias de equipamentos em suas mãos. Ele era, provavelmente, apenas uns
anos mais velho que Hanna. Seu cabelo foi cortado de uma maneira confusa, ainda que
artisticamente arranjado, e ele usava calças jeans confortáveis, jaqueta de couro, e um par de
óculos aviador apoiados em cima de sua cabeça. Seus olhos castanhos olhavam Hanna de cima a
baixo como se aprovasse o que via.
— Totalmente pronta —, acrescentou. — Com uma tonelada de presença. Você
arrebentou aquela outra garota.
— Uh, obrigado. — Hanna trocou um olhar desconfiado com Mike. Elogiar os clientes
é o seu trabalho?
O cara mexeu em seu bolso e lhe entregou um cartão de visita.
— Você é linda, sério. Você poderia ser uma modelo de costura se você quisesse.
Ele apontou para o cartão.
— Eu adoraria fotografar você para o meu catálogo. Eu poderia até ajudá-la a escolher
algumas fotos para os agentes. Me ligue se você estiver interessada.
Ele ergueu as malas e saiu do estúdio, seu tênis batendo suavemente sobre o piso de
madeira empoeirado. Hanna olhou para o cartão de visita que ele tinha dado a ela. Patrick Lake,
Fotógrafo. Na parte de trás era o seu número de telefone, site e página no Facebook.
A porta do estúdio bateu. O resto da equipe embalando as coisas. Jeremiah abriu a
pequena bolsa cinza que continha o dinheiro da campanha do Sr. Marin e entregou a Sergio um
maço de notas. Hanna virou o cartão de Patrick Lake em suas mãos, de repente sentindo-se um
pouco melhor. Quando ela olhou para cima, Kate estava olhando para ela, a testa enrugada, os
lábios franzidos. Claramente, ela ouviu o intercâmbio entre Hanna e Patrick.
E agora, cadela? Hanna pensou vertiginosamente, deslizando o cartão de visita para o
bolso. Ela pode não ter vencido a batalha pelo papai, mas ela ainda podia ganhar a guerra de
menina mais bonita.
4
E AGORA CHEGANDO DE HELSINKI...

— É o seu novo perfume de potpourri? — Aria Montgomery sussurrou para seu namorado,
Noel Kahn, enquanto ele mergulhava para um beijo.
Noel se apoiou no sofá, olhando ofendido.
— Eu estou usando Gucci Sport. Como eu sempre faço.
Aria deu outra fungada. Ela definitivamente sentiu cheiro de lavanda.
— Eu acho que você acidentalmente trocou pela água de colônia da vovó.
Noel cheirou as mãos e estremeceu, seus olhos castanhos diminuíram.
— É o sabonete da pia. Eu não posso ajudá-la se sua mãe coloca merda feminina no
banheiro! — Ele deslizou sobre Aria e cobriu o nariz com as mãos. — Você o ama, não é?
Aria riu. Era uma tarde de domingo, e ela e Noel estavam sozinhos na casa da mãe de
Aria, deitados no sofá na sala da família. Desde o divórcio dos seus pais, a sala tinha sofrido um
pouco de reforma para atender os gostos e aventuras de Ella. Estátuas do Deus Hindu da viagem
que Ella fez para Bombay no último verão alinhadas nas prateleiras, cobertores indígenas de sua
estada na colônia de um artista, no Novo México, no outono passado, cobria os sofás e cadeiras,
e toneladas de Velas verdes com aroma de chá. O cheiro que o pai de Aria, Byron, nunca tinha
gostado, tremulava em toda parte. Quando Aria tinha atração por Noel na sexta e sétima série,
ela costumava sonhar com Noel vindo para sua casa e deitando no sofá com ela deste jeito, bem,
parece menos malicioso a partir da estatueta muito armada de Ganesh na esquina.
Noel bicou Aria nos lábios. Aria sorriu e o beijou por trás, olhando para seu rosto
esculpido; longo cabelo ondulado preto e lábios rosados. Ele respirou e a beijou mais
profundamente, passando a mão para cima e para baixo no comprimento de sua coluna
vertebral. Lentamente, ele desabotoou o casado de Aria com estampa de leopardo.
— Você é tão linda, — Ele murmurou. Então, ele puxou sua camiseta sobre a cabeça,
jogou-a para o chão, e estendeu a mão para o zíper da calça jeans de Aria. — Deveríamos ir
para o seu quarto.
Aria colocou a mão sobre a dele para pará-lo.
— Noel, espere.
Noel gemeu e rolou de cima dela.
— Sério?
— Sinto muito, — protestou Aria, abotoando o suéter novo — É apenas...
— Exatamente o que? — Noel agarrou a borda da mesa de café, sua postura rígida de
repente.
Aria olhou pela janela lateral, que oferecia uma vista perfeita para floresta do Condado
de Chester. Ela não podia explicar porque ela tinha sido tão hesitante em fazer sexo com ele.
Eles estavam saindo há mais de um ano. E não era como se ela fosse uma puritana, ela perdeu a
virgindade com Oskar, um menino na Islândia, quando ela tinha 16 anos. No ano passado, ela
havia se conectado com Ezra Fitz, que passou a ser seu professor de Inglês. Eles não tinham
dormido juntos, mas eles provavelmente teriam se eventualmente A não tivesse os revelado.
Então, por que ela estava segurando com Noel? É certo que ainda era incompreensível
que ela enfim, estava namorando ele. Aria tinha uma queda por Noel na sexta e sétima série,
beirava a embaraçoso. Ali usava isso constantemente para provocá-la.
— É, provavelmente, melhor você e Noel não estarem namorando, — Ela dizia. — Ele
teve muitas outras namoradas, muita experiência. E você já teve quantos namorados? Oh certo,
zero.
Às vezes Aria ainda tem a sensação de que ela não era suficientemente boa para ele, não
é popular suficiente, não é formal suficiente, não é o tipo de garota que saiba que garfo usar no
jantar ou como manobrar um cavalo durante um salto. Ela nem sabia o nome próprio para os
saltos. Então, novamente, às vezes Aria tem o sentido de que Noel não era suficientemente bom
para ela, como quando eles fizeram a excursão para Islândia juntos no verão passado. Ele
insistia em só comer Burger King e pagar por latas de Budweiser com dólares americanos.
Ela tocou as costas rígidas de Noel.
— Eu só quero que seja especial.
Ele se virou.
— Você não acha que seria especial?
— Eu acho, mas... — Aria fechou os olhos. Foi tão difícil explicar.
Noel encolheu os ombros defensivamente.
— Você tem sido tão diferente ultimamente.
Aria franziu a testa.
— Desde quando?
— Desde que... Um tempo, eu acho. — Noel deslizou para fora do sofá e colocou de
volta a camisa. — É outro cara? Existe algo que você não está me dizendo?
Um arrepio correu a espinha de Aria. Ela estava guardando segredos de Noel. Claro que
ele sabia sobre Ali, A, e o que havia acontecido no Poconos. Todo mundo sabia. Mas ele não
sabia sobre a coisa imperdoável que ela tinha feito na Islândia. Ele não sabia sobre a Jamaica
também, e ele ainda estava lá quando aconteceu, não lá, claro, mas dormindo em um quarto
próximo. Será que ele ainda iria querer ficar com Aria se soubesse disso?
— Claro que não é outro cara. — Aria o abraçou por trás. — Eu só preciso de mais
algum tempo. Está tudo bem, eu prometo.
— Bem, é melhor você tomar cuidado, — disso Noel, em uma voz um pouco mais
brincalhona. — Eu estou indo encontrar uma caloura sacana para satisfazer as minhas
necessidades.
— Você não iria, — Aria ameaçou, batendo-o levemente.
Noel torceu a boca.
— Você está certa. Todas as meninas calouras são Skanks, de qualquer maneira.
— Não que isso pararia você.
Noel virou, a cabeça de Aria enterrada em sua axila, e lhe deu um noogie.
— Eu espero que você se considere na categoria de Skank, mulher!
Aria gritou.
— Pare! — Eles caíram de volta para o sofá e começaram a se beijar novamente.
— Ahã.
Aria olhou para cima e viu sua mãe parada na porta. O cabelo de Ella, longo preto,
estava enrolado em cima da cabeça dela, e ela usava uma longa túnica caftan e leggings pretas,
Havia uma carranca em seu rosto.
— Olá, Aria, — disse ela uniformemente. — Olá, Noel.
— E-ei, Ella, — Aria disse, seu rosto ficando vermelho. Apesar da atitude liberal de sua
mãe sobre a maioria das coisas, ela ainda era muito rigorosa sobre não deixar Aria estar sozinha
em casa com Noel, Aria não tinha contado exatamente a Ella que ela e Noel estariam aqui hoje.
— M-me desculpe, — ela gaguejou. — Nós estávamos... conversando. Eu juro.
— Uh-huh. — Ella franziu os lábios manchados de amora conscientemente. Então, com
um aceno de cabeça, ela caminhou até a cozinha. — O que vocês dois estão fazendo para o
jantar? — Ela perguntou por cima dos ombros. — Eu estou fazendo ravióli de nabo cru para
Thaddeus e para mim. Você é bem-vinda para ficar.
Aria olhou para Noel, que enfaticamente balançou a cabeça. Thaddeus era namorado de
Ella. Eles se conheceram na galeria de arte onde Ella estava trabalhando. Ele era um bruto
adorador de alimentos, Ella tinha se tornado uma também. Aria gostava do macarrão cozido
dela, muito obrigada.
Então, o telefone de Noel, que estava na mesa do café deixou escapar um ruído alto.
Noel desembaraçou-se de Aria, verificando a tela, e fez uma careta.
— Merda. Eu esqueci. Eu tenho que pegar alguém no aeroporto em uma hora.
— Quem? — Aria sentou-se e puxou o cardigan sobre os ombros.
— Só esse estudante de intercâmbio estrangeiro perdedor que vem para o semestre.
Meus pais soltaram a bomba em mim ontem depois da festa dos Hastings. Será tão ridículo.
A mandíbula de Aria caiu.
— Por que você ainda não me contou? Alunos estrangeiros são tão interessantes! — Na
quinta série, uma garota chamada Yuki tinha chegado na troca do Japão ficando com a família
de Lanie ller. A maioria das crianças achou que ela era estranha, mas Aria achou Yuki
fascinante, ela escreveu seu nome em caracteres estranhos, dobrou formas de origami fora de
seus testes de ortografia, e tinha o mais liso cabelo negro que Aria jamais tinha visto.
Noel enfiou os pés no seus sapatos de condução Ratty.
— Você está brincando? Vai chupar. Sabe de onde ele é? Finlândia! Ele provavelmente
vai ser tamanha aberração, como um daqueles caras que vestem jeans de meninas e joga o
gravador.
Aria sorriu para si mesma, lembrando como Noel tinha chamado ela de Finlândia, as
primeiras semanas depois que sua família havia voltado da Islândia.
— Este cara provavelmente é um grande idiota. — Noel caminhou em direção à sala.
— Você quer companhia? — Aria gritou depois que ele pisou para descer as escadas.
— Não. — Noel acenou com a mão. — Vou poupá-la deste maníaco finlandês e seus
sapatos de madeira.
Essa é a Holanda, Aria queria dizer. Ela rapidamente tirou o casaco e colocou suas
botas.
— Sério. Eu não me importo.
Noel mordeu o lábio, pensando.
— Se você insiste. Mas não diga que eu não avisei.
O aeroporto de Filadélfia estava repleto de famílias que transportavam malas de viagem,
empresários correndo para pegar aviões e viajantes sujos que tiravam os sapatos na linha de
segurança. A placa de recém–chegados, disse que o avião de Helsíquia tinha acabado de pousar.
Noel tirou um pequeno quadrado de papelão de sua mochila e desdobrou-o. HUUSKO, ele
disse, em grandes letras vermelhas.
— Esse é o seu sobrenome, — disse Noel, cansado, olhando para o cartaz como se fosse
um decreto para sua execução. — Não lhe parece uma marca de calcinha de vovó? Ou talvez
algum tipo de propagação de carne não identificável.
Aria riu.
— Você é terrível.
Noel pulou morosamente em um dos bancos por parte do portão de segurança e olhou
para a fila de pessoas que saiam em direção aos detectores de metal.
— Este é o nosso ano sênior, Aria. A única vez que nós temos apenas que relaxar antes
da faculdade. A última coisa que eu quero é algum perdedor pendurado em mim. Eu juro que
minha mãe fez isso para me torturar.
Aria fez um mmm de simpatia. Então, ela notou algo sobre a sobrecarga de TV
pendurada. ANIVERSÁRIO DE MORTE DA ASSASSINA DE ROSEWOOD, dizia a
manchete com letras amarelas na tela.
Uma repórter morena ficou de frente da casa velha dos DiLautentis, o vento soprando o
cabelo em torno de seu rosto.
— Um ano atrás, neste sábado, Alison DiLaurentis, cuja onda de assassinatos deixou a
nação inteira perplexa, morreu em um incêndio de autoignição horrível nas Pocono Mountains,
— anunciou ela. — Um ano inteiro se passou desde os eventos bizarros, mas a cidade de
Rosewood ainda não se recuperou.
Imagens de Jenna Cavanaugh e Ian Thomas, duas das vítimas da Ali real, piscaram na
tela. Em seguida, houve o retrato da sétima série de Courtney DiLaurentis, a menina que tinha
tomado o lugar da verdadeira Ali na sexta série, a menina que a Ali verdadeira matou durante a
sua festa do pijama da sétima série.
— Muitos ainda estão intrigados que o corpo de Srta. DiLaurentis nunca foi encontrado
nos escombros. Alguns têm especulado que Srta. DiLaurentis sobreviveu, mas especialistas
afirmam que não há nenhuma possibilidade disto.
Um arrepio correu pela espinha de Aria.
Noel cobriu os olhos de Aria com as mãos.
— Você não deveria ver isso.
Aria contorceu livre.
— Não é difícil.
— Você tem pensado muito sobre isso?
— Mais ou menos.
— Você quer assistir o filme juntos?
— Oh Deus, não. — Aria gemeu. Noel estava se referindo ao Prrety Little Killer, um
filme biográfico condensando os acontecimentos do ano passado em duas horas. Foi além de
brega.
De repente, um afluxo de pessoas corria pela porta da imigração. Muitos eram altos,
louros e pálidos, com certeza do voo de Helsique. Noel resmungou.
— Aqui vamos nós. — Ele acenou com o sinal HUUSKO.
Aria espiou por entre a multidão.
— Qual é o primeiro nome, afinal?
— Klaudius? — Noel resmungou. — Algo parecido com isso.
Os homens mais velhos carregavam malas velhas enquanto eles falavam em seus
iPhones.
Três meninas esguias riram juntas. Uma família com uma criança loira lutou para abrir
um carrinho de bebê. Ninguém parecia um Klaudius.
Então, uma voz flutuava em meio à multidão de viajantes.
— Sr. Kahn?
Aria e Noel ficaram na ponta dos pés, tentando localizar a voz. Só então, Aria notou um
garoto com um tosto desenhado alongado, lábios carnudos, espinhas no rosto e na testa, e um
pomo de Adão que se projetava pelo menos uma polegada de seu pescoço. Era Klaudius, certo.
Ele estava carregando uma pequena mala de instrumento que pode ser apenas um gravador.
Pobre Noel.
— Sr. Kahn? — A voz chamou novamente, mas o menino, Aria pensou, não abriu a
boca.
A multidão se abriu. Uma figura em um chapéu caçador, uma jaqueta e botas forradas
de pelo surgiu.
— Oi! É você! Eu sou a nova estudante de intercâmbio! Klaudia Huusko!
Klaudia. Noel abriu a boca, mas nenhum som saiu. Aria olhou para a figura na frente
deles, quase engasgando com seu chiclete. O aluno de intercâmbio de Noel certamente não era
alto, desengonçado, com marcas de varíola, tocador de flauta. Em vez disso, Klaudia era uma
menina. Cabelos loiros, olhos azuis, voz gutural, grandes seios e usando um vestido jeans
apertado, sonho erótico Escandinavo.
E ela estaria vivendo a apenas um corredor de Noel.
5
CONHECENDO OS PENNYTHISTLES

— Spencer — A Sra. Hastings se inclinou sobre a mesa — não toque no pão. É deselegante
começar a comer antes de todos estarem sentados a mesa.
Spencer soltou o pedaço de ciabatta com manteiga na cesta. Se ela morresse de fome,
antes que os outros chegassem seria culpa de sua mãe.
Era domingo a noite e Spencer, Melissa e sua mãe estavam sentadas no Goshen Inn, um
restaurante abafado no interior de uma casa antiga construída em 1700, que supostamente havia
sido uma pensão para soldados na época da independência.
A mãe de Spencer não parava de falar sobre o quão agradável era o ambiente, mas
Spencer achava o restaurante tão sombrio quanto uma funerária.
Definitivamente havia sido uma casa Colonial chique, com muitos mosquetes da Guerra
Revolucionária pendurados na parede, chapéus de três pontas enfeitavam as janelas, e haviam
velas em vidro envelhecido sobre as mesas. E como a clientela parecia tão antiga quanto a
decoração, o ambiente cheirava a uma mistura desagradável de mofo de porão, filé mignon e
Vick Vaporub.
— O que esse tal de Nicholas faz, afinal? — Spencer perguntou dobrando e
desdobrando o guardanapo de pano no colo.
— Ele é o Sr. Pennythistle até novo aviso. — disse a mãe de Spencer, se enrijecendo.
Spencer riu, Sr. Pennythistle soava como o nome de um palhaço pornográfico.
— Eu sei, mas o que ele faz? — Melissa reiterou.
— Eu não sei direito, mas nós sempre estudamos juntos nas de administração. Ele é o
maior empreendedor imobiliário. O Donald Trump de Main Line.
— Então é ele quem devasta santuários de animais e terras agrícolas para dar lugar a
casas feias? — Spencer fez careta.
— Ele criou a Applewood, Spence. — Disse Melissa feliz — Sabe? Aquelas casas
bonitas do campo de golfe?
Spence girou o garfo em sua mão, sem se impressionar. Para onde quer que ela fosse,
em torno de Rosewood, parecia que um novo prédio se erguia a cada minuto. Aparentemente a
culpa era desse cara.
— Meninas, Shh! — disse a Sra. Hastings, direcionando seu olhar para a porta.
Duas pessoas caminharam em direção a mesa delas, um deles era um homem alto e
encorpado que parecia que havia sido um jogador de rúgbi em uma vida passada. Ele tinha
cabelo grisalho bem penteado, olhos azuis de aço, um nariz inclinado e um início de papada.
Seu blazer azul marinho e suas calças cáqui pareciam recém-passados, e ele usava
abotoaduras de ouro em relevo com as iniciais minúsculas NP. Em sua mão havia três rosas
vermelhas.
Uma menina de aproximadamente 15 anos estava com ele. Uma faixa de veludo estava
sobre seus cabelos pretos, curtos e encaracolados, ela usava um conjunto cinza que parecia um
uniforme de camareira. Havia uma amarga expressão em seu rosto, como se ela estivesse
gripada por dias.
A mãe de Spencer levantou-se afobadamente batendo com o joelho na parte debaixo da
mesa e fazendo com que sua água balançasse.
— Nicholas, é tão bom te ver! — disse ela contente e corada.
Ele entregou-lhe uma das rosas, então a Sra. Hastings contornou a mesa.
— Estas são as minhas filhas, Melissa e Spencer.
Melissa se levantou.
— Muito prazer em conhecê-lo. — disse ela, balançando a mão do Sr. Pennythistle.
Spencer disse olá, também, embora bem menos entusiasmada. Ser puxa-saco não era
bem seu estilo.
— Muito prazer em conhecê-las. — disse o Sr. Pennythistle em um tom de voz
surpreenden-temente suave.
Ele entregou a cada uma das meninas uma rosa também. Melissa agradeceu, mas
Spencer apenas girava a flor entre seus dedos desconfiada. Havia algo nessa história, era muito
The Bachelor. Então o Sr. Pennythistle apontou para a garota ao lado dele.
— E esta é minha filha Amélia.
Amélia, cuja rosa vermelha estava colocada dentro de sua bolsa feia de carteiro, apertou
a mão de todos, embora não parecesse muito feliz com a história toda.
— Eu gosto da sua faixa de cabelo. — disse Spencer, tentando parecer simpática.
Amélia apenas olhou para ela fixamente, seus lábios tinham uma linha reta e seus olhos
uma expressão séria, analisando os cabelos loiros longos de Spencer, o seu vestido de caxemira
cinza e botas Fry pretas. Depois de um longo momento, ela soltou uma fungada e se afastou,
como se Spencer estivesse usando a coleção passada e não ela.
— Zachary chegará em breve. — disse o Sr. Pennythistle enquanto se sentava – ele
tinha um grupo de estudos avançados que atrasou esta tarde.
— Compreensível — disse a mãe de Spencer, erguendo seu copo com água, ela virou-se
para suas filhas — Tanto Zachary quanto Amélia frequentam o colégio Santa Agnes.
O cubo de gelo que estava na boca de Spencer escorregou para sua garganta, Santa
Agnes era o colégio mais esnobe que havia na região de Main Line, era tão fechado que olhava
para o Rosewood Day como se ele fosse um reformatório. Spencer havia conhecido uma garota
chamada Kelsey que estudava lá, em um programa de verão da Universidade da Pensilvania. No
início elas haviam sido melhores amigas, mas depois...
Spencer analisou Amélia cuidadosamente. Será que Amélia conhecia Kelsey? Será que
ela sabia o que havia acontecido com ela? Depois houve um longo silencio. A mãe de Spencer
permaneceu suspirando pela sua rosa, olhando em volta, e sorrindo sem jeito. Uma música
ambiente começou no aparelho de som.
O Sr. Pennythistle educadamente pediu um conhaque Delamain para a garçonete. Ele
continuava pigarreando, Spencer pensava: porque não cospe o catarro logo?, ela queria morrer.
Por fim, Melissa quebrou o gelo:
— Esse restaurante é lindo, Sr. Pennythistle.
— Ah, com certeza! — disse a Sra. Hastings.
— Realmente, da época da Guerra Revolucionária. — acrescentou Spencer — Vamos
torcer para que o alimento não seja dessa data também!
Sra. Hastings tentou forçar uma risada, mas parou assim que viu o olhar confuso, quase
ferido do seu namorado. Amélia franziu o nariz como se houvesse o cheiro de algo podre no ar.
— Oh, Spencer não falou por mal — disse a mãe de Spencer rapidamente — foi apenas
uma piada.
O Sr. Pennythistle puxou seu colarinho engomado.
— Este tem sido o meu restaurante favorito por anos. Eles têm uma lista de vinhos
premiada.
Whoop-de-doo. Spencer olhou ao redor, desejando poder se sentar a mesa de simpáticas
senhoras de 60 anos, pelo menos elas pareciam que estavam se divertindo. Ela olhou para
Melissa para se lamentar, mas Melissa estava radiante, como se o Sr. Pennythistle fosse o Dalai
Lama.
Depois da garçonete entregar as bebidas, o Sr. Pennythistle virou-se para Spencer. De
perto, ele tinha pequenas rugas ao redor dos olhos e sobrancelhas fora de controle.
— Então você está no último ano em Rosewood Day?
— Isso mesmo — Spencer assentiu.
— Ela é muito envolvida, — A mãe de Spencer se gabou — ela está no time de Hockey
de campo, e ela está no elenco de Lady Macbeth. Rosewood Day tem um programa de teatro de
alto nível.
As sobrancelhas do Sr. Pennythistle se arquearam.
— Como andam as suas notas nesse semestre?
A pergunta pegou Spencer desprevenida. Intrometido você, não?
— Elas estão... boas. Mas eu já tenho a decisão precoce de Princeton, por isso as notas
não são mais tão relevantes.
Ela disse Princeton com prazer, queria impressionar o papai e a filha esnobe. Mas o Sr.
Pennythistle apenas se inclinou sobre a mesa.
— Princeton não gosta de preguiçosos, você sabe — sua voz suave se tornou afiada —
agora não é tempo pra descansar sobre os louros.
Spencer recuou. O que era esse tom de reprovação? Quem ele pensava que era, seu pai?
Era o Sr. Hastings quem havia dito a Spencer para ela pegar leve esse semestre, afina ela tinha
dado duro. Spencer olhou para a sua mãe, mas ela estava concordando com a cabeça.
— Isso é verdade Spence. Talvez você não deva relaxar muito.
— Ouvi dizer que as universidades estão olhando para as notas do semestre final, muito
mais nos dias de hoje — disse Melissa.
Traidora, pensou Spencer.
— Eu disse isso a meu filho também — disse o Sr. Pennythistle abrindo a carta de
vinhos, que era do tamanho de um dicionário — Ele vai para Harvard.
Ele disse em um tom forte, que parecia que queria dizer que esta é muito melhor do que
Princeton.
Spencer abaixou a cabeça e começou a arrumar o garfo, a faca e a colher para que eles
ficassem exatamente paralelos uns com os outros sobre a mesa. Organizar geralmente acalmava
Spencer, mas não hoje.
— E eu ouvi dizer que você tem um MBA da Wharton — virou o Sr. Pennythistle para
Melissa — você está trabalhando para o fundo Brice Langley agora, certo? Impressionante.
Melissa que havia colocado a rosa atrás de sua orelha corou.
— Eu tenho sorte, eu acho, tive uma entrevista muito boa.
— Você deve ter levado mais do que sorte e uma boa entrevista — disse o Sr.
Pennythistle com admiração — Langley só contrata os melhores dos melhores. Você e Amélia
tem muito a falar. Ela quer trabalhar com finanças também.
Melissa sorriu para Amélia, e Sua Alteza sorriu de volta, ótimo. Então este seria como
outro qualquer evento da família de que Spencer havia participado: Melissa era a estrela, a
criança de ouro, e Spencer era a aberração, de segunda categoria, ninguém sabia como lidar com
ela.
Bem ela já tinha o suficiente, murmurando uma desculpa, ela se levantou e colocou o
guardanapo na parte de trás da cadeira. Ela seguiu o rumo do banheiro, na área do bar, na parte
de trás do restaurante.
A porta do banheiro das mulheres que havia sido pintada de rosa e tinha uma maçaneta
de bronze antigo, estava trancada, então Spencer sentou-se em uma banqueta do bar, muito
confortável para esperar.
O barman, um cara bonito em seus vinte e poucos anos parou enfrente dela.
— O que posso pegar pra você?
As garrafas iluminadas de álcool atrás do bar piscavam tentadoramente, ninguém de sua
mesa conseguia ver Spencer por esse ângulo.
— Hum, apenas café — ela decidiu no último minuto, não querendo brincar com a
sorte.
O barman rodou uma garrafa e lhe serviu um copo. Como ele colocou na sua frente, ela
notou uma imagem na tela da TV. Uma foto recente de Ali – a verdadeira Ali, aquela que tinha
tentado matar Spencer e as outras – dominou o canto superior direito. Na parte inferior da tela
havia uma manchete que dizia: ANIVERSÁRIO DE INCÊNDIO DE POCONOS:
ROSEWOOD RELEMBRA.
Spencer estremeceu. A última coisa que ela queria era falar sobre que a verdadeira Ali a
havia tentado queimá-la viva. Poucas semanas após o ocorrido Spencer tomou uma decisão
consciente de olhar para o lado positivo, a tortura havia terminado.
Elas finalmente tinham encerrado um ciclo e poderiam iniciar o processo de
esquecimento. Ela foi a única a propor a viagem para a Jamaica para suas amigas, até mesmo
oferecendo ajuda para pagar a viagem de Emily e de Aria.
— Será uma maneira de começarmos de novo, esquecermos tudo — ela insistiu,
espalhando os folhetos do resort na mesa do refeitório da escola na hora do almoço —
precisamos de uma viagem de que sempre nos lembraremos.
Famosas últimas palavras. Elas nunca irão esquecer essa viagem, mas não pelo lado
bom.
Alguém gemeu próximo a Spencer, ela olhou, esperando ver um velho rabugento no
meio de um ataque cardíaco, mas ao invés disso, viu um jovem rapaz com cabelos castanhos
ondulados, ombros largos e os mais longos cílios que ela já tinha visto.
Ele olhou para Spencer e apontou para seu iPhone.
— Você não sabe o que fazer quando essa coisa congela, não é?
Um canto da boca de Spencer se contorceu em um sorriso.
— Como você sabe que eu tenho um iPhone? — desafiou.
O cara abaixou o telefone e deu-lhe uma longa olhada.
— Sem querer ofender, mas você não parece o tipo de garota que anda por aí com nada,
mas sim o melhor e o mais recente.
— Sério? — Spencer colocou suas mãos sobre o seu peito ofendida — você não deve
julgar um livro pela capa, sabia?
Ele arrastou sua banqueta para próximo dela. De perto, ele era ainda mais bonito do que
ela pensava inicialmente: as maças do rosto eram bem definidas, o nariz terminava em uma
colisão no final e uma covinha apareceu na bochecha direita quando ele sorriu.
Spencer gostava de seus dentes brancos, até mesmo os quadrados e de seus tênis AllStar sujos, era seu look preferido.
— Ok, verdade? — ele disse — Eu perguntei porque você é a única pessoa nesse lugar
que parece que tem telefone celular.
Ele olhou ao redor para as pessoas idosas no bar. Havia uma mesa inteira de caras mais
velhos de terno, um deles até tinha um tubo de oxigênio em seu nariz. Spencer riu.
— Sim, eles são mais uma multidão de telefones analógicos.
— Eles provavelmente ainda usam o telefonista para fazer uma ligação — ele empurrou
o telefone na direção de Spencer — sério, eu tenho que reiniciar ou o quê?
— Eu não tenho certeza... — Spencer olhou para a tela. Estava congelado na estação de
esportes local, 610 AM — Oh, eu escuto essa rádio o tempo todo!
— Você escuta rádio esportiva? — ele olhou para Spencer cético.
— Isso me acalma – Spencer tomou um gole de café – é bom ouvir as pessoas falando
sobre esportes ao invés de política — ou Alison, acrescentou ela em sua mente — além disso,
sou uma fã do Phillies.
— Você ouviu a World Series?
— Eu poderia ter ido ao estádio, meu pai tinha ingressos para a temporada — Spencer
falou se inclinando na direção do rapaz.
— Por que você não foi? — ele perguntou franzindo a testa.
— Eu os doei para uma instituição de caridade que ajuda crianças carentes.
— Ou você é uma santa ou você tem muita culpa no cartório — zombou ele.
Spencer recuou e se endireitou.
— Fiz isso porque entra no currículo para a faculdade. Mas se você jogar cartas bem,
talvez eu te leve para a próxima temporada.
— Vamos torcer por isso — disse ele com os olhos brilhando.
Spencer desviou o olhar por um momento, seus batimentos tinham acelerado. Ele estava
flertando com ela, e ela estava adorando. Ela não sentia uma faísca por alguém desde Andrew
Campbell no ano passado.
Seu companheiro tomou um gole do seu copo de cerveja, quando ele colocou o copo de
volta no balcão, Spencer rapidamente pegou um apoio para copos e colocou sob ele, então ela
limpou a borda do copo com um guardanapo para parar o gotejamento. O rapaz olhava com
diversão.
— Você sempre arruma os copos das pessoas que você não conhece?
— É uma mania — admitiu Spencer
— Tudo tem que estar tão... não é?
— Eu gosto de fazer as coisas do meu jeito — disse Spencer apreciando o duplo
sentido. Então ela estendeu a mão — Eu sou Spencer.
— Zach — disse ele apertando as mãos dela.
O nome ressoou na cabeça de Spencer. Ela pensou nas suas maças do rosto salientes, a
sua maneira culta de falar e de repente em seus familiares olhos azuis de aço.
— Espere, Zach de Zachary?
— Só meu pai me chama assim — ele disse curvando o lábio, suspeitando de algo —
Por que você pergunta?
— Porque estou jantando com você esta noite. Minha mãe e seu pai estão... — ela abriu
as palmas das mãos, era estranho dizer a palavra namorando.
Zach demorou um momento para digerir o que ela disse.
— Você é uma das filhas?
— Sim.
Ele olhou para ela.
— Por que você me parece familiar?
— Eu conhecia Alison DiLaurentis – admitiu Spencer, apontando para a história que
aparecia na TV que ainda estava na tela. Era a notícia mais importante para os obsecados pela
história.
Zach estalou os dedos.
— Certo, meus amigos e eu achávamos que você era a mais gostosa de todas.
— Sério? — Spencer admirou, mesmo comparada a Hanna? — Uau!
Zach passou as mãos pelos cabelos.
— Isso é selvagem, eu realmente não estava ansioso para esse jantar, pensava que as
filhas da namorada do meu pai eram...
— Metidas? — Spencer completou — Esnobes?
— Mais ou menos — Zach sorriu sem graça — mas você é... legal.
Spencer sentiu outra vibração.
— Você não é tão ruim, mesmo.
Então ela apontou para o copo de cerveja, lembrando de algo.
— Você já estava aqui o tempo todo? Seu pai disse que você estava em um grupo de
estudos.
Zach abaixou a cabeça.
— Eu precisava antes de eu ir lá. Meu pai é do tipo que me estressa — ele levantou uma
sobrancelha – então você já o conheceu? Minha irmã está lá também? Eles estão sendo uns
malas sem alça?
Spencer deu uma risada.
— Minha mãe e minha irmã são iguais. Eles estavam tentando impressionar um ao
outro.
O barman colocou a conta de Zach no balcão, Spencer notou que o relógio na parede
marcava 6:45. Ela havia saído da mesa por quase quinze minutos.
— Nós devemos voltar, você não acha?
Zach fechou os olhos e gemeu.
— Nós temos mesmo? Vamos fugir ao invés de fazermos isso, nos esconder na
Filadélfia, pegar uma avião para Paris.
— Ou talvez Nice — sugeriu Spencer.
— A Riviera seria perfeita — disse animadamente Zach — meu pai tem uma casa em
Cannes, nós poderíamos nos esconder lá.
— Eu sabia que havia uma razão, nós nos conhecermos — brincou Spencer,
empurrando Zach pelo braço de brincadeira.
Zach a empurrou para trás, deixando a mão dela permanecer em sua pele. Ele se
inclinou para a frente e ligeiramente umedeceu os lábios. Por um momento Spencer achou que
ele ia beijá-la.
Seus pés mal tocavam no chão quando ela voltava para a mesa. Mas quando ela passou
pelo arco, algo a fez virar. O rosto de Ali brilhou na tela da TV novamente. Por um momento, a
imagem parecia ganhar vida, sorrindo para Spencer, como se Ali estivesse olhando para fora de
dentro da pequena caixa quadrada, apenas observando o que Spencer estava fazendo. Seu
sorriso parecia ainda mais sinistro do que o habitual.
O comentário de Zach, de repente tocou em seus ouvidos: ou você é uma santa ou você
tem muita culpa no cartório. Ele estava certo, no outono passado, Spencer havia doado seus
bilhetes da World Series porque sentia que não merecia ir depois do que ela tinha feito. E nos
primeiros momentos que ela havia conseguido entrar em Princeton, ela pensou em recusar, não
tendo certeza de que ela merecia tanto, até perceber o quão louca era essa ideia.
E era uma loucura imaginar que a menina na TV era mais do que uma imagem. Ali se
fora para sempre. Spencer olhou diretamente para a tela e estreitou os olhos. Mais tarde, vadia.
Então, ela virou as costas e seguiu Zach para a mesa.
6
AH, ESSAS LINDAS GAROTAS INSEGURAS

— Surpresa! — Mike sussurrou na tarde de segunda feira enquanto se sentava em um assento
do auditório próximo de Hanna — Eu trouxe Tokyo Boy.
Ele revelou uma grande sacola cheia de sushis.
— Como você sabia? — Hanna disse, pegando um par de pauzinhos. Ela não havia
comido nada na hora do almoço, depois de ter considerado que tudo o que havia na cantina de
Rosewood Day era intragável. Seu estômago estava rosnando algo feroz.
— Eu sempre sei o que você quer — Mike brincou, tirando uma mecha de cabelos
pretos da frente de seus olhos.
Eles comeram tranquilamente o sushi. O segundo ano ensaiava uma música de West
Side Story no palco. Normalmente os ensaios eram feitos na sala de aula mais antiga de
Rosewood Day, mas um vazamento havia surgido no teto na semana passada, então eles foram
parar no auditório. No mesmo instante as meninas do coral Junior de Rosewood também
ensaiavam lá.
Apesar das vozes ruins, o auditório era um dos lugares favoritos de Hanna na escola.
Um doador rico havia pagado a reforma do lugar para que ele se parecesse com um teatro da
Broadway, os assentos eram de veludo, o pé direito era alto e a iluminação no palco fazia com
que as meninas do coral parecessem, pelo menos, cinco quilos mais magras.
Antigamente quando Hanna era melhor amiga de Mona Vanderwaal, as duas
costumavam brincar no palco depois das aulas, fingindo que eram atrizes famosas em musicais.
Isso foi antes de Mona se tornar a louca da cidade e começar a persegui-la.
Mike espetou um rolo Califórnia e o colocou em sua boca.
— Então quando é a sua estreia na TV?
— Huh? — Hanna o olhou fixamente.
— O comercial de seu pai? — Mike a lembrou, mastigando.
— Ah, isso — Hanna comeu um pedaço de wasabi, e seus olhos começaram a
lacrimejar — Tenho certeza que as minhas falas foram cortadas de imediato.
— Isso não pode ser verdade, você estava ótima.
No palco um monte de meninas estava tentando cantar em harmonia, era como ouvir um
bando de gatos chorando.
— O comercial vai ser todo sobre meu pai, Isabel e Kate — Hanna resmungou — isso é
exatamente o que meu pai quer, sua perfeita família nuclear.
Mike limpou um pedaço de arroz de sua bochecha.
— Ele não chegou a dizer isso.
Seu otimismo estava aflorando os nervos de Hanna, quantas vezes ela já tinha dito para
Mike sobre seus problemas com seu pai? Quantas vezes ela já havia dito sobre Kate? Esse é o
problema dos garotos, às vezes eles têm o emocional de uma pulga.
Hanna respirou profundo e olhou fixamente para as cabeças dos estudantes a frente
deles.
— A única maneira de eu acabar em um comercial é por minha conta, talvez eu devesse
ligar para aquele fotógrafo.
Os pauzinhos de Mike caíram em seu colo.
— Aquele falastrão que estava babando em cima de você na filmagem? Você está
falando sério?
— O nome dele é Patrick Lake — Hanna disse rispidamente.
Ele havia dito a Hanna que ela era incrível na frente das câmeras, e disse isso na frente
de Kate, essa era a melhor parte.
— Por que você diz que ele é um falastrão? — Ela perguntou depois de um momento —
Ele é totalmente profissional. Ele quer tirar fotos de mim e me colocar em alguma agência de
modelos.
Ela havia pesquisado sobre Patrick em seu iPhone durante o almoço, olhado suas fotos
em seu Flickr e em links no Facebook. Em seu site, Patrick dizia que ele havia tirado fotos para
várias revistas importantes, bem como um encarte de moda para o Sentinel Filadélfia. Além
disso, ele tinha o mesmo primeiro nome de Patrick Demarchelier, fotógrafo de moda favorito de
Hanna.
— Profissionalmente desprezível. Ele não quer te transformar em modelo, Hanna. Ele
quer você.
— Você não acha que sou capaz de assinar um contrato com uma agencia de modelos?
— A boca de Hanna caiu.
— Não foi isso que eu disse.
— Você disse muito bem — Disse Hanna inclinando seu corpo para longe de Mike,
sentindo um onda de raiva — então, basicamente, quem se aproxima de mim só quer se
aproveitar de mim, certo? Eu não sou bonita suficiente para ser levada a sério.
Mike fechou os olhos como se de repente ele tivesse um enxaqueca.
— Quer ouvir a si mesma? Somente garotas bonitas chegam lá, e você é uma delas, se
você fosse feia ele não estaria atrás de você. Mas esse cara é desagradável. Ele me lembrou do
artista doido que teve uma queda por Aria na nossa viagem a Islândia.
Hanna se enrijeceu, sabendo exatamente de qual artista que Mike estava falando, um
doido que eles haviam encontrado em um bar em Reikjavik, que elegeu Aria como sua musa.
— Deixa eu mandar um SMS para Aria — Mike disse pegando seu telefone — Aposto
que ela vai dizer a mesma coisa.
— Você não vai mandar uma mensagem para a sua irmã sobre isso — disse Hanna
pegando em sua mão — nós não somos mais amigas, ok?
Mike abaixou seu telefone, sem nem mesmo protestar.
— Eu já sabia isso Hanna, só não sabia que demoraria tanto para você admitir isso.
Hanna engoliu, surpresa. Ela pensava que ele não havia reparado. Ele provavelmente
queria saber porque ela e Aria não estavam se falando, mas ela não podia contar nada para ele.
De repente, Hanna não suportava mais ficar no mesmo lugar que Mike. Quando ela se levantou
e pegou sua bolsa do chão, Mike tocou em seu cotovelo.
— Onde você vai?
— Banheiro — Hanna disse rispidamente — posso?
— Você vai ligar para aquele fotografo não vai? — os olhos de Mike ficaram frios.
— Talvez — ela jogou seus cabelos ruivos sobre seus ombros.
— Hanna, não.
— Você não pode me dizer o que fazer.
Mike amassou o saco do Tokyo Boy.
— Se você fizer isso, pode esquecer de mim pra ir com você em qualquer evento de
campanha de seu pai.
Hanna não conseguia acreditar, Mika nunca tinha dado um ultimato antes. Desde que
começaram a namorar, ele a tratava como uma rainha. Agora parecia que alguém tinha
esquecido o seu lugar.
— Nesse caso... — Hanna olhou para o corredor — que tal nós simplesmente
esquecermos tudo?
A pele ao redor da boca de Mike afroxou. Obviamente ela estava blefando. Mas antes
que ele pudesse protestar, Hanna saiu do auditório. Ela passou pelo escritório, pela enfermaria,
pela cantina, o refeitório que sempre cheirava a café queimado nesta hora do dia, finalmente, ela
parou nas portas duplas que iam para o ginásio, lá havia um canto em que era possível fazer
ligações de celulares sem que os professores vissem. Hanna pegou seu telefone na bolsa e
discou o número de Patrick.
O telefone tocou três vezes, e uma voz grogue respondeu.
— Patrick? — Hanna disse com sua melhor voz profissional — É Hanna Marin, nós nos
conhecemos na sessão de fotos de meu pai no sábado.
— Hanna! — Patrick, de repente soou mais acordado — Estou tão feliz que você ligou!
Em menos de um minuto, tudo fora arranjado: Hanna iria encontrar Patrick na Filadélfia
amanhã depois da escola, ele iria tirar algumas fotos teste para seu portifólio. Ele parecia
perfeitamente respeitável, falando com ela sem nenhum tom de paquera. Quando desligou,
Hanna segurava o seu telefone com as palmas das mãos, o coração dela batia forte. Toma essa
Mike.
Patrick não era um falastrão, ele iria fazer de Hanna uma estrela. Ela deixou seu
telefone cair dentro da bolsa e viu uma sombra no canto, no vidro da porta havia um reflexo de
uma menina loira, Ali. Hanna olhou ao redor, esperando ver Ali de pé em algum canto, mas viu
apenas um cartaz com a imagem de Ali na sétima série. Havia quadros menores de Jenna
Cavanaugh, Ian Thomas, e uma grande foto da verdadeira Ali depois de seu retorno. BASTA
UM FÓSFORO ACESO, dizia a manchete com as imagens. Abaixo haviam detalhes do filme
feito para a TV, Pretty Little Killer.
Incrível, até mesmo sua escola estava promovendo o filme. Hanna arrancou o cartaz e o
amassou. De repente, uma voz da Jamaica ecoou nos seus ouvidos: sinto que conheço vocês
desde sempre. Mas isso é impossível certo? Seguido por uma risada sinistra.
— Não — Hanna sussurrou, removendo a voz de sua cabeça.
Ela não ouvia isso a um bom tempo, desde que elas haviam retornado da viagem. Ela
não iria permitir que a voz ou a culpa invadisse sua mente novamente. Um trio de garotas com
casacos da North Face e botas Ugg atravessaram a porta. Um professor de inglês passou pelo
corredor carregado de livros. Hanna rasgou a foto de Ali em mil pedaços e jogou tudo no lixo.
Neste lugar, Ali havia ido embora, assim como a verdadeira. Disso Hanna tinha certeza.
7
MELOSAS

Na noite de segunda-feira, Emily estacionou o Volvo na calçada dos Roland e puxou o freio de
emergência. As palmas das mãos suavam. Ela não podia acreditar que estava prestes a entrar na
casa onde Jenna e Toby tinham vivido.
No pátio lateral estava o toco do que costumava ser a casa de Toby na velha árvore, o
local da brincadeira horrível que tinha cegado Jenna. Havia a grande janela de sacada através da
qual Ali e as outras espionavam Jenna quando elas não tinham nada melhor para fazer. Ali era
implacável com Jenna, mexendo com sua voz estridente, sua pele pálida, ou como ela trazia
sanduíches de atum para o almoço e depois tinha hálito de atum para o resto do dia. Mas sem o
conhecimento delas, Ali e Jenna compartilhavam um segredo: Jenna sabia que Ali tinha uma
irmã gêmea. Foi por isso que, no final, a verdadeira Ali a tinha matado.
De repente, a porta de carvalho pintada de vermelho batido se abriu, e Chloe apareceu.
— Ei, Emily, vem aqui!
Emily entrou timidamente. A casa cheirava a maçãs, as paredes tinham sido pintadas
com vermelhos profundos e laranjas, e tapeçarias indianas estavam penduradas no espaço
grande debaixo das escadas. A mobília era uma incompatibilidade de cadeiras Stickley,
estofados surrados, divãs dos anos 60 e uma mesa de café feita de uma grande tábua de bordo.
Era como andar em uma loja de sucatas extravagante.
Ela seguiu Chloe até o cômodo do fundo, que tinha portas do chão ao teto, que se
abriam para o pátio.
— Aqui está Gracie, — disse Chloe, apontando para o bebê em um balanço no canto. —
Gracie, lembra-se da sua melhor amiga Emily?
O bebê fez um barulho e voltou a mastigar uma girafa de borracha. Emily sentiu algo
subir dentro do peito, uma sensação que ela não estava pronta para enfrentar. Ela empurrou-a
para baixo novamente.
— Oi, Grace. Gostei da sua girafa. — Ela deu-lhe um aperto, e ela guinchou.
— Quer vir para o meu quarto um segundo? — Chloe chamou das escadas. — Eu só
tenho que pegar umas coisas para a minha entrevista. Grace vai ficar bem em seu balanço por
um minuto.
— Uh, com certeza. — Emily caminhou pela sala. O velho relógio no hall de entrada
soou às sete. — Onde estão seus pais?
Chloe se esquivou de um monte de caixas no hall do segundo andar.
— Ainda no trabalho. Eles são advogados, sempre super ocupados. Oh, eu disse ao meu
pai sobre você, ele disse que ia ajudar com a coisa da bolsa. Ele disse que a UNC ainda está à
procura de bons nadadores.
— Isso é incrível. — Emily queria abraçar Chloe, mas ela não a conhecia bem o
suficiente ainda.
Chloe entrou no quarto, que foi decorado com pôsteres de jogadores de futebol famosos.
Um David Beckham sem camisa chutava uma bola. Mia Hamm no meio do campo, seu
abdômen parecendo incrível. Chloe pegou uma escova e passou através de seu longo cabelo.
— Você disse que deixou de nadar neste verão, certo?
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09. twisted [retorcidas]

  • 1.
  • 2. Agradecimentos Quero agradecer a todas as pessoas que com seu interesse sem medidas, fez com que esse projeto de tradução andasse. E quero agradecer aos leitores com seu apoio incondicional. Moderador Patryck Pontes Tradução Cícero Bárbara A. Aline Agnes Rafaela CR. Oliveira Liliane Revisão Patryck Pontes
  • 3. Antes de embarcar em uma jornada de vingança, cave duas covas. -CONFUCIUS
  • 4. ALGUMAS AMIZADES NUNCA MORREM Você já conheceu alguém com nove vidas? Como aquele “ser do espaço” que quebrou sete ossos em seu corpo no verão passado, mas de alguma forma levou sua equipe em gols nesta temporada de lacrosse. Ou aquela duas caras que se sentava ao seu lado em geometria, que ela colou nas provas e ferrava os amigos pelas costas , a vadia-mor. E que vivia desfilando pra lá e pra cá. Mrow. Os relacionamentos podem ter nove vidas, também. Como o namorado que você lutou e fez por merecer por dois anos seguidos? Ou o BFF conivente que você perdoou novamente e novamente? Ela nunca esteve totalmente morta para você, não é? Mas talvez seria melhor se estivesse. Quatro meninas bonitas de Rosewood encontram-se diante de uma velha "amiga da onça" que achavam ter sido queimada, literalmente. Mas eles já deveriam saber que nada em Rosewood está realmente terminado. De fato, algumas antigas e perdidas melhores amizades continuam apenas para conseguir o que realmente importa . Vingança. ― O último que estiver fora do penhasco compra o jantar! ― disse Spencer Hastings dando nós duplos nas cordas de seu biquíni Ralph Lauren correndo até a borda das rochas que tinha a vista para o mar turquesa mais bonita que já tinha visto. Isso foi dizer muito, considerando que a família Hastings tinha ido à praticamente todas as ilhas do Caribe, até mesmo as pequenas que exigiram um avião particular para chegar. ― Logo atrás de você! ― Aria Montgomery disse, enquanto chutava para o alto suas Havaianas flip-flops, fazendo um coque em seu longo e sinuoso cabelo azulpreto . Ela não se preocupou em tirar as pulseiras dos braços ou os brincos de penas que balançavam em suas orelhas. ― Fora do meu caminho! ― Hanna Marin passou as mãos sobre o estreito quadril e ela ainda esperava que continuassem estreitos após a placa maciça de um tipo de mariscos fritos que tinha comido e do peixe Bem Vindo à Jamaica que viu fritando naquela tarde. Emily Fields se levantou deixando a camisa em uma pedra grande e plana. Quando ela chegou à beira e olhou para baixo, uma onda de tontura bateu nela. Ela parou e cobriu a boca até que o sentimento passasse. As meninas pularam de um precipício e caíram na água quente e tropical, exatamente ao mesmo tempo. Elas surgiram, rindo - todas ganharam e perderam! E olhando para o Cliffs , o resort jamaicano alto acima de suas cabeças. O prédio de estuque rosa, que abrigava as salas, estúdio de ioga, dança, clube e spa, elevou-se até as nuvens, e havia várias pessoas ociosas em suas varandas sombreadas ou comendo algo no convés. As palmeiras balançavam e as aves nativas cantavam. Um som bem fraco de uma versão tambor de aço de "Redemption Song" de Bob Marley flutuava pelo ar. ― Paraíso ― Spencer sussurrou. As outras murmuraram em acordo. Este foi o refúgio ideal, o oposto completo de Rosewood, na Pensilvânia, onde as quatro meninas viviam. Claro, o subúrbio de Filadélfia era como um cartão-postal, resplandecente, com espessura, matas exuberantes, mansões expansivas, trilhas a cavalo, idílicos e pitorescos celeiros velhos em ruínas do século XVII, mas depois do que tinha acontecido poucos meses antes, as meninas precisavam de uma mudança de cenário. Elas
  • 5. precisavam esquecer de que Alison DiLaurentis, a garota que costumava admirar e adorar e toda a gente queria ser , havia tentado matá-las. Esquecer era impossível, no entanto. Apesar de dois meses terem se passado desde o que aconteceu, as memórias continuavam assombrado elas, visões vagando como fantasmas. Gosto de como Alison pegou suas mãos e disse a cada uma delas que ela não era sua irmã gêmea, Courtney, como seus pais haviam alegado, mas sua melhor amiga que voltara do túmulo. Ou como Ali convidou-as para casa de sua família em Poconos, dizendo que seria o reencontro perfeito. Como, logo depois que eles chegaram, Ali levou-as a um quarto no andar de cima e pediu que a deixassem hipnotizar-las exatamente como tinha feito na noite em que desapareceu na sétima série. Em seguida, ela bateu a porta, trancou pelo lado de fora, e deslizou uma nota embaixo dizendo-lhes exatamente quem ela era. . . e quem ela não era. Seu nome era Ali, tudo bem. Mas acabou que elas não tinham sido amigas da Ali real. A menina que escreveu essa nota na casa de Poconos não era a mesma garota que tinha arrancado Spencer, Aria, Emily, Hanna da obscuridade em Rosewood Day no início da sexta série. Tampouco era a menina com quem tinha trocado roupas, fofocas, tinham competido, e “veneraram” por um ano e meio. Isso tinha sido Courtney o tempo todo, posando como Ali, entrando em sua vida logo depois que a sexta série começou. Esta Ali, a Ali real, era uma estranha. Uma menina que as odiava com cada grama de seu ser. A verdadeira “A” que tinha matado Ian Thomas, que queimara as madeiras atrás da casa de Spencer, que tinha assassinado Jenna Cavanaugh por saber demais, e também a pessoa que matou sua irmã gêmea Courtney na fatídica noite da festa do pijama das meninas na sétima série. E ela planejava que as meninas seriam as próximas. Assim que as meninas leram a última frase da carta horrível, seus narizes começaram a contrair com o cheiro de fumaça, a Ali real tinha encharcado a casa em gás e acendido um fósforo. Elas escaparam a tempo, mas Ali não tinha sido tão feliz. Quando a cabine explodiu, Ali ainda estava dentro. Ou não era ela? Havia muitos rumores de que ela não conseguiu sair viva. A história toda foi a público agora, incluindo o interruptor duplo, e mesmo que ela fosse uma assassina de sangue frio, algumas pessoas ainda estavam fascinados com a verdadeira Ali como sempre ocorria. Pessoas afirmaram ter visto Ali em Denver, ou Minneapolis, ou Palm Springs. As meninas tentaram não pensar nisso. Elas tiveram que seguir em frente. Elas não tinham nada a temer. Duas figuras apareceram no topo do penhasco. Um deles foi Noel Kahn, namorado de Aria, o outro era Mike Montgomery, seu irmão e namorado de Hanna. As meninas remaram para as etapas esculpidas na rocha. Noel entregou a Aria uma toalha grande bem fofa que tinha as falésias de Negril na Jamaica costurada na parte inferior na linha vermelha. ― Você fica tão sexy nesse biquíni ― disse Noel. ― Sim, certo ― Aria abaixou a cabeça e olhou para os seus membros pálidos. Certamente não tão quente quanto as deusas louras que ficavam passando óleo o dia todo em seus braços longos e pernas que já eram bronzeados . Se ela tivesse pego Noel verificando-os, ou era apenas paranóia ciumenta para obter o melhor dela? ― Estou falando sério ― Noel belsicou a bunda de Aria . ― Eu fiquei segurando sua skinny- dipping nesta viagem. E quando fomos à Islândia, e ficamos nus nas piscinas geotérmicas ― completou Noel. Aria corou. Noel deu uma cotovelada nela.
  • 6. ― Você está empolgado com a Islândia, não é? ― Claro. ― Noel havia surpreendido Aria com ingressos para ela, ele mesmo, Hanna, e Mike para irem à Islândia neste verão com todas as despesas pagas pela sua família. Aria certamente não poderia dizer que havia ficado três anos numa ilha bucólica na Islândia depois que Ali desapareceu. Mas ela sentiu uma estranha resistência sobre a viagem, um pressentimento estranho que ela não deveria ir. O porque, ela não tinha certeza. Depois que as meninas caíram em suas cangas, vestidos de praia e no caso de Emily em uma enorme camiseta Urban Outfitters com as palavras Merci Beaucoup impressos na frente, Noel e Mike as levaram a uma mesa no restaurante panorâmico tropical. Toneladas de outros adolescentes também de férias de primavera estavam no bar, paquerando e tomando algumas doses. Um nó de meninas em mini-vestidos e saltos altos, tiras riram em um canto. Rapazes altos e bronzeados em calções pólo confortáveis calçando tênis da puma brindavam com suas garrafas de cerveja enquanto conversavam sobre esportes. O ar tinha um pulso elétrico, que brilhava com uma promessa de conexões ilícitas, memórias bêbadas, e nadadas altas horas da noite na piscina do resort de água salgada. O ar também vibrava com outra coisa, algo que as quatro meninas perceberam instantaneamente. Excitação, certamente. . . mas também uma pitada de perigo. Parecia uma daquelas noites que tudo poderia ir de maravilhosamente bem. . . para terrivelmente errada. Noel perguntou: ― Bebidas? O que vamos pedir? ― Red Stripe (a clássica cerveja da Jamaica) ― Hanna respondeu. Spencer e Aria acenaram com a cabeça em concordância ― Emily? ― Noel virou para ela. ― Somente uma cerveja de gengibre ― disse Emily. Spencer tocou em seu braço e disse ― Você está bem? Emily não era uma grande festeira, mas era estranho que ela não estivesse aproveitando pelo menos um pouco das férias. Emily apertou a mão sobre a boca. Em seguida, levantou-se desajeitadamente da mesa e correu em direção ao banheiro pequeno no canto. ― Eu só tenho que. . . ― Emily não conseguiu completar. Todo mundo viu como ela costurou em torno das crianças na pista de dança e se enfiou às pressas pela porta rosa do banheiro. Mike fez uma careta e disse: ― Isso é a vingança de Montezuma, o Imperador Asteca. ― Eu não sei... ― Aria disse. Eles tinham tido o cuidado de não beber água da torneira aqui. Mas Emily não tinha sido ela mesma desde o fogo. Ela tinha sido apaixonada por Ali. A menina que ela pensava ser sua melhor amiga e que tinha voltado para quebrar seu coração e tentar matá-la tudo isso deve ter sido duplamente devastador. O telefone celular de Hanna zumbiu, quebrando o silêncio. Ela puxou-o para fora de sua bolsa de praia feita de palha e gemeu. ― Bem, é oficial. Meu pai está correndo para o Senado. Este idiota em sua equipe de campanha já está pedindo para se encontrar comigo quando eu voltar. ― Sério? ― Aria pôs o braço em volta dos ombros da Hanna. ―- Hanna, isso é incrível! ― Se ele ganhar, você vai ser uma Primeira Filha! ― disse Spencer. ― Você vai estar nas revistas da sociedade! Mike arrastou sua cadeira para mais perto de Hanna.
  • 7. ― Posso ser seu agente do Serviço Secreto pessoal? Hanna pegou um punhado de chips de banana de uma bacia em cima da mesa e empurrou-as em sua boca. ― Eu não vou ser a primeira filha. Kate vai ― murmurou enraivada. A enteada de seu pai e sua nova esposa eram agora sua verdadeira família agora. Hanna e sua mãe foram rejeitadas. Aria bateu na mão de Hanna e as pulseiras do braço dela se agitaram em seu pulso. ― Você é melhor do que ela é, e você sabe disso. Hanna revirou os olhos com desprezo. Ela era grata a Aria por tentar animá-la. Essa foi à única coisa boa que tinha saído da desastrosa Ali: As quatro eram melhores amigas novamente, com vínculo ainda mais forte do que na sétima série. Elas prometeram permanecer amigas para sempre. Nada jamais iria ficar entre elas novamente. Noel voltou com as bebidas, e todo mundo brindou e disse: ― Sim, mon! ― Em seus acentos jamaicanos falsos. Emily voltou cambaleando do banheiro, ainda enjoada, mas sorriu com alegria quando tomou um gole da cerveja de gengibre. Depois do jantar, Noel e Mike andaram até uma tabela de hockey no canto e começaram a trocar passes. O DJ aumentou o volume da música, e a voz de Alicia Keys começou a explodir no aparelho de som. Várias pessoas se contorciam na pista de dança. Um rapaz com cabelo castanho ondulado e um excelente físico chamou a atenção de Spencer e acenou para ela se juntar a ele. Aria cutucou Spencer. ― Vá em frente Spence! Spencer virou corando. E tentou disfarçar. ― Ele parece o remédio perfeito para você esquecer o Andrew ― Hanna insistiu. Andrew Campbell, o namorado de Spencer, tinha termindado com ela há um mês, aparentemente o calvário de Spencer com Ali e A fora “uma barra muito intensa" para ele segurar. ”Coitadinho” Spencer olhou para o cara na pista de dança novamente. Na verdade, ele era bonito em seus longos shorts cáqui e sapatos de barco. Então ela viu a insígnia em sua pólo. EQUIPE DE PRINCETON. Princeton era a faculdade que ela queria cursar. Hanna se iluminou, percebendo a insígnia também. ― Spence! É um sinal! Vocês podem acabar sendo companheiros de dormitório! Spencer desviou o olhar. ― Não é como se fosse certo de que conseguirei a vaga ― Spencer completou. As meninas trocaram um olhar surpreso. ― Claro que você vai ― Emily disse calmamente. Spencer pegou a cerveja e tomou um gole generoso, ignorando os olhares curiosos. A verdade era que se descuidara nos últimos meses com seus trabalhos escolares, após a sua suposta BFF tentar matá-las? A última vez que verificou algo com o seu orientador sobre sua posição na classe, havia escorregado ao vigésimo sétimo lugar. Ninguém ficou tão baixa que nunca entrou em uma das univeridades da Ivy (Brown, Columbia, Cornell, Darmouth, Cambrigde, Pensilvânia, Princeton e Yale). ― Eu prefiro ficar com vocês meninas ― disse Spencer. Ela não queria pensar sobre a faculdade nas férias. Aria, Emily, e Hanna encolheram os ombros, então, ergueram os copos mais uma vez. ― A nós ― disse Aria.
  • 8. ― A nossa amizade ― Hanna concordou. Cada uma das meninas deixou suas mentes vagarem para um lugar zen, e pela primeira vez em dias, elas não pensaram automaticamente em seu passado horrível. Nem as mensagens de A voltaram a se formar em suas mentes. Rosewood parecia um sistema solar diferente. O DJ colocou para tocar uma música antiga da Madonna, Spencer se levantou dizendo: ― Vamos dançar galera. Os outros começaram a saltar para cima também, mas Emily agarrou o braço de Spencer com força, puxando-a de volta para baixo dizendo: ― Não se mova. ― O quê? ― Spencer olhou para ela. ― Por quê? Olhos de Emily eram discos, o seu olhar fixo em algo pela escada em espiral. ― Olhem. As meninas se viraram e olharam. Uma garota magra, loura em um vestido amarelo brilhante apareceu no corredor. Ela tinha olhos azuis impressionantes, lábios alinhados e rosas, uma cicatriz sobre sua sobrancelha direita. Mesmo de onde elas estavam sentadas poderiam distinguir mais cicatrizes em seu corpo: pele enrugada em seus braços, lacerações em seu pescoço, a carne seca em suas pernas nuas. Mas, apesar das cicatrizes, ela irradiava beleza e confiança. ― O que é isso? ― Aria murmurou. ― Você a conhece? ― perguntou Spencer. ― Não consigo ver ― Emily sussurrou, sua voz estava trêmula . ― Isso não parece óbvio? ― O que supostamente estaríamos vendo? ― Aria disse suavemente, preocupada. ― Aquela garota ― Emily virou-se para elas, seu rosto estava pálido e seus lábios sem sangue. ― É... Ali.
  • 10. 1 GRANDE FESTINHA Um fornecedor rechonchudo com as mãos impecavelmente bem cuidadas empurrou uma bandeja fumegante de queijo gosmento na cara de Spencer Hastings. — Brie assado? Spencer escolheu um biscoito e deu uma mordida grande. Delicioso. Não era todo dia que serviam Brie assado em sua própria cozinha, mas nesta noite de sábado em particular, sua mãe dava uma festa para dar as boas vindas a uma nova família no bairro. Sra. Hastings não estava no humor de bancar a anfitriã nos últimos meses, mas ela teve uma explosão de entusiasmo social. Veronica Hastings entrou apressada na sala, uma nuvem de Chanel N° 5 estava ao redor dela, seus brincos balançavam em suas orelhas e havia um grande anel de diamante em seu dedo direito. O anel era uma recente compra de sua mãe, que havia trocado todas as joias que o pai de Spencer dera. Seu cabelo loiro acinzentado caia em seu rosto, seus olhos pareciam grandes graças a maquiagem bem aplicada. Ela usava um vestido preto da Pilatestoned que exibia seus braços. — Spencer, sua amiga está aqui para trabalhar na sessão de casaco — Sra. Hastings disse apressadamente, enquanto ela colocava um par de pratos na máquina de lavar louças e dava uma olhada na cozinha para checar pela décima vez se faltava algo. — talvez você devesse ir ver se ela precisa de alguma coisa. — Quem? — Spencer torceu o nariz, ela não havia pedido para ninguém trabalhar hoje. Geralmente sua mãe contratava estudantes da Faculdade Hollis, a Universidade que havia na estrada. A mãe de Spencer deixou escapar um suspiro impaciente e verificou seu reflexo impecável na porta de aço inoxidável da geladeira. — Emily Fields, eu a contratei pelos estudos. Spencer se enrijeceu, Emily estava aqui? Ela não a havia convidado. Ela não conseguia se lembrar qual foi a última vez que ela havia falado com Emily, havia meses. Mas a sua mãe, e o resto do mundo, ainda pensavam que elas eram amigas íntimas. A capa da revista People era a culpada, por publicar, logo após a real Ali tentar matá-las e mostrou Spencer, Emily, Aria e Hanna dando um abraço coletivo com a seguinte manchete: Muito bonitas, mas definitivamente não são mentirosas. Recentemente um repórter ligou para a casa de Spencer para solicitar uma entrevista com as quatro para o aniversário daquela noite terrível em Poconos, que seria no próximo sábado, o público queria saber como as meninas estavam um ano depois. Spencer negou a entrevista e tem certeza que as outras meninas também. — Spence? Spencer se virou e viu que sua mãe havia se retirado e que sua irmã Melissa estava em seu lugar, com seu corpo envolto em uma capa de chuva cinza, um par de calças pretas finas de J. Crew. — Hey Melissa estendeu a mão e deu um grande abraço em Spencer, Spencer sentiu que ela cheirava Chanel N° 5, Melissa era um clone de sua mãe, mas Spencer ignorou isso.
  • 11. — É tão bom te ver! — Melissa soava como uma tia que há muito tempo não via Spencer, desde que ela era uma criança, mesmo que tivesse ido esquiar na Bachelor Gulch no Colorado há dois meses. Então alguém saiu de trás dela. — Oi Spencer — disse o homem a direita de Melissa. Ele parecia estranho em uma jaqueta, gravata e calças cáqui com vincos perfeitamente alinhados nas pernas. Spencer estava acostumada de vê-lo com o uniforme da polícia de Rosewood com uma arma na cintura. Darren, policial Daren Wilden, havia sido o detetive na investigação do assassinato de Alison DiLaurentis. Ele havia questionado Spencer sobre o desaparecimento de Ali, que na verdade era Courtney, diversas vezes. — O-oi — Spencer disse observando como Wilden enrolava seus dedos nos de Melissa. Os dois estavam namorando há quase um ano, mas ainda era estranho. Se Melissa e Wilden tivessem procurado o par perfeito no eHarmony, o site nunca os conectaria. No passado, Wilden havia sido um mau elemento de Rosewood Day, a escola particular onde todos estudavam, o garoto escrevia mensagens sujas nas paredes do banheiro, fumava cigarros na sala do professor de ginástica. Melissa, por outro lado, havia sido oradora da sala e rainha do baile, sua ideia de ficar bêbada era comer metade de uma trufa recheada com licor holandês. Spencer também sabia que Wilden havia crescido em uma comunidade Amish em Lancaster na Pensilvânia e que havia fugido quando era adolescente. Será que ele já havia partilhado essa sua história com Melissa? — Eu vi a Emily quando eu entrei — disse Wilden — Vocês vão assistir aquele filme louco feito para a TV no próximo final de semana? — UHM — Spencer fingiu arrumar a blusa, não querendo responder a pergunta. Wilden se referia ao filme Pretty Little Killer, um docu-drama que iria recontar a história do retorno na verdadeira Ali, e A, e a sua morte. Em uma vida paralela, as quatro iriam, provavelmente, ver o filme juntas, iriam analisar as meninas que haviam sido escolhidas para interpretá-las, reclamando do diálogo impreciso e estremecendo ao ver a insanidade de Ali. Mas não agora, após a Jamaica, a amizade entre elas começou a desmoronar. Atualmente, Spencer não conseguia permanecer na mesma sala com nenhuma de suas amigas sem se sentir ansiosa e impaciente. — O que vocês estão fazendo aqui? — Spencer perguntou, desviando a conversa para longe do passado — Não que eu me importe claro. Ela disparou um sorriso para Melissa. As irmãs tiveram seus problemas no passado, mas elas tentaram colocar tudo isso para trás após o incêndio no ano passado. — Oh, nós estamos apenas de passagem para pegar umas caixas que eu deixei para trás no meu antigo quarto — Melissa disse — daqui nós vamos para a loja Kitchens and Beyond. Eu te falei? Eu estou redecorando minha cozinha, eu quero um tema mais Mediterrâneo. E Darren está se mudando para lá. Spencer levantou uma sobrancelha para Wilden. — E o seu trabalho em Rosewood? — Melissa vivia em uma casa luxuosamente reformada em Rittenhouse Square na Filadélfia, um presente de seus pais por ser formar na Penn. — Será uma longa viagem todos os dias. — Eu me demiti da polícia mês passado — Wilden sorriu — a Melissa me conseguiu um emprego de segurança no Museu de Arte da Filadélfia, eu vou correr nas escadas de mármore todos os dias como o Rocky. — E proteger valiosas pinturas — Melissa lembrou. — Então de quem é essa festa afinal? — Wilden pegou dois copos do balcão de granito e serviu a ele e Melissa vinho tinto. Spencer deu de ombros para a sala. — Uma nova família que se mudou para a casa do outro lado da rua. Eu acho que minha mãe está tentando fazer boa impressão. — A casa dos Cavanaugh? — Wilden se endireitou — Alguém comprou esse lugar? — Deve ter sido um negócio e tanto — Melissa estalou a língua — eu não viveria lá nem de graça.
  • 12. — Acho que estão tentando apagar as memórias — Spencer resmungou. — Bem que seja, saúde! — Melissa inclinou o copo e bebeu. Spencer ficou olhando para o chão. Era doido que alguém houvesse comprado a casa dos Cavanaugh, os dois filhos deles haviam morrido enquanto viviam lá. Toby cometeu suicídio logo depois que voltou do reformatório. Jenna havia sido estrangulada e jogada em uma vala atrás da casa por Ali, a verdadeira Ali. — Então, Spencer — Wilden virou-se para ela novamente — você está mantendo um segredo. A cabeça de Spencer se ergueu, seu coração disparou. — Me desculpa? Wilden tinha instinto de detetive. Ele poderia dizer que ela estava escondendo algo? Certamente ele não sabia nada sobre a Jamaica. Ninguém poderia saber sobre isso enquanto ela vivesse. — Você entrou em Princeton! — Wilden falou — Parabéns! Lentamente o ar preencheu o pulmão de Spencer. — Oh, verdade, descobri há um mês atrás. — Eu não podia deixar de me gabar com ele Spence — Melissa sorriu — espero que você não se importe. — E a decisão antecipada também — as sobrancelhas de Wilden subiram — incrível! — Obrigada. — Mas a pele de Spencer pinicava, como se ela tivesse passado muito tempo no sol. Ela havia feito um esforço sobre-humano para retornar ao topo do ranking de sua classe para assegurar seu lugar na Universidade de Princeton. Ela não estava exatamente orgulhosa de tudo o que ela havia feito, mas ela o fez. A Sra. Hastings voltou a cozinha e bateu levemente nos ombros de Spencer e Melissa. — Por que vocês não estão circulando na festa? Eu estou falando das minhas duas filhas brilhantes faz dez minutos e as quero mostrar. — Mãe — lamentou Spencer, embora secretamente se sentisse feliz quando sua mãe tinha orgulho de ambas, e não apenas de Melissa. A mãe de Spencer a dirigiu até a porta, felizmente a Sra. Norwood, uma mulher com quem a mãe de Spencer regularmente jogava tênis bloqueou seu caminho. Quando ela viu a Sra. Hastings, seus olhos brilharam. Ela agarrou os punhos da mãe de Spencer. — Veronica! Estou morrendo de vontade de falar com você! Bom jogo querida! — Desculpe? — a mãe de Spencer parou e lhe deu um sorriso largo e falso. — Não finja que nada está acontecendo! — Sra.Norwood baixou o queixo timidamente e piscou — Eu sei sobre Nicholas Pennythistle! Ótima escolha! A mãe de Spencer ficou pálida. — O-oh — os olhos dela esvoaçavam para as suas duas filhas — eu não disse exatamente. — Quem é Nicholas Pennythistle? — Melissa interrompeu, sua voz estava afiada. — Um ficante? — Spencer repetiu. A sra. Norwood na hora percebeu a sua gafe e recuou até a sala. A sra. Hastings enfrentou suas filhas. Uma veia em seu pescoço se destacou. — Hum Darren, nos dá licença por um momento? Wilden assentiu e se dirigiu para a sala principal, a Sra. Hastings afundou em uma das banquetas e suspirou. — Olha, eu ia contar pra vocês esta noite, depois que todos fossem embora. Eu estou namorando alguém, seu nome é Nicholas Pennythistle e acho que é sério, gostaria que vocês o conhecessem. — Não é um pouco cedo? — o queixo de Spencer caiu, como poderia a mãe dela estar namorando novamente? O divórcio só foi finalizado há alguns meses, antes do natal, ela ainda estava deprimida, andando pela casa de moletom de chinelos. — Não, não é muito cedo, Spencer — Sra. Hastings respirou profundamente. — O meu pai sabe? — Spencer via seu pai praticamente todo final de semana, os dois iam a exposições de arte e assistiam a documentários na cobertura de seu pai na Cidade antiga.
  • 13. Recentemente, Spencer havia percebido indícios de uma mulher no apartamento, uma escova de dentes extra, uma garrafa de bebida, e ela percebeu que ele estava saindo com alguém. Ela havia achado muito cedo, mas agora a mãe dela também estava saindo com alguém. Ironicamente Spencer era a única pessoa em sua família que não namorava. — Sim, seu pai sabe — respondeu a Sra. Hastings exasperada — eu disse a ele ontem. A garçonete voltou para a cozinha. A mãe de Spencer colocou mais champanhe. — Eu gostaria que vocês jantassem com Nicholas no Goshen Inn, comigo e com os filhos dele, amanhã a noite, portanto liberem suas agendas. E vistam algo legal. — Filhos? — Spencer murmurou. Estava ficando pior. Ela imaginou passar a noite com dois pirralhos usando aparelhos e propensão para torturar pequenos animais. — Zachary de 18 e Amélia de 15. — a mãe de Spencer respondeu secamente. — Bem mãe, eu acho maravilhoso — Melissa disse sorrindo brilhantemente — claro, você deve seguir com a sua vida! Bom pra você! Spencer sabia que deveria dizer algo nesse sentido também, mas nada veio a sua mente. Ela que havia exposto a traição de seu pai com a mãe de Ali, e que Ali e Courtney eram meiairmãs dela e de Melissa. Se ela não o fizesse, A o faria. — Agora se misturem meninas, isso é uma festa! A sra. Hastings agarrou nos braços de Melissa e Spencer e as empurrou para a sala. Spencer cambaleou para o espaço que estava cheio de pessoas do bairro, do clube e da associação de pais de Rosewood Day. Um bando de garotos que conheciam Spencer desde o jardim da infância estavam reunidos ao lado da janela do lado da casa, tomando champanhe. Naomi Zeigler gritava com Mason Byers que fazia cócegas nela. Sean Ackard estava em uma profunda conversa com Gemma Curran. Mas Spencer não tinha vontade de falar com nenhum deles. Em vez disso ela caminhou em direção ao bar, ela poderia muito bem tomar uma bebida, nesse instante, ela prendeu seus saltos na borda do tapete. Suas pernas ficaram e, de repente ela estava no ar. Ela estendeu a mão para um dos quadros pintados a óleo na parede e conseguiu recuperar o equilíbrio antes que quebrasse seu nariz no chão, mas várias cabeças viraram e olharam para ela. Emily chamou a atenção dos olhos de Spencer antes dos outros, Spencer não conseguia desviar o olhar, Spencer então, voltou para a cozinha, elas não estavam se falando agora e sempre. A temperatura da cozinha estava ainda mais quente do que antes. Os cheiros de salgados fritos, e queijos picantes importados deixaram Spencer tonta. Ela se inclinou no balcão, respirando profundamente. Quando ela olhou para a sala novamente, os olhos de Emily haviam se desviado, ótimo. Mas em seu lugar, alguém estava olhando para ela, Wilden havia visto claramente a troca silenciosa de olhares entre ela e Emily. Spencer quase podia ver as engrenagens funcionando na cabeça do ex-detetive. O que poderia ter causado essa figura perfeita, a capa de uma revista de uma amizade destruída e queimada? Spencer bateu a porta da cozinha e se retirou para o porão, levando uma garrafa de champanhe com ela. Muito ruim, Wilden. Isso era um segredo que nem ele, nem ninguém jamais saberia.
  • 14. 2 PELES, AMIGAS E RISADAS DISTANTES — Por favor, não use um cabide de arame — disse rispidamente uma senhora de cabelos grisalhos, enquanto tirava seu trench Burberry e colocava nos braços de Emily Fields. Então, sem sequer agradecer, a mulher entrou no centro da sala dos Hastings e sentou-se em um sofá. Esnobe.Emily pendurou o casaco, que cheirava a uma mistura de água de colônia, cigarros e cachorro molhado em um cabide, fixou uma etiqueta de verificação e colocou-o no grande armário de carvalho no escritorio do Sr. Hastings. Os dois Labradoodles de Spencer, Rufus e Beatrice, ofegavam do outro lado da porta, frustrados por terem ficado trancados por causa da festa. Emily deu um tapinha na cabeça deles e eles abanaram suas caudas. Pelo menos eles ficaram felizes em vê-la. Quando voltou para sua posição na mesa de verificação de casacos, olhou com cautela ao redor da sala. Spencer ainda estava na cozinha. Emily não tinha certeza se sentia alívio ou desapontamento. A casa dos Hastings era a mesma de sempre: quadros antigos da família pendurados no hall de entrada, luxuosas cadeiras e sofás franceses na sala e pesadas cortinas douradas cobrindo as janelas. No passado, quando elas estavam no sexto e sétimo ano, Emily, Spencer, Ali e outras alegavam que a sala era um quarto em Versalhes. Ali e Spencer quase sempre brigavam sobre quem seria Maria Antonieta, e Emily quase sempre era relegada a ser uma dama de honra. Uma vez, enquanto Ali se fazia de Maria Antonieta, obrigou Emily a fazer-lhe uma massagem nos pés. — Você sabe que você adora isso. — ela brincou. O desespero enrolou Emily como uma forte onda no mar. Era doloroso pensar sobre o passado. Se somente pudesse colocar as memórias em uma caixa e enviá-las para o Pólo Sul e estar livre delas para sempre. — Você está encurvada — uma voz sussurrou. Emily olhou para cima. Sua mãe estava à sua frente, com a testa franzida e os cantos da sua boca enrugados em uma careta. Ela usava um vestido azul que chegava a um lugar pouco atraente entre os joelhos e panturrilhas, e uma bolsa de pele de cobra falsa debaixo do braço que parecia como se levasse um pedaço de pão francês. — E sorria, — disse a Sra Fields — Você parece miserável. Emily encolheu os ombros, o que deveria fazer? Sorrir como uma louca? Começar a cantar? — Este trabalho não é exatamente divertido — disse ela. As narinas da Sra Fiels se dilataram. — A Sra. Hastings foi muito amável, dando-lhe esta oportunidade. Por favor, não abandone isso como fez com todo o resto. Ouch. Emily se escondeu atrás de uma cortina de cabelo louro avermelhado. — Eu não vou abandonar. — Então, basta fazer o seu trabalho. Fazer algum dinheiro. Deus sabe que cada pequena coisa conta.
  • 15. A Sra Fields saiu, colocando um rosto feliz para os vizinhos. Emily caiu na cadeira, segurando as lágrimas. Não abandone isso como você fez com todo o resto. Sua mãe havia ficado furiosa quando Emily saiu da equipe de natação em junho do ano passado, sem explicação, para passar o verão na Filadélfia. E nem tinha voltado para a equipe de Rosewood Day no outono. No mundo competitivo da natação, pular alguns meses significa problemas, especialmente durante a fase de seleção para a bolsa de estudos. Perder duas temporadas era a perdição. Seus pais estavam devastados. Você não percebe que não podemos pagar a universidade se não conseguir uma bolsa de estudos? Você não percebe que você está jogando seu futuro pelo cano? Emily não sabia como responder a essas perguntas. Não havia nenhuma maneira de dizer por que abandonou a equipe, não enquanto estivesse viva. Finalmente, ela se encontrou com seus companheiros de equipe a algumas semanas atrás na esperança de que algum caçador de talentos ficasse com pena dela e lhe desse uma oportunidade de última hora. Um recrutador da Universidade do Arizona esteve interessado nela no último ano, e Emily havia se agarrado à idéia de que eles ainda a queriam na equipe. Mas hoje, ela teve de deixar esse sonho pra tras. Ela pegou o celular de sua bolsa e verificou novamente o email de rejeição do recrutador. Lamento dizer... simplesmente não tem espaço suficiente... boa sorte. Bastava ler essas palavras, e seu estômago começava a se agitar. De repente, a sala começou cheirar alho assado e Altoids de canela. O quarteto de cordas que estava em um canto da sala soava horrivelmente fora de sintonia. As paredes pareciam fechadas ao redor de Emily. O que faria no próximo ano? Conseguir um emprego e morar em sua casa? Ir para a faculdade comunitária? Tinha que sair de Rosewood , se ela ficasse ali, as terríveis lembranças a engoliriam até que nada restasse dela. Uma garota alta e com cabelo preto se aproximou do armário de pratos chamando sua atenção. Aria. O coração de Emily disparou. Spencer tinha agido como se tivesse visto um fantasma quando cruzaram os olhares, mas talvez Aria reagisse de forma diferente. Enquanto a observava olhando os enfeites do armario, agindo como se os objetos na sala fossem mais importantes do que as pessoas, algo que ela sempre fazia quando ficava sozinha durante as festas. Emily foi superada pela nostalgia. Ela saiu de trás da mesa e se aproximou de sua ex-amiga. Se pudesse correr para Aria e perguntar como ela estava. Dizer o que tinha acontecido com a bolsa de natação. Pedir um abraço. Se elas não tivessem ido para a Jamaica juntas, ela poderia. Para sua surpresa, Aria olhou para cima e focou em Emily. Seus olhos se arregalaram. Seus lábios franziram. Emily se endireitou e ofereceu um pequeno sorriso. — H-hey. Aria estremeceu. — Hey. — Eu posso levar isso para você, se quiser. — Emily assentiu com a cabeça em direção ao casaco roxo de Aria, que ainda estava firmemente amarrado na sua cintura. Emily estava com Aria quando comprou o casaco em um brechó na Filadélfia no ano passado, pouco antes de sair para as férias de primavera juntas. Spencer e Hanna tinham falado para Aria que o casaco cheirava a uma senhora idosa, mas ela tinha comprado de qualquer maneira. Aria colocou as mãos nos bolsos do casaco. — Tudo bem. — O casaco fica bem em você. — disse Emily. — O roxo sempre foi a tua cor. Um músculo no maxilar de Aria se moveu. Parecia que ela queria dizer alguma coisa, mas fechou a boca com força. Então seus olhos se iluminaram com algo do outro lado da sala. Noel Kahn, o namorado dela correu para Aria e a envolveu com seus braços. — Eu estava te procurando. Aria deu-lhe um beijo como comprimento e foi embora sem dizer uma palavra para Emily. Um grupo de pessoas no centro da sala explodiu em risadas. Sr. Kahn, que cambaleava como se tivesse bebido demais, começou a tocar no piano dos Hastings a valsa "Danúbio Azul".
  • 16. De repente, Emily não podia suportar ver a festa por mais tempo. Ela correu pela porta da frente pouco antes que as lágrimas começaram a cair. Lá fora, o ar estava muito quente para fevereiro. Ela caminhou pelo lado da casa até o quintal dos Hastings, com lágrimas caindo silenciosamente por suas bochechas. A visão do quintal de Spencer era tão diferente agora. O antigo celeiro que ficava na parte de trás da propriedade não existia mais. A verdadeira Ali, tinha queimado no ano passado. Havia apenas pó preto e a área queimada. Emily duvidava que algo voltasse a crescer novamente nesse lugar. Ao lado estava a antiga casa DiLaurentis. Maya St. Germain, com quem Emily teve alguma coisa no terceiro ano secundario, ainda morava lá, embora não tinham mais se visto. No quintal da frente, o Santuário de Ali, que tinha ficado alí por muito tempo para Courtney — sua Ali—, tinha sumido. O público ainda estava obcecado. Os jornais descreviam o aniversário do incendio de Alison DiLaurentis, e por outro lado tinha o horrível filme biográfico de Alison, Pretty Little Killer, mas ninguém queria elogiar um assassina. Pensando nisso, Emily colocou a mão no bolso da calça jeans e sentiu a borla de seda que ela levava durante o último ano. Apenas sentir já a tranquilizava. Um pequeno choro soou e Emily se virou. Apenas a 20 metros de distância, quase totalmente integrada com o tronco do gigante carvalho da casa dos Hastings, estava uma adolescente com um bebê pequeno. — Shhh! — Sussurrou a garota. Então ela olhou para Emily com um sorriso de desculpas. — Desculpe. Eu vim aqui para ela se acalmar, mas não está funcionando. —Tudo bem. — Emily secretamente enxugou os olhos. Ela olhou para o bebê. — Qual é o nome dela? — Grace. — A garota levantou o bebê em seus braços. — Diga oi, Grace. — É... sua? — A garota parecia ter a mesma idade de Emily. — Oh Deus, não. — A menina riu. — É da minha mãe. Mas ela está lá dentro, conversando, então eu estou de babá. — Puxou a grande bolsa de fraldas de seu ombro. — Você se importaria de segurar ela por um segundo? Eu tenho que pegar a mamadeira, mas está no fundo. Emily piscou. Não havia segurado um bebê há muito tempo. — Bem, está bem ... A garota entregou o bebê, que estava enrolado em um cobertor rosa e cheirava a talco. Sua boca vermelha se abriu e as lágrimas apareceram em seus olhos. — Tudo bem — Emily disse ao bebê. — Você pode chorar. Eu não me importo. Uma ruga se formou na pequena testa de Grace. Ela fechou a boca e olhou para Emily com curiosidade. Sentimentos tumultuados percorreram Emily. Suas lembranças vibravam, prontas para se libertarem, mas ela rapidamente empurrou-as para o fundo. A garota levantou a cabeça da bolsa de fraldas. — Ei! É natural. Você tem irmãos ou irmãs? Emily mordeu o lábio. — Não, apenas uma mais velha. Mas eu fui babá um monte de vezes. — Está explicado — sorriu. — Sou Chloe Roland. Minha família acabou de se mudar aqui de Charlotte. Emily se apresentou. — Qual escola você vai? — Rosewood Day. Vou para o ultimo ano. Emily sorriu. — É onde eu vou! — Você gosta? — Chloe perguntou, procurando a mamadeira. Emily segurou as costas de Grace. Se gostava de Rosewood Day? A escola recordavalhe Ali, e A. Cada canto, cada sala tinha uma lembrança que preferia esquecer. — Eu não sei — disse, e inadvertidamente, deixou escapar um forte suspiro. Chloe viu o rosto de Emily cheio de lágrimas. — Está tudo bem? Emily enxugou os olhos. Seu cérebro invocou as palavras eu estou bem e não importa, mas não poderia dizê-las.
  • 17. — Eu só descobri que eu não consegui uma bolsa de estudos para entrar na universidade, — ela disse abruptamente. — Meus pais não podem dar-se ao luxo de me enviar sem ela. Foi minha culpa. Eu... Eu desisti da natação neste verão. A equipe não me quer agora. Eu não sei o que eu faço. Novas lágrimas cairam em cascata pelo rosto de Emily. Desde quando andava por aí lamentando-se sobre seus problemas com garotas que não conhecia? — Sinto muito. Tenho certeza que você não queria ouvir isso. Chloe bufou. — Por favor. É mais do que qualquer outro me disse nesta festa. Então, você nada? — Sim. Chloe sorriu. — Meu pai é um grande doador na Universidade da Carolina do Norte, onde ele se formou. Ele pode ser capaz de ajudar. Emily olhou para cima. — A UCN tem uma grande escola de natação. — Talvez poderia conversar com ele sobre você. Emily olhou. — Mas você não me conhece! Chloe tomou Grace em seus braços. — Você parece simpática. Emily olhou Chloe mais de perto. Tinha um rosto redondo, brilhantes olhos avelãs e cabelos longos e castanhos da cor de um pudim de chocolate. Suas sobrancelhas pareciam que não tinham sido feitas há tempo, e usava pouca maquiagem, e Emily tinha certeza que tinha visto o vestido que Chloe estava usando no The Gap. Agradou-lhe por não se esforçar tanto. A porta de entrada da casa dos Hastings foi aberta e alguns convidados sairam pela varanda. Uma centelha de medo subiu pelo peito de Emily. Checar Casacos! — T-Tenho que ir, — ela disse, virando-se. — Eu deveria estar verificando os casacos. Provavelmente, vou ser demitida agora. — Foi um prazer conhecê-la! — Acenou Chloe. — E, hey! Se você precisar de dinheiro, você pode cuidar da Grace para nós segunda-feira? Meus pais não conhecem ninguém ainda, e eu tenho uma entrevista na universidade. Emily parou na grama congelada. — Onde você mora? Chloe riu. — Tudo bem. Isso seria uma grande ajuda, hein? Ela apontou para a casa em frente. — Alí. Emily olhou para a grande casa vitoriana e suspirou. A família de Chloe tinha se mudado para a antiga casa dos Cavanaugh. — Hum, com certeza. — Ela despediu-se e correu em direção à casa. Ao passar pela linha de grossos arbustos que separavam a propriedade dos Hastings com a DiLaurentis ouviu uma risada aguda. Ela parou de repente. Alguém estava olhando? Estava rindo? O riso desapareceu nas árvores. Emily se arrastou até a calçada, tentando tirar o som de sua cabeça. Ela estava ouvindo coisas. Ninguém olhava para ela agora. Esses dias felizmente desapareceram, hà muito, muito tempo. Certo?
  • 18. 3 APENAS OUTRA FAMÍLIA POLÍTICA PERFEITA Naquela mesma noite de sábado, Hanna Marin sentou-se com seu namorado, Mike Montgomery, num antigo armazém de garrafas de vidro que virou estúdio de fotografia em Hollis, no centro da cidade. O espaço de pé-direito alto estava cheio de luzes quentes, várias câmeras, e vários cenários diferentes, um pano azul, uma cena de outono, e uma tela coberta com uma grande bandeira americana tremulando, que Hanna achou insuportavelmente brega. O pai de Hanna, Tom Marin, estava em meio à multidão de conselheiros políticos, ajustando a gravata e alisando suas linhas. Ele estava concorrendo para o Senado dos EUA no próximo Novembro, e hoje ele estava filmando seu primeiro comercial político que iria introduzi-lo como senador da Pensilvânia. Sua nova esposa, Isabel, estava ao lado dele, ajeitando seus cabelos na altura do queixo, alisando seu terno vermelho com ombreiras – ugh – de esposa poderosa e fiscalizando sua pele alaranjada em um espelho de mão Chanel. — Sério, — Hanna sussurrou para Mike, que estava pegando outro sanduíche do carrinho de comida. — Por que ninguém diz para Isabel deixar a Tan Mystic? Ela parece um Oompa Loompa. Mike riu, apertando a mão de Hanna, enquanto sua meia-irmã, Kate, passou deslizando. Infelizmente, Kate não era clone de sua mãe, parecia que ela tinha passado o dia no salão destacando seus cabelos castanhos, colocando cílios postiços, e clareando os dentes para que ela ficasse absolutamente perfeita para o grande comercial de seu pai. Padrasto, não que Kate já tenha feito distinção. E não que o pai de Hanna já o fez, também. Então, como se sentisse que Hanna estava pensando coisas desagradáveis sobre ela, Kate se mostrou mais. — Vocês deveriam estar ajudando. Há muito que fazer. Hanna deu um gole apático da lata de Diet Coke que tinha roubado do refrigerador. Kate tinha tomado para si a tarefa de assistente do pai como algum estagiário ávido em The West Wing. — Como o quê? — Você poderia me ajudar a executar as minhas falas —, Kate sugeriu de modo autoritário. Ela cheirava a sua loção para o corpo favorita de Jo Malone Fig & Cassis, que parecia a Hanna como uma ameixa seca deixada na floresta por muito tempo. — Eu tenho três sentenças no anúncio, e eu quero que elas saiam perfeitas. — Você tem falas? — Hanna deixou escapar, e então imediatamente se arrependeu. Isso foi exatamente o que Kate queria que ela dissesse. Como Hanna previu, os olhos de Kate se arregalaram com falsa simpatia. — Oh, Hanna, quer dizer que você não tem? Eu me pergunto por que isso? — Ela virou-se e passeou de volta para o set. Seus quadris balançando. Seu cabelo brilhante saltou. Sem dúvida, um enorme sorriso no rosto. Tremendo de raiva, Hanna pegou um punhado de batata frita da bacia ao lado dela e empurrou-as na boca. Elas eram de creme de leite e cebola, não seu favorito, mas ela não se importava. Hanna tinha estado em guerra com sua meia-irmã desde que Kate reentrou na vida de Hanna, no ano passado e se tornou uma das garotas mais populares em Rosewood Day. Kate
  • 19. ainda era BFF de Naomi Zeigler e Riley Wolfe, duas cadelas que tinham rancor de Hanna desde que a sua Ali (também conhecida como Courtney) abandonou-as no início da sexta série. Depois que Hanna se reencontrou com suas velhas amigas, a ascensão de Kate para a popularidade não a incomodava tanto, mas agora que ela, Spencer, Aria e Emily não estavam se falando, Hanna não poderia deixar Kate chegar até ela. — Esquece. — Mike tocou no braço de Hanna. — Parece que tem uma bandeira americana na bunda dela. — Obrigada —, Hanna disse, sem rodeios, mas não era de muita ajuda. Hoje, ela só se sentiu... diminuída. Desnecessária. Só havia espaço para uma brilhante filha adolescente, e era a menina que tinha recebido três frases inteiras para dizer na frente das câmeras. Então, o telefone celular de Mike tocou. — É de Aria —, ele murmurou respondendo a mensagem. — Quer que eu lhe diga oi? Um cara baixinho com óculos grossos, camisa rosa listrada e calças cinza bateu palmas, surpreendendo Hanna e Mike. — Ok, Tom, estamos prontos para você —. Era Jeremiah, o conselheiro de campanha número um do Sr. Marin - ou, como Hanna gostava de chamá-lo, seu cachorrinho. Jeremiah estava ao lado do pai em todas as horas do dia, fazendo o que fosse necessário. Hanna ficou tentada a fazer um barulho chicote quando ele estava por perto. Jeremiah se movimentava de um lado para o outro, posicionando o pai de Hanna em frente da tela azul. — Nós vamos fazer umas dublagens de você falando sobre como você vê o futuro da Pensilvânia —, disse ele em uma voz feminina nasal. Quando ele abaixou a cabeça, Hanna pode ver a mancha crescente da careca em sua cabeça. — Certifique-se de falar sobre todo o trabalho comunitário que você fez no passado. E definitivamente mencionar o seu compromisso de acabar com o consumo de álcool entre jovens. — Absolutamente —, disse Marin em um tom presidencial. Hanna e Mike trocaram um olhar e se esforçaram para não rir. Ironicamente, a causa célebre do Sr. Marin era abolir o consumo de álcool entre os jovens. Ele não poderia ter focado em algo que não têm um impacto direto sobre a vida de Hanna? Darfur, talvez? Melhor tratamento para os empregados do Wal-Mart? Que divertido seria uma festa sem bebida? O Sr. Marin lia suas falas, parecendo robusto, confiável. Isabel e Kate sorriram e se cutucaram orgulhosamente, o que quase fez Hanna querer vomitar. Mike deu o seu parecer arrotando alto durante uma das tomadas. Hanna o adorava por isso. Em seguida, Jeremiah guiou o Sr. Marin para o fundo da bandeira americana. — Agora vamos fazer o segmento familiar. Vamos emendar isso no final do comercial – todo mundo vai ver que bom pai de família você é. E que família linda que você tem. — Ele fez uma pausa para piscar para Isabel e Kate, que riam tontamente. Homem de família minha bunda, Hanna pensava. Engraçado como ninguém tinha mencionado que Tom Marin havia se divorciado, mudado para Maryland, e esquecido sua velha esposa e filha por três longos anos. Interessante, também, que ninguém tinha falado que seu pai mudou-se com Kate e Isabel para a casa de Hanna, no ano passado, quando a mãe de Hanna arrumou um emprego no exterior e quase arruinou a vida de Hanna. Felizmente, eles haviam sido expulsos após a mãe de Hanna voltar de Cingapura, encontrando uma McMansion em Devon, que não era tão legal como a casa de Hanna no topo do Monte Kale. Mas sua presença ainda permanecia: Hanna ainda sentia o perfume Fig & Cassis de Kate quando ela caminhava pelo corredor ou sentava no sofá. — Ok, família! — O diretor, um espanhol de cabelos compridos chamado Sergio, acendeu as luzes. — Todos contra a bandeira! Preparem-se com as suas falas! Kate e Isabel entraram obedientemente nos lugares posaram ao lado do Sr. Marin. Mike se enfiou ao lado de Hanna. — Vá! Hanna hesitou. Não que ela não queria estar na frente de uma câmera – ela sempre fantasiou sobre como se tornar uma apresentadora famosa ou uma modelo, mas ela não queria estar em um comercial com a meia-irmã, como se fossem uma grande família feliz.
  • 20. Mike a empurrou novamente. — Hanna, vá. — Ótimo. — Hanna gemeu, deslizando para fora da mesa e batendo em direção ao conjunto. Vários assistentes dos diretores se viraram e olharam para ela confusamente. — Quem é você? — Sergio perguntou, soando como a lagarta fumando narguilé em Alice no País das Maravilhas. Hanna riu desconfortavelmente. — Uh, eu sou Hanna Marin. Filha biológica de Tom. Sergio coçou o esfregão de cachos longos. — Os membros da família na minha folha de chamada são Isabel e Kate Randall. Houve uma longa pausa. Vários dos assistentes trocaram olhares desconfortáveis. O sorriso de Kate se ampliou. — Pai? — Hanna virou-se para seu pai. — O que está acontecendo? Sr. Marin puxou o microfone que um dos assistentes tinha enfiado debaixo da sua jaqueta. — Bem, Hanna, é só... — Ele esticou o pescoço e localizou seu assistente. Rapidamente, Jeremiah deu a Hanna um olhar exasperado. — Hanna, nós preferimos que você só assista. Nós? — Por quê? — Hanna rangia. — Estamos apenas tentando poupá-la de mais pessoas da imprensa intrometidos, Hanna, — o Sr. Marin disse suavemente. — Você estava no centro das atenções no ano passado. Eu não sabia se você queria trazer mais atenção para si mesma. Ou talvez ele não queria chamar a atenção de volta para ela. Hanna estreitou os olhos, percebendo que seu pai estava preocupado com os erros que tinha feito no passado. Como ela tinha sido presa furtando na Tiffany e, em seguida, roubado e destruído o carro de seu namorado Sean Ackard. Como a segunda A – a verdadeira Ali – enviando Hanna para a Reserva, uma instituição mental para adolescentes problemáticos. E, a cereja no topo, algumas pessoas acreditavam que Hanna e suas amigas mataram Ali - sua Ali, a menina que havia desaparecido na sétima série. Houve também o que tinha acontecido na Jamaica, não que o Sr. Marin sabia disso. Não que alguém saberia. Nunca. Hanna deu um grande passo para longe, sentindo-se como se o chão houvesse caído debaixo dela. O pai dela não queria ela associada com sua campanha. Ela não se encaixava em seu retrato de família saudável. Ela era sua antiga filha, seu resto, uma menina montada em escândalos que ele não queria se lembrar mais. De repente, uma velha mensagem de A brilhou em sua mente: Nem papai te ama mais! Hanna girou nos calcanhares e caminhou de volta para Mike. Dane-se. Ela não queria estar no comercial estúpido de seu pai, de qualquer maneira. Pessoas na política tinham cabelo ruim, sorrisos falsos, e um senso de moda horrível, exceto para os Kennedys, é claro, mas eles eram a exceção que confirmava a regra. — Vamos —, Ela rosnou, agarrando a bolsa da cadeira vazia. — Mas, Hanna... —Mike olhou para ela com seus redondos olhos azuis. — Vamos. — Hanna, espere —, seu pai chamou atrás dela. Continue caminhando, Hanna disse a si mesma. Deixe que ele veja o que está faltando. Não fale com ele novamente. Seu pai chamou o seu nome mais uma vez. — Vamos voltar —, ele disse, sua voz gotejando com culpa. — Há espaço para todos nós. Você pode até dizer algumas falas se quiser. Podemos dar algumas de Kate para você. — O quê? — Kate gritou, mas alguém silenciou-a. Hanna se virou e viu os olhos de seu pai implorando para ela. Após a frustração de um momento, ela entregou sua bolsa a Mike e caminhou de volta para o set.
  • 21. — Tom, eu não acho que isso é uma boa ideia —, advertiu Jeremiah, mas o Sr. Marin apenas deu de ombros com ele. Quando Hanna entrou nas luzes, ele lhe deu um grande sorriso, mas ela não sorriu de volta. Sentia-se como o garoto perdedor do jogo que o professor fez com todos no recreio. O pai dela só foi chamá-la de volta porque pareceria um idiota se a excluísse. Sergio correu suas falas com a família, dividindo as de Kate entre as duas filhas. Quando a câmera voltou para Hanna, ela tomou uma respiração profunda, afastou as vibrações negativas ao seu redor, e entrou na personagem. — Pensilvânia precisa de um líder forte, que trabalhe para você —, disse ela, tentando parecer natural, socando para baixo suas esperanças murchas. Sergio fez tomada após tomada até as bochechas de Hanna doerem de sorrir. Uma hora depois, tudo estava acabado. Assim que as luzes se apagaram e Sergio declarou que estava terminado, Hanna correu para Mike. — Vamos dar o fora daqui. — Você foi muito bem, Han —, disse Mike, saltando para fora da mesa. — Ele está certo—, disse uma segunda voz. Hanna olhou. Um dos assistentes de Sergio estava a poucos metros de distância, duas grandes malas pretas cheias de equipamentos em suas mãos. Ele era, provavelmente, apenas uns anos mais velho que Hanna. Seu cabelo foi cortado de uma maneira confusa, ainda que artisticamente arranjado, e ele usava calças jeans confortáveis, jaqueta de couro, e um par de óculos aviador apoiados em cima de sua cabeça. Seus olhos castanhos olhavam Hanna de cima a baixo como se aprovasse o que via. — Totalmente pronta —, acrescentou. — Com uma tonelada de presença. Você arrebentou aquela outra garota. — Uh, obrigado. — Hanna trocou um olhar desconfiado com Mike. Elogiar os clientes é o seu trabalho? O cara mexeu em seu bolso e lhe entregou um cartão de visita. — Você é linda, sério. Você poderia ser uma modelo de costura se você quisesse. Ele apontou para o cartão. — Eu adoraria fotografar você para o meu catálogo. Eu poderia até ajudá-la a escolher algumas fotos para os agentes. Me ligue se você estiver interessada. Ele ergueu as malas e saiu do estúdio, seu tênis batendo suavemente sobre o piso de madeira empoeirado. Hanna olhou para o cartão de visita que ele tinha dado a ela. Patrick Lake, Fotógrafo. Na parte de trás era o seu número de telefone, site e página no Facebook. A porta do estúdio bateu. O resto da equipe embalando as coisas. Jeremiah abriu a pequena bolsa cinza que continha o dinheiro da campanha do Sr. Marin e entregou a Sergio um maço de notas. Hanna virou o cartão de Patrick Lake em suas mãos, de repente sentindo-se um pouco melhor. Quando ela olhou para cima, Kate estava olhando para ela, a testa enrugada, os lábios franzidos. Claramente, ela ouviu o intercâmbio entre Hanna e Patrick. E agora, cadela? Hanna pensou vertiginosamente, deslizando o cartão de visita para o bolso. Ela pode não ter vencido a batalha pelo papai, mas ela ainda podia ganhar a guerra de menina mais bonita.
  • 22. 4 E AGORA CHEGANDO DE HELSINKI... — É o seu novo perfume de potpourri? — Aria Montgomery sussurrou para seu namorado, Noel Kahn, enquanto ele mergulhava para um beijo. Noel se apoiou no sofá, olhando ofendido. — Eu estou usando Gucci Sport. Como eu sempre faço. Aria deu outra fungada. Ela definitivamente sentiu cheiro de lavanda. — Eu acho que você acidentalmente trocou pela água de colônia da vovó. Noel cheirou as mãos e estremeceu, seus olhos castanhos diminuíram. — É o sabonete da pia. Eu não posso ajudá-la se sua mãe coloca merda feminina no banheiro! — Ele deslizou sobre Aria e cobriu o nariz com as mãos. — Você o ama, não é? Aria riu. Era uma tarde de domingo, e ela e Noel estavam sozinhos na casa da mãe de Aria, deitados no sofá na sala da família. Desde o divórcio dos seus pais, a sala tinha sofrido um pouco de reforma para atender os gostos e aventuras de Ella. Estátuas do Deus Hindu da viagem que Ella fez para Bombay no último verão alinhadas nas prateleiras, cobertores indígenas de sua estada na colônia de um artista, no Novo México, no outono passado, cobria os sofás e cadeiras, e toneladas de Velas verdes com aroma de chá. O cheiro que o pai de Aria, Byron, nunca tinha gostado, tremulava em toda parte. Quando Aria tinha atração por Noel na sexta e sétima série, ela costumava sonhar com Noel vindo para sua casa e deitando no sofá com ela deste jeito, bem, parece menos malicioso a partir da estatueta muito armada de Ganesh na esquina. Noel bicou Aria nos lábios. Aria sorriu e o beijou por trás, olhando para seu rosto esculpido; longo cabelo ondulado preto e lábios rosados. Ele respirou e a beijou mais profundamente, passando a mão para cima e para baixo no comprimento de sua coluna vertebral. Lentamente, ele desabotoou o casado de Aria com estampa de leopardo. — Você é tão linda, — Ele murmurou. Então, ele puxou sua camiseta sobre a cabeça, jogou-a para o chão, e estendeu a mão para o zíper da calça jeans de Aria. — Deveríamos ir para o seu quarto. Aria colocou a mão sobre a dele para pará-lo. — Noel, espere. Noel gemeu e rolou de cima dela. — Sério? — Sinto muito, — protestou Aria, abotoando o suéter novo — É apenas... — Exatamente o que? — Noel agarrou a borda da mesa de café, sua postura rígida de repente. Aria olhou pela janela lateral, que oferecia uma vista perfeita para floresta do Condado de Chester. Ela não podia explicar porque ela tinha sido tão hesitante em fazer sexo com ele. Eles estavam saindo há mais de um ano. E não era como se ela fosse uma puritana, ela perdeu a virgindade com Oskar, um menino na Islândia, quando ela tinha 16 anos. No ano passado, ela havia se conectado com Ezra Fitz, que passou a ser seu professor de Inglês. Eles não tinham dormido juntos, mas eles provavelmente teriam se eventualmente A não tivesse os revelado.
  • 23. Então, por que ela estava segurando com Noel? É certo que ainda era incompreensível que ela enfim, estava namorando ele. Aria tinha uma queda por Noel na sexta e sétima série, beirava a embaraçoso. Ali usava isso constantemente para provocá-la. — É, provavelmente, melhor você e Noel não estarem namorando, — Ela dizia. — Ele teve muitas outras namoradas, muita experiência. E você já teve quantos namorados? Oh certo, zero. Às vezes Aria ainda tem a sensação de que ela não era suficientemente boa para ele, não é popular suficiente, não é formal suficiente, não é o tipo de garota que saiba que garfo usar no jantar ou como manobrar um cavalo durante um salto. Ela nem sabia o nome próprio para os saltos. Então, novamente, às vezes Aria tem o sentido de que Noel não era suficientemente bom para ela, como quando eles fizeram a excursão para Islândia juntos no verão passado. Ele insistia em só comer Burger King e pagar por latas de Budweiser com dólares americanos. Ela tocou as costas rígidas de Noel. — Eu só quero que seja especial. Ele se virou. — Você não acha que seria especial? — Eu acho, mas... — Aria fechou os olhos. Foi tão difícil explicar. Noel encolheu os ombros defensivamente. — Você tem sido tão diferente ultimamente. Aria franziu a testa. — Desde quando? — Desde que... Um tempo, eu acho. — Noel deslizou para fora do sofá e colocou de volta a camisa. — É outro cara? Existe algo que você não está me dizendo? Um arrepio correu a espinha de Aria. Ela estava guardando segredos de Noel. Claro que ele sabia sobre Ali, A, e o que havia acontecido no Poconos. Todo mundo sabia. Mas ele não sabia sobre a coisa imperdoável que ela tinha feito na Islândia. Ele não sabia sobre a Jamaica também, e ele ainda estava lá quando aconteceu, não lá, claro, mas dormindo em um quarto próximo. Será que ele ainda iria querer ficar com Aria se soubesse disso? — Claro que não é outro cara. — Aria o abraçou por trás. — Eu só preciso de mais algum tempo. Está tudo bem, eu prometo. — Bem, é melhor você tomar cuidado, — disso Noel, em uma voz um pouco mais brincalhona. — Eu estou indo encontrar uma caloura sacana para satisfazer as minhas necessidades. — Você não iria, — Aria ameaçou, batendo-o levemente. Noel torceu a boca. — Você está certa. Todas as meninas calouras são Skanks, de qualquer maneira. — Não que isso pararia você. Noel virou, a cabeça de Aria enterrada em sua axila, e lhe deu um noogie. — Eu espero que você se considere na categoria de Skank, mulher! Aria gritou. — Pare! — Eles caíram de volta para o sofá e começaram a se beijar novamente. — Ahã. Aria olhou para cima e viu sua mãe parada na porta. O cabelo de Ella, longo preto, estava enrolado em cima da cabeça dela, e ela usava uma longa túnica caftan e leggings pretas, Havia uma carranca em seu rosto. — Olá, Aria, — disse ela uniformemente. — Olá, Noel. — E-ei, Ella, — Aria disse, seu rosto ficando vermelho. Apesar da atitude liberal de sua mãe sobre a maioria das coisas, ela ainda era muito rigorosa sobre não deixar Aria estar sozinha em casa com Noel, Aria não tinha contado exatamente a Ella que ela e Noel estariam aqui hoje. — M-me desculpe, — ela gaguejou. — Nós estávamos... conversando. Eu juro. — Uh-huh. — Ella franziu os lábios manchados de amora conscientemente. Então, com um aceno de cabeça, ela caminhou até a cozinha. — O que vocês dois estão fazendo para o jantar? — Ela perguntou por cima dos ombros. — Eu estou fazendo ravióli de nabo cru para Thaddeus e para mim. Você é bem-vinda para ficar.
  • 24. Aria olhou para Noel, que enfaticamente balançou a cabeça. Thaddeus era namorado de Ella. Eles se conheceram na galeria de arte onde Ella estava trabalhando. Ele era um bruto adorador de alimentos, Ella tinha se tornado uma também. Aria gostava do macarrão cozido dela, muito obrigada. Então, o telefone de Noel, que estava na mesa do café deixou escapar um ruído alto. Noel desembaraçou-se de Aria, verificando a tela, e fez uma careta. — Merda. Eu esqueci. Eu tenho que pegar alguém no aeroporto em uma hora. — Quem? — Aria sentou-se e puxou o cardigan sobre os ombros. — Só esse estudante de intercâmbio estrangeiro perdedor que vem para o semestre. Meus pais soltaram a bomba em mim ontem depois da festa dos Hastings. Será tão ridículo. A mandíbula de Aria caiu. — Por que você ainda não me contou? Alunos estrangeiros são tão interessantes! — Na quinta série, uma garota chamada Yuki tinha chegado na troca do Japão ficando com a família de Lanie ller. A maioria das crianças achou que ela era estranha, mas Aria achou Yuki fascinante, ela escreveu seu nome em caracteres estranhos, dobrou formas de origami fora de seus testes de ortografia, e tinha o mais liso cabelo negro que Aria jamais tinha visto. Noel enfiou os pés no seus sapatos de condução Ratty. — Você está brincando? Vai chupar. Sabe de onde ele é? Finlândia! Ele provavelmente vai ser tamanha aberração, como um daqueles caras que vestem jeans de meninas e joga o gravador. Aria sorriu para si mesma, lembrando como Noel tinha chamado ela de Finlândia, as primeiras semanas depois que sua família havia voltado da Islândia. — Este cara provavelmente é um grande idiota. — Noel caminhou em direção à sala. — Você quer companhia? — Aria gritou depois que ele pisou para descer as escadas. — Não. — Noel acenou com a mão. — Vou poupá-la deste maníaco finlandês e seus sapatos de madeira. Essa é a Holanda, Aria queria dizer. Ela rapidamente tirou o casaco e colocou suas botas. — Sério. Eu não me importo. Noel mordeu o lábio, pensando. — Se você insiste. Mas não diga que eu não avisei. O aeroporto de Filadélfia estava repleto de famílias que transportavam malas de viagem, empresários correndo para pegar aviões e viajantes sujos que tiravam os sapatos na linha de segurança. A placa de recém–chegados, disse que o avião de Helsíquia tinha acabado de pousar. Noel tirou um pequeno quadrado de papelão de sua mochila e desdobrou-o. HUUSKO, ele disse, em grandes letras vermelhas. — Esse é o seu sobrenome, — disse Noel, cansado, olhando para o cartaz como se fosse um decreto para sua execução. — Não lhe parece uma marca de calcinha de vovó? Ou talvez algum tipo de propagação de carne não identificável. Aria riu. — Você é terrível. Noel pulou morosamente em um dos bancos por parte do portão de segurança e olhou para a fila de pessoas que saiam em direção aos detectores de metal. — Este é o nosso ano sênior, Aria. A única vez que nós temos apenas que relaxar antes da faculdade. A última coisa que eu quero é algum perdedor pendurado em mim. Eu juro que minha mãe fez isso para me torturar. Aria fez um mmm de simpatia. Então, ela notou algo sobre a sobrecarga de TV pendurada. ANIVERSÁRIO DE MORTE DA ASSASSINA DE ROSEWOOD, dizia a manchete com letras amarelas na tela. Uma repórter morena ficou de frente da casa velha dos DiLautentis, o vento soprando o cabelo em torno de seu rosto. — Um ano atrás, neste sábado, Alison DiLaurentis, cuja onda de assassinatos deixou a nação inteira perplexa, morreu em um incêndio de autoignição horrível nas Pocono Mountains, — anunciou ela. — Um ano inteiro se passou desde os eventos bizarros, mas a cidade de Rosewood ainda não se recuperou.
  • 25. Imagens de Jenna Cavanaugh e Ian Thomas, duas das vítimas da Ali real, piscaram na tela. Em seguida, houve o retrato da sétima série de Courtney DiLaurentis, a menina que tinha tomado o lugar da verdadeira Ali na sexta série, a menina que a Ali verdadeira matou durante a sua festa do pijama da sétima série. — Muitos ainda estão intrigados que o corpo de Srta. DiLaurentis nunca foi encontrado nos escombros. Alguns têm especulado que Srta. DiLaurentis sobreviveu, mas especialistas afirmam que não há nenhuma possibilidade disto. Um arrepio correu pela espinha de Aria. Noel cobriu os olhos de Aria com as mãos. — Você não deveria ver isso. Aria contorceu livre. — Não é difícil. — Você tem pensado muito sobre isso? — Mais ou menos. — Você quer assistir o filme juntos? — Oh Deus, não. — Aria gemeu. Noel estava se referindo ao Prrety Little Killer, um filme biográfico condensando os acontecimentos do ano passado em duas horas. Foi além de brega. De repente, um afluxo de pessoas corria pela porta da imigração. Muitos eram altos, louros e pálidos, com certeza do voo de Helsique. Noel resmungou. — Aqui vamos nós. — Ele acenou com o sinal HUUSKO. Aria espiou por entre a multidão. — Qual é o primeiro nome, afinal? — Klaudius? — Noel resmungou. — Algo parecido com isso. Os homens mais velhos carregavam malas velhas enquanto eles falavam em seus iPhones. Três meninas esguias riram juntas. Uma família com uma criança loira lutou para abrir um carrinho de bebê. Ninguém parecia um Klaudius. Então, uma voz flutuava em meio à multidão de viajantes. — Sr. Kahn? Aria e Noel ficaram na ponta dos pés, tentando localizar a voz. Só então, Aria notou um garoto com um tosto desenhado alongado, lábios carnudos, espinhas no rosto e na testa, e um pomo de Adão que se projetava pelo menos uma polegada de seu pescoço. Era Klaudius, certo. Ele estava carregando uma pequena mala de instrumento que pode ser apenas um gravador. Pobre Noel. — Sr. Kahn? — A voz chamou novamente, mas o menino, Aria pensou, não abriu a boca. A multidão se abriu. Uma figura em um chapéu caçador, uma jaqueta e botas forradas de pelo surgiu. — Oi! É você! Eu sou a nova estudante de intercâmbio! Klaudia Huusko! Klaudia. Noel abriu a boca, mas nenhum som saiu. Aria olhou para a figura na frente deles, quase engasgando com seu chiclete. O aluno de intercâmbio de Noel certamente não era alto, desengonçado, com marcas de varíola, tocador de flauta. Em vez disso, Klaudia era uma menina. Cabelos loiros, olhos azuis, voz gutural, grandes seios e usando um vestido jeans apertado, sonho erótico Escandinavo. E ela estaria vivendo a apenas um corredor de Noel.
  • 26. 5 CONHECENDO OS PENNYTHISTLES — Spencer — A Sra. Hastings se inclinou sobre a mesa — não toque no pão. É deselegante começar a comer antes de todos estarem sentados a mesa. Spencer soltou o pedaço de ciabatta com manteiga na cesta. Se ela morresse de fome, antes que os outros chegassem seria culpa de sua mãe. Era domingo a noite e Spencer, Melissa e sua mãe estavam sentadas no Goshen Inn, um restaurante abafado no interior de uma casa antiga construída em 1700, que supostamente havia sido uma pensão para soldados na época da independência. A mãe de Spencer não parava de falar sobre o quão agradável era o ambiente, mas Spencer achava o restaurante tão sombrio quanto uma funerária. Definitivamente havia sido uma casa Colonial chique, com muitos mosquetes da Guerra Revolucionária pendurados na parede, chapéus de três pontas enfeitavam as janelas, e haviam velas em vidro envelhecido sobre as mesas. E como a clientela parecia tão antiga quanto a decoração, o ambiente cheirava a uma mistura desagradável de mofo de porão, filé mignon e Vick Vaporub. — O que esse tal de Nicholas faz, afinal? — Spencer perguntou dobrando e desdobrando o guardanapo de pano no colo. — Ele é o Sr. Pennythistle até novo aviso. — disse a mãe de Spencer, se enrijecendo. Spencer riu, Sr. Pennythistle soava como o nome de um palhaço pornográfico. — Eu sei, mas o que ele faz? — Melissa reiterou. — Eu não sei direito, mas nós sempre estudamos juntos nas de administração. Ele é o maior empreendedor imobiliário. O Donald Trump de Main Line. — Então é ele quem devasta santuários de animais e terras agrícolas para dar lugar a casas feias? — Spencer fez careta. — Ele criou a Applewood, Spence. — Disse Melissa feliz — Sabe? Aquelas casas bonitas do campo de golfe? Spence girou o garfo em sua mão, sem se impressionar. Para onde quer que ela fosse, em torno de Rosewood, parecia que um novo prédio se erguia a cada minuto. Aparentemente a culpa era desse cara. — Meninas, Shh! — disse a Sra. Hastings, direcionando seu olhar para a porta. Duas pessoas caminharam em direção a mesa delas, um deles era um homem alto e encorpado que parecia que havia sido um jogador de rúgbi em uma vida passada. Ele tinha cabelo grisalho bem penteado, olhos azuis de aço, um nariz inclinado e um início de papada. Seu blazer azul marinho e suas calças cáqui pareciam recém-passados, e ele usava abotoaduras de ouro em relevo com as iniciais minúsculas NP. Em sua mão havia três rosas vermelhas. Uma menina de aproximadamente 15 anos estava com ele. Uma faixa de veludo estava sobre seus cabelos pretos, curtos e encaracolados, ela usava um conjunto cinza que parecia um uniforme de camareira. Havia uma amarga expressão em seu rosto, como se ela estivesse gripada por dias.
  • 27. A mãe de Spencer levantou-se afobadamente batendo com o joelho na parte debaixo da mesa e fazendo com que sua água balançasse. — Nicholas, é tão bom te ver! — disse ela contente e corada. Ele entregou-lhe uma das rosas, então a Sra. Hastings contornou a mesa. — Estas são as minhas filhas, Melissa e Spencer. Melissa se levantou. — Muito prazer em conhecê-lo. — disse ela, balançando a mão do Sr. Pennythistle. Spencer disse olá, também, embora bem menos entusiasmada. Ser puxa-saco não era bem seu estilo. — Muito prazer em conhecê-las. — disse o Sr. Pennythistle em um tom de voz surpreenden-temente suave. Ele entregou a cada uma das meninas uma rosa também. Melissa agradeceu, mas Spencer apenas girava a flor entre seus dedos desconfiada. Havia algo nessa história, era muito The Bachelor. Então o Sr. Pennythistle apontou para a garota ao lado dele. — E esta é minha filha Amélia. Amélia, cuja rosa vermelha estava colocada dentro de sua bolsa feia de carteiro, apertou a mão de todos, embora não parecesse muito feliz com a história toda. — Eu gosto da sua faixa de cabelo. — disse Spencer, tentando parecer simpática. Amélia apenas olhou para ela fixamente, seus lábios tinham uma linha reta e seus olhos uma expressão séria, analisando os cabelos loiros longos de Spencer, o seu vestido de caxemira cinza e botas Fry pretas. Depois de um longo momento, ela soltou uma fungada e se afastou, como se Spencer estivesse usando a coleção passada e não ela. — Zachary chegará em breve. — disse o Sr. Pennythistle enquanto se sentava – ele tinha um grupo de estudos avançados que atrasou esta tarde. — Compreensível — disse a mãe de Spencer, erguendo seu copo com água, ela virou-se para suas filhas — Tanto Zachary quanto Amélia frequentam o colégio Santa Agnes. O cubo de gelo que estava na boca de Spencer escorregou para sua garganta, Santa Agnes era o colégio mais esnobe que havia na região de Main Line, era tão fechado que olhava para o Rosewood Day como se ele fosse um reformatório. Spencer havia conhecido uma garota chamada Kelsey que estudava lá, em um programa de verão da Universidade da Pensilvania. No início elas haviam sido melhores amigas, mas depois... Spencer analisou Amélia cuidadosamente. Será que Amélia conhecia Kelsey? Será que ela sabia o que havia acontecido com ela? Depois houve um longo silencio. A mãe de Spencer permaneceu suspirando pela sua rosa, olhando em volta, e sorrindo sem jeito. Uma música ambiente começou no aparelho de som. O Sr. Pennythistle educadamente pediu um conhaque Delamain para a garçonete. Ele continuava pigarreando, Spencer pensava: porque não cospe o catarro logo?, ela queria morrer. Por fim, Melissa quebrou o gelo: — Esse restaurante é lindo, Sr. Pennythistle. — Ah, com certeza! — disse a Sra. Hastings. — Realmente, da época da Guerra Revolucionária. — acrescentou Spencer — Vamos torcer para que o alimento não seja dessa data também! Sra. Hastings tentou forçar uma risada, mas parou assim que viu o olhar confuso, quase ferido do seu namorado. Amélia franziu o nariz como se houvesse o cheiro de algo podre no ar. — Oh, Spencer não falou por mal — disse a mãe de Spencer rapidamente — foi apenas uma piada. O Sr. Pennythistle puxou seu colarinho engomado. — Este tem sido o meu restaurante favorito por anos. Eles têm uma lista de vinhos premiada. Whoop-de-doo. Spencer olhou ao redor, desejando poder se sentar a mesa de simpáticas senhoras de 60 anos, pelo menos elas pareciam que estavam se divertindo. Ela olhou para Melissa para se lamentar, mas Melissa estava radiante, como se o Sr. Pennythistle fosse o Dalai Lama. Depois da garçonete entregar as bebidas, o Sr. Pennythistle virou-se para Spencer. De perto, ele tinha pequenas rugas ao redor dos olhos e sobrancelhas fora de controle.
  • 28. — Então você está no último ano em Rosewood Day? — Isso mesmo — Spencer assentiu. — Ela é muito envolvida, — A mãe de Spencer se gabou — ela está no time de Hockey de campo, e ela está no elenco de Lady Macbeth. Rosewood Day tem um programa de teatro de alto nível. As sobrancelhas do Sr. Pennythistle se arquearam. — Como andam as suas notas nesse semestre? A pergunta pegou Spencer desprevenida. Intrometido você, não? — Elas estão... boas. Mas eu já tenho a decisão precoce de Princeton, por isso as notas não são mais tão relevantes. Ela disse Princeton com prazer, queria impressionar o papai e a filha esnobe. Mas o Sr. Pennythistle apenas se inclinou sobre a mesa. — Princeton não gosta de preguiçosos, você sabe — sua voz suave se tornou afiada — agora não é tempo pra descansar sobre os louros. Spencer recuou. O que era esse tom de reprovação? Quem ele pensava que era, seu pai? Era o Sr. Hastings quem havia dito a Spencer para ela pegar leve esse semestre, afina ela tinha dado duro. Spencer olhou para a sua mãe, mas ela estava concordando com a cabeça. — Isso é verdade Spence. Talvez você não deva relaxar muito. — Ouvi dizer que as universidades estão olhando para as notas do semestre final, muito mais nos dias de hoje — disse Melissa. Traidora, pensou Spencer. — Eu disse isso a meu filho também — disse o Sr. Pennythistle abrindo a carta de vinhos, que era do tamanho de um dicionário — Ele vai para Harvard. Ele disse em um tom forte, que parecia que queria dizer que esta é muito melhor do que Princeton. Spencer abaixou a cabeça e começou a arrumar o garfo, a faca e a colher para que eles ficassem exatamente paralelos uns com os outros sobre a mesa. Organizar geralmente acalmava Spencer, mas não hoje. — E eu ouvi dizer que você tem um MBA da Wharton — virou o Sr. Pennythistle para Melissa — você está trabalhando para o fundo Brice Langley agora, certo? Impressionante. Melissa que havia colocado a rosa atrás de sua orelha corou. — Eu tenho sorte, eu acho, tive uma entrevista muito boa. — Você deve ter levado mais do que sorte e uma boa entrevista — disse o Sr. Pennythistle com admiração — Langley só contrata os melhores dos melhores. Você e Amélia tem muito a falar. Ela quer trabalhar com finanças também. Melissa sorriu para Amélia, e Sua Alteza sorriu de volta, ótimo. Então este seria como outro qualquer evento da família de que Spencer havia participado: Melissa era a estrela, a criança de ouro, e Spencer era a aberração, de segunda categoria, ninguém sabia como lidar com ela. Bem ela já tinha o suficiente, murmurando uma desculpa, ela se levantou e colocou o guardanapo na parte de trás da cadeira. Ela seguiu o rumo do banheiro, na área do bar, na parte de trás do restaurante. A porta do banheiro das mulheres que havia sido pintada de rosa e tinha uma maçaneta de bronze antigo, estava trancada, então Spencer sentou-se em uma banqueta do bar, muito confortável para esperar. O barman, um cara bonito em seus vinte e poucos anos parou enfrente dela. — O que posso pegar pra você? As garrafas iluminadas de álcool atrás do bar piscavam tentadoramente, ninguém de sua mesa conseguia ver Spencer por esse ângulo. — Hum, apenas café — ela decidiu no último minuto, não querendo brincar com a sorte. O barman rodou uma garrafa e lhe serviu um copo. Como ele colocou na sua frente, ela notou uma imagem na tela da TV. Uma foto recente de Ali – a verdadeira Ali, aquela que tinha tentado matar Spencer e as outras – dominou o canto superior direito. Na parte inferior da tela
  • 29. havia uma manchete que dizia: ANIVERSÁRIO DE INCÊNDIO DE POCONOS: ROSEWOOD RELEMBRA. Spencer estremeceu. A última coisa que ela queria era falar sobre que a verdadeira Ali a havia tentado queimá-la viva. Poucas semanas após o ocorrido Spencer tomou uma decisão consciente de olhar para o lado positivo, a tortura havia terminado. Elas finalmente tinham encerrado um ciclo e poderiam iniciar o processo de esquecimento. Ela foi a única a propor a viagem para a Jamaica para suas amigas, até mesmo oferecendo ajuda para pagar a viagem de Emily e de Aria. — Será uma maneira de começarmos de novo, esquecermos tudo — ela insistiu, espalhando os folhetos do resort na mesa do refeitório da escola na hora do almoço — precisamos de uma viagem de que sempre nos lembraremos. Famosas últimas palavras. Elas nunca irão esquecer essa viagem, mas não pelo lado bom. Alguém gemeu próximo a Spencer, ela olhou, esperando ver um velho rabugento no meio de um ataque cardíaco, mas ao invés disso, viu um jovem rapaz com cabelos castanhos ondulados, ombros largos e os mais longos cílios que ela já tinha visto. Ele olhou para Spencer e apontou para seu iPhone. — Você não sabe o que fazer quando essa coisa congela, não é? Um canto da boca de Spencer se contorceu em um sorriso. — Como você sabe que eu tenho um iPhone? — desafiou. O cara abaixou o telefone e deu-lhe uma longa olhada. — Sem querer ofender, mas você não parece o tipo de garota que anda por aí com nada, mas sim o melhor e o mais recente. — Sério? — Spencer colocou suas mãos sobre o seu peito ofendida — você não deve julgar um livro pela capa, sabia? Ele arrastou sua banqueta para próximo dela. De perto, ele era ainda mais bonito do que ela pensava inicialmente: as maças do rosto eram bem definidas, o nariz terminava em uma colisão no final e uma covinha apareceu na bochecha direita quando ele sorriu. Spencer gostava de seus dentes brancos, até mesmo os quadrados e de seus tênis AllStar sujos, era seu look preferido. — Ok, verdade? — ele disse — Eu perguntei porque você é a única pessoa nesse lugar que parece que tem telefone celular. Ele olhou ao redor para as pessoas idosas no bar. Havia uma mesa inteira de caras mais velhos de terno, um deles até tinha um tubo de oxigênio em seu nariz. Spencer riu. — Sim, eles são mais uma multidão de telefones analógicos. — Eles provavelmente ainda usam o telefonista para fazer uma ligação — ele empurrou o telefone na direção de Spencer — sério, eu tenho que reiniciar ou o quê? — Eu não tenho certeza... — Spencer olhou para a tela. Estava congelado na estação de esportes local, 610 AM — Oh, eu escuto essa rádio o tempo todo! — Você escuta rádio esportiva? — ele olhou para Spencer cético. — Isso me acalma – Spencer tomou um gole de café – é bom ouvir as pessoas falando sobre esportes ao invés de política — ou Alison, acrescentou ela em sua mente — além disso, sou uma fã do Phillies. — Você ouviu a World Series? — Eu poderia ter ido ao estádio, meu pai tinha ingressos para a temporada — Spencer falou se inclinando na direção do rapaz. — Por que você não foi? — ele perguntou franzindo a testa. — Eu os doei para uma instituição de caridade que ajuda crianças carentes. — Ou você é uma santa ou você tem muita culpa no cartório — zombou ele. Spencer recuou e se endireitou. — Fiz isso porque entra no currículo para a faculdade. Mas se você jogar cartas bem, talvez eu te leve para a próxima temporada. — Vamos torcer por isso — disse ele com os olhos brilhando.
  • 30. Spencer desviou o olhar por um momento, seus batimentos tinham acelerado. Ele estava flertando com ela, e ela estava adorando. Ela não sentia uma faísca por alguém desde Andrew Campbell no ano passado. Seu companheiro tomou um gole do seu copo de cerveja, quando ele colocou o copo de volta no balcão, Spencer rapidamente pegou um apoio para copos e colocou sob ele, então ela limpou a borda do copo com um guardanapo para parar o gotejamento. O rapaz olhava com diversão. — Você sempre arruma os copos das pessoas que você não conhece? — É uma mania — admitiu Spencer — Tudo tem que estar tão... não é? — Eu gosto de fazer as coisas do meu jeito — disse Spencer apreciando o duplo sentido. Então ela estendeu a mão — Eu sou Spencer. — Zach — disse ele apertando as mãos dela. O nome ressoou na cabeça de Spencer. Ela pensou nas suas maças do rosto salientes, a sua maneira culta de falar e de repente em seus familiares olhos azuis de aço. — Espere, Zach de Zachary? — Só meu pai me chama assim — ele disse curvando o lábio, suspeitando de algo — Por que você pergunta? — Porque estou jantando com você esta noite. Minha mãe e seu pai estão... — ela abriu as palmas das mãos, era estranho dizer a palavra namorando. Zach demorou um momento para digerir o que ela disse. — Você é uma das filhas? — Sim. Ele olhou para ela. — Por que você me parece familiar? — Eu conhecia Alison DiLaurentis – admitiu Spencer, apontando para a história que aparecia na TV que ainda estava na tela. Era a notícia mais importante para os obsecados pela história. Zach estalou os dedos. — Certo, meus amigos e eu achávamos que você era a mais gostosa de todas. — Sério? — Spencer admirou, mesmo comparada a Hanna? — Uau! Zach passou as mãos pelos cabelos. — Isso é selvagem, eu realmente não estava ansioso para esse jantar, pensava que as filhas da namorada do meu pai eram... — Metidas? — Spencer completou — Esnobes? — Mais ou menos — Zach sorriu sem graça — mas você é... legal. Spencer sentiu outra vibração. — Você não é tão ruim, mesmo. Então ela apontou para o copo de cerveja, lembrando de algo. — Você já estava aqui o tempo todo? Seu pai disse que você estava em um grupo de estudos. Zach abaixou a cabeça. — Eu precisava antes de eu ir lá. Meu pai é do tipo que me estressa — ele levantou uma sobrancelha – então você já o conheceu? Minha irmã está lá também? Eles estão sendo uns malas sem alça? Spencer deu uma risada. — Minha mãe e minha irmã são iguais. Eles estavam tentando impressionar um ao outro. O barman colocou a conta de Zach no balcão, Spencer notou que o relógio na parede marcava 6:45. Ela havia saído da mesa por quase quinze minutos. — Nós devemos voltar, você não acha? Zach fechou os olhos e gemeu. — Nós temos mesmo? Vamos fugir ao invés de fazermos isso, nos esconder na Filadélfia, pegar uma avião para Paris. — Ou talvez Nice — sugeriu Spencer.
  • 31. — A Riviera seria perfeita — disse animadamente Zach — meu pai tem uma casa em Cannes, nós poderíamos nos esconder lá. — Eu sabia que havia uma razão, nós nos conhecermos — brincou Spencer, empurrando Zach pelo braço de brincadeira. Zach a empurrou para trás, deixando a mão dela permanecer em sua pele. Ele se inclinou para a frente e ligeiramente umedeceu os lábios. Por um momento Spencer achou que ele ia beijá-la. Seus pés mal tocavam no chão quando ela voltava para a mesa. Mas quando ela passou pelo arco, algo a fez virar. O rosto de Ali brilhou na tela da TV novamente. Por um momento, a imagem parecia ganhar vida, sorrindo para Spencer, como se Ali estivesse olhando para fora de dentro da pequena caixa quadrada, apenas observando o que Spencer estava fazendo. Seu sorriso parecia ainda mais sinistro do que o habitual. O comentário de Zach, de repente tocou em seus ouvidos: ou você é uma santa ou você tem muita culpa no cartório. Ele estava certo, no outono passado, Spencer havia doado seus bilhetes da World Series porque sentia que não merecia ir depois do que ela tinha feito. E nos primeiros momentos que ela havia conseguido entrar em Princeton, ela pensou em recusar, não tendo certeza de que ela merecia tanto, até perceber o quão louca era essa ideia. E era uma loucura imaginar que a menina na TV era mais do que uma imagem. Ali se fora para sempre. Spencer olhou diretamente para a tela e estreitou os olhos. Mais tarde, vadia. Então, ela virou as costas e seguiu Zach para a mesa.
  • 32. 6 AH, ESSAS LINDAS GAROTAS INSEGURAS — Surpresa! — Mike sussurrou na tarde de segunda feira enquanto se sentava em um assento do auditório próximo de Hanna — Eu trouxe Tokyo Boy. Ele revelou uma grande sacola cheia de sushis. — Como você sabia? — Hanna disse, pegando um par de pauzinhos. Ela não havia comido nada na hora do almoço, depois de ter considerado que tudo o que havia na cantina de Rosewood Day era intragável. Seu estômago estava rosnando algo feroz. — Eu sempre sei o que você quer — Mike brincou, tirando uma mecha de cabelos pretos da frente de seus olhos. Eles comeram tranquilamente o sushi. O segundo ano ensaiava uma música de West Side Story no palco. Normalmente os ensaios eram feitos na sala de aula mais antiga de Rosewood Day, mas um vazamento havia surgido no teto na semana passada, então eles foram parar no auditório. No mesmo instante as meninas do coral Junior de Rosewood também ensaiavam lá. Apesar das vozes ruins, o auditório era um dos lugares favoritos de Hanna na escola. Um doador rico havia pagado a reforma do lugar para que ele se parecesse com um teatro da Broadway, os assentos eram de veludo, o pé direito era alto e a iluminação no palco fazia com que as meninas do coral parecessem, pelo menos, cinco quilos mais magras. Antigamente quando Hanna era melhor amiga de Mona Vanderwaal, as duas costumavam brincar no palco depois das aulas, fingindo que eram atrizes famosas em musicais. Isso foi antes de Mona se tornar a louca da cidade e começar a persegui-la. Mike espetou um rolo Califórnia e o colocou em sua boca. — Então quando é a sua estreia na TV? — Huh? — Hanna o olhou fixamente. — O comercial de seu pai? — Mike a lembrou, mastigando. — Ah, isso — Hanna comeu um pedaço de wasabi, e seus olhos começaram a lacrimejar — Tenho certeza que as minhas falas foram cortadas de imediato. — Isso não pode ser verdade, você estava ótima. No palco um monte de meninas estava tentando cantar em harmonia, era como ouvir um bando de gatos chorando. — O comercial vai ser todo sobre meu pai, Isabel e Kate — Hanna resmungou — isso é exatamente o que meu pai quer, sua perfeita família nuclear. Mike limpou um pedaço de arroz de sua bochecha. — Ele não chegou a dizer isso. Seu otimismo estava aflorando os nervos de Hanna, quantas vezes ela já tinha dito para Mike sobre seus problemas com seu pai? Quantas vezes ela já havia dito sobre Kate? Esse é o problema dos garotos, às vezes eles têm o emocional de uma pulga. Hanna respirou profundo e olhou fixamente para as cabeças dos estudantes a frente deles. — A única maneira de eu acabar em um comercial é por minha conta, talvez eu devesse ligar para aquele fotógrafo.
  • 33. Os pauzinhos de Mike caíram em seu colo. — Aquele falastrão que estava babando em cima de você na filmagem? Você está falando sério? — O nome dele é Patrick Lake — Hanna disse rispidamente. Ele havia dito a Hanna que ela era incrível na frente das câmeras, e disse isso na frente de Kate, essa era a melhor parte. — Por que você diz que ele é um falastrão? — Ela perguntou depois de um momento — Ele é totalmente profissional. Ele quer tirar fotos de mim e me colocar em alguma agência de modelos. Ela havia pesquisado sobre Patrick em seu iPhone durante o almoço, olhado suas fotos em seu Flickr e em links no Facebook. Em seu site, Patrick dizia que ele havia tirado fotos para várias revistas importantes, bem como um encarte de moda para o Sentinel Filadélfia. Além disso, ele tinha o mesmo primeiro nome de Patrick Demarchelier, fotógrafo de moda favorito de Hanna. — Profissionalmente desprezível. Ele não quer te transformar em modelo, Hanna. Ele quer você. — Você não acha que sou capaz de assinar um contrato com uma agencia de modelos? — A boca de Hanna caiu. — Não foi isso que eu disse. — Você disse muito bem — Disse Hanna inclinando seu corpo para longe de Mike, sentindo um onda de raiva — então, basicamente, quem se aproxima de mim só quer se aproveitar de mim, certo? Eu não sou bonita suficiente para ser levada a sério. Mike fechou os olhos como se de repente ele tivesse um enxaqueca. — Quer ouvir a si mesma? Somente garotas bonitas chegam lá, e você é uma delas, se você fosse feia ele não estaria atrás de você. Mas esse cara é desagradável. Ele me lembrou do artista doido que teve uma queda por Aria na nossa viagem a Islândia. Hanna se enrijeceu, sabendo exatamente de qual artista que Mike estava falando, um doido que eles haviam encontrado em um bar em Reikjavik, que elegeu Aria como sua musa. — Deixa eu mandar um SMS para Aria — Mike disse pegando seu telefone — Aposto que ela vai dizer a mesma coisa. — Você não vai mandar uma mensagem para a sua irmã sobre isso — disse Hanna pegando em sua mão — nós não somos mais amigas, ok? Mike abaixou seu telefone, sem nem mesmo protestar. — Eu já sabia isso Hanna, só não sabia que demoraria tanto para você admitir isso. Hanna engoliu, surpresa. Ela pensava que ele não havia reparado. Ele provavelmente queria saber porque ela e Aria não estavam se falando, mas ela não podia contar nada para ele. De repente, Hanna não suportava mais ficar no mesmo lugar que Mike. Quando ela se levantou e pegou sua bolsa do chão, Mike tocou em seu cotovelo. — Onde você vai? — Banheiro — Hanna disse rispidamente — posso? — Você vai ligar para aquele fotografo não vai? — os olhos de Mike ficaram frios. — Talvez — ela jogou seus cabelos ruivos sobre seus ombros. — Hanna, não. — Você não pode me dizer o que fazer. Mike amassou o saco do Tokyo Boy. — Se você fizer isso, pode esquecer de mim pra ir com você em qualquer evento de campanha de seu pai. Hanna não conseguia acreditar, Mika nunca tinha dado um ultimato antes. Desde que começaram a namorar, ele a tratava como uma rainha. Agora parecia que alguém tinha esquecido o seu lugar. — Nesse caso... — Hanna olhou para o corredor — que tal nós simplesmente esquecermos tudo? A pele ao redor da boca de Mike afroxou. Obviamente ela estava blefando. Mas antes que ele pudesse protestar, Hanna saiu do auditório. Ela passou pelo escritório, pela enfermaria, pela cantina, o refeitório que sempre cheirava a café queimado nesta hora do dia, finalmente, ela
  • 34. parou nas portas duplas que iam para o ginásio, lá havia um canto em que era possível fazer ligações de celulares sem que os professores vissem. Hanna pegou seu telefone na bolsa e discou o número de Patrick. O telefone tocou três vezes, e uma voz grogue respondeu. — Patrick? — Hanna disse com sua melhor voz profissional — É Hanna Marin, nós nos conhecemos na sessão de fotos de meu pai no sábado. — Hanna! — Patrick, de repente soou mais acordado — Estou tão feliz que você ligou! Em menos de um minuto, tudo fora arranjado: Hanna iria encontrar Patrick na Filadélfia amanhã depois da escola, ele iria tirar algumas fotos teste para seu portifólio. Ele parecia perfeitamente respeitável, falando com ela sem nenhum tom de paquera. Quando desligou, Hanna segurava o seu telefone com as palmas das mãos, o coração dela batia forte. Toma essa Mike. Patrick não era um falastrão, ele iria fazer de Hanna uma estrela. Ela deixou seu telefone cair dentro da bolsa e viu uma sombra no canto, no vidro da porta havia um reflexo de uma menina loira, Ali. Hanna olhou ao redor, esperando ver Ali de pé em algum canto, mas viu apenas um cartaz com a imagem de Ali na sétima série. Havia quadros menores de Jenna Cavanaugh, Ian Thomas, e uma grande foto da verdadeira Ali depois de seu retorno. BASTA UM FÓSFORO ACESO, dizia a manchete com as imagens. Abaixo haviam detalhes do filme feito para a TV, Pretty Little Killer. Incrível, até mesmo sua escola estava promovendo o filme. Hanna arrancou o cartaz e o amassou. De repente, uma voz da Jamaica ecoou nos seus ouvidos: sinto que conheço vocês desde sempre. Mas isso é impossível certo? Seguido por uma risada sinistra. — Não — Hanna sussurrou, removendo a voz de sua cabeça. Ela não ouvia isso a um bom tempo, desde que elas haviam retornado da viagem. Ela não iria permitir que a voz ou a culpa invadisse sua mente novamente. Um trio de garotas com casacos da North Face e botas Ugg atravessaram a porta. Um professor de inglês passou pelo corredor carregado de livros. Hanna rasgou a foto de Ali em mil pedaços e jogou tudo no lixo. Neste lugar, Ali havia ido embora, assim como a verdadeira. Disso Hanna tinha certeza.
  • 35. 7 MELOSAS Na noite de segunda-feira, Emily estacionou o Volvo na calçada dos Roland e puxou o freio de emergência. As palmas das mãos suavam. Ela não podia acreditar que estava prestes a entrar na casa onde Jenna e Toby tinham vivido. No pátio lateral estava o toco do que costumava ser a casa de Toby na velha árvore, o local da brincadeira horrível que tinha cegado Jenna. Havia a grande janela de sacada através da qual Ali e as outras espionavam Jenna quando elas não tinham nada melhor para fazer. Ali era implacável com Jenna, mexendo com sua voz estridente, sua pele pálida, ou como ela trazia sanduíches de atum para o almoço e depois tinha hálito de atum para o resto do dia. Mas sem o conhecimento delas, Ali e Jenna compartilhavam um segredo: Jenna sabia que Ali tinha uma irmã gêmea. Foi por isso que, no final, a verdadeira Ali a tinha matado. De repente, a porta de carvalho pintada de vermelho batido se abriu, e Chloe apareceu. — Ei, Emily, vem aqui! Emily entrou timidamente. A casa cheirava a maçãs, as paredes tinham sido pintadas com vermelhos profundos e laranjas, e tapeçarias indianas estavam penduradas no espaço grande debaixo das escadas. A mobília era uma incompatibilidade de cadeiras Stickley, estofados surrados, divãs dos anos 60 e uma mesa de café feita de uma grande tábua de bordo. Era como andar em uma loja de sucatas extravagante. Ela seguiu Chloe até o cômodo do fundo, que tinha portas do chão ao teto, que se abriam para o pátio. — Aqui está Gracie, — disse Chloe, apontando para o bebê em um balanço no canto. — Gracie, lembra-se da sua melhor amiga Emily? O bebê fez um barulho e voltou a mastigar uma girafa de borracha. Emily sentiu algo subir dentro do peito, uma sensação que ela não estava pronta para enfrentar. Ela empurrou-a para baixo novamente. — Oi, Grace. Gostei da sua girafa. — Ela deu-lhe um aperto, e ela guinchou. — Quer vir para o meu quarto um segundo? — Chloe chamou das escadas. — Eu só tenho que pegar umas coisas para a minha entrevista. Grace vai ficar bem em seu balanço por um minuto. — Uh, com certeza. — Emily caminhou pela sala. O velho relógio no hall de entrada soou às sete. — Onde estão seus pais? Chloe se esquivou de um monte de caixas no hall do segundo andar. — Ainda no trabalho. Eles são advogados, sempre super ocupados. Oh, eu disse ao meu pai sobre você, ele disse que ia ajudar com a coisa da bolsa. Ele disse que a UNC ainda está à procura de bons nadadores. — Isso é incrível. — Emily queria abraçar Chloe, mas ela não a conhecia bem o suficiente ainda. Chloe entrou no quarto, que foi decorado com pôsteres de jogadores de futebol famosos. Um David Beckham sem camisa chutava uma bola. Mia Hamm no meio do campo, seu abdômen parecendo incrível. Chloe pegou uma escova e passou através de seu longo cabelo. — Você disse que deixou de nadar neste verão, certo?