ROMANÍ, Cristóbal Cobo; KUKLINSKI Hugo Pardo. Planeta Web 2.0. Inteligencia colectiva o medios fast food. México, Uvic y Flaxo: 2007. Disponível em: www.planetaweb2.net
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Resenha analisa conceitos da Web 2.0
1. Resenha por Tarcízio Silva - @tarushijio
ROMANÍ, Cristóbal Cobo; KUKLINSKI Hugo Pardo. Planeta Web 2.0. Inteligencia
colectiva o medios fast food. México, Uvic y Flaxo: 2007. Disponível em:
www.planetaweb2.net
Hugo Pardo Kuklinski e Cristóbal Cobo Romaní iniciam o livro discutindo o
próprio termo Web 2.0. Citando Tim O’Reilly, que criou o termo, enumeram as sete
principais características da web 2.0: “la World Wide Web como plataforma de trabajo,
el fortalecimiento de la inteligencia colectiva, la gestión de las bases de datos como
competencia básica, el fin del ciclo de las actualizaciones de versiones del software, los
modelos de programación ligera junto a la búsqueda de la simplicidad, el software no
limitado a un solo dispositivo y las experiencias enriquecedoras de los usuarios.”
É esta inconstância e falta de consenso sobre o termo que dá título ao prólogo.
Alejando Piscitelli fala sobre “La inflácion lingüística llamada Web 2.0”. Piscitelli faz
um pequeno histórico de sites web 2.0 e alguns problemas e questões envolvidos. O
problema da terminologia é o mais presente neste prólogo. A contribuição dos autores
do livro, parece enfatizar Piscitelli, envolve principalmente a sistematização de
conceitos e categorizações.
O primeiro capítulo, “Nociones básicas alrededor de la Web 2.0” vai revisar a
origem do nome, que virou um verdadeiro “meme”, apresentar e criticar os sete
princípios constitutivos da web 2.0 a partir da proposição de Tim O’Reilly no artigo
What is Web 2.0. Design Patterns and Business Models for the Next Generation of
Software. Kuklinski explica como O’Reilly propõe que a transição da web 1.0 para a
web 2.0 situou-se na “explosão” da bolha dos negócios de internet nos anos 2000.
Como primeiro princípio constitutivo, a web como plataforma está no cerne da
web 2.0. Hoje, ainda mais que em 2007 – quando este livro foi escrito -, pode-se dizer
que grande parte, senão a maioria, dos serviços e negócios digitais são webtop ao invés
de desktop. A web é o local de armazenamento e disseminação de conteúdos e
experiências, assim como crescentemente onde se utilizam os programas característicos
dos computadores, como editores de texto e imagem, armazenamento de dados,
gerenciadores de planilhas etc. Mais que isso, a web é plataforma de conteúdo gerado
pelo usuário, terminologia que está inclusive em cheque. Poucos hoje são apenas
usuários passivos.
A inteligência coletiva é o elemento constitutivo seguinte. O autor citam TIM
Berners-Lee e a ideologia da internet como dinâmica, igualitária e open source.
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Kuklinski fala novamente da Wikipedia e dos blogs, citando alguns números
impressionantes de produção pelos seus usuários. Relacionado ao terceiro elemento
constitutivo, “La gestión de la base de datos como competencia básica” pode-se
adicionar à inteligência coletiva a possibilidade de perceber e analisar padrões de
utilização de sites, sistemas e softwares online e os substratos informacionais
provenientes. Kuklinski cita o caso paradigmático da Amazon, loja totalmente online
que, desde o princípio, cresce devido à gestão efetiva dos dados, que permite entrega
efetiva, rápida e inteligente, além de, principalmente, poder oferecer e agregar
informações aos produtos como resenhas feitas por usuários e recomendações
automáticas a partir dos padrões de consumo.
O fim do ciclo das atualizações de versões dos softwares é o quarto elemento
proposto por O'Reilly. A crescente capacidade de armazenamento, tráfego de dados e
processamento dos computadores e estrutura técnica, associada à novas demandas de
consumo e produção, levou a softwares oferecidos online de forma gratuita e
perpetuamente beta como os softwares de edição de texto e planilhas do Google. A
própria Adobe, empresa baluarte dos softwares com licenças vendidas anualmente, já
disponibiliza online uma versão light do seu programa Photoshop. Hoje, três anos
depois da publicação deste livro, o termo SaaS (Software as a Service), que caracteriza
os softwares online, betas perpétuos e pagos por uso, está disseminado.
Diretamente associado aos elementos já citados, o modelo de programação
ligeira, que prioriza a simplicidade, avança. Os softwares online oferecem a
possibilidade de utilização com curva de aprendizado rápida, serviços minimalistas
oferecendo apenas o que o usuário de fato utiliza e, principalmente, a possibilidade
crescente de mash ups. O autor cita o caso do Google Maps, hoje uma referência no
tema. É possível também exemplificar com os aplicativos sociais para sites como
Facebook e Orkut, que permite que novos serviços e jogos sejam criados ou adaptados
para os sites de redes sociais. Ainda são citados como elementos constitutivos da web
2.0 a multiplicidade de dispositivos que podem ser utilizados hoje, como notebooks,
netbooks, smartphones e outros sistemas e a “experiência enriquecedora do usuário”,
onde este tem à sua disposição e também cria uma miríade de conteúdos dinâmicos e
multimidiáticos, a exemplo do Second Life. Kuklinski finaliza o artigo falando dos
novos modelos de negócio possíveis e cambiantes na web 2.0, alegando que os sites
web 2.0 devem ser pensados como uma estrutura de três vértices: tecnologia,
comunidade e negócio.
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No capítulo seguinte, Cristobal Romaní vai se debruçar sobre intercriatividade e
conceitos relacionados na web 2.0 a partir de cinco conceitos. Partindo de uma ordem
cronológica, fala de Intercriatividade, que Berners-Lee aponta como uma das bases da
própria internet; do conceito de inteligência coletiva de Pierre Levy, que dá conta de
como as pessoas podem se associar para a criação ou ainda como o conhecimento de
grupos pode ser identificado; a partir de Rheingold fala de multidões inteligentes e
pontua como o conhecimento se cria a partir das ações individuais, ainda que sem
intencionalidade identificável; de forma semelhante fala da sabedoria das multidões,
termo que Surowiecki acredita que é fomentado em contextos que tragam diversidade,
independência, descentralização e inclusão; e por fim fala de arquitetura da
participação, que O’Reilly utilizou para falar da web como estrutura que, por ser em
rede, potencializa as ações das pessoas.
Em torno da intercriatividade, Romaní fala de creative commons, folksonomia e
colaboratorio. Faz um histórico do primeiro e sua relação e conseqüências jurídicas. Em
relação a folksonomia, usa o termo para tratar de práticas de classificação e taxonomia
por usuários. É uma maneira particular, não-hierárquica e vital de organização da
informação online. O terceiro exemplo é o colaboratorio, que o autor chama de “centro
de investigación distribuído” mas, a rigor, a palavra centro é ineficaz. Finalizando o
capítulo, o autor traz alguns gráficos mostrando o aumento da demanda e uso de
plataformas colaborativas.
No capítulo seguinte, Romaní já explica que propor uma taxonomia do universo
digital é uma espécie de suicídio acadêmico. Apesar disso, acredita com razão que é um
exercício válido fazer uma categorização panorâmica, ainda que parcial, destas
ferramentas. As quatro categorias são: redes sociais, conteúdos, organização social e
inteligente da informação e aplicações & serviços. Ao discorrer sobre a primeira
categoria, o autor fala da evolução histórica do consumo de informação através dos
meios de comunicação, mas não se aprofunda sobre o que caracteriza o que chama de
“redes sociais”. A lista que apresenta é excessivamente heterogênea, trazendo
indiscriminadamente sites de redes sociais mais abertos como o Facebook e sites de
redes sociais segmentados como o LinkedIn e em torno de atividades específicas, como
o Yahoo 360 e o 43 Things.
Ao tratar da segunda categoria, Romaní divide-a em dez sub-categorias de
compartilhamento de conteúdo: weblogs e ferramentas adicionais de blogging, CMSs,
wikis, processadores de texto, planilhas de cálculo, foto, vídeo/TV, calendário,
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apresentações em slides. Percebe-se que, neste caso, o autor privilegiaram o formato da
informação publicada. A discussão sobre “conteúdo gerado pelo usuário” está presente:
em torno dessas ferramentas de publicação de conteúdo está a possibilidade de que uma
pessoa comum e não institucionalmente especializada tem, hoje, de alcançar públicos de
número considerável, diverso e à distância.
Evocar a internet como ambiente informativo alimentado pelos usuários trata-se
também de levar em consideração que esta oferta de informação deve ser organizada.
No panorama da web 2.0, as empresas e usuários perceberam que estes últimos podem
ser peças chave nessa organização. Buscadores, agregadores de feed e marcadores de
favoritos, por exemplo, são ferramentas que permitem a indexação, adição de
informação e tags e navegação segmentada por sites e seus conteúdos.
Por fim, a quarta e última categoria proposta pelo autor é “Aplicaciones y
servicios (mashups)”. Romaní agrega nesta categoria diferentes tipos de ferramentas
que permitem interoperabilidade, recombinações e agregação de diferentes fontes e
bases de dados. Por exemplo: organizadores de projetos, webtop, armazenamento e
reprodutores e agregadores de música.
“O futuro está aqui, apenas ainda não está distribuído”. Kuklinski inicia o quarto
capítulo com esta frase de William Gibson para apresentar algumas idéias críticas sobre
a web 2.0. A primeira crítica contempla a relação entre novas tecnologias da
comunicação e web 2.0 e aspectos econômicos e sociais como inclusão e exclusão
digital. A web 2.0, que necessita de maior aparato e estrutura técnica além de
capacidades específicas pode aumentar a discriminação e desigualdade social com quem
não domina – ou não pode dominar – estes novos ambientes. O chamado “culto do
amadorismo”, o excesso de informação e a falácia do jornalismo colaborativo são outros
problemas extremamente entrelaçados. Por fim, a última crítica se refere à estrutura
topográfica das redes, que favorecem nós mais conectados, o que aumenta a
desigualdade.
A aprendizagem colaborativa através da web 2.0 é o tema do quinto capítulo.
Cristóbal Romaní alega que o ambiente online favorece especialmente a educação,
através de diversas possibilidades que abre para os estudantes. Citando Johnson e
Ludvall, explica como a web 2.0 favorece o “aprender fazendo”, o “aprender
interagindo”, “aprender buscando” e o “aprender compartilhando”. Dezenas de tipos de
ferramentas podem ser utilizadas, com destaque para blogs, wikis e colaboratorios.
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Os dispositivos móveis, que passaram a ter acesso a internet, maior capacidade
de processamento e, consequentemente, a permitir também o acesso a web 2.0 são o
tema do sexto capítulo. Em 2007 (e ainda hoje) a capacidade dos dispositivos móveis
ainda está em crescimento e o futuro reserva a intensificação do uso destes artefatos.
Ainda assim, o autor analisa como os setes princípios da web 2.0 se apresentam nos
dispositivos móveis e também discorre sobre os sete princípios da Mobile Web 2.0 pstos
por Jaokar e Fish (2006). Entre estes princípios, se destaca, evidentemente, o papel da
mobilidade, localização e espaço: a web 2.0 móvel enfatiza a relação física entre seus
usuários. A obsolescência planejada é um dos entraves para o desenvolvimento do
mercado da comunicação móvel. O autor mostra como pesquisadores já tem observado
o fenômeno e sugerem diretrizes para a cooperação entre organizações envolvidas, em
prol da inovação. Outra temática envolvendo a web 2.0 móvel é o conjunto de
características gráficas e de design dos dispositivos. O conteúdo deve, por exemplo, se
adaptar às telas menores, capacidade de transmissão mais limitada e apresentação
seqüencial da informação.
Os autores finalizam com uma longa seção de citações a outros pensadores da
web. Já podem ser encontradas em alguns deste excertos as direções a uma web
semântica, que seria “capaz de entender a si mesma”. A partir das informações e
softwares que já possui, a web semântica poderia interligar estes sistemas para, de fato,
criar uma inteligência interpretativa. Mas, como apontam os autores, este ainda é um
projeto de improvável realização plena.
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