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Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Centro de Tecnologia 
Departamento de Engenharia Têxtil 
Disciplina: DET0145 - Ecologia e tratamento de efluentes têxteis 
Docente: Prof.ª Késia Karina de Oliveira Souto Silva 
2014025032 - Andreza Bernardes da Silva 
2014062715 - Jose Tancredo de Sousa 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A INDÚSTRIA TÊXTIL 
Natal-RN, Agosto - 2014
2014025032 - Andreza Bernardes da Silva 
2014062715 - Jose Tancredo de Sousa 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A INDÚSTRIA TÊXTIL 
Trabalho referente ao seminário apresentado como requisito parcial para obtenção de aprovação na disciplina DET0145 - Ecologia e tratamento de efluentes têxteis, no curso de Engenharia Têxtil, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 
Docente: Prof.ª Késia Karina de Oliveira Souto Silva. 
Natal-RN, Agosto – 2014
Sumário 
1.0 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 4 
1.1 Metodologia .......................................................................................................... 5 
2.0 DESENVOLVIMENTO.............................................................................................. 6 
2.1 Desenvolvimento sustentável ................................................................................ 6 
2.1.1 História ........................................................................................................... 6 
2.1.2 Âmbito e definições de aplicação .................................................................... 7 
2.1.3 Indicadores de desenvolvimento sustentável .................................................. 8 
2.1.4 Os principais componentes do Desenvolvimento sustentável ......................... 9 
3.0 GESTÃO AMBIENTAL ........................................................................................... 11 
3.1 Sistemas de Gestão Ambiental ........................................................................... 12 
3.1.1 Formas de Abordagem das Empresas em Relação às Questões Ambientais .............................................................................................................................. 13 
3.1.2 Instrumentos ou Ferramentas de Gestão ...................................................... 13 
4.0 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO SETOR TÊXTIL ............................. 16 
4.1 A Indústria têxtil .................................................................................................. 16 
4.1.2 Caracterização do Efluente na Indústria Têxtil .............................................. 17 
4.2 O desenvolvimento sustentável no setor têxtil e o mercado ................................ 18 
4.2.1 Tecidos, produtos e materias prima sustentáveis ......................................... 19 
4.3 A Garrafa PET... Do lixo ao tecido ...................................................................... 25 
4.3.1 Processo industrial ........................................................................................ 27 
4.3.2 Reciclagem e reutilização de tecido .............................................................. 33 
5.0 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 35 
6.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ....................................................................... 36
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1.0 INTRODUÇÃO 
O desenvolvimento sustentável é um importante conceito de crescimento, presente no debate político internacional em especial quando se trata de questões referentes à qualidade ambiental e à distribuição global de uso de recursos. 
Abordamos neste trabalho o desenvolvimento sustentável, o desenvolvimento sustentável no setor têxtil e em uma parte fazemos uma leve abordagem sobre a gestão ambiental e os instrumentos, (meios ou ferramentas) utilizados para alcançar objetivos da sustentabilidade na gestão ambiental. 
Atualmente existem diferentes visões acerca do conceito de desenvolvimento sustentável, alguns refletem com mais força a proposição de políticas e abordagens em direção a entendimentos sobre as melhores formas de ação para a consecução do objetivo de desenvolvimento sustentável como: estabelecimento de direitos de propriedade, intervenção governamental visando a adoção de processos mais energo- eficientes (menos entrópicos), e controle populacional, sobre crescimento econômico e sobre a utilização de recursos naturais. Outros com diferentes definições para desenvolvimento sustentável, focando sua relação com os recursos naturais. 
As preocupações com o desenvolvimento sustentável e o futuro do planeta têm provocado exaustivos debates e conferências no mundo, a fim de buscar o equilíbrio entre o meio ambiente, as comunidades humanas e toda a biosfera. 
Podemos enumerar uma lista de problemas ambientais relacionados ao padrão de industrialização característico do século XX: a poluição do ar e da água (combustíveis poluentes, lixo industrial), baixa qualidade dos serviços de infraestrutura que se valem de recursos naturais (fornecimento de água, por exemplo), inchaço urbano em áreas de baixíssimo índice de desenvolvimento humano (IDH), desmatamento e desertificação de áreas antes cultiváveis (por exemplo, por utilização de técnicas inadequadas – predatórias- de cultivo e aproveitamento dos recursos extraíveis). 
Passar do discurso do desenvolvimento sustentável para a prática das ações ambientais diárias é um caminho que envolve mudanças de comportamento e de procedimentos. Pois, falar de desenvolvimento sustentável é falar de novos assuntos e ações, é rever conceitos. É falar de biotecnologia, de tecnologias limpas, de mudanças de padrões de produção e consumo, de reciclagem, de reuso, de reaproveitamento e de outras formas de diminuir a pressão sobre matérias-primas, e ao mesmo tempo
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reduzir os impactos causados pelos descartes de substâncias e objetos no meio ambiente. 
Como relação a empresas e indústrias, uma solução para auxiliá-las a cumprir o seu papel no controle de potenciais impactos ambientais é a implementação de um sistema de gestão ambiental (SGA). Pois, os sistemas de gestão ambiental desempenham um papel importante na determinação do sucesso ambiental de uma empresa. 
A gestão ambiental nas empresas é de suma importância nesse processo de sustentabilidade e, para desenvolver estratégias viáveis e que garanta o retorno social, ambiental e econômico, zelando pelos recursos naturais e pela preservação da vida em todos os aspectos. Fazer gestão ambiental é um compromisso com o planeta e uma responsabilidade para com toda a sociedade. 
1.1 Metodologia 
A pesquisa apresenta um levantamento bibliográfico e uma análise de exemplos relacionados ao tema central, os quais estimulam o entendimento e a compreensão da mesma. Classificada como pesquisa exploratória, utilizamos análise de dados qualitativos, que nos levou a uma apreciação acerca do tema, gerando hipóteses e soluções. 
A realização de pesquisas e revisões de obras objetivam proporcionar conhecimentos específicos sobre o tema abordado. Como resultado, obtivemos um referencial teórico de apoio para desenvolvimento dos estudos e pesquisas e uma sistematização a ser oferecida à melhor compreensão dos conceitos. 
O livro Introdução à Engenharia Ambiental de BRAGA; Benedito et al. serviu como ponto de partida e principal base de referência para realização da pesquisa.
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2.0 DESENVOLVIMENTO 
2.1 Desenvolvimento sustentável 
2.1.1 História 
A história do termo Desenvolvimento Sustentável (DS) tem uma trajetória não muito longa, mas surgiu de um arcabouço de movimentos ambientalistas a partir de meados da década de 1960. A determinação do termo, para tanto, teve início em princípios dos anos de 1970 quando foi lançado o informe sobre os limites do crescimento elaborado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) sob a direção do professor Dennis Meadows, sob encargo do Clube de Roma e que segundo MARTINS (2001) tiveram as seguintes conclusões: 
Se as atuais tendências de crescimento da população mundial, industrialização, contaminação, produção de alimentos e exploração dos recursos continuarem sem modificações, os limites do crescimento no planeta serão alcançados em algum momento dentro dos próximos cem anos. O resultado mais provável será uma redução súbita e incontrolável tanto da população como da capacidade industrial. 
De acordo com (MARTINS, 2001), à medida que a temática do Desenvolvimento Sustentável passou a ser discutida de forma mais ampla na sociedade (cientistas, técnicos, políticos, empresários, ONGs, etc), foram surgindo outras interpretações com relação ao seu significado segundo as expectativas e interesses dos diversos atores sociais, o que provocou a reflexão sobre as distintas dimensões presentes no desenvolvimento: econômica, social, ambiental, cultural, política, cientifica, tecnológica, jurídica, etc. 
Desenvolvimento sustentável é um conceito sistêmico que se traduz num modelo de desenvolvimento global que incorpora os aspectos de desenvolvimento ambiental. Foi usado pela primeira vez em 1987, no Relatório de Brundtland, um relatório elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criado em 1983 pela Assembleia das Nações Unidas. 
Ao longo das ultimas décadas, vários têm sido os acontecimentos que marcam a evolução do conceito de desenvolvimento sustentável, de acordo com os progressos tecnológicos, assim como do aumento da consciencialização das populações para o mesmo. 
A definição mais usada para o desenvolvimento sustentável é:
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O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais. 
— Relatório Brundtland 
Esquema representativo das várias componentes do desenvolvimento sustentável 
O objetivo primordial do Desenvolvimento Sustentável é o de definir por um lado projetos viáveis e pelo outro reconciliar os aspectos econômicos, sociais e ambientais das atividades humanas. 
2.1.2 Âmbito e definições de aplicação 
O conceito de desenvolvimento sustentável é um conceito relativamente novo que abrange várias áreas, assentando essencialmente num ponto de equilíbrio entre o crescimento econômico, equidade social e a proteção do ambiente. A Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural adiciona um novo enfoque na questão social, ao afirmar que "… a diversidade cultural é tão necessária para a humanidade como a biodiversidade é para a natureza" torna "as raízes do desenvolvimento entendido não só em termos de crescimento econômico, mas também como um meio para alcançar um mais satisfatório intelectual, emocional, moral e espiritual”.
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Nessa visão, a diversidade cultural é a quarta área política do desenvolvimento sustentável. O conceito permanece mal definido e contém uma grande quantidade de debates a respeito de sua definição. 
Na realidade, o desenvolvimento sustentável é dito para definir limites para o mundo em desenvolvimento. Enquanto os atuais países de primeiro mundo, poluído significativamente durante o seu desenvolvimento, os mesmos países incentivam os países do terceiro mundo a reduzir a poluição, o que, por vezes, impede o crescimento. Alguns consideram que a implementação do desenvolvimento sustentável implica um retorno à estilos de vida pré-modernos. 
Durante os últimos dez anos, diversas organizações têm tentado medir e monitorizar a proximidade com o que consideram a sustentabilidade através da aplicação do que tem sido chamado de métricas e indicadores de sustentabilidade. 
2.1.3 Indicadores de desenvolvimento sustentável 
Em 1995, a Comissão das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável aprovou um conjunto de indicadores de desenvolvimento sustentável, com o intuito de servirem como referência para os países em desenvolvimento ou revisão de indicadores nacionais de desenvolvimento sustentável, tendo sido aprovados em 1996, e revistos em 2001 e 2007. 
O quadro atual contém 14 temas, que são ligeiramente modificados a partir da edição anterior: 
1. Pobreza 
2. Perigos naturais 
3. O desenvolvimento econômico. 
4. Governação 
5. Ambiente 
6. Estabelecer uma parceria global econômica. 
7. Saúde 
1. Terra 
2. Padrões de consumo e produção 
3. Educação 
4. Os oceanos, mares e costas. 
5. Demografia 
6. Água potável, Escassez de água e Recursos hídricos. 
7. Biodiversidade 
Cada um destes temas encontra-se dividido em diversos subtemas, indicadores padrão e outros indicadores.
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2.1.4 Os principais componentes do Desenvolvimento sustentável 
2.1.4.1 Sustentabilidade ambiental 
Com o evoluir do tempo e dos conhecimentos técnicos, o desenvolvimento sustentável foi crescendo como resposta às assimetrias globais, e aos problemas locais e intertransfronteiriços. 
A sustentabilidade ambiental consiste na manutenção das funções e componentes do ecossistema, de modo sustentável, podendo igualmente designar-se como a capacidade que o ambiente natural tem de manter as condições de vida para as pessoas e para os outros seres vivos, tendo em conta a habitabilidade, a beleza do ambiente e a sua função como fonte de energias renováveis. 
2.1.4.2 Sustentabilidade econômica 
A sustentabilidade econômica, enquadrada no âmbito do desenvolvimento sustentável é um conjunto de medidas e políticas que visam a incorporação de preocupações e conceitos ambientais e sociais. Aos conceitos tradicionais de mais valias econômicas são adicionados como fatores a ter em conta, os parâmetros ambientais e socioeconômicos, criando assim uma interligação entre os vários setores. 
Assim, o lucro não é somente medido na sua vertente financeira, mas igualmente na vertente ambiental e social, o que potência um uso mais correto quer das matérias primas, como dos recursos humanos. 
2.1.4.3 Sustentabilidade sócio-política 
A sustentabilidade sócio-política centra-se no equilíbrio social, tanto na sua vertente de desenvolvimento social como socioeconômica. É um veículo de humanização da economia, e, ao mesmo tempo, pretende desenvolver o tecido social nos seus componentes humanos e culturais. 
Surgem centenas de definições sobre Desenvolvimento Sustentável, refletindo as distintas concepções sobre o que deve ser sustentado, para quem, para que e de que maneira. Isto explica porque são propostos termos tão paradoxais em si mesmos, a exemplo do crescimento sustentável ou sustentado, demonstrando uma profunda confusão entre crescimento e desenvolvimento. 
O enfoque teórico e do aumento da conscientização mundial surgiu um movimento de amparo das necessidades terrestres, que visa tanto promover o bem- estar global como a manutenção do meio ambiente, sendo ele, o desenvolvimento sustentável que de tanto discutido foram concebidas as tantas definições que se ouvem
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falar. O aumento crescente das discussões internacionais em paralelo aos desastres ambientais e aumento dos índices de poluição criaram mecanismos de mitigação como forma de frear a degradação ambiental. 
A Economia neoclássica acabou se destacando, ao desenvolver os mecanismos de mercado que pudessem frear a degradação do meio ambiente, e ao mesmo tempo ganhar dinheiro com isso. A comercialização dos direitos de poluir, o chamado mercado de créditos de carbono acabou por se destacar. Existem também mecanismos de Pagamentos por Serviços Ambientais, Impostos do chamado “poluidor pagador”, taxas de carbono, regulação, entre outros que foram criados para combater os problemas contemporâneos de degradação ambiental. 
Por outro lado, apesar de o desenvolvimento sustentável da economia de mercado prevalecer o processo de crescimento econômico, é importante, como já evidenciado, dar atenção aos aspectos sociais e ambientais, não só pelos seus instrumentos intrínsecos, mas pela sua relevância. Sustentabilidade, na sua essência, deveria focar a qualidade de vida. Ou seja, esse processo necessita de uma preocupação especial com o futuro da vida, da sociedade e do bem-estar das pessoas.
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3.0 GESTÃO AMBIENTAL 
Segundo a Enciclopédia Britânica: “gestão ambiental é o controle apropriado do meio ambiente físico, para propiciar o seu uso com o mínimo de abuso, de modo a manter as comunidades biológicas, para o benefício contínuo do ser humano.” Ou ainda, a Gestão Ambiental consiste na administração do uso dos recursos ambientais, por meio de ações ou medidas econômicas, investimentos e potenciais institucionais e jurídicos, com a finalidade de manter ou recuperar a qualidade de recursos e desenvolvimento social (CAMPOS, 2002). 
Desde a metade dos anos 80, e mais recentemente nas economias emergentes e dinâmicas do Oriente e do Ocidente, o segmento empresarial está tomando uma atitude mais proativa e reconhecendo que a gestão ambiental, como iniciativa voluntária, pode intensificar a imagem de corporação, aumentar os lucros e a competitividade, reduzir os custos e prevenir a necessidade de proposição de emendas legislativas a serem tomadas pelas autoridades.
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Fonte: Curso básico de gestão ambiental. SEBRAE, 2004. 
Uma evidência disso é vista na mudança para “produtos verdes”, com o aumento da “avaliação do ciclo de vida” – identificar os impactos ambientais de um produto do “berço ao berço”. 
Segundo (Braga, p. 295) A análise do ciclo de vida pode ser definida como sendo uma abordagem holística para a verificação das implicações ambientais dos produtos e processos, desde o seu 'nascimento' até a sua 'morte', conceito conhecido como 'Do Bergo ao Tumulo'. Essa ferramenta fornece as indústrias os meios necessários para a identificação e avaliação das oportunidades de minimizar os impactos ambientais adversos. 
A partir do ano 2000, vemos a cultura de negócios e desenvolvimento da sustentabilidade e responsabilidade socioambiental ser uma grande influência, utilizando como ferramentas o Ecodesing (colocando o desing na produção combinando com a saúde e segurança durante todo o ciclo de vida dos processos da empresa) e Ecoeficiência (ação que agrega as ações ambientais em todas as áreas da empresa). 
3.1 Sistemas de Gestão Ambiental 
Segundo o SEBRAE (2004) Sistemas de Gestão Ambiental podem ser aplicados a qualquer atividade econômica, em organizações públicas ou privadas, especialmente naqueles empreendimentos que apresentam riscos de provocar impactos negativos ao
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meio ambiente. Um Sistema de Gestão Ambiental possibilita a uma organização controlar e minimizar os riscos ambientais de suas atividades. Além disso, a adoção de um Sistema de Gestão Ambiental representa uma importante vantagem competitiva, o mercado reconhece e valoriza as organizações ecologicamente corretas. 
3.1.1 Formas de Abordagem das Empresas em Relação às Questões Ambientais 
Dependendo de como a empresa atua em relação aos problemas ambientais decorrentes das suas atividades, ela pode desenvolver três diferentes abordagens e, também podem ser vistas como fases de um processo de implementação de práticas de gestão ambiental numa dada empresa. 
3.1.2 Instrumentos ou Ferramentas de Gestão 
A adoção de qualquer modelo de gestão requer o uso de instrumentos, (meios ou ferramentas) para alcançar objetivos em uma matéria ambiental (BARBIERI, 2006). Auditoria ambiental, avaliação do ciclo de vida, estudos de impactos ambientais, sistema de gestão ambiental, relatórios ambientais, rotulagem ambiental, gerenciamento de riscos ambientais, educação ambiental são alguns entre muitos instrumentos de que as empresas podem se valer para alcançar objetivos ambientais.
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3.1.2.1 Podemos definir Sistema de gestão Ambiental (SGA), segundo a NBR ISO 14001, como a parte do sistema de gestão que compreende a estrutura organizacional, as responsabilidades, as práticas, os procedimentos, os processos e recurso para aplicar, elaborar, revisar e manter a política ambiental de uma empresa, com o objetivo de desenvolvimento sustentável. 
3.1.2.2 A Auditoria Ambiental avalia as condições e o impacto ambiental das atividades de um projeto ou instituição. Em uma cidade, este processo pode ser dividido nos níveis ' interno' (avaliação das práticas e políticas utilizadas) e 'externo' (relatório das condições ambientais). 
3.1.2.3 Avaliação do desempenho ambiental: A ADA é a avaliação evolutiva do desempenho ambiental de uma determinada organização. É um método que permite medir e melhorar os resultados da gestão ambiental praticada numa dada organização ou atividade econômica. Exista ou não um sistema de gestão ambiental formal implementado na entidade em causa, este instrumento poderá ser aplicado, ainda que, tal como sugere o mesmo autor, será mais vantajoso se pelo menos alguns aspectos do SGA estiverem implementados. 
3.1.2.4 Análise do ciclo de vida: A Análise do Ciclo de Vida (ACV) é um método técnico para avaliação dos aspectos ambientais e dos impactos potenciais associados a um produto, compreendendo etapas que vão desde a retirada dos recursos da natureza até a disposição do produto final. Esta técnica auxilia na identificação de prioridades e afasta-se do enfoque tradicional de end-of-pipe (tratamento no final do processo) para a proteção ambiental. 
3.1.2.5 Educação ambiental: A educação ambiental tem como objetivo fundamental lograr que os indivíduos e a coletividade compreendam a natureza complexa do meio ambiente natural e do meio ambiente criado pelo homem, resultante da integração de seus aspectos biológicos, físicos, sociais, econômicos e culturais, e adquiram os conhecimentos, os valores, os comportamentos e as habilidades práticas para participar, responsável e eficazmente da prevenção e solução dos problemas ambientais, e da gestão da qualidade do meio ambiente.
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3.1.2.6 Impacto Ambiental 
A expressão “impacto ambiental” teve uma definição mais precisa, nos anos 70 e 80, quando diversos países perceberam a necessidade de estabelecer diretrizes e critérios para avaliar efeitos adversos das intervenções humanas na natureza. O impacto ambiental é entendido como qualquer alteração produzida pelos homens e suas atividades, nas relações constitutivas do ambiente, que excedam a capacidade de absorção desse ambiente. 
Em suma, os impactos ambientais afetam a estabilidade preexistente dos ciclos ecológicos, fragilizando-a ou fortalecendo-a.
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4.0 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO SETOR TÊXTIL 
4.1 A Indústria têxtil 
As indústrias têxteis de vestuário e de artefatos de tecidos são potencialmente poluidoras (emissão de gases e efluentes sólidos e líquidos) e utilizadoras de recursos ambientais (uso de água) em seu processo produtivo. 
Isto se deve ao fato de que os efluentes têxteis apresentam características físico-químicas próprias, tratando-se de misturas complexas de corantes e auxiliares têxteis. 
O processo produtivo que é resumido basicamente em fiação, tecelagem e beneficiamento. Sendo que apenas no processo de beneficiamento é que são gerados efluentes em quantidades significativas. O mesmo compreende as atividades de pré- tratamento, tingimento e acabamento. 
Pré-Tratamento 
É a etapa onde eliminam-se as impurezas das fibras e melhora-se a estrutura do material para as operações de tingimento, estamparia e acabamento. Conforme SALEN (1998), em uma planta de tinturaria, o tecido passa por várias etapas para obter uma boa qualidade como hidrofilidade, solidez da cor, maciez e outros. Trata-se de: Processos de limpeza da fibra onde são eliminadas todas as impurezas que poderão interferir durante o processo de tingimento. O processo é executado a uma temperatura de 95°C e exige produtos químicos como hidróxido de sódio, peróxido de hidrogênio, detergentes, igualizantes e sequestrantes, que também influenciam na composição do efluente. 
Tingimento 
É a etapa que os materiais têxteis são coloridos uniformemente. São os processos que tem como objetivo colorir os substratos têxteis de forma homogênea e permanente mediante a aplicação de corantes. A princípio, o mecanismo de tingimento pode ser dividido em três etapas em que ocorrem mecanismos físico-químicos (Cegarra, 1980). 
Acabamento 
Na etapa de acabamentos os tecidos são tratados para adquirirem as características essenciais de aspecto, brilho, toque, caimento, amarrotamento, resistência, toque, impermeabilidade, estabilidade dimensional, cor, etc.
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4.1.2 Caracterização do Efluente na Indústria Têxtil 
O efluente varia muito na sua composição, pois o mesmo provém de variados processos (vistos anteriormente). Nestes processos são utilizados produtos com as mais variadas formulações, que resultam em um efluente contendo dextrinas, graxas, pectinas, álcoois, aminas graxas, hidróxido de sódio, carbonato de sódio, cloreto de sódio, peróxido de hidrogênio, ácido acético, hidrossulfito de sódio, sulfato de sódio, corantes reativos, corantes a cuba, corantes dispersos e pigmentos, sendo esses os causadores de intensa coloração no efluente. 
4.1.2.1 Métodos de tratamento 
Segundo Lagunas (1998), os métodos de tratamento dos efluentes podem ser genericamente relacionados como: 
Métodos Físicos 
Consiste numa forma de tratamento inicial (pré-tratamento) onde são removidos os resíduos grosseiros do efluente na ETE. Em geral, são utilizadas grades, peneiras simples ou rotativas, filtros, tanques de remoção de óleos e graxas, decantadores e outros. Este pré-tratamento tem como principal objetivo proteger as tubulações e os equipamentos dos tratamentos posteriores. 
Métodos Físico-Químicos 
Estes métodos podem ser utilizados na remoção de matéria orgânica e coloidal, cor, turbidez, odores, ácidos e álcalis. O processo de neutralização dos despejos, feito nos tanques de equalização, é de suma importância, pois a variação do pH influencia normalmente nos tratamentos posteriores. A decantação das partículas suspensas no efluente resulta da adição de sulfato de alumínio ou cloreto férrico e de um polímero coadjuvante. Através deste método, objetiva-se obter um bom nível de redução da carga orgânica (DBO), temperatura e em alguns casos, coloração chegando-se a níveis aceitáveis para despejos. Os processos físico-químicos mais usados são a coagulação, a floculação, a precipitação e a oxidação. 
Métodos Biológicos 
Os processos biológicos procuram aproveitar o metabolismo dos seres vivos existentes nos rios e lagoas, que transformam a carga orgânica neles despejada em material celular. O que acontece com os rios, é que o excesso de nutrientes causa tal desequilíbrio que todos os seres aeróbios tendem a morrer por falta de oxigênio. As
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estações de tratamento biológico procuram evitar que esses despejos causem tal desequilíbrio, removendo a carga de nutrientes na própria estação. 
4.2 O desenvolvimento sustentável no setor têxtil e o mercado 
Nos últimos anos, um assunto virou pauta e intensificou as discussões no meio científico: o desenvolvimento sustentável. Começou a se questionar as formas tradicionais de produção e consumo decorrentes do capitalismo e o impacto ambiental causado por elas. O futuro da espécie humana frente ao aquecimento global transformou-se em preocupação para um grupo de pessoas com maior poder aquisitivo e acesso à informação 
Com o surgimento deste novo paradigma, a indústria têxtil percebeu um mercado a ser explorado. Empresários do mundo inteiro passaram a investir em produtos feitos a partir de fibras naturais ou material reciclado, além de adotar um discurso de empresa ambientalmente responsável. 
A indústria têxtil e toda a cadeia produtiva da moda podem reduzir o impacto dos seus processos produtivos criando produtos com design sustentável. 
Os modelos de produção de têxteis, vestuário, especialmente de algodão, requerem grande utilização de produtos químicos tóxicos que podem aderir ao vestuário, tornando-os nocivos para as pessoas com sensibilidades químicas. A roupa orgânico-ecológica é uma alternativa mais segura, mais amiga do ambiente.
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Os tecidos orgânicos são tecidos saudáveis por serem na sua maioria antialérgicos, sendo recomendados para pessoas com peles sensíveis. A sua Fabricação não compromete a saúde dos produtores nem dos animais, pois não são utilizados agrotóxicos nem pesticidas, garantindo assim a qualidade do nosso ar, água e sol. 
4.2.1 Tecidos, produtos e materias prima sustentáveis 
4.2.1.1 Algodão orgânico 
O algodão orgânico é obtido em sistemas sustentáveis, através da gestão e proteção dos recursos naturais. Contrariamente às culturas de algodão convencional – que utilizam 25% dos produtos químicos agrícolas do mundo – o cultivo orgânico não utiliza fertilizantes químicos. Ela mantém e restaura a fertilidade do solo e preserva a biodiversidade. 
O algodão biológico ou orgânico além de conter as propriedades e características do algodão comum é ainda antialérgico e biodegradável (demora cerca de três meses para se decompor na natureza.
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Camisa feita a partir de algodão orgânico 
4.2.1.2 Cânhamo 
O cânhamo é uma fibra muito resistente e tem uma durabilidade enorme. É uma fibra bastante porosa e por isso seca rapidamente e é muito respirável e fresco. É naturalmente antifúngico e protege dos raios ultravioletas. Com o uso vai ficando cada vez mais suave e macia. 
Tênis feito a partir de fibra de cânhamo.
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Na lavagem é capaz de suportar temperaturas de ebulição. Tecidos com cores e com outros acabamentos a temperatura pode ir até aos 65 graus. Mas uma lavagem a 30º ou 40º é suficiente. 
4.2.1.3 Látex Natural 
É um produto resistente, substituto da pele animal e das peles sintéticas. 
4.2.1.4 Couro vegetal 
Sapato de couro vegetal 
Produto versátil e resistente, capaz de substituir o couro animal e os revestimentos sintéticos derivados do petróleo em diferentes aplicações industriais. Material que mantém a característica natural do produto artesanal, agregando tecnologia e viabilidade comercial.
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4.2.1.5 Eco lona de juta 
Desenvolvido a partir de fibra de juta, uma matéria-prima típica do Brasil. A semeadura e extração são feitos com base no uso sustentável da floresta. Contribui para a preservação da biodiversidade da região amazônica. Além disso, é um material facilmente decomposto depois de descartado: A juta leva dois anos para desaparecer, enquanto, algodão leva 10 anos para se decompor e o poliéster pode levar 100 anos. 
Bolsa de lona de juta
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4.2.1.6 Lona reciclada 
Feita com algodão reciclado e PET, que é um dos materiais mais poluentes por encher aterros no Brasil. As garrafas de plástico representam mais de 30% dos resíduos recolhidos e sua reutilização na indústria têxtil ajuda a reduzir os impactos ambientais. Além disso, como um resultado social para as mulheres, este processo dá uma receita alternativa para as costureiras. 
4.2.1.7 Seda ecológica 
O manejo sustentável do processo produtivo faz com que cada recurso seja explorado de uma forma que não prejudique o meio ambiente. A seda ecológica utiliza casulos que foram descartados pelo processo industrial e utiliza os resíduos dos bichos da seda como cobertura do solo, evitando a erosão e mantendo a fertilidade do solo. 
Esse tipo de processamento gera renda para famílias de artesãos e estimula a tradição da tecelagem manual. Além disso, no processo de tingimento apenas corantes de origem vegetal são utilizados.
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4.2.1.8 Pirarucu 
Bota feminina de pirarucu 
O couro do nosso peixe pode ser utilizado, devido a ausência de produtos químicos no tratamento da pele. A captura do pirarucu é feita de forma consciente e não-predatória respeitando a legislação ambiental e os períodos de procriação. 
4.2.1.9 Malhas Pet 
A malha PET é um tipo de malha ecológica que é produzida com fios de algodão reciclado e um percentual do plástico reciclado de garrafas PET. 
Malha PET Camisa de malha pet
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“O Plástico da garrafa pet pode ser transformado muitas vezes, sendo bem reaproveitado, misturado ao algodão que também pode ser reciclado, (restos de malharias e confecções) é um tecido de alta qualidade, deixa a pele respirar, é mais resistente a deformações depois da lavagem, um tecido que seca rápido e não precisa ser passado”. 
Produzidos com fibras de garrafas PET em um processo ecologicamente correto, com redução de gasto energético, menor impacto de tinturaria e redução de desperdício e de consumo de água. 
A malha PET é um tipo de malha ecológica que é produzida com fios de algodão reciclado e um percentual do plástico reciclado de garrafas PET. 
4.3 A Garrafa PET... Do lixo ao tecido 
A transformação de uma garrafa de refrigerante em fios de Poliéster é feita a partir da reciclagem do PET. 
As garrafas são transformadas em fibra de Poliéster que são enviadas para fábricas de tecidos ou malhas. Nestas fábricas, as fibras são misturadas com viscose, algodão, linho, seda ou qualquer outra fibra têxtil. Pronto o tecido, é encaminhado para uma confecção, onde são cortado e costurado (ou "montado") de acordo com a peça que se quer obter: camisetas, moletons, ternos, calças etc.
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Fonte: Baby Look Ecológica Malha PET Reciclado 
Um tecido bastante utilizado para roupas finas é o Perolin, uma composição de Linho e Poliéster. Com isso, obtém-se o conforto do linho e a praticidade do poliéster. Também a Microfibra (poliéster 100%) é usada para confecção de ternos, calças e camisas. Existem alguns tecidos feitos com 100% de Poliéster, como Tergal, ou roupas de linha esportiva. Você sabe quantas garrafas PET são necessárias para a confecção de uma camiseta? 
Uma garrafa que contenha 50 gramas de PET (embalagem de 2 litros, por exemplo) gerará 50 gramas de fibra de poliéster. Em outras palavras, não há perda de material durante a transformação.
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Pese em uma camiseta, ou qualquer peça de tecido que contenha Poliéster na composição e verifique a proporção para determinar quantas garrafas estão ali. Por exemplo, um moletom de 300 gramas, feito com 67% de fibra de Poliéster e 33% de viscose (uma composição muito comum) possui 201 gramas de poliéster, ou seja, 4 garrafas de 2 litros. 
4.3.1 Processo industrial 
O uso do PET na reciclagem é diverso. Pode-se fazer muita coisa com essa matéria-prima, mas um dos destinos mais comuns é se transformar em fibra de poliéster. 
PET é o melhor e mais resistente plástico para fabricação de garrafas e embalagens. Devido às suas características o PET mostrou ser o recipiente ideal para a indústria de bebidas em todo o mundo (as famosas garrafas de refrigerantes). Porém, com o aumento do consumo, surgiu um grande desafio a ser resolvido: O que fazer com as embalagens já utilizadas e descartadas, que poluem de forma indiscriminada o nosso planeta? 
Desde que o conceito de reciclagem surgiu, décadas atrás, a preservação do meio ambiente tornou-se o seu principal objetivo. Nesse sentido, a coleta e a reciclagem da embalagem PET têm sido incentivada cada vez mais, permitindo o uso da matéria original para a fabricação de diversos produtos. Um dos mais interessantes é produção de fibras de poliéster. 
Essas fibras estão sendo largamente utilizadas na indústria têxtil e nas confecções. 
Seu início começa com os catadores de material recicláveis, que recolhem as garrafas PET já utilizadas. Elas são enviadas para cooperativas, onde são vendidas para
28 
empresas de reciclagem. Depois da lavagem, moagem e descontaminação, transformam-se em pequenos pedaços denominados "flakes" - que serão posteriormente fundidos e transformadas em granulos denominados "pellets". 
Eles são então transformados em fibras de poliéster. Nesta etapa eles estão prontos para serem utilizados na produção de malhas. 
Fonte:baoobaoo.com 
Agora! Acompanhe um pequeno passo a passo para entender como uma embalagem de garrafa se transforma em tecido: 
As garrafas Pet são recolhidas por catadores, e enviadas em fardos para a reciclagem.
29 
Depois de passar por um processo de seleção, lavagem, moagem e secagem, o Pet resulta num produto chamado Flake. 
O Flake é fundido à 300ºC, e filtrado para eliminar resíduos sólidos, pedras e metais. 
Depois de resfriado com água, o Pet é granulado (chips verdes de garrafas verdes)
30 
Chips naturais de garrafa transparente. 
Depois de misturados, os chips passam por um processo de extrusão à 300ºC, transformando-se em pasta. São enviados para uma bomba, passando por microfuros, onde são lubrificados e reunidos em tambores. 
Microfuros onde são determinados os títulos (espessura da fibra).
31 
Saindo dos tambores são reunidos e passam por um processo de estiragem. 
Processo de estiragem e termofixação. 
Depois da termofixação, as fibras saem molhadas, passando em seguida por um secador.
32 
Depois de secas, as fibras passam pelo processo de carda. 
As fibras são embaladas em fardos, prontas para suas diversas transformações: fios, enchimentos de travesseiros, tapetes, carpetes para linha automotiva e residencial, etc. 
O tecido feito de poliéster tradicional já tem uma fatia expressiva do mercado e é uma tendência natural que o tecido feito a partir do poliéster reciclado se torne ainda mais expressiva. Pois, o tecido feito de garrafa PET nada mais é do que tecido poliéster tradicional. E por isso, quando conhecemos ou tocamos a malha PET não sentimos nenhuma diferença da malha comum, porque ela é feita do mesmo poliéster do qual as roupas já são feitas e que estamos acostumados a usar e comprar, a diferença é que este poliéster é proveniente de garrafas PET que seriam descartadas na natureza e que antes de virar roupas, foram limpas e descontaminadas.
33 
A tendência mundial é termos que usar roupas de material reciclado, pois é preciso consumir todo o resíduo que produzimos. 
4.3.2 Reciclagem e reutilização de tecido 
4.3.2.1 A reciclagem 
No processo de produção, os produtos descartados podem ser reutilizados e transformados em um tecido de qualidade ecologicamente correta. 
A impossibilidade de reciclagem industrial pós-consumo é consequência do estado em que os tecidos se encontram após serem descartados (sujos, rasgados e parcialmente degradados) e também pelo pouco volume concentrado, o que inviabiliza comercialmente a reciclagem 
A reciclagem industrial de tecido pós-industrial é insipiente no Brasil. É possível que fábricas utilizem aparas têxteis de outras empresas, que seriam incorporadas ao processo produtivo, evitando que se tornem resíduos, mas esta não é uma prática comum no país. 
O processo de reciclagem de resíduos têxteis é complexo. Para que volte a ser fio novamente, esse material deve ser separado por matéria-prima e comprimento de fibra e depende de uma separação eficiente. 
A reciclagem industrial transforma o tecido em matéria-prima para indústrias de tecido não tecido, colchões, papel moeda, produtos medicinais, automobilísticos, mobiliário e metalurgia. 
Uma sugestão para o aproveitamento desses resíduos sem muita complexidade seria na produção de estopas, no qual não é necessário a eliminação dos tingimentos, mas só a fragmentação dos retalhos. 
A reciclagem de resíduos têxteis existe, apesar de ser pequena no Brasil. O grande uso de restos de tecido ocorre no artesanato. Artesãos confeccionam bonecas de pano, ecobags, colchas, tapetes, roupas, porta documentos, capas de caderno, marcadores de livros e uma infinidade de objetos, se valendo de talento e criatividade. 
4.3.2.2 A Reutilização 
Os resíduos têxteis sólidos, mais conhecidos como retalhos. Nas confecções, os retalhos originam-se de falhas e erros na produção, principalmente dos off-cortes de moldes infestados (isto é, os negativos, as contra formas das roupas quando são infestadas e cortadas).
34 
A reciclagem pode ser feita de forma artesanal ou industrial.O processo manual é simples e consiste na reutilização das sobras dos tecidos para fazer artesanatos, como bonecas de pano, ecobags, colchas, tapetes, roupas, porta-documentos, capas de caderno, marcadores de livros e uma infinidade de objetos. 
Já o processo industrial é mais complexo e divide-se nas seguintes etapas: 
Separação: Os retalhos em bom estado são separados por cor, matéria-prima e comprimento de fibra. 
Trituração: Já separados, os tecidos seguem para uma máquina que tritura o material em pedaços muito pequenos, até ficarem praticamente desmanchados. 
Beneficiamento: O material triturado é enviado para outra máquina, onde é adicionado a uma mistura de poliéster. 
Fiação: O material passa por uma maçaroqueira e por um filatório e a fibra é transformada em fio. 
Tecelagem: O fio é finalmente transformado em tecido. 
Tingimento: Após a tecelagem, o tecido é tingido com a cor desejada, caso necessário. 
O processo de reciclagem dos resíduos têxteis pode gerar benefícios para a empresa e o meio ambiente é importante para a redução da poluição, uma vez que estes resíduos são frequentemente queimados a céu aberto ou depositados em lixões, economiza matéria-prima, água e energia, melhora a limpeza da cidade, aumenta a vida útil dos aterros sanitários e gerar empregos.
35 
5.0 CONCLUSÃO 
Concluímos que preservar o meio ambiente e ainda garantir o desenvolvimento é o objetivo de todas as ações que garantam a sustentabilidade ambiental. Consiste na manutenção das funções e componentes do ecossistema, de modo sustentável, buscando a aquisição de medidas que sejam realistas para os setores das atividades humanas. A ideia é conseguir o desenvolvimento sem que, para isso, seja necessário agredir o meio ambiente. 
Na indústria têxtil, há intensas movimentações e interações de ideias na busca da implementação de melhorias para eliminar problemas antigos que ainda prevalecem no setor. Paradigmas estão sendo quebrados, novas ideias e inovações surgem a todo momento no sentido de amenizar os impactos que o setor ainda causa ao meio. 
O fato é que as indústrias têxteis atualmente estão envolvidas acompanhando uma nova realidade e buscam métodos produtivos compatíveis e sustentáveis, com investimentos e pesquisas em novas máquinas e equipamentos, novas fibras e matérias-primas, novas fontes energéticas (energia limpa), inovam métodos e processos. E novas técnicas de gestão são implantadas na busca de unir o técnico com o ecológico para conseguir uma sustentabilidade estável. 
O controle das condições ambientais é indiscutivelmente uma responsabilidade de todos e não somente de uma pessoa ou grupo de pessoas. Todos devemos contribuir para a preservação do ambiente, incluindo principalmente as nações desenvolvidas e suas multinacionais, governos, empresas públicas e privadas, e a população em geral.
36 
6.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 
BRAGA; Benedito et al. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo. Pratice Hall, 2002. 
CEGARRA, J.; PUENTE, P.; VALLDEPERAS, J.; Fundamentos Científicos y Aplicados 
de la Tinturaria de Materiais Textiles, Barcelona: Romargraf S.A. 1980. 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Disponível em: 
< http://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_sustent%c3%a1vel >. Acesso: 22 Agosto 2014. 
ECOD BÁSICO: Reciclagem de tecido. Disponível em: < http://www.ecodesenvolvimento.org/editorias/rrr >. Acesso em: 20 Agosto 2014. 
GESTÃO AMBIENTAL. Curso básico de gestão ambiental. – Brasília : SEBRAE, 2004. 111p. 1. ISO 14001. 
LAGUNAS, F. G.; LIS, M. J.; Tratamento de Efluentes na Indústria Têxtil Algodoeira. Revista Química Têxtil, n. 50, p. 6-15, 1998. 
MARTINS, Sérgio Roberto. Agricultura, Ambiente e Sustentabilidade, seus limites para a América Latina .Editora UFP, 2001. 
SALEN, V. O Tingimento Têxtil. Apostila de Tingimento. Associação Brasileira de 
Químicos e Coloristas Têxteis, v. 2, 1998. 
TECIDOS ECOLÓGICOS COM DESIGN SUSTENTÁVEL. Disponível em: < http://www.claudiovaz.com.br/?s=textil >. Acesso em: 20 Agosto 2014. 
TÊXTIL. Disponível em: < http://www.setorreciclagem.com.br/search?q=textil&Itemid=672/>. Acesso: 22 Agosto 2014.

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Desenvolvimento sustentável na indústria têxtil

  • 1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia Departamento de Engenharia Têxtil Disciplina: DET0145 - Ecologia e tratamento de efluentes têxteis Docente: Prof.ª Késia Karina de Oliveira Souto Silva 2014025032 - Andreza Bernardes da Silva 2014062715 - Jose Tancredo de Sousa DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A INDÚSTRIA TÊXTIL Natal-RN, Agosto - 2014
  • 2. 2014025032 - Andreza Bernardes da Silva 2014062715 - Jose Tancredo de Sousa DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A INDÚSTRIA TÊXTIL Trabalho referente ao seminário apresentado como requisito parcial para obtenção de aprovação na disciplina DET0145 - Ecologia e tratamento de efluentes têxteis, no curso de Engenharia Têxtil, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Docente: Prof.ª Késia Karina de Oliveira Souto Silva. Natal-RN, Agosto – 2014
  • 3. Sumário 1.0 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 4 1.1 Metodologia .......................................................................................................... 5 2.0 DESENVOLVIMENTO.............................................................................................. 6 2.1 Desenvolvimento sustentável ................................................................................ 6 2.1.1 História ........................................................................................................... 6 2.1.2 Âmbito e definições de aplicação .................................................................... 7 2.1.3 Indicadores de desenvolvimento sustentável .................................................. 8 2.1.4 Os principais componentes do Desenvolvimento sustentável ......................... 9 3.0 GESTÃO AMBIENTAL ........................................................................................... 11 3.1 Sistemas de Gestão Ambiental ........................................................................... 12 3.1.1 Formas de Abordagem das Empresas em Relação às Questões Ambientais .............................................................................................................................. 13 3.1.2 Instrumentos ou Ferramentas de Gestão ...................................................... 13 4.0 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO SETOR TÊXTIL ............................. 16 4.1 A Indústria têxtil .................................................................................................. 16 4.1.2 Caracterização do Efluente na Indústria Têxtil .............................................. 17 4.2 O desenvolvimento sustentável no setor têxtil e o mercado ................................ 18 4.2.1 Tecidos, produtos e materias prima sustentáveis ......................................... 19 4.3 A Garrafa PET... Do lixo ao tecido ...................................................................... 25 4.3.1 Processo industrial ........................................................................................ 27 4.3.2 Reciclagem e reutilização de tecido .............................................................. 33 5.0 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 35 6.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ....................................................................... 36
  • 4. 4 1.0 INTRODUÇÃO O desenvolvimento sustentável é um importante conceito de crescimento, presente no debate político internacional em especial quando se trata de questões referentes à qualidade ambiental e à distribuição global de uso de recursos. Abordamos neste trabalho o desenvolvimento sustentável, o desenvolvimento sustentável no setor têxtil e em uma parte fazemos uma leve abordagem sobre a gestão ambiental e os instrumentos, (meios ou ferramentas) utilizados para alcançar objetivos da sustentabilidade na gestão ambiental. Atualmente existem diferentes visões acerca do conceito de desenvolvimento sustentável, alguns refletem com mais força a proposição de políticas e abordagens em direção a entendimentos sobre as melhores formas de ação para a consecução do objetivo de desenvolvimento sustentável como: estabelecimento de direitos de propriedade, intervenção governamental visando a adoção de processos mais energo- eficientes (menos entrópicos), e controle populacional, sobre crescimento econômico e sobre a utilização de recursos naturais. Outros com diferentes definições para desenvolvimento sustentável, focando sua relação com os recursos naturais. As preocupações com o desenvolvimento sustentável e o futuro do planeta têm provocado exaustivos debates e conferências no mundo, a fim de buscar o equilíbrio entre o meio ambiente, as comunidades humanas e toda a biosfera. Podemos enumerar uma lista de problemas ambientais relacionados ao padrão de industrialização característico do século XX: a poluição do ar e da água (combustíveis poluentes, lixo industrial), baixa qualidade dos serviços de infraestrutura que se valem de recursos naturais (fornecimento de água, por exemplo), inchaço urbano em áreas de baixíssimo índice de desenvolvimento humano (IDH), desmatamento e desertificação de áreas antes cultiváveis (por exemplo, por utilização de técnicas inadequadas – predatórias- de cultivo e aproveitamento dos recursos extraíveis). Passar do discurso do desenvolvimento sustentável para a prática das ações ambientais diárias é um caminho que envolve mudanças de comportamento e de procedimentos. Pois, falar de desenvolvimento sustentável é falar de novos assuntos e ações, é rever conceitos. É falar de biotecnologia, de tecnologias limpas, de mudanças de padrões de produção e consumo, de reciclagem, de reuso, de reaproveitamento e de outras formas de diminuir a pressão sobre matérias-primas, e ao mesmo tempo
  • 5. 5 reduzir os impactos causados pelos descartes de substâncias e objetos no meio ambiente. Como relação a empresas e indústrias, uma solução para auxiliá-las a cumprir o seu papel no controle de potenciais impactos ambientais é a implementação de um sistema de gestão ambiental (SGA). Pois, os sistemas de gestão ambiental desempenham um papel importante na determinação do sucesso ambiental de uma empresa. A gestão ambiental nas empresas é de suma importância nesse processo de sustentabilidade e, para desenvolver estratégias viáveis e que garanta o retorno social, ambiental e econômico, zelando pelos recursos naturais e pela preservação da vida em todos os aspectos. Fazer gestão ambiental é um compromisso com o planeta e uma responsabilidade para com toda a sociedade. 1.1 Metodologia A pesquisa apresenta um levantamento bibliográfico e uma análise de exemplos relacionados ao tema central, os quais estimulam o entendimento e a compreensão da mesma. Classificada como pesquisa exploratória, utilizamos análise de dados qualitativos, que nos levou a uma apreciação acerca do tema, gerando hipóteses e soluções. A realização de pesquisas e revisões de obras objetivam proporcionar conhecimentos específicos sobre o tema abordado. Como resultado, obtivemos um referencial teórico de apoio para desenvolvimento dos estudos e pesquisas e uma sistematização a ser oferecida à melhor compreensão dos conceitos. O livro Introdução à Engenharia Ambiental de BRAGA; Benedito et al. serviu como ponto de partida e principal base de referência para realização da pesquisa.
  • 6. 6 2.0 DESENVOLVIMENTO 2.1 Desenvolvimento sustentável 2.1.1 História A história do termo Desenvolvimento Sustentável (DS) tem uma trajetória não muito longa, mas surgiu de um arcabouço de movimentos ambientalistas a partir de meados da década de 1960. A determinação do termo, para tanto, teve início em princípios dos anos de 1970 quando foi lançado o informe sobre os limites do crescimento elaborado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) sob a direção do professor Dennis Meadows, sob encargo do Clube de Roma e que segundo MARTINS (2001) tiveram as seguintes conclusões: Se as atuais tendências de crescimento da população mundial, industrialização, contaminação, produção de alimentos e exploração dos recursos continuarem sem modificações, os limites do crescimento no planeta serão alcançados em algum momento dentro dos próximos cem anos. O resultado mais provável será uma redução súbita e incontrolável tanto da população como da capacidade industrial. De acordo com (MARTINS, 2001), à medida que a temática do Desenvolvimento Sustentável passou a ser discutida de forma mais ampla na sociedade (cientistas, técnicos, políticos, empresários, ONGs, etc), foram surgindo outras interpretações com relação ao seu significado segundo as expectativas e interesses dos diversos atores sociais, o que provocou a reflexão sobre as distintas dimensões presentes no desenvolvimento: econômica, social, ambiental, cultural, política, cientifica, tecnológica, jurídica, etc. Desenvolvimento sustentável é um conceito sistêmico que se traduz num modelo de desenvolvimento global que incorpora os aspectos de desenvolvimento ambiental. Foi usado pela primeira vez em 1987, no Relatório de Brundtland, um relatório elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criado em 1983 pela Assembleia das Nações Unidas. Ao longo das ultimas décadas, vários têm sido os acontecimentos que marcam a evolução do conceito de desenvolvimento sustentável, de acordo com os progressos tecnológicos, assim como do aumento da consciencialização das populações para o mesmo. A definição mais usada para o desenvolvimento sustentável é:
  • 7. 7 O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais. — Relatório Brundtland Esquema representativo das várias componentes do desenvolvimento sustentável O objetivo primordial do Desenvolvimento Sustentável é o de definir por um lado projetos viáveis e pelo outro reconciliar os aspectos econômicos, sociais e ambientais das atividades humanas. 2.1.2 Âmbito e definições de aplicação O conceito de desenvolvimento sustentável é um conceito relativamente novo que abrange várias áreas, assentando essencialmente num ponto de equilíbrio entre o crescimento econômico, equidade social e a proteção do ambiente. A Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural adiciona um novo enfoque na questão social, ao afirmar que "… a diversidade cultural é tão necessária para a humanidade como a biodiversidade é para a natureza" torna "as raízes do desenvolvimento entendido não só em termos de crescimento econômico, mas também como um meio para alcançar um mais satisfatório intelectual, emocional, moral e espiritual”.
  • 8. 8 Nessa visão, a diversidade cultural é a quarta área política do desenvolvimento sustentável. O conceito permanece mal definido e contém uma grande quantidade de debates a respeito de sua definição. Na realidade, o desenvolvimento sustentável é dito para definir limites para o mundo em desenvolvimento. Enquanto os atuais países de primeiro mundo, poluído significativamente durante o seu desenvolvimento, os mesmos países incentivam os países do terceiro mundo a reduzir a poluição, o que, por vezes, impede o crescimento. Alguns consideram que a implementação do desenvolvimento sustentável implica um retorno à estilos de vida pré-modernos. Durante os últimos dez anos, diversas organizações têm tentado medir e monitorizar a proximidade com o que consideram a sustentabilidade através da aplicação do que tem sido chamado de métricas e indicadores de sustentabilidade. 2.1.3 Indicadores de desenvolvimento sustentável Em 1995, a Comissão das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável aprovou um conjunto de indicadores de desenvolvimento sustentável, com o intuito de servirem como referência para os países em desenvolvimento ou revisão de indicadores nacionais de desenvolvimento sustentável, tendo sido aprovados em 1996, e revistos em 2001 e 2007. O quadro atual contém 14 temas, que são ligeiramente modificados a partir da edição anterior: 1. Pobreza 2. Perigos naturais 3. O desenvolvimento econômico. 4. Governação 5. Ambiente 6. Estabelecer uma parceria global econômica. 7. Saúde 1. Terra 2. Padrões de consumo e produção 3. Educação 4. Os oceanos, mares e costas. 5. Demografia 6. Água potável, Escassez de água e Recursos hídricos. 7. Biodiversidade Cada um destes temas encontra-se dividido em diversos subtemas, indicadores padrão e outros indicadores.
  • 9. 9 2.1.4 Os principais componentes do Desenvolvimento sustentável 2.1.4.1 Sustentabilidade ambiental Com o evoluir do tempo e dos conhecimentos técnicos, o desenvolvimento sustentável foi crescendo como resposta às assimetrias globais, e aos problemas locais e intertransfronteiriços. A sustentabilidade ambiental consiste na manutenção das funções e componentes do ecossistema, de modo sustentável, podendo igualmente designar-se como a capacidade que o ambiente natural tem de manter as condições de vida para as pessoas e para os outros seres vivos, tendo em conta a habitabilidade, a beleza do ambiente e a sua função como fonte de energias renováveis. 2.1.4.2 Sustentabilidade econômica A sustentabilidade econômica, enquadrada no âmbito do desenvolvimento sustentável é um conjunto de medidas e políticas que visam a incorporação de preocupações e conceitos ambientais e sociais. Aos conceitos tradicionais de mais valias econômicas são adicionados como fatores a ter em conta, os parâmetros ambientais e socioeconômicos, criando assim uma interligação entre os vários setores. Assim, o lucro não é somente medido na sua vertente financeira, mas igualmente na vertente ambiental e social, o que potência um uso mais correto quer das matérias primas, como dos recursos humanos. 2.1.4.3 Sustentabilidade sócio-política A sustentabilidade sócio-política centra-se no equilíbrio social, tanto na sua vertente de desenvolvimento social como socioeconômica. É um veículo de humanização da economia, e, ao mesmo tempo, pretende desenvolver o tecido social nos seus componentes humanos e culturais. Surgem centenas de definições sobre Desenvolvimento Sustentável, refletindo as distintas concepções sobre o que deve ser sustentado, para quem, para que e de que maneira. Isto explica porque são propostos termos tão paradoxais em si mesmos, a exemplo do crescimento sustentável ou sustentado, demonstrando uma profunda confusão entre crescimento e desenvolvimento. O enfoque teórico e do aumento da conscientização mundial surgiu um movimento de amparo das necessidades terrestres, que visa tanto promover o bem- estar global como a manutenção do meio ambiente, sendo ele, o desenvolvimento sustentável que de tanto discutido foram concebidas as tantas definições que se ouvem
  • 10. 10 falar. O aumento crescente das discussões internacionais em paralelo aos desastres ambientais e aumento dos índices de poluição criaram mecanismos de mitigação como forma de frear a degradação ambiental. A Economia neoclássica acabou se destacando, ao desenvolver os mecanismos de mercado que pudessem frear a degradação do meio ambiente, e ao mesmo tempo ganhar dinheiro com isso. A comercialização dos direitos de poluir, o chamado mercado de créditos de carbono acabou por se destacar. Existem também mecanismos de Pagamentos por Serviços Ambientais, Impostos do chamado “poluidor pagador”, taxas de carbono, regulação, entre outros que foram criados para combater os problemas contemporâneos de degradação ambiental. Por outro lado, apesar de o desenvolvimento sustentável da economia de mercado prevalecer o processo de crescimento econômico, é importante, como já evidenciado, dar atenção aos aspectos sociais e ambientais, não só pelos seus instrumentos intrínsecos, mas pela sua relevância. Sustentabilidade, na sua essência, deveria focar a qualidade de vida. Ou seja, esse processo necessita de uma preocupação especial com o futuro da vida, da sociedade e do bem-estar das pessoas.
  • 11. 11 3.0 GESTÃO AMBIENTAL Segundo a Enciclopédia Britânica: “gestão ambiental é o controle apropriado do meio ambiente físico, para propiciar o seu uso com o mínimo de abuso, de modo a manter as comunidades biológicas, para o benefício contínuo do ser humano.” Ou ainda, a Gestão Ambiental consiste na administração do uso dos recursos ambientais, por meio de ações ou medidas econômicas, investimentos e potenciais institucionais e jurídicos, com a finalidade de manter ou recuperar a qualidade de recursos e desenvolvimento social (CAMPOS, 2002). Desde a metade dos anos 80, e mais recentemente nas economias emergentes e dinâmicas do Oriente e do Ocidente, o segmento empresarial está tomando uma atitude mais proativa e reconhecendo que a gestão ambiental, como iniciativa voluntária, pode intensificar a imagem de corporação, aumentar os lucros e a competitividade, reduzir os custos e prevenir a necessidade de proposição de emendas legislativas a serem tomadas pelas autoridades.
  • 12. 12 Fonte: Curso básico de gestão ambiental. SEBRAE, 2004. Uma evidência disso é vista na mudança para “produtos verdes”, com o aumento da “avaliação do ciclo de vida” – identificar os impactos ambientais de um produto do “berço ao berço”. Segundo (Braga, p. 295) A análise do ciclo de vida pode ser definida como sendo uma abordagem holística para a verificação das implicações ambientais dos produtos e processos, desde o seu 'nascimento' até a sua 'morte', conceito conhecido como 'Do Bergo ao Tumulo'. Essa ferramenta fornece as indústrias os meios necessários para a identificação e avaliação das oportunidades de minimizar os impactos ambientais adversos. A partir do ano 2000, vemos a cultura de negócios e desenvolvimento da sustentabilidade e responsabilidade socioambiental ser uma grande influência, utilizando como ferramentas o Ecodesing (colocando o desing na produção combinando com a saúde e segurança durante todo o ciclo de vida dos processos da empresa) e Ecoeficiência (ação que agrega as ações ambientais em todas as áreas da empresa). 3.1 Sistemas de Gestão Ambiental Segundo o SEBRAE (2004) Sistemas de Gestão Ambiental podem ser aplicados a qualquer atividade econômica, em organizações públicas ou privadas, especialmente naqueles empreendimentos que apresentam riscos de provocar impactos negativos ao
  • 13. 13 meio ambiente. Um Sistema de Gestão Ambiental possibilita a uma organização controlar e minimizar os riscos ambientais de suas atividades. Além disso, a adoção de um Sistema de Gestão Ambiental representa uma importante vantagem competitiva, o mercado reconhece e valoriza as organizações ecologicamente corretas. 3.1.1 Formas de Abordagem das Empresas em Relação às Questões Ambientais Dependendo de como a empresa atua em relação aos problemas ambientais decorrentes das suas atividades, ela pode desenvolver três diferentes abordagens e, também podem ser vistas como fases de um processo de implementação de práticas de gestão ambiental numa dada empresa. 3.1.2 Instrumentos ou Ferramentas de Gestão A adoção de qualquer modelo de gestão requer o uso de instrumentos, (meios ou ferramentas) para alcançar objetivos em uma matéria ambiental (BARBIERI, 2006). Auditoria ambiental, avaliação do ciclo de vida, estudos de impactos ambientais, sistema de gestão ambiental, relatórios ambientais, rotulagem ambiental, gerenciamento de riscos ambientais, educação ambiental são alguns entre muitos instrumentos de que as empresas podem se valer para alcançar objetivos ambientais.
  • 14. 14 3.1.2.1 Podemos definir Sistema de gestão Ambiental (SGA), segundo a NBR ISO 14001, como a parte do sistema de gestão que compreende a estrutura organizacional, as responsabilidades, as práticas, os procedimentos, os processos e recurso para aplicar, elaborar, revisar e manter a política ambiental de uma empresa, com o objetivo de desenvolvimento sustentável. 3.1.2.2 A Auditoria Ambiental avalia as condições e o impacto ambiental das atividades de um projeto ou instituição. Em uma cidade, este processo pode ser dividido nos níveis ' interno' (avaliação das práticas e políticas utilizadas) e 'externo' (relatório das condições ambientais). 3.1.2.3 Avaliação do desempenho ambiental: A ADA é a avaliação evolutiva do desempenho ambiental de uma determinada organização. É um método que permite medir e melhorar os resultados da gestão ambiental praticada numa dada organização ou atividade econômica. Exista ou não um sistema de gestão ambiental formal implementado na entidade em causa, este instrumento poderá ser aplicado, ainda que, tal como sugere o mesmo autor, será mais vantajoso se pelo menos alguns aspectos do SGA estiverem implementados. 3.1.2.4 Análise do ciclo de vida: A Análise do Ciclo de Vida (ACV) é um método técnico para avaliação dos aspectos ambientais e dos impactos potenciais associados a um produto, compreendendo etapas que vão desde a retirada dos recursos da natureza até a disposição do produto final. Esta técnica auxilia na identificação de prioridades e afasta-se do enfoque tradicional de end-of-pipe (tratamento no final do processo) para a proteção ambiental. 3.1.2.5 Educação ambiental: A educação ambiental tem como objetivo fundamental lograr que os indivíduos e a coletividade compreendam a natureza complexa do meio ambiente natural e do meio ambiente criado pelo homem, resultante da integração de seus aspectos biológicos, físicos, sociais, econômicos e culturais, e adquiram os conhecimentos, os valores, os comportamentos e as habilidades práticas para participar, responsável e eficazmente da prevenção e solução dos problemas ambientais, e da gestão da qualidade do meio ambiente.
  • 15. 15 3.1.2.6 Impacto Ambiental A expressão “impacto ambiental” teve uma definição mais precisa, nos anos 70 e 80, quando diversos países perceberam a necessidade de estabelecer diretrizes e critérios para avaliar efeitos adversos das intervenções humanas na natureza. O impacto ambiental é entendido como qualquer alteração produzida pelos homens e suas atividades, nas relações constitutivas do ambiente, que excedam a capacidade de absorção desse ambiente. Em suma, os impactos ambientais afetam a estabilidade preexistente dos ciclos ecológicos, fragilizando-a ou fortalecendo-a.
  • 16. 16 4.0 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO SETOR TÊXTIL 4.1 A Indústria têxtil As indústrias têxteis de vestuário e de artefatos de tecidos são potencialmente poluidoras (emissão de gases e efluentes sólidos e líquidos) e utilizadoras de recursos ambientais (uso de água) em seu processo produtivo. Isto se deve ao fato de que os efluentes têxteis apresentam características físico-químicas próprias, tratando-se de misturas complexas de corantes e auxiliares têxteis. O processo produtivo que é resumido basicamente em fiação, tecelagem e beneficiamento. Sendo que apenas no processo de beneficiamento é que são gerados efluentes em quantidades significativas. O mesmo compreende as atividades de pré- tratamento, tingimento e acabamento. Pré-Tratamento É a etapa onde eliminam-se as impurezas das fibras e melhora-se a estrutura do material para as operações de tingimento, estamparia e acabamento. Conforme SALEN (1998), em uma planta de tinturaria, o tecido passa por várias etapas para obter uma boa qualidade como hidrofilidade, solidez da cor, maciez e outros. Trata-se de: Processos de limpeza da fibra onde são eliminadas todas as impurezas que poderão interferir durante o processo de tingimento. O processo é executado a uma temperatura de 95°C e exige produtos químicos como hidróxido de sódio, peróxido de hidrogênio, detergentes, igualizantes e sequestrantes, que também influenciam na composição do efluente. Tingimento É a etapa que os materiais têxteis são coloridos uniformemente. São os processos que tem como objetivo colorir os substratos têxteis de forma homogênea e permanente mediante a aplicação de corantes. A princípio, o mecanismo de tingimento pode ser dividido em três etapas em que ocorrem mecanismos físico-químicos (Cegarra, 1980). Acabamento Na etapa de acabamentos os tecidos são tratados para adquirirem as características essenciais de aspecto, brilho, toque, caimento, amarrotamento, resistência, toque, impermeabilidade, estabilidade dimensional, cor, etc.
  • 17. 17 4.1.2 Caracterização do Efluente na Indústria Têxtil O efluente varia muito na sua composição, pois o mesmo provém de variados processos (vistos anteriormente). Nestes processos são utilizados produtos com as mais variadas formulações, que resultam em um efluente contendo dextrinas, graxas, pectinas, álcoois, aminas graxas, hidróxido de sódio, carbonato de sódio, cloreto de sódio, peróxido de hidrogênio, ácido acético, hidrossulfito de sódio, sulfato de sódio, corantes reativos, corantes a cuba, corantes dispersos e pigmentos, sendo esses os causadores de intensa coloração no efluente. 4.1.2.1 Métodos de tratamento Segundo Lagunas (1998), os métodos de tratamento dos efluentes podem ser genericamente relacionados como: Métodos Físicos Consiste numa forma de tratamento inicial (pré-tratamento) onde são removidos os resíduos grosseiros do efluente na ETE. Em geral, são utilizadas grades, peneiras simples ou rotativas, filtros, tanques de remoção de óleos e graxas, decantadores e outros. Este pré-tratamento tem como principal objetivo proteger as tubulações e os equipamentos dos tratamentos posteriores. Métodos Físico-Químicos Estes métodos podem ser utilizados na remoção de matéria orgânica e coloidal, cor, turbidez, odores, ácidos e álcalis. O processo de neutralização dos despejos, feito nos tanques de equalização, é de suma importância, pois a variação do pH influencia normalmente nos tratamentos posteriores. A decantação das partículas suspensas no efluente resulta da adição de sulfato de alumínio ou cloreto férrico e de um polímero coadjuvante. Através deste método, objetiva-se obter um bom nível de redução da carga orgânica (DBO), temperatura e em alguns casos, coloração chegando-se a níveis aceitáveis para despejos. Os processos físico-químicos mais usados são a coagulação, a floculação, a precipitação e a oxidação. Métodos Biológicos Os processos biológicos procuram aproveitar o metabolismo dos seres vivos existentes nos rios e lagoas, que transformam a carga orgânica neles despejada em material celular. O que acontece com os rios, é que o excesso de nutrientes causa tal desequilíbrio que todos os seres aeróbios tendem a morrer por falta de oxigênio. As
  • 18. 18 estações de tratamento biológico procuram evitar que esses despejos causem tal desequilíbrio, removendo a carga de nutrientes na própria estação. 4.2 O desenvolvimento sustentável no setor têxtil e o mercado Nos últimos anos, um assunto virou pauta e intensificou as discussões no meio científico: o desenvolvimento sustentável. Começou a se questionar as formas tradicionais de produção e consumo decorrentes do capitalismo e o impacto ambiental causado por elas. O futuro da espécie humana frente ao aquecimento global transformou-se em preocupação para um grupo de pessoas com maior poder aquisitivo e acesso à informação Com o surgimento deste novo paradigma, a indústria têxtil percebeu um mercado a ser explorado. Empresários do mundo inteiro passaram a investir em produtos feitos a partir de fibras naturais ou material reciclado, além de adotar um discurso de empresa ambientalmente responsável. A indústria têxtil e toda a cadeia produtiva da moda podem reduzir o impacto dos seus processos produtivos criando produtos com design sustentável. Os modelos de produção de têxteis, vestuário, especialmente de algodão, requerem grande utilização de produtos químicos tóxicos que podem aderir ao vestuário, tornando-os nocivos para as pessoas com sensibilidades químicas. A roupa orgânico-ecológica é uma alternativa mais segura, mais amiga do ambiente.
  • 19. 19 Os tecidos orgânicos são tecidos saudáveis por serem na sua maioria antialérgicos, sendo recomendados para pessoas com peles sensíveis. A sua Fabricação não compromete a saúde dos produtores nem dos animais, pois não são utilizados agrotóxicos nem pesticidas, garantindo assim a qualidade do nosso ar, água e sol. 4.2.1 Tecidos, produtos e materias prima sustentáveis 4.2.1.1 Algodão orgânico O algodão orgânico é obtido em sistemas sustentáveis, através da gestão e proteção dos recursos naturais. Contrariamente às culturas de algodão convencional – que utilizam 25% dos produtos químicos agrícolas do mundo – o cultivo orgânico não utiliza fertilizantes químicos. Ela mantém e restaura a fertilidade do solo e preserva a biodiversidade. O algodão biológico ou orgânico além de conter as propriedades e características do algodão comum é ainda antialérgico e biodegradável (demora cerca de três meses para se decompor na natureza.
  • 20. 20 Camisa feita a partir de algodão orgânico 4.2.1.2 Cânhamo O cânhamo é uma fibra muito resistente e tem uma durabilidade enorme. É uma fibra bastante porosa e por isso seca rapidamente e é muito respirável e fresco. É naturalmente antifúngico e protege dos raios ultravioletas. Com o uso vai ficando cada vez mais suave e macia. Tênis feito a partir de fibra de cânhamo.
  • 21. 21 Na lavagem é capaz de suportar temperaturas de ebulição. Tecidos com cores e com outros acabamentos a temperatura pode ir até aos 65 graus. Mas uma lavagem a 30º ou 40º é suficiente. 4.2.1.3 Látex Natural É um produto resistente, substituto da pele animal e das peles sintéticas. 4.2.1.4 Couro vegetal Sapato de couro vegetal Produto versátil e resistente, capaz de substituir o couro animal e os revestimentos sintéticos derivados do petróleo em diferentes aplicações industriais. Material que mantém a característica natural do produto artesanal, agregando tecnologia e viabilidade comercial.
  • 22. 22 4.2.1.5 Eco lona de juta Desenvolvido a partir de fibra de juta, uma matéria-prima típica do Brasil. A semeadura e extração são feitos com base no uso sustentável da floresta. Contribui para a preservação da biodiversidade da região amazônica. Além disso, é um material facilmente decomposto depois de descartado: A juta leva dois anos para desaparecer, enquanto, algodão leva 10 anos para se decompor e o poliéster pode levar 100 anos. Bolsa de lona de juta
  • 23. 23 4.2.1.6 Lona reciclada Feita com algodão reciclado e PET, que é um dos materiais mais poluentes por encher aterros no Brasil. As garrafas de plástico representam mais de 30% dos resíduos recolhidos e sua reutilização na indústria têxtil ajuda a reduzir os impactos ambientais. Além disso, como um resultado social para as mulheres, este processo dá uma receita alternativa para as costureiras. 4.2.1.7 Seda ecológica O manejo sustentável do processo produtivo faz com que cada recurso seja explorado de uma forma que não prejudique o meio ambiente. A seda ecológica utiliza casulos que foram descartados pelo processo industrial e utiliza os resíduos dos bichos da seda como cobertura do solo, evitando a erosão e mantendo a fertilidade do solo. Esse tipo de processamento gera renda para famílias de artesãos e estimula a tradição da tecelagem manual. Além disso, no processo de tingimento apenas corantes de origem vegetal são utilizados.
  • 24. 24 4.2.1.8 Pirarucu Bota feminina de pirarucu O couro do nosso peixe pode ser utilizado, devido a ausência de produtos químicos no tratamento da pele. A captura do pirarucu é feita de forma consciente e não-predatória respeitando a legislação ambiental e os períodos de procriação. 4.2.1.9 Malhas Pet A malha PET é um tipo de malha ecológica que é produzida com fios de algodão reciclado e um percentual do plástico reciclado de garrafas PET. Malha PET Camisa de malha pet
  • 25. 25 “O Plástico da garrafa pet pode ser transformado muitas vezes, sendo bem reaproveitado, misturado ao algodão que também pode ser reciclado, (restos de malharias e confecções) é um tecido de alta qualidade, deixa a pele respirar, é mais resistente a deformações depois da lavagem, um tecido que seca rápido e não precisa ser passado”. Produzidos com fibras de garrafas PET em um processo ecologicamente correto, com redução de gasto energético, menor impacto de tinturaria e redução de desperdício e de consumo de água. A malha PET é um tipo de malha ecológica que é produzida com fios de algodão reciclado e um percentual do plástico reciclado de garrafas PET. 4.3 A Garrafa PET... Do lixo ao tecido A transformação de uma garrafa de refrigerante em fios de Poliéster é feita a partir da reciclagem do PET. As garrafas são transformadas em fibra de Poliéster que são enviadas para fábricas de tecidos ou malhas. Nestas fábricas, as fibras são misturadas com viscose, algodão, linho, seda ou qualquer outra fibra têxtil. Pronto o tecido, é encaminhado para uma confecção, onde são cortado e costurado (ou "montado") de acordo com a peça que se quer obter: camisetas, moletons, ternos, calças etc.
  • 26. 26 Fonte: Baby Look Ecológica Malha PET Reciclado Um tecido bastante utilizado para roupas finas é o Perolin, uma composição de Linho e Poliéster. Com isso, obtém-se o conforto do linho e a praticidade do poliéster. Também a Microfibra (poliéster 100%) é usada para confecção de ternos, calças e camisas. Existem alguns tecidos feitos com 100% de Poliéster, como Tergal, ou roupas de linha esportiva. Você sabe quantas garrafas PET são necessárias para a confecção de uma camiseta? Uma garrafa que contenha 50 gramas de PET (embalagem de 2 litros, por exemplo) gerará 50 gramas de fibra de poliéster. Em outras palavras, não há perda de material durante a transformação.
  • 27. 27 Pese em uma camiseta, ou qualquer peça de tecido que contenha Poliéster na composição e verifique a proporção para determinar quantas garrafas estão ali. Por exemplo, um moletom de 300 gramas, feito com 67% de fibra de Poliéster e 33% de viscose (uma composição muito comum) possui 201 gramas de poliéster, ou seja, 4 garrafas de 2 litros. 4.3.1 Processo industrial O uso do PET na reciclagem é diverso. Pode-se fazer muita coisa com essa matéria-prima, mas um dos destinos mais comuns é se transformar em fibra de poliéster. PET é o melhor e mais resistente plástico para fabricação de garrafas e embalagens. Devido às suas características o PET mostrou ser o recipiente ideal para a indústria de bebidas em todo o mundo (as famosas garrafas de refrigerantes). Porém, com o aumento do consumo, surgiu um grande desafio a ser resolvido: O que fazer com as embalagens já utilizadas e descartadas, que poluem de forma indiscriminada o nosso planeta? Desde que o conceito de reciclagem surgiu, décadas atrás, a preservação do meio ambiente tornou-se o seu principal objetivo. Nesse sentido, a coleta e a reciclagem da embalagem PET têm sido incentivada cada vez mais, permitindo o uso da matéria original para a fabricação de diversos produtos. Um dos mais interessantes é produção de fibras de poliéster. Essas fibras estão sendo largamente utilizadas na indústria têxtil e nas confecções. Seu início começa com os catadores de material recicláveis, que recolhem as garrafas PET já utilizadas. Elas são enviadas para cooperativas, onde são vendidas para
  • 28. 28 empresas de reciclagem. Depois da lavagem, moagem e descontaminação, transformam-se em pequenos pedaços denominados "flakes" - que serão posteriormente fundidos e transformadas em granulos denominados "pellets". Eles são então transformados em fibras de poliéster. Nesta etapa eles estão prontos para serem utilizados na produção de malhas. Fonte:baoobaoo.com Agora! Acompanhe um pequeno passo a passo para entender como uma embalagem de garrafa se transforma em tecido: As garrafas Pet são recolhidas por catadores, e enviadas em fardos para a reciclagem.
  • 29. 29 Depois de passar por um processo de seleção, lavagem, moagem e secagem, o Pet resulta num produto chamado Flake. O Flake é fundido à 300ºC, e filtrado para eliminar resíduos sólidos, pedras e metais. Depois de resfriado com água, o Pet é granulado (chips verdes de garrafas verdes)
  • 30. 30 Chips naturais de garrafa transparente. Depois de misturados, os chips passam por um processo de extrusão à 300ºC, transformando-se em pasta. São enviados para uma bomba, passando por microfuros, onde são lubrificados e reunidos em tambores. Microfuros onde são determinados os títulos (espessura da fibra).
  • 31. 31 Saindo dos tambores são reunidos e passam por um processo de estiragem. Processo de estiragem e termofixação. Depois da termofixação, as fibras saem molhadas, passando em seguida por um secador.
  • 32. 32 Depois de secas, as fibras passam pelo processo de carda. As fibras são embaladas em fardos, prontas para suas diversas transformações: fios, enchimentos de travesseiros, tapetes, carpetes para linha automotiva e residencial, etc. O tecido feito de poliéster tradicional já tem uma fatia expressiva do mercado e é uma tendência natural que o tecido feito a partir do poliéster reciclado se torne ainda mais expressiva. Pois, o tecido feito de garrafa PET nada mais é do que tecido poliéster tradicional. E por isso, quando conhecemos ou tocamos a malha PET não sentimos nenhuma diferença da malha comum, porque ela é feita do mesmo poliéster do qual as roupas já são feitas e que estamos acostumados a usar e comprar, a diferença é que este poliéster é proveniente de garrafas PET que seriam descartadas na natureza e que antes de virar roupas, foram limpas e descontaminadas.
  • 33. 33 A tendência mundial é termos que usar roupas de material reciclado, pois é preciso consumir todo o resíduo que produzimos. 4.3.2 Reciclagem e reutilização de tecido 4.3.2.1 A reciclagem No processo de produção, os produtos descartados podem ser reutilizados e transformados em um tecido de qualidade ecologicamente correta. A impossibilidade de reciclagem industrial pós-consumo é consequência do estado em que os tecidos se encontram após serem descartados (sujos, rasgados e parcialmente degradados) e também pelo pouco volume concentrado, o que inviabiliza comercialmente a reciclagem A reciclagem industrial de tecido pós-industrial é insipiente no Brasil. É possível que fábricas utilizem aparas têxteis de outras empresas, que seriam incorporadas ao processo produtivo, evitando que se tornem resíduos, mas esta não é uma prática comum no país. O processo de reciclagem de resíduos têxteis é complexo. Para que volte a ser fio novamente, esse material deve ser separado por matéria-prima e comprimento de fibra e depende de uma separação eficiente. A reciclagem industrial transforma o tecido em matéria-prima para indústrias de tecido não tecido, colchões, papel moeda, produtos medicinais, automobilísticos, mobiliário e metalurgia. Uma sugestão para o aproveitamento desses resíduos sem muita complexidade seria na produção de estopas, no qual não é necessário a eliminação dos tingimentos, mas só a fragmentação dos retalhos. A reciclagem de resíduos têxteis existe, apesar de ser pequena no Brasil. O grande uso de restos de tecido ocorre no artesanato. Artesãos confeccionam bonecas de pano, ecobags, colchas, tapetes, roupas, porta documentos, capas de caderno, marcadores de livros e uma infinidade de objetos, se valendo de talento e criatividade. 4.3.2.2 A Reutilização Os resíduos têxteis sólidos, mais conhecidos como retalhos. Nas confecções, os retalhos originam-se de falhas e erros na produção, principalmente dos off-cortes de moldes infestados (isto é, os negativos, as contra formas das roupas quando são infestadas e cortadas).
  • 34. 34 A reciclagem pode ser feita de forma artesanal ou industrial.O processo manual é simples e consiste na reutilização das sobras dos tecidos para fazer artesanatos, como bonecas de pano, ecobags, colchas, tapetes, roupas, porta-documentos, capas de caderno, marcadores de livros e uma infinidade de objetos. Já o processo industrial é mais complexo e divide-se nas seguintes etapas: Separação: Os retalhos em bom estado são separados por cor, matéria-prima e comprimento de fibra. Trituração: Já separados, os tecidos seguem para uma máquina que tritura o material em pedaços muito pequenos, até ficarem praticamente desmanchados. Beneficiamento: O material triturado é enviado para outra máquina, onde é adicionado a uma mistura de poliéster. Fiação: O material passa por uma maçaroqueira e por um filatório e a fibra é transformada em fio. Tecelagem: O fio é finalmente transformado em tecido. Tingimento: Após a tecelagem, o tecido é tingido com a cor desejada, caso necessário. O processo de reciclagem dos resíduos têxteis pode gerar benefícios para a empresa e o meio ambiente é importante para a redução da poluição, uma vez que estes resíduos são frequentemente queimados a céu aberto ou depositados em lixões, economiza matéria-prima, água e energia, melhora a limpeza da cidade, aumenta a vida útil dos aterros sanitários e gerar empregos.
  • 35. 35 5.0 CONCLUSÃO Concluímos que preservar o meio ambiente e ainda garantir o desenvolvimento é o objetivo de todas as ações que garantam a sustentabilidade ambiental. Consiste na manutenção das funções e componentes do ecossistema, de modo sustentável, buscando a aquisição de medidas que sejam realistas para os setores das atividades humanas. A ideia é conseguir o desenvolvimento sem que, para isso, seja necessário agredir o meio ambiente. Na indústria têxtil, há intensas movimentações e interações de ideias na busca da implementação de melhorias para eliminar problemas antigos que ainda prevalecem no setor. Paradigmas estão sendo quebrados, novas ideias e inovações surgem a todo momento no sentido de amenizar os impactos que o setor ainda causa ao meio. O fato é que as indústrias têxteis atualmente estão envolvidas acompanhando uma nova realidade e buscam métodos produtivos compatíveis e sustentáveis, com investimentos e pesquisas em novas máquinas e equipamentos, novas fibras e matérias-primas, novas fontes energéticas (energia limpa), inovam métodos e processos. E novas técnicas de gestão são implantadas na busca de unir o técnico com o ecológico para conseguir uma sustentabilidade estável. O controle das condições ambientais é indiscutivelmente uma responsabilidade de todos e não somente de uma pessoa ou grupo de pessoas. Todos devemos contribuir para a preservação do ambiente, incluindo principalmente as nações desenvolvidas e suas multinacionais, governos, empresas públicas e privadas, e a população em geral.
  • 36. 36 6.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS BRAGA; Benedito et al. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo. Pratice Hall, 2002. CEGARRA, J.; PUENTE, P.; VALLDEPERAS, J.; Fundamentos Científicos y Aplicados de la Tinturaria de Materiais Textiles, Barcelona: Romargraf S.A. 1980. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_sustent%c3%a1vel >. Acesso: 22 Agosto 2014. ECOD BÁSICO: Reciclagem de tecido. Disponível em: < http://www.ecodesenvolvimento.org/editorias/rrr >. Acesso em: 20 Agosto 2014. GESTÃO AMBIENTAL. Curso básico de gestão ambiental. – Brasília : SEBRAE, 2004. 111p. 1. ISO 14001. LAGUNAS, F. G.; LIS, M. J.; Tratamento de Efluentes na Indústria Têxtil Algodoeira. Revista Química Têxtil, n. 50, p. 6-15, 1998. MARTINS, Sérgio Roberto. Agricultura, Ambiente e Sustentabilidade, seus limites para a América Latina .Editora UFP, 2001. SALEN, V. O Tingimento Têxtil. Apostila de Tingimento. Associação Brasileira de Químicos e Coloristas Têxteis, v. 2, 1998. TECIDOS ECOLÓGICOS COM DESIGN SUSTENTÁVEL. Disponível em: < http://www.claudiovaz.com.br/?s=textil >. Acesso em: 20 Agosto 2014. TÊXTIL. Disponível em: < http://www.setorreciclagem.com.br/search?q=textil&Itemid=672/>. Acesso: 22 Agosto 2014.