2. VANGUARDA: movimento formado por
grupos de pessoas que, por seus
conhecimentos ou por uma tendência
natural, exercem papel de precursoras ou de
pioneiras em determinado movimento
cultural, artístico ou científico.
Assim aconteceu com o conjunto de cinco
“ismos”: Cubismo, Futurismo, Expressionismo
(Fauvismo), Dadaísmo e Surrealismo.
5. CUBISMO
• Decomposição da realidade em figuras
geométricas.
• Manifesta-se a partir de 1917, na literatura.
• Seu divulgador foi Appolinaire.
• Decomposição da imagem em diferentes planos.
• Desintegração da realidade gerando uma
poesia ausente de lógica.
• Linguagem caótica.
6. Hípica
Saltos records
Cavalos da Penha
Correm jóqueis de
Higienópolis
Os magnatas
As meninas
E a orquestra toca
Chá
Na sala de cocktails
Oswald de Andrade
Pintor- quadro Les demoiselles d’Avignon (1907)
Pablo Picasso- Mulheres da esquerda cultura ibérica
Mulheres da direita influência da arte negra
(Poesias Reunidas – 5ª ed.- Rio de Janeiro – Civilização Brasileira, 1978 p.129)
7. Poema Cubista
Poema de Sete Faces Carlos Drummond de Andrade
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
8. F UT URI
SM O
1909 - França
•Lançado por Marinetti no manifesto “Le
Futurisme”, 1909.
•Surge entre o Simbolismo e a 1ª Guerra
Mundial.
•Exalta a vida moderna.
•Culto da máquina e da velocidade.
•Destruição do passado e do academicismo
•Liberdade de expressão.
9. Futurismo - 1909
- Atitude de irreverência
- Destruição de códigos e valores cristalizados, arte
agressiva
- Corte dos elos com o passado
- Palavras em liberdade
“ É preciso destruir a sintaxe, dispondo os substantivos
ao acaso, como nascem”.
(Manifesto Futurista, 1912)
Velhice
O netinho jogou os óculos na latrina.
Oswald de Andrade
10.
11. Poema futurista
Ode triunfal
Álvaro de Campos
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu [sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos [modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
12. ODE AO BURGUÊS
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!
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Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das
tradições!
Pintor - Giácomo Balla Fora os que algarismam os amanhãs!
Vôo de andorinhas Olha a vida dos nossos setembros!
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Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!
Mário de Andrade
Mário de Andrade. Poesias Completas. São Paulo: Circulo do Livro, sd, p.45-7.
14. O meu tempo
Cantos e metrópoles, lavinas febris,
Terras descoradas, pólos sem
glória,
Miséria, heróis e mulheres da
escória,
Sobrolhos espectrais, tumulto em
carris.
Soam ventoinhas em nuvens
perdidas.
Os livros são bruxas. Povos
desconexos.
A alma reduz-se a mínimos
complexos.
A arte está morta. As horas
reduzidas.
(Wilheim Klem)
Edvard Munch - O Grito
15. EXPRESSIONISMO
• Paralelo ao Futurismo e Cubismo.
• Surge em 1910 pela revista “Der Sturn”.
• A arte brota da vida interior; do íntimo do ser.
• A obscuridade do ser é transportada para a
expressão.
• As telas retratam o patético, os vícios, os horrores,
a guerra.
• Protesta contra a violência e usa cores explosivas.
• Reflete a crise de consciência gerada pela guerra.
16. POEMA EXPRESSIONISTA
A noite – Augusto dos Anjos
A nebulosidade ameaçadora
Tolda o éter, mancha a gleba, agride os rios
E urde amplas teias de carvões sombrios
No ar que álacre e radiante, há instantes, fora.
A água transubstancia-se. A onda estoura
Na negridão do oceano e entre os navios
Troa bárbara zoada de ais bravios,
Extraordinariamente atordoadora.
A custódia do anímico registro
A planetária escuridão se anexa...
Somente, iguais a espiões que acordam cedo,
Ficam brilhando com fulgor sinistro
Dentro da treva omnímoda e complexa
Os olhos fundos dos que estão com medo!
19. Fauvismo - 1909
Assim como o Expressionismo, há predomínio das
cores intensas e distorções ousadas.
- Fauves (selvagens) no sentido de libertação e
experimento.
- Equilíbrio novo e radical em Matisse, seu principal
líder.
20. POÉTICA
MANUEL BANDEIRA
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto
expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr.
diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no
dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas.
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de
Henry Matisse - Harmonia em vermelho si mesmo.
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do
amante exemplar com cem modelos de cartas e as
diferentes maneiras de agradar às agraves mulheres, etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare.
- Não quero saber do lirismo que não é libertação.
22. Poema dadaísta
Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-
as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda
que incompreendido do público.
Tristan Tzara
23. MATURIDADE
O Sr. E a Sra. Amadeu
Participam a V. Exa.
O Feliz nascimento
De sua filha Gilberta
Oswald de Andrade
Marcel Duchamp “ Roda de Bicicleta”
25. SURREALISMO
• Surge em 1924 com o Manifesto
Surrealista de André Breton.
• Propõe que o homem se liberte da
razão, da crítica, da lógica.
• Adere a filosofia de Sigmund Freud.
• Expressa o interior humano
investigando o inconsciente.
26.
27. Pré-história
Mamãe vestida de rendas
Tocava piano no caos
Uma noite abriu as asas
Cansada de tanto som,
Equilibrou-se no azul,
De tonta não mais olhou
Para mim, para ninguém!
Cai no álbum de retratos.
Salvador Dali - Criança Geopolítica
Murilo Mendes
assistindo ao nascimento do novo homem (1943)
29. Tabacaria
Álvaro de Campos
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
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Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
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Quando quis tirar a máscara,
Estava pregada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado
35. Poema Surrealista
As realidades No trono havia uma vez
Era uma vez uma realidade um velho rei que se aborrecia
com suas ovelhas de lã real e pela noite perdia o seu manto
a filha do rei passou por ali e por rainha puseram-lhe ao lado
E as ovelhas baliam que linda que a re a re a realidade.
está CAUDA: dade dade a reali
a re a re a realidade. dade dade a realidade
Na noite era uma vez A real a real
uma realidade que sofria de insônia idade idade dá a reali
Então chegava a madrinha fada ali
e realmente levava-a pela mão a re a realidade
a re a re a realidade. era uma vez a REALIDADE.
(Louis Aragon)