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Relato de Experiência da Construção do Modelo              Construtivo
Investigativo com moradores em situação de rua participantes do Projeto
Começar de Novo


        Prof.Themis Maria Dresch da Silveira Dovera
        João Zimmermann
        Escola de Enfermagem-DAOP-UFRGS


        Fiz uma retrospectiva do trabalho desenvolvido no Restaurante Popular
para entender      como e quanto conseguimos construir juntos um modelo
pedagógico       construtivista   investigativo   entre   nós(Roque,assistentes
sociais,Ricardo,Iara) que são pessoas e também representam instituições que
precisamos interagir.Com os moradores de rua ,e depois com os alunos do
Projeto Convivências. Separo o discurso, para que ,mais adiante,consiga reunir
tudo.
        Pensei em enviar essa fala do projeto para Jaime,Ivaldo e Fuão para que
possamos ,juntos conversarmos com a proreitora numa proposta de Programa
de Extensão.
        Vou iniciar a construção desse documento ou relato no ponto
        1-Perspectiva docente e 2-Conhecimento da realidade e das
parcerias:
        No período anterior ao Programa Convivências conseguimos(eu num
primeiro momento,depois já com apoio da Rita e Sinara da Deds e o Fernando
Fuão e Ivaldo) dar alguns passos importantes:
        No mês de dezembro fui convidada pela Tânia Guimarães, presidente da
Associação Fala Mulher e funcionária da FUNDSOL para a Festa de Natal
com os moradores de rua promovido pelo Comitê de Ação da Cidadania onde
ela me pediu a colaboração de 15 kg de café . Tive vontade de dar o dinheiro
na hora,mas senti que aquele era o momento tempo zero para iniciar esse
desafio : pedir colaboração para pessoas próximas(irmãos,cunhadas) pensei
estar criando os espaços para expressão da subjetividade- no caso- o desejo
de ser solidário e a oportunidade concreta de sê-lo ..




                                         1
Na minha visão de enfermeira ,entendo que,qualquer ação é cuidar e
quando o cuidado não é técnicas específicas dizemos que o cuidado está no
campo estético da profissão, ou seja, na parte arte da enfermagem, que não se
dissocia da técnica,mas é o cuidar sensível ,que envolve as relações, a
percepção de si e do meio ambiente, bem como o entendimento da
subjetividade.Já dizia      Dalai Lama devemos construir relacionamentos
baseados na confiança mútua, na compreensão, no respeito e na solidariedade
independentemente de diferenças culturais, filosóficas ou religiosas           .E assim
iniciei   meus   contatos       com   o   Roque    Grazziola     através      da   Tânia
Guimarães.Então no mês de             janeiro conheci a Fundsol         e   no mês de
fevereiro promovi a primeira reunião com a Rita Camisolão do DEDS onde
estava presente o Roque e a Tânia.
      No mês de março fui a 3 reuniões importantes de estruturação do Projeto
Começar de Novo no aspecto da UFRGS: primeiro na Promotoria de Justiça
onde a Promotora Angela solicitava a Fasc um Projeto Proposta
interentidades capitaniado pelo Ministério Público,falou-se na importância do
local no Restaurante Popular onde poderia ser identificado previamente esse
morador de rua,pois na época o foco da reunião era a denúncia de maus tratos
por parte da brigada aos moradores de rua.Essa construção da relação com o
Ministèrio   Público   partiu    da    Fundsol    com   o    trabalho   que    estavam
desenvolvendo na Rua e Viadutos.Essa reunião marcou para a UFRGS a
apresentação da proposta das oficinas que eu havia organizado baseado num
projeto que a Fundsol enviara a Fundação Banco do Brasil e chamava-se
Voltando para Casa.Esse projeto de extensão foi aprovado no departamento
DAOP da Faculdade de Enfermagem . A segunda reunião no Comitê Gaúcho
de Ação da Cidadania com a presidente                       Iara Bargman,assistentes
sociais:Lisette e Silvia ,Roque Grazziola e Tânia Guimarães.Nessa reunião
conheci a proposta da assistente Social Lizette que era Orienta Cidadão.Ela
dispunha de 15 refeições diária e pensou em organizar oficinas diárias que
seriam feitas por mim,Roque e elas. Apresentei na ocasião o projeto de
extensão e a minha disposição de trazer parceiros professores e alunos da
Universidade.Recebemos um quadro da              Declaração Universal dos Direitos
Humanos. Fiquei muito emocionada ao receber esse quadro, e pensei que,



                                           2
neste contexto há um compromisso autêntico com quem está em sofrimento
(no caso, a população em situação de rua) propiciado pela solidariedade e abre
uma perspectiva de humanização, expressa naquele grupo que se formava.
     Ainda nesse mês conseguimos nos reunir novamente na Prorext com a
presença agora do Prof. Ivaldo, Prof. Fuão e Reinaldo (aluno da UFRGS de
Arquivologia) e coordenador do Fórum de Moradores de Rua. Escutamos muito
o Reinaldo que teve uma significância para a construção da perspectiva dos
moradores e os possíveis interesses desses moradores. Algumas questões eu
refleti depois da reunião. Que conceitos poderíamos discutir nas oficinas?
Queríamos apenas reuni-los meia hora antes do almoço?Ter grupo formado?
     Foi só a partir do mês de abril que comecei a freqüentar as reuniões
chamadas “Oficinas”. Fiz uma média de duas oficinas por semana.Trabalhei
assuntos de saúde,relacionamento interpessoal,projetos de vida,a vida
passada e família-filhos e esposa.Alguns dias saia muito triste das oficinas por
identificar a complexidade do trabalho que não dependia só de recursos
financeiros,mas basicamente de atendimentos éticos       e morais não só por
parte dos moradores mas também dos funcionários do restaurante popular
como a assistente social que jogava uns contra os outros e do porteiro que era
extremamente grosseiro com os beneficiários do restaurante.
     Na construção do conhecimento que eu precisava ainda ter em relação ao
projeto Começar de Novo pontuei alguns problemas: 1.Será que existe
interesse do Restaurante popular em manter esse grupo de moradores de rua
em oficina diária,superlotando o hall de entrada?Na época,mês de abril,só
tínhamos recurso apenas para alimentar 15 pessoas,no entanto,estavam
freqüentando as oficinas 50 pessoas.
     Na época ,a assistente social,sem recurso financeiro,pensou em escolher
as pessoas para se beneficiarem do almoço gratuito,dizendo que uns eram do
projeto,outros não.E o hall de entrada,cheio de famintos e maltrapilhos não
entendiam a seleção.Chegamos a cogitar interrupção das oficinas por não
haver recurso ou seja, o valor de R$1,00 por morador de rua por dia por 5 dias
na semana.
     Fiz uma intervenção,assumi pessoalmente 300 refeições semanais.
Discuto agora essa atitude, pois poderíamos ter construído melhor a relação



                                       3
custo beneficio entre as entidades envolvidas: fundsol,Ufrgs,Comitê de Ação da
Cidadania para manutenção dessa ação que iniciava.
      Revendo o porquê de minha atitude penso que no centro de tudo isso, também se
encontra a grande riqueza daquelas pessoas. Pessoas que resistem. A palavra resistência vem-
me muitas vezes à ideia, porque estas pessoas atravessam tantas dificuldades: 50% dormiam
na rua,só almoçavam aquela refeição e, contudo, continuavam presentes acreditando naquilo
que o Roque colocava sobre organização ,presença em pré-conferências ,enfim ,o encontro
diário precisava acontecer,pois os moradores não desistem.
      Entendi que eu tinha desenvolvido três sentimentos com aquele projeto,com aquelas
pessoas: a solidariedade,a compaixão e a igualdade.
      Muita gente, talvez a maioria das pessoas, confunde compaixão com
pena .A compaixão exige de nós uma atitude, uma ação. Exige que nos
coloquemos na situação em questão, e que nos ofertemos, ou a algo de nós
mesmos, para que essa situação se resolva. Exige que estejamos presentes,
que sejamos atuantes, que nos posicionemos.
      Exige enfim a nossa DISPONIBILIDADE PARA OFERTAR ALGO DE
NÓS MESMOS PARA QUE A SITUAÇÃO EM QUESTÃO SE RESOLVA, E
QUE AQUELE SER NELA ENVOLVIDO POSSA FINALMENTE SAIR
DAQUELE PROBLEMA.
      Acredito que a compaixão freqüentemente combina-se a um desejo de
aliviar ou minorar o sofrimento de outra pessoa, bem como demonstrar especial
gentileza com aqueles que sofrem. A compaixão pode levar alguém a sentir
empatia por outra pessoa.E isso acabou me impulsionando a fazer contatos
com o Solidário onde conseguimos nossa primeira reportagem de jornal,onde
legitimamos as ações através do depoimento dos moradores de rua.
      No mês de abril além das oficinas diárias realizamos audiência pública
com a Dra Angela promotora de Justiça.Roque solicitou que fosse verificado a
possibilidade de algum prédio público desocupado para que se colocasse a
Oficina de reciclagem.
      Num enfoque construtivista e investigativo essa reunião teve um
significado muito grande para o Projeto pois,a missão                que recebemos foi
organizar o grupo de 50 a 60 pessoas constantes ,elaborar o projeto e listar as
necessidades daquele grupo iniciando os encaminhamentos.                    Essa reunião



                                             4
levada às oficinas através dos representantes que estavam presentes teve um
significado epistemiológico pois motivou e identificou o grupo dando até o nome
ao   Projeto,escolhido   dentre   3   propostas.Traçou   as   necessidades   de
albergagem,de grupos específicos de geração de renda,a discussão do uso de
drogas e de encaminhamento a tratamentos,enfim,essa visibilidade das
necessidades gerou um quadro construido pelo Roque com auxílio de todos os
presentes nas oficinas do mês de abril. O pré-projeto do Começar de Novo foi
apresentado a Promotoria de Justiça no final de abril.
     Durante os meses de maio e junho o projeto construiu muitas realidades
novas.Entre as instituições envolvidas organizamos um cronograma quinzenal
que podíamos entender o desenvolvimento das ações e oficinas e considero
,no enfoque do modelo construtivista a direção da aprendizagem.
     O objeto construído “O projeto Começar de Novo é uma ação pedagógica
de convivência e organização de trabalhadores e trabalhadoras em situação de
rua de Porto Alegre e é realizado através de relações de acolhimento, ações de
convivência, atividades laborais de geração de trabalho e renda, ações
coletivas de proteção contra a violência física e moral, ações de organização
social que fortaleçam o Fórum da População de Rua, ações de formulação de
políticas públicas de habitação, trabalho e renda e proteção, ações de
apropriação dos direitos fundamentais, ações de orientação alimentar,
nutricional e saúde e ações de elevação da escolaridade”
     Transcrevo os objetivos traçados pelo projeto:
     3 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS.
     Objetivos                                    Ações
     Realizar     um      processo       de       Entrevistas, cadastramento e
acolhimento, de sensibilização visando elaboração de registro histórico
desencadear e consolidar relações de dos participantes,oficinas diárias.
convivência.




                                        5
Objetivos                                                 Ações
     Desenvolver um processo formativo                         Encontro, vivências, troca de
focando conteúdos como Organização experiências,                                exposições     e
Sustentável do Trabalho, Políticas Sociais, análises críticas, participação em
Valores      Humanos             Essenciais          e atividades com oficinas práticas.
Existenciais, Educação Ambiental,Saúde e
alimentação.
     Organizar e consolidar um coletivo,                       Realização de encontros de
em forma de Associação ou Cooperativa, estudo e formulação de acordos e
como      ente   jurídico       representativo       e estatutos, levando à organização
organizativo do trabalho.                                da pessoa jurídica.
                                                               Mapeamento dos espaços
                                                         urbanos           produtores          e
     Organizar atividades produtivas de
                                                         fornecedores       de     resíduos    e
forma a torná-las viáveis e sustentáveis.
                                                         elaboração       de      acordos     de
                                                         captação.
                                                               Entrevistas,          conversas,
     Motivar       e      contribuir    para         a
                                                         orientações,       identificação     de
reconstituição de um ambiente acolhedor,
                                                         limites     e   possibilidades      para
como      espaço       físico    e   afetivamente
                                                         contatos com pessoas do grupo
necessário para uma vida saudável.
                                                         familiar.
     Contribuir para com a formulação de                       Assegurar a participação em
políticas   públicas      específica,    atuando coletivos, fóruns de entidades,
como      agentes      proponentes       de      tais Poder          Público,    espaços      que
políticas, superando a condição de apenas tratam da formulação, execução e
beneficiários.                                           avaliação de políticas públicas.
     Identificar os saberes relacionados                       Rodas de Saberes como
às experiências de vida, aos anseios espaços                              privilegiados       de
pessoais e aos eixos temáticos, tomando- socialização, de diálogo e de
os como ponto de partida para construção convivência.Oficinas práticas de
de um projeto de vida, tanto na dimensão geração de renda e emprego.
pessoal quanto social.




                                                 6
Durante o horário das oficinas foram preparadas as visitas da Fundação
de Assistência Social e Comunitária e dos alunos do Convivências.
      Não participei das reuniões da Fasc com os moradores de rua,mas o que
entendi é que essa aproximação com o Restaurante Popular nasceu da reunião
das Coordenadoras do Convivências com o presidente da Fasc no mês de
maio.
      Construimos também o convivências com os moradores de rua e a equipe
de assistentes sociais: Tânia e Roque , o Prof.Fuão, e o João nosso
acadêmico da enfermagem voluntário. Estavam presentes 6 moradores de rua
envolvidos com o projeto.
      O professor Fuão colocou o objetivo real do convivências e falou claro
que não podiam esperar muito dos alunos.Eles iriam aprender com eles, pois
entre os moradores a necessidade vigente é a de geração de renda,o concreto.
Conversamos sobre alguns problemas que surgiram sobre auto-estima,e sobre
as    dificuldades   para   conseguir   atestado de   bons   antecedentes.    .
     Então provoquei algumas discussões.No final após retomarmos o objetivo
do Projeto Começar de Novo concluimos os marcos teóricos para o Projeto
convivências com os moradores- que o pessoal chamou de PRODUTO do
CONVIVENCIAS:
          1. Visita ao forum publico -alunos acompanhando moradores para
             conseguirem o atestado de bons antecedentes;
          2. Catalogação dos livros da biblioteca;
          3. Existem muitos computadores para serem desmontados.Oficina de
             eletroeletrônica;
          4. Levantamento de saúde e acompanhamento ao PSF moradores de
             rua que fica no centro para consulta médica se necessário;
          5. Iniciar a discussão para geração de renda. Precisamos contatar
             professores para nos ajudarem nisso.Técnicas        de venda,de
             produção;
          6. Ficou ainda em aberto a possibilidade ocupação da área embaixo
             do viaduto;
          7. Oficina de alimentação com elaboração de lanches.Precisamos
             uns 5 kg de café;copinhos e guardanapos.



                                        7
Sai muito satisfeita da reunião,mas sentindo o apelo dos moradores para
a geração de renda. Analisando e refletindo sobre essa reunião ,senti o grupo
muito sintonizado e evoluiu muito bem na determinação dos conhecimentos e
interesses dos moradores para essa atividade que seria o Convivências.


      Resultados do Convivências
      Senti as primeiras dificuldades com a assistente social Lizette na
preparação do Projeto bem como da Tânia Guimarães.Participei dos encontros
teóricos nos primeiros dois dias na Prorext e na tarde de terça-feira só me
liberei no final da tarde para buscar o material na PROREXT.O horário tarde
deixou no grupo um desconforto entre nós e isso se agravou dia após dia no
Convivências.Ás vezes eu tinha a impressão de que estava sendo sufocada
por essa pessoa,constantemente me dizendo não.
      Dentre os resultados do que foi programado conseguimos montar a
biblioteca,organizar o grupo da oficina de alimentação,alunos do Saju-Direito
da UFRGS encaminharam e atenderam 15 moradores ex-apenados com
dificuldades.Fizemos contato com a Faesp e Susepe(levei de carro 4 ex-
apenados para as reuniões.).A Faesp tem uma cooperativa social que poderá
servir para esse grupo contido no grupo maior que é o Projeto Começar de
Novo,reorganização da listagem dos beneficiários pelo Projeto , Organização
para reforma do banheiro na área superior dos banheiros .Fizemos contatos
com Secretaria de Justiça e Ação Social apresentando o orçamento que foi
encaminhado também ao Sr Ricardo no Restaurante Popular,atividades lúdicas
e de artesanato,.Oficina do Sabão- gerou o desejo de produzir o produto numa
griffe rua.
      Alguns depoimentos dos acadêmicos que participaram:


      Olá!!!
A experiência com o grupo foi muito gratificante, espero poder rever a
todos em algum momento, gostaria de pedir ao Cadinho para me enviar
as demais fotos, pois só recebi as do primeiro dia e as do almoço de
sábado,       se   alguém   já   as   tiver   e   poder   me   enviar,   agradeço.




                                          8
Obrigada         a     todos       pela       experiência      e    cooperação!!
Bom semestre!!
       Alexandra


       Olá pessoal, segue em anexo a lista com os nomes, telefones e e-mails
de quem participou e contribui com o Projeto Convivências. Gostaria de dizer
que foi um enorme prazer participar de algo tão singular e conviver, durante
esses dez dias, com uma pluralidade de opiniões, visões de mundo e
biografias. Creio que o enriquecimento que se leva dessa experiência não diz
respeito somente a maneira como enxergamos e lidamos com o "outro", mas
sim no fato de podermos experenciar o "outro" fora de si mesmo.




Um      grande       abraço    a    todos     e    que      Deus   os   abençoe.


Att,
Edson


       Conclusão: A construção continua.Quer manter as oficinas de saúde e as
avaliações fisicas e de saúde.




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  • 1. Relato de Experiência da Construção do Modelo Construtivo Investigativo com moradores em situação de rua participantes do Projeto Começar de Novo Prof.Themis Maria Dresch da Silveira Dovera João Zimmermann Escola de Enfermagem-DAOP-UFRGS Fiz uma retrospectiva do trabalho desenvolvido no Restaurante Popular para entender como e quanto conseguimos construir juntos um modelo pedagógico construtivista investigativo entre nós(Roque,assistentes sociais,Ricardo,Iara) que são pessoas e também representam instituições que precisamos interagir.Com os moradores de rua ,e depois com os alunos do Projeto Convivências. Separo o discurso, para que ,mais adiante,consiga reunir tudo. Pensei em enviar essa fala do projeto para Jaime,Ivaldo e Fuão para que possamos ,juntos conversarmos com a proreitora numa proposta de Programa de Extensão. Vou iniciar a construção desse documento ou relato no ponto 1-Perspectiva docente e 2-Conhecimento da realidade e das parcerias: No período anterior ao Programa Convivências conseguimos(eu num primeiro momento,depois já com apoio da Rita e Sinara da Deds e o Fernando Fuão e Ivaldo) dar alguns passos importantes: No mês de dezembro fui convidada pela Tânia Guimarães, presidente da Associação Fala Mulher e funcionária da FUNDSOL para a Festa de Natal com os moradores de rua promovido pelo Comitê de Ação da Cidadania onde ela me pediu a colaboração de 15 kg de café . Tive vontade de dar o dinheiro na hora,mas senti que aquele era o momento tempo zero para iniciar esse desafio : pedir colaboração para pessoas próximas(irmãos,cunhadas) pensei estar criando os espaços para expressão da subjetividade- no caso- o desejo de ser solidário e a oportunidade concreta de sê-lo .. 1
  • 2. Na minha visão de enfermeira ,entendo que,qualquer ação é cuidar e quando o cuidado não é técnicas específicas dizemos que o cuidado está no campo estético da profissão, ou seja, na parte arte da enfermagem, que não se dissocia da técnica,mas é o cuidar sensível ,que envolve as relações, a percepção de si e do meio ambiente, bem como o entendimento da subjetividade.Já dizia Dalai Lama devemos construir relacionamentos baseados na confiança mútua, na compreensão, no respeito e na solidariedade independentemente de diferenças culturais, filosóficas ou religiosas .E assim iniciei meus contatos com o Roque Grazziola através da Tânia Guimarães.Então no mês de janeiro conheci a Fundsol e no mês de fevereiro promovi a primeira reunião com a Rita Camisolão do DEDS onde estava presente o Roque e a Tânia. No mês de março fui a 3 reuniões importantes de estruturação do Projeto Começar de Novo no aspecto da UFRGS: primeiro na Promotoria de Justiça onde a Promotora Angela solicitava a Fasc um Projeto Proposta interentidades capitaniado pelo Ministério Público,falou-se na importância do local no Restaurante Popular onde poderia ser identificado previamente esse morador de rua,pois na época o foco da reunião era a denúncia de maus tratos por parte da brigada aos moradores de rua.Essa construção da relação com o Ministèrio Público partiu da Fundsol com o trabalho que estavam desenvolvendo na Rua e Viadutos.Essa reunião marcou para a UFRGS a apresentação da proposta das oficinas que eu havia organizado baseado num projeto que a Fundsol enviara a Fundação Banco do Brasil e chamava-se Voltando para Casa.Esse projeto de extensão foi aprovado no departamento DAOP da Faculdade de Enfermagem . A segunda reunião no Comitê Gaúcho de Ação da Cidadania com a presidente Iara Bargman,assistentes sociais:Lisette e Silvia ,Roque Grazziola e Tânia Guimarães.Nessa reunião conheci a proposta da assistente Social Lizette que era Orienta Cidadão.Ela dispunha de 15 refeições diária e pensou em organizar oficinas diárias que seriam feitas por mim,Roque e elas. Apresentei na ocasião o projeto de extensão e a minha disposição de trazer parceiros professores e alunos da Universidade.Recebemos um quadro da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Fiquei muito emocionada ao receber esse quadro, e pensei que, 2
  • 3. neste contexto há um compromisso autêntico com quem está em sofrimento (no caso, a população em situação de rua) propiciado pela solidariedade e abre uma perspectiva de humanização, expressa naquele grupo que se formava. Ainda nesse mês conseguimos nos reunir novamente na Prorext com a presença agora do Prof. Ivaldo, Prof. Fuão e Reinaldo (aluno da UFRGS de Arquivologia) e coordenador do Fórum de Moradores de Rua. Escutamos muito o Reinaldo que teve uma significância para a construção da perspectiva dos moradores e os possíveis interesses desses moradores. Algumas questões eu refleti depois da reunião. Que conceitos poderíamos discutir nas oficinas? Queríamos apenas reuni-los meia hora antes do almoço?Ter grupo formado? Foi só a partir do mês de abril que comecei a freqüentar as reuniões chamadas “Oficinas”. Fiz uma média de duas oficinas por semana.Trabalhei assuntos de saúde,relacionamento interpessoal,projetos de vida,a vida passada e família-filhos e esposa.Alguns dias saia muito triste das oficinas por identificar a complexidade do trabalho que não dependia só de recursos financeiros,mas basicamente de atendimentos éticos e morais não só por parte dos moradores mas também dos funcionários do restaurante popular como a assistente social que jogava uns contra os outros e do porteiro que era extremamente grosseiro com os beneficiários do restaurante. Na construção do conhecimento que eu precisava ainda ter em relação ao projeto Começar de Novo pontuei alguns problemas: 1.Será que existe interesse do Restaurante popular em manter esse grupo de moradores de rua em oficina diária,superlotando o hall de entrada?Na época,mês de abril,só tínhamos recurso apenas para alimentar 15 pessoas,no entanto,estavam freqüentando as oficinas 50 pessoas. Na época ,a assistente social,sem recurso financeiro,pensou em escolher as pessoas para se beneficiarem do almoço gratuito,dizendo que uns eram do projeto,outros não.E o hall de entrada,cheio de famintos e maltrapilhos não entendiam a seleção.Chegamos a cogitar interrupção das oficinas por não haver recurso ou seja, o valor de R$1,00 por morador de rua por dia por 5 dias na semana. Fiz uma intervenção,assumi pessoalmente 300 refeições semanais. Discuto agora essa atitude, pois poderíamos ter construído melhor a relação 3
  • 4. custo beneficio entre as entidades envolvidas: fundsol,Ufrgs,Comitê de Ação da Cidadania para manutenção dessa ação que iniciava. Revendo o porquê de minha atitude penso que no centro de tudo isso, também se encontra a grande riqueza daquelas pessoas. Pessoas que resistem. A palavra resistência vem- me muitas vezes à ideia, porque estas pessoas atravessam tantas dificuldades: 50% dormiam na rua,só almoçavam aquela refeição e, contudo, continuavam presentes acreditando naquilo que o Roque colocava sobre organização ,presença em pré-conferências ,enfim ,o encontro diário precisava acontecer,pois os moradores não desistem. Entendi que eu tinha desenvolvido três sentimentos com aquele projeto,com aquelas pessoas: a solidariedade,a compaixão e a igualdade. Muita gente, talvez a maioria das pessoas, confunde compaixão com pena .A compaixão exige de nós uma atitude, uma ação. Exige que nos coloquemos na situação em questão, e que nos ofertemos, ou a algo de nós mesmos, para que essa situação se resolva. Exige que estejamos presentes, que sejamos atuantes, que nos posicionemos. Exige enfim a nossa DISPONIBILIDADE PARA OFERTAR ALGO DE NÓS MESMOS PARA QUE A SITUAÇÃO EM QUESTÃO SE RESOLVA, E QUE AQUELE SER NELA ENVOLVIDO POSSA FINALMENTE SAIR DAQUELE PROBLEMA. Acredito que a compaixão freqüentemente combina-se a um desejo de aliviar ou minorar o sofrimento de outra pessoa, bem como demonstrar especial gentileza com aqueles que sofrem. A compaixão pode levar alguém a sentir empatia por outra pessoa.E isso acabou me impulsionando a fazer contatos com o Solidário onde conseguimos nossa primeira reportagem de jornal,onde legitimamos as ações através do depoimento dos moradores de rua. No mês de abril além das oficinas diárias realizamos audiência pública com a Dra Angela promotora de Justiça.Roque solicitou que fosse verificado a possibilidade de algum prédio público desocupado para que se colocasse a Oficina de reciclagem. Num enfoque construtivista e investigativo essa reunião teve um significado muito grande para o Projeto pois,a missão que recebemos foi organizar o grupo de 50 a 60 pessoas constantes ,elaborar o projeto e listar as necessidades daquele grupo iniciando os encaminhamentos. Essa reunião 4
  • 5. levada às oficinas através dos representantes que estavam presentes teve um significado epistemiológico pois motivou e identificou o grupo dando até o nome ao Projeto,escolhido dentre 3 propostas.Traçou as necessidades de albergagem,de grupos específicos de geração de renda,a discussão do uso de drogas e de encaminhamento a tratamentos,enfim,essa visibilidade das necessidades gerou um quadro construido pelo Roque com auxílio de todos os presentes nas oficinas do mês de abril. O pré-projeto do Começar de Novo foi apresentado a Promotoria de Justiça no final de abril. Durante os meses de maio e junho o projeto construiu muitas realidades novas.Entre as instituições envolvidas organizamos um cronograma quinzenal que podíamos entender o desenvolvimento das ações e oficinas e considero ,no enfoque do modelo construtivista a direção da aprendizagem. O objeto construído “O projeto Começar de Novo é uma ação pedagógica de convivência e organização de trabalhadores e trabalhadoras em situação de rua de Porto Alegre e é realizado através de relações de acolhimento, ações de convivência, atividades laborais de geração de trabalho e renda, ações coletivas de proteção contra a violência física e moral, ações de organização social que fortaleçam o Fórum da População de Rua, ações de formulação de políticas públicas de habitação, trabalho e renda e proteção, ações de apropriação dos direitos fundamentais, ações de orientação alimentar, nutricional e saúde e ações de elevação da escolaridade” Transcrevo os objetivos traçados pelo projeto: 3 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS. Objetivos Ações Realizar um processo de Entrevistas, cadastramento e acolhimento, de sensibilização visando elaboração de registro histórico desencadear e consolidar relações de dos participantes,oficinas diárias. convivência. 5
  • 6. Objetivos Ações Desenvolver um processo formativo Encontro, vivências, troca de focando conteúdos como Organização experiências, exposições e Sustentável do Trabalho, Políticas Sociais, análises críticas, participação em Valores Humanos Essenciais e atividades com oficinas práticas. Existenciais, Educação Ambiental,Saúde e alimentação. Organizar e consolidar um coletivo, Realização de encontros de em forma de Associação ou Cooperativa, estudo e formulação de acordos e como ente jurídico representativo e estatutos, levando à organização organizativo do trabalho. da pessoa jurídica. Mapeamento dos espaços urbanos produtores e Organizar atividades produtivas de fornecedores de resíduos e forma a torná-las viáveis e sustentáveis. elaboração de acordos de captação. Entrevistas, conversas, Motivar e contribuir para a orientações, identificação de reconstituição de um ambiente acolhedor, limites e possibilidades para como espaço físico e afetivamente contatos com pessoas do grupo necessário para uma vida saudável. familiar. Contribuir para com a formulação de Assegurar a participação em políticas públicas específica, atuando coletivos, fóruns de entidades, como agentes proponentes de tais Poder Público, espaços que políticas, superando a condição de apenas tratam da formulação, execução e beneficiários. avaliação de políticas públicas. Identificar os saberes relacionados Rodas de Saberes como às experiências de vida, aos anseios espaços privilegiados de pessoais e aos eixos temáticos, tomando- socialização, de diálogo e de os como ponto de partida para construção convivência.Oficinas práticas de de um projeto de vida, tanto na dimensão geração de renda e emprego. pessoal quanto social. 6
  • 7. Durante o horário das oficinas foram preparadas as visitas da Fundação de Assistência Social e Comunitária e dos alunos do Convivências. Não participei das reuniões da Fasc com os moradores de rua,mas o que entendi é que essa aproximação com o Restaurante Popular nasceu da reunião das Coordenadoras do Convivências com o presidente da Fasc no mês de maio. Construimos também o convivências com os moradores de rua e a equipe de assistentes sociais: Tânia e Roque , o Prof.Fuão, e o João nosso acadêmico da enfermagem voluntário. Estavam presentes 6 moradores de rua envolvidos com o projeto. O professor Fuão colocou o objetivo real do convivências e falou claro que não podiam esperar muito dos alunos.Eles iriam aprender com eles, pois entre os moradores a necessidade vigente é a de geração de renda,o concreto. Conversamos sobre alguns problemas que surgiram sobre auto-estima,e sobre as dificuldades para conseguir atestado de bons antecedentes. . Então provoquei algumas discussões.No final após retomarmos o objetivo do Projeto Começar de Novo concluimos os marcos teóricos para o Projeto convivências com os moradores- que o pessoal chamou de PRODUTO do CONVIVENCIAS: 1. Visita ao forum publico -alunos acompanhando moradores para conseguirem o atestado de bons antecedentes; 2. Catalogação dos livros da biblioteca; 3. Existem muitos computadores para serem desmontados.Oficina de eletroeletrônica; 4. Levantamento de saúde e acompanhamento ao PSF moradores de rua que fica no centro para consulta médica se necessário; 5. Iniciar a discussão para geração de renda. Precisamos contatar professores para nos ajudarem nisso.Técnicas de venda,de produção; 6. Ficou ainda em aberto a possibilidade ocupação da área embaixo do viaduto; 7. Oficina de alimentação com elaboração de lanches.Precisamos uns 5 kg de café;copinhos e guardanapos. 7
  • 8. Sai muito satisfeita da reunião,mas sentindo o apelo dos moradores para a geração de renda. Analisando e refletindo sobre essa reunião ,senti o grupo muito sintonizado e evoluiu muito bem na determinação dos conhecimentos e interesses dos moradores para essa atividade que seria o Convivências. Resultados do Convivências Senti as primeiras dificuldades com a assistente social Lizette na preparação do Projeto bem como da Tânia Guimarães.Participei dos encontros teóricos nos primeiros dois dias na Prorext e na tarde de terça-feira só me liberei no final da tarde para buscar o material na PROREXT.O horário tarde deixou no grupo um desconforto entre nós e isso se agravou dia após dia no Convivências.Ás vezes eu tinha a impressão de que estava sendo sufocada por essa pessoa,constantemente me dizendo não. Dentre os resultados do que foi programado conseguimos montar a biblioteca,organizar o grupo da oficina de alimentação,alunos do Saju-Direito da UFRGS encaminharam e atenderam 15 moradores ex-apenados com dificuldades.Fizemos contato com a Faesp e Susepe(levei de carro 4 ex- apenados para as reuniões.).A Faesp tem uma cooperativa social que poderá servir para esse grupo contido no grupo maior que é o Projeto Começar de Novo,reorganização da listagem dos beneficiários pelo Projeto , Organização para reforma do banheiro na área superior dos banheiros .Fizemos contatos com Secretaria de Justiça e Ação Social apresentando o orçamento que foi encaminhado também ao Sr Ricardo no Restaurante Popular,atividades lúdicas e de artesanato,.Oficina do Sabão- gerou o desejo de produzir o produto numa griffe rua. Alguns depoimentos dos acadêmicos que participaram: Olá!!! A experiência com o grupo foi muito gratificante, espero poder rever a todos em algum momento, gostaria de pedir ao Cadinho para me enviar as demais fotos, pois só recebi as do primeiro dia e as do almoço de sábado, se alguém já as tiver e poder me enviar, agradeço. 8
  • 9. Obrigada a todos pela experiência e cooperação!! Bom semestre!! Alexandra Olá pessoal, segue em anexo a lista com os nomes, telefones e e-mails de quem participou e contribui com o Projeto Convivências. Gostaria de dizer que foi um enorme prazer participar de algo tão singular e conviver, durante esses dez dias, com uma pluralidade de opiniões, visões de mundo e biografias. Creio que o enriquecimento que se leva dessa experiência não diz respeito somente a maneira como enxergamos e lidamos com o "outro", mas sim no fato de podermos experenciar o "outro" fora de si mesmo. Um grande abraço a todos e que Deus os abençoe. Att, Edson Conclusão: A construção continua.Quer manter as oficinas de saúde e as avaliações fisicas e de saúde. 9