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Arte 1
                                                         PERÍODO PRÉ-CABRALIANO




      Primeiras manifestações

    As mais antigas manifestações de pinturas rupestres no Brasil encontram-se
na Serra da Capivara (01), no Piauí, datando de mais de 10 mil anos antes de
Cristo. Em Pedra Pintada (02), na Paraíba, foram encontradas pinturas com cerca de
11 mil anos de idade e, em Minas Gerais, chamam atenção os registros de arte
rupestre localizados em várias cavernas do Vale do Peruaçu (03), que se distinguem
por seus raros desenhos de padrões geométricos, executados entre 2.000 e
10.000 anos atrás. São igualmente dignas de menção as pinturas de animais
descobertas em grutas calcárias no Vale do Rio das Velhas (04) ,em Lagoa Santa,
Minas Gerais.



      Materiais utilizados

    Na documentação arqueológica brasileira predominam o uso de materiais
como osso, chifre, pedra e argila, para a confecção de objetos utilitários
(recipientes, agulhas, espátulas, pontas de projétil), adornos (pingentes e contas
de colar) e cerimoniais, atestando uma preocupação estética observável,
sobretudo, na extraordinária variação de formas geométricas e no tratamento das
superfícies e dos retoques.



      Culturas Amazônicas: marajoaras

    A Ilha de Marajó, no Pará, foi habitada por vários povos desde, provavelmente,
1100 a.C. De acordo com os progressos obtidos, esses povos foram divididos em
cinco fases arqueológicas. A fase Marajoara é a quarta na seqüência da ocupação
da ilha, mas é sem dúvida a que apresenta as criações mais interessantes.

   A produção mais característica desses povos foi a cerâmica, cuja modelagem
era tipicamente antropomorfa. Ela pode ser dividida entre vasos de uso doméstico
e vasos cerimoniais e funerários. Os primeiros são mais simples e geralmente não
apresentam a superfície decorada. Já os vasos cerimoniais possuem uma
decoração elaborada, resultante da pintura bicromática ou policromática de
desenhos feitos com incisões na cerâmica e de desenhos em relevo.

    Dentre os outros objetos da cerâmica marajoara, tais como bancos, colheres,
apitos e adornos para orelhas e lábios, as estatuetas de terracota eram
representações femininas e de animais que despertam um interesse especial,
porque levantam a questão da sua finalidade. Ou seja, os estudiosos discutem
ainda se eram objetos de adorno ou se tinham alguma função cerimonial. Essas
estatuetas, que podem ser decoradas ou não, reproduzem as formas humanas de
maneira estilizada, pois não há preocupação com uma imitação fiel da realidade.
Arte 2
                                                           PERÍODO PRÉ-CABRALIANO

    Através de grandes pesquisas, pôde descobrir-se que os índios marajoaras
levantavam suas casas sobre morros artificiais, construídos para proteger as casas de
inundações.        Escavando         esses        morros,       os        arqueólogos
encontraram vasos, vasilhas, urnas, tigelas e outras peças de cerâmica, feitas com
argila cozida da região marginal. Os objetos que mais chamaram a atenção foram
encontrados em sepulturas.
       Os índios de Marajó realizavam objetos utilitários, mas também decorativos.
Entre os vários objetos encontrados pelos pesquisadores encontram-
se vasilhas, potes, urnas                                     funerárias, brinquedos,
estatuetas, vasos, pratos e tangas para cobrir as zonas genitais das jovens,
igualmente feitas de cerâmica. A igaçaba, por exemplo, era uma espécie de pote de
barro ou uma talha grande para a água, que servia para conservar alimentos e outros.
Hoje existem várias cópias das igaçabas de Marajó.
       Todos apresentam uma grande diversidade de formas e padrões de decoração,
sendo um dos mais conhecidos o das urnas globulares que apresentam decoração
pintada e modelada representando figuras antropomorfas. Outros tipos de urnas
combinam pintura, o uso de incisões e excisões e modelados que representam
figuram antropomórficas e zoomórficas. Outros vasos foram decorados com pintura de
motivos geométricos, podendo ser citadas neste caso formas mais simplificadas como,
por exemplo, as tigelas, e outros apresentando formas mais complexas como vasos de
base dupla, urnas funerárias, estatuetas, pratos, tangas e tigelas em pedestais.
A cerâmica marajoara é geralmente caracterizada pelo uso de pintura vermelha ou
preta sobre fundo branco.
Uma das técnicas mais utilizadas para ornamentação desta cerâmica é a do
champlevé ou campo elevado, onde são conseguidos desenhos em relevo por meio
de decalque de desenhos sobre uma superfície alisada e escavando em seguida a
área sem marcação.
Entre os motivos de decoração mais comuns encontrados nesta cerâmica estão
animais da fauna amazônica, como serpentes e macacos, a figura humana e
figuras antropozoomórficas. Tendo em vista o aumento a sua resistência do produto
final eram agregados antiplásticos ou tempero na argila, dentre os quais cinzas de
cascalho e de ossos e concha. Antiplástico ou tempero são termos que se utiliza para
designar os elementos, como por exemplo, cacos, conchas moídas, cascas de árvores
queimadas e piladas, espículas de esponjas, areia, etc. que são acrescentados na
argila para torná-la mais resistente evitando que se quebre durante o processo de
fabricação de um artefato.
Depois de modelada, a peça era pintada, caso o autor o pretendesse, com
vários pigmentos, existindo uma abundância de vermelho em todo o conjunto
encontrado, e somente depois cozidas numafogueira a céu aberto. Após a queima da
cerâmica, esta era envernizada, propiciando à peça um aspecto lustroso. São
conhecidas cerca de 15 técnicas de acabamento das peças, revelando um dos mais
complexos e sofisticados estilos cerâmicos da América Latina pré-colonial.
Os artefatos mais elaborados eram destinados ao uso funerário ou ritual. Os artefatos
encontrados que demonstram uso cotidiano apresentam decoração menos rebuscada.
É dificultado o resgate de peças de cerâmica marajoara pelas inundações periódicas e
até pelos numerosos roubos e saques do material, frequentemente contrabandeado
para território exterior ao brasileiro.
Arte 3
                                                              PERÍODO PRÉ-CABRALIANO

      A fase Marajoara conheceu um lento, MAS constante declínio e, em torno
de 1350, desapareceu, talvez expulsa ou absorvida por outros povos que
chegaram à Ilha de Marajó.


        A cultura tapajônica
    Não existem estudos dividindo em fases culturais os povos que ao longo do tempo
habitaram a região próxima à junção do Rio Tapajós com o Amazonas, como foi feito
em relação aos povos que ocuparam a Ilha de Marajó. Todos os vestígios culturais
encontrados ali foram considerados como realização de um complexo cultural
denominado "cultura Santarém".
    A cerâmica santarena apresenta uma decoração bastante complexa, pois além da
pintura e dos desenhos, as peças apresentam ornamentos em relevo com figuras de
seres humanos ou animais.
Um dos recursos ornamentais da cerâmica santarena que mais chama a atenção é a
presença de cariátides, isto é, figuras humanas que apóiam a parte superior de um
vaso.
       Além de vasos, a cultura Santarém produziu ainda cachimbos, cuja decoração
por vezes já sugere a influência dos primeiros colonizadores europeus, e estatuetas de
formas variadas. Diferentemente das estatuetas marajoaras, as da cultura Santarém
apresentam maior realismo, pois reproduzem mais fielmente os seres humanos ou
animais que representam.
        Considerada umas das mais expressivas e antigas, a Cultura Santarém é um
complexo de culturas como a Marajoara que foram encontrados na área amazônica.
A cerâmica apresenta representações de humanos ou animais em relevo. Outra
característica é o realismo da representação do homem ou do animal.

- Vasos de Cariátides: São pequenos vasos simétricos, em forma de taça, com parte
superior ligada à inferior por três cariátides antropomorfas; nas bordas da parte
superior estão afixadas outras figurações

- Vasos de Gargalo: Apresentam um corpo central - gargalo - e abas, ou asas laterais
constituídas de animais - cabeças de aves ou jacarés, por exemplo, e sobre os quais
estão                   assentados                   outros                  animais.
- Estatuetas: Apresentam grandes variedades de formas antropomorfas ou zoomorfas,
predominando as primeiras e diferentes modos de confecção. Podem ser: ocas,
maciças, ou com partes ocas e partes maciças. Os personagens estão nus e são, na
maioria das vezes, do sexo masculino
       A cerâmica santarena refinadamente decorada com elementos em relevo
perdurou até a chegada dos colonizadores portugueses. Mas, por volta do século XVII,
os povos que a realizavam foram perdendo suas peculiaridades culturais e sua
produção acabou por desaparecer.


        Tradições Brasileiras
   a) Tradição Nordeste (de São Raimundo Nonato/PI até o Valo do Seridó/RN):
      cenas variadas; numerosos animais; figuras humanas de pequeno tamanho;
      apetrechos de caça;
Arte 4
                                                     PERÍODO PRÉ-CABRALIANO

b) Tradição São Francisco (Minas Gerais): os motivos predominantes são
   geométricos; figuras humanas em grandes tamanhos; peixes, répteis e aves;
   decoração assimétrica;
c) Tradição Planalto (parte de Minas de Gerais até o Paraná): poucas figuras
   humanas; muitos animais (veados, peixes, tatus);
d) Tradição Litoral Catarinense (Santa Catarina): numerosas gravuras de acesso
   difícil; figuras geométricas complexas (abrasão);
e) Tradição Sul (do Caemborá até a Pedra Grande/RS): símbolos sexuais;
   pisadas de aves e mamíferos;
f)   Tradição Geométrica (do Nordeste à Santa Catarina): desenhos geométricos
     com variedades conforme região;
Arte 5
                                                  PERÍODO PRÉ-CABRALIANO




Da esquerda para direita e de cima para baixo, respectivamente: pinturas
rupestres da Serra da Capivara/PI, da Pedra Pintada/PB, do Vale do
Peruaçu/MG e do Rio das Velhas/MG e cerâmicas marajoaras e santarenas;

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trabalho wanda rocha ditadura
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A arte pré-cabraliana no Brasil

  • 1. Arte 1 PERÍODO PRÉ-CABRALIANO Primeiras manifestações As mais antigas manifestações de pinturas rupestres no Brasil encontram-se na Serra da Capivara (01), no Piauí, datando de mais de 10 mil anos antes de Cristo. Em Pedra Pintada (02), na Paraíba, foram encontradas pinturas com cerca de 11 mil anos de idade e, em Minas Gerais, chamam atenção os registros de arte rupestre localizados em várias cavernas do Vale do Peruaçu (03), que se distinguem por seus raros desenhos de padrões geométricos, executados entre 2.000 e 10.000 anos atrás. São igualmente dignas de menção as pinturas de animais descobertas em grutas calcárias no Vale do Rio das Velhas (04) ,em Lagoa Santa, Minas Gerais. Materiais utilizados Na documentação arqueológica brasileira predominam o uso de materiais como osso, chifre, pedra e argila, para a confecção de objetos utilitários (recipientes, agulhas, espátulas, pontas de projétil), adornos (pingentes e contas de colar) e cerimoniais, atestando uma preocupação estética observável, sobretudo, na extraordinária variação de formas geométricas e no tratamento das superfícies e dos retoques. Culturas Amazônicas: marajoaras A Ilha de Marajó, no Pará, foi habitada por vários povos desde, provavelmente, 1100 a.C. De acordo com os progressos obtidos, esses povos foram divididos em cinco fases arqueológicas. A fase Marajoara é a quarta na seqüência da ocupação da ilha, mas é sem dúvida a que apresenta as criações mais interessantes. A produção mais característica desses povos foi a cerâmica, cuja modelagem era tipicamente antropomorfa. Ela pode ser dividida entre vasos de uso doméstico e vasos cerimoniais e funerários. Os primeiros são mais simples e geralmente não apresentam a superfície decorada. Já os vasos cerimoniais possuem uma decoração elaborada, resultante da pintura bicromática ou policromática de desenhos feitos com incisões na cerâmica e de desenhos em relevo. Dentre os outros objetos da cerâmica marajoara, tais como bancos, colheres, apitos e adornos para orelhas e lábios, as estatuetas de terracota eram representações femininas e de animais que despertam um interesse especial, porque levantam a questão da sua finalidade. Ou seja, os estudiosos discutem ainda se eram objetos de adorno ou se tinham alguma função cerimonial. Essas estatuetas, que podem ser decoradas ou não, reproduzem as formas humanas de maneira estilizada, pois não há preocupação com uma imitação fiel da realidade.
  • 2. Arte 2 PERÍODO PRÉ-CABRALIANO Através de grandes pesquisas, pôde descobrir-se que os índios marajoaras levantavam suas casas sobre morros artificiais, construídos para proteger as casas de inundações. Escavando esses morros, os arqueólogos encontraram vasos, vasilhas, urnas, tigelas e outras peças de cerâmica, feitas com argila cozida da região marginal. Os objetos que mais chamaram a atenção foram encontrados em sepulturas. Os índios de Marajó realizavam objetos utilitários, mas também decorativos. Entre os vários objetos encontrados pelos pesquisadores encontram- se vasilhas, potes, urnas funerárias, brinquedos, estatuetas, vasos, pratos e tangas para cobrir as zonas genitais das jovens, igualmente feitas de cerâmica. A igaçaba, por exemplo, era uma espécie de pote de barro ou uma talha grande para a água, que servia para conservar alimentos e outros. Hoje existem várias cópias das igaçabas de Marajó. Todos apresentam uma grande diversidade de formas e padrões de decoração, sendo um dos mais conhecidos o das urnas globulares que apresentam decoração pintada e modelada representando figuras antropomorfas. Outros tipos de urnas combinam pintura, o uso de incisões e excisões e modelados que representam figuram antropomórficas e zoomórficas. Outros vasos foram decorados com pintura de motivos geométricos, podendo ser citadas neste caso formas mais simplificadas como, por exemplo, as tigelas, e outros apresentando formas mais complexas como vasos de base dupla, urnas funerárias, estatuetas, pratos, tangas e tigelas em pedestais. A cerâmica marajoara é geralmente caracterizada pelo uso de pintura vermelha ou preta sobre fundo branco. Uma das técnicas mais utilizadas para ornamentação desta cerâmica é a do champlevé ou campo elevado, onde são conseguidos desenhos em relevo por meio de decalque de desenhos sobre uma superfície alisada e escavando em seguida a área sem marcação. Entre os motivos de decoração mais comuns encontrados nesta cerâmica estão animais da fauna amazônica, como serpentes e macacos, a figura humana e figuras antropozoomórficas. Tendo em vista o aumento a sua resistência do produto final eram agregados antiplásticos ou tempero na argila, dentre os quais cinzas de cascalho e de ossos e concha. Antiplástico ou tempero são termos que se utiliza para designar os elementos, como por exemplo, cacos, conchas moídas, cascas de árvores queimadas e piladas, espículas de esponjas, areia, etc. que são acrescentados na argila para torná-la mais resistente evitando que se quebre durante o processo de fabricação de um artefato. Depois de modelada, a peça era pintada, caso o autor o pretendesse, com vários pigmentos, existindo uma abundância de vermelho em todo o conjunto encontrado, e somente depois cozidas numafogueira a céu aberto. Após a queima da cerâmica, esta era envernizada, propiciando à peça um aspecto lustroso. São conhecidas cerca de 15 técnicas de acabamento das peças, revelando um dos mais complexos e sofisticados estilos cerâmicos da América Latina pré-colonial. Os artefatos mais elaborados eram destinados ao uso funerário ou ritual. Os artefatos encontrados que demonstram uso cotidiano apresentam decoração menos rebuscada. É dificultado o resgate de peças de cerâmica marajoara pelas inundações periódicas e até pelos numerosos roubos e saques do material, frequentemente contrabandeado para território exterior ao brasileiro.
  • 3. Arte 3 PERÍODO PRÉ-CABRALIANO A fase Marajoara conheceu um lento, MAS constante declínio e, em torno de 1350, desapareceu, talvez expulsa ou absorvida por outros povos que chegaram à Ilha de Marajó. A cultura tapajônica Não existem estudos dividindo em fases culturais os povos que ao longo do tempo habitaram a região próxima à junção do Rio Tapajós com o Amazonas, como foi feito em relação aos povos que ocuparam a Ilha de Marajó. Todos os vestígios culturais encontrados ali foram considerados como realização de um complexo cultural denominado "cultura Santarém". A cerâmica santarena apresenta uma decoração bastante complexa, pois além da pintura e dos desenhos, as peças apresentam ornamentos em relevo com figuras de seres humanos ou animais. Um dos recursos ornamentais da cerâmica santarena que mais chama a atenção é a presença de cariátides, isto é, figuras humanas que apóiam a parte superior de um vaso. Além de vasos, a cultura Santarém produziu ainda cachimbos, cuja decoração por vezes já sugere a influência dos primeiros colonizadores europeus, e estatuetas de formas variadas. Diferentemente das estatuetas marajoaras, as da cultura Santarém apresentam maior realismo, pois reproduzem mais fielmente os seres humanos ou animais que representam. Considerada umas das mais expressivas e antigas, a Cultura Santarém é um complexo de culturas como a Marajoara que foram encontrados na área amazônica. A cerâmica apresenta representações de humanos ou animais em relevo. Outra característica é o realismo da representação do homem ou do animal. - Vasos de Cariátides: São pequenos vasos simétricos, em forma de taça, com parte superior ligada à inferior por três cariátides antropomorfas; nas bordas da parte superior estão afixadas outras figurações - Vasos de Gargalo: Apresentam um corpo central - gargalo - e abas, ou asas laterais constituídas de animais - cabeças de aves ou jacarés, por exemplo, e sobre os quais estão assentados outros animais. - Estatuetas: Apresentam grandes variedades de formas antropomorfas ou zoomorfas, predominando as primeiras e diferentes modos de confecção. Podem ser: ocas, maciças, ou com partes ocas e partes maciças. Os personagens estão nus e são, na maioria das vezes, do sexo masculino A cerâmica santarena refinadamente decorada com elementos em relevo perdurou até a chegada dos colonizadores portugueses. Mas, por volta do século XVII, os povos que a realizavam foram perdendo suas peculiaridades culturais e sua produção acabou por desaparecer. Tradições Brasileiras a) Tradição Nordeste (de São Raimundo Nonato/PI até o Valo do Seridó/RN): cenas variadas; numerosos animais; figuras humanas de pequeno tamanho; apetrechos de caça;
  • 4. Arte 4 PERÍODO PRÉ-CABRALIANO b) Tradição São Francisco (Minas Gerais): os motivos predominantes são geométricos; figuras humanas em grandes tamanhos; peixes, répteis e aves; decoração assimétrica; c) Tradição Planalto (parte de Minas de Gerais até o Paraná): poucas figuras humanas; muitos animais (veados, peixes, tatus); d) Tradição Litoral Catarinense (Santa Catarina): numerosas gravuras de acesso difícil; figuras geométricas complexas (abrasão); e) Tradição Sul (do Caemborá até a Pedra Grande/RS): símbolos sexuais; pisadas de aves e mamíferos; f) Tradição Geométrica (do Nordeste à Santa Catarina): desenhos geométricos com variedades conforme região;
  • 5. Arte 5 PERÍODO PRÉ-CABRALIANO Da esquerda para direita e de cima para baixo, respectivamente: pinturas rupestres da Serra da Capivara/PI, da Pedra Pintada/PB, do Vale do Peruaçu/MG e do Rio das Velhas/MG e cerâmicas marajoaras e santarenas;