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Cap´ıtulo 10
As leis de Kepler
A Teoria Heliocˆentrica conseguiu dar explica¸c˜oes mais simples e naturais
para os fenˆomenos observados (por exemplo, o movimento retr´ogrado dos
planetas), por´em Cop´ernico n˜ao conseguiu prever as posi¸c˜oes dos planetas
de forma precisa, nem conseguiu provar que a Terra estava em movimento.
10.1 Tycho
Trˆes anos ap´os a morte de Cop´ernico, nasceu o dinamarquˆes Tycho Brahe
(1546-1601), o ´ultimo grande astrˆonomo observacional antes da inven¸c˜ao
do telesc´opio. Usando instrumentos fabricados por ele mesmo, Tycho fez
extensas observa¸c˜oes das posi¸c˜oes de planetas e estrelas, com uma precis˜ao
em muitos casos melhor do que 1 minuto de arco (1/30 do diˆametro do Sol).
O excelente trabalho de Tycho como observador lhe propiciou o pa-
troc´ınio do rei da Dinamarca, Frederic II (1534-1588), e assim Tycho pˆode
construir seu pr´oprio observat´orio, na ilha b´altica de Hveen. Ap´os a morte
do rei, entretanto, seu sucessor se desentendeu com Tycho e retirou seus pri-
vil´egios. Assim, em 1597, Tycho, for¸cado a deixar a Dinamarca, foi trabalhar
como astrˆonomo da corte para o imperador da Boˆemia, em Praga.
Tycho Brahe n˜ao acreditava na hip´otese heliocˆentrica de Cop´ernico, mas
foram suas observa¸c˜oes dos planetas que levaram `as leis de Kepler do movi-
mento planet´ario.
Em 1600 (um ano antes de sua morte), Tycho contratou para ajud´a-lo
na an´alise dos dados sobre os planetas, colhidos durante 20 anos, um jovem
e h´abil matem´atico alem˜ao chamado Johannes Kepler.
73
10.2 Kepler
Johannes Kepler (1571-1630) estudou inicialmente para seguir carreira teol´o-
gica. Na Universidade, leu sobre os princ´ıpios de Cop´ernico e logo se tornou
um entusi´astico defensor do heliocentrismo. Em 1594, conseguiu um posto
de professor de matem´atica e astronomia em uma escola secund´aria em Graz,
na ´Austria, mas, poucos anos depois, por press˜oes da Igreja Cat´olica com
a Contra-Reforma, Kepler, que era protestante, foi expulso da cidade, e foi,
ent˜ao, para Praga trabalhar com Tycho Brahe.
Quando Tycho morreu, Kepler “herdou” seu posto e seus dados, a cujo
estudo se dedicou pelos vinte anos seguintes.
O planeta para o qual havia o maior n´umero de dados era Marte. Ke-
pler conseguiu determinar as diferentes posi¸c˜oes da Terra ap´os cada per´ıodo
sideral de Marte e, assim, conseguiu tra¸car a ´orbita da Terra. Verificou que
essa ´orbita era muito bem ajustada por um c´ırculo excˆentrico, isto ´e, com o
Sol um pouco afastado do centro.
Kepler conseguiu tamb´em determinar a ´orbita de Marte, mas, ao tentar
ajust´a-la com um c´ırculo, n˜ao teve sucesso. Ele continuou insistindo nessa
tentativa por v´arios anos e, em certo ponto, encontrou uma ´orbita circular
que concordava com as observa¸c˜oes com um erro de 8 minutos de arco.
Mas sabendo que as observa¸c˜oes de Tycho n˜ao poderiam ter um erro desse
tamanho (apesar disso significar um erro de apenas 1/4 do tamanho do Sol),
Kepler, com a integridade que lhe era peculiar, descartou essa possibilidade.
Finalmente, passou `a tentativa de representar a ´orbita de Marte com
uma oval, e rapidamente descobriu que uma elipse ajustava muito bem os
dados. A posi¸c˜ao do Sol coincidia com um dos focos da elipse. Ficou assim
explicada tamb´em a trajet´oria quase circular da Terra, com o Sol afastado
do centro.
10.2.1 Propriedades das elipses
• Em qualquer ponto da curva, a soma das distˆancias desse ponto aos
dois focos ´e constante. Sendo F e F os focos, P um ponto sobre a
elipse, e a o seu semi-eixo maior, ent˜ao:
FP + F P = constante = 2a
74
y
x
a
F F´
c = ae
aa
b
• Quanto maior a distˆancia entre os dois focos, maior ´e a excentricidade
(e) da elipse. Sendo c a distˆancia do centro a cada foco, a o semi-eixo
maior, e b o semi-eixo menor, a excentricidade ´e definida por;
e =
c
a
=
a2 − b2
a2
j´a que quando o ponto est´a exatamente sobre b temos um triˆangulo
retˆangulo, com a2 = b2 + c2.
• Se imaginamos que um dos focos da ´orbita do planeta ´e ocupado pelo
Sol, o ponto da ´orbita mais pr´oximo do Sol ´e chamado peri´elio, e o
ponto mais distante ´e chamado af´elio. A distˆancia do peri´elio ao foco
(Rp) ´e:
Rp = a − c = a − a · e = a(1 − e)
e a distˆancia do af´elio ao foco (Ra) ´e:
Ra = a + c = a + a · e = a(1 + e)
• Equa¸c˜ao da elipse em coordenadas polares
Uma elipse ´e por defini¸c˜ao um conjunto de pontos eq¨uidistantes de
dois focos separados por 2ae, onde a ´e o semi-eixo maior e e a excen-
tricidade.
75
1
θ
y
x
2a
c 2b
P(x,y)
r r
ae
F F´
Seja um ponto P(r,θ) ou P(x,y) sobre a elipse, onde θ ´e chamado de
anomalia verdadeira.
Pela lei dos cossenos:
r2
1 = r2
+ (2ae)2
+ 2r (2ae) cos θ.
Por defini¸c˜ao de elipse,
r + r1 ≡ 2a,
ou seja:
r1 = 2a − r,
(2a − r)2
= r2
+ 4a2
e2
+ 4rae cos θ,
4a2
+ r2
− 4ar = r2
+ 4a2
e2
+ 4rae cos θ,
a2
(1 − e2
) = ar(1 + e cos θ),
e finalmente:
r =
a(1 − e2)
(1 + e cos θ)
.
• ´Area da elipse
Em coordenadas cartesianas:
r2
1 = (x + ae)2
+ y2
. (a)
r2
= (x − ae)2
+ y2
, (b)
76
Subtraindo-se (a) - (b) e usando r = 2a − r1, temos:
r1 = a + ex. (c)
Levando-se em conta que o semi-eixo menor ´e dado por b2 = a2(1 −
e2), o que pode ser facilmente derivado pelo teorema de Pit´agoras
colocando-se o ponto P(r,θ) em θ = 90o, e substituindo-se (c) em (a),
temos a equa¸c˜ao de uma elipse em coordenadas cartesianas:
x
a
2
+
y
b
2
= 1,
ou
x = a 1 −
y
b
2
.
A ´area da elipse ´e dada por:
A = 4
b
0
dy
x
o
dx.
A = 4
b
0
a 1 −
y
b
2
dy,
Substituindo-se y = b senz, e dy = b cos z dz,
A = 4ab
π/2
0
1 − (senz)2 cos z dz
e, como sen2z + cos2 z = 1, logo 1 − sen2z = cos2 z, resulta:
A = 4ab
π/2
0
cos2
z dz.
Como
π/2
0
cos2
z dz = π/4,
A = πab.
77
10.2.2 As trˆes leis
1. Lei das ´orbitas el´ıpticas (1609): a ´orbita de cada planeta ´e uma elipse,
com o Sol em um dos focos. Como conseq¨uˆencia da ´orbita ser el´ıptica,
a distˆancia do Sol ao planeta varia ao longo de sua ´orbita.
2. Lei da ´areas (1609): a reta unindo o planeta ao Sol varre ´areas iguais
em tempos iguais. O significado f´ısico dessa lei ´e que a velocidade orbi-
tal n˜ao ´e uniforme, mas varia de forma regular: quanto mais distante
o planeta est´a do Sol, mais devagar ele se move. Dizendo de outra
maneira, essa lei estabelece que a velocidade areal ´e constante.
3. Lei harmˆonica (1618): o quadrado do per´ıodo orbital dos planetas
´e diretamente proporcional ao cubo de sua distˆancia m´edia ao Sol.
Essa lei estabelece que planetas com ´orbitas maiores se movem mais
lentamente em torno do Sol e, portanto, isso implica que a for¸ca entre
o Sol e o planeta decresce com a distˆancia ao Sol.
Sendo P o per´ıodo sideral do planeta, a o semi-eixo maior da ´orbita,
que ´e igual `a distˆancia m´edia do planeta ao Sol, e K uma constante,
podemos expressar a 3a lei como:
P2
= Ka3
Se medimos P em anos (o per´ıodo sideral da Terra), e a em unidades
astronˆomicas (a distˆancia m´edia da Terra ao Sol), ent˜ao K = 1, e
podemos escrever a 3a lei como:
P2
= a3
A tabela a seguir mostra como fica a 3a Lei de Kepler para os planetas
vis´ıveis a olho nu.
Semi-eixo Per´ıodo
Planeta Maior (UA) (anos) a3 P2
Merc´urio 0,387 0,241 0,058 0,058
Vˆenus 0,723 0,615 0,378 0,378
Terra 1,000 1,000 1,000 1,000
Marte 1,524 1,881 3,537 3,537
J´upiter 5,203 11,862 140,8 140,7
Saturno 9,534 29,456 867,9 867,7
78
Figura 10.1: Embora as ´orbitas dos planetas sejam elipses, as elipticidades
s˜ao t˜ao pequenas que elas se parecem com c´ırculos. Nesta figura mostramos
a elipse que descreve a ´orbita da Terra em torno do Sol, na forma correta.
A posi¸c˜ao do Sol, no foco, est´a marcada por um pequeno c´ırculo.
10.3 Galileo
Uma grande contribui¸c˜ao ao Modelo Heliocˆentrico foi dado pelo italiano Ga-
lileo Galilei (1564 - 1642). Galileo foi o pai da moderna f´ısica experimental
e da astronomia telesc´opica. Seus experimentos em mecˆanica estabeleceram
os conceitos de in´ercia e de que a acelera¸c˜ao de corpos em queda livre n˜ao de-
pende de seu peso, que foram mais tarde incorporados `as leis do movimento
de Newton.
Galileo come¸cou suas observa¸c˜oes telesc´opicas em 1610, usando um te-
lesc´opio constru´ıdo por ele mesmo. No entanto, n˜ao cabe a Galileo o cr´edito
da inven¸c˜ao do telesc´opio, pois o primeiro telesc´opio foi patenteado pelo
79
holandˆes Hans Lippershey, em 1609. Galileo soube dessa descoberta em
1609, e, sem ter visto o telesc´opio de Lippershey, construiu o seu pr´oprio,
com aumento de 3 vezes. Em seguida, ele construiu outros instrumentos, e
o melhor tinha aumento de 30 vezes. Galileo, apontando o telesc´opio para
o c´eu, fez v´arias descobertas importantes, como:
• descobriu que a Via L´actea era constitu´ıda por uma infinidade de
estrelas;
• descobriu que J´upiter tinha quatro sat´elites, ou luas, orbitando em
torno dele, com per´ıodo entre 2 e 17 dias. Esses sat´elites s˜ao chamados
“galileanos”, e s˜ao: Io, Europa, Ganimedes e Calisto1. Desde ent˜ao,
mais 35 sat´elites foram descobertos em J´upiter.
Essa descoberta de Galileo foi particularmente importante porque
mostrou que podia haver centros de movimento que, por sua vez, tam-
b´em estavam em movimento e, portanto, o fato da Lua girar em torno
da Terra n˜ao implicava que a Terra estivesse parada;
• descobriu que Vˆenus passa por um ciclo de fases, assim como a Lua.
Heliocentrico^
Sol
Venus
Terra
Geocentrico^
Venus
Sol
Terra
Figura 10.2: Fases de Vˆenus.
Essa descoberta tamb´em foi fundamental porque, no sistema ptole-
maico, Vˆenus est´a sempre mais pr´oximo da Terra do que o Sol, e como
Vˆenus est´a sempre pr´oximo do Sol, ele nunca poderia ter toda sua
face iluminada voltada para n´os e, portanto, deveria sempre aparecer
1
O astrˆonomo alem˜ao Simon Marius (Mayr) (1573-1624) afirma ter descoberto os
sat´elites algumas semanas antes de Galileo, mas Galileo, descobrindo-os independente-
mente em 7 e 13 de janeiro de 1610, publicou primeiro, no seu Siderius Nuncius, em mar¸co
de 1610. Os nomes dos sat´elites foram dados por Marius em 1614, seguindo sugest˜ao, da
mitologia, de Johannes Kepler.
80
como nova ou crescente. Ao ver que Vˆenus muitas vezes aparece em
fase quase totalmente cheia, Galileo concluiu que ele viaja ao redor do
Sol, passando `as vezes pela frente dele e outras vezes por tr´as dele, e
n˜ao revolve em torno da Terra;
• descobriu a superf´ıcie em relevo da Lua, e as manchas do Sol. Ao ver
que a Lua tem cavidades e eleva¸c˜oes assim como a Terra, e que o Sol
tamb´em n˜ao tem a superf´ıcie lisa, mas apresenta marcas, provou que os
corpos celestes n˜ao s˜ao esferas perfeitas, mas sim tˆem irregularidades,
assim como a Terra. Portanto a Terra n˜ao ´e diferente dos outros
corpos, e pode ser tamb´em um corpo celeste.
As descobertas de Galileo proporcionaram grande quantidade de evidˆen-
cias em suporte ao sistema heliocˆentrico. Por causa disso, ele foi chamado
a depor ante a Inquisi¸c˜ao Romana, sob acusa¸c˜ao de heresia, e obrigado a
se retratar. Somente em setembro de 1822, o Santo Of´ıcio decidiu retirar
as suas obras, assim como as de Cop´ernico e de Kepler, do ´Indice de Livros
Proibidos. Galileo foi redimido em 1992, quando a comiss˜ao constitu´ıda pelo
Papa Jo˜ao Paulo II [Karol Joseph Wojtyla (1920-2005)] reconheceu o erro
do Vaticano.
81

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As leis de Kepler e as descobertas de Galileo

  • 1. Cap´ıtulo 10 As leis de Kepler A Teoria Heliocˆentrica conseguiu dar explica¸c˜oes mais simples e naturais para os fenˆomenos observados (por exemplo, o movimento retr´ogrado dos planetas), por´em Cop´ernico n˜ao conseguiu prever as posi¸c˜oes dos planetas de forma precisa, nem conseguiu provar que a Terra estava em movimento. 10.1 Tycho Trˆes anos ap´os a morte de Cop´ernico, nasceu o dinamarquˆes Tycho Brahe (1546-1601), o ´ultimo grande astrˆonomo observacional antes da inven¸c˜ao do telesc´opio. Usando instrumentos fabricados por ele mesmo, Tycho fez extensas observa¸c˜oes das posi¸c˜oes de planetas e estrelas, com uma precis˜ao em muitos casos melhor do que 1 minuto de arco (1/30 do diˆametro do Sol). O excelente trabalho de Tycho como observador lhe propiciou o pa- troc´ınio do rei da Dinamarca, Frederic II (1534-1588), e assim Tycho pˆode construir seu pr´oprio observat´orio, na ilha b´altica de Hveen. Ap´os a morte do rei, entretanto, seu sucessor se desentendeu com Tycho e retirou seus pri- vil´egios. Assim, em 1597, Tycho, for¸cado a deixar a Dinamarca, foi trabalhar como astrˆonomo da corte para o imperador da Boˆemia, em Praga. Tycho Brahe n˜ao acreditava na hip´otese heliocˆentrica de Cop´ernico, mas foram suas observa¸c˜oes dos planetas que levaram `as leis de Kepler do movi- mento planet´ario. Em 1600 (um ano antes de sua morte), Tycho contratou para ajud´a-lo na an´alise dos dados sobre os planetas, colhidos durante 20 anos, um jovem e h´abil matem´atico alem˜ao chamado Johannes Kepler. 73
  • 2. 10.2 Kepler Johannes Kepler (1571-1630) estudou inicialmente para seguir carreira teol´o- gica. Na Universidade, leu sobre os princ´ıpios de Cop´ernico e logo se tornou um entusi´astico defensor do heliocentrismo. Em 1594, conseguiu um posto de professor de matem´atica e astronomia em uma escola secund´aria em Graz, na ´Austria, mas, poucos anos depois, por press˜oes da Igreja Cat´olica com a Contra-Reforma, Kepler, que era protestante, foi expulso da cidade, e foi, ent˜ao, para Praga trabalhar com Tycho Brahe. Quando Tycho morreu, Kepler “herdou” seu posto e seus dados, a cujo estudo se dedicou pelos vinte anos seguintes. O planeta para o qual havia o maior n´umero de dados era Marte. Ke- pler conseguiu determinar as diferentes posi¸c˜oes da Terra ap´os cada per´ıodo sideral de Marte e, assim, conseguiu tra¸car a ´orbita da Terra. Verificou que essa ´orbita era muito bem ajustada por um c´ırculo excˆentrico, isto ´e, com o Sol um pouco afastado do centro. Kepler conseguiu tamb´em determinar a ´orbita de Marte, mas, ao tentar ajust´a-la com um c´ırculo, n˜ao teve sucesso. Ele continuou insistindo nessa tentativa por v´arios anos e, em certo ponto, encontrou uma ´orbita circular que concordava com as observa¸c˜oes com um erro de 8 minutos de arco. Mas sabendo que as observa¸c˜oes de Tycho n˜ao poderiam ter um erro desse tamanho (apesar disso significar um erro de apenas 1/4 do tamanho do Sol), Kepler, com a integridade que lhe era peculiar, descartou essa possibilidade. Finalmente, passou `a tentativa de representar a ´orbita de Marte com uma oval, e rapidamente descobriu que uma elipse ajustava muito bem os dados. A posi¸c˜ao do Sol coincidia com um dos focos da elipse. Ficou assim explicada tamb´em a trajet´oria quase circular da Terra, com o Sol afastado do centro. 10.2.1 Propriedades das elipses • Em qualquer ponto da curva, a soma das distˆancias desse ponto aos dois focos ´e constante. Sendo F e F os focos, P um ponto sobre a elipse, e a o seu semi-eixo maior, ent˜ao: FP + F P = constante = 2a 74
  • 3. y x a F F´ c = ae aa b • Quanto maior a distˆancia entre os dois focos, maior ´e a excentricidade (e) da elipse. Sendo c a distˆancia do centro a cada foco, a o semi-eixo maior, e b o semi-eixo menor, a excentricidade ´e definida por; e = c a = a2 − b2 a2 j´a que quando o ponto est´a exatamente sobre b temos um triˆangulo retˆangulo, com a2 = b2 + c2. • Se imaginamos que um dos focos da ´orbita do planeta ´e ocupado pelo Sol, o ponto da ´orbita mais pr´oximo do Sol ´e chamado peri´elio, e o ponto mais distante ´e chamado af´elio. A distˆancia do peri´elio ao foco (Rp) ´e: Rp = a − c = a − a · e = a(1 − e) e a distˆancia do af´elio ao foco (Ra) ´e: Ra = a + c = a + a · e = a(1 + e) • Equa¸c˜ao da elipse em coordenadas polares Uma elipse ´e por defini¸c˜ao um conjunto de pontos eq¨uidistantes de dois focos separados por 2ae, onde a ´e o semi-eixo maior e e a excen- tricidade. 75
  • 4. 1 θ y x 2a c 2b P(x,y) r r ae F F´ Seja um ponto P(r,θ) ou P(x,y) sobre a elipse, onde θ ´e chamado de anomalia verdadeira. Pela lei dos cossenos: r2 1 = r2 + (2ae)2 + 2r (2ae) cos θ. Por defini¸c˜ao de elipse, r + r1 ≡ 2a, ou seja: r1 = 2a − r, (2a − r)2 = r2 + 4a2 e2 + 4rae cos θ, 4a2 + r2 − 4ar = r2 + 4a2 e2 + 4rae cos θ, a2 (1 − e2 ) = ar(1 + e cos θ), e finalmente: r = a(1 − e2) (1 + e cos θ) . • ´Area da elipse Em coordenadas cartesianas: r2 1 = (x + ae)2 + y2 . (a) r2 = (x − ae)2 + y2 , (b) 76
  • 5. Subtraindo-se (a) - (b) e usando r = 2a − r1, temos: r1 = a + ex. (c) Levando-se em conta que o semi-eixo menor ´e dado por b2 = a2(1 − e2), o que pode ser facilmente derivado pelo teorema de Pit´agoras colocando-se o ponto P(r,θ) em θ = 90o, e substituindo-se (c) em (a), temos a equa¸c˜ao de uma elipse em coordenadas cartesianas: x a 2 + y b 2 = 1, ou x = a 1 − y b 2 . A ´area da elipse ´e dada por: A = 4 b 0 dy x o dx. A = 4 b 0 a 1 − y b 2 dy, Substituindo-se y = b senz, e dy = b cos z dz, A = 4ab π/2 0 1 − (senz)2 cos z dz e, como sen2z + cos2 z = 1, logo 1 − sen2z = cos2 z, resulta: A = 4ab π/2 0 cos2 z dz. Como π/2 0 cos2 z dz = π/4, A = πab. 77
  • 6. 10.2.2 As trˆes leis 1. Lei das ´orbitas el´ıpticas (1609): a ´orbita de cada planeta ´e uma elipse, com o Sol em um dos focos. Como conseq¨uˆencia da ´orbita ser el´ıptica, a distˆancia do Sol ao planeta varia ao longo de sua ´orbita. 2. Lei da ´areas (1609): a reta unindo o planeta ao Sol varre ´areas iguais em tempos iguais. O significado f´ısico dessa lei ´e que a velocidade orbi- tal n˜ao ´e uniforme, mas varia de forma regular: quanto mais distante o planeta est´a do Sol, mais devagar ele se move. Dizendo de outra maneira, essa lei estabelece que a velocidade areal ´e constante. 3. Lei harmˆonica (1618): o quadrado do per´ıodo orbital dos planetas ´e diretamente proporcional ao cubo de sua distˆancia m´edia ao Sol. Essa lei estabelece que planetas com ´orbitas maiores se movem mais lentamente em torno do Sol e, portanto, isso implica que a for¸ca entre o Sol e o planeta decresce com a distˆancia ao Sol. Sendo P o per´ıodo sideral do planeta, a o semi-eixo maior da ´orbita, que ´e igual `a distˆancia m´edia do planeta ao Sol, e K uma constante, podemos expressar a 3a lei como: P2 = Ka3 Se medimos P em anos (o per´ıodo sideral da Terra), e a em unidades astronˆomicas (a distˆancia m´edia da Terra ao Sol), ent˜ao K = 1, e podemos escrever a 3a lei como: P2 = a3 A tabela a seguir mostra como fica a 3a Lei de Kepler para os planetas vis´ıveis a olho nu. Semi-eixo Per´ıodo Planeta Maior (UA) (anos) a3 P2 Merc´urio 0,387 0,241 0,058 0,058 Vˆenus 0,723 0,615 0,378 0,378 Terra 1,000 1,000 1,000 1,000 Marte 1,524 1,881 3,537 3,537 J´upiter 5,203 11,862 140,8 140,7 Saturno 9,534 29,456 867,9 867,7 78
  • 7. Figura 10.1: Embora as ´orbitas dos planetas sejam elipses, as elipticidades s˜ao t˜ao pequenas que elas se parecem com c´ırculos. Nesta figura mostramos a elipse que descreve a ´orbita da Terra em torno do Sol, na forma correta. A posi¸c˜ao do Sol, no foco, est´a marcada por um pequeno c´ırculo. 10.3 Galileo Uma grande contribui¸c˜ao ao Modelo Heliocˆentrico foi dado pelo italiano Ga- lileo Galilei (1564 - 1642). Galileo foi o pai da moderna f´ısica experimental e da astronomia telesc´opica. Seus experimentos em mecˆanica estabeleceram os conceitos de in´ercia e de que a acelera¸c˜ao de corpos em queda livre n˜ao de- pende de seu peso, que foram mais tarde incorporados `as leis do movimento de Newton. Galileo come¸cou suas observa¸c˜oes telesc´opicas em 1610, usando um te- lesc´opio constru´ıdo por ele mesmo. No entanto, n˜ao cabe a Galileo o cr´edito da inven¸c˜ao do telesc´opio, pois o primeiro telesc´opio foi patenteado pelo 79
  • 8. holandˆes Hans Lippershey, em 1609. Galileo soube dessa descoberta em 1609, e, sem ter visto o telesc´opio de Lippershey, construiu o seu pr´oprio, com aumento de 3 vezes. Em seguida, ele construiu outros instrumentos, e o melhor tinha aumento de 30 vezes. Galileo, apontando o telesc´opio para o c´eu, fez v´arias descobertas importantes, como: • descobriu que a Via L´actea era constitu´ıda por uma infinidade de estrelas; • descobriu que J´upiter tinha quatro sat´elites, ou luas, orbitando em torno dele, com per´ıodo entre 2 e 17 dias. Esses sat´elites s˜ao chamados “galileanos”, e s˜ao: Io, Europa, Ganimedes e Calisto1. Desde ent˜ao, mais 35 sat´elites foram descobertos em J´upiter. Essa descoberta de Galileo foi particularmente importante porque mostrou que podia haver centros de movimento que, por sua vez, tam- b´em estavam em movimento e, portanto, o fato da Lua girar em torno da Terra n˜ao implicava que a Terra estivesse parada; • descobriu que Vˆenus passa por um ciclo de fases, assim como a Lua. Heliocentrico^ Sol Venus Terra Geocentrico^ Venus Sol Terra Figura 10.2: Fases de Vˆenus. Essa descoberta tamb´em foi fundamental porque, no sistema ptole- maico, Vˆenus est´a sempre mais pr´oximo da Terra do que o Sol, e como Vˆenus est´a sempre pr´oximo do Sol, ele nunca poderia ter toda sua face iluminada voltada para n´os e, portanto, deveria sempre aparecer 1 O astrˆonomo alem˜ao Simon Marius (Mayr) (1573-1624) afirma ter descoberto os sat´elites algumas semanas antes de Galileo, mas Galileo, descobrindo-os independente- mente em 7 e 13 de janeiro de 1610, publicou primeiro, no seu Siderius Nuncius, em mar¸co de 1610. Os nomes dos sat´elites foram dados por Marius em 1614, seguindo sugest˜ao, da mitologia, de Johannes Kepler. 80
  • 9. como nova ou crescente. Ao ver que Vˆenus muitas vezes aparece em fase quase totalmente cheia, Galileo concluiu que ele viaja ao redor do Sol, passando `as vezes pela frente dele e outras vezes por tr´as dele, e n˜ao revolve em torno da Terra; • descobriu a superf´ıcie em relevo da Lua, e as manchas do Sol. Ao ver que a Lua tem cavidades e eleva¸c˜oes assim como a Terra, e que o Sol tamb´em n˜ao tem a superf´ıcie lisa, mas apresenta marcas, provou que os corpos celestes n˜ao s˜ao esferas perfeitas, mas sim tˆem irregularidades, assim como a Terra. Portanto a Terra n˜ao ´e diferente dos outros corpos, e pode ser tamb´em um corpo celeste. As descobertas de Galileo proporcionaram grande quantidade de evidˆen- cias em suporte ao sistema heliocˆentrico. Por causa disso, ele foi chamado a depor ante a Inquisi¸c˜ao Romana, sob acusa¸c˜ao de heresia, e obrigado a se retratar. Somente em setembro de 1822, o Santo Of´ıcio decidiu retirar as suas obras, assim como as de Cop´ernico e de Kepler, do ´Indice de Livros Proibidos. Galileo foi redimido em 1992, quando a comiss˜ao constitu´ıda pelo Papa Jo˜ao Paulo II [Karol Joseph Wojtyla (1920-2005)] reconheceu o erro do Vaticano. 81