O documento discute os princípios do Romantismo como reação contra o Iluminismo, enfatizando a importância da natureza, sentimentos e indivíduo. Também resume a estética de Schiller, que via a arte e beleza como meios de harmonizar razão e sensibilidade no ser humano, permitindo o desenvolvimento pleno através do estado de "jogo".
2. Romantismo
• No começo do século XIX, deixadas
definitivamente para trás, especialmente no seu
aspecto socioeconômico, as estruturas da
civilização agrícola e artesanal e a visão medieval
do mundo, a humanidade se encaminha para um
rápido desenvolvimento industrial e para
transformações socioeconômicas profundas, que
trarão bem-estar, mas também graves problemas
e profundos conflitos.
4. • No setor político, a revolução francesa assinala uma
reviravolta decisiva propagando aqueles princípios
que, preparados e elaborados através do longo
trabalho da Idade Moderna, tiveram sua mais perfeita
formulação na consciência iluminista do século XVIII.
• Com referência ao pensamento, o iluminismo, que
imperou incontestado no século XVIII, mostra agora
claramente os seus limites e começa a ceder o lugar
àquelas instâncias espirituais que ele tinha ignorado
ou reprimido.
5. • Tais instâncias são acolhidas, expressas e patrocinadas
pelo romantismo, movimento que se inspira nos seguintes
princípios:
a) O reino da natureza é maior e mais autêntico do que o da
cultura;
b) O sentimento e a fantasia estão em condições de
perceber dimensões (religiosas, morais e estéticas) da
realidade que escapam à razão;
c) O indivíduo não é uma ilha nem um satélite vagando
sozinho pelo mundo, mas é parte de um grande organismo
(a nação, o povo, a pátria), e a sua ambição maior deve ser
a de contribuir para a realização dos destinos de sua pátria.
7. • O romantismo nasceu como reação espontânea e
lógica contra o iluminismo.
• As críticas de Rousseau tiveram ampla repercussão,
especialmente na Alemanha, por mérito de muitos
nomes ilustres como Schiller, Goethe, Novalis,
Mendelssohn, Schlegel, dentre outros.
8. • Ao buscar um fundamento objetivo para o belo, a
estética de Schiller é animada por esse desejo de ver
“o mais eficaz de todos os móbeis, a arte formadora
de almas, elevado à condição de uma ciência
filosófica“. Para tanto, essa nova disciplina não pode
ser construída sobre um mero jogo subjetivo entre
imaginação e entendimento – jogo mediante o qual
Kant deduzia o juízo de gosto na Crítica do Juízo –,
mas precisa, tanto quanto possível, ter uma pretensão
à validade universal determinada na própria razão.
10. • Na “realidade”, o belo tende ora para uma “beleza de
fusão” ora para uma “beleza enérgica” (Carta XVI);
como Ideia, porém, a beleza é uma só, indivisa (da
mesma maneira que, para Kant, há várias formas de
imperativo, mas uma única forma pura de obediência
à lei, a do imperativo categórico). Entende-se então
por que, para fugir do caráter empírico-subjetivo
inerente aos juízos estéticos, Schiller recorre ao critério
de validade objetiva proporcionado pelo dever ser.
11. • É mediante a cultura ou educação estética, quando
se encontra no “estado de jogo” contemplando o
belo, que o homem poderá desenvolver-se
plenamente, tanto em suas capacidades intelectuais
quanto sensíveis. Esse é, aliás, o sentido da
passagem mais famosa das cartas sobre A Educação
Estética do Homem, a qual, segundo o próprio
Schiller, “suportará o edifício inteiro da arte estética e
da bem mais dificultosa arte de viver": “Pois, para
dizer tudo de vez, o homem joga somente quando é
homem no pleno sentido da palavra, e somente é
homem pleno quando joga” No “impulso lúdico”,
razão e sensibilidade atuam juntas e não se pode mais
falar da tirania de uma sobre a outra.
13. • No impulso lúdico, o homem não desfruta da liberdade
mas de uma liberdade em meio ao mundo sensível. Isso
acarreta uma conseqüência importante: para Schiller,
sempre que contempla um objeto belo, o homem está ao
mesmo tempo projetando simbolicamente sua própria
liberdade nesse objeto. No juízo estético, a razão empresta
a sua autonomia ao mundo sensível e é por isso que se
pode afirmar que o belo é “liberdade no fenômeno".
• Visto dessa perspectiva, o homem em sentido pleno – o
homem lúdico – não busca apenas retirar-se à “clausura”
de sua moralidade, mas empenha-se exatamente em dar
vida as coisas que o cercam, em “libertar” os objetos que
habitam sua sensibilidade, tornando possível um cultivo
cada vez maior desta.
14. Leocarés, c. 300 a.C..
“Apolo Belvedere”
Estátua de mármore, de
2,24m, de Apolo, deus da
poesia, da medicina, do sol
e d a b e l e z a , c o m o
arqueiro, no momento em
que ele derrota a serpente
Píton, em Delfos. Foi
considerada, por muitos
séculos, símbolo da beleza
e da perfeição clássica do
homem idealizado pelos
gregos, e tido como símbolo
de beleza do homem
ocidental
16. • Essas ambigüidades derivam, sem dúvida, da
proximidade entre ética e estética na obra de Schiller.
O homem estético (que é também o virtuoso) tem
como imperativo aproximar dignidade e felicidade,
dever e prazer no belo ou, sendo gênio, na obra de
arte.