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Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral
                          (CNPq / MS-SCTIE-DECIT)
                      Instituto de Medicina Social – UERJ

              UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO




RELATÓRIO PRELIMINAR DOS SERVIÇOS QUE PRESTAM
  ASSISTÊNCIA A TRANSEXUAIS NA REDE DE SAÚDE
                        PÚBLICA NO BRASIL


                                                       Márcia Arán e Daniela Murta




  TÍTULO DO PROJETO: Transexualidade e saúde: condições de acesso e cuidado integral
                                      COORDENADORA DO PROJETO: Márcia Arán
                                      PESQUISADORAS: Daniela Murta e Fátima Lima
                                 PESQUISADORA COLABORADORA: Tatiana Lionço
                    INSTITUIÇÃO EXECUTORA: Instituto de Medicina Social da UERJ
                                          Edital MCT – CNPq / MS-SCTIE – Nº 26/2006
Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral
                                  (CNPq / MS-SCTIE-DECIT)
                              Instituto de Medicina Social – UERJ

         TRANSEXUALIDADE E SAÚDE: CONDIÇÕES DE ACESSO E CUIDADO
                                              INTEGRAL1

RESUMO:

          Este trabalho tem como objetivo geral aprofundar o conhecimento sobre o acesso e o processo
de cuidado integral à saúde de transexuais na rede pública de saúde brasileira, com vistas a contribuir
na proposição de políticas de saúde a esse segmento. Com esta finalidade compreende os seguintes
objetivos específicos: a) revisar o estado atual de conhecimento sobre transexualidade e a
problematização do diagnóstico de “transtorno de identidade de gênero”, bem como as implicações
colocadas para o atendimento à saúde destes pacientes; b) levantar os serviços de assistência a
transexuais existentes nos Hospitais Públicos no Brasil; c) conhecer o espectro e as características dos
serviços ofertados aos transexuais nos serviços identificados no levantamento precedente; c) investigar
com maior detalhamento, em uma pequena amostra de serviços, o processo de cuidado prestado aos
transexuais, tomando por referência a integralidade, o acesso e a equidade do cuidado; d) estudar um
conjunto de usuários destes serviços com foco nas características da demanda, nas dificuldades de
acesso a um cuidado integral e na diversidade da construção de gênero e de formas de subjetivação na
transexualidade, e) elaborar um conjunto de proposições que subsidiem políticas publicas de
assistência aos transexuais no âmbito do SUS.

      Na etapa inicial desta pesquisa foi realizada uma revisão bibliográfica com foco na noção de
transexualidade na medicina, sexologia, psiquiatria, psicanálise e saúde coletiva, com vistas a uma
melhor demarcação do problema do diagnóstico de “transtorno de identidade de gênero”, identificando
assim o espectro de cuidados necessários à assistência integral destes indivíduos no sistema de saúde.
Concorrentemente, foi feito um levantamento preliminar de todos os Hospitais Públicos que prestam
assistência a pacientes transexuais no país. Os hospitais identificados foram contatados por telefone
buscando-se identificar o serviço e o responsável pela assistência aos pacientes transexuais. Estes
responsáveis receberão uma correspondência especifica onde serão explanados os objetivos da
pesquisa. Além disso, serão solicitadas respostas a um pequeno inquérito que visará o conhecimento
preliminar do funcionamento dos Serviços. Na etapa posterior, uma pequena amostra de serviços foi
selecionada com vistas a se investigar o processo especifico do atendimento prestado aos transexuais.
A busca dos aspectos relativos à oferta dos serviços estará organizada em torno de duas estratégias
metodológicas. A primeira refere-se ao levantamento das informações disponíveis em cada instituição
acerca de: tempo e história da implementação do serviço, as metas institucionais; dados estatísticos de
produção pelos Serviços; espectro do cuidado ofertado, quantificação da oferta; características sócio-
demográficas dos usuários acompanhados; capacidade de cobertura, financiamento das atividades

1
    Parte deste Relatório foi publicado em ARAN; M.; MURTA; D. (2009).
Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral
                                (CNPq / MS-SCTIE-DECIT)
                            Instituto de Medicina Social – UERJ

ofertadas. A outra estratégia consistirá na realização de entrevistas semi-dirigidas com os profissionais
como também numa observação livre sobre o funcionamento dos serviços, os problemas vivenciados,
os dispositivos de cuidado institucionalizados, a compreensão e a problematização do diagnóstico de
transexualismo e do fenômeno da transexualidade, e os principais dilemas éticos e jurídicos
enfrentados. Em relação aos usuários serão realizadas entrevistas semi-dirigidas e organizados grupos
focais que buscarão identificar a diversidade de construções do gênero, práticas sexuais, sofrimento
psíquico, atuação profissional atual e passadas considerando-se as dificuldades encontradas para o
exercício da profissão escolhida, demanda pelo processo transexualizador, buscas anteriores de
cuidado e principais obstáculos encontrados, assistência recebida no serviço atual, tempo e grau de
vínculo formado com o serviço, assistência jurídica recebida para adequação da identidade civil, e
grau de satisfação com a assistência recebida na atualidade e no passado. Os dados relativos à oferta
assistencial deverão ser analisados na forma de tabelas descritivas e análises de freqüência. Já as
entrevistas e grupos serão gravados, transcritos e submetidos à analise de conteúdo. A análise e
sistematização das várias etapas precedentes deverão permitir a elaboração de um conjunto de
proposições que sirvam como subsídio às políticas públicas de assistência aos transexuais no âmbito
do SUS.
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                               (CNPq / MS-SCTIE-DECIT)
                           Instituto de Medicina Social – UERJ

   RELATÓRIO          PRELIMINAR         SOBRE       OS    SERVIÇOS        QUE     PRESTAM
ASSISTÊNCIA A TRANSEXUAIS NA REDE DE SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL


I. Levantamento dos Serviços

       Os serviços que prestam assistência a transexuais que procuram tratamento para a
realização do processo transexualizador no Brasil foram organizados a partir da
regulamentação desta prática, após a publicação da Resolução nº 1.482/97 do Conselho
Federal de Medicina. Considerado um atendimento de alta complexidade, a maioria destes
serviços encontra-se em hospitais públicos universitários, localizados nas regiões Sul e
Sudeste do país. De modo geral, a equipe é composta por cirurgião reconstrutor genital
(urologista e/ou ginecologista), psiquiatra, psicólogo, endocrinologista, cirurgião plástico,
assistente social e enfermagem, sendo que o número de profissionais envolvidos varia de
acordo com cada instituição. Os profissionais de outras especialidades que participam desses
serviços, como geneticista, cirurgião geral, anestesista, mastologista, otorrinolaringologista e
fonoaudiólogo, normalmente atendem sob demanda. Além disso, alguns desses serviços têm
convênio com uma assessoria jurídica para mudança do nome civil, que está condicionada, na
maioria dos casos, à realização da cirurgia de transgenitalização. Nota-se que um dos
principais desafios para implementação desta modalidade de assistência é a capacitação
profissional da equipe interdisciplinar e medidas de humanização, para que se possa garantir
um atendimento de qualidade e livre de discriminação.

       Em todos os serviços analisados, as intervenções médico-cirúrgicas atendem aos
critérios estipulados pela Resolução nº 1.652/2002 do CFM, que determinam o prazo mínimo
de dois anos de acompanhamento terapêutico como condição para realização da cirurgia de
transgenitalização, bem como a maioridade e o diagnóstico de transexualismo. Transcorridos
os dois anos, caso o(a) usuário(a) seja considerado(a) transexual e tenha condições clínicas,
pode ser encaminhado(a) para a realização do procedimento cirúrgico. No entanto, devido à
dificuldade de agendamento das cirurgias, os(as) usuários(as) transexuais têm permanecido
por muito mais tempo aguardando a realização da cirurgia. Em caso de internação médico-
hospitalar, na maioria das vezes os homens e mulheres transexuais são internados na
enfermaria em conformidade ao sexo com o qual se identificam socialmente, a despeito do
nome que conste no registro civil, ou num leito específico para esse programa assistencial.
Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral
                                  (CNPq / MS-SCTIE-DECIT)
                              Instituto de Medicina Social – UERJ

          Tendo como referência o relatório da I Jornada sobre Transexualidade e Saúde no
Brasil organizada pelo Instituto de Medicina Social da UERJ e pela Coordenação de Saúde
Mental do Ministério da Saúde (UERJ, 2005); os contatos realizados nas reuniões do Comitê
Saúde LGBTT do Ministério da Saúde sobre o Processo Transexualizador no SUS (Brasília,
2006); o Seminário Nacional: Saúde da população LGBTT na construção do SUS (2007); a
Oficina sobre o Processo Transexualizador no SUS (2007), os Fóruns do Coletivo Nacional
de Transexuais e informações disponibilizadas por profissionais de diversos Serviços e acesso
à     página       http://www.ims.uerj.br/transexualidadesaude2,   realizamos   um   levantamento
preliminar dos Serviços que prestam assistência a transexuais no Brasil. Os Serviços
pesquisados foram os seguintes:

1.         Programa de Transtorno de Identidade de Gênero (PROTIG) do Hospital de Clínicas
           de Porto Alegre – UFRGS

2.         Unidade de Urologia Reconstrutora Genital do Hospital Universitário Pedro Ernesto –
           UERJ

3.         Ambulatório de Transexualidade - Projeto Sexualidade (PROSEX) do Instituto de
           Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

4.         Projeto Transexualismo do Hospital das Clínicas de Goiânia

5.         Programa de Atendimento a Transexuais e Cirurgia de Transgenitalização do Hospital
           Universitário Clementino Fraga Filho UFRJ

6.         Ambulatório de Endocrinologia Especial (Transtorno de Identidade de Gênero) do
           Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE)

7.         Hospital das Clínicas da UFMG

8.         Transexualidade - Serviço de Urologia da Faculdade de Medicina de São José do Rio
           Preto da Faculdade de Medicina e Hospital de Base

9.         Atendimento Ambulatorial a Transexuais do Hospital Universitário de Brasília

10.        Departamento de Psicologia do Instituto Paulista de Sexualidade

          Desses serviços, apenas sete se dispuseram a responder a um questionário detalhado.
Um dos serviços contatados foi excluído dessa segunda etapa da pesquisa exploratória por se


2
    Ver anexo 1.
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                                   (CNPq / MS-SCTIE-DECIT)
                               Instituto de Medicina Social – UERJ

tratar de um programa assistencial particular. Além disto, é importante destacar que durante a
realização desta pesquisa 4 destes serviços foram credenciados como Centros de Referência
para o atendimento interdisciplinar a usuários(as) transexuais no SUS. Neste sentido, os
quatro primeiros Serviços referidos passaram a receber os recursos repassados pela Alta
Complexidade para a realização dos procedimentos cirúrgicos.


Tabela 1: Características básicas dos serviços públicos de assistência a transexuais.
                              Ambulatório     Ano de início/     Leitos         Modo de
               Natureza       Especializado     Tempo de       reservados     financiamento       Assessoria
Instituição
                Jurídica          para        Funcionamento       para         dos cuidados        Jurídica
                              Transexuais       do Serviço     transexuais     disponíveis
                Hospital                                                     Recurso da SES
                                                                                                 Apenas para
              Universitário                      11 anos/                     ou MS/ agosto
 UFRGS                            Sim                             sim                           troca de sexo e
                Público                           1997                       2008 credenciado
                                                                                                    nome
                Federal                                                         pelo SUS
                                                                               Recurso da
                Hospital                                                       instituição +
              Universitário                      10 anos/                    recursos da SES
   USP                            Sim                             sim                                não
                Público                           1998                       ou SMS/ agosto
                Estadual                                                     2008 credenciado
                                                                                pelo SUS
                Hospital                                                      Não informou/
              Universitário                      5 anos/                       agosto 2008       Defensoria
  UERJ                            Sim                             não
                Público                           2003                       credenciado pelo   pública do RJ
                Estadual                                                           SUS
                                                                             Recurso da SES
   HC-          Hospital                         9 anos/                     ou SMS/ agosto
                                  Sim                             não                                não
GOIÂNIA       Universitário                       1999                       2008 credenciado
                                                                                pelo SUS
                Hospital
              Universitário                      10 anos                       Recurso da        Defensoria
  UFRJ                            Sim                             não
                Público                           1998                          instituição     pública do RJ
                Federal
                                                                               Recurso da
                Hospital
                                                 8 anos/                       instituição +
  IEDE          Público           sim                             não                                não
                                                  2000                       recursos SES ou
                Estadual
                                                                                  SMS


          A Coordenação dos respectivos Serviços é realizada pela especialidade médica
responsável pela porta de entrada no Programa.
Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral
                                 (CNPq / MS-SCTIE-DECIT)
                             Instituto de Medicina Social – UERJ

        URFGS – Urologia

        USP – Saúde Mental/ Endocrinologia

        UERJ- Urologia

        HC/ Goiânia – Ginecologia

        UFRJ – Saúde Mental

        IEDE – Endocrinologia


Tabela 2: Serviços ofertados e número de profissionais envolvidos
    Serviços
   Ofertados
                                                                HC -
  (Numero de         UFRGS           USP          UERJ                        UFRJ         IEDE
                                                              GOIANIA
  profissionais
  envolvidos)
    Urologia            3              2            1               1            1          0
 Endocrinologia         1              1            1               1            0          1
  Ginecologia           2              1            1               2            1          1
    Genética            1              1            1               1            0          1
 Cirurgia Geral         0              1            1               -            0          0
    Cirurgia
                        2              1            1               1            1          0
    Plástica
   Psiquiatria          3              1            1               2            1          1
   Psicologia           2              3            1               1            1          1
 Serviço Social         2              1            1               1            0          1
  Atendimento
                        5              4            0               -            1          1
   em Grupo
  Graduandos           Sim            não          sim           sim           Não         não
                   Mastologia 2,
                    Otorrino 1,                 Enfermagem
                                   Otorrino ,                   Fono.1
       Outros        Fono. 1,                       1                       Anestesio. 1    0
                                    Fono. 1                  Enfermagem 1
                  Desembargador                 Otorrino 1
                        1
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       Em todos os serviços analisados as intervenções médico-cirúrgicas atendem aos
critérios estipulados pela Resolução Nº 1.652/2002 do CFM, que determinam o prazo mínimo
de 2 anos de acompanhamento terapêutico como condição para a realização da cirurgia de
transgenitalização, bem como a maioridade e o diagnóstico de transexualismo. Transcorridos
os dois ano, caso o(a) usuário(a) seja considerado(a) transexual e tenha condições clínicas,
pode ser encaminhado(a) para a realização do procedimento cirúrgico. No entanto, devido à
dificuldade de agendamento das cirurgias, os(as) usuários(as) transexuais tem permanecido
por muito mais tempo aguardando a realização da cirurgia. Em caso de internação médico-
hospitalar, na maioria das vezes os homens e mulheres transexuais são internados na
enfermaria em conformidade ao sexo com o qual se identificam socialmente, a despeito do
nome que conste no registro civil, ou num leito específico para esse programa assistencial.


   Tabela 3.
                                                                  HC-
                              UFRGS        USP       UERJ                    UFRJ     IEDE
                                                               GOIANIA
    Tempo de espera média
     para cirurgia (após 2    imediato     2 anos    2 anos    3 a 4 meses   2 anos   4 anos
            anos)
    Equipe acompanha na
                                sim         sim       sim         sim         sim      não
          internação



       O processo de cuidado relatado pelos profissionais consiste no atendimento clínico,
particularmente na hormônioterapia, no atendimento psicológico e psiquiátrico e na realização
das cirurgias de transgenitalização e de caracteres sexuais secundários. Estes procedimentos
foram normatizados por meio da Portaria GM n. 1.707 de 18 de agosto de 2008 (Brasil,
2008a) do Ministério da Saúde, que estabeleceu diretrizes técnicas e éticas para o processo
transexualizador no SUS. De acordo com essa portaria, o Ministério da Saúde reconhece que
a orientação sexual e a identidade de gênero são determinantes e condicionantes da situação
de saúde, e que o mal-estar e o sentimento de inadaptação em relação ao sexo anatômico dos
usuários transexuais deve ser acolhido e tratado pelo SUS, seguindo os preceitos da
universalidade, integralidade e da equidade da atenção.
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II. Tratamento cirúrgico

       Em caso de internação médico-hospitalar, na maioria das vezes os homens e mulheres
transexuais são internados na enfermaria em conformidade ao sexo com o qual se identificam
socialmente, a despeito do nome que conste no registro civil, ou num leito específico para
esse programa assistencial. Nessa internação, de modo geral, são acompanhados pela mesma
equipe do ambulatório.

       Antes da realização da cirurgia aplica-se um Termo de Consentimento para que o
paciente autorize os procedimentos que serão realizados.



       1. Cirurgia de Redesignação Sexual em Mulheres transexuais (MtF)

       Na cirurgia de redesignação sexual de mulheres transexuais (MtF) é utilizado como
tática cirúrgica da transgenitalização a retirada ou desmembramento do pênis, a retirada
parcial do escroto, orquiectomia bilateral, uretroplastia, construção da neovagina,
neoclitoroplastia e neovulvoplastia. No que se refere à tática para a modificação dos
caracteres sexuais secundários utiliza-se a mamoplastia; cricotireoplastia; cirurgia de cordas
vocais, cirurgia feminilizante de face e contorno corporal e realização de depilação definitiva.
Para cada etapa da tática cirúrgica, tanto da transgenitalização quanto da modificação de
caracteres secundários, há diversas técnicas descritas. Além disso, é importante realçar que as
cirurgias de modificação de caracteres sexuais secundários não são aplicáveis a todas as
usuárias, dependendo do resultado individual da hormônioterapia feminilizante.



       2. Cirurgia de Redesignação Sexual realizada em Homens transexuais (FtM)

       Na redesignação sexual de homens transexuais (FtM) – a qual permanece como
cirurgia experimental - são utilizadas como táticas cirúrgicas de transgenitalização a
histerosalpingoooforectomia, a colpectomia, a neofaloplastia e a escrotoplastia. Do mesmo
modo que na transgenitalização de mulheres transexuais (MtF), nesses procedimentos leva-se
em conta a diversidade de técnicas descritas para cada etapa da tática cirúrgica. Nesses casos,
ainda que tenha um papel fundamental no processo transexualizador, podendo ser realizada
antes (ou independentemente) da cirurgia genital, a mastectomia bilateral é definida como
cirurgia de caractere sexual secundário.
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       Como se pode perceber tratam-se de cirurgias de grande porte e que têm um caráter
irreversível. Neste sentido algumas considerações se fazem necessárias. Primeiro, é de
fundamental importância que os(as) usuários(as) sejam esclarecidos de todas as
conseqüências funcionais e estéticas destes procedimentos, além dos possíveis riscos. O
contato prévio com os médicos e com outros pacientes que já realizaram as cirurgias poderá
ser de grande valia para ajudar na tomada de decisão em relação à efetivação da cirurgia.
Além disto, é importante considerar em que contexto se dá a opção pela transformação
corporal, já que em função da extrema vulnerabilidade da população trans no país, a cirurgia
de transgenitalização pode se apresentar como uma tábua de salvação, se constituído como
única possibilidade de inclusão social. Assim, constatamos que alguns homens e mulheres
transexuais podem desejar a cirurgia de transgenitalização pela exclusiva necessidade de
reconhecimento social mais amplo, o que nos faz pensar que a cirurgia não necessariamente
seria indicada se vivêssemos num mundo onde a diversidade de gênero fosse possível. Estas
pessoas, não apenas já têm uma vida afetiva e sexual satisfatória, como também já são
reconhecidas pelo gênero que dizem pertencer e em outras condições poderiam permanecer
como estão, desde que pudessem realizar a mudança do nome civil. Nestes casos, a real
necessidade de cirurgia poderá ser relativizada. Porém, outras pessoas consideram a
realização de modificações corporais, inclusive a cirurgia de transgenitalização, um evento
vital para a construção de si, sendo a possibilidade de modificação corporal fundamental para
o delineamento de seus projetos de vida. Entre estes extremos há um continuum de
possibilidades que devem ser consideradas. Como por exemplo, muitos homens trans que
desejam a realização de cirurgias para a modificação de caracteres sexuais secundários (como
a mastectomia), mas não desejam realizar a de cirurgia de transgenitalização. É por isto que a
individualização do cuidado é parte constitutiva de qualquer projeto baseado na integralidade
da assistência.



III. Tratamento Endocrinológico
       O tratamento endocrinológico tem como objetivo induzir o aparecimento de caracteres
sexuais secundários compatíveis com a identificação de gênero através de terapia hormonal,
assim como possibilitar o acompanhamento clínico. Este tratamento deve ser realizado pelo
resto da vida e só será interrompido para a realização da cirurgia. É de fundamental
importância estabelecer a dose ideal do medicamento para cada pessoa, destacando-se o fato
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de que não há necessidade de doses elevadas de hormônios para se alcançar os efeitos
desejados ou alcançá-los mais rapidamente.
           A terapia hormonal, prescrita após o diagnóstico de transexualismo pode ser realizada
pelo endocrinologista ou urologista. A maioria dos(das) usuários(as) chegam aos serviços já
tendo feito uso anterior (auto-medicação) de algum tipo de hormônio por indicação de amigos
ou através de informações coletadas na internet. No caso de mulheres transexuais (MtF), na
auto-medicação normalmente são utilizadas pílulas anticoncepcionais em grande quantidade -
as pacientes tomam muitos comprimidos por dia acreditando que assim terão um efeito mais
rápido - e hormônios indicados para reposição hormonal de mulheres na menopausa. Além
disso, a literatura especializada aponta para a necessidade de pesquisas empíricas sobre os
efeitos colaterais do uso prolongado de hormônios.
           No processo transexualizador, a terapia hormonal para mulheres transexuais (MtF)
consiste na administração de anti-androgênios (hormônios com a finalidade de diminuir as
características masculinas) e estrogênio, através de doses adequadas individualmente para um
melhor resultado terapêutico e com menos efeitos colaterais. Dos estrogênios os mais
prescritos são 17ß-Estradiol e dos anti-androgênicos o Acetato de Ciproterona (Nome
comercial - Androcur), porém existem várias outras formas de administração do
medicamento. No caso dos homens transexuais (FtM), existem diversas opções de terapia de
reposição androgênica disponíveis no mercado. A testosterona é o principal hormônio
utilizado para induzir o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários masculinos,
podendo ser administrada por injeções intramusculares de ésteres de testosterona, vias
transdérmicas como adesivos, géis de testosterona e de dihidrotestosterona (DHT) e sistemas
subcutâneos como o adesivo bucal e o undecanoato de testosterona oral3.




3
    Para mais detalhes ver Athayde (2001) e Costa (2009).
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Tabela 4. Dispensação de medicamentos
                                                                HC-
  Medicamentos           URGS              USP        UERJ                 UFRJ         IEDE
                                                              GOIÂNIA
    Acesso ao
                           sim             sim        não        não        não          Sim
  medicamento
     Local de           Farmácia         Farmácia
                                                       -          -           -         IEDE
   dispensação           CEME           ambulatório
Descontinuidade no
                           não             sim         -          -           -          sim
  fornecimento
                      Componente
                                                                                     Componente
                        básico da
                                                                                    excepcional da
                       assistência
                                                                                      assistência
                     farmacêutica do
     Tipo de                               não                                     farmacêutica do
                     SUS e alto custo                  -                      -
  medicamento                            informou                                  SUS (acetato de
                       excepcional
                                                                                    ciproterona) e
                        fora dos
                                                                                       17 beta
                      protocolos do
                                                                                       estradiol
                          SUS




IV. Tratamento Psicológico e Psiquiátrico

          A maioria dos serviços tem como orientação terapêutica a realização do diagnóstico
psiquiátrico de transtorno de identidade de gênero, sendo que a principal preocupação é a
regulamentação do acesso e a necessidade de se ter certeza sobre a decisão da realização de
modificações corporais, em especial no que se refere à cirurgia de transgenitalização, dado
seu caráter irreversível. O diagnóstico psiquiátrico é realizado no início do tratamento, através
da avaliação clínica psiquiátrica e, em alguns casos, são utilizados testes psicológicos. A
partir de avaliação especializada, os usuários e usuárias são encaminhados para atendimento
psicológico em grupo ou individual, como também para acompanhamento psiquiátrico
quando necessário.

        É fato que a vivência da transexualidade pode acarretar problemas relacionados à vida
psíquica, em geral marcada pelo trauma do não reconhecimento, da injúria e da exclusão
social, assim como por dificuldades provenientes de problemas familiares e de
relacionamentos sexuais e afetivos. Esta experiência pode se constituir num intenso
sofrimento psíquico, que aparece muitas vezes sob a forma de tentativas de suicídio,
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depressão, transtornos alimentares e angústias das mais diversas formas, provocadas não
apenas pelo conflito de não-pertencimento ao sexo biológico como também pelas inúmeras
consequências sociais, éticas, jurídicas e culturais intrínsecas a esta condição. Todavia, ainda
que a psiquiatria costume descrever estas experiências em termos de co-morbidade, não
podemos perder de vista os contextos cultural e social nos quais estes sintomas aparecem, já
que na transexualidade o risco de patologização de um problema social está sempre presente.
Isto não significa, no entanto, que todas as pessoas trans padeçam do mesmo sofrimento e que
tenham a mesma trajetória de vida. É surpreendente constatar como em condições adversas,
homens e mulheres transexuais tenham conseguido construir suas vidas de forma satisfatória e
produtiva. A partir da análise de entrevistas em profundidade com usários(as) dos serviços de
saúde, temos afirmado que existem várias formas de subjetivação e construções de gênero na
transexualidade (ARÁN; ZAIDHAFT; MURTA, 2008; ARÁN; MURTA; LIONÇO, 2008;
MURTA, 2007; ARÁN, 2006; LIONÇO, 2006; BENTO, 2006; ZAMBRANO, 2003). Mais
do que isto, consideramos que a transexualidade é uma categoria em constante negociação.
Neste sentido, se ela pode expressar em parte a experiência de sujeitos que solicitam
modificações corporais do sexo em função de um sentimento de desacordo entre sexo e
gênero, no nosso ponto de vida ela não expressa um modo de funcionamento psíquico
específico, nem mesmo uma estrutura clínica.

       Nesse sentido, propomos pensar que apesar do sentimento de pertencimento ao gênero
oposto ao sexo anatômico, a transexualidade não necessariamente fixa uma posição subjetiva.
É importante deslocar a manifestação social da transexualidade da necessidade de traduzi-la
imediatamente numa patologia, numa estrutura ou num modo de funcionamento específico, o
que nos permitiria escapar da necessidade de enquadrar homens e mulheres transexuais num
diagnóstico psiquiátrico.



V. Freqüência dos Atendimentos

       A maioria dos Serviços relata atendimento interdisciplinar com freqüência regular. No
entanto, como na maioria dos serviços o tempo de espera para a realização da cirurgia é muito
longo, o espaço entre estes atendimentos tem se prolongado significativamente. Além disto,
também na maioria dos serviços, no pós-operatório, os usuários e usuárias continuam ligados
ao Programa o que significa uma permanência destes pacientes nos referidos Hospitais.
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Tabela 5. Freqüência dos atendimentos nos serviços disponíveis
 Freqüência dos
                    UFRGS          USP          UERJ          HC-GOIANIA          UFRJ         IEDE
 Atendimentos
                                              trimestral e                       pré e pós
    Urologia         mensal      demanda                         demanda                          -
                                                demanda                          operatório
                                                               outras doenças
 Endocrinologia     trimestral   demanda           -                                 -        trimestral
                                                              endocrinológicas
                   demanda de
                                             demanda de
                     homens
   Ginecologia                   demanda       homens             mensal             -        demanda
                   transexuais
                                             transexuais
                      (FtM)
                                            demanda para
    Genética        semestral    demanda                         demanda             -        demanda
                                             sindrômicos
                                                demanda
 Cirurgia Geral         -        demanda     (integralidade          -               -            -
                                               da atenção)
    Cirurgia                                                                      pré e pós
                    demanda       semanal      demanda         pré-cirúrgico                      -
    plástica                                                                     operatório
                                                                                 quinzenal,
                                                                  mensal
                                              trimestral e                         3 em 3
   Psiquiatria      quinzenal     semanal                       (indicação                        -
                                                demanda                           semanas,
                                                                específica)
                                                                                   mensal
                                              trimestral e
    Psicologia      quinzenal     semanal                         semanal         mensal      semanal
                                                demanda
                                                                                 quinzenal,
                                                                avaliação do       3 em 3
  Serviço Social    quinzenal    demanda       demanda                                        demanda
                                                                profissional      semanas,
                                                                                   mensal
  Atendimento
                    quinzenal     semanal          -                 -            mensal       mensal
   em Grupo
                                               Otorrino/
                                               Cabeça e
     Outros             -        demanda                         demanda             -            -
                                               pescoço -
                                               demanda




          VI. Rede de Saúde

        A maioria dos Serviços já funciona como Centros de Referência para outros estados e
municípios, recebendo usuários de diversas cidades. Em alguns desses casos, nota-se que as
Secretarias Municipais de Saúde dos municípios de origem oferecem algum tipo de auxílio para o
deslocamento até os hospitais. No entanto, os coordenadores dos Serviços consideram de fundamental
importância a organização de uma rede de assistência que possa abarcar com o transporte, estadia e os
demias custos destes deslocamentos.
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                               (CNPq / MS-SCTIE-DECIT)
                           Instituto de Medicina Social – UERJ

Tabela 6. Atendimento interinstitucional

     Rede de Saúde        UFRGS         USP       UERJ        HC-GOIANIA        UFRJ           IEDE

      Atendimento
                            não         não         sim            não           sim            sim
   inter-institucional
  Atenção a paciente de
    outras cidades e        sim         sim         sim            sim           sim            sim
         estados
 Local de realização de                                                                       próprio
                           próprio     próprio    próprio                       próprio
         exames                                               próprio serviço               serviço e em
                           serviço     serviço    serviço                       serviço
    complementares                                                                             outros




Tabela 7. Número aproximado de Usuários(as) atendidos(as) nos Serviços até 06/2008
       Usuários (as) atendidos (as)      UFRGS    USP       UERJ HC-GOIANIA        UFRJ         IEDE
    N. de mulheres transexuais (MtF)
                                           171    238        20          19            25        79
        atendidas pré-operatório
     N. de homens transexuais (FtM)
                                            21     55        2           7             4          1
        atendidos pré-operatório
    N. de mulheres transexuais (MtF)
                                            96     18        20          19            6         20
        atendidas pós-operatório
     N. de homens transexuais (FtM)
                                            14     8         0           7             2          0
       atendidos no pós-operatório




          Outro aspecto que se destaca é o exponencial crescimento do número de usuários que se
definem como transexuais que procuram esses serviços com demanda clínica-cirúrgica de
redesignação sexual. A partir de um levantamento aproximado é possível calcular que mais ou menos
700 mulheres transexuais (MtF) e 120 homens transexuais (FtM) já foram atendidos nos serviços
públicos de assistência a essa clientela existentes no país até o primeiro semestre de 2008. Contudo,
vale destacar que esses números não refletem uma estimativa da necessidade de demanda, pois não
contemplam as demandas reprimidas, não registradas e atendidas no âmbito particular.
Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral
                               (CNPq / MS-SCTIE-DECIT)
                           Instituto de Medicina Social – UERJ

Tabela 8. Número aproximado de Usuários(as) atendidos(as) nos Serviços até 06/2008
                                                                      HC-
     Usuários (as) atendidos (as)      UFRGS      USP   UERJ                    UFRJ   IEDE
                                                                    GOIANIA
   N. de mulheres transexuais (MtF)
                                            171   238    20           19         25     79
       atendidas pré-operatório
   N. de homens transexuais (FtM)
                                            21     55    2             7         4      1
       atendidos pré-operatório
   N. de mulheres transexuais (MtF)
                                            96     18    20           19         6      20
       atendidas pós-operatório
   N. de homens transexuais (FtM)
                                            14     8     0             7         2      0
     atendidos no pós-operatório




Tabela 9. Número aproximado de Usuários(as) em atendimento nos Serviços em 2008
       Dados de usuários em                                            HC-
                                      UFRGS       USP    UERJ                   UFRJ   IEDE
           Atendimento                                               GOIANIA
 N. de mulheres transexuais(MtF)
                                       65         78          50           21    13     29
     atendidas pré-operatório
  N. de homens transexuais (FtM)
                                        8          7          1            3      2     1
     atendidos pré-operatório
 N. de mulheres transexuais (MtF)
                                       21          7         alta          14     6     9
     atendidas pós-operatório
  N. de homens transexuais (FtM)
                                        6          6         alta          7      2     0
    atendidos no pós-operatório
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                               (CNPq / MS-SCTIE-DECIT)
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Tabela 10. Dados sobre as cirurgias realizadas nos Serviços até 06/2008

                                                                          Acesso a
            Cirurgias       Tipo de cirurgias      Acompanhamento                        Índice de
                                                                       procedimentos
            realizadas         realizadas          no pós-operatório                    recirurgias
                                                                       complementares
                                                                                         15% para
             96 (MtF)     Transgenitalização e                                          MtF e FtM
UFRGS                                                sim (2 anos)           Sim
           16 (?) (FtM)   caracteres secundários                                        avaliação de
                                                                                        necessidade
                          mastectomia bilateral,
                              histerectomia,
                          ooforectomia bilateral
                           e masculinização da
                          genitália externa em
             19 (MtF)       transexuais FtM e
  USP                                                    sim                Sim             80%
            6 (?) (FtM)     neovaginoplastia,
                           amputação peniana,
                          orquiectomia bilateral
                            e escrotoplastia e
                           neouretroplastia em
                                  MtF
                                                                                           10% e
                                                                                        correção de
             20 (MtF)      transgentalização e                                            cirurgias
 UERJ                                                    sim                Sim
             0 (FtM)      caracteres secundários                                        realizadas em
                                                                                           outras
                                                                                         instituições
             6 (MtF)
                            transgenitalização
            1 (FtM) –
 UFRJ                     (MtF) e mastectomia            sim                Sim             80%
            caracteres
                                  (FtM)
           secundários
             19 (MtF)
            8 (FtM) - 2    Transgenitalização,
  HC-
           completas e     histerectomia total,          sim                Não             3a4
GOIANIA
           6 caracteres   vaginal, mastectomia
           secundários
            Não realiza                                                                  Não realiza
 IEDE                               -                    sim                Não
             cirurgia                                                                     cirurgia
Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral
                              (CNPq / MS-SCTIE-DECIT)
                          Instituto de Medicina Social – UERJ

         Desde 1997 vem ocorrendo um crescimento significativo do número de usuários(as)
que se definem como transexuais e que procuram tratamento para a realização do processo
transexualizador . Tendo como referência os dados coletados na pesquisa referida, no inicio
de 2008, 700 mulheres transexuais (MtF - male to female) e 120 homens transexuais (FtM -
female to male) já haviam sido atendidos. Deste montante, 366 usuários(as) encontram-se em
atendimento no momento - 256 mulheres transexuais (MtF) e 22 homens transexuais (FtM)
estão em acompanhamento pré-operatório e 57 mulheres transexuais (MtF) e 31 homens
transexuais (FtM) estão em acompanhamento pós-operatório -. O número de cirurgias já
realizadas em mulheres transexuais (MtF), aproximadamente 160 até o início de 2008, é bem
superior ao de cirurgias realizadas em homens transexuais (FtM), aproximadamente 30 no
mesmo período, Nestes casos a maioria são modificações de caracteres sexuais secundários, já
que a transexualização de mulher para homem é mais complexa e permanece sendo uma
cirurgia experimental. No entanto, é importante destacar que estes números são aproximados.
Considerando o aumento da visibilidade desta modalidade de assistência no último ano, é
provável que o número de pacientes atendidos seja bem mais expressivo. Além disto, estes
números não refletem a provável demanda reprimida e as barreiras de acesso na busca por
este tratamento, principalmente pelo fato de não existir uma política de atenção básica para
esta clientela. Não temos também o registro dos atendimentos realizados no setor privado.



VII. Desafios para a Regulamentação do Processo Transexualizador no SUS

         A partir deste breve panorama do estado da arte da assistência a transexuais no
Brasil, podemos perceber o enorme avanço que tem significado a gestão de políticas públicas
para esta população. Vários atores sociais contribuíram para a promoção do debate público
sobre o tema, dando visibilidade para a vulnerabilidade da população transexual no país.
Dentre elas, destaca-se a valiosa contribuição dos coordenadores dos programas assistenciais
que construíram um espaço de atenção a essa clientela, muitas vezes enfrentando enorme
resistência institucional devido não apenas ao preconceito, à homofobia e à discriminação
incutidas em algumas práticas de saúde, como também a dificuldades de compreensão da
importância do principio da equidade. Além disso, foi de fundamental importância a ação do
Ministério Público Federal para a inclusão da cirurgia de transgenitalização na tabela de
procedimentos do SUS em 2001. A instituição do Comitê Técnico Saúde da População LGBT
(Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) pela Portaria GM nº. 2.227 em 2004, a
Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral
                               (CNPq / MS-SCTIE-DECIT)
                           Instituto de Medicina Social – UERJ

criação do Coletivo Nacional de Transexuais em 2005, as reuniões e seminários realizados no
Ministério da Saúde sobre o processo transexualizador no SUS e as contribuição de
pesquisadores acadêmicos permitiram o estabelecimento de pactuações sobre propostas de
saúde integral. Todas essas iniciativas culminaram na publicação da Portaria nº 1.707/2008 do
Ministério da Saúde, referida acima, que institui no Sistema Único de Saúde (SUS) o
Processo Transexualizador, através da constituição de serviços de referência que estejam
habilitados a prestar atenção integral e humanizada a transexuais. Todavia, as discussões
sobre o tema não se encerram. É de fundamental importância o fortalecimento das medidas
anunciadas pelo Ministério da Saúde com o estabelecimento de prazos e metas para o
credenciamento dos serviços; a promoção de uma política de atenção básica; a imediata
discussão sobre a especificidade da assistência a homens transexuais (FtM); a construção de
uma rede com sistema jurídico para a mudança do nome civil independentemente da
realização da cirurgia de transgenitalizaçõ entre outras.

       No entanto, do nosso ponto de vista, o grande desafio na regulação desta prática
consiste em transitar entre a importância da normatização do acesso à saúde e o
reconhecimento do sofrimento psíquico - implícitos no diagnostico de transtorno de
identidade de gênero - e a necessidade da problematização da restrição da compreensão da
experiência da transexualidade a partir deste diagnóstico psiquiátrico - implícitos na noção de
saúde integral.

       Ainda que a transexualidade esteja definida como um transtorno mental e a
institucionalização da assistência a essa população esteja baseada em um modelo biomédico,
o fato de se definir uma política de saúde integral tendo como referência os princípios do SUS
permite uma ampliação da noção de saúde, a qual não deve ficar restrita à ausência de doença.
Desta forma, por um lado, deve-se considerar a noção de sofrimento psíquico e corporal como
critério de acesso à saúde sem que necessariamente este sofrimento tenha que ser
patologizado, já que um conceito positivo de saúde pressupõe que esta não se define nem por
uma média nem por um ideal, mas por sua plasticidade normativa (MARTINS, 2004). Além
disso, na perspectiva da integralidade, é fundamental levarmos em consideração a
especificidade de cada encontro para a elaboração do projeto terapêutico de cada paciente de
acordo com seus sofrimentos, suas expectativas, seus temores e seus desejos (MATTOS,
2004). Assim, o projeto terapêutico de modificação corporal de sexo deve levar em conta a
diversidade e a singularidade das narrativas trans, nem todas as pessoas desejam e necessitam
Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral
                              (CNPq / MS-SCTIE-DECIT)
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os mesmos procedimentos de cuidado. Por outro lado, como dissemos anteriormente, mesmo
considerando o inegável benefício que alguns serviços têm prestado a usuários transexuais, a
exigência do diagnóstico psiquiátrico como condição de acesso ao tratamento permanece
como um problema, sendo necessário colocar em questão a noção de “transexual verdadeiro”,
fortemente veiculada nos manuais diagnósticos, que acaba por conceber um comportamento
fixo, rígido, adequado às normas de feminilidade ou de masculinidade.

       Sabemos o quanto este diagnóstico veicula uma gramática normativa que acaba por
considerar o transexualismo uma patologia (“transtorno de identidade”) - pelo simples fato da
não-conformidade entre sexo biológico e gênero, sem nenhum outro fundamento
psicopatológico. Nesta gramática, gêneros inteligíveis são aqueles que mantêm uma
continuidade entre sexo, gênero, práticas sexuais e desejo, por intermédio dos quais a
identidade é reconhecida e adquire efeito de substância. Em tal caso, os espectros de
descontinuidade e incoerência transformados em patologia só se tornam concebíveis em
função deste sistema normativo (ARÁN, 2006).

       No entanto, nas fronteiras da saúde, por influência do movimento feminista, do
movimento de gays e lésbicas, e mais recentemente, do movimento de transexuais, travestis e
transgêneros, alguns enunciados são deslocados dos discursos médicos e reapropriados em
outros contextos, promovendo novos sujeitos do conhecimento, numa nova micropolítica de
gênero. O que permanece como questão ética e política são os critérios para garantir o acesso
às tecnologias de modificação do sexo corporal.

       É importante reconhecer que a noção de transexualidade tem sido utilizada de diversas
formas. O Coletivo Nacional de Transexuais vem propondo a noção de homens e mulheres
que vivenciam a transexualidade com o objetivo de enfatizar que a transexualidade não é uma
identidade, justamente porque as pessoas se definem e se reconhecem como homens e
mulheres e não como transexuais. Outros grupos preferem utilizar a definição Homens
transexuais e Mulheres transexuais, incorporando em parte a noção de transexualidade como
definição de si; e ainda um grupo minoritário prefere a noção de transgênero para expressar a
possibilidade de um cruzamento de gêneros. Além disso, ainda que no meio médico exista
uma clara distinção entre transexuais e travestis, vários pessoas transitam entre estas
identidades. Finalmente, não há como não considerar que essas definições muitas vezes são
moldadas a partir de uma exigência médica que prescreve a necessidade do diagnóstico de
Transtorno de Identidade de Gênero como condição de acesso à saúde.
Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral
                              (CNPq / MS-SCTIE-DECIT)
                          Instituto de Medicina Social – UERJ



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                                              ANEXO 1


1. Programa de Transtorno de Identidade de Gênero (PROTIG) do Hospital de Clínicas de
Porto Alegre - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Endereço: Ramiro Barcelos, 2350 - Porto Alegre, RS. CEP: 90035-003
Telefone: (51) 3201-8294
e-mail: mlupo@pro.via-rs.com.br
Responsável: Walter Koff (médico cirurgião)


2. Unidade de Urologia Reconstrutora Genital - Hospital Universitário Pedro Ernesto
(HUPE /UERJ)
Endereço: Av. 28 de setembro, 77, 5º andar, Vila Isabel - Rio de Janeiro, RJ. ,CEP: 20550-900
Telefone: (21) 2587-6222
e-mail: pguro@uerj.br
Responsável: Eloísio Alexsandro da Silva (médico cirurgião)


3. Ambulatório de Transexualidade - Projeto Sexualidade (PROSEX) - Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (IPq-HCFMUSP)
Endereço: Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar,255, Cerqueira - São Paulo, SP. ,CEP: 05403-000
Telefone: (11) 3069-6284/(11) 3069-6267
e-mail: alesaadeh@yahoo.com.br
Responsável: Alexandre Saadeh (psiquiatra)


4. Projeto Transexualismo - Hospital das Clínicas de Goiânia
Endereço: 1ª Avenida s/n - Praça Universitária, Setor Universitário – Goiânia, GO.,EP: 74605-220
Telefone: (62) 9971-8552
e-mail: dramariluza@hotmail.com
Responsável: Mariluza Terra da Silveira
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                               (CNPq / MS-SCTIE-DECIT)
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5. Programa de Atendimento a Transexuais e Cirurgia de Transgenitalização - Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho/ UFRJ
Endereço: Av. Prof. Rodolpho Paulo Rocco 255 - Rio de Janeiro, RJ. CEP: 21941-913
Telefone: (21) 25622601
e-mail: szaidhaft@hucff.ufrj.br
Responsável: Sérgio Zaidhaft (psiquiatra)


6. Ambulatório de Endocrinologia Especial (Transtorno de Identidade de Gênero) -
Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE)
Endereço: Rua Moncorvo Filho 90, Centro - Rio de Janeiro, RJ. CEP:20211-340
Telefone: (21) 22999285
e-mail: janelsms@terra.com.br
Responsáveis: Jane Lílian Soares de Melo Silveira (endocrinologista) e Thaís Ribeiro (psicóloga)


7. Hospital das Clínicas da UFMG
Endereço: Av. Alfredo Balena - Belo Horizonte, MG. CEP: 30130-100
Telefone: (31) 3248-9300
Responsável:


8. Transexualidade - Serviço de Urologia da Faculdade de Medicina de São José do Rio
Preto - Faculdade de Medicina e Hospital de Base
Endereço: Av. Brigadeiro Faria Lima, 5416 - São José do Rio Preto, SP, CEP: 15090-000
Telefone: (17) 3201-5000 / (17) 3201-5700
e-mail: carlcury@terra.com.br
Responsável: Carlos Abib Cury (médico cirurgião)


9. Atendimento Ambulatorial a Transexuais - Hospital Universitário de Brasília
Endereço: Av. L - 2 Norte - Quadra 605 – Brasília, DF. CEP: 70732-500
Telefone: (61) 9914-5846
e-mail:
Responsável: Sandra Romero Studart
Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral
                               (CNPq / MS-SCTIE-DECIT)
                           Instituto de Medicina Social – UERJ

10. Departamento de Psicologia - Instituto Paulista de Sexualidade
Endereço: Rua Traipu, 523 - São Paulo, SP. CEP: 01235-000
Telefone: (11) 36623139 / (11) 36665421
e-mail:: inpaex@uol.com.br
Responsável: Oswaldo M. Rodrigues Jr. (psicólogo)

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Relatorio preliminar dos servicos que prestam assistencia a transexuais na rede de saude publica no brasil aran - 2009

  • 1. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RELATÓRIO PRELIMINAR DOS SERVIÇOS QUE PRESTAM ASSISTÊNCIA A TRANSEXUAIS NA REDE DE SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Márcia Arán e Daniela Murta TÍTULO DO PROJETO: Transexualidade e saúde: condições de acesso e cuidado integral COORDENADORA DO PROJETO: Márcia Arán PESQUISADORAS: Daniela Murta e Fátima Lima PESQUISADORA COLABORADORA: Tatiana Lionço INSTITUIÇÃO EXECUTORA: Instituto de Medicina Social da UERJ Edital MCT – CNPq / MS-SCTIE – Nº 26/2006
  • 2. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ TRANSEXUALIDADE E SAÚDE: CONDIÇÕES DE ACESSO E CUIDADO INTEGRAL1 RESUMO: Este trabalho tem como objetivo geral aprofundar o conhecimento sobre o acesso e o processo de cuidado integral à saúde de transexuais na rede pública de saúde brasileira, com vistas a contribuir na proposição de políticas de saúde a esse segmento. Com esta finalidade compreende os seguintes objetivos específicos: a) revisar o estado atual de conhecimento sobre transexualidade e a problematização do diagnóstico de “transtorno de identidade de gênero”, bem como as implicações colocadas para o atendimento à saúde destes pacientes; b) levantar os serviços de assistência a transexuais existentes nos Hospitais Públicos no Brasil; c) conhecer o espectro e as características dos serviços ofertados aos transexuais nos serviços identificados no levantamento precedente; c) investigar com maior detalhamento, em uma pequena amostra de serviços, o processo de cuidado prestado aos transexuais, tomando por referência a integralidade, o acesso e a equidade do cuidado; d) estudar um conjunto de usuários destes serviços com foco nas características da demanda, nas dificuldades de acesso a um cuidado integral e na diversidade da construção de gênero e de formas de subjetivação na transexualidade, e) elaborar um conjunto de proposições que subsidiem políticas publicas de assistência aos transexuais no âmbito do SUS. Na etapa inicial desta pesquisa foi realizada uma revisão bibliográfica com foco na noção de transexualidade na medicina, sexologia, psiquiatria, psicanálise e saúde coletiva, com vistas a uma melhor demarcação do problema do diagnóstico de “transtorno de identidade de gênero”, identificando assim o espectro de cuidados necessários à assistência integral destes indivíduos no sistema de saúde. Concorrentemente, foi feito um levantamento preliminar de todos os Hospitais Públicos que prestam assistência a pacientes transexuais no país. Os hospitais identificados foram contatados por telefone buscando-se identificar o serviço e o responsável pela assistência aos pacientes transexuais. Estes responsáveis receberão uma correspondência especifica onde serão explanados os objetivos da pesquisa. Além disso, serão solicitadas respostas a um pequeno inquérito que visará o conhecimento preliminar do funcionamento dos Serviços. Na etapa posterior, uma pequena amostra de serviços foi selecionada com vistas a se investigar o processo especifico do atendimento prestado aos transexuais. A busca dos aspectos relativos à oferta dos serviços estará organizada em torno de duas estratégias metodológicas. A primeira refere-se ao levantamento das informações disponíveis em cada instituição acerca de: tempo e história da implementação do serviço, as metas institucionais; dados estatísticos de produção pelos Serviços; espectro do cuidado ofertado, quantificação da oferta; características sócio- demográficas dos usuários acompanhados; capacidade de cobertura, financiamento das atividades 1 Parte deste Relatório foi publicado em ARAN; M.; MURTA; D. (2009).
  • 3. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ ofertadas. A outra estratégia consistirá na realização de entrevistas semi-dirigidas com os profissionais como também numa observação livre sobre o funcionamento dos serviços, os problemas vivenciados, os dispositivos de cuidado institucionalizados, a compreensão e a problematização do diagnóstico de transexualismo e do fenômeno da transexualidade, e os principais dilemas éticos e jurídicos enfrentados. Em relação aos usuários serão realizadas entrevistas semi-dirigidas e organizados grupos focais que buscarão identificar a diversidade de construções do gênero, práticas sexuais, sofrimento psíquico, atuação profissional atual e passadas considerando-se as dificuldades encontradas para o exercício da profissão escolhida, demanda pelo processo transexualizador, buscas anteriores de cuidado e principais obstáculos encontrados, assistência recebida no serviço atual, tempo e grau de vínculo formado com o serviço, assistência jurídica recebida para adequação da identidade civil, e grau de satisfação com a assistência recebida na atualidade e no passado. Os dados relativos à oferta assistencial deverão ser analisados na forma de tabelas descritivas e análises de freqüência. Já as entrevistas e grupos serão gravados, transcritos e submetidos à analise de conteúdo. A análise e sistematização das várias etapas precedentes deverão permitir a elaboração de um conjunto de proposições que sirvam como subsídio às políticas públicas de assistência aos transexuais no âmbito do SUS.
  • 4. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ RELATÓRIO PRELIMINAR SOBRE OS SERVIÇOS QUE PRESTAM ASSISTÊNCIA A TRANSEXUAIS NA REDE DE SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL I. Levantamento dos Serviços Os serviços que prestam assistência a transexuais que procuram tratamento para a realização do processo transexualizador no Brasil foram organizados a partir da regulamentação desta prática, após a publicação da Resolução nº 1.482/97 do Conselho Federal de Medicina. Considerado um atendimento de alta complexidade, a maioria destes serviços encontra-se em hospitais públicos universitários, localizados nas regiões Sul e Sudeste do país. De modo geral, a equipe é composta por cirurgião reconstrutor genital (urologista e/ou ginecologista), psiquiatra, psicólogo, endocrinologista, cirurgião plástico, assistente social e enfermagem, sendo que o número de profissionais envolvidos varia de acordo com cada instituição. Os profissionais de outras especialidades que participam desses serviços, como geneticista, cirurgião geral, anestesista, mastologista, otorrinolaringologista e fonoaudiólogo, normalmente atendem sob demanda. Além disso, alguns desses serviços têm convênio com uma assessoria jurídica para mudança do nome civil, que está condicionada, na maioria dos casos, à realização da cirurgia de transgenitalização. Nota-se que um dos principais desafios para implementação desta modalidade de assistência é a capacitação profissional da equipe interdisciplinar e medidas de humanização, para que se possa garantir um atendimento de qualidade e livre de discriminação. Em todos os serviços analisados, as intervenções médico-cirúrgicas atendem aos critérios estipulados pela Resolução nº 1.652/2002 do CFM, que determinam o prazo mínimo de dois anos de acompanhamento terapêutico como condição para realização da cirurgia de transgenitalização, bem como a maioridade e o diagnóstico de transexualismo. Transcorridos os dois anos, caso o(a) usuário(a) seja considerado(a) transexual e tenha condições clínicas, pode ser encaminhado(a) para a realização do procedimento cirúrgico. No entanto, devido à dificuldade de agendamento das cirurgias, os(as) usuários(as) transexuais têm permanecido por muito mais tempo aguardando a realização da cirurgia. Em caso de internação médico- hospitalar, na maioria das vezes os homens e mulheres transexuais são internados na enfermaria em conformidade ao sexo com o qual se identificam socialmente, a despeito do nome que conste no registro civil, ou num leito específico para esse programa assistencial.
  • 5. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ Tendo como referência o relatório da I Jornada sobre Transexualidade e Saúde no Brasil organizada pelo Instituto de Medicina Social da UERJ e pela Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde (UERJ, 2005); os contatos realizados nas reuniões do Comitê Saúde LGBTT do Ministério da Saúde sobre o Processo Transexualizador no SUS (Brasília, 2006); o Seminário Nacional: Saúde da população LGBTT na construção do SUS (2007); a Oficina sobre o Processo Transexualizador no SUS (2007), os Fóruns do Coletivo Nacional de Transexuais e informações disponibilizadas por profissionais de diversos Serviços e acesso à página http://www.ims.uerj.br/transexualidadesaude2, realizamos um levantamento preliminar dos Serviços que prestam assistência a transexuais no Brasil. Os Serviços pesquisados foram os seguintes: 1. Programa de Transtorno de Identidade de Gênero (PROTIG) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre – UFRGS 2. Unidade de Urologia Reconstrutora Genital do Hospital Universitário Pedro Ernesto – UERJ 3. Ambulatório de Transexualidade - Projeto Sexualidade (PROSEX) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP 4. Projeto Transexualismo do Hospital das Clínicas de Goiânia 5. Programa de Atendimento a Transexuais e Cirurgia de Transgenitalização do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho UFRJ 6. Ambulatório de Endocrinologia Especial (Transtorno de Identidade de Gênero) do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE) 7. Hospital das Clínicas da UFMG 8. Transexualidade - Serviço de Urologia da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto da Faculdade de Medicina e Hospital de Base 9. Atendimento Ambulatorial a Transexuais do Hospital Universitário de Brasília 10. Departamento de Psicologia do Instituto Paulista de Sexualidade Desses serviços, apenas sete se dispuseram a responder a um questionário detalhado. Um dos serviços contatados foi excluído dessa segunda etapa da pesquisa exploratória por se 2 Ver anexo 1.
  • 6. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ tratar de um programa assistencial particular. Além disto, é importante destacar que durante a realização desta pesquisa 4 destes serviços foram credenciados como Centros de Referência para o atendimento interdisciplinar a usuários(as) transexuais no SUS. Neste sentido, os quatro primeiros Serviços referidos passaram a receber os recursos repassados pela Alta Complexidade para a realização dos procedimentos cirúrgicos. Tabela 1: Características básicas dos serviços públicos de assistência a transexuais. Ambulatório Ano de início/ Leitos Modo de Natureza Especializado Tempo de reservados financiamento Assessoria Instituição Jurídica para Funcionamento para dos cuidados Jurídica Transexuais do Serviço transexuais disponíveis Hospital Recurso da SES Apenas para Universitário 11 anos/ ou MS/ agosto UFRGS Sim sim troca de sexo e Público 1997 2008 credenciado nome Federal pelo SUS Recurso da Hospital instituição + Universitário 10 anos/ recursos da SES USP Sim sim não Público 1998 ou SMS/ agosto Estadual 2008 credenciado pelo SUS Hospital Não informou/ Universitário 5 anos/ agosto 2008 Defensoria UERJ Sim não Público 2003 credenciado pelo pública do RJ Estadual SUS Recurso da SES HC- Hospital 9 anos/ ou SMS/ agosto Sim não não GOIÂNIA Universitário 1999 2008 credenciado pelo SUS Hospital Universitário 10 anos Recurso da Defensoria UFRJ Sim não Público 1998 instituição pública do RJ Federal Recurso da Hospital 8 anos/ instituição + IEDE Público sim não não 2000 recursos SES ou Estadual SMS A Coordenação dos respectivos Serviços é realizada pela especialidade médica responsável pela porta de entrada no Programa.
  • 7. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ  URFGS – Urologia  USP – Saúde Mental/ Endocrinologia  UERJ- Urologia  HC/ Goiânia – Ginecologia  UFRJ – Saúde Mental  IEDE – Endocrinologia Tabela 2: Serviços ofertados e número de profissionais envolvidos Serviços Ofertados HC - (Numero de UFRGS USP UERJ UFRJ IEDE GOIANIA profissionais envolvidos) Urologia 3 2 1 1 1 0 Endocrinologia 1 1 1 1 0 1 Ginecologia 2 1 1 2 1 1 Genética 1 1 1 1 0 1 Cirurgia Geral 0 1 1 - 0 0 Cirurgia 2 1 1 1 1 0 Plástica Psiquiatria 3 1 1 2 1 1 Psicologia 2 3 1 1 1 1 Serviço Social 2 1 1 1 0 1 Atendimento 5 4 0 - 1 1 em Grupo Graduandos Sim não sim sim Não não Mastologia 2, Otorrino 1, Enfermagem Otorrino , Fono.1 Outros Fono. 1, 1 Anestesio. 1 0 Fono. 1 Enfermagem 1 Desembargador Otorrino 1 1
  • 8. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ Em todos os serviços analisados as intervenções médico-cirúrgicas atendem aos critérios estipulados pela Resolução Nº 1.652/2002 do CFM, que determinam o prazo mínimo de 2 anos de acompanhamento terapêutico como condição para a realização da cirurgia de transgenitalização, bem como a maioridade e o diagnóstico de transexualismo. Transcorridos os dois ano, caso o(a) usuário(a) seja considerado(a) transexual e tenha condições clínicas, pode ser encaminhado(a) para a realização do procedimento cirúrgico. No entanto, devido à dificuldade de agendamento das cirurgias, os(as) usuários(as) transexuais tem permanecido por muito mais tempo aguardando a realização da cirurgia. Em caso de internação médico- hospitalar, na maioria das vezes os homens e mulheres transexuais são internados na enfermaria em conformidade ao sexo com o qual se identificam socialmente, a despeito do nome que conste no registro civil, ou num leito específico para esse programa assistencial. Tabela 3. HC- UFRGS USP UERJ UFRJ IEDE GOIANIA Tempo de espera média para cirurgia (após 2 imediato 2 anos 2 anos 3 a 4 meses 2 anos 4 anos anos) Equipe acompanha na sim sim sim sim sim não internação O processo de cuidado relatado pelos profissionais consiste no atendimento clínico, particularmente na hormônioterapia, no atendimento psicológico e psiquiátrico e na realização das cirurgias de transgenitalização e de caracteres sexuais secundários. Estes procedimentos foram normatizados por meio da Portaria GM n. 1.707 de 18 de agosto de 2008 (Brasil, 2008a) do Ministério da Saúde, que estabeleceu diretrizes técnicas e éticas para o processo transexualizador no SUS. De acordo com essa portaria, o Ministério da Saúde reconhece que a orientação sexual e a identidade de gênero são determinantes e condicionantes da situação de saúde, e que o mal-estar e o sentimento de inadaptação em relação ao sexo anatômico dos usuários transexuais deve ser acolhido e tratado pelo SUS, seguindo os preceitos da universalidade, integralidade e da equidade da atenção.
  • 9. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ II. Tratamento cirúrgico Em caso de internação médico-hospitalar, na maioria das vezes os homens e mulheres transexuais são internados na enfermaria em conformidade ao sexo com o qual se identificam socialmente, a despeito do nome que conste no registro civil, ou num leito específico para esse programa assistencial. Nessa internação, de modo geral, são acompanhados pela mesma equipe do ambulatório. Antes da realização da cirurgia aplica-se um Termo de Consentimento para que o paciente autorize os procedimentos que serão realizados. 1. Cirurgia de Redesignação Sexual em Mulheres transexuais (MtF) Na cirurgia de redesignação sexual de mulheres transexuais (MtF) é utilizado como tática cirúrgica da transgenitalização a retirada ou desmembramento do pênis, a retirada parcial do escroto, orquiectomia bilateral, uretroplastia, construção da neovagina, neoclitoroplastia e neovulvoplastia. No que se refere à tática para a modificação dos caracteres sexuais secundários utiliza-se a mamoplastia; cricotireoplastia; cirurgia de cordas vocais, cirurgia feminilizante de face e contorno corporal e realização de depilação definitiva. Para cada etapa da tática cirúrgica, tanto da transgenitalização quanto da modificação de caracteres secundários, há diversas técnicas descritas. Além disso, é importante realçar que as cirurgias de modificação de caracteres sexuais secundários não são aplicáveis a todas as usuárias, dependendo do resultado individual da hormônioterapia feminilizante. 2. Cirurgia de Redesignação Sexual realizada em Homens transexuais (FtM) Na redesignação sexual de homens transexuais (FtM) – a qual permanece como cirurgia experimental - são utilizadas como táticas cirúrgicas de transgenitalização a histerosalpingoooforectomia, a colpectomia, a neofaloplastia e a escrotoplastia. Do mesmo modo que na transgenitalização de mulheres transexuais (MtF), nesses procedimentos leva-se em conta a diversidade de técnicas descritas para cada etapa da tática cirúrgica. Nesses casos, ainda que tenha um papel fundamental no processo transexualizador, podendo ser realizada antes (ou independentemente) da cirurgia genital, a mastectomia bilateral é definida como cirurgia de caractere sexual secundário.
  • 10. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ Como se pode perceber tratam-se de cirurgias de grande porte e que têm um caráter irreversível. Neste sentido algumas considerações se fazem necessárias. Primeiro, é de fundamental importância que os(as) usuários(as) sejam esclarecidos de todas as conseqüências funcionais e estéticas destes procedimentos, além dos possíveis riscos. O contato prévio com os médicos e com outros pacientes que já realizaram as cirurgias poderá ser de grande valia para ajudar na tomada de decisão em relação à efetivação da cirurgia. Além disto, é importante considerar em que contexto se dá a opção pela transformação corporal, já que em função da extrema vulnerabilidade da população trans no país, a cirurgia de transgenitalização pode se apresentar como uma tábua de salvação, se constituído como única possibilidade de inclusão social. Assim, constatamos que alguns homens e mulheres transexuais podem desejar a cirurgia de transgenitalização pela exclusiva necessidade de reconhecimento social mais amplo, o que nos faz pensar que a cirurgia não necessariamente seria indicada se vivêssemos num mundo onde a diversidade de gênero fosse possível. Estas pessoas, não apenas já têm uma vida afetiva e sexual satisfatória, como também já são reconhecidas pelo gênero que dizem pertencer e em outras condições poderiam permanecer como estão, desde que pudessem realizar a mudança do nome civil. Nestes casos, a real necessidade de cirurgia poderá ser relativizada. Porém, outras pessoas consideram a realização de modificações corporais, inclusive a cirurgia de transgenitalização, um evento vital para a construção de si, sendo a possibilidade de modificação corporal fundamental para o delineamento de seus projetos de vida. Entre estes extremos há um continuum de possibilidades que devem ser consideradas. Como por exemplo, muitos homens trans que desejam a realização de cirurgias para a modificação de caracteres sexuais secundários (como a mastectomia), mas não desejam realizar a de cirurgia de transgenitalização. É por isto que a individualização do cuidado é parte constitutiva de qualquer projeto baseado na integralidade da assistência. III. Tratamento Endocrinológico O tratamento endocrinológico tem como objetivo induzir o aparecimento de caracteres sexuais secundários compatíveis com a identificação de gênero através de terapia hormonal, assim como possibilitar o acompanhamento clínico. Este tratamento deve ser realizado pelo resto da vida e só será interrompido para a realização da cirurgia. É de fundamental importância estabelecer a dose ideal do medicamento para cada pessoa, destacando-se o fato
  • 11. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ de que não há necessidade de doses elevadas de hormônios para se alcançar os efeitos desejados ou alcançá-los mais rapidamente. A terapia hormonal, prescrita após o diagnóstico de transexualismo pode ser realizada pelo endocrinologista ou urologista. A maioria dos(das) usuários(as) chegam aos serviços já tendo feito uso anterior (auto-medicação) de algum tipo de hormônio por indicação de amigos ou através de informações coletadas na internet. No caso de mulheres transexuais (MtF), na auto-medicação normalmente são utilizadas pílulas anticoncepcionais em grande quantidade - as pacientes tomam muitos comprimidos por dia acreditando que assim terão um efeito mais rápido - e hormônios indicados para reposição hormonal de mulheres na menopausa. Além disso, a literatura especializada aponta para a necessidade de pesquisas empíricas sobre os efeitos colaterais do uso prolongado de hormônios. No processo transexualizador, a terapia hormonal para mulheres transexuais (MtF) consiste na administração de anti-androgênios (hormônios com a finalidade de diminuir as características masculinas) e estrogênio, através de doses adequadas individualmente para um melhor resultado terapêutico e com menos efeitos colaterais. Dos estrogênios os mais prescritos são 17ß-Estradiol e dos anti-androgênicos o Acetato de Ciproterona (Nome comercial - Androcur), porém existem várias outras formas de administração do medicamento. No caso dos homens transexuais (FtM), existem diversas opções de terapia de reposição androgênica disponíveis no mercado. A testosterona é o principal hormônio utilizado para induzir o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários masculinos, podendo ser administrada por injeções intramusculares de ésteres de testosterona, vias transdérmicas como adesivos, géis de testosterona e de dihidrotestosterona (DHT) e sistemas subcutâneos como o adesivo bucal e o undecanoato de testosterona oral3. 3 Para mais detalhes ver Athayde (2001) e Costa (2009).
  • 12. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ Tabela 4. Dispensação de medicamentos HC- Medicamentos URGS USP UERJ UFRJ IEDE GOIÂNIA Acesso ao sim sim não não não Sim medicamento Local de Farmácia Farmácia - - - IEDE dispensação CEME ambulatório Descontinuidade no não sim - - - sim fornecimento Componente Componente básico da excepcional da assistência assistência farmacêutica do Tipo de não farmacêutica do SUS e alto custo - - medicamento informou SUS (acetato de excepcional ciproterona) e fora dos 17 beta protocolos do estradiol SUS IV. Tratamento Psicológico e Psiquiátrico A maioria dos serviços tem como orientação terapêutica a realização do diagnóstico psiquiátrico de transtorno de identidade de gênero, sendo que a principal preocupação é a regulamentação do acesso e a necessidade de se ter certeza sobre a decisão da realização de modificações corporais, em especial no que se refere à cirurgia de transgenitalização, dado seu caráter irreversível. O diagnóstico psiquiátrico é realizado no início do tratamento, através da avaliação clínica psiquiátrica e, em alguns casos, são utilizados testes psicológicos. A partir de avaliação especializada, os usuários e usuárias são encaminhados para atendimento psicológico em grupo ou individual, como também para acompanhamento psiquiátrico quando necessário. É fato que a vivência da transexualidade pode acarretar problemas relacionados à vida psíquica, em geral marcada pelo trauma do não reconhecimento, da injúria e da exclusão social, assim como por dificuldades provenientes de problemas familiares e de relacionamentos sexuais e afetivos. Esta experiência pode se constituir num intenso sofrimento psíquico, que aparece muitas vezes sob a forma de tentativas de suicídio,
  • 13. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ depressão, transtornos alimentares e angústias das mais diversas formas, provocadas não apenas pelo conflito de não-pertencimento ao sexo biológico como também pelas inúmeras consequências sociais, éticas, jurídicas e culturais intrínsecas a esta condição. Todavia, ainda que a psiquiatria costume descrever estas experiências em termos de co-morbidade, não podemos perder de vista os contextos cultural e social nos quais estes sintomas aparecem, já que na transexualidade o risco de patologização de um problema social está sempre presente. Isto não significa, no entanto, que todas as pessoas trans padeçam do mesmo sofrimento e que tenham a mesma trajetória de vida. É surpreendente constatar como em condições adversas, homens e mulheres transexuais tenham conseguido construir suas vidas de forma satisfatória e produtiva. A partir da análise de entrevistas em profundidade com usários(as) dos serviços de saúde, temos afirmado que existem várias formas de subjetivação e construções de gênero na transexualidade (ARÁN; ZAIDHAFT; MURTA, 2008; ARÁN; MURTA; LIONÇO, 2008; MURTA, 2007; ARÁN, 2006; LIONÇO, 2006; BENTO, 2006; ZAMBRANO, 2003). Mais do que isto, consideramos que a transexualidade é uma categoria em constante negociação. Neste sentido, se ela pode expressar em parte a experiência de sujeitos que solicitam modificações corporais do sexo em função de um sentimento de desacordo entre sexo e gênero, no nosso ponto de vida ela não expressa um modo de funcionamento psíquico específico, nem mesmo uma estrutura clínica. Nesse sentido, propomos pensar que apesar do sentimento de pertencimento ao gênero oposto ao sexo anatômico, a transexualidade não necessariamente fixa uma posição subjetiva. É importante deslocar a manifestação social da transexualidade da necessidade de traduzi-la imediatamente numa patologia, numa estrutura ou num modo de funcionamento específico, o que nos permitiria escapar da necessidade de enquadrar homens e mulheres transexuais num diagnóstico psiquiátrico. V. Freqüência dos Atendimentos A maioria dos Serviços relata atendimento interdisciplinar com freqüência regular. No entanto, como na maioria dos serviços o tempo de espera para a realização da cirurgia é muito longo, o espaço entre estes atendimentos tem se prolongado significativamente. Além disto, também na maioria dos serviços, no pós-operatório, os usuários e usuárias continuam ligados ao Programa o que significa uma permanência destes pacientes nos referidos Hospitais.
  • 14. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ Tabela 5. Freqüência dos atendimentos nos serviços disponíveis Freqüência dos UFRGS USP UERJ HC-GOIANIA UFRJ IEDE Atendimentos trimestral e pré e pós Urologia mensal demanda demanda - demanda operatório outras doenças Endocrinologia trimestral demanda - - trimestral endocrinológicas demanda de demanda de homens Ginecologia demanda homens mensal - demanda transexuais transexuais (FtM) demanda para Genética semestral demanda demanda - demanda sindrômicos demanda Cirurgia Geral - demanda (integralidade - - - da atenção) Cirurgia pré e pós demanda semanal demanda pré-cirúrgico - plástica operatório quinzenal, mensal trimestral e 3 em 3 Psiquiatria quinzenal semanal (indicação - demanda semanas, específica) mensal trimestral e Psicologia quinzenal semanal semanal mensal semanal demanda quinzenal, avaliação do 3 em 3 Serviço Social quinzenal demanda demanda demanda profissional semanas, mensal Atendimento quinzenal semanal - - mensal mensal em Grupo Otorrino/ Cabeça e Outros - demanda demanda - - pescoço - demanda VI. Rede de Saúde A maioria dos Serviços já funciona como Centros de Referência para outros estados e municípios, recebendo usuários de diversas cidades. Em alguns desses casos, nota-se que as Secretarias Municipais de Saúde dos municípios de origem oferecem algum tipo de auxílio para o deslocamento até os hospitais. No entanto, os coordenadores dos Serviços consideram de fundamental importância a organização de uma rede de assistência que possa abarcar com o transporte, estadia e os demias custos destes deslocamentos.
  • 15. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ Tabela 6. Atendimento interinstitucional Rede de Saúde UFRGS USP UERJ HC-GOIANIA UFRJ IEDE Atendimento não não sim não sim sim inter-institucional Atenção a paciente de outras cidades e sim sim sim sim sim sim estados Local de realização de próprio próprio próprio próprio próprio exames próprio serviço serviço e em serviço serviço serviço serviço complementares outros Tabela 7. Número aproximado de Usuários(as) atendidos(as) nos Serviços até 06/2008 Usuários (as) atendidos (as) UFRGS USP UERJ HC-GOIANIA UFRJ IEDE N. de mulheres transexuais (MtF) 171 238 20 19 25 79 atendidas pré-operatório N. de homens transexuais (FtM) 21 55 2 7 4 1 atendidos pré-operatório N. de mulheres transexuais (MtF) 96 18 20 19 6 20 atendidas pós-operatório N. de homens transexuais (FtM) 14 8 0 7 2 0 atendidos no pós-operatório Outro aspecto que se destaca é o exponencial crescimento do número de usuários que se definem como transexuais que procuram esses serviços com demanda clínica-cirúrgica de redesignação sexual. A partir de um levantamento aproximado é possível calcular que mais ou menos 700 mulheres transexuais (MtF) e 120 homens transexuais (FtM) já foram atendidos nos serviços públicos de assistência a essa clientela existentes no país até o primeiro semestre de 2008. Contudo, vale destacar que esses números não refletem uma estimativa da necessidade de demanda, pois não contemplam as demandas reprimidas, não registradas e atendidas no âmbito particular.
  • 16. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ Tabela 8. Número aproximado de Usuários(as) atendidos(as) nos Serviços até 06/2008 HC- Usuários (as) atendidos (as) UFRGS USP UERJ UFRJ IEDE GOIANIA N. de mulheres transexuais (MtF) 171 238 20 19 25 79 atendidas pré-operatório N. de homens transexuais (FtM) 21 55 2 7 4 1 atendidos pré-operatório N. de mulheres transexuais (MtF) 96 18 20 19 6 20 atendidas pós-operatório N. de homens transexuais (FtM) 14 8 0 7 2 0 atendidos no pós-operatório Tabela 9. Número aproximado de Usuários(as) em atendimento nos Serviços em 2008 Dados de usuários em HC- UFRGS USP UERJ UFRJ IEDE Atendimento GOIANIA N. de mulheres transexuais(MtF) 65 78 50 21 13 29 atendidas pré-operatório N. de homens transexuais (FtM) 8 7 1 3 2 1 atendidos pré-operatório N. de mulheres transexuais (MtF) 21 7 alta 14 6 9 atendidas pós-operatório N. de homens transexuais (FtM) 6 6 alta 7 2 0 atendidos no pós-operatório
  • 17. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ Tabela 10. Dados sobre as cirurgias realizadas nos Serviços até 06/2008 Acesso a Cirurgias Tipo de cirurgias Acompanhamento Índice de procedimentos realizadas realizadas no pós-operatório recirurgias complementares 15% para 96 (MtF) Transgenitalização e MtF e FtM UFRGS sim (2 anos) Sim 16 (?) (FtM) caracteres secundários avaliação de necessidade mastectomia bilateral, histerectomia, ooforectomia bilateral e masculinização da genitália externa em 19 (MtF) transexuais FtM e USP sim Sim 80% 6 (?) (FtM) neovaginoplastia, amputação peniana, orquiectomia bilateral e escrotoplastia e neouretroplastia em MtF 10% e correção de 20 (MtF) transgentalização e cirurgias UERJ sim Sim 0 (FtM) caracteres secundários realizadas em outras instituições 6 (MtF) transgenitalização 1 (FtM) – UFRJ (MtF) e mastectomia sim Sim 80% caracteres (FtM) secundários 19 (MtF) 8 (FtM) - 2 Transgenitalização, HC- completas e histerectomia total, sim Não 3a4 GOIANIA 6 caracteres vaginal, mastectomia secundários Não realiza Não realiza IEDE - sim Não cirurgia cirurgia
  • 18. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ Desde 1997 vem ocorrendo um crescimento significativo do número de usuários(as) que se definem como transexuais e que procuram tratamento para a realização do processo transexualizador . Tendo como referência os dados coletados na pesquisa referida, no inicio de 2008, 700 mulheres transexuais (MtF - male to female) e 120 homens transexuais (FtM - female to male) já haviam sido atendidos. Deste montante, 366 usuários(as) encontram-se em atendimento no momento - 256 mulheres transexuais (MtF) e 22 homens transexuais (FtM) estão em acompanhamento pré-operatório e 57 mulheres transexuais (MtF) e 31 homens transexuais (FtM) estão em acompanhamento pós-operatório -. O número de cirurgias já realizadas em mulheres transexuais (MtF), aproximadamente 160 até o início de 2008, é bem superior ao de cirurgias realizadas em homens transexuais (FtM), aproximadamente 30 no mesmo período, Nestes casos a maioria são modificações de caracteres sexuais secundários, já que a transexualização de mulher para homem é mais complexa e permanece sendo uma cirurgia experimental. No entanto, é importante destacar que estes números são aproximados. Considerando o aumento da visibilidade desta modalidade de assistência no último ano, é provável que o número de pacientes atendidos seja bem mais expressivo. Além disto, estes números não refletem a provável demanda reprimida e as barreiras de acesso na busca por este tratamento, principalmente pelo fato de não existir uma política de atenção básica para esta clientela. Não temos também o registro dos atendimentos realizados no setor privado. VII. Desafios para a Regulamentação do Processo Transexualizador no SUS A partir deste breve panorama do estado da arte da assistência a transexuais no Brasil, podemos perceber o enorme avanço que tem significado a gestão de políticas públicas para esta população. Vários atores sociais contribuíram para a promoção do debate público sobre o tema, dando visibilidade para a vulnerabilidade da população transexual no país. Dentre elas, destaca-se a valiosa contribuição dos coordenadores dos programas assistenciais que construíram um espaço de atenção a essa clientela, muitas vezes enfrentando enorme resistência institucional devido não apenas ao preconceito, à homofobia e à discriminação incutidas em algumas práticas de saúde, como também a dificuldades de compreensão da importância do principio da equidade. Além disso, foi de fundamental importância a ação do Ministério Público Federal para a inclusão da cirurgia de transgenitalização na tabela de procedimentos do SUS em 2001. A instituição do Comitê Técnico Saúde da População LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) pela Portaria GM nº. 2.227 em 2004, a
  • 19. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ criação do Coletivo Nacional de Transexuais em 2005, as reuniões e seminários realizados no Ministério da Saúde sobre o processo transexualizador no SUS e as contribuição de pesquisadores acadêmicos permitiram o estabelecimento de pactuações sobre propostas de saúde integral. Todas essas iniciativas culminaram na publicação da Portaria nº 1.707/2008 do Ministério da Saúde, referida acima, que institui no Sistema Único de Saúde (SUS) o Processo Transexualizador, através da constituição de serviços de referência que estejam habilitados a prestar atenção integral e humanizada a transexuais. Todavia, as discussões sobre o tema não se encerram. É de fundamental importância o fortalecimento das medidas anunciadas pelo Ministério da Saúde com o estabelecimento de prazos e metas para o credenciamento dos serviços; a promoção de uma política de atenção básica; a imediata discussão sobre a especificidade da assistência a homens transexuais (FtM); a construção de uma rede com sistema jurídico para a mudança do nome civil independentemente da realização da cirurgia de transgenitalizaçõ entre outras. No entanto, do nosso ponto de vista, o grande desafio na regulação desta prática consiste em transitar entre a importância da normatização do acesso à saúde e o reconhecimento do sofrimento psíquico - implícitos no diagnostico de transtorno de identidade de gênero - e a necessidade da problematização da restrição da compreensão da experiência da transexualidade a partir deste diagnóstico psiquiátrico - implícitos na noção de saúde integral. Ainda que a transexualidade esteja definida como um transtorno mental e a institucionalização da assistência a essa população esteja baseada em um modelo biomédico, o fato de se definir uma política de saúde integral tendo como referência os princípios do SUS permite uma ampliação da noção de saúde, a qual não deve ficar restrita à ausência de doença. Desta forma, por um lado, deve-se considerar a noção de sofrimento psíquico e corporal como critério de acesso à saúde sem que necessariamente este sofrimento tenha que ser patologizado, já que um conceito positivo de saúde pressupõe que esta não se define nem por uma média nem por um ideal, mas por sua plasticidade normativa (MARTINS, 2004). Além disso, na perspectiva da integralidade, é fundamental levarmos em consideração a especificidade de cada encontro para a elaboração do projeto terapêutico de cada paciente de acordo com seus sofrimentos, suas expectativas, seus temores e seus desejos (MATTOS, 2004). Assim, o projeto terapêutico de modificação corporal de sexo deve levar em conta a diversidade e a singularidade das narrativas trans, nem todas as pessoas desejam e necessitam
  • 20. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ os mesmos procedimentos de cuidado. Por outro lado, como dissemos anteriormente, mesmo considerando o inegável benefício que alguns serviços têm prestado a usuários transexuais, a exigência do diagnóstico psiquiátrico como condição de acesso ao tratamento permanece como um problema, sendo necessário colocar em questão a noção de “transexual verdadeiro”, fortemente veiculada nos manuais diagnósticos, que acaba por conceber um comportamento fixo, rígido, adequado às normas de feminilidade ou de masculinidade. Sabemos o quanto este diagnóstico veicula uma gramática normativa que acaba por considerar o transexualismo uma patologia (“transtorno de identidade”) - pelo simples fato da não-conformidade entre sexo biológico e gênero, sem nenhum outro fundamento psicopatológico. Nesta gramática, gêneros inteligíveis são aqueles que mantêm uma continuidade entre sexo, gênero, práticas sexuais e desejo, por intermédio dos quais a identidade é reconhecida e adquire efeito de substância. Em tal caso, os espectros de descontinuidade e incoerência transformados em patologia só se tornam concebíveis em função deste sistema normativo (ARÁN, 2006). No entanto, nas fronteiras da saúde, por influência do movimento feminista, do movimento de gays e lésbicas, e mais recentemente, do movimento de transexuais, travestis e transgêneros, alguns enunciados são deslocados dos discursos médicos e reapropriados em outros contextos, promovendo novos sujeitos do conhecimento, numa nova micropolítica de gênero. O que permanece como questão ética e política são os critérios para garantir o acesso às tecnologias de modificação do sexo corporal. É importante reconhecer que a noção de transexualidade tem sido utilizada de diversas formas. O Coletivo Nacional de Transexuais vem propondo a noção de homens e mulheres que vivenciam a transexualidade com o objetivo de enfatizar que a transexualidade não é uma identidade, justamente porque as pessoas se definem e se reconhecem como homens e mulheres e não como transexuais. Outros grupos preferem utilizar a definição Homens transexuais e Mulheres transexuais, incorporando em parte a noção de transexualidade como definição de si; e ainda um grupo minoritário prefere a noção de transgênero para expressar a possibilidade de um cruzamento de gêneros. Além disso, ainda que no meio médico exista uma clara distinção entre transexuais e travestis, vários pessoas transitam entre estas identidades. Finalmente, não há como não considerar que essas definições muitas vezes são moldadas a partir de uma exigência médica que prescreve a necessidade do diagnóstico de Transtorno de Identidade de Gênero como condição de acesso à saúde.
  • 21. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ VIII. Referências AMARAL, S. M. Manual Prático dos Direitos de Homossexuais e Transexuais. São Paulo: Edições Inteligentes, 2003. ARÁN, M. Transexualismo e cirurgia de transgenitalização: Biopoder / Biopotência. Brasília: SérieAnis nº 39, LetrasLivres, 1-4, abril, 2005 _____ A Transexualidade e a gramática normativa do sistema sexo-gênero. Ágora - Estudos em Teoria psicanalítica, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 49–63, 2006. _____ Algumas considerações sobre transexualidade e saúde pública no Brasil. Revista Polêmica, v. 1, p. 22, 2007. ARÁN, M. et al. Transexualidade e Saúde Pública: acúmulos consensuais de propostas para Atenção Integral, 2008 Disponível em: http://www.ims.uerj.br/transexualidadesaude/artigos/artigo005.pdf. Acesso em 15/12/2008. ARÁN, M. & CORRÊA, M. Novas tecnologias em saúde e os sistemas normativos de sexo-gênero In: GOMBERG, E.; MANDARINO, A.C.S. (Orgs.). Leituras das Novas Tecnologias em Saúde. Sergipe: Editora da Universidade Federal de Sergipe, p. 223-249, 2009. ARÁN, M.; LIONÇO, T. Mudança de sexo: uma questão de justiça para a saúde. Série Anis: Brasília, n. 53, 2007, p. 1–3. Disponível em: http://www.anis.org.br/serie/visualizar_serie.cfm?IdSerie=67. Acesso em: set. 2008. ARAN; M.; MURTA; D. Do diagnóstico de transtorno de identidade de gênero às redescrições da experiência da transexualidade: uma reflexão sobre gênero, tecnologia e saúde. Physis, vol.19, no.1, p.15-41. 2009. ARÁN, M. MURTA, D. LIONÇO, T. Transexualidade e saúde pública no Brasil. Ciência e Saúde Coletiva [online], Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: <http://www.abrasco.org.br/cienciaesaudecoletiva/artigos/artigo_int.php?id_artigo=1419>. Acesso em 30 de dezembro de 2008. ARÁN, M., MURTA, D., ZAIDHAFT, S. Transexualidade: corpo, subjetividade e saúde coletiva. Psicologia e Sociedade,v. 20, nº 1,Porto Alegre, ABRAPSO, 2008. ATHAYDE, A. V. L. Transexualismo masculino. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v.45, n. 4, p. 407–414, 2001. AWAD, M. C.; NOGUEIRA JUNIOR, J. ; SILVA, F. G. et al. The impact of male-to- female sex reassignment surgery on the quality of life of transsexual patients. In: Congreso de la Sociedad Latinoamericana de Medicina Sexual, 9, 2007, Lima, Journal of Sexual Medicine, 2007, v. 4., p. 24.
  • 22. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ _____ Avaliação da qualidade de vida em pacientes transexuais: o impacto da transgenitalização. In: Congresso Brasileiro de Urologia, 31, 2007, Salvador, International Brazilian Journal of Urology, 2007, v. 33. p. 304. BENEDETTI, M. R. Toda feita: o corpo e o gênero das travestis. Rio de Janeiro: Garamond, 2005. BENJAMIN, H. The transsexual phenomenon. New York: Julian Press, 1966. Disponível em: < http://www.symposion.com/ijt/benjamin/index.htm >. Acesso em 20 ago. 2006. BENTO, B. O que é Transexualidade? São Paulo, Editora Brasiliense - Coleção Primeiros Passos, 2008. ______. A reinvenção do corpo. Sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro: Garamond, 2006. ______. Transexuais, Corpos e Próteses. Labrys Estudos Feministas, nº 4, Departamento de História, Universidade de Brasília, 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 1.707/GM, de 18 de agosto de 2008. Institui, no âmbito do SUS, o Processo Transexualizador, a ser implantado nas unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 de agosto de 2008(a). _____ Portaria n. 457/SAS, de 19 de agosto de 2008. Regulamenta o Processo Transexualizador no SUS. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 de agosto de 2008(b). _____ Ministério da Saúde. Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde. 2006. Disponível em http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/cartilha_integra_direitos_2006.pdf. Acesso em: nov. 2008. _____ Ministério da Saúde. Portaria n. 2.227/GM, de 14 de outubro de 2004. Dispõe sobre a criação do Comitê Técnico Saúde para a formulação de proposta da Política Nacional de saúde da população gays, lésbicas, transgêneros e bissexuais – GLTB. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 de outubro de 2004. BUTLER, J. Undoing Gender. Nova York/Londres: Routledge, 2004. CALIFA, A. Par Le Mouvement transgenre. Paris: Epel, 2003. CASTEL, P. H. Algumas reflexões para estabelecer a cronologia de “fenômeno transexual” (1910 – 1995). Revista Brasileira de História, São Paulo, v.21, n 41, p.77 – 111, 2001. _____ La métamorphose impensable. Essai sur le transsexualisme et l'identité personnelle. Paris: Galimard, 2003 CAULDWELL, D. O. Psychopathia Transexualis. International Journal of Trangenderism. Minessota, vol.5, n. 2 abr./jun 2001. Disponível em: http://www.symposion.com/ijt/cauldwell/cauldwell 02.htm. Acesso em: 10 out. 2006. CHILAND, C. Le Transexulisme. Que sais-je? Paris: PUF, 2003
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  • 26. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ PRECIADO, B. El manifesto contrasexual. Madrid : Opera Prima, 2002. SAADEH, A. Transtorno de identidade sexual: um estudo psicopatológico de transexualismo masculino e feminino. 2004. [Tese de Doutorado] - Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. SILVA, E. A.; SILVA, L. S. X. ; SCHIAVINI, J. et al. Refinement of the genital surgery for the male-to-female transsexualism. In: Congreso de la Sociedad Latinoamericana para el Estúdio de la Impotencia y la Sexualidad, 8, 2006, Punta del Este, Journal of Sexual Medicine, 2005, v. Jan. p. 36. (Trabalho premiado em primeiro lugar, categoria Video). STOLLER, R. J. A experiência transexual. Rio de Janeiro: Imago, 1982. _____ The male transsexual as “experiment”. International Journal of Psychoanalysis, Los Angeles, v.54, p. 215 – 225, 1973. _____ Sex and Gender, v.1. Nova York : Science House, 1969 Teixeira, F. B. Vidas que desafiam corpos e sonhos: uma etnografia do construir-se outro no gênero e na sexualidade. [Tese de doutorado] - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campinas/ SP, 2009. VENTURA, M. Transexualismo e respeito à autonomia: um estudo bioético dos aspectos jurídicos e de saúde da "terapia para mudança de sexo". [Dissertação de Mestrado] - Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2007. _____ Transexualidade: Algumas reflexões jurídicas sobre a autonomia corporal e autodeterminação da identidade sexual. In: Rios, Roger R. (Org.). Em defesa dos Direitos Sexuais. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2007b. VENTURA, M & SCHRAMM, F. R. Limites e possibilidades do exercício de autonomia nas práticas terapêuticas de modificação corporal e alteração da identidade sexual. Physis, vol.19, no.1, p.65-94, 2009 Von Krafft-Ebing, R. Psychopathia sexualis: as histórias de caso. São Paulo: Martins Fontes; 2000. ZAMBRANO, E. Transexualismo e cirurgia de troca de sexo no Brasil: diálogo entre a medicina e o direito; 2005. Disponível em: http://www.ciudadaniasexual.org/boletin/b4/articulos.htm#1 Acesso em: 24/10/2007. _____Mudança de Nome no Registro Civil: a questão transexual. In: ÁVILA, M.B.; PORTELLA, A. B.; FERREIRA, V. Novas Legalidades e Democratização da Vida Social: família, sexualidade e aborto. Rio de Janeiro: Garamond, 2004. _____ Trocando os documentos: um estudo antropológico sobre a cirurgia de troca de sexo. 2003. Dissertação [Mestrado em Antropologia Social] – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003.
  • 27. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ ANEXO 1 1. Programa de Transtorno de Identidade de Gênero (PROTIG) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre - Universidade Federal do Rio Grande do Sul Endereço: Ramiro Barcelos, 2350 - Porto Alegre, RS. CEP: 90035-003 Telefone: (51) 3201-8294 e-mail: mlupo@pro.via-rs.com.br Responsável: Walter Koff (médico cirurgião) 2. Unidade de Urologia Reconstrutora Genital - Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE /UERJ) Endereço: Av. 28 de setembro, 77, 5º andar, Vila Isabel - Rio de Janeiro, RJ. ,CEP: 20550-900 Telefone: (21) 2587-6222 e-mail: pguro@uerj.br Responsável: Eloísio Alexsandro da Silva (médico cirurgião) 3. Ambulatório de Transexualidade - Projeto Sexualidade (PROSEX) - Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq-HCFMUSP) Endereço: Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar,255, Cerqueira - São Paulo, SP. ,CEP: 05403-000 Telefone: (11) 3069-6284/(11) 3069-6267 e-mail: alesaadeh@yahoo.com.br Responsável: Alexandre Saadeh (psiquiatra) 4. Projeto Transexualismo - Hospital das Clínicas de Goiânia Endereço: 1ª Avenida s/n - Praça Universitária, Setor Universitário – Goiânia, GO.,EP: 74605-220 Telefone: (62) 9971-8552 e-mail: dramariluza@hotmail.com Responsável: Mariluza Terra da Silveira
  • 28. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ 5. Programa de Atendimento a Transexuais e Cirurgia de Transgenitalização - Hospital Universitário Clementino Fraga Filho/ UFRJ Endereço: Av. Prof. Rodolpho Paulo Rocco 255 - Rio de Janeiro, RJ. CEP: 21941-913 Telefone: (21) 25622601 e-mail: szaidhaft@hucff.ufrj.br Responsável: Sérgio Zaidhaft (psiquiatra) 6. Ambulatório de Endocrinologia Especial (Transtorno de Identidade de Gênero) - Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE) Endereço: Rua Moncorvo Filho 90, Centro - Rio de Janeiro, RJ. CEP:20211-340 Telefone: (21) 22999285 e-mail: janelsms@terra.com.br Responsáveis: Jane Lílian Soares de Melo Silveira (endocrinologista) e Thaís Ribeiro (psicóloga) 7. Hospital das Clínicas da UFMG Endereço: Av. Alfredo Balena - Belo Horizonte, MG. CEP: 30130-100 Telefone: (31) 3248-9300 Responsável: 8. Transexualidade - Serviço de Urologia da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - Faculdade de Medicina e Hospital de Base Endereço: Av. Brigadeiro Faria Lima, 5416 - São José do Rio Preto, SP, CEP: 15090-000 Telefone: (17) 3201-5000 / (17) 3201-5700 e-mail: carlcury@terra.com.br Responsável: Carlos Abib Cury (médico cirurgião) 9. Atendimento Ambulatorial a Transexuais - Hospital Universitário de Brasília Endereço: Av. L - 2 Norte - Quadra 605 – Brasília, DF. CEP: 70732-500 Telefone: (61) 9914-5846 e-mail: Responsável: Sandra Romero Studart
  • 29. Pesquisa Transexualidade e Saúde: condições de acesso e cuidado integral (CNPq / MS-SCTIE-DECIT) Instituto de Medicina Social – UERJ 10. Departamento de Psicologia - Instituto Paulista de Sexualidade Endereço: Rua Traipu, 523 - São Paulo, SP. CEP: 01235-000 Telefone: (11) 36623139 / (11) 36665421 e-mail:: inpaex@uol.com.br Responsável: Oswaldo M. Rodrigues Jr. (psicólogo)