O documento discute o tema do ministério da reconciliação segundo 2 Coríntios 5. O ministério da reconciliação consiste na proclamação da obra expiatória de Cristo para restaurar a comunhão entre Deus e os seres humanos. A reconciliação envolve o perdão dos pecados e o restabelecimento das relações. Cristo é o promotor supremo da reconciliação por meio de sua morte e ressurreição.
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Lição 06 – CPAD – Jovens e Adultos
Tema: 2º Coríntios
Comentarista: Pr. Elienai Cabral
LIÇÃO 06 – O MINISTÉRIO DA RECONCILIAÇÃO
“E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos
deu o ministério da reconciliação” (2 Co 5.18)
Leitura Bíblica em Classe – 2 Coríntios 5.14, 15, 17-21
Objetivos:
Conscientizar-se de que o ministério da reconciliação consiste na proclamação da obra
expiatória do Senhor Jesus Cristo.
Compreender que a grande motivação do ministério de Paulo era o amor de Cristo.
Saber que o amor de Cristo nos constrange e transforma.
Introdução
Qual o fundamento do nosso ministério? No que consiste essa empreitada? Qual o
conteúdo de nossas mensagens? Quantas vezes já ouvimos inúmeros pregadores
proclamarem o Evangelho (boa nova) de amor com o “martelo do juízo”, declarando
apenas a penalidade daqueles infelizes que não aceitam o Evangelho? Quão surpresos não
ficamos quando somos (mal) “orientados” a cumprir obrigações religiosas para obter a
salvação?
Mensagens sem conteúdo bíblico, legalistas, sem sentido, extremamente
emocionalistas, sem uma profunda exegese e atualização da mensagem, somada ao orgulho
e a altivez daqueles que, erroneamente, pensam que o ofício ministerial tem um fim em si
mesmo, onde especulam sem responsabilidade acerca de doutrinas fundamentais da Bíblia,
tem contribuído para ofuscar, e, até mesmo, apagar da mente dos cristãos e cegar o pecador
de que o verdadeiro conteúdo das Escrituras diz respeito ao ministério da reconciliação,
“isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus
pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação” (2 Co 5.19). Dessa forma, insistimos na
importância de que o conteúdo das mensagens fundamentadas nas Sagradas Escrituras
necessita ter, essencialmente, em seu bojo, esse ministério, de tal forma que todos cheguem
ao conhecimento do autor e consumador dessa maravilhosa dádiva de Deus: o perdão dos
pecados para restaurar a comunhão, isto é, a reconciliação de Deus com o ser humano.
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O que é reconciliação?
O tema geral da lição deste trimestre gira em torno dos dizeres de Paulo “Eu, de
muito boa vontade, gastarei e me deixarei gastar pelas vossas almas”. Com isso observamos
o desprendimento do apóstolo em prol da Igreja do Senhor Jesus. Esse envolvimento com
Cristo e sua obra com foco na busca das pessoas para Deus, o vocacionou a ser portador da
palavra da reconciliação.
Reconciliação, conforme nos informa o dicionário Michaelis, é o “ato ou efeito de
reconciliar ou reconciliar-se”, isso significa o restabelecimento de relações, entre duas ou
mais pessoas que andavam desavindas. Também tem o sentido de restabelecimento, é
também relacionada à confissão de pecados com fim de voltar a ter comunhão novamente.
Também é o ato solene pelo qual um convertido é recebido no seio da Igreja. O contrário de
reconciliação é desavença ou desunião.
Há uma ilustração de um autor desconhecido que diz que dois irmãos que moravam
em fazendas vizinhas, separadas apenas por um riacho, entraram em conflito. Foi a primeira
grande desavença em toda uma vida de trabalho lado a lado. Mas agora tudo havia mudado.
O que começou com um pequeno mal entendido, finalmente explodiu numa troca de
palavras ríspidas, seguidas por semanas de total silêncio. Numa manhã, o irmão mais velho
ouviu baterem à sua porta. “Estou procurando trabalho. Talvez você tenha algum serviço
para mim”. Respondeu o irmão mais velho: “Sim, claro! Vê aquela fazenda ali, além do
riacho? É do meu vizinho. Na realidade é do meu irmão mais novo. Nós brigamos e não
posso mais suportá-lo. Vê aquela pilha de madeira ali no celeiro? Pois use para construir
uma cerca bem alta.”. Ao que o carpinteiro respondeu: “Acho que entendo a situação...,
mostre-me onde estão a pá e os pregos”. O irmão mais velho entregou o material e foi para
a cidade. O homem ficou ali cortando, medindo, trabalhando o dia inteiro. Quando o
fazendeiro retornou, não acreditou no que viu, em vez de uma cerca, o carpinteiro construiu
uma pequena ponte ligando as duas margens do riacho. O fazendeiro ficou enfurecido e
falou: “Seu velho atrevido... não foi isso que mandei você construir!”. Mas, ao olhar
novamente para a ponte viu o seu irmão se aproximando de braços abertos: “Você
realmente é mais que um irmão... é um amigo muito especial... construindo esta ponte
mesmo depois de todas as tolices que eu lhe disse!”. Num só impulso, o irmão mais velho
correu na direção do outro e abraçaram-se, chorando no meio da ponte.
Nesta ilustração temos os personagens (dois irmãos), a circunstância (brigados e
separados), a necessidade (reconciliação), e, por fim, temos um promotor da reconciliação
(carpinteiro).
A importância do carpinteiro como intermediador e promotor da paz e da vida, foi
essencial para a reconciliação entre esses dois irmãos. Sem ele, muito provavelmente, os
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irmãos continuariam irremediavelmente separados, distantes e brigados por muito e muito
tempo.
A reconciliação é uma das coisas mais importantes da vida e o carpinteiro não se
demorou em promover a paz entre aqueles irmãos. Essa intermediação foi primordial para
que eles voltassem a ter a alegria de compartilhar a presença do outro. Assim fez, também,
Cristo por nós, seres humanos, Ele promoveu a paz, morrendo por nós, para que tenhamos
vida e vivamos para Ele mesmo, sabendo que “tudo isso provém de Deus, que nos
reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo...” 2 Co. 5.18.
O significado etimológico de reconciliação é “mudança”, mas o uso sempre inclui a
união de duas ou mais partes pela renovação de bases ou causas de desarmonia. A
reconciliação é necessária para por fim à inimizade existente.1
O âmago do evangelho se encontra aqui, e esta secção toma seu lugar paralelamente
a outras importantíssimas passagens paulinas. A salvação procede de Deus, devido à sua
graça, na pessoa de Cristo Jesus, em sua missão de expiação e ressurreição. Também é
humana no sentido que o livre-arbítrio humano deve aceitá-la; porém, nos é conferida por
meio da fé, e mediante a agência ativa de Cristo e seu Espírito2. Mais à frente voltaremos
nessa questão!
O amor de Cristo fora demonstrado por conta da perca do próprio “eu”. Em 2 Co.
5.15, vemos comprovada essa atitude de Cristo: "E ele morreu por todos, para que os que
vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”. Isso
tem múltiplas implicações: (1) O fato de que Cristo morreu por nós, tendo em vista o nosso
bem, significa mais do que a mera liberdade do pecado, abre perante nós uma perspectiva
completamente nova; (2) Essa perspectiva nos une à família divina, onde passamos a viver
de acordo com a lei do amor (Gal. 2.20); (3) Somos, portanto, unidos em Cristo, trata-se de
uma união mística, com um novo endereço, com certa identificação espiritual, que lança
vistas para a eternidade e para os lugares celestiais; (4) Ele é a fonte e alvo de toda criação,
assim vivemos para Ele; (5) Ele morreu por nós, assim vivemos para Ele. Na verdade
somos identificados com Cristo, em sua morte e ressurreição, e isso se concretiza através do
ministério do Espírito. Ele modifica nossas mentes sobre tudo ao nosso derredor, nos
verdadeiros valores da vida. Portanto não admira que “vivamos para Ele”.3
“Quando um homem chega à presença de Deus, não o faz como uma alma
despida, levando os pobres dons de sua própria criação; antes, chega como
1
Dicionário Bíblico Wycliffe.. 1ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, 1654 p.
2
O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo – volume 4. R. N. Champlin, Ph. D. 9ª
Reimpressão – São Paulo: CANDEIA, 1995. 344 p.
3
Idem 346 p.
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3
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alguém cujos dons foram transfigurados e arrebatados para algo maior. A
pobreza de sua obediência, a debilidade de sua submissão, e, a fragilidade
de seu arrependimento passa para a força e o poder, em virtude de sua
união com Cristo, mediante a fé e o amor. Surge nele uma gratidão
profunda por demais para ser expressa por meio de palavras, bem como um
senso de obrigação que não tolera nem negações e nem adiamentos”.
(VINCENT TAYLOR. Jesus and His Sacrifice. 317 p.)
A base da reconciliação é o amor. O pai estabeleceu essa lei, sendo Ele o exemplo
supremo dessa prática. O Filho executou o plano de Deus movido pelo amor. O Espírito
Santo cultiva o amor como a base de todas as demais virtudes espirituais e assim
aprendemos (através do desenvolvimento espiritual) a servir ao próximo. Assim, tornamos
ativos na promoção do plano de redenção, mediante o evangelismo e mediante nosso
testemunho de vida. Quando fazemos assim estamos vivendo para Cristo. A vida de acordo
com o amor é a comprovação da espiritualidade.
Espiritualidade, aliás, diga-se de passagem, é isso, vida completa!! Não se limita a
aspectos próprios do culto cristão nos templos, nem somente nas manifestações dos dons,
embora seja um complemento. Espiritualidade é amar a Deus e ao próximo, é conduzir sua
vida com esses novos valores, pois “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é:
as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co. 5.17). A transformação
segundo a imagem de Cristo, nos capacita a vermos a nós mesmos e a nossos semelhantes,
como também o próprio Cristo, de conformidade com uma correta perspectiva espiritual,
derivada dessa ação transformadora operada pelo Espírito de Deus.4
A verdadeira conversão e a verdadeira regeneração são encaradas como uma espécie
de nova criação, mediante a instrumentalidade divina, tal como a criação original precisou
da intervenção divina. Paulo afirma que “...tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou
consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação” (2 Cor. 5.18). O
poder transformador tem por sua fonte originária o ser de Deus Pai, e, Cristo é o agente
direto dessa vontade. O homem não é a causa desse poder, antes, cumpre-lhe ceder ao
mesmo. Aqui a palavra grega para reconciliação é “katallage”, que:
“Indica uma ‘transformação completa’. Essa palavra grega é usada nos
escritos clássicos para indicar o ‘câmbio’ e moedas. A idéia de
‘modificação’ é inerente a esse termo. Em sentido religioso, aparece com a
idéia de modificação das relações entre um homem e Deus. A reconciliação,
nas páginas do Novo Testamento, consiste do livramento conferido a um
4
O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo – volume 4. R. N. Champlin, Ph. D. 9ª
Reimpressão – São Paulo: CANDEIA, 1995. 347 p.
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homem de suas dificuldades, por ele mesmo criadas, e que ele, por sua
arrogância e perversidade, causou sobrevirem contra si mesmo. Tal homem
perdeu o favor divino; e as Escrituras Sagradas descrevem Deus como
alguém ‘irado’ contra tal indivíduo, intensamente ‘desagradado’, embora
não devamos imaginar alguma atitude semelhante à ira humana... Assim
sendo, a reconciliação consiste na remoção das causas dessa alienação,
pois, reconduz o indivíduo a Deus, para ser recebido pela sua bondade e
graça, o que o capacita a receber os benefícios da redenção que há em
Cristo Jesus. A reconciliação antecipa o completo perdão do pecado, e, pelo
menos, o começo da participação na santidade positiva de Deus,
participação essa que finalmente, se fará completa, porquanto o homem está
destinado a participar plenamente do amor, da justiça e da bondade de
Deus, e não meramente a ficar livre de pecados graves. O vocábulo grego
aqui traduzido por ‘reconciliação’ significa, basicamente, uma ‘completa
mudança’. O próprio homem é modificado, e a alienação entre o homem e
Deus se vê inteiramente eliminada”. (R. N. Champlin. O Novo Testamento
Interpretado. 348 p.)
Como a reconciliação se torna algo real? Através de Cristo, o agente da
reconciliação. Essa é a mensagem central do Novo Testamento. “A reconciliação aqui
aludida... vem de Deus para nós, de modo absoluto e objetivo, por meio do seu Filho; e
assim Deus pode contemplar e tolerar complacentemente um mundo pecaminoso,
recebendo todos os que se aproximam dEle em Cristo”, afirmou Alford.
Ministério da Reconciliação - Vocação
O texto em 2 Co. 5.14, informa assim “porque o amor de Cristo nos constrange,
julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo, todos morreram”.
Além da motivação de que haveremos de ser julgados perante do tribunal de Cristo
inspira respeito, temor e interesse por fazermos aquilo que é direito. Agora há outra grande
motivação: “nosso amor a Cristo”, que nos impulsiona, e; “seu amor por nós”, sinceramente
sentido em nossas almas. O termo “constrange”, no grego “sunecho” inicialmente significa
“fechar, cerrar por comprimir juntamente”, “pressionar fortemente”, mas que também pode
significar “impelir”, “impulsionar”. Assim, nossas ações são controladas, e somos bitolados
dentro de certa maneira de agir, somos compelidos ou forçados a ter certo padrão de vida –
e tudo por meio de Cristo.5 Paulo era impulsionado a “resguardar-se da auto-exaltação, da
5
O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo – volume 4. R. N. Champlin, Ph. D. 9ª
Reimpressão – São Paulo: CANDEIA, 1995. 349 p.
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centralização em si mesmo, da jactância, do viver para si próprio, e a entregar-se ao
ministério da reconciliação”.6 Paulo queria dizer que todas as suas ações como ministro da
Palavra, em favor dos crentes, no tocante aos incrédulos e no que dizia respeito à sua
própria conduta e vida interior, eram governadas pelo amor de Cristo.
O termo “ministério” vem do grego “diakonia”, palavra comum que significa
“serviço”, oficial ou não-oficial, qualquer modalidade de ajuda ou assistência prestada. O
seu serviço evangelístico tinha por intuito a reconciliação oferecida aos homens, embora
em sentido algum Paulo tenha reivindicado ser a fonte originária do poder que efetua tal
reconciliação.
Paulo afirma que “...Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não
lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação” (2 Co. 5.19). A
outorga do ministério de reconciliação poderia ter sido feito aos anjos. Porém, foi entregue
ao humilde homem, de tal maneira que, em amor, um ser humano pode ajudar a outro. Isso
agradou a Deus, porquanto isso deu aos homens a oportunidade de viverem segundo a lei
do amor, que é a prova mesma da espiritualidade.7 Aos apóstolos de Cristo foi outorgado
um ministério que visava à reconciliação.
Já que Deus confiou a Paulo a mensagem da reconciliação ele pode dizer: “de sorte
que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse...” (2 Co.
5.20a) O verbo grego “presbeuo”, que Paulo emprega na expressão “somos embaixadores”,
significa essencialmente “ser mais velho, ou o mais velho”, vindo a ser empregado em
conexão com funções para as quais a sabedoria da idade era um pré-requisito necessário.
Nas esferas políticas era palavra usada para designar um embaixador representante de sua
nação, enquanto nas esferas religiosas era usada de modo figurado. O fato extraordinário a
respeito da embaixada desenvolvida por Paulo é seu relacionamento com a atividade de
Deus como quem promove a reconciliação. O Deus que reconciliou o mundo consigo, pela
morte de seu Filho, agora apela ao mundo através de seus embaixadores, para que se
reconcilie com o Senhor.8
O embaixador é um construtor de pontes. Em sua missão ele deve representar um
poder elevado, e então leva aqueles a quem é enviado a agirem favoravelmente para com
aquele que o enviou. Em sentido espiritual, deve o embaixador levar os homens a
compreenderem a sua necessidade da benevolência daquele que o enviou, e, portanto, se
6
O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo – volume 4. R. N. Champlin, Ph. D. 9ª
Reimpressão – São Paulo: CANDEIA, 1995. 345 p.
7
Idem 349 p.
8
KRUSE, Colin G. The Second Epistle of Paul to the Corinthians – An Introducion and Comentary.
Tradução de Oswaldo Ramos. Revisão Liege Marucci, João Guimarães, Theófilo Vieira. Coordenação
editorial e de produção: Vera Villar. SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA, 1994. 114 p.
(Série Cultura Bíblica).
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reconciliarem com ele, porquanto serão contados como inimigos enquanto essa
reconciliação não for efetuada9. Um embaixador é comissionado como representante
daquele que o envia, pelo que também deve ser um reflexo do mesmo, conhecendo e
transmitindo os seus desejos, e tendo cuidado com a sua conduta, para que não lance uma
luz adversa sobre o caráter de seu enviador. Um embaixador tem uma grande
responsabilidade, que está na obrigação de cumprir. Um embaixador também está investido
de uma elevada honra, que ele está na obrigação de respeitar em toda a sua conduta e
maneira de falar. Um embaixador não pode envolver-se nos atos errados e desviados
daqueles para quem é enviado; antes, compete-lhe manter os elevados padrões de conduta
daquele que o tem enviado. Por conseguinte, o embaixador cristão deve ser uma pessoa
distinta, respeitosa, e deve permanecer como tal. Um embaixador deve ser habilidoso para
conciliar, possuidor de um espírito diplomático, porquanto é realmente um diplomata. Deve
saber como conquistar os homens para o ponto de vista de seu enviador. Não pode ser uma
pessoa crua, embotada e ofensiva, atitudes essas que certamente mais alienam do que
conciliam. Um embaixador tem uma mensagem a anunciar. Em sentido espiritual, um
embaixador cristão deve caracterizar-se pelo amor, pelo altruísmo e pela paciência. Deve
ser capaz de sofrer afrontas, persuadindo os homens a passarem para o seu lado, embora
sejam seus inimigos naturais. Também deve mostrar-se paciente para com a cegueira
humana, para com a pequenez dos homens, sem jamais rebaixar-se à posição deles. Em
tudo isso, pois, o embaixador cristão deve ser semelhante ao grande Rei que o enviou,
suportando as contradições dos pecadores. Não sofrerá dano por ser homem de erudição,
até o ponto em que suas circunstâncias lhe permitam; mas, acima de tudo, deve conhecer
com grande intimidade ao seu Rei.10
“O embaixador antes de agir, recebe comissão da autoridade que
representa. Um embaixador, enquanto age, atua não somente como um
agente, mas igualmente como representante do seu soberano. Finalmente, o
dever de um embaixador consiste não meramente de transmitir uma
mensagem definida ou de agir segundo certa norma de conduta; mas está na
obrigação de esperar por oportunidades de estudar os caracteres, de
aguardar expedientes, a fim de que possa apresentar a sua mensagem aos
ouvintes em sua forma mais atrativa. Ele é m diplomata”. (LIGHTFOOT em
seu livro Ordination Addresses, 48 p.).
9
O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo – volume 4. R. N. Champlin, Ph. D. 9ª
Reimpressão – São Paulo: CANDEIA, 1995. 349 p.
10
O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo – volume 4. R. N. Champlin, Ph. D. 9ª
Reimpressão – São Paulo: CANDEIA, 1995. 350 p.
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Uma mensagem a anunciar
Um embaixador tem uma mensagem a anunciar, bem como certa norma de conduta
a por em efeito, além de uma causa que ele representa. É mister que o embaixador cristão
desenvolva certas habilidades para realizar o seu trabalho. Deve aprender como “expor” a
sua mensagem, e deve, antes de tudo, estar pessoalmente convicto de sua veracidade e
vitalidade.11 “...Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus” (2
Cor. 5.20b. Não são muitos os embaixadores que se humilham até esse ponto; mas os
ministros de Cristo, devido ao seu amor às almas, e desejando dar-lhes o conhecimento da
vida eterna, devem fazer os apelos mais pungentes, as exortações mais vigorosas. A
reconciliação é o alvo, e da reconciliação se origina a vida eterna, a promessa de algo mais
significante, mais elevado e mais duradouro do que qualquer soberano deste mundo poderia
apresentar àqueles a quem envie um embaixador.
Crisóstomo disse: “Não imagineis que somos nós quem vos estamos rogando; é o
próprio Cristo quem vos roga, é o próprio Pai que pleiteia a vós, por nosso intermédio. O
que pode ser comparado com tal amor? Os inúmeros benefícios de Deus têm sido tratados
com insolência; mas não somente ele não baixou penalidade, mas até mesmo deu o seu
Filho, a fim de que com princípio não se deixaram reconciliar a ele, mas antes, mataram-no,
ele uma vez mais enviou outros mensageiros; e ao enviá-los é que ele agora roga
convosco”.
Lamento que os auto-intitulados embaixadores de nossos dias estejam distorcendo
as mensagens do Seu enviador. As mensagens precisam ser pronunciadas com grande
poder, pois são Palavras do Deus Altíssimo e não nossas mesmas. Elas devem provocar
arrependimento, desejo de receber perdão, mudança de atitudes e de vida. Devem fazer o
homem achegar-se à Deus e adorá-Lo. Infelizmente as mensagens que tanto ouvimos em
nossos púlpitos não estão provocando mudanças. Ao contrário, há muita alienação e
excesso de emocionalismo, que se confunde com poder de Deus. E falando em
emocionalismo, esse é um problema atual e grave na realidade das igrejas, e tem feito
estrago em muitos crentes.
“O ideal para a vida cristã é chegar à maturidade. A vida cristã passa naturalmente
por várias etapas: O novo nascimento, a infância, a juventude e a maturidade espiritual.
Não há nada de errado ‘passar’ pela ‘infância espiritual’, e prosseguir crescendo! Mas, seria
alarmante para uma mãe verificar que, depois de quatro anos o seu lindo bebê, ainda
continua bebê. Isto seria uma anomalia. No âmbito espiritual é a mesma coisa. Nós
nascemos de novo para crescer! Esta é a Lei da Vida – todo ser vivo nasce para o
crescimento, até à maturidade. Conforme escreveu Paulo em Ef 4.14, a principal
11
O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo – volume 4. R. N. Champlin, Ph. D. 9ª
Reimpressão – São Paulo: CANDEIA, 1995. 349 p.
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característica do ‘menino’ é a inconstância! Uma criança sempre ‘oscila de um extremo ao
outro’, e, jamais se firma em um ‘ponto de equilíbrio’. O processo para se chegar à
maturidade espiritual, consiste em diminuirmos cada vez mais essa ‘oscilação’, avançando
gradativamente para uma vida de propósitos firmes e constantes”.12 Existem quatro pontos
extremos, em que a vida cristã comumente tende oscilar. São eles: emocionalismo-
racionalismo; tradicionalismo-modernismo; legalismo-liberalismo; fanatismo-formalismo.
Vamos analisar a questão da emocionalismo-racionalismo e depois emoção-
emocionalismo.
O Racionalismo é a tentativa de se compreender tudo que diz respeito à vida cristã e
a sua espiritualidade de forma intelectual. É a ênfase exagerada sobre o potencial da mente,
como o único meio para empreender a busca da verdade. É o desprezo pela revelação de
Deus, que tem por base as faculdades do espírito. O cristão que tende para o racionalismo
terá muita dificuldade para aceitar os milagres. E, com certeza nunca conseguirá estabelecer
um relacionamento profundo com o Espírito Santo. Paulo trata dos perigos do racionalismo
nos capítulos 1 e 2 de I aos Coríntios. Vejamos alguns pontos importantes: (a) I Co 1.19 –
O sentido aqui não é que Deus condene o uso da mente, absolutamente, pois foi Ele mesmo
quem deu esta capacidade ao homem. O que deve ser aniquilado é o racionalismo; (b) I Co
1.26 – "Sábios segundo a carne", refere-se ao racionalismo; (c) I Co 2.4-6 – A pregação de
Paulo não era baseada no intelectualismo; (d) I Co 2.9,10 – A revelação de Deus comunica
conhecimentos mais profundos do que aqueles que a mente pode entender, conf. Mt 11.25;
(e) I Co 2.14,15 – O racionalista é chamado de "homem natural".
O Emocionalismo tem por base as emoções e os sentimentos puramente humanos. A
vida cristã é cheia de emoções, entretanto, não está fundamentada nessas emoções. Muitos
que não entendem isto, e que procuram estabelecer um relacionamento com Deus à base
das emoções, começam logo cedo a ter os seus conflitos espirituais. Os nossos sentimentos
mudam facilmente, e por isso não servem para arbitrar o nosso relacionamento com Deus.
O emocionalismo está presente na vida e experiência de praticamente todos os crentes
recém convertidos. Eles querem encontrar Deus em seus "arrepios" e em suas "lágrimas". E
quando isto não acontece, chegam até a duvidar da existência de Deus. Estão sempre
procurando provas palpáveis para comprovarem suas experiências espirituais. Às vezes têm
a animação para mudar o mundo todo, e pouco depois duvidam de sua própria salvação.
Em I Co 1.22, Paulo fala dos dois extremos: O Judeu emocionalista que exigia sinais para
crer, e dos gregos racionalistas que exigiam explicações intelectuais. A vida cristã pela fé
não exclui as emoções legítimas, nem a razão! Usamos a mente em nossa consagração
efetiva a Deus, Rm 12.1,2, e a emoções são bem vindas quando acontecem como
consequencia dos atos da fé. O cristão que aprende as lições do viver pela fé, alcança
12
PASTOR ELSO RORIGUES. Maturidade Cristã. Disponível em http://evangelhopleno.multiply.com/jour
nal/item/ 14, acessado em 03/20/2010, às 14h42
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maturidade nas seguintes áreas: (a) torna-se participante de Cristo; (b) fica firme; (c) vence,
tirando "forças da fraqueza". Conf. II Co 12.9,10; (d) resiste às tentações do diabo.13
Veja esta reflexão acerca da diferença entre emoção e emocionalismo:
“Nunca fui contrário à emoção que perpassa o corpo quando do contato
com Deus na esfera da vida. Nunca deixei de chorar ante as dificuldades de
alguém que chorava. Nunca deixei de rir ao perceber o lado cômico de
muitas situações do cotidiano. Nunca deixei de analisar no testemunho
alvissareiro de uma ou outra pessoa o toque singular e gracioso de Deus.
Nunca deixei de expressar que a emoção é parte da nossa vida espiritual.
Mas, ao mesmo tempo, nunca deixei de manifestar-me contra o
emocionalismo. E aqui cabe dizer que todo e qualquer emocionalismo é
chantagem da alma contra a alma. É, em suma, manipulação diante do
sagrado ou diante da vida. Por isso, digo sim à emoção e não ao
emocionalismo. E por razões muito óbvias. Declaro-as: A emoção faz parte
da vida humana. O emocionalismo é produzido por códigos e sistemas. A
emoção está aliada à razão. O emocionalismo ao inconsciente. A emoção
enquadra o ser humano, dando-lhe maturidade. O emocionalismo infantiliza
espiritualmente. A emoção dá dignidade à vida. O emocionalismo esvazia
todo o sentido de viver. A emoção me faz reagir diante das inquietações. O
emocionalismo me condiciona a aceitá-las, muitas vezes, calado. A emoção
me dinamiza. O emocionalismo estatifica-me. A emoção é própria de gente
que vive a imanência. O emocionalismo pertence às pessoas dadas à
transcendência. A emoção me lança à esfera da adoração. O emocionalismo
joga-me na idolatria. A emoção lê a Bíblia e busca edificação. O
emocionalismo dá a este livro o status de magnitude.
A emoção me faz melhor crente. O emocionalismo me faz "o crente".
A emoção me conquista para a unidade na diversidade. O emocionalismo
me faz viver somente na desunião. A emoção gera novos relacionamentos. O
emocionalismo gera somente cumplicidades.A emoção é capaz de me dar
avivamento. O emocionalismo me lança a uma esfera puramente ativista.
A emoção crê nos milagres de Deus. O emocionalismo acredita nos passes
de mágica. A emoção gera frutos. O emocionalismo espinhos.
A emoção desloca-me à ação. O emocionalismo desloca-me da ação.
A emoção me faz enxergar o outro pobre. O emocionalismo vê o pobre como
pecador. A emoção é altruísta - pensa nos outros. O emocionalismo é
egoísta - pensa somente em si. A emoção louva e canta com os olhos
abertos. O emocionalismo canta com os olhos fechados. A emoção ora e se
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PASTOR ELSO RORIGUES. Maturidade Cristã. Disponível em http://evangelhopleno.multiply.com/jour
nal/item/ 14, acessado em 03/20/2010, às 14h42
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11. Subsídios para Escola Bíblica Dominical
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Ministério de São Bernardo do Campo
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coloca ao lado de Deus para a ação missionária. O emocionalismo clama e
espera Deus mover os céus. A emoção centraliza a fé em Cristo. O
emocionalismo centraliza o crer no homem ou na mulher de Deus. A emoção
vê coração. O emocionalismo vê aparência. Deus nos livre da religião do
emocionalismo e nos conserve na fé marcada pela emoção.” (MOISÉS
COPPE. Sim à Emoção! Não ao Emocionalismo! Disponível em
http://moisescoppe.blogspot.com/2009/12/sim-emocao-nao-ao-emocionalismo.html, aces-
sado em 03/02/2010, às 14h15)
Conclusão
Após Deus, em sua misericórdia, reconciliar-nos consigo mesmo, através de Cristo
Jesus, nos outorgou o ministério da reconciliação. “E tudo isso provém de Deus, que nos
reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação” (2
Co. 5.18). Feitos embaixadores de Deus, “de sorte que somos embaixadores da parte de
Cristo,...” (2 Co. 5.20a). Então é mister que o embaixador anuncie a mensagem de seu
Senhor com responsabilidade e temor a Deus, com diplomacia, com toda dedicação, pois é
como “...se Deus por nós rogasse” (2 Co 5.20b). Portanto, temos, agora, a grande
responsabilidade de, anunciar a sua Reconciliação com o mundo. Porque “... o amor de
Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos
morreram.” (2 Co 5.14). Então que o conteúdo de nossas mensagens não sejam
emocionalistas, nem racionalistas, muito menos tradicionalistas e formalistas; mas cheias
do poder de Deus, anunciando com graça e força e simplicidade: “rogamo-vos, pois, da
parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus” (2 Co 5.20c). Pois foi Deus quem “pôs em
nós a palavra da reconciliação” (2 Co 5.19).
Soli Deo gloria
Por
Ev. Valter Borges
Pastor AD Thelma
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