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Lê o excerto com atenção:
CENA II
Amália – Joaquina! Joaquina! Ando à tua procura. O senhor Duarte ainda não veio?
Joaquina – Não, minha senhora.
Amália – Que homem é esse com quem tu estavas a falar?
José Félix – Anda, apresenta-me como gente.
Joaquina – Minha senhora, é aquele rapaz de quem lhe eu dizia no Porto...
Amália – Ah! já sei: o senhor José Félix. Tens bom gosto, Joaquina. O pior é que vocês não têm de casar
senão quando o meu casamento se fizer, tenho muito medo que ainda esperem bom tempo.
Joaquina – Então porquê, minha senhora?
Amália – Ora! estou desesperada, transtornou-se tudo: meu pai quer quebrar com ele.
Joaquina – Com o senhor Duarte?
Amália – Sim: pois com quem?
José Félix, aparte – Meu Deus! e as nossas cem moedas?
Joaquina – Não é possível: a mesma família, a mesma riqueza, um casamento tão igual, tão acertado...
Seu pai não se há-de atrever.
Amália – Nada, não! Veio a Lisboa – agora é que o eu sei bem – só para achar pretexto de o desmanchar.
Joaquina – Pois não o há-de achar. O senhor Duarte é um rapaz como há
poucos. Juízo não lhe falta: suas doidices... não é, é pancada da mocidade. Isso passa depressa. Bom
coração... não o há melhor. Quer a senhora saber? O mal que ele faz é por moda... todos assim são... e o
bem que ele faz, que é muito, esse, minha senhora, não é moda que pegue.
Amália – Pois sim; mas já que falamos nos seus defeitos, sempre te digo que ele que tem um, que se
meu pai o vem a descobrir... Tenho-lho encoberto até agora, mas se ele o chega a conhecer, acabou-se,
nunca mais lhe perdoa. Meu pai é um negociante dos antigos, que leva a honra e probidade, a lisura e a
verdade no trato, a um ponto de severidade que é quase rudeza... e Duarte é muito bom rapaz, não há
dúvida; mas não sei se é distracção se é doidice, tomou o costume de nunca dizer uma palavra que seja
verdade.
José Félix – Percebo: tem viajado muito...
Teste/ Ficha de trabalho de ______________________
Aluno nº ________ do ______º ano da turma _______
Nome: ______________________________________
___________, _____ de ______________ de 200____
Classificação: ___________
O professor: ____________
Enc. Educação ________
Data _____/_____/______
Escola _______________________________________________________________________________
Observações: _______________________________________________________________________________
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Joaquina – Não, mas é morgado, e de raça quase castelhana...
José Félix – Entendo, entendo: echelas usted más blandas.
Joaquina – E de mais a mais, há seis meses que está em Lisboa...
José Félix – Onde todos os talentos se aperfeiçoam.
Amália – Enfim, meu pai declarou que à primeira mentira bem clara, bem provada em que o apanhasse,
tudo estava acabado.
José Félix – Ora adeus! O senhor seu pai com efeito... ele ainda é parente, bem se vê, há-de ter sua
costela espanhola... O seu projecto é outra espanholada também... Querer impedir que um rapaz do
tom, da moda pregue a sua peta!... isso é mais do que formar castelos em Espanha, é querer meter o
Rossio pela Betesga.
Amália – Meu pai é que o não entende assim: e eu não sei como hei-de avisar a Duarte.
Joaquina – Vou eu pôr-me à espera dele. Não tarda a vir por aí; e antes que entre e que fale com seu
pai, hei-de avisá-lo que tome conta em si, e que não dê notícias senão as que forem oficiais... a ser
possível.
Amália – Cala-te: oiço falar no quarto de meu pai; é a voz de Duarte.
Joaquina – É que entrou pela outra escada.
Amália – Está tudo perdido! Se ele falou com meu pai... aposto que já... Nunca vi: é que não pode,
mente por hábito e sem saber o que faz.
Joaquina – Então agora o que se podia... o que era de mestre, era fazer que o senhor Brás Ferreira o não
conhecesse. Por fim de contas, a nós que nos importa que ele minta, contanto que seu pai o não
perceba?
José Félix – Ela tem razão, a Joaquina. E é mais fácil isso. Se a senhora D. Amália se confia em mim, e me
autoriza...
Amália – Oh meu Deus! Se vocês encobrem aquele defeito a meu pai, fico-lhes numa obrigação... Depois
em nós casando, eu o emendarei. Que se não fosse isso...
José Félix – Está claro, minha senhora. Mas agora é preciso que o senhor Duarte me não veja. E u é que
se pudesse ouvi-lo, e fazer assim ideia do seu modo...
Joaquina, apontando para uma alcova, à direita – Ora!... aquela alcova... e tem uma porta que dá direita
na escada... Eles aí vêm: entra depressa, esconde-te.
Almeida Garrett, Falar Verdade a Mentir, Porto Editora
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I- Responde, utilizando respostas completas:
1.1.O excerto transcrito foi retirado de uma peça de teatro. Que características possui o
excerto que o diferenciam de um texto narrativo?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
1.2.Qual é o assunto do texto transcrito?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
1.3.Qual te parece ser a personagem principal? Porquê?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
1.4.De acordo com os dados do excerto, caracteriza o melhor possível a personagem Duarte.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
1.5.Qual é o maior receio de Amália?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
1.6.Será que a verdadeira intenção de José Félix é mesmo ajudar Amália, sem qualquer
interesse? Justifica.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
1.7.Em que espaço físico se desenrola a ação? Retira elementos do texto que ajudem a
fundamentar a tua resposta.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
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II - Funcionamento da Língua
2.1. Divide as orações seguintes, classificando-as:
2.1.1. Amália e Joaquina são amigas.
2.1.2. Duarte é mentiroso, mas é um bom homem.
2.1.3. Brás Ferreira não tolera mentirosos, portanto o casamento está em risco.
2.1.4. José Félix quer ajudar Amália ou quer dinheiro?
2.1.5. Joaquina confia em José Félix contudo sabe que ele é exagerado.
2.1.6. José Félix ajudará o casal desde que receba o dote.
2.1.7. Já que estão em Lisboa aproveitem a cidade.
2.1.8. Assim como Joaquina gosta de Amália, também José Félix simpatiza com ela.
2.2. Forma frases complexas a partir do texto, utilizando as locuções conjuncionais indicadas.
2.2.1. Conforme ___________________________________________________________
2.2.2. Exceto se ___________________________________________________________
2.2.3. ____________________________________________________________________
2.2.4. Porque ______________________________________________________________
2.2.5. Não só … como também________________________________________________

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  • 1. ©EduTotal.net Lê o excerto com atenção: CENA II Amália – Joaquina! Joaquina! Ando à tua procura. O senhor Duarte ainda não veio? Joaquina – Não, minha senhora. Amália – Que homem é esse com quem tu estavas a falar? José Félix – Anda, apresenta-me como gente. Joaquina – Minha senhora, é aquele rapaz de quem lhe eu dizia no Porto... Amália – Ah! já sei: o senhor José Félix. Tens bom gosto, Joaquina. O pior é que vocês não têm de casar senão quando o meu casamento se fizer, tenho muito medo que ainda esperem bom tempo. Joaquina – Então porquê, minha senhora? Amália – Ora! estou desesperada, transtornou-se tudo: meu pai quer quebrar com ele. Joaquina – Com o senhor Duarte? Amália – Sim: pois com quem? José Félix, aparte – Meu Deus! e as nossas cem moedas? Joaquina – Não é possível: a mesma família, a mesma riqueza, um casamento tão igual, tão acertado... Seu pai não se há-de atrever. Amália – Nada, não! Veio a Lisboa – agora é que o eu sei bem – só para achar pretexto de o desmanchar. Joaquina – Pois não o há-de achar. O senhor Duarte é um rapaz como há poucos. Juízo não lhe falta: suas doidices... não é, é pancada da mocidade. Isso passa depressa. Bom coração... não o há melhor. Quer a senhora saber? O mal que ele faz é por moda... todos assim são... e o bem que ele faz, que é muito, esse, minha senhora, não é moda que pegue. Amália – Pois sim; mas já que falamos nos seus defeitos, sempre te digo que ele que tem um, que se meu pai o vem a descobrir... Tenho-lho encoberto até agora, mas se ele o chega a conhecer, acabou-se, nunca mais lhe perdoa. Meu pai é um negociante dos antigos, que leva a honra e probidade, a lisura e a verdade no trato, a um ponto de severidade que é quase rudeza... e Duarte é muito bom rapaz, não há dúvida; mas não sei se é distracção se é doidice, tomou o costume de nunca dizer uma palavra que seja verdade. José Félix – Percebo: tem viajado muito... Teste/ Ficha de trabalho de ______________________ Aluno nº ________ do ______º ano da turma _______ Nome: ______________________________________ ___________, _____ de ______________ de 200____ Classificação: ___________ O professor: ____________ Enc. Educação ________ Data _____/_____/______ Escola _______________________________________________________________________________ Observações: _______________________________________________________________________________
  • 2. ©EduTotal.net Joaquina – Não, mas é morgado, e de raça quase castelhana... José Félix – Entendo, entendo: echelas usted más blandas. Joaquina – E de mais a mais, há seis meses que está em Lisboa... José Félix – Onde todos os talentos se aperfeiçoam. Amália – Enfim, meu pai declarou que à primeira mentira bem clara, bem provada em que o apanhasse, tudo estava acabado. José Félix – Ora adeus! O senhor seu pai com efeito... ele ainda é parente, bem se vê, há-de ter sua costela espanhola... O seu projecto é outra espanholada também... Querer impedir que um rapaz do tom, da moda pregue a sua peta!... isso é mais do que formar castelos em Espanha, é querer meter o Rossio pela Betesga. Amália – Meu pai é que o não entende assim: e eu não sei como hei-de avisar a Duarte. Joaquina – Vou eu pôr-me à espera dele. Não tarda a vir por aí; e antes que entre e que fale com seu pai, hei-de avisá-lo que tome conta em si, e que não dê notícias senão as que forem oficiais... a ser possível. Amália – Cala-te: oiço falar no quarto de meu pai; é a voz de Duarte. Joaquina – É que entrou pela outra escada. Amália – Está tudo perdido! Se ele falou com meu pai... aposto que já... Nunca vi: é que não pode, mente por hábito e sem saber o que faz. Joaquina – Então agora o que se podia... o que era de mestre, era fazer que o senhor Brás Ferreira o não conhecesse. Por fim de contas, a nós que nos importa que ele minta, contanto que seu pai o não perceba? José Félix – Ela tem razão, a Joaquina. E é mais fácil isso. Se a senhora D. Amália se confia em mim, e me autoriza... Amália – Oh meu Deus! Se vocês encobrem aquele defeito a meu pai, fico-lhes numa obrigação... Depois em nós casando, eu o emendarei. Que se não fosse isso... José Félix – Está claro, minha senhora. Mas agora é preciso que o senhor Duarte me não veja. E u é que se pudesse ouvi-lo, e fazer assim ideia do seu modo... Joaquina, apontando para uma alcova, à direita – Ora!... aquela alcova... e tem uma porta que dá direita na escada... Eles aí vêm: entra depressa, esconde-te. Almeida Garrett, Falar Verdade a Mentir, Porto Editora
  • 3. ©EduTotal.net I- Responde, utilizando respostas completas: 1.1.O excerto transcrito foi retirado de uma peça de teatro. Que características possui o excerto que o diferenciam de um texto narrativo? _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 1.2.Qual é o assunto do texto transcrito? _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 1.3.Qual te parece ser a personagem principal? Porquê? _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 1.4.De acordo com os dados do excerto, caracteriza o melhor possível a personagem Duarte. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 1.5.Qual é o maior receio de Amália? _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 1.6.Será que a verdadeira intenção de José Félix é mesmo ajudar Amália, sem qualquer interesse? Justifica. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 1.7.Em que espaço físico se desenrola a ação? Retira elementos do texto que ajudem a fundamentar a tua resposta. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
  • 4. ©EduTotal.net II - Funcionamento da Língua 2.1. Divide as orações seguintes, classificando-as: 2.1.1. Amália e Joaquina são amigas. 2.1.2. Duarte é mentiroso, mas é um bom homem. 2.1.3. Brás Ferreira não tolera mentirosos, portanto o casamento está em risco. 2.1.4. José Félix quer ajudar Amália ou quer dinheiro? 2.1.5. Joaquina confia em José Félix contudo sabe que ele é exagerado. 2.1.6. José Félix ajudará o casal desde que receba o dote. 2.1.7. Já que estão em Lisboa aproveitem a cidade. 2.1.8. Assim como Joaquina gosta de Amália, também José Félix simpatiza com ela. 2.2. Forma frases complexas a partir do texto, utilizando as locuções conjuncionais indicadas. 2.2.1. Conforme ___________________________________________________________ 2.2.2. Exceto se ___________________________________________________________ 2.2.3. ____________________________________________________________________ 2.2.4. Porque ______________________________________________________________ 2.2.5. Não só … como também________________________________________________