INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA
Campus Garopaba
O DISCURSO DO PROGRESSO EM IMBITUBA
Professor: Viegas Fernandes da Costa
Material produzido para o componente curricular “História Local” do curso de Condutor Ambiental Local de Imbituba.
2014
1. O DISCURSO DO PROGRESSO EM IMBITUBA
Profº Viegas Fernandes da Costa
2. Ainda que surja como armação baleeira em 1715, o núcleo urbano de
Imbituba começa a se desenvolver a partir da segunda metade do século XIX,
com a construção do Porto de Imbituba como alternativa para o escoamento
do carvão mineral explorado mais ao sul, em regiões como Lauro Müller e
Tubarão.
Portanto, o porto não foi consequência do desenvolvimento da Vila, mas
resultado de um fator externo ao seu território (a descoberta do carvão).
Em sua primeira fase, o porto desenvolve-se com capital e projeto ingleses.
Imbituba apresentava-se como uma alternativa ao porto de Laguna, cujo
assoreamento não permitia a ancoragem de navios de grande calado.
Interesses político-econômicos levaram a diversos conflitos entre Laguna e
Imbituba. Após a saída dos ingleses, em 1902, o porto de Imbituba é
praticamente abandonado. Outro argumento era risco que o porto de
Imbituba oferecia às embarcações, já que os fortes ventos, o mar aberto e a
falta de um quebra-mar representavam a possibilidade de acidentes e
naufrágios.
3. Em 1919 Henrique Lage obteve a concessão de exploração do porto.
A eclosão da I Guerra Mundial, que dificultou a importação de carvão, deu novo
impulso à exploração carvoeira em Santa Catarina.
Em 1931 Vargas (nacionalista) institui a obrigatoriedade de que 10% do consumo
de carvão no Brasil seja de produto nacional. Com a II Guerra a demanda pelo carvão
aumenta.
Em 1969, foi fundada a ICC (Indústria Carboquímica Catarinense), empresa
pertencente ao Grupo Petrofértil, que produzia insumos para indústria de
fertilizantes a partir do enxofre extraído da pirita carbonosa (rejeito do carvão)
derivando o ácido sulfúrico somado ao ácido fosfórico.
A construção da ICC, inaugurada em 1979, fazia parte dos objetivos do II PND
(Plano Nacional de Desenvolvimento). Para descarregar a rocha fosfática, matéria-prima
para a produção do ácido fosfórico, e para escoar toda a produção de ácido
sulfúrico e fosfórico, o porto de Imbituba deveria ampliar suas instalações. (Alcides
Goularti Filho).
Em 1990, o governo Collor liberou por completo a importação do carvão
metalúrgico e fechou as minas da CSN.
4. Obras de ampliação do porto de Imbituba. Possivelmente década de 1930.
(Foto: www.portogente.com.br)
10. O forte vento nordeste espalha o óxido de ferro. A substância é consequência da
primeira etapa do beneficiamento da pirita carbonosa, parte do processo de fabricação
do ácido sulfúrico. Esta notícia podia ser ouvida na década de 80 e início de 90, quando
a Indústria Carboquímica Catarinense – ICC, ainda funcionava, mas ainda há relatos da
intitulada na época “maldição da fumaça vermelha”, nos dias de hoje.
(Foto e texto – com adaptações: http://www.bandeirantes1010.com.br/artigo/po-vermelho-
ainda-incomoda-imbitubenses )
12. Toneladas do óxido de ferro foram depositadas a céu aberto no bairro Vila
Nova Alvorada. Além do pó vermelho, outro resíduo da ICC é o gesso,
também depositado a céu aberto no local e em área contígua à da ICC. Com
o fechamento da ICC, a empresa Engessul, hoje, Sul Gesso, adquiriu essas
áreas onde estão depositados os resíduos e desde 2011 iniciou a exportação
do óxido de ferro para o mercado siderúrgico chinês, tornando-se uma das
maiores movimentadoras de cargas do Porto de Imbituba.
Desde então a comunidade de Ribanceira de Cima vem sofrendo quando o
vento nordeste atinge o município, levantando nuvens de pó vermelho que
entram nas casas, cobrem os veículos e plantas. Sendo uma substância muito
fina, se espalha muito rápido. A Senhora Maria Farias, 80 anos, já está
cansada de limpar sua casa. “Para este natal, tivemos que limpar com um
jato toda a casa, e pintá-la da cor do pó, porque a sujeira é demais e sempre
volta”, comenta Maria.
Fonte: http://www.bandeirantes1010.com.br/artigo/po-vermelho-ainda-incomoda-
imbitubenses, 20/12/2013.
15. Manifestação organizada pela ACORDI (Associação Comunitária Rural de
Imbituba) contra a instalação da Votorantim na Ribanceira. Em julho de 2010
houve a desapropriação da área, vendida a 11 centavos o m² e a expulsão de
um morador local.
Foto: http://passapalavra.info/2010/08/27188.
17. INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA
Campus Garopaba
O DISCURSO DO PROGRESSO EM IMBITUBA
Professor Viegas Fernandes da Costa
Material produzido para o componente
curricular “História Local” do curso de Condutor
Ambiental Local de Imbituba.
2014
Referências:
-Goularti Filho, Alcides. O porto de Imbituba na formação do complexo carbonífero catarinense. Revista de
História Regional , vol. 15, n. 2, p. 235-262 , 2010.
-Mombelli, Raquel. Comunidade tradicional dos Areais da Ribanceira, Imbituba (SC): desenvolvimento,
territorialidade e construção de direitos. Estudos sociológicos, v.18 n.35 p.325-345 jul.-dez. 2013.
- Souza, Monique Latrônico de. A indústria carboquímica catarinense em Imbituba: uma história encoberta
pela fumaça vermelha. Santa Catarina em História, vol.1, n.1, p. 99-107, 2007.