2. Os exemplos de aplicação do método apresentado aqui nada
mais são que referências, que podem indicar alguns
caminhos dentro de um grande conjunto de possibilidades.
São as condições locais que definem os métodos:
características
sociais, econômicas, culturais, religiosas, políticas, diferentes
sistemas de interesse envolvidos, objetivos da pesquisa, etc.
A técnica da Pesquisa Participante traduz-se como um
envolvimento legítimo entre o pesquisador e o objeto
pesquisado.
3. A PESQUISA PARTICIPANTE É INTRÍNSECA À PRÁTICA NA
CLASSIFICAÇÃO APRESENTADA POR DEMO
(2000, P.21), PARA FINS DE SISTEMATIZAÇÃO:
Segundo esse autor, a pesquisa prática “é ligada à práxis, ou
seja, à prática histórica em termos de usar conhecimento
científico para fins explícitos de intervenção; nesse
sentido, não esconde sua ideologia, sem com isso
necessariamente perder de vista o rigor metodológico”.
Há na Pesquisa Participante um fundamento político que
possibilita discutir a importância do processo de
investigação tendo por perspectiva a intervenção na
realidade social.
4. CONTEXTUALIZANDO A HISTÓRIA...
Torna-se cabível uma aproximação aos estudos do
pedagogo Paulo Freire.
Criador de um estilo alternativo de pesquisa e ação
educativa.
Conjunto de experiências sustentadas pela concepção
conscientizadora de educação;
desenvolvida nos fins da década de 60, no âmbito das
transformações agrárias operadas em alguns países da
América do Sul.
5. SENDO ASSIM...
A Pesquisa Participante, como o próprio nome
sugere, implica necessariamente a participação, tanto
do pesquisador no contexto, grupo ou cultura que está a
estudar, quanto dos sujeitos que estão envolvidos no
processo da pesquisa.
6. CONFORME PONTUAM BRANDÃO (1988), SILVA (1991) E
HARGUETTE (2001):
Portadora da mesma acepção de outras expressões, tais
como:
pesquisa-ação;
pesquisa participativa;
investiga-ação;
investigação participativa;
investigação militante,
auto-senso, estudo-ação,
pesquisa-confronto,
investigação alternativa,
pesquisa popular,
pesquisa ativa,
intervenção sociológica,
pesquisa dos trabalhadores,
enquete-participação, dentre outros.
7. OS INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS ESCOLHIDOS
POR PESQUISADORES PARTICIPANTES:
entrevistas semi-estruturadas (coletivas e individuais),
análise documental e a observação participante.
Todavia, também podem ser encontradas pesquisas que se
utilizam de entrevistas estruturadas (GAJARDO, 1986),
técnica de sociodrama (THIOLLENT, 2005)
e mesmo do questionário (GAJARDO, 1986;
THIOLLENT, 2005), sendo este último, no contexto da
pesquisa participante, rejeitado por alguns;
tal como Oliveira Oliveira (1988, p. 29) ao sustentarem que o
formato do mesmo “[...] bloqueia o surgimento de dados
novos e inesperados”.
8. Sustentamos que o problema não está no instrumento, mas
sim nas intenções e na postura do observador participante.
Relacionar-se sinceramente com os participantes da pesquisa
de maneira “horizontal” e igualitária, e não de forma
“vertical” e autoritária, encarando-os, assim, como literais co-
autores da pesquisa, e não como meros informantes.
9. Os pesquisadores e participantes representativos da
situação ou do problema estão envolvidos de modo
cooperativo ou participativo (GIL, 1999).
Definir o campo de investigação,
as expectativas dos interessados,
bem como o tipo de auxílio que estes poderão exercer ao
longo do processo de pesquisa.
Implica no contato direto com o campo de estudo
envolvendo o reconhecimento visual do local,
consulta a documentos diversos e,
sobretudo, a discussão com representantes das categorias
sociais envolvidas na pesquisa.
10. EXEMPLO:ESPACIALIZAR UMA DETERMINADA
DEMANDA SOCIAL
a situação de desterritorialização que se encontram as
crianças acampadas membros dos diversos movimentos
sociais que atuam no território do Triângulo Mineiro –
esses indivíduos apresentam carências calamitosas do
que diz respeito à educação básica – somente uma
pesquisa que consiga atingir a comunidade em sua
totalidade é capaz é gerar mudanças e promover o
progresso do acesso à educação que lhes é de direito.
12. Outro aspecto-base das pesquisas de natureza participante
refere-se ao fato de as mesmas possuírem necessariamente
caráter aplicado, já que além de ocorrerem in loco, tratando
sempre de “situações reais” (LE BOTERF, 1987).
13. O deslocamento do pesquisador em direção ao
universo de vida de um outro, próximo ou
distante, é, muitas vezes, geográfico:
outra cidade,
outro bairro,
outra instituição, enfim, outro lugar.
E, é, ainda e principalmente, a disposição para
mobilizar seus;
modos próprios de viver, pensar e sentir para;
encontrar e compreender modos próprios de
viver, pensar e sentir de um outro.
Estes deslocamentos têm em sua origem motivos
éticos que dão sentido e direção ao desejo de
pesquisar.
14. REFERÊNCIAS
BORDA, O. F. Aspectos Teóricos da Pesquisa Participante: considerações sobre o significado e o
papel da ciência na participação popular. In: BRANDÃO, C. R. (Org.). Pesquisa Participante. São
Paulo: Brasiliense, 1984, p. 42-62.
BRANDÃO, C. R. A participação da pesquisa no trabalho popular. In: BRANDÃO, C. R. (Org.).
Repensando a pesquisa participante. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1987a. p. 221-252.
DEMO, P.. Metodologia do Conhecimento Científico. São Paulo: Atlas, 1981. 159p.
FREIRE, P. Criando métodos de pesquisa alternativa: Aprendendo a fazê-la melhor através da ação.
In: BRANDÃO, C. R. (Org.). Pesquisa Participante. 7 ed. São Paulo: Brasiliense, 1988. p. 34-41.
GAJARDO, M. Pesquisa participante na américa latina. São Paulo: Brasiliense, 1986.
______. Pesquisa participante: Propostas e projetos. In: BRANDÃO, C. R. (Org.). Repensando a
pesquisa participante. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 15-50.
GIL, A. C. Métodos e técnicas em pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.
LE BOTERF, G. Pesquisa participante: Propostas e reflexões metodológicas. In: BRANDÃO, C. R.
(Org.). Repensando a pesquisa participante. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 51-81.
OLIVEIRA, R. D.; OLIVEIRA, M. D. Pesquisa social e ação educativa: Conhecer a realidade para
poder transformá-la. In: BRANDÃO, C. R. (Org.). Pesquisa Participante. 7 ed. São Paulo:
Brasiliense, 1988. p. 17-33.
THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação (Coleção temas básicos de pesquisa-ação). 2 ed.
São Paulo: Cortez, 1986.
______. Notas para o debate sobre pesquisa-ação. In: BRANDÃO, C. R. (Org.). Repensando a
pesquisa participante. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 82-103.
______. Pesquisa-ação nas organizações. São Paulo: Atlas, 1997.
______. Metodologia da pesquisa-ação. 14 ed. aum. São Paulo: Cortez, 2005