Este documento apresenta resumos de obras literárias de importantes autores brasileiros da geração de 45 como Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto e Guimarães Rosa. Excerpts de Clarice Lispector exploram temas como a infância, o silêncio e a esperança. João Cabral é representado por seu famoso poema "Morte e Vida Severina". Os contos de Guimarães Rosa abordam temas como poder, isolamento, infância e o sertão brasileiro.
2. CLARICE – OS DESASTRES DE SOFIA
―O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros
contraídos. Em vez de nó na garganta, tinha ombros contraídos.
Usava paletó curto demais, óculos sem aro, com um fio de ouro
encimando o nariz grosso e romano.
E eu era atraída por ele. Não amor, mas atraída pelo seu silêncio
e pela controlada impaciência que ele tinha em nos ensinar e
que, ofendida, eu adivinhara. Passei a me comportar mal na
sala. Falava muito alto, mexia com os colegas, interrompia a
lição com piadinhas, até que ele dizia, vermelho:
— Cale-se ou expulso a senhora da sala.
Ferida, triunfante, eu respondia em desafio: pode me mandar!
Ele não mandava, senão estaria me obedecendo. ‖
Lispector, Clarice – Legião estrangeira, Rio de Janeiro, Editora Rocco, 1999.)
3. CLARICE: POESIA EM PROSA
“Lá (pátio do colégio) cabia um ar livre imenso. (...) Meninos e
meninas faziam ali seu mel .”
“É possível também que já então meu tema de vida fosse a
irrealizável esperança.”
“A gota de suor foi descendo pelo nariz e pela boca, dividindo ao
meio meu sorriso.”
“Meu sorriso cristalizara em silêncio, e mesmo os ruídos que
vinham do parque escorriam pelo lado de fora do silêncio.”
“Meu pai estava no trabalho, minha mãe morrera há meses. Eu
era o único eu.”
“Ele me olhava com os olhos despenteados, como se tivesse
acordado.”
“ Na minha impureza em havia depositado a esperança de
redenção nos adultos.”
5. GUIMARÃES ROSA: FAMIGERADO
Nesse conto é possível observar o poder da força, Damásio,
em oposição ao poder da instrução, do conhecimento médico.
Um médico do interior (narrador da história) recebe a visita
de quatro cavaleiros rudes do sertão. Seu líder, Damásio,
conhecido assassino da região, quer que o doutor, pessoa
letrada do lugar, o esclareça a respeito do significado da
palavra ―famigerado‖, pois ouviu esta palavra de um moço do
governo.
Caso o médico tivesse revelado o sentido dicionarizado do
termo ―famigerado‖, estaria, por certo, infligindo uma
sentença de morte ao moço.
Guimarães Rosa tematiza a importância da linguagem. Seu
conhecimento ou não determina as posições sociais.
6. GUIMARÃES ROSA:
A TERCEIRA MARGEM DO RIO
Um homem que evade de toda e qualquer convivência com a
família e com a sociedade, preferindo a completa solidão do
rio, lugar em que, dentro de uma canoa, rema ―rio abaixo, rio
a fora, rio a dentro‖.
Por contradizer os padrões normais de comportamento, ele é
tido como um desequilibrado .
Narração em 1ª pessoa – o filho.
A escolha do isolamento no rio instiga permanentemente o
filho. Este é levado a questionar o próprio existir humano .
7. GUIMARÃES ROSA:
PARTIDA DO AUDAZ NAVEGANTE
Narrado em terceira pessoa, no qual há duas histórias
justapostas: a que nos conta o narrador, envolvendo as
crianças; e a que Brejeirinha inventa sobre o ―Audaz
Navegante‖.
Desenvolve duas narrativas correspondentes, a do narrador
onisciente e a de Brejeirinha sobre as mesmas personagens e
ações, Zito, a namorada, a separação e o reencontro .
A intenção é privilegiar a linguagem e o universo infantil,
seus jogos e brincadeiras.
8. GUIMARÃES ROSA: A MENINA DE LÁ
Rosa define Nhinhinha – Maria - ―com seus nem quatro anos‖
como a menina de lá, dotada de sabedoria, personagem que
não pertence ao mundo de cá (terra), mas o de lá (céu) por
ser uma criança especial, diferente das demais.
Apesar de ser quieta, cabeçuda, ter olhos grandes, corpo
magro e frágil, torna-se milagreira, desconstruindo, dessa
forma, a ideia de que somente o forte tem o poder. A criança
frágil, excluída, mostra -se especial, ganha voz e vez, tendo em
vista que ―ninguém tinha real poder sobre ela‖.
Morre ainda menina, figurando o conto numa categoria de
lenda, própria das lendas do interior.
9. GUIMARÃES ROSA:
GRANDE SERTÃO - VEREDAS
1956: Obra-prima de Guimarães, uma das mais importantes
da LB;
Mais de 600 páginas, sem divisão por capítulos;
Foco narrativo em 1ª pessoa – Riobaldo, rico fazendeiro e um
interlocutor, que não se apresenta no texto;
A narrativa, longa e labiríntica, por causa das digressões do
narrador, simula o próprio sertão físico, espaço onde se
desenrola toda a história;
Riobaldo e Diadorim.
10. GRANDE SERTÃO: CITAÇÕES
"O ser tão não tem janelas nem por tas. E a regra é assim: ou o
senhor bendito governa o ser tão, ou o ser tão maldito vos
governa...―
"Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na
loucura.―
"E o que era que eu queria? Ah, acho que não queria mesmo
nada, de tanto que eu queria era – ficar sendo!"
"O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais. "
"Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou
pães, questão de opiniães..."
"O ser tão é do tamanho do mundo―
"Ser tão é isto, o senhor sabe: tudo incer to, tudo cer to―
“ Viver...o senhor já sabe: Viver é etecétera."