O documento resume a metodologia do ensino do teatro para crianças proposta por Peter Slade, dividindo-a em faixas etárias. Na 1a a 4a série, as crianças fazem jogos dramáticos de forma independente, com orientação sutil do educador. Dos 7 aos 9 anos há distribuição organizada de papéis e histórias mais complexas. Dos 9 aos 11 anos o adulto acrescenta complexidade às criações das crianças, aproximando-se mais do teatro.
1. Escola Técnica Estadual de Teatro Gomes Campos
Metodologia do Ensino do Teatro
Alunos: Vitor Brito, Maria Miriam
Módulo I
2. Introdução
O presente trabalho, tem como objetivo destacar as
principais ideias de Peter Slade em sua obra O Jogo
Dramático Infantil (1958), discutindo os conceitos
metodológicos do autor. Mais especificamente a sua
metodologia de ensino do “teatro” (“teatro” porque
jogo dramático ainda não é teatro) inserido na
educação básica da 1ª a 4ª.
3. O Que Fazer com Crianças do Primário (da 1ª a
4ª Série)
Nesse período escolar, as crianças continuam
fazendo jogo dramático de forma auxiliada, porém
independente – já que o educador mantêm uma
posição quase que neutra, pois apesar de ditar as
regras do jogo dramático ele não deve dizer como se
deve fazer, mas apenas o que se deve fazer,
levantando apenas toques sutis nos aspectos a serem
aprimorados no jogo dramático infantil, dando certa
liberdade criativa às crianças.
4. Dos Sete aos Nove Anos
Nessa faixa de idade há a
necessidade da
distribuição de papéis de
forma mais organizada,
menos solta.
Deve usar-se histórias
mais longas e complexas
do que no pré-primário.
Entretanto elas servirão
como base para o jogo
dramático, e não serão
seguidas com árdua
rigorosidade de acordo
com a fonte textual.
5. Polindo Improvisações
O processo de montagem do jogo dramático infantil,
pegando como base alguma história formulada pelo
grupo -de forma oral-, deve ser feito buscando o melhor
resultado. Entretanto, a criança deve sentir-se livre para
improvisar, cabendo a ela mesma o olhar crítico. Ao
instrutor, cabe apenas a sugestão e a instigação da
reflexão da criança sobre o processo criativo.
Deve-se evitar frases como “vocês estariam melhor se...”,
pois isso pode fazer com que a criança recue em seu
processo criativo.
“Eu não lhes digo, nessa idade, que forma devem fazer,
apenas chamo a sua atenção para algum pedacinho de
beleza que lhes possa ter passado despercebido. Elas o
fazem – não eu” (p. 50).
6. Fluxo de Linguagem
Próximo aos nove anos, a criança já consegue empregar a
sua linguagem particular para inventar sua própria
história, oralmente.
As crianças nessa faixa de idade trazem à tona uma
linguagem oriunda de seu meio social extraescolar.
Dentro do processo educativo do jogo dramático, o
jargão linguístico deve ser incentivado, entretanto dentro
das ocasiões apropriadas. Logo deve-se também
encorajar alguns hábitos de clareza. Nesse aspecto a
linguagem peculiar das crianças, se amplificada para
além do contexto familiar, não desraiga a criança e abre
espaço para um tipo novo de linguagem – formal. E esse
é um dos objetivos do jogo dramático na educação.
7. Representando
“Quando as crianças inventam seus próprios jogos
dramáticos, permita a representação de muitos
personagens e temas que você não aprova. Desta forma,
aliviam-se problemas pessoais e familiares e os efeitos de
assistir a filmes antissociais e ouvir rádio violento podem
ser „descarregados‟.
Não devemos esquecer que nesses momentos as crianças
repartem conosco importantes segredos pessoais; trata-
se de uma confissão; elas encontram alívio na nossa
amizade que lhes permite representar, simulando atos
ilegais de uma maneira legalizada. Não devemos fazê-las
se calarem ou repreendê-las.
8. Blocos Praticáveis
Não há modificação no espaço a ser utilizado se
compararmos com o pré-primário. O que muda é que
nessa fase as crianças podem usar blocos praticáveis
para sentirem aos poucos como seria estar no palco,
adaptando gradualmente a criança para esse contato.
Não é recomendado o uso do palco ainda porque seu
uso repentino pode trazer exibicionismo.
9. Dos Nove aos Onze Anos
O adulto tem a oportunidade de acrescentar algo mais às criações
das crianças.
Nós lhes damos oportunidade para caracterizações e situações mais
complexas e a possibilidade de desenvolverem um sentido mais
profundo de enredo e de forma.
Agora o Jogo Dramático se aproxima mais do teatro.
Peças escritas ainda não são recomendadas.
O trabalho em grupo é reforçado, havendo um uso mais
disciplinado do espaço.
O autor defende que o traje utilizado no jogo dramático não deve ser
um figurino pronto, mas preferivelmente produzido pelo grupo,pois
segundo ele o figurino pronto também indiretamente incentiva o
exibicionismo da criança.
Não deve haver também, ainda, diferenciação entre plateia e ator.
10. Conclusão
O jogo dramático, desta forma é uma boa ferramenta
educacional e artística, talhando a criança em suas
várias habilidades humanas, respeitando sua
individualidade e capacidade intelectual e criativa.