Este documento discute a racionalidade em duas vertentes da economia: neoclássica e comportamental. Apresenta um breve histórico da interação entre psicologia e economia, descrevendo como a racionalidade é tratada nos paradigmas neoclássico e comportamental. Discute conceitos como racionalidade limitada, teoria do prospecto e efeito de enquadramento. Por fim, aponta campos em aberto para o debate, como o status das regularidades psicológicas.
Uma discussão sobre racionalidade em economia comportamental
1. UM DEBATE SOBRE AS IDEIAS DE RACIONALIDADE EM
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO E NAS CIÊNCIAS ECONÔMICAS
GUILHERME BERGO LEUGI (UFSCAR)
guilher mebergoleugi@gmail.com
VITOR BUKVAR FERNANDES (UNICAMP)
vitorbukvar@gmail.com
2. Faremos uma discussão...
“Mas, para que serve filosofar, hoje, num mundo onde
ciência, técnica e política parecem dividir entre si os
poderes, num mundo onde cientistas, técnicos, políticos,
transformados em novos magos, movem todos os fios?
O propósito, a nosso ver, continua sendo o mesmo que a
filosofia teve desde a origem: desmitificar. Os antigos mitos
eram os da poesia, da fantasia, da imaginação; os novos
mitos são os da ciência, da técnica e das ideologias, vale
dizer, os mitos do poder.” (Reale, 1993)
3. INTRODUÇÃO
a) Escopo: racionalidade em duas vertentes famosas de
economia (neoclássica e comportamental)
b) Ressalvas
c) Linha-guia da apresentação:
a) Breve histórico da interação da psicologia dentro da
economia – 3 momentos
b) Racionalidade no paradigma da economia neoclássica
c) Racionalidade no paradigma da economia
comportamental
d) Discussão e campos em aberto
5. PRINCÍPIO DA UTILIDADE E
REVOLUÇÃO MARGINALISTA
a) Jeremy Bentham (1748-1832): o Princípio da
Utilidade
• “a natureza colocou o gênero humano sob o
domínio de dois senhores soberanos: a dor e o
prazer. Somente a eles compete apontar o que
devemos fazer, bem como determinar o que na
realidade faremos” (Bentham, 1789, apud
Nogueira, 2009, p. 9)
• Hedonismo / “egoísmo” como virtude
• Felicidade (utilidade): predominância do prazer
em relação à dor (física ou não)
• Maior felicidade para o maior número de
pessoas = medida entre certo e errado
6. PRINCÍPIO DA UTILIDADE E
REVOLUÇÃO MARGINALISTA
b)
William S. Jevons (1835-1882)
Menger
Léon Walras (1834-1910)
Carl Menger (1840-1921)
• Utilidade Marginal Decrescente:
• uma unidade a mais gera utilidade X
• mais uma unidade adicional gera utilidade, mas
menor que X. (lei dos retornos decrescentes)
Jevons
• Psicologia progressivamente perde espaço para a
formalização matemática
Walras
7. PRINCÍPIO DA UTILIDADE E
REVOLUÇÃO MARGINALISTA
Exemplo gráfico: renda
familiar x felicidade
(utilidade) média
• Utilidade marginal
decrescente:
Acréscimos na renda
familiar geram aumentos
progressivamente
menores na felicidade
média.
Fonte: Spagnoli, 2012
8. CONSOLIDAÇÃO DO
PARADIGMA NEOCLÁSSICO
DENTRO DA ECONOMIA
•
Consolida-se visão de racionalidade como princípio lógico e não
psicológico:
•
•
Economia cinde com psicologia: teoria econômica é “muito mais
uma lógica da escolha do que uma psicologia do valor” (Schumpeter,
1968)
Definição de economia como estudo da alocação de recursos
escasssos (Robbins, 1935, p. 16-17):
•
•
•
A economia estuda o comportamento humano como uma relação
entre fins e meios escassos que tem usos alternativos.
Ela não trata de certos tipos de comportamento, mas de certo
aspecto do comportamento, aquele imposto pela influência da
escassez.
Dada estrutura de meios e fins, problema lógico da alocação tornouse campo da matemática da otimização.
9. ECONOMIA
COMPORTAMENTAL
• Herbert Simon* (1916-2001): críticas à
racionalidade perfeita
Simon
• 1990+: a abordagem de que a psicologia importa
toma força, especialmente em críticas à ideia de
racionalidade perfeita:
• Daniel N. Kahneman* (1934-) – psicologia
cognitiva
• Amos Tversky* (1937-1996) – psicologia cognitiva
e matemática
• Colin Camerer (1959-) – psicologia cognitiva e
economia
* Ganhadores do Nobel de Economia
Kahneman
Tversky
11. PRESSUPOSTOS
BÁSICOS
• Auto-interesse (self-interest): comportamento dos agentes
maximizar utilidade individual (bem-estar)
• Informações perfeitas: conhecimento das preferências de
todos os outros agentes
• Preferências racionais: escolha consciente, resolução de
escolhas através de cálculo racional e lógica
maximizadora de utilidade
12. A DEFESA DO MÉTODO
NEOCLÁSSICO (LÓGICODEDUTIVISTA)
• Milton Friedman* (1912-2006):
• Premissas não importam, o que
importa é prever melhor
• Premissas não realistas não
impedem que a previsão da teoria
seja razoavelmente precisa
Friedman
* Ganhador do Nobel de Economia
13. A DEFESA DO MÉTODO
NEOCLÁSSICO (LÓGICODEDUTIVISTA)
• Exemplo do jogador profissional de bilhar:
• Problema consiste em prever as tacadas do jogador
profissional de bilhar
• É razoável assumir que ele se comporte como se
conhecesse e calculasse instantaneamente todas as
equações da física do movimento, permitindo-o jogar com
precisão
• Não importa se ele realmente conhece as leis da física: o
resultado é o mesmo - e se não fosse, ele não seria um
jogador profissional de bilhar
14. A DEFESA DO MÉTODO
NEOCLÁSSICO (LÓGICODEDUTIVISTA)
Partindo disso Friedman faz uma analogia com o caso do
empresário dono de uma firma:
• Supõe-se que o empresário aja como se maximizasse
lucros e conhecesse as equações que regem os
fenômenos econômicos.
• Não importa se ele tem racionalidade perfeita ou se age
por acaso, hábito ou outra regra.
• Se o resultado de suas ações divergir do agente ideal, ele
vai à falência e é “extinto” – um mecanismo de “seleção
natural” pelo mercado, nas palavras de Friedman.
15. TEORIA DA ESCOLHA
RACIONAL
• Racionalidade perfeita atividade de computar
• O “cálculo” é independente da atividade mental individual
• Solução de problemas via lógica matemática
• Psicologia e economia devem ser consideradas duas
especializações completamente autônomas, com status
igualmente indepentendes
17. EMPIRISMO, ECONOMIA
INDUTIVA-EXPERIMENTAL
• EC como campo não homogêneo
• Campo unido pela crítica aos pressupostos da Economia
Neoclássica, em especial o da racionalidade perfeita
• Busca de maior realismo psicológico nas previsões
• Comparação das racionalidades em Simon (1986):
• Pessoa racional da economia neoclássica sempre chega
na decisão que é objetivamente a melhor em termos da
função de utilidade (individual) dada.
• Pessoa racional da psicologia (cognitiva) toma sua
decisão de uma forma que é procedimentalmente razoável
de acordo com o a sua capacidade computacional e o
conhecimento disponível.
18. RACIONALIDADE LIMITADA
(BOUNDED RATIONALITY)
Simon (1957): “o comportamento humano tem a intenção de
ser racional, mas o é apenas de forma limitada”1
• Ambiente complexo em relação à capacidade mental
• As diversas alternativas para chegar a um objetivo não
são dadas previamente ao tomador de decisão
• Limites mentais + complexidade: impossibilidade de
considerar todas as alternativas, logo, impossibilidade de
considerar todas as consequências das suas ações.
• Adota-se uma estratégia “satisfatória”, i.e.: boa o
suficiente para ele naquele contexto (heurística), e não
uma estratégia matematicamente otimizadora.
1
“Human behavior is intendedly rational, but only limitedly so” (Simon, 1957: xxiv).
19. TEORIA DO
PROSPECTO
Kahneman e Tversky (1979). The prospect theory: an
analysis of decision under risk.
• Experimentos sobre escolha sob incerteza.
• Adiantando:
• Conclusões: há uma assimetria entre os efeitos de
ganhos e perdas - perdas influenciam negativamente mais
do que ganhos influenciam positivamente.
• Princípio da aversão à perda (loss-aversion)
20. TEORIA DO
PROSPECTO
Um exemplo: considere os dois prospectos
Problema 1: Em adição ao que você tem, você
recebeu 1000.
Escolha entre
(1000, .50)
x
(500)
50% de chance
certeza de
A
ou
B
de ganhar 1000
ganhar 500
N=70
[16%]
[84%]
Problema 2: Em adição ao que você tem, você
recebeu 2000.
Escolha entre
(-1000, .50)
x
(-500)
50% de chance
certeza de
C
ou
D
de perder 1000
perder 500
N=68
[69%]
[31%]
Fonte: Kahneman & Tversky (1979), adaptado.
•
Os dois problemas são idênticos em relação aos resultados finais,
diferindo apenas por serem um prospecto positivo (1) e outro negativo
(2).
•
A = (1000+1000, 0,5; 1000+0, 0,5) = C = (2000-1000, 0,5; 2000-0, 0,5)
•
A = (2000, 0.5; 1000; 0;5) = C = (1000, 0.5; 2000, 0.5)
•
B = (1000+500, 1) = (2000-500, 1) = D
•
B = (1500, 1) = D
21. TEORIA DO
PROSPECTO
Outros exemplos:
Fonte: Kahneman e Tversky (1979), adaptado.
•
Em situações de ganhos (prospectos positivos) os sujeitos
adotam comportamento de aversão ao risco (risk-averse)
•
Em situações de perda (prospectos negativos) os sujeitos
adotam comportamento de atração ao risco (risk-seeker)
22. TEORIA DO
PROSPECTO
• De acordo com a teoria da escolha racional (neoclássica), o bemestar gerado por ganhar uma quantidade X deveria ser do
mesmo tamanho que o mal-estar gerado por perder uma mesma
quantidade X.
• Em notação formal: Módulo U(-X) = Módulo U(X)
• De acordo com a Teoria do Prospecto, não é isto que ocorre.
23. TEORIA DO
PROSPECTO
• O gráfico representa uma
assimetria entre a “valoração”
de ganhos e perdas (não
somente no sinal).
• Perdas são “sentidas” de forma
mais intensa que os ganhos.
• Disto resulta que a aversão à
perda (loss-aversion) torna os
indivíduos:
• Propensos a arriscar mais para
perder menos (risk-seeker)
• Propensos a arriscar menos
quando ganhando (risk-averse)
Gráfico 1. Função valor assimétrica
24. EFEITO DE
ENQUADRAMENTO
(FRAMING EFFECT)
Kahneman e Tversky (1981) – The Framing of Decisions and the
Psychology of Choice.
•
Diferentes representações (framing) de um mesmo problema
levam a escolhas divergentes do que é esperado nos
axiomas neoclássicos
•
Como os indivíduos escolhem diante de um problema?
•
•
•
•
Representação do problema como passo anterior à decisão
Decisão como último passo do processo:
O cálculo é feito com grandes restrições (racionalidade
limitada + ambiente complexo)
As restrições levam a viéses sistemáticos em comparação
com o que seria esperado do indivíduo “hiper-racional” de
poderes computacionais ilimitados
25. EFEITO DE
ENQUADRAMENTO
(FRAMING EFFECT)
O exemplo da aposta arriscada (longshot) na corrida de
cavalos:
Considere uma pessoa que passou o dia no hipódromo
apostando e até o final da tarde já perdeu $140 e está pensando
em entrar numa aposta arriscada na última corrida.
A aposta agressiva (longshot) tem custo de $10 e chance
pequena de ganhar $150.
Esta decisão pode ser enquadrada de duas formas diferentes:
a) Enfoque na aposta presente: ganho de $140 (+150-10) vs
perda de $10.
b) Enfoque no período inteiro: retorno ao ponto de referência
inicial, $0 (+150-10-140) vs perda de $ 150 (+0-10-140).
26. EFEITO DE
ENQUADRAMENTO
(FRAMING EFFECT)
A teoria do prospecto implica que:
• A segunda representação (b) produzirá um
comportamento de atração por risco maior que a primeira
(a) – devido à magnitude da perda representada ser maior
• Esta análise é confirmada pela a observação de que as
apostas arriscadas (longshots) são mais comuns na
última corrida do dia. (Tversky e Kahneman, 1981, p. 456)
28. RECAPITULANDO
• Economia comportamental: enfoque em aumentar o
realismo dos fundamentos psicológicos na economia
Experimental-indutivo
Controle experimental e
evidências empíricas
Lógico-dedutivo
vs
Pressupostos axiomáticos e
deduções lógicas a partir deles
• Aumento do realismo pode diminuir a tratabilidade nos
modelos matemáticos, mas tem gerado maior precisão
• Muitas definições econômicas têm conteúdo
comportamental – elas são intrinsecamente
comportamentais, e poderiam se beneficiar de laços mais
explícitos com as ideias e dados psicológicos (Camerer,
2002, p. 44)
29. CAMPOS EM ABERTO
i. Regularidades psicológicas: um pressuposto ou uma
conclusão?
• Estudos em EC começam com pressuposições enraizadas
na regularidade psicológica e buscam o que se segue
delas.
• Alternativa: fazer o contrário, ou seja, considerar
regularidade psicológica como uma conclusão que
precisa ser provada.
ii. Definições mais precisas de racionalidade limitada
• Assume-se que os agentes usam “regras pessoais”
(heurística) exógenas.
• Buscar explicação formal para as regras pessoais
embasados em experimentação seria de grande valia.
30. CAMPOS EM ABERTO
iii. Rachlin (1995) sobre economia comportamental
EC trata do estudo dos erros/desvios do comportamento
racional
Para EC os comportamentos que se enquadram na lei da
utilidade marginal decrescente não são irracionais, logo são
parte da microeconomia (neoclássica) e não da EC.
O problema de ambas é que são baseadas numa visão de
sistema axiomático racional, ou seja:
A ciência econômica só explica comportamento por via da
racionalidade - ou incorporando todo o comportamento em sí
mesma ou ao deixar certos comportamentos (não racionais)
de lado e taxá-los de “anômalos”.
31. CAMPOS EM ABERTO
iv. Experimento sobre o comportamento dos macacos-prego
na troca (Chen et al, 2006)
Introdução de moeda fiduciária (papel) e troca numa colônia
de macacos-prego visando analisar suas preferências sobre
vários bens e apostas, incluindo nisso uma análise da
aversão à perda nos macacos.
Resultados:
Macacos-prego reagem racionalmente tanto ao preço quanto
à riqueza mas demonstram várias tendências marcantes com
relação às apostas, incluindo aversão à perda.
Os autores concluem que a aversão à perda extende-se para
além dos humanos e hipotetizam que pode ser inata ao invés
de característica aprendida.
32. ANÁLISE DE VIÉS SKINNERIANO
Considerando que se trata de compreender a
racionalidade do ser agindo como uma justificativa para as
ações que empreende sobre o mundo e que o último
empreende sobre o primeiro, a opção por um determinado
quesito justificador, ou ainda, a escolha por um certo tipo
racional de ação, dentro do Behaviorismo Radical, parece
infundado (Dittrich, 2008).
A falta de “fundamentação” para a escolha do valor
não impede que Skinner prescreva aspectos fundamentais
de um sistema de atribuição de valores, sendo entendido
como valor último a sobrevivência da cultura (subjulgada,
mas não resumida à sobrevivência da espécie).
33. ANÁLISE DE VIÉS SKINNERIANO
“Não me pergunte por que eu quero que a
humanidade sobreviva. Eu posso lhe dizer o porquê apenas
no sentido em que o fisiólogo pode lhe dizer porque eu
quero respirar” (1956/1972b, p. 36 [Some issues concerning
the control of human behavior]). Essa passagem pode ser
interpretada da seguinte forma: “Não pergunte a mim,
enquanto suposto agente moral autônomo, por que eu quero
que a humanidade sobreviva. Eu posso responder o porquê
apenas recorrendo à história de seleção de meu próprio
comportamento por suas conseqüências – assim como o
fisiólogo recorreria à história seletiva de minha espécie pra
explicar porque eu, enquanto membro da espécie, quero
respirar”. Dito de outra forma: não há nada além de nossa
história (filogenética, ontogenética e cultural) que permitanos justificar os valores que defendemos” (Dittrich, 2008)
34. ANÁLISE DE VIÉS SKINNERIANO
Em termos mais gerais...
A literatura filosófica sobre o comportamento, em
certo recorte, pode ser subdividida em duas categorias.
“Uma primeira, que poderíamos chamar, por falta de
denominação melhor, de Cartesiana, entende a ação humana
como sui generis: uma capacidade irredutível da intervenção
humana. A segunda categoria se forma com a premissa de
que a ação humana é parte da ordem natural das coisas e
pode ser totalmente compreendida nos termos de conexões
causais entre eventos na natureza” (Enç, 2004).
35. ANÁLISE DE VIÉS SKINNERIANO
“Eu me oponho a teorias de aprendizagem que
tentam explicar fatos observados apelando a eventos „que
aparecem em outro lugar, em algum outro nível de
observação, descritos em termos diferentes e medidos, se é
que o são, em dimensões diferentes”.
“Em outro artigo (…) eu insisti que um movimento
importante na psicologia experimental era „na direção de
uma satisfatória teoria de comportamento‟. (…) No campo
especial da análise experimental do comportamento eu vejo
um novo tipo de convicção. Ela não advém de um
„afrouxamento da preocupação com teoria‟ mas do sucesso.
Problemas importantes tem sido atacados e resolvidos”
(Skinner, 1964)
36. ANÁLISE DE VIÉS SKINNERIANO
“Se formos capazes de explicar o comportamento de
pessoas em grupo sem usar nenhum termo novo ou sem
pressupor nenhum novo processo ou princípio, teremos
demonstrado uma promissora simplicidade nos dados. Isto
não significa que então as ciências sociais irão
inevitavelmente formular suas generalizações em termos do
comportamento individual, pois um outro nível de descrição
pode também ser válido, e pode ser bem mais conveniente.”
(Skinner, 1953)
37. ANÁLISE DE VIÉS SKINNERIANO
É evidente a discrepância de objetivos entre os casos
aqui expostos. Ao passo que Skinner apresenta um conteúdo
eminentemente
pragmático
na
compreensão
do
comportamento, o pragmatismo no caso da parcela das
Ciências Econômicas aqui mencionada é em outra direção.
Grosso modo, em denominação livre, o pragmatismo
skinneriano busca uma simplicidade explicativa: simples em
princípios, simples em procedimentos, e que dá margem a
especulações globais acerca do humano (culminando em um
modelo interpretativo: O modelo de Seleção pelas
Consequências). O pragmatismo destes posicionamentos
(Economia) busca a compreensão de padrões específicos de
comportamento, dado um contexto delimitado. Não é o caso,
também, de considerá-los necessariamente inválidos, mas de
compreendê-los em seus contextos. E, neste sentido, a Análise
do Comportamento também deveria ser capaz de oferecer (ou
produzir) explicações aos padrões encontrados
38. ANÁLISE DE VIÉS SKINNERIANO
A crítica social que resta ao sistema, também poderia vir
de Skinner, no sentido de que um sistema econômico que cria
regras para sua própria validação acaba por determiná-las e não
“desvendá-las”. Sendo assim, haveria, no limite, certa
“desonestidade” paradigmática na criação de um sistema como
esse, por uma comunidade que lhe tenta validar. Não no sentido
de que essas regras não se apliquem, decerto. Pois a
aplicabilidade é mensurável e as constatações acerca desse
tipo de assertiva são passíveis de investigação científica para
sua validação ou descarte. Trata-se, de outro modo, do
problema da criação de um sistema e postulação a posteriori de
regras “naturais” para seu funcionamento. O homo
oeconomicus já não está tão forte, mas o princípio envolvido
parece estar presente no sentido em que o sistema postula as
condições do homem e depois busca explicações para estas
condições de modo separado delas.
39. BIBLIOGRAFIA
Bernstein, Peter (1998). Against the Gods - The Remarkable
Story of Risk. Wiley.
Anomalies. In: Journal of Experimental Analysis of Behavior,
1995, 64, no 3 (November), pp. 397-404.
Camerer, Colin. (2002), draft. Available at:
http://www.hss.caltech.edu/~camerer/ribe239.pdf
Robbins, Lionel (1932). An Essay on the Nature and Significance
of Economic Science. London: Macmillan.
Chen, M. Keith; Lakshminarayanan, Venkat; Santos, Laurie R.
(2006). In: Journal of Political Economy, 2006, vol. 114, no. 3.
University of Chicago.
Schumpeter, Joseph (1968). History of Economic Analysis.
Routledge, 1968.
Dittrich, A. (2008) O problema da “justificação racional de
valores” na filosofia moral skinneriana. Psicolog, 1, 21-26.
Enç, B. (2004) Causal theories of intentional behavior ans
wayward causal chains. Behavior and Philosophy, 32, 149-166
Friedman, Milton (1966). Essays in positive economics.
University of Chicago Press. 334 p.
Simon, Herbert A. (1957). A Behavioral Model of Rational Choice.
In: Models of Man, Social and Rational: Mathematical Essays on
Rational Human Behavior in a Social Setting. New York: Wiley.
Simon, Herbert A. (1986). Rationality in Psychology and
Economics. In: The Journal of Busines, vol. 59, no. 4, part 2: The
Behavioral Foundations of Economic Theory, pp. S209-S224:
Chicago, 1986.
Skinner, B. F. (1964) Skinner on Theory. Science, 145, 1385-1387
Fudenberg, Drew (2006). Advancing beyond Advances in
Behavioral Economics. In: Journal of Economic Literature. Vol. Skinner, B. F. (2003) Ciência e Comportamento Humano. Martins
XLIV, Sep. 2006, pp. 694-711.
Fontes. Trabalho original publicado em 1953.
Kahneman e Tversky (1979). The prospect theory: an analysis of Spagnoli, Philip (2012). Available at:
decision under risk. In: Econometrica, 47(2), pp. 263-291. March, http://informationanddemocracy.blogspot.com.br/2012/01/its-no1979.
longer-economy-stupid.html
Kahneman e Tversky (1981). The Framing of Decisions and the
Psychology of Choice. In: Science, New Series, Vol. 21, No.
4481. Jan. 30, 1981, pp. 453-458.
Kahneman, Knetsch, Thaler (1990). Experimental Tests of the
Endowment effect and the Coase Theorem. In: Journal of
Political Economy, vol. 98, n. 6. University of Chicago, 1990.
Langlois, Richard N. (s.d.). Rationality in economics. s.d.
Available at: http://www.sp.uconn.edu/~langlois/r700.htm
Rachlin, Howard (1995). Behavioral Economics Without