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Letramento: Significados
e tendências
Interação, Alfabetização e Letramento:
uma proposta de/para alfabetizar,
letrando
Sérgio Roberto Costa
Docente: Viviane Veloso Soares Ferreira
Programa Brasil Alfabetizado
Governo Lula (Ago/2013)

• Acabar com o analfabetismo (dominar a tecnologia da
escrita);
• Letrar os analfabetos funcionais (fazer uso da leitura e da
escrita);
• Contrario ao MOBRAL (Movimento Brasileiro de
alfabetização – Proposta da ditadura militar de alfabetizar no
sentido de ensinar o código);
• Interação com portadores de gêneros textuais diversos.
PISA (Programa Internacional de Avaliação dos

Estudantes)

Noticias vinculadas à midia

• “Educação no Brasil é 45ª entre 48 países” (Diário de São
Paulo, Julho de 2003);
• “Mais da metade dos estudantes não compreendem o que
lê” – evasão escolar como principal consequência do
analfabetismo funcional (Correio Brasiliense, julho de2003);
• “Um dos piores em Alfabetização” – Investimento em
educação é parte da equação. Quanto menor a desigualdade
melhor e desempenho dos alunos. (Diário da manhã, julho
de 2003)
Nos Estados Unidos, Canada, Inglaterra e outros países,
pesquisas mostraram que as crianças que têm bom
desempenho linguístico na leitura e na escrita tiveram um
bom ensino sistemático das relações fonema/grafema. Não
significa a volta aos métodos tradicionais, significa acumular
“*...+ o que aprendemos com o passado, juntando a ele as
novidades que o presente traz”. (SOARES, 2003)
Proposta de melhoria do
ALFABETIZAR, LETRANDO, que passa
pela avaliação de certas práticas
pedagógicas de oralidade, de leitura e
produções textuais, presentes em sala
de aula.
Construtos teóricos: Interação; alfabetização e
letramento; concepções de gêneros discursivos e
textuais.
Conceito de interação
Duas perspectivas
• Psicogenética piagetianas – concepção construtivista do
conhecimento como processo de interação com o objeto de
apropriação; a criança interage com a escrita e vai levantando
hipóteses sobre ela, a escrita e aprende a ler e escrever aos poucos e
progressivamente. A fala é um catalizador de mudança interna, mas
sem influencia direta/imediata nas formas e funções do pensamento.
• Sociogénetica vygotskyana (semiótico-cultural bakhtiniana) –
mediação (multi)semiótica instrumental e dialógica (orientação para o
outro) das ações e do desenvolvimento humanos. O discurso interior,
o pensamento, é tão social e dialógico quanto sua expressão verbal
(exterior), produto da internalização do discurso de outrem.
Em resumo:
“A atividade mental da criança, nos processos de alfabetização e
letramento, não é apenas cognitiva, mas se trata de uma atividade
enunciativo-discursiva: a criança aprende a ouvir, a entender o outro
pela leitura, aprende a falar, a dizer o que quer pela e sobre a escrita
pois aprender é usar, praticar, conhecer (Smolka, 1993:63)” (p. 23)
Conceito de alfabetização
e letramento
• Alfabetização – dimensão individual – aquisição da escrita enquanto
aprendizagem de habilidades de leitura, escrita e as chamadas
praticas de linguagem; Decodificação de códigos;
• Letramento – dimensão individual e social – usa socialmente, pratica,
responde adequadamente às demandas de leitura e escrita; Envolve
dois processos contínuos e complementares: Ler e Escrever.
Conceito de gêneros
discursivos e textuais

• Gêneros discursivos de Bakhtin – Gênero primário, contexto imediato
com situação de produção real, onde acontece a ação comunicativa;
Gênero secundário, constitui uma ação em si mesma e vai ser
compreendido pelas (co)referencias entre os enunciados dentro do
próprio texto que deve ter sua própria rede de indicações coesas e
coerentes
• Gêneros textuais de Bronckart – a dimensão textual se subordina à
dimensão discursiva produzida/construída na interação verbal,
realidade fundamental da língua, assim, os gêneros textuais, são
produtos histórico-sociais existindo diferentes tipos de acordo com o
interesse e as condições de funcionamento das formações sociais.
• A escola que faz uso de um discurso culturalmente diferente do da
vida cotidiana, é um ambiente em que a sócio-contrução da
alfabetização e do letramento se faz, principalmente, pela
materialização de formas genéricas;
• “Estamos, assim, sugerindo, como proposta de construção da
alfabetização e do letramento escolar, o uso dos ‘gêneros discursivos
secundários’ da oralidade e da escrita como uma mega-unidade
instrumental (Schneuwly, 1994) semiótico-psicológica (Vygostsky,
1930/1934) de ensino/aprendizagem, que deve ser apropriada por
crianças e adolescentes que frequentam a instituição escolar.” (p.33)
Alfabetizar, Letrando
(I)
Função e apropriação de instrumentos ou formas de mediação
A construção dessa nova função psicológica - o letramento (a escrita) –
pela apropriação de instrumentos, formas de mediação, os quais
funcionam como mediadores da construção de enunciados cada vez
mais autônomos e controlados.
Instrumentos/ferramentas de mediação
• A mediação de/pelo outro que ensina e executa a atividade junto com
o par ou pares (processo didático ou poliádico partilhado);
• Mediação das orientações/instruções/recursos pedagógicos que
fazem parte dos eventos discursivos inativos;
• Mediação dos signos linguísticos;
• Mediação dos instrumentos técnicos e sistemas de escritura;
• A mediação dos gêneros do discurso ou do enunciado.
Não devemos transformar utiliza-los na sua materialidade pura como
um treino mecânico de desenvolvimento de habilidades, cujos
resultados seriam avaliados de “certo” ou “errado”; não passaria de um
modelo procedimental/instrumental.
Alfabetizar, letrando com a utilização desses instrumentos não significa
retroceder a uma alfabetização do ensino cartilhesco. Não retroceder
significa, entre outras posições teóricas:
I) Repensar que ensinar o sistema alfabético de escrita (a
correspondência letra/som) e algumas convenções ortográficas não
garantem a aprendizagem da leitura e escrita;
II) Não retroceder significa também repensar que dar exercícios de
redação e exercícios de redigir textos e garantir o uso da língua
padrão escolar na escrita e na fala, mediante a memorização e
aplicação de regras, demostra a falsa de que a capacidade de fazer
textos depende da capacidade de grafá-los por si só. Como
podemos ver nos dois textos a seguir de uma escola na Zona da
Mata mineiro que acompanha a correção da professora e sua
avaliação.
O sapo

O sapo

(A/Parabéns! Tudo certinho)

O sapo é muito bonito
Ele pula para lá e para cá.
O sapo tem a pele enrrugada e é muito nojento.
O sapo é verde.
O sapo vive na água e na terra.
Muitas pessoas têm medo dele.
O sapo é marido da sapa.
O sapo adora meter a língua no mosquitinho.
Sara

(B/Atenção na ortografia!)

Na fazentda o meu avô tem um
açude jcheio de sapinhos. Eles adoram
ficar cantando tdurandte a noite.
nNa fazentda tem sapos diferentes.
aAlguns são verdes, outros marrons e outros
pintadinhos e jcheios de pverrugas.
Mamãe e vovó morrem de medo
Deles. Vovô diz que alguns são perigosos
porque pode jogar veneno na gente.
Eu não tenho medo de sapos.
gGosto de ver eles comendo bichinhos
que vfiçam na horta da vovó.
Pedro

A professora avalia o texto apenas na base do critério da convenção ortográfica e não
percebe que Pedro apresenta um problema de escrita, com os pares p/b, t/d, k/g, s/z. S/Z.
O texto de Sara se enquadra muito mais no estilo cartilhesco, “já o texto de Pedro
apresenta parágrafos e frases mais complexas, cuja sequencidade discursiva se faz pelo uso
de recursos linguísticos variados pelos quais o aluno demostra ter maestria do estilo
descritivo-narrativo desse tipo textual tão solicitado na escola.”(p.44)
Alfabetizar, Letrando
(II)
A construção do letramento escolar mediado por gêneros discursivos e
textuais
• O uso do gênero discursivo, ou o texto como enunciado como uma megaunidade teórica instrumental semiótico-psicológica de ensino, que deve ser
apreendida para a construção do letramento escolar.
• Quando a criança tem contato com diversos gêneros, mesmo que ainda
não saiba escrever segundo as convenções do sistema de escritura de sua
língua, ele estará se apropriando de um conjunto de instrumentos
essenciais à construção de uma nova função psicológica: o letramento
escolar (a escrita)
• Correção passa a ser interpretada do ponto de vista enunciativo e não
linguístico de certo ou errado (correção/avaliação textual)
“Você nunca será velho
demais, doido ou estranho
por pegar um livro e ler
para uma criança.”
Dr. Seuss
Fim
Bibliografia:

DE MELLO, Maria Cristina; DO AMARAL RIBEIRO, Amélia Escotto.Letramento:
significados e tendências. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2004.

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Letramento: conceitos e gêneros

  • 1. Letramento: Significados e tendências Interação, Alfabetização e Letramento: uma proposta de/para alfabetizar, letrando Sérgio Roberto Costa Docente: Viviane Veloso Soares Ferreira
  • 2. Programa Brasil Alfabetizado Governo Lula (Ago/2013) • Acabar com o analfabetismo (dominar a tecnologia da escrita); • Letrar os analfabetos funcionais (fazer uso da leitura e da escrita); • Contrario ao MOBRAL (Movimento Brasileiro de alfabetização – Proposta da ditadura militar de alfabetizar no sentido de ensinar o código); • Interação com portadores de gêneros textuais diversos.
  • 3. PISA (Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes) Noticias vinculadas à midia • “Educação no Brasil é 45ª entre 48 países” (Diário de São Paulo, Julho de 2003); • “Mais da metade dos estudantes não compreendem o que lê” – evasão escolar como principal consequência do analfabetismo funcional (Correio Brasiliense, julho de2003); • “Um dos piores em Alfabetização” – Investimento em educação é parte da equação. Quanto menor a desigualdade melhor e desempenho dos alunos. (Diário da manhã, julho de 2003)
  • 4. Nos Estados Unidos, Canada, Inglaterra e outros países, pesquisas mostraram que as crianças que têm bom desempenho linguístico na leitura e na escrita tiveram um bom ensino sistemático das relações fonema/grafema. Não significa a volta aos métodos tradicionais, significa acumular “*...+ o que aprendemos com o passado, juntando a ele as novidades que o presente traz”. (SOARES, 2003)
  • 5. Proposta de melhoria do ALFABETIZAR, LETRANDO, que passa pela avaliação de certas práticas pedagógicas de oralidade, de leitura e produções textuais, presentes em sala de aula. Construtos teóricos: Interação; alfabetização e letramento; concepções de gêneros discursivos e textuais.
  • 6. Conceito de interação Duas perspectivas • Psicogenética piagetianas – concepção construtivista do conhecimento como processo de interação com o objeto de apropriação; a criança interage com a escrita e vai levantando hipóteses sobre ela, a escrita e aprende a ler e escrever aos poucos e progressivamente. A fala é um catalizador de mudança interna, mas sem influencia direta/imediata nas formas e funções do pensamento. • Sociogénetica vygotskyana (semiótico-cultural bakhtiniana) – mediação (multi)semiótica instrumental e dialógica (orientação para o outro) das ações e do desenvolvimento humanos. O discurso interior, o pensamento, é tão social e dialógico quanto sua expressão verbal (exterior), produto da internalização do discurso de outrem.
  • 7. Em resumo: “A atividade mental da criança, nos processos de alfabetização e letramento, não é apenas cognitiva, mas se trata de uma atividade enunciativo-discursiva: a criança aprende a ouvir, a entender o outro pela leitura, aprende a falar, a dizer o que quer pela e sobre a escrita pois aprender é usar, praticar, conhecer (Smolka, 1993:63)” (p. 23)
  • 8. Conceito de alfabetização e letramento • Alfabetização – dimensão individual – aquisição da escrita enquanto aprendizagem de habilidades de leitura, escrita e as chamadas praticas de linguagem; Decodificação de códigos; • Letramento – dimensão individual e social – usa socialmente, pratica, responde adequadamente às demandas de leitura e escrita; Envolve dois processos contínuos e complementares: Ler e Escrever.
  • 9. Conceito de gêneros discursivos e textuais • Gêneros discursivos de Bakhtin – Gênero primário, contexto imediato com situação de produção real, onde acontece a ação comunicativa; Gênero secundário, constitui uma ação em si mesma e vai ser compreendido pelas (co)referencias entre os enunciados dentro do próprio texto que deve ter sua própria rede de indicações coesas e coerentes • Gêneros textuais de Bronckart – a dimensão textual se subordina à dimensão discursiva produzida/construída na interação verbal, realidade fundamental da língua, assim, os gêneros textuais, são produtos histórico-sociais existindo diferentes tipos de acordo com o interesse e as condições de funcionamento das formações sociais.
  • 10. • A escola que faz uso de um discurso culturalmente diferente do da vida cotidiana, é um ambiente em que a sócio-contrução da alfabetização e do letramento se faz, principalmente, pela materialização de formas genéricas; • “Estamos, assim, sugerindo, como proposta de construção da alfabetização e do letramento escolar, o uso dos ‘gêneros discursivos secundários’ da oralidade e da escrita como uma mega-unidade instrumental (Schneuwly, 1994) semiótico-psicológica (Vygostsky, 1930/1934) de ensino/aprendizagem, que deve ser apropriada por crianças e adolescentes que frequentam a instituição escolar.” (p.33)
  • 11. Alfabetizar, Letrando (I) Função e apropriação de instrumentos ou formas de mediação A construção dessa nova função psicológica - o letramento (a escrita) – pela apropriação de instrumentos, formas de mediação, os quais funcionam como mediadores da construção de enunciados cada vez mais autônomos e controlados.
  • 12. Instrumentos/ferramentas de mediação • A mediação de/pelo outro que ensina e executa a atividade junto com o par ou pares (processo didático ou poliádico partilhado); • Mediação das orientações/instruções/recursos pedagógicos que fazem parte dos eventos discursivos inativos; • Mediação dos signos linguísticos; • Mediação dos instrumentos técnicos e sistemas de escritura; • A mediação dos gêneros do discurso ou do enunciado. Não devemos transformar utiliza-los na sua materialidade pura como um treino mecânico de desenvolvimento de habilidades, cujos resultados seriam avaliados de “certo” ou “errado”; não passaria de um modelo procedimental/instrumental.
  • 13. Alfabetizar, letrando com a utilização desses instrumentos não significa retroceder a uma alfabetização do ensino cartilhesco. Não retroceder significa, entre outras posições teóricas: I) Repensar que ensinar o sistema alfabético de escrita (a correspondência letra/som) e algumas convenções ortográficas não garantem a aprendizagem da leitura e escrita; II) Não retroceder significa também repensar que dar exercícios de redação e exercícios de redigir textos e garantir o uso da língua padrão escolar na escrita e na fala, mediante a memorização e aplicação de regras, demostra a falsa de que a capacidade de fazer textos depende da capacidade de grafá-los por si só. Como podemos ver nos dois textos a seguir de uma escola na Zona da Mata mineiro que acompanha a correção da professora e sua avaliação.
  • 14. O sapo O sapo (A/Parabéns! Tudo certinho) O sapo é muito bonito Ele pula para lá e para cá. O sapo tem a pele enrrugada e é muito nojento. O sapo é verde. O sapo vive na água e na terra. Muitas pessoas têm medo dele. O sapo é marido da sapa. O sapo adora meter a língua no mosquitinho. Sara (B/Atenção na ortografia!) Na fazentda o meu avô tem um açude jcheio de sapinhos. Eles adoram ficar cantando tdurandte a noite. nNa fazentda tem sapos diferentes. aAlguns são verdes, outros marrons e outros pintadinhos e jcheios de pverrugas. Mamãe e vovó morrem de medo Deles. Vovô diz que alguns são perigosos porque pode jogar veneno na gente. Eu não tenho medo de sapos. gGosto de ver eles comendo bichinhos que vfiçam na horta da vovó. Pedro A professora avalia o texto apenas na base do critério da convenção ortográfica e não percebe que Pedro apresenta um problema de escrita, com os pares p/b, t/d, k/g, s/z. S/Z. O texto de Sara se enquadra muito mais no estilo cartilhesco, “já o texto de Pedro apresenta parágrafos e frases mais complexas, cuja sequencidade discursiva se faz pelo uso de recursos linguísticos variados pelos quais o aluno demostra ter maestria do estilo descritivo-narrativo desse tipo textual tão solicitado na escola.”(p.44)
  • 15. Alfabetizar, Letrando (II) A construção do letramento escolar mediado por gêneros discursivos e textuais • O uso do gênero discursivo, ou o texto como enunciado como uma megaunidade teórica instrumental semiótico-psicológica de ensino, que deve ser apreendida para a construção do letramento escolar. • Quando a criança tem contato com diversos gêneros, mesmo que ainda não saiba escrever segundo as convenções do sistema de escritura de sua língua, ele estará se apropriando de um conjunto de instrumentos essenciais à construção de uma nova função psicológica: o letramento escolar (a escrita) • Correção passa a ser interpretada do ponto de vista enunciativo e não linguístico de certo ou errado (correção/avaliação textual)
  • 16. “Você nunca será velho demais, doido ou estranho por pegar um livro e ler para uma criança.” Dr. Seuss Fim
  • 17. Bibliografia: DE MELLO, Maria Cristina; DO AMARAL RIBEIRO, Amélia Escotto.Letramento: significados e tendências. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2004.