TCC Marcelo Fraiha - A Colaboração Social no Mundo dos Negócios e da Inovação...
Software livre na educação publica como forma de estimular a cooperação e combater a desigualdade
1. WESLEY DIAS TAMAGI
SOFTWARE LIVRE NAS ESCOLAS PUBLICAS DO PARANÁ : UMA FERRAMENTA
PARA ESTIMULAR A COOPERAÇÃO E COMBATER A DESIGUALDADE.
CURITIBA
2012
SOFTWARE LIVRE NAS ESCOLAS PUBLICAS DO PARANÁ : UMA FERRAMENTA PARA ESTIMULAR
A COOPERAÇÃO E COMBATER A DESIGUALDADE.de Wesley Dias Tamagi é licenciado sob
umaLicença Creative Commons Atribuição-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.
Perssões além do escopo dessa licença podem estar disponível em tama.wes@gmail.com.
2. DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA:
O uso do software livre nas escolas publicas é uma pratica que visa dois
objetivos: o primeiro e mais óbvio é economizar, já o segundo seria evitar atos ilegais
como a pirataria. Ambas razões acabam sendo um discurso de mercado e não raro
quando um país entra em crise financeira o software livre volta à pauta do de
discussão, no Paraná o uso do software livre nas escolas começou a ganhar estimulo
com o projeto Paraná Digital do então governador Roberto Requião, onde os
computadores dos laboratórios de informática tiveram uma versão modificada do
Debian Linux instalado mais tarde esta versão começaria a ser substituída pelo Linux
Educacional desenvolvida pelo Centro de Experimentação em Tecnologia Educacional
(CETE) do Ministério da Educação (MEC) cuja versão mais recente a 4.0 que é
baseada na versão 10.04 LTS do Ubuntu Linux foi desenvolvida em parceria com o
Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) um grupo de pesquisa do
Departamento de Informática da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Existe uma filosofia de coletividade e compartilhamento dentro do universo do
software livre, mas distante da escola onde ora o software livre é encarado como um
mero instrumento de redução de custos, ora simplesmente como um produto inferior ao
software proprietário e restritivo. O potencial que o software livre tem para construir um
amplo debate,promover o compartilhamento de ideias e contribuir para a construção de
3. uma alternativa onde os valores de cooperatividade se façam presente não é
aproveitado em sua totalidade isso ocorre por algumas razões: Inicialmente a
Burocratização e Mercantilização: A escola na teoria deveria ser um canal para o
dialogo e construção de valores sociais, existem diversas teorias neste sentido como
os sete saberes necessários a educação do futuro de Edgar Morin, a discussão sobre o
currículo escolar levantada por Miguel Arroyo, o debate sobre a utilidade atual da
escola levantada por Ivan Illich, a educação popular discutida por Carlos Rodrigues
Brandão entre outras teorias da educação que valorizam o senso de coletividade.
A computação ao ingressar na vida escolar trouxe novas possibilidades e
incertezas até meados da década de 80 do século XX o software privativo
monopolizava o mercado, logo as escolas de regiões pobres ficavam excluídas do
processo de informatização, ao longo dos anos 90 surgiram estímulos a chamada
inclusão digital, mas foi somente com o software livre que o cenário passou a ser
modificado, o mesmo permite o acesso e estimula a cooperação entre os sujeitos.
Em 1985 Richard Stallman fundou a Free Software Foundation (FSF) nascida do
projeto GNU (Gnu is not Unix) e que, entre outras coisas defende o uso do software
livre na educação como forma de promover a união e estimular o compartilhamento dos
saberes é importante levantar as razões para o não aproveitamento do software livre
como ferramenta social, primeiramente existe o fator tempo a escola não tem tempo,
os professores não tem tempo e isto dificulta o uso e estimulo de novas ferramentas,
depois temos a chamada curva de aprendizagem a maioria das pessoas se acostumou
a utilizar um único sistema operacional, um único método de ensino e uma única
realidade. Com a tecnologia se modificando num ritmo acelerado esta curva de
4. aprendizagem tornou-se maior o computador passou a ser uma ferramenta de trabalho
para a educação, pesquisas online substituíram as enciclopédias e a escola não
conseguiu acompanhar este ritmo de mudanças, repetiu velhos discursos para novos
tempos e mesmo com as novas tecnologias a dinâmica do ensinar pouco mudou,
raramente os laboratórios de informática são utilizados para algo além de pesquisa
escolar, digitar trabalhos ou preparar uma apresentação.
Existem muitos educadores que se envolvem com projetos livres e muitos
desenvolvedores que se interessam pela educação prova disso é que existem projetos
educacionais na FSF, na comunidade LibreOfifice (suíte de escritório), na Open Source
Initiative (OSI) – uma fundação que tem por objetivo estimular de forma pragmática o
uso do open source (código aberto) e em diversas distribuições Linux, mas a escola
não aproveita estas experiências, não busca unir os conhecimentos mesmo a
interdisciplinaridade é mais comentário teórico do que ação pratica na escola. É preciso
lembrar que as condições e desvalorização da escola publica muitas vezes, são os
reais empecilhos para inovar ou usar novas ferramentas o mercado muitas vezes dita
as regras na educação:
É extremamente preocupante que as politicas curriculares e até reorientações
curriculares sigam este servilismo ao movimento do mercado. Currículos
no movimento do mercado revelam movimentos de marcha a ré, freando
o movimento para frente que nas ultimas décadas luta por reconhecer
cada criança /adolescente, jovem e adulto sujeito de direitos, não
mercadoria.(ARROYO, 2011 pg.104)
O software livre representa uma alternativa ao mercado de certa forma uma libertação
destas amarras assim temos uma importante ferramenta reorientação ideológica:
Free Software exemplifies this reorientation; it is no simply a technical pursuit
but also the creation of a “public”, a collective that asserts itself as a check on
other constituted forms of power like states, the church, and corporations –
but which remains independent of these domains of power. Free Software is
a response to this reorientation that as resulted in a novel form of democratic
political action.(KELTY, 2008, pg.7)
5. Mas como a escola pode fazer ação politica através do software livre? A resposta está
no desenvolvimento e divulgação do software livre, não existe como produzir, manter
ou propagar o software livre sem um coletivo assim a vaidade individual dá lugar para o
esforço em conjunto. No lugar de uma “elite” fechada decidindo os rumos, muitas vezes
ouvindo o mercado temos grupos discutindo qual o melhor caminho para maioria.
Apesar do software livre não ser contra o mercado seu ecossistema representa
uma forte alternativa para a forma como o mercado age, a escola reproduz muito do
mercado, começando pela competitividade que não é totalmente negativa
O paradigma da competição é uma corrida: recompensado o vencedor, nós
encorajamos todos a correr mais rápido. Quando o capitalismo realmente
funciona deste modo ele realmente faz um bom trabalho; mas os defensores
estão errados em assumir que as coisas sempre funcionam desta forma. Se os
corredores se esquecem do porque a recompensa ser oferecida e buscarem
vencer, não importa como, eles podem encontrar outras estratégias – como,
por exemplo, atacar os outros corredores. Se os corredores se envolverem em
uma luta corpo-a-corpo, todos eles chegaram mais tarde.(STALLMAN, 2001 in:
http://www.gnu.org/gnu/manifesto.pt-br.html ).
Classifica-se, aprova-se certo numero de alunos,segundo uma avaliação uma nota
a qual deve se conquistar individualmente e depois o mesmo sistema escolar que
promoveu o egoísmo, passa a defender valores sociais de união e cooperação, a
competividade só tem utilidade se estimula o outro a crescer e desenvolver no caso
do educando seria buscar conhecimentos e se aperfeiçoar, mas o que ocorre é um
processo de exclusão onde ninguém pode auxiliar o outro e todos acabam sendo
nivelados por baixo. Ora aí está a contradição não permitindo um auxilio mutuo, mas
tendo que promover o conhecimento curricular o aluno que tem um conhecimento
maior acaba recebendo menos atenção e muitas vezes se vê obrigado a regredir em
favorecimento do mais fraco (em questões de conteúdos específicos).
6. A desigualdade é uma realidade do capitalismo, a escola é vista por muitos
como espaço de igualdade, porém isso quase nunca acontece de fato:
É óbvio que mesmo com escolas de igual qualidade, uma criança pobre rara
vezes poderia nivelar-se a uma criança rica. Mesmo frequentando escolas
idênticas e começando na mesma idade, as crianças pobres não tem a
maioria das oportunidades educacionais que naturalmente uma criança da
classe média possui. Essas vantagens vão desde a conversação e livros em
casa até as viagens de férias e uma diferente idiossincrasia; isto vale para
as crianças que gozam disso, tanto na escola como fora dela. O estudante
pobre geralmente ficará em desigualdade porquanto depende da escola para
progredir ou aprender.(ILLICH, 1985, pg.21)
A ideologia de compartilhamento e auxilio mutuo presente no software livre pode
auxiliar a reduzir esta desigualdade, no universo Linux por exemplo mais e mais
pessoas são estimuladas a testar, usar e divulgar o sistema operacional livre,
logicamente que isto só terá efeito se a ideologia do software livre for propagada na
escola, em resumo o software livre possui 4 liberdades:
A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito (liberdade 0);
A liberdade de estudar como o programa funciona e adaptá-lo as suas
necessidades (liberdade 1). Para tanto, acesso ao código-fonte é um pré-
requisito;
A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao próximo
(liberdade 2);
A liberdade de redistribuir cópias de suas versões modificadas a outros
(liberdade 3). Desta forma, você pode dar a toda comunidade a chance de se
beneficiar de suas mudanças. Para tanto, acesso ao código-fonte é um pré-
requisito.(FREE SOFTWARE FOUNDATION).
Estas liberdades poderiam ser temas associados aos conteúdos curriculares de
filosofia, sociologia e historia no ensino médio, temas para discussões na educação
profissional e no Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Pouco se fala sobre o software
livre nas escolas, usam desconhecendo sua historia sua proposta alternativa a um
modelo desigual de desenvolvimento que visa quase sempre ao lucro e transforma
os alunos em competidores sem cooperarem para o bem comum. A escola seja por
receio da direção e equipe pedagógica dos alunos danificarem os laboratórios de
7. informática, seja por falta de conhecimento sobre o tema e ignorância sobre a filosofia
central do software livre impedem ainda que sem querer uma grande oportunidade
de interdisciplinaridade e cooperação. Os alunos seriam responsáveis por escolher e
manter a distribuição Linux que mais lhe agradassem, mas teriam que de alguma forma
contribuir com a distribuição seja atraindo mais pessoas, ou estimulando doações
para os projetos relacionados, igualmente os softwares como navegadores, ambientes
gráficos, suítes de escritórios entre outros receberiam igual atenção, esta abertura e
interação teria um resultado positivo, os atos de vandalismo raramente ocorrem por
outro motivo que não seja a sensação de exclusão:
Atos de vandalismo sobretudo em monumentos públicos, podem ser
interpretados como manifestações políticas contra a exclusão social.
A analise é da coordenadora do Laboratório de Estudos Urbanos da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Eni Orlandi (…). “As
pessoas expressam aquilo que elas sentem”. (...) Eni alerta que os atos de
vandalismo são sintomas de que as relações sociais estão pautadas pela
violência.(VILLA,2002).
A escola reproduz o discurso violento e desigual presente no capitalismo, neste
sentido estimular o uso e permitir ao aluno ter pleno acesso ao que seria instalado no
computador da escola (a única obrigatoriedade seria que o software instalado deve ser
software livre e open source), possibilitaria fazer o aluno especialmente aquele se tem
o sentimento de exclusão, consiga começar a sentir-se integrado ao coletivo.
No Paraná os laboratórios de informática presentes nas escolas publicas
receberam o nome de Paraná Digital um projeto feito em cooperação com a
Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (CELEPAR),
UFPR, Secretaria do Estado de Educação (SEED) e Companhia Paranaense de
Energia (Copel), estes laboratórios utilizam software livre esta escolha foi um acerto,
mas faltou aproveitar melhor a filosofia de cooperação e o estimulo para dividir o
8. conhecimento adquirido. Outro quesito pouco trabalhado é a escolha dos softwares,
tendo em vista que a palavra-chave no movimento do software livre é a liberdade e o
universo livre possui uma variedade de opções, nada mais acertado que permitir a
comunidade escolar conhecer e escolher quais aplicativos irá utilizar e como o fará.
O software privativo volta e meia coloca seus olhares na educação e muitas
vezes a escola particular opta por este tipo de software, neste quesito a escola publica
que utiliza software livre obtêm uma vantagem.
Não é que o software privativo escolhido pelas escolas não cumpra o proposito
para o qual foi projetado. Às vezes até cumpre. O problema é que o proposito
educacional, quando o software é privativo, vem sempre acompanhado de
outros propósitos indesejáveis. E são esses outros propósitos que criam
hábitos prejudiciais e limitam as possibilidades de aprendizado.
O objetivo da educação não deve se limitar a transmitir informação. Deve
preparar o educando para ser um cidadão livre e independente. (…). Capaz
utilizar o conhecimento e técnicas que adquiriu.(OLIVA, 2009 pg. 12-13).
O software livre abre a possibilidade de controle ao passo que o software privativo
torna a pessoa controlada, primeiro por um contrato unilateral e em seguida a
cooperação é desestimulada, já no mundo livre a cooperação é estimulada e a
pessoa/comunidade pode favorecer a si e aos demais com inovações e divisão do
conhecimento é necessário observar que esta vantagem da escola publica não é
plenamente utilizada sendo muitas vezes uma potencialidade e não realidade.
A escola publica possui uma variedade de alunos se somarmos o ensino
profissional, a EJA e a educação especial bem como as políticas de inclusão esta
diversidade aumentará de forma considerável nesta questão a filosofia do software livre
pode auxiliar a promover uma interligação entre estes mundos paralelos. Ainda é forte
o discurso de mão única na educação que ora não percebe a diversidade, ora a usa
apenas no discurso.
9. Se a diversidade de educandos que chegam às escolas carrega vivências
diversificadas do tempo, como trabalhá-las? No fundo, a disputa é de
experiências do tempo, na diversidade de sujeitos humanos com que
trabalhamos. (…). As outras experiências temporais, do passado, presente e
futuro tem impactos seríssimos sobre o currículo, uma vez que foram fechados
em uma experiência temporal única, que desconsidera a possibilidade
de outras experiências temporais vivida pela diversidade de sujeitos.
(ARROYO,2011 pg. 307-308).
A diversidade é presente no cotidiano do software livre seu universo não é limitado
apenas as pessoas da área de computação e programadores, mas de entusiastas
e pessoas que apoiam um outro modelo de desenvolvimento e relações sociais, a
escola publica paranaense além de contar com o software livre presente, tem dentro
do Estado uma ampla comunidade que participa de variados projetos livres. Falta,
no entanto um estimulo direcionado afim de promover a ideologia do software livre,
estimular seu uso e mostrar sua utilidade para a educação.
OBJETIVOS:
Mostrar como o uso do software livre vem sendo utilizado pelas escolas publicas
do Paraná levando em consideração a importância que as novas tecnologias, podem
ter para o processo de ensino-aprendizagem verificar até onde sua ideologia é
conhecida pela comunidade escolar, estimular o debate sobre a possibilidade de usar o
software livre como ferramenta de cooperação e redução da desigualdade entre os
diferentes tipos de educandos, uma vez que todos podem cooperar. Realizar um
levantamento do uso e conhecimentos sobre o software livre por parte da comunidade
das escolas publicas paranaenses e por fim promover os valores presentes na filosofia
do software livre para auxiliar uma construção cidadã que vise o bem comum.
REVISÃO DE LITERATURA:
10. O uso da tecnologia em sala de aula passou por fases variadas sempre com a
promessa de ser algo inovador, no entanto esta inovação muitas vezes ocorreu de
forma conservadora e o potencial de uso ficou apenas na teoria.
O fato de treinar professores em cursos intensivos e de colocar equipamentos
nas escolas não significa que as novas tecnologias serão usadas para
melhoria da qualidade de ensino. Em escolas informatizadas, tanto publicas
como particulares, tenho observado formas de uso que chamo de inovação
conservadora, quando uma ferramenta cara é utilizada para realizar tarefas
que poderiam ser feitas, de modo satisfatório, por equipamentos mais
simples (atualmente, usos do computador para tarefas que poderiam ser
feitas por gravadores, retroprojetores, copiadoras livros, até mesmo lápis e
papel).(CYSNEIROS, 1999 pg. 15-16).
Hoje o software livre é uma forma de reduzir custos, por exemplo a versão mais
barata da suíte de escritório Microsoft Office versão 2010 (a ultima versão estável)
denominada Office Home and Student 2010 em seu web-site custa R$ 199,00 ao
passo que a suíte de escritório LibreOffice e a suíte Calligra não possuem custos isto
se deve ao fato da liberdade de distribuir livremente copias algo que o software livre
permite e os privativos impedem, mas esta não é a principal vantagem, aparentemente
o software proprietário tem a garantia de pertencer a uma empresa ao passo que o
software livre geralmente vem sem garantia alguma. Todavia é possível conseguir
suporte para software livre uma possibilidade é treinar alunos do ensino profissional,
para auxiliarem a comunidade escolar a manter, atualizar e usar o potencial do
software livre que não se limita ao conhecimento tecnista, mas envolve o saber
cooperar e auxiliar aos demais e igualmente ser auxiliado por toda uma comunidade.
Somente a partir de 1998 o software livre conseguiu se expandir ¨¨Around 1998
Free Software emerged from a happily subterranean and obscure existence stretching
back roughly twenty years¨¨(KELTY, 2008 pg. 1). O mesmo poderia ser dito de outras
tecnologias e inovações que levaram um espaço de tempo para serem utilizadas, mas
11. nenhuma delas possuía, uma preocupação com a educação como o software livre:
Atividades educacionais (incluindo escolas) têm o dever se ensinar apenas
software livre. Aqui estão os motivos:
Em primeiro lugar, o software livre pode poupar dinheiro às escolas. Ele
proporciona às escolas, como a outros usuários, a liberdade de copiar e
redistribuir o software, de modo que o sistema escolar pode fazer cópias para
todos os computadores que possui. Em países pobres isso pode ajudar a
acabar com a dívida digital. Essa razão óbvia, embora importante em termos
práticos, é um tanto superficial. Desenvolvedores de software proprietário
podem eliminá-la ao doar cópias às escolas. (Aviso: uma escola que aceita
tal oferta pode ter que atualizar o software mais tarde.) Então vejamos as
razões mais profundas. Escolas têm uma missão social: ensinar seus alunos
a serem cidadãos de uma sociedade forte, capaz,independente, cooperativa
e livre. Elas devem promover o uso de software livre assim como promovem
a reciclagem. Se as escolas ensinarem o software livre, os alunos tenderão a
usá-lo depois de se graduar. Isso ajudará a sociedade como um todo a escapar
do domínio (e abuso) das megacorporações. O que as escolas devem se
recusar a ensinar é a dependência. Essas corporações oferecem amostras
grátis. (…). Eles não darão descontos a esses estudantes quando adultos e
graduados. O software livre permite aos estudantes que aprendam como o
software funciona. Alguns estudantes, quando chegam à adolescência, querem
aprender tudo o que podem sobre computadores e software. (…). O software
proprietário rejeita a sede de conhecimento dos estudantes. (…). A razão mais
profunda para se utilizar software livre nas escolas é a educação moral; nós
esperamos que as escolas ensinem aos alunos fatos básicos e habilidades
úteis, mas isso não é tudo. (FREE SOFTWARE FOUNDATION, 2009 in http://
www.gnu.org/education/edu-schools.html).
Diferente das grandes empresas o interesse do software livre não é apenas ganhar
mercado, mas trazer mais e mais pessoas para uma alternativa que visa antes de tudo
a cooperação e respeito pela diversidade.
O uso do computador nas escolas pode realmente contribuir com o processo
ensino-aprendizagem:
Assim, à medida que fomos construindo nossa pesquisa, os receios e as
duvidas foram sendo trocados pela convicção de que esta tecnologia pode
efetivamente contribuir no processo de ensino-aprendizagem. Todavia,
acreditamos que mesmo que tenhamos diante de nós um elenco de
justificativas para introduzir este recurso didático na escola, esta inserção não
se pode dar de forma autoritária.(OLIVEIRA,1997. pg. 17.).
Do mesmo modo o software livre não deve simplesmente ser instalado é importante
mostrar sua filosofia e razões para usá-lo, mostrar que o mesmo permite estreitar os
laços sociais e rompe as barreiras do egoísmo existente no capitalismo. Para a escola
12. publica em especial avançar em desenvolvimento tecnológico o software livre é uma
importante ferramenta para o processo educacional:
O texto Software livre na educação trata da escolha dos softwares a serem
utilizados nas escolas. (…). A livre circulação de softwares com códigos
abertos e contribuição de todos, é imprescindível para a evolução do
computador no processo educacional. A utilização de software livre de custos
autorais reduz o custo da implantação e facilita o amplo acesso das escolas a
essa nova tecnologia.(MERCADO,2002. Pg. 07)
Do contrario corre-se o risco de transformar uma importante ideologia em mera
mercadoria a ser esquecida no tempo e espaço, para isto deve-se buscar o que a
comunidade escolar pensa e sabe sobre a tecnologia além de verificar o conhecimento
sobre o software livre por parte desta mesma comunidade no caso dos docentes como
as novas tecnologias podem auxiliar seu trabalho:
Por outro lado, os professores manifestando suas representações sobre as
relações entre tecnologia e trabalho ou atividades correlatas destacaram que a
tecnologia é:
- O uso da ciência, do saber, no trabalho em busca de novos métodos para
otimizar seu trabalho.
- Aplicação e implantação de conhecimentos científicos para o melhor
desenvolvimento do trabalho. (LIMA FILHO; QUELUZ, 2006. pg. 12).
A liberdade que o software livre oferece ao educando e ao educador liberdade traz
a possibilidade, capaz de transformar o meio social e contribuir para o processo de
ensino-aprendizagem: ¨¨O software livre não é simplesmente uma questão técnica;
é uma questão ética, social e politica. É uma questão de direitos humanos que os
usuários devem ter. ¨¨ (FREE SOFTWARE FOUNDATION, 2012 in http://www.gnu.org/
education/education.pt-br.html)
REFERÊNCIAS:
ARROYO, M. G: “CURRÍCULO TERRITÓRIO EM DISPUTA”. 2012 ed. Vozes
Petrópolis – RJ.
13. CYSNEIROS, P. G: “ NOVAS TECNOLOGIAS NA SALA DE AULA MELHORIA
DO ENSINO OU INOVAÇÃO CONSERVADORA?” revista: Informática Educativa –
UNIANDES – Vol. 12 n°1, 1999 pg. 11-24
FREE SOFTWARE FOUNDATION: TEXTOS DIVERSOS in: http://gnu.org/education.
Acessado em 20/10/2012.
ILLICH. Illich: “SOCIEDADE SEM ESCOLAS”. 1985 ed. Vozes Petrópolis- RJ.
KELTY, C. M “TWO BITS: THE CULTURAL SIGNIFANCE OF FREE SOFTWARE”
2008 ed. Duke University Press in twobits.net. Acessado em 10/09/2012.
LIMA FILHO,D.L. ;QUELUZ, G. L. : “ A TECNOLOGIA E A EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA: ELEMENTOS PARA UMA SISTEMATIZAÇÃO CONCEITUAL”in
revista Educação e Tecnologia, Belo Horizonte, v.10, n°1, pg.19-28, 2005
disponível em: http://files.dirppg.ct.utfpr.edu.br/ppgte/selecao2013/bibliografia/
LimaFilhoeQueluz.pdf - acessado em 15/10/2012
MERCADO, L. P. L: “NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO: REFLEXÕES SOBRE
A PRÁTICA” 2002 ed. Edufal, Maceió -AL.
OLIVA, ALEXANDRE: SOFTWARE PRIVATIVO É FALTA DE EDUCAÇÃO” in: http://
revista.espiritolivre.org/pdf/Revista_EspiritoLivre_007_outubro09.pdf. Acessado em 20/
10/2012.
OLIVEIRA, Ramon de “INFORMÁTICA EDUCATIVA:DOS PLANOS E DISCURSOS A
SALA DE AULA” 1997 ed. Papirus Editora, Campinas -SP.
STALLMAN, Richard: “O MANIFESTO GNU” in: http://www.gnu.org/gnu/manifesto.pt-
br.html acessado em 20/10/2012
14. VILLA, Marcelo: “DISCURSO URBANO CONTRA A EXCLUSÃO” 2002 Correio Popular
Campinas -SP in: www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?down=CMUHE031586
acessado em 18/10/2012.