Dissertação (Mestrado)_Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil_Maria Zuila Cysneiros de Miranda_2014
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL
MARIA ZUILA CYSNEIROS DE MIRANDA
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: UMA ANÁLISE EM
CANTEIROS DE OBRAS DE EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS EM CUIABÁ-MT
Cuiabá - MT
2014
2. MARIA ZUILA CYSNEIROS DE MIRANDA
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: UMA ANÁLISE EM
CANTEIROS DE OBRAS DE EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS EM CUIABÁ-MT
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia de
Edificações e Ambiental, da Universidade
Federal de Mato Grosso, como requisito
para obtenção do título de Mestre.
Área de concentração:
Construção Civil
Orientador:
Prof. Dr. José Manoel Henriques de Jesus
Co-orientador:
Prof. Dr. Adnauer Tarquínio Daltro
Cuiabá - MT
Maio, 2014
3.
4.
5. DEDICATÓRIA
Aos meus inesquecíveis pai Orlando
de Miranda Henriques Filho (in
memoriam) e avô Orlando de
Miranda Henriques (in memoriam).
6. AGRADECIMENTOS
Ao Deus de amor e misericórdia que nos deu o sopro da vida e nos
oportunizou “ser cristão” nessa abençoada escola, o Planeta Terra.
Aos benfeitores espirituais que nos envolveram em vibrações de amor e
incentivo, amparando-nos em nossos momentos de dúvidas e reflexões.
À família que Deus nos presenteou para viver e aprender a amar,
indistintamente.
Aos amigos, a família do coração, que escolhemos para caminhar juntos,
amparando e amparados pelo amor incondicional de sermos simplesmente irmãos.
À minha secretária do lar Elisa que dedicou carinho e atenção para manter
meu conforto, nas muitas noites e dias de trabalho.
Aos colegas do Mestrado pela convivência e por dividirmos juntos o mesmo
sonho.
Aos meus professores orientadores Prof. Dr. José Henriques Manoel de
Jesus e Prof. Dr. Adnauer Tarquínio Daltro, incansáveis nas etapas dessa
caminhada, doando paciência e atenção em todos os momentos da jornada. A eles,
meu especial agradecimento.
Aos professores da banca examinadora Prof. Dr. Luiz Airton da Silva, Profa
.
Drª. Marta Regina Lopes Tocchetto, Profª. Drª. Eliana Beatriz Nunes Rondon Lima,
pelas valiosas contribuições.
Aos professores, à coordenação e à secretaria do Mestrado, pela atenção e
dedicação durante o curso.
Ao SindusCon-MT em nome do Presidente Eng. Cezário Neto, que acreditou
e apoiou a pesquisa através de sua assessoria técnica e equipe, fundamentais para
o início dos trabalhos nos canteiros de obra.
Às empresas construtoras parceiras sem as quais não seria possível realizar
a pesquisa; aos diretores, supervisores e coordenadores de obra que organizaram e
disponibilizaram o tempo de suas equipes técnicas, nos canteiros de obra.
Aos engenheiros civis e mestres de obra entrevistados e aos meus alunos da
Faculdade de Engenharia Civil e estagiários, que contribuíram nos canteiros de obra
com a pesquisa.
A todos, minha gratidão!
7. RESUMO
Na atualidade, os resíduos da construção civil (RCC) representam um grande
desafio para o setor e o seu gerenciamento, durante a produção das edificações,
promove nos canteiros de obra uma realidade vinculada ao modelo de gestão de
cada empresa construtora. É preciso então ampliar o entendimento de gestão
empresarial e integrá-lo aos conceitos de gestão ambiental. É necessário um novo
modelo para o gerenciamento dos canteiros de obra que seja capaz de viabilizar o
gerenciamento de RCC e contribuir positivamente, para o grave problema de
administração de resíduos sólidos nas cidades brasileiras. A pesquisa se propôs a
identificar e analisar o gerenciamento de resíduos da construção civil (GRCC) dentro
dos canteiros de obra de edifícios residenciais, na cidade de Cuiabá, a partir da
aplicação de uma ferramenta e instrumentos de análise e observação, que medisse
quantitativa e qualitativamente esse gerenciamento. Também propôs avaliar o
modelo de GRCC presente no canteiro de obra em relação à contribuição junto à
cadeia produtiva da construção e a interrelação entre o gerenciamento do canteiro
de obra e o gerenciamento de RCC, a partir de uma análise quantitativa e qualitativa
das melhorias e inovações tecnológicas simples implantadas. Para alcançar esses
objetivos foram estudadas seis empresas, entre as nove maiores com atuação no
segmento, tanto regional como nacional, e que representaram mais de 50% do
mercado para m2
em construção e em empreendimentos entregues em 2013. Em
cada empresa foram pesquisados dois canteiros de obra, totalizando doze canteiros
participantes. Na análise dos resultados obtidos percebe-se nesses canteiros ações
e práticas referentes à introdução de melhorias e inovações tecnológicas simples
relacionadas ao gerenciamento do canteiro de obra, embora ainda incipientes para
resultados satisfatórios quanto ao gerenciamento de RCC. Ao integrar-se essas
ações aos resultados obtidos para o modelo de gerenciamento de RCC implantado
nos canteiros das empresas, foi possível constatar que 83% dos canteiros trabalham
com modelo de gerenciamento de RCC insuficiente, sem contribuição ou impacto
positivo na cadeia produtiva da construção. Face a todos os aspectos analisados,
para as novas edificações na cidade de Cuiabá, os resultados indicaram um valor
médio de RCC removido dos canteiros de 199 kg/m2
construído. Em comparação ao
valor nacional mais difundido, 150 kg/m2
construído, o resultado da pesquisa é 25%
maior; em comparação ao valor divulgado pela Prefeitura Municipal de Cuiabá para
elaboração de Projeto de Gerenciamento de RCC para novas edificações, 120 kg/m²
construído, o resultado da pesquisa é 40% maior.
Palavras-chave: Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Canteiros de
Obra. Construção Civil. Edifícios Residenciais.
8. ABSTRACT
At present time, the construction waste (CW) represents a major challenge for the
segment and its management during the production of buildings, for it promotes at
the construction sites a reality linked to the management model of each construction
company. It is then necessary to broaden the understanding of business
management and integrate it to the concepts of environmental management. A new
model for managing construction sites to be able to enable the management of CW
and contribute positively to the serious problem of solid waste management in
Brazilian cities is required. The research aimed to identify and analyze the
management of construction waste (MCW) within the construction sites of residential
buildings in the city of Cuiabá, from the application of a tool and instruments of
analysis and observation, which measured quantitatively and qualitatively this
management. Also aimed to identify to evaluat the model MCW present at the
construction site and the interrelationship between the management of the
construction site and management of construction waste, from a quantitative and
qualitative analysis of simple technological improvements and innovations
implemented. To achieve these goals, six of the nine largest companies in this
segment, both regional and national, were studied, and which represented over 50%
of the market for square meter in construction and projects delivered in 2013. In each
company, two construction sites were surveyed, bringing the total to twelve
participant In the analysis of the results it can be seen in these plots, actions and
practices regarding the introduction of improvements, and technological innovations
related to managing the construction site, although still preliminary to satisfactory
results regarding the management of construction waste. By integrating these actions
to the results obtained for model CW implanted in the construction sites of the
companies, it was found that 83% of the constructions work with management
construction waste insufficient without contribution or positive impact on the
construction supply chain model. Considering all the aspects analyzed, for new
buildings in the city of Cuiabá, the results indicated an average removed on
construction sites of construction waste 199 kg/m2
built. Compared to the wider
national value of 150 kg/m2
built, the research result is 25% higher; compared to the
value reported by the Municipality of Cuiabá for developing project of construction
waste management for new buildings, 120 kg/m² built, the research result is 40%
higher.
Keywords: Management Waste of Construction. Construction Sites. Construction.
Residential Buildings.
9. LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Composição da Cadeia Produtiva da Construção 2012.........................47
Figura 2 – Fluxograma geral da pesquisa...............................................................64
Figura 3 – Fluxograma da primeira e segunda fase para diagnóstico do canteiro de
obra e avaliação do modelo de GRCC.................................................69
Figura 4 – Fluxograma geral da estrutura de pontuação e avaliação do modelo de
GRCC implantado nos canteiros de obra.............................................80
Figura 5 – Tempo de trabalho na construção civil...................................................85
Figura 6 – Grau de escolaridade.............................................................................86
Figura 7 – Você faz a separação do lixo da sua casa?...........................................87
Figura 8 – Quantidade de lixo (resíduo) gerado na obra.........................................88
Figura 9 – O que você entende por gerenciamento resíduos da construção civil...88
Figura 10 – Destino dado para os resíduos da obra ...............................................92
Figura 11 – Periodicidade para realização da limpeza da obra...............................92
Figura 12 – Maiores percentuais para melhorias e inovações por item e canteiro..95
Figura 13 – Menores percentuais para melhorias e inovações por item e canteiro 96
Figura 14 – Percentual das empresas às questões do item 1) percepção das
políticas ambiental e de qualidade da empresa .................................104
Figura 15 – Percentual das empresas às questões do item 2) práticas relacionadas
ao GRCC - questões de 1 a 14..........................................................107
Figura 16 – Percentual das empresas às questões do item 2) práticas relacionadas
ao GRCC - questões 15 a 27.............................................................108
Figura 17 – Percentual das empresas às questões do item 3) plano de GRCC,
caracterização e triagem de RCC ......................................................111
Figura 18 – Percentual das empresas às questões do item 4) acondicionamento
e/ou armazenamento temporário .......................................................117
Figura 19 – Percentual das empresas às questões do item 5) transporte e
destinação final de resíduos...............................................................120
Figura 20 – Grau de dificuldade quanto ao GRCC no canteiro associado ao
percentual de práticas para GRCC ....................................................127
Figura 21 – Canteiros B1 e B2 – Percentual comparativo para melhorias e
inovações...........................................................................................136
Figura 22 – Canteiros B1 e B2 – Comparativo final pelas médias ........................136
Figura 23 – Canteiros A1 e A2 – Comparativo final pelas médias ........................138
Figura 24 – Canteiros F1 e F2 - Comparativo pelas médias para itens de melhorias
e inovações........................................................................................139
Figura 25 – Canteiros F1 e F2 – Comparativo final pelas médias.........................139
Figura 26 – Canteiros F1 e F2 – Comparativo final pela média ............................141
10. Figura 27 – Canteiros D1 e D2 – Comparativo final pelas médias........................142
Figura 28 – Canteiros E1 e E2 – Comparativo final pelas médias ........................142
Figura 29 – Empresa C – Evolução do IGR RCC removido em kg/m² construído.
Uma obra por ano para 2011, 2012 e 2013 .......................................149
Figura 30 – Empresa D - Evolução do IGR RCC removido em kg/m² construído.
Para três obras em 2013....................................................................150
11. LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Classes de RCC e destinação por classe segundo a Resolução
CONAMA 307/2002 alterada pelas resoluções CONAMA 348/2004,
431/2011 e 448/2012 ...........................................................................28
Quadro 2 – Progressão de pesquisas realizadas para avaliação de perdas de
materiais...............................................................................................35
Quadro 3 – Classificação das perdas .....................................................................36
Quadro 4 – Estudo de entradas e saídas da indústria da construção civil..............37
Quadro 5 – Programas prioritários CBIC.................................................................49
Quadro 6 – Exemplos de iniciativas de sustentabilidade de entidades de classe....50
Quadro 7 – Pesquisas sobre inovação tecnológica na construção nacional no
período 1998 a 2012 ............................................................................60
Quadro 8 – Síntese do universo, da amostra e dos critérios de seleção da
pesquisa...............................................................................................67
Quadro 9 – Distribuição dos canteiros de obra por empresa ..................................68
Quadro 10 – Critério para avaliação do modelo de gerenciamento de RCC...........81
Quadro 11 – Melhorias e Inovações – percentual de respostas “SIM” às questões
dos seis itens. Média por canteiro e por empresa................................94
Quadro 12 – Percentual por canteiro para item 1) Percepção das políticas
ambiental e de qualidade da empresa. Média por canteiro para Práticas
para GRCC. .......................................................................................102
Quadro 13 – Percentual por canteiro para item 2) práticas relacionadas ao
GRCC..................................................................................................105
Quadro 14 – Percentual por canteiro para item 3) plano de GRCC, caracterização e
triagem de RCC .................................................................................110
Quadro 15 – Percentual por canteiro para item 4) acondicionamento e/ou
armazenamento de RCC....................................................................115
Quadro 16 – Percentual por canteiro para item 5) transporte e destinação final de
resíduos .............................................................................................119
Quadro 17 – Percentual para itens de práticas e procedimentos em canteiros de
obra quanto ao gerenciamento de resíduos da construção civil
(GRCC).............................................................................................. 124
Quadro 18 – Comparativo da média por canteiro – percentuais entre melhorias e
inovações x práticas para GRCC ......................................................125
Quadro 19 – Percentual por item - melhorias e inovações x práticas para GRCC
Maior ocorrência de percentuais “insatisfatórios” (abaixo de 50%)....133
Quadro 20 – Percentual de melhorias e inovações x práticas para GRCC
Média por canteiro e por empresa .....................................................135
Quadro 21 – Percentual comparativo para melhorias e inovações x práticas para
GRCC. Canteiros A1 e A2 - B1 e B2 -................................................135
12. Quadro 22 – Canteiros A1 e A2 - Percentual quanto as práticas para GRCC ......137
Quadro 23 – Canteiros A1 e A2 - Percentual para melhorias e inovações ...........137
Quadro 24 – Percentual comparativo para melhorias e inovações x práticas para
GRCC - Canteiros F1 e F2.................................................................138
Quadro 25 – Percentual comparativo para melhorias e inovações x práticas para
GRCC - Canteiros C1 e C2................................................................140
Quadro 26 – Percentual comparativo para melhorias e inovações x práticas para
GRCC - Canteiros D1 e D2 - E1 e E2 ................................................141
Quadro 27 – Resultado por canteiro para índice de geração de resíduos (IGR) ..147
Quadro 28 – RCC destinado ou removido em kg/m2
construído (por canteiro e
média geral) .......................................................................................147
Quadro 29 – Comparativo entre valores utilizados para RCC em kg/m2
para
edificações novas...............................................................................148
Quadro 30 – Comparativo entre os resultados finais por canteiro ........................150
Quadro 31 – Comparativo entre os resultados finais de práticas para GRCC e
modelo de GRCC...............................................................................152
Quadro 32 – Percentual obtido para melhorias e inovações x práticas para GRCC.
Análise por item de maior ocorrência de percentual abaixo de 50%..153
Quadro 33 – Comparativo por empresa para os resultados finais. Média geral para
resultados finais. ................................................................................153
13. LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Fatores que dificultam a separação dos resíduos gerados durante a
execução dos serviços na obra............................................................89
Tabela 2 – Fatores que dificultam o correto armazenamento dos resíduos no
canteiro de obra ...................................................................................90
Tabela 3 – Respostas a pergunta: O que poderia ser feito para a redução dos
resíduos da sua obra............................................................................93
Tabela 4 – Maiores e menores percentuais de melhorias e inovações por item e por
canteiro ................................................................................................97
Tabela 5 – Percentual médio para melhorias e inovações por canteiro e por
empresa ...............................................................................................97
Tabela 6 – Percentual médio por empresa para melhorias e inovações.................99
Tabela 7 – Média geral por item de melhorias e inovações. Média das empresas. 99
Tabela 8 – Classificação do material que gera maior índice de resíduos nos
canteiros.............................................................................................113
Tabela 9 – Dificuldades em relação ao plano de GRCC, caracterização e triagem
de resíduos ........................................................................................113
Tabela 10 – Dificuldades em relação a acondicionamento e/ou armazenamento
temporário de RCC ............................................................................118
Tabela 11 – RCC gerado na obra e destinado para outras obras, venda, reúso,
doação ...............................................................................................122
Tabela 12 – Dificuldades em relação ao item 5) transporte e destinação final de
resíduos .............................................................................................122
Tabela 13 – Hierarquia de medidas eficientes para GRCC com prioridade
informada pelos engenheiros da obra................................................128
Tabela 14 - Classificação das principais ocorrências de perdas e desperdícios nos
canteiros.............................................................................................130
Tabela 15 – Classificação para as maiores dificuldades existentes em relação a
mão de obra para não gerar e/ou reduzir perdas/desperdícios no
canteiro ..............................................................................................130
Tabela 16 – Inovações tecnológicas implantadas no canteiro para minimizar perdas
e desperdícios....................................................................................131
Tabela 17 – Respostas à avaliação do modelo de GRCC implantado nos canteiros
da empresa ........................................................................................142
Tabela 18 – Notas às questões da avaliação do modelo de GRCC implantado nos
canteiros da empresa. Média das categorias analisadas...................143
Tabela 19 – Classificação do modelo de GRCC implantado nos canteiros da
empresa .............................................................................................144
14. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRAMAT Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção
ARs Áreas de Reciclagem
AsBEA Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura
ATT Área de Transbordo e Triagem
BIM Building Information Modeling
CBCS Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção
CDSC/FDC Centro de Desenvolvimento da Sustentabilidade da Construção,
Fundação Dom Cabral
CIC Câmara da Indústria da Construção
CNI Confederação Nacional da Indústria
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
CTR Controle de Transporte de Resíduos
ECO OBRA Metodologia de Avaliação da Sustentabilidade Ambiental para
Canteiros de Obra
FA Frequência Absoluta
FGV Fundação Getúlio Vargas
FR Frequência Relativa
GRCC Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
IEL Instituto Euvaldo Lodi
IGR Índice de Geração de Resíduos
IGP-DI Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna
ISO Internacional Organization Standard
I&T Informações e Técnicas
ITQC Instituto Brasileiro de Tecnologia e Qualidade na Construção
MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
MMA Ministério do Meio Ambiente
MTE Ministério do Trabalho e Emprego
NBR Norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas
15. NR Norma Regulamentadora
OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
PBQP-H Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat
PIGRCC Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção
Civil
PIT Programa de Inovação Tecnológica na Construção
PGRCC Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
P + L Produção Mais Limpa
PMC Prefeitura Municipal de Cuiabá
PMGRCC Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção
Civil
PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
RCC Resíduos de Construção Civil
RSU Resíduos Sólidos Urbanos
R1 Resposta Um
R2 Resposta Dois
R3 Resposta Três
R4 Resposta Quatro
R5 Resposta Cinco
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio as Pequenas Empresas
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SiAC Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de
Serviços e Obra da Construção Civil
SINDUSCON-AL Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado de
Alagoas
SINDUSCON-GO Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado de
Goiás
SINDUSCON-MT Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado de Mato
Grosso
SINDUSCON-MG Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado de
Minas Gerais
SINDUSCON-PR Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado do
Paraná
16. SINDUSCON-SP Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado de São
Paulo
WBSCD World Business Council for Sustainable Development
17. SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................19
1.1 OBJETIVOS ...................................................................................................21
1.2 JUSTIFICATIVA ..............................................................................................21
2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................25
2.1 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (GRCC).....................25
2.1.1 Os Resíduos Sólidos .........................................................................25
2.1.2 Os Resíduos da Construção Civil (RCC) e a Legislação Vigente ..27
2.1.3 A Legislação Municipal de Cuiabá para Resíduos da
Construção Civil (RCC)......................................................................31
2.1.4 Perdas de Materiais nos Canteiros de Obra ....................................33
2.1.5 Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (GRCC) nos
Canteiros de Obra ..............................................................................39
2.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.................................................................45
2.2.1 A Cadeia Produtiva e a Sustentabilidade na Construção...............46
2.2.2 Construção Sustentável ....................................................................51
2.2.3 Conceito de Inovação Tecnológica ..................................................54
2.3 MELHORIAS E INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS SIMPLES EM CANTEIROS DE OBRA...57
2.3.1 O Canteiro de Obra ............................................................................57
2.3.2 Melhorias e Inovações Tecnológicas Simples em Canteiros de
Obra.....................................................................................................59
3 MATERIAS E MÉTODOS.....................................................................................63
3.1 AS EMPRESAS E OS CANTEIROS DE OBRA PARA A PESQUISA...........................66
3.2 DIAGNÓSTICO DOS CANTEIROS DE OBRA E AVALIAÇÃO DO MODELO DE
GRCC IMPLANTADO NOS CANTEIROS DE OBRA..............................................68
3.3 LISTAGEM E QUESTIONÁRIOS APLICADOS NOS CANTEIROS DE OBRA................69
3.3.1 Aplicação da listagem modificações, melhorias e inovações
tecnológicas simples encontradas em canteiros de obra..............70
3.3.2 Elaboração da Estrutura do Questionário 1 ....................................71
18. 3.3.3 Elaboração da Estrutura do Questionário 2 ....................................72
3.3.4 Elaboração da Estrutura do Questionário 3 ....................................76
3.4 CRITÉRIO DE PONTUAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO PARA AVALIAÇÃO DO MODELO
DE GERENCIAMENTO DE RCC IMPLANTADO NOS CANTEIROS DE OBRA.............80
3.5 EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE GERAÇÃO DE RESÍDUOS POR EMPREENDIMENTO E
EMPRESA (IGR) NO PERÍODO 2011-2013.......................................................82
3.5.1 Cálculo do total de RCC destinado/removido em kg/m²
construído por obra e por empresa..................................................83
3.6 COMPARATIVO FINAL ENTRE TODOS OS ASPECTOS MEDIDOS.............................84
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES..........................................................................85
4.1 PERCEPÇÃO DO MESTRE DE OBRA EM RELAÇÃO AO GERENCIAMENTO DE
RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NOS CANTEIROS DA EMPRESA.......................85
4.2 RESULTADOS PARA O LEVANTAMENTO DAS MELHORIAS E INOVAÇÕES
TECNOLÓGICAS SIMPLES IMPLANTADAS NOS CANTEIROS DE OBRA....................94
4.3 RESULTADOS PARA AS PRÁTICAS E PROCEDIMENTOS EM CANTEIROS DE OBRA
QUANTO AO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (GRCC) ..100
4.3.1 Resultados para o item percepção das políticas ambiental e de
qualidade da empresa......................................................................101
4.3.2 Resultados para o item práticas relacionadas ao GRCC..............105
4.3.3 Resultados para o item plano de GRCC, caracterização e
triagem de RCC ................................................................................109
4.3.4 Resultados para o item acondicionamento e/ou armazenamento
temporário de RCC...........................................................................115
4.3.5 Resultados para o item transporte e destinação final de
resíduos ............................................................................................119
4.3.6 Análise geral dos resultados percentuais para as práticas e
procedimentos em canteiros de obra quanto ao gerenciamento
de resíduos da construção civil (GRCC)........................................123
4.3.7 Resultados para o item grau de dificuldade e hierarquia de
medidas eficientes quanto ao GRCC no canteiro de obra ...........127
19. 4.3.8 Resultados para as principais ocorrências de perdas e
desperdícios e inovações tecnológicas implantadas para
minimizar perdas e desperdícios nos canteiros ...........................129
4.3.9 Análise comparativa entre resultados para melhorias e
inovações x práticas para GRCC....................................................133
4.3.10 Análise comparativa para resultados entre canteiros da mesma
empresa: melhorias e inovações x práticas para GRCC ..............135
4.4 RESULTADO DA AVALIAÇÃO DO MODELO DE GRCC IMPLANTADO NOS
CANTEIROS DE OBRA DA EMPRESA ...............................................................142
4.5 RESULTADO DO ÍNDICE DE GERAÇÃO DE RESÍDUO - IGR (M³/M²) - E
QUANTIDADE DE RESÍDUO REMOVIDO EM QUILOS POR METRO QUADRADO
CONSTRUÍDO (KG/M²), POR CANTEIRO ...........................................................146
4.5.1 Evolução do IGR por empresa e canteiro ou quantidade de
resíduo removido em kg/m² construído, no período 2011-2013 ..149
4.6 COMPARATIVO ENTRE OS RESULTADOS FINAIS...............................................150
5 CONCLUSÕES...................................................................................................155
REFERÊNCIAS........................................................................................................159
APÊNDICE A – FORMULÁRIO DE CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA E DO SETOR DE
ATUAÇÃO...................................................................................................170
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO 01 – PERCEPÇÃO DO MESTRE DE OBRA EM RELAÇÃO
AO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (GRCC) NOS
CANTEIROS DE OBRA..................................................................................171
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO 02 – LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS E
PROCEDIMENTOS EM CANTEIROS DE OBRA PARA GERENCIAMENTO DE
RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (GRCC) .................................................173
APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO 03 – AVALIAÇÃO DO MODELO DE GERENCIAMENTO DE
RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (GRCC) IMPLANTADO NOS CANTEIROS DE
OBRA DA EMPRESA ....................................................................................178
ANEXO I – LISTAGEM MODIFICAÇÕES, MELHORIAS E INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS
SIMPLES .....................................................................................................182
20. 19
1 INTRODUÇÃO
A indústria brasileira da construção assume cada vez mais sua importância no
contexto mundial e atualmente o Brasil ocupa a quarta posição do mundo, em
número de empreendimentos com certificados de sustentabilidade. Segundo a
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC, 2012) promove-se uma
verdadeira revolução nos canteiros de obra com a contratação de mulheres e com a
geração de empregos com níveis cada vez maiores de qualificação, o que muda
para sempre o perfil dos nossos profissionais.
Mesmo diante desse quadro promissor que confirma a relevância do setor na
atividade econômica do país, sua magnitude não permite que todas as mudanças
necessárias sejam implementadas ao mesmo tempo, em um país de dimensão
continental. O atual e aquecido mercado da construção civil ainda hoje responde
pela geração de empregos com uma particularidade: a contratação, em larga escala,
de pessoas com pouca escolaridade e sem experiência de trabalho.
Frente à sua representativa atividade a cadeia produtiva da construção civil
tem uma nova agenda a cumprir: com as mudanças climáticas e a escassez de
recursos naturais, fonte da matéria-prima do setor, exige-se novas formas de
organização empresarial e política. O modelo a ser buscado é o do desenvolvimento
humano, da inovação tecnológica e do uso e reúso equilibrado de recursos
disponíveis. Tal transformação exige mudanças em termos de regulamentação,
mercado, de produtos e insumos, mensuração de lucros e perdas e que se torna
realidade à medida que se passa a encarar os desafios da cadeia produtiva da
construção não mais sob uma lógica de custos, mas de oportunidades.
Com esse panorama, com o mercado da construção civil aquecido,
principalmente o segmento de construções residenciais, com o anúncio do Brasil
como país-sede da Copa de Mundo, a pesquisa tem como elemento motivador a
geração de resíduos da construção civil (RCC) nos canteiros de obra,
especificamente na produção de edifícios residenciais localizados na área urbana da
cidade de Cuiabá, Mato Grosso, uma das subsedes da Copa 2014.
Na atualidade, para o setor, os resíduos da construção civil (RCC)
representam um desses grandes desafios e o seu gerenciamento durante a
produção das edificações promove nos canteiros de obra uma realidade vinculada
ao modelo de gestão de cada empresa construtora. É preciso então ampliar o
21. 20
entendimento de gestão empresarial e integrá-lo aos conceitos de gestão ambiental.
É necessário um novo modelo para o gerenciamento dos canteiros de obra que seja
capaz de viabilizar o gerenciamento de RCC e contribuir, positivamente, para o
grave problema de administração de resíduos sólidos nas cidades brasileiras.
A partir da relevância do tema no cenário brasileiro dos RCC e dos resíduos
em geral, a Lei 12.305/2010 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos que
dispõe sobre princípios, objetivos e instrumentos envolvendo as responsabilidades
dos geradores de resíduos e do poder público, bem como diretrizes para a gestão
integrada e o gerenciamento de resíduos sólidos no país. Buscam-se ações voltadas
para soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões
política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a
premissa do desenvolvimento sustentável
É necessário então atuar dentro dessa realidade ainda caótica, sob a ótica
ambiental, tanto em relação à empresa como em seus canteiros de obra, e promover
mudanças a partir do alcance possível de cada empresa; já não há tempo para
aguardar saltos qualitativos a partir de um número cada vez mais expressivo de
empreendimentos em execução e a executar em um mercado aquecido e acelerado.
Torna-se necessário e urgente buscar soluções e investir, com velocidades
diferentes em cada empresa, mas sempre visando o futuro para esse segmento:
empreendimentos com certificado de sustentabilidade.
Para os resíduos gerados nas atividades construtivas e inseridos na realidade
descrita no quadro acima essa pesquisa partiu da análise dos dados de uma
amostra específica, que permitiu compreender as percepções, as interpretações
próprias e a apreensão do contexto de um problema que deve ser melhor definido e
compreendido, através do contato direto com o objeto em questão. Buscou-se
visibilidade para a seguinte questão – as práticas aplicadas pelas empresas
construtoras relativas ao gerenciamento nos canteiros de obras de edifícios
residenciais em Cuiabá são suficientes para a não geração e/ou redução de RCC –
para as seguintes análises – as ações de inovação tecnológica na construção,
quantitativas e qualitativas, implementadas pelas construtoras em Cuiabá, Mato
Grosso, contribuem com o gerenciamento da obra e são suficientes para não gerar
e/ou reduzir RCC; – existe por parte do mestre de obra uma percepção e um senso
de observação em relação ao RCC gerado no canteiro de obra; – existe um modelo
implantado para gerenciamento de RCC nos canteiros das empresas construtoras
22. 21
visando minimizar esse tipo de resíduo e envolvendo os demais setores da empresa;
o modelo implantado pelas empresas construtoras para gerenciamento de RCC nos
canteiros de obra contribui e gera impactos positivos para a cadeia produtiva da
construção, visando promover a sustentabilidade no setor.
1.1 OBJETIVOS
Como objetivo geral o trabalho teve como desafio identificar e analisar as
práticas e os procedimentos presentes e o modelo de gerenciamento de resíduos da
construção civil (GRCC) implantados em canteiros de obras de 6 (seis) empresas
construtoras e incorporadoras na cidade de Cuiabá, na execução de novos edifícios
residenciais, visando verificar se efetivamente contribuem para a não geração e/ou
redução desses resíduos.
Para esse fim foi necessário conhecer nos canteiros de obra das empresas,
a) a percepção do mestre de obra em relação ao gerenciamento de resíduos da
construção civil (GRCC); b) levantar e analisar as melhorias e inovações
tecnológicas simples e suas interações com as práticas e os procedimentos
implantados para gerenciamento de resíduos da construção civil (GRCC), bem como
c) avaliar os modelos de gerenciamento de RCC presentes nos canteiros de obra.
Também foi necessário: d) quantificar e analisar o índice de geração de resíduos
(IGR), a partir do total de resíduos da construção civil gerado (RCC) em m³ em
relação à área construída em m², tanto para os canteiros da pesquisa como também
para outras duas obras concluídas no período de 2011-2013, por empresa. A partir
do IGR (m³/m²) calculado, e) foi quantificado o total de resíduo removido dos
canteiros em kg/m² construído e analisada a evolução de resíduo removido em
kg/m² no período. Finalmente, f) comparou-se e analisou-se o valor médio de
resíduo removido em kg/m² para novos edifícios nos canteiros de obra de Cuiabá,
com aquele utilizado pela Prefeitura Municipal de Cuiabá e com o valor mais
difundido nacionalmente.
1.2 JUSTIFICATIVA
As pesquisas com ênfase na preservação e conservação do meio ambiente
nos meios acadêmicos e empresariais tem crescido de maneira satisfatória, contudo
não foram contabilizados avanços significativos quando o tema relaciona-se com a
23. 22
não geração e/ou redução de resíduos na origem da fonte do setor da construção
civil. Os resíduos gerados nos processos construtivos, com destaque especial para o
entulho, vêm demonstrando que o problema de resíduos da construção é enfrentado
com solução de característica corretiva. A ocorrência do entulho no setor da
construção ainda é considerada como parte integrante do processo construtivo e
não como um problema. Como resultado, não se prioriza solução para esse tipo de
problema e a tendência do setor é procurar atender as consequências, ou seja: os
resíduos produzidos na origem do problema.
Não se enquadrando em um padrão de gerenciamento único, capaz de
atender a todos os processos executivos da obra, o setor mantém autonomia que
permite criar soluções, gerenciar suas obras, reutilizar e/ou reciclar seus resíduos
dentro de padrões empresariais próprios de atuação, decidindo quando e como deve
integrar-se a processos construtivos mais eficientes. Por outro lado, a inovação em
processos e produtos tem impulsionado cada vez mais a industrialização do setor,
forçando as empresas da construção civil a se adaptarem a esses novos desafios
impostos. Em busca de respostas eficientes e que atendam a sua competitividade,
as empresas buscam adaptar-se para garantir o aumento da qualidade e
produtividade.
Considerando os impactos socioambientais de todas as atividades do setor e
pelas pressões externas exercidas pelos que defendem o meio ambiente como
patrimônio de todos, de uso comum, é necessário que se promova a
sustentabilidade no segmento da construção civil com a promoção de sistemas
construtivos integrados ao meio ambiente. Para tanto, a tomada de uma nova
consciência pelo setor frente à realidade ambiental vigente fará com que as
empresas passem a utilizar novos processos e inovações tecnológicas, como
estratégia competitiva para suas organizações e com foco na redução de resíduos
da construção civil (RCC).
Por outro lado, devido aos riscos e incertezas inerentes às inovações
tecnológicas, ainda pouco difundidas para a maior parte do setor, em razão de a
cultura do segmento indicar que só depois de consolidada uma tecnologia passa a
ser adotada por um número razoável de outras empresas, induz-se a uma
velocidade de mudança aquém da necessidade. Contribuem também para as
mudanças lentas a natureza multidisciplinar dos projetos e a dependência do
24. 23
desenvolvimento de novos materiais e equipamentos para a produção, que
constituem ainda outro tipo de obstáculo para que inovações sejam adotadas.
Para a realidade do setor, caminhar em direção às exigências ambientais com
uma gestão inovadora envolve terceirizados, fornecedores, a direção da empresa e
todos os demais agentes de transformação em um esforço conjunto e ampliado de
comprometimento na obtenção de resultados. Esses agentes, que também fazem
parte do gerenciamento de RCC, necessitam que procedimentos sejam
estabelecidos para o manejo e a destinação ambientalmente adequados desse tipo
de resíduo, bem como que os planos de redução, reutilização e reciclagem sejam
implementados e a preparação do canteiro de obra para essa finalidade seja
promovida.
Um canteiro de obra sempre gera impactos e danos ao meio ambiente e
nessa célula representativa da construção foi realizada essa pesquisa.
Considerando-se que do início de cada obra, quando é feita a escolha da área a ser
utilizada para a construção até sua conclusão, o meio ambiente sofre com os efeitos
adversos e as consequências geradas pela implantação do empreendimento, pode-
se elencar entre os impactos: a geração de resíduos, a contaminação de solos e
lençóis freáticos, a poluição atmosférica causada por diversos fatores como a
emissão de substâncias durante processos de produção de materiais utilizados, a
poluição sonora, a poluição visual, entre outros.
Mesmo com informações dos impactos ambientais provocados pelo setor,
ainda assim o segmento não promove a sustentabilidade na construção civil com
prioridade e urgência. Embora não seja essa nossa primeira motivação, este estudo
busca contribuir para que mudanças empresariais necessárias para o setor sejam
visualizadas a partir da análise da realidade dos canteiros de obra das empresas,
quanto ao gerenciamento de resíduos da construção civil (GRCC) e suas interações
com as melhorias e inovações tecnológicas simples em canteiros de obra. Que a
partir dessas interações e práticas a sustentabilidade pretendida pelo setor seja mais
bem compreendida, pela promoção e divulgação das melhores práticas encontradas
além das conhecidas e convencionais, como também pela melhor compreensão dos
modelos implementados e suas dificuldades quanto ao GRCC.
Espera-se que as dificuldades levantadas sejam o ponto de partida para as
estratégias e ações a serem implementadas pelas empresas em seus canteiros de
obra e, a partir dessas mudanças locais, dentro de uma análise local, sejam obtidas
25. 24
mudanças ampliadas para o segmento e globais, para o setor da construção civil.
Dessa forma, identificando-se a justa amplitude da situação-problema, sua
complexidade, levantados seus dados e analisada e comparada a atual realidade
dos canteiros de obra e das empresas, é esperado que se verifique se existe uma
real contribuição para a não geração e/ou redução desses resíduos, não só pelas
empresas como também pelo segmento vinculado à cadeia produtiva da construção.
É a partir dos resultados dessa análise que se cria a expectativa em cada
empresa para que se eleve os canteiros de obra à condição de uma participação
efetiva nas mudanças visando à sustentabilidade do setor da construção civil: um
desafio a ser enfrentado.
26. 25
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (GRCC)
2.1.1 Os Resíduos Sólidos
Está associado ao cotidiano do ser humano produzir resíduos. É inimaginável
um modo de vida sem a geração de resíduos sólidos mas, diante do contínuo
crescimento populacional e sua concentração cada vez maior nos centros urbanos e
um modo de vida baseado em consumo, os problemas gerados por estes resíduos
tornarem-se visíveis e preocupantes.
Resíduo, oriundo do latim residuu, que significa aquilo que sobra de qualquer
substância, entrou para o jargão dos sanitaristas na década de 1960, em
substituição ao desgastado termo lixo. O substantivo resíduo, tão logo passou a
fazer parte do linguajar técnico, foi seguido do adjetivo sólido, a fim de diferenciar os
resíduos sólidos dos restos líquidos lançados com os esgotos sanitários, como das
emissões gasosas das chaminés (NETO, 2005 apud AMARAL, 2012).
Segundo a NBR 10004 (ABNT, 2004), os resíduos sólidos são definidos
como:
Resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de
origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e
de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (NBR
10004, ABNT 2004).
Para a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei nº 12.305 de 2 de
agosto de 2010 (BRASIL, 2010), entende-se por resíduos sólidos:
Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades
humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe
proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou
semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (Art. 3
o
,
XVI, BRASIL, 2010).
27. 26
Resíduos representam ineficiência produtiva, custos financeiros e riscos à
saúde e ao meio ambiente, portanto a redução se configura em maior segurança,
maior eficiência e melhor saúde ambiental e financeira e a não geração no estado
ótimo de produção, sem desperdício. Para entender resíduos, o conjunto de normas
técnicas da ABNT NBR 10004/10005/10006/10007 se constitui em uma ferramenta
fundamental. A NBR 10004 classifica os resíduos em dois grandes grupos: os
perigosos e os não perigosos, sendo que estes últimos ainda subdividem‐se em
inertes e não inertes. As amostras de resíduos sólidos se caracterizam pela
heterogeneidade e a amostragem correta visa minimizar este aspecto. Conhecer o
tipo de resíduo gerado em um determinado processo é fundamental para adoção de
estratégias de não geração e de redução. As estratégias de minimização referem-se
fundamentalmente à redução, ao reúso (uso sem processamento) e à reciclagem
(uso após algum tipo de tratamento), ou seja, relaciona-se aos populares 3Rs. A
redução deve ser preferencialmente adotada antes das demais (TOCCHETTO,
2012).
Os resíduos sólidos são classificados pela PNRS (BRASIL, 2010) quanto à
origem e à periculosidade. Quanto à origem os resíduos sólidos podem ser
classificados como: a) domiciliares, b) de limpeza urbana, c) sólidos urbanos (os
englobados por “a” e “b”), d) de estabelecimentos comerciais e prestadores de
serviços (exceto os referidos em “b”, “e”, “g”, “h” e “j”), e) dos serviços públicos de
saneamento básico (exceto os referidos em “c”), f) industriais, g) serviços de saúde,
h) da construção civil, i) agrossilvopastoris, j) de serviços de transportes e k) de
mineração. Quanto à periculosidade classificam-se como: a) perigosos: aqueles que,
em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade,
toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade,
apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo
com lei, regulamento ou norma técnica e b) não perigosos: aqueles não
enquadrados em “a”.
A PNRS (BRASIL, 2010) considera ainda que resíduos da construção civil são
aqueles gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de
construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos
para obras civis. Relata Viana (2010) que para os Resíduos da Construção Civil
(RCC) eles obedecem primeiro à classificação de resíduos sólidos, suas normativas
28. 27
de trato, cuidados e destinação e depois, mais especificamente, suas próprias
normativas (VIANA, 2009).
2.1.2 Os Resíduos da Construção Civil (RCC) e a Legislação Vigente
De acordo com Souza et al. (2004) o interesse em conhecer a quantidade de
resíduos gerados pela indústria da construção civil já não é novidade, mas muitas
vezes o assunto está inserido na discussão sobre a redução de desperdícios. A
primeira referência nacional em relação ao mencionado, que suscitou uma
discussão mais ampla sobre o assunto, foi a pesquisa concluída em 1986 pelo
arquiteto Tarcísio de Paula Pinto que se preocupou em estudar o uso do material
reciclado para produção de argamassas.
O Brasil, até 2002, não contava com políticas públicas para gestão dos
resíduos gerados pelo setor da construção civil e o fato de esses resíduos serem
compostos de vários materiais com suas respectivas propriedades e características
tornava inviável sua generalização como material.
Em 2002, diante de um contexto ambiental, econômico e social que exigia
regulamentação para o setor, a Resolução nº 307/2002 do Conselho Nacional de
Meio Ambiente (CONAMA) (BRASIL, 2002) foi o ponto de partida para a legislação
de RCC no Brasil. Para isso, “estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a
gestão dos resíduos da construção civil”,
[...] considerando a necessidade de implementação de diretrizes para a
efetiva redução dos impactos ambientais gerados pelos resíduos oriundos
da construção civil;
Considerando que a disposição de resíduos da construção civil em locais
inadequados contribui para a degradação da qualidade ambiental;
Considerando que os resíduos da construção civil representam um
significativo percentual dos resíduos sólidos produzidos nas áreas urbanas;
Considerando que os geradores de resíduos da construção civil devem ser
responsáveis pelos resíduos das atividades de construção, reforma, reparos
e demolições de estruturas e estradas, bem como por aqueles resultantes
da remoção de vegetação e escavação de solos [...] (BRASIL, 2002)
E na mesma Resolução define-se que Resíduos de Construção Civil,
São os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de
obra de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de
terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos,
rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros,
argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações,
fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obra, caliça ou
metralha (BRASIL, 2002).
29. 28
Para a classificação dos RCC a Resolução nº 307/2002 do CONAMA em seu
artigo 3º estabelece quatro classes de resíduos e a Resolução nº 448/2012 do
CONAMA, que altera a nº 307/2002, estabelece em seu artigo 10º a destinação dos
resíduos de construção civil após triagem. O Quadro 1 mostra as classificações e
destinações de RCC.
Quadro 1 – Classes de RCC e destinação por classe segundo a Resolução CONAMA 307/2002
alterada pelas resoluções CONAMA 348/2004, 431/2011 e 448/2012
Classificação
do RCC
Descrição da Classe
(Resolução CONAMA 307/2002 e suas alterações)
Destinação por Classe
(Resolução CONAMA 448/2012)
Classe A
São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como
agregados, tais como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos
de pavimentação e de outras obras de
infraestrutura, inclusive solos provenientes de
terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos
de edificações: componentes cerâmicos (tijolos,
blocos, telhas, placas de revestimento etc.),
argamassa e concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de
peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos,
meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obra;
Deverão ser reutilizados ou
reciclados na forma de
agregados ou encaminhados
a aterros de resíduos classe A
de reservação de material
para uso futuro.
Classe B
São os resíduos recicláveis para outras
destinações, tais como: plásticos, papel, papelão,
metais, vidros, madeiras e gesso (nova redação
dada pela Resolução CONAMA n°431/11).
Deverão ser reutilizados,
reciclados ou encaminhados
às áreas de armazenamento
temporário, de modo a
permitir a sua utilização ou
reciclagem futura.
Classe C
São os resíduos para os quais não foram
desenvolvidas tecnologias ou aplicações
economicamente viáveis que permitam a sua
reciclagem ou recuperação (nova redação dada
pela Resolução CONAMA n°431/11).
Deverão ser armazenados,
transportados e receber
destinação adequada, em
conformidade com as normas
técnicas específicas.
Classe D
São resíduos perigosos oriundos do processo de
construção, tais como tintas, solventes, óleos e
outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à
saúde oriundos de demolições, reformas e reparos
de clínicas radiológicas, instalações industriais e
outros, bem como telhas e demais objetos e
materiais que contenham amianto ou outros
produtos nocivos à saúde. (nova redação dada
pela Resolução CONAMA n°348/04).
Deverão ser armazenados,
transportados e destinados
em conformidade com as
normas técnicas específicas
Fonte: CONAMA, MMA (2013).
Na Resolução 448/2012 do CONAMA define-se no artigo 4º que “os
geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e,
secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem, o tratamento dos resíduos
sólidos e a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos”. Em seu
30. 29
parágrafo primeiro fica estabelecido que “os resíduos da construção civil não
poderão ser dispostos em aterros de resíduos sólidos urbanos, em áreas de “bota
fora", em encostas, corpos d'água, lotes vagos e em áreas protegidas por lei”.
Para a reutilização e reciclagem de RCC define-se como reutilização o
processo de reaplicação do resíduo sem transformação (sem demandar energia,
sem gerar rejeitos). Para a reciclagem o processo é de reaproveitamento do RCC
após ter sido transformado física ou quimicamente, com demanda energética e com
geração de rejeitos, se ocorrer.
Pela Resolução 307/2002 do CONAMA, o prazo estipulado até junho de 2004
para que os municípios brasileiros cumprissem suas determinações e elaborassem
seus Planos Integrados de Gerenciamento de RCC não foi cumprido. Também não
foi cumprido o prazo até janeiro de 2005 para que as empresas construtoras e
grandes geradoras de RCC elaborassem seu Projeto de Gerenciamento de RCC
para obter alvarás de licenciamento em todo o Brasil. Em 2012, com a Resolução
448/2012 (BRASIL, 2012) em vigor e que alterou a Resolução 307/2002 do
CONAMA, parte dos artigos 2º, 4º, 5º, 6º, 8º, 9º, 10º, 11º, estabeleceu-se novo prazo
para cumprimento das suas determinações.
Em seu artigo 6º a Resolução 448/2012 do CONAMA estabelece que deverão
constar do Plano Municipal de Gestão de Resíduos da Construção Civil “as diretrizes
técnicas e procedimentos [...] para os Planos de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil a serem elaborados pelos grandes geradores, possibilitando o
exercício das responsabilidades de todos os geradores”. Em seu artigo 8º
estabelece que “os Planos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
serão elaborados e implementados pelos grandes geradores e terão como objetivo
estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e a destinação
ambientalmente adequados dos resíduos”.
A Resolução 448/2012 do CONAMA substituiu o Plano Integrado de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PIGRCC) pelo Plano Municipal de
Gestão de Resíduos da Construção Civil (PMGRCC), com data para elaboração
pelos municípios até janeiro de 2013. Com prazos descumpridos mais uma vez,
continuam as Prefeituras com a responsabilidade para resolver o planejamento e a
administração da grande geração e deposição irregular de RCC nas cidades
brasileiras e, para os geradores, de cumprir sua responsabilidade e assumir seu
papel quanto ao gerenciamento de RCC.
31. 30
A Resolução 448/2012 do CONAMA dá ênfase à necessidade de triagem dos
RCC para destinação conforme sua classe, aos procedimentos necessários para
manejo e destinação ambientalmente adequados desses resíduos e define área de
transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos volumosos (ATT).
ATT é a área destinada ao recebimento de resíduos da construção civil e resíduos
volumosos, para triagem, armazenamento temporário dos materiais segregados,
eventual transformação e posterior remoção para destinação adequada, observando
normas operacionais específicas, de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública
e à segurança e para minimizar os impactos ambientais adversos.
Ainda pela Resolução 448/2012 do CONAMA resíduos têm destinação por
Classe e, especificamente os de Classe B deverão ser reutilizados, reciclados ou
encaminhados às áreas de armazenamento temporário, de modo a permitir a sua
utilização ou reciclagem futura. Para a NBR 15113 (ABNT, 2004) não se recomenda
a deposição de resíduos de gesso (Classe B) em aterro sanitário ou de RCC.
Mesmo com essas recomendações, riscos para o meio ambiente e a saúde pública
continuam ocorrendo em função de deposição irregular. Dado o montante de resíduo
de gesso e o impacto por ele gerado, é importante considerar que o gesso é solúvel
em água e pode contaminar os mananciais e o subsolo. Assim a disposição de
gesso em aterro sanitário não é prática recomendada, exceto quando enclausurado
e sem contato com matéria orgânica e água.
John e Cincotto (2004 apud Fernandes 2013) relata que a segregação do
resíduo de gesso no momento da geração e o controle de sua contaminação nas
etapas de estoque e transporte são fundamentais para uma possível reciclagem;
para isso estamos todos, construtoras, engenheiros e colaboradores, dependentes
das empresas especializadas em gesso.
Miranda (2005 apud Fernandes 2013) lembra que a melhor alternativa é que
o gesso seja triado na origem da utilização, no canteiro. Entretanto, algumas
construtoras que têm feito isso estão com dificuldade para encontrar um local para
despejá-lo. Por outro lado, um dos principais usos do gesso é como revestimento de
parede e esse tipo de resíduo, aderido parcialmente à base de alvenaria, não pode
ser segregado nos canteiros de obra.
Para Marcondes (2007) é essencial que construtoras passem a exigir em
contrato, com o subempreiteiro e instalador do gesso, que seja sua a
responsabilidade pela retirada e destinação do resíduo de sua atividade. O autor
32. 31
aponta também a necessidade de políticas de devolução, a fim de desenvolver o
mercado para o produto originado em um ciclo reverso.
2.1.3 A Legislação Municipal de Cuiabá para Resíduos da Construção Civil
(RCC)
Silva (2012) relata que a Prefeitura Municipal de Cuiabá, com base na Política
Estadual de Resíduos Sólidos, Lei nº 7.862 de 19 de dezembro de 2002 e na
Resolução 307/2002 do CONAMA e suas alterações, elaborou a Lei n° 4.949 de 5
de janeiro de 2007 (PMC, 2007), instituindo o sistema de gestão sustentável dos
resíduos da construção civil e resíduos volumosos e o plano integrado de
gerenciamento de resíduos de construção civil.
Relata ainda a autora que o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos
de Construção Civil foi implementado pela Lei n° 4.725 de 1 de outubro de 2008
(PMC, 2008), sendo regulamentado pela Lei n° 4.761 (PMC, 2009) apenas em
fevereiro de 2009 (SILVA, 2012).
A Lei n° 4.949 de 2007 (PMC, 2007) estabelece em seu artigo 10º que os
geradores de grandes volumes de resíduos da construção civil, públicos ou privados,
cujos empreendimentos requeiram a expedição de alvará de aprovação e execução
de edificação nova, de reforma ou reconstrução, de demolição, de muros de arrimo e
de movimento de terra, nos termos da legislação municipal, devem desenvolver e
implementar projetos de gerenciamento de resíduos da construção civil
(autodeclaração de responsabilidade), em conformidade com as diretrizes da
Resolução 307/2002 do CONAMA, estabelecendo os procedimentos específicos da
obra para o manejo e a destinação ambientalmente adequados dos resíduos. Ainda
segundo a lei, os projetos de gerenciamento de resíduos da construção civil devem
apresentar a caracterização dos resíduos e os procedimentos a adotar para sua
minimização e para o manejo correto das etapas de triagem, acondicionamento,
transporte e destinação [...]. Na mesma lei, define-se no seu artigo 3º, XIV, que
grandes volumes de resíduos de construção civil e resíduos volumosos são aqueles
contidos em volumes superiores a 1 (um) metro cúbico.
Ainda segundo a mesma lei (PMC, 2007), artigo 10°, os geradores devem:
a) especificar nos seus projetos, em conformidade com as diretrizes da
legislação municipal, os procedimentos que serão adotados para as
33. 32
outras categorias de resíduos eventualmente gerados no
empreendimento, em locais tais como ambulatórios, refeitórios e
sanitários;
b) especificar nos seus Projetos de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil, quando contratante de serviços de transporte,
triagem e destinação de resíduos, os agentes responsáveis por estas
etapas, definidos entre os agentes licenciados pelo Poder Público [...].
Autores como Souza et al. (2004) reportam que nos últimos anos o interesse
por políticas públicas para os resíduos gerados pelo setor da construção civil tem se
acirrado com a discussão das questões ambientais. Desperdiçar materiais seja na
forma de resíduo mais comumente denominado “entulho de construção”, seja sob
outra natureza, significa desperdiçar recursos naturais e coloca a indústria da
construção civil no centro das discussões, na busca pelo desenvolvimento
sustentável nas suas diversas dimensões.
Por outro lado, para Karpinsk (2009), o RCC possui características bastante
peculiares por ser produzido num setor onde há uma gama muito grande de
diferentes técnicas e metodologias de produção e cujo controle da qualidade do
processo produtivo é recente, quando existe. Características como composição e
quantidade produzida dependem diretamente do estágio de desenvolvimento da
indústria local de construção, como qualidade da mão de obra, técnicas construtivas
empregadas e adoção de programas de qualidade.
São ainda poucas as empresas construtoras que vêm elaborando e
implementando eficientemente o PGRCC em seus canteiros de obra, embora
algumas delas comecem a perceber que esse desperdício onera seus lucros em
relação às empresas concorrentes que já investem no combate ao desperdício.
(FERNANDES, 2013).
Por essa razão é essencial que todos os profissionais inseridos no processo
produtivo busquem em cada detalhe a melhoria dos seus projetos, dos métodos
construtivos e dos materiais utilizados. Ainda contribuem a escolha pela durabilidade
dos materiais usados, o consumo de agregados reciclados e a facilidade na
desmontagem para manutenção, reforma e demolição.
Assim, conhecer o tipo de resíduo gerado em um determinado processo é
fundamental para a adoção de estratégias de não geração e de redução e o artigo 9º
34. 33
da Resolução 307/2002 do CONAMA estabelece que os Planos de Gerenciamento
de Resíduos da Construção Civil deverão contemplar as seguintes etapas:
I. Caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar
os resíduos;
II. Triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na
origem, ou ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa
finalidade, respeitadas as classes de resíduos estabelecidas no art. 3º
desta Resolução;
III. Acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos
resíduos após a geração até a etapa de transporte, assegurando em
todos os casos em que seja possível as condições de reutilização e de
reciclagem;
IV. Transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas
anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o
transporte de resíduos;
V. Destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido nesta
Resolução.
Nesse contexto vale ressaltar a importância da participação ativa e consciente
de todos os trabalhadores que, direta e indiretamente, estejam envolvidos com o
PGRCC no canteiro de obra. Entretanto, segundo Linhares (2005), a principal
dificuldade apontada pelas construtoras em sua pesquisa sobre a implantação de
gestão de resíduos é a sensibilização da mão de obra quanto à segregação desses
resíduos. Por outro lado, o PGRCC é parte importante para a gestão de resíduos da
municipalidade e depende também do setor privado envolvido na atividade, como,
por exemplo, para a coleta e o transporte dos RCC.
A implementação do PGRCC bem elaborado que envolva todos os agentes
abarcados na obra deve propiciar aos geradores o monitoramento de suas perdas;
tanto as que saem da obra (RCC) como as que ficam incorporadas à própria
construção (AGOPYAN et al., 2003).
2.1.4 Perdas de Materiais nos Canteiros de Obra
Os Resíduos da Construção Civil (RCC) gerados em canteiros de obra e
acondicionados em caçambas, coletados por empresas transportadoras de entulho e
35. 34
destinados a áreas definidas pelo poder público, atravessam as distâncias entre as
áreas de recebimento e os centros urbanos acompanhados pela falta de
conscientização dos impactos causados ao meio ambiente. Associam-se a esse
fator a falta e a dificuldade de fiscalização que potencializa a clandestinidade e,
quando os resíduos são dispostos irregularmente, o poder público se encarrega de
coletá-los e enviá-los às áreas licenciadas. Mas a disposição clandestina coloca em
risco a saúde do cidadão, degrada a paisagem urbana, compromete a drenagem
urbana e a estabilidade das encostas (BLUMENSCHEIN, 2004).
Por essas razões, é no processo de produção do edifício, na origem do
problema com características peculiares que a geração de resíduos deve ser
enfrentada. Demonstrado pelo nível de perdas e desperdícios e pela cultura vigente
no setor, é comum encontrar-se em canteiros de obra de uma mesma cidade
empresas que se preocupam e outras que não se preocupam com seu
gerenciamento de RCC, seu destino, tampouco com sua não geração e/ou redução.
Como consequência, também não priorizam a implantação de melhorias e inovações
tecnológicas simples nos seus canteiros, que podem vir a contribuir com esse
gerenciamento e, consequentemente, com o controle de perdas e desperdícios
desse tipo de resíduo.
Relata Souza et al. (2004) que para mensuração dos resíduos gerados na
produção de edificações os principais trabalhos realizados para a avaliação das
perdas de materiais e identificação das suas causas e origens, nos quais os
resíduos são também quantificados, apresentam-se sucintamente descritos no
Quadro 2 pela sua importância histórica. Na abordagem progressiva da questão dos
resíduos, no Brasil, destacam-se as pesquisas de Pinto (1989) pelo pioneirismo;
Picchi (1993) pela análise e estimativa das perdas financeiras na construção de
edificações; Soibelman (1993) pelo número de casos estudados e pelo efetivo
acompanhamento do processo de produção na quantificação das perdas; Santos
(1995) pelo caráter proativo quanto à detecção e quanto às ações para a redução de
perdas de materiais e Bogado (1998) que realizou estudo específico na execução da
estrutura de concreto armado. Cita ainda Oliveira (2011) as pesquisas de Paliari
(1999), Andrade (2000) e Sposto et al. (2001).
36. 35
Quadro 2 – Progressão de pesquisas realizadas para avaliação de perdas de materiais
Autores Nº de
obra
Nº de
materiais
Parcela de
perdas físicas
estudadas
Tipo de
abordagem
Tipo de
avaliação
Tema
central
perdas de
materiais
Pinto (1989) 1 10
Incorporada e
entulho
Avaliação Quantitativa Sim
Soibelman (1993) 5 7
Incorporada e
entulho
Avaliação Quantitativa Sim
Picchi (1993) 3 -
Incorporada e
entulho
Avaliação Quantitativa Não
Santos (1995) 1 4
Incorporada e
entulho
Avalição e
intervenção
Quantitativa Não
Bogado 1998) 1 4
Incorporada e
entulho
Avalição e
intervenção
Quantitativa Não
Fonte: Adaptado de Paliari (1999)
O autor relata ainda que nas principais conclusões destes trabalhos destaca-
se o fato que perdas de materiais não são desprezíveis, tanto na forma de material
incorporado em excesso quanto na forma de entulho. A pesquisa de Picchi (1993)
ao avaliar o entulho gerado e retirado dos canteiros de obras, desconsiderando as
viagens compostas só por terra, estudou as perdas de materiais e componentes
referente à parcela que fica incorporada ao edifício e à parcela que se transforma
em entulho. A partir dessas parcelas expressas em termos de massa e volume
foram estimadas as perdas, em termos de porcentagem do custo da obra. O
resultado dessa pesquisa, ao acumular todo o volume de entulho gerado na obra
durante toda a sua construção e dividi-lo pela área total construída, foi de uma
espessura média de entulho na ordem de 8 a 12 cm e massa do entulho gerada
variando entre 0,095 e 0,145 t/m², o que representou 11 a 17% da massa final do
edifício, para a massa específica adotada.
Souza et al. (2004) continua informando sobre a importância de detectar a
ocorrência de uma faixa de valores para as perdas que foi reforçada pela pesquisa
nacional “Alternativas para a redução do desperdício de materiais nos canteiros de
obra”, promovida pelo Instituto Brasileiro de Tecnologia e Qualidade na Construção
Civil (ITQC) e envolvendo 16 universidades brasileiras que pesquisaram o fluxo de
materiais em 99 diferentes canteiros de obra.
Souza (2004) afirma que os resíduos de construção representam uma das
parcelas do excesso de consumo de materiais nos canteiros de obra e se comparar
a quantidade de material teoricamente necessária com a quantidade realmente
utilizada, determinam-se as perdas de materiais. Para este autor, o entulho se
constitui no “lixo que sai”, ou seja, é a parcela mais visível das perdas de materiais.
37. 36
Shingo e Skoyles (1981, 1987 apud Pucci 2006) relata que as perdas podem
ser classificadas de acordo com a possibilidade de serem controladas e conforme
sua natureza, como demonstra o Quadro 3.
Quadro 3 – Classificação das perdas
Perdas segundo seu controle
Perdas evitáveis
são aquelas onde o investimento para sua redução ultrapassa a economia gerada por
ela, correspondendo, assim, a uma perda aceitável.
Perdas inevitáveis
são consequência de um processo de baixa qualidade, onde os recursos são
empregados de forma inadequada.
Perdas segundo sua natureza
Perdas por
superprodução
são aquelas que ocorrem quando é produzida uma quantidade maior que a necessária;
por exemplo: produzir gesso em quantidade acima da consumida em um dia de trabalho;
produção de argamassa em quantidade superior à necessária para um dia de trabalho,
excesso de espessura de lajes de concreto armado.
Perdas por espera
relacionadas com a sincronização e o nivelamento do fluxo de materiais e as atividades
dos trabalhadores; podem envolver tanto perdas de mão de obra quanto de
equipamentos, como, por exemplo, paradas nos serviços originadas por falta de
disponibilidade de equipamentos ou de materiais.
Perdas por
substituição
ocorre quando é utilizado um material de desempenho superior ao necessário, como um
concreto com resistência maior que a especificada em projeto.
Perdas no transporte
tempo excessivo despendido com grandes distâncias entre os estoques e a grua ou o
guincho; perdas de materiais por manuseio excessivo ou inadequado dos materiais
componentes, em razão de uma má programação das atividades ou de um layout
ineficiente ou pelo uso de equipamentos de transporte inadequados; quebra de materiais
pelo seu duplo manuseio ou uso de equipamento de transporte inadequado.
Perdas no
processamento em si
tem origem na própria natureza das atividades do processo ou na sua execução
inadequada; decorrem da falta de procedimentos padronizados e da ineficiência nos
métodos de trabalho, da falta de treinamento da mão de obra ou de deficiências no
detalhamento e construtividade dos projetos. São exemplos deste tipo de perdas: quebra
de paredes rebocadas para viabilizar a execução das instalações, quebra manual de
blocos em razão da falta de meios-blocos.
Perdas de estoque
ocorrem quando associadas à existência de estoques excessivos, em virtude da
programação inadequada na entrega dos materiais ou de erros no orçamento, podendo
gerar situações de falta de locais adequados para a deposição; também decorrem da
falta de cuidados no armazenamento dos materiais. Podem resultar tanto em perdas de
materiais quanto de capital, como, por exemplo, custo financeiro dos estoques,
deterioração do cimento por causa do armazenamento em contato com o solo e/ou em
pilhas muito altas.
Perdas no movimento
decorrem da realização de movimentos desnecessários por parte dos trabalhadores
durante a execução das suas atividades e podem ser geradas por frentes de trabalho
afastadas e de difícil acesso; falta de estudo de layout do canteiro e do posto de
trabalho; falta de equipamentos decorre da realização de movimentos desnecessários
por parte dos trabalhadores durante a execução das suas atividades e pode ser gerada
por frentes de trabalho afastadas e de difícil acesso; falta de estudo de layout do
canteiro e do posto de trabalho; falta de equipamentos adequados, etc. São
exemplos deste tipo de perda: tempo excessivo de movimentação entre postos de
trabalho por causa da falta de programação de uma sequência adequada de atividades
e esforço excessivo do trabalhador em função de condições ergonômicas desfavoráveis.
Perdas pela
elaboração de
produtos defeituosos
Perdas pela elaboração de produtos defeituosos: ocorrem quando são fabricados
produtos que não atendem aos requisitos de qualidade especificados; geralmente,
originam-se da ausência de integração entre o projeto e a execução, das deficiências do
planejamento e controle do processo produtivo, da utilização de materiais defeituosos e
da falta de treinamento dos operários. Resultam em retrabalhos ou em redução do
desempenho do produto final, como, por exemplo, falhas nas impermeabilizações e
pinturas, descolamento de azulejos, erros em prumadas.
Outras englobam perdas por roubo, vandalismo, acidentes e outros eventos extraordinários.
Fonte: Adaptado de PUCCI (2006)
Relata Pinto (1999) que no processo construtivo o alto índice de perdas do
setor é a principal causa do entulho gerado, embora nem toda perda se transforme
38. 37
efetivamente em resíduo, pois uma parte acaba ficando na própria obra. Segundo o
mesmo autor, pesquisas brasileiras sobre a perda de materiais em processos
construtivos apontaram números significativos de cimento, cal, areia, concreto,
argamassa, ferro, componentes de vedação e madeira. Dessa forma, é possível
estimar que a cada metro quadrado construído 150 kg de resíduos sejam gerados,
levando à remoção de dez caçambas de resíduos em qualquer construção de 250
m² (PINTO, 1999).
Segundo Formoso (1996 apud Paliari 1999), nos últimos anos as questões
referentes a políticas da qualidade tem ocupado espaço significativo nas discussões
do meio profissional da construção civil, e tem tido presença constante nestas
discussões a ocorrência de perdas em todo o processo de produção da edificação,
sejam elas de materiais, mão de obra ou equipamentos. Com índices de perdas
consideráveis para o setor, segundo pesquisas existentes sobre o assunto, é
razoável que nos dias atuais, e em um mercado globalizado e competitivo,
mudanças sejam inevitáveis.
Lerípio (2001 apud Araújo 2002) apresenta um estudo de entradas e saídas
da indústria da construção civil em que se identificam os principais materiais
utilizados e respectivos resíduos gerados, conforme Quadro 4.
Quadro 4 – Estudo de entradas e saídas da indústria da construção civil
Entradas Processo Saídas
Máquinas e implementos,
madeira, telha, prego,
cimento, areia, brita, arame
galvanizado, água, energia
elétrica.
1. Serviços iniciais
Aterro, aparas de madeira, restos de tijolos, restos de
arame, pregos, embalagens de papelão, serragem,
ruído e vibrações.
Energia elétrica, água, brita,
cimento, areia, aço, arame
recozido, madeira, pregos.
2. Infraestrutura
Água residuária, restos de arame e aço, pó, terra,
aparas de madeira, embalagens de papelão e
serragem, vibrações e ruído.
Energia elétrica, água,
madeira, pregos, papelão,
escora metálica, cimento,
areia, brita, arame recozido,
aço.
3. Superestrutura
Água residuária, restos de arame e aço, pó, serragem,
aparas de madeira, embalagens de papelão,
vibrações e ruído.
Cimento, areia,
impermeabilizante, tinta,
carboplástico, mástique
asfáltico, água e energia
elétrica.
4.Impermeabilização Água residuária, embalagens plásticas e de papelão,
resíduos químicos (argamassa), vibrações e ruído.
Água, energia elétrica,
cimento, cal, tijolo.
5. Alvenaria
Água residuária, restos de tijolos, embalagens
plásticas e de papelão e ruído.
Energia elétrica, madeira,
pregos, estruturas metálicas,
telhas e parafusos.
6. Cobertura
Aparas de madeira, restos de tijolos, serragem, aparas
metálicas e ruído.
Cimento, areia, cal, água,
energia elétrica e azulejos.
7. Revestimento
Água residuária, restos de azulejos, embalagens
plásticas e de papelão e ruído.
Continua...
39. 38
Quadro 4 – Estudo de entradas e saídas da indústria da construção... (continuação)
Água, energia elétrica,
madeira, parafusos, pregos,
cimento, cal, areia e ferro.
8. Esquadrias
Água residuária, aparas de madeira, limalhas de ferro
e ruído.
Canalizações elétricas e fios. 9.Instalações elétricas Aparas de canalizações e aparas de fios.
Água, energia elétrica, areia,
cimento, tijolo, brita, madeira,
pregos, aço, arame recozido,
pasta lubrificante, adesivo
para PVC, tubo de PVC,
massa para calefação.
10. Instalações
hidrossanitárias
Embalagens plásticas e de papelão, pó, resíduos de
argamassa, água residuária.
Brita, cimento, areia, cal,
água, energia elétrica,
cerâmica.
11.Revestimento de
pisos
Água residuária, restos de cerâmica e madeira,
embalagens plásticas e de papelão, sobra de pedras
naturais, pó de madeira, resíduos de cola em
embalagens e ruído.
Vidro, cal, gesso e água. 12. Vidros
Água residuária, resíduos e argamassa, embalagens
plásticas e aparas e cacos de vidro.
Massa corrida, lixa, tinta
látex, selador de base látex,
tinta acrílica, tinta a óleo,
solvente, água, verniz e
grafiatto.
13. Pintura
Água residuária, embalagens plásticas e de papelão,
vasilhames plásticos e de metal, gases, pó,
embalagens de metal.
Cimento, areia, brita, aço,
água, energia elétrica, arame
recozido, madeira, prego, cal,
tijolo.
14. Serviços externos
Água residuária, embalagens plásticas e de papelão,
aparas de arame, resíduos de tijolos, aparas de
madeira, serragem e ruído.
Água, produtos químicos,
sabão em pó, detergentes.
15. Serviços finais de
acabamento
Embalagens plásticas e de papelão, sobra de estopas.
Água, plantas ornamentais,
terra preta, seixos rolados.
16.Paisagismo e
jardinagem
Terra preta, restos de planta.
Fonte: Adaptado de Araújo (2002)
Comumente o conceito de perdas relaciona-se ao desperdício de materiais,
porém é necessário entender que as perdas estendem-se além deste conceito e
qualquer ineficiência no processo deve ser considerada como perdas: da ocorrência
de desperdícios de materiais quanto à execução de tarefas desnecessárias, gerando
custos adicionais sem agregar valor, até a falta de planejamento e gerenciamento
adequados.
O esforço para melhoria do desempenho na construção civil deve considerar
o conceito mais amplo de perdas, isto é, visar à minimização do dispêndio de
quaisquer recursos que não agregam valor ao produto, sejam eles vinculados às
atividades de conversão ou fluxo, porém são os desperdícios que resultam em
volume de resíduos. Em qualquer processo, devido à variabilidade natural, é
inevitável que ocorra certo volume de perdas e a fração das perdas que excede a
este limite mínimo característico da tecnologia é considerada desperdício (VIANA,
2007).
40. 39
Para os resultados das pesquisas realizadas fica evidenciado que é no
processo de produção do edifício, na origem do problema com características
particulares que a geração de resíduos deve ser enfrentada.
2.1.5 Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (GRCC) nos Canteiros
de Obra
Segundo Karpinsk (2009), o Estatuto da Cidade, Lei nº 10.257/2001
determina novas e importantes diretrizes para o desenvolvimento sustentável dos
aglomerados urbanos no País. O documento prevê a necessidade de proteção e
preservação do meio ambiente natural e construído, com uma justa distribuição dos
benefícios e ônus decorrentes da urbanização, exigindo que os municípios adotem
políticas setoriais articuladas e sintonizadas com o seu Plano Diretor. Uma dessas
políticas setoriais que pode ser destacada é a que trata da gestão dos resíduos
sólidos, nos quais se enquadram os resíduos da construção civil.
Por proteção e preservação do meio ambiente entende-se toda e qualquer
atividade que não altere as propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o
bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições
estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais.
Martins (2012) relata que a Política Nacional de Resíduos Sólidos define para
resíduos sólidos a gestão integrada como um conjunto de ações voltadas para a
busca de soluções para esses resíduos de forma a considerar as dimensões política,
econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do
desenvolvimento sustentável. Dessa forma, a integração entre o empresariado, o
poder público e a sociedade civil é de suma importância para o cumprimento do
gerenciamento de RCC.
O gerenciamento de resíduos da construção no local de geração representa,
segundo Karpinsk (2009), uma importante ferramenta para que a indústria da
construção assuma sua responsabilidade com o resíduo gerado no ambiente
urbano. Essa atitude conduzirá ao confinamento do resíduo, em grande parte dentro
do local de origem, o que evita sua remoção para locais distantes, evitando dessa
41. 40
forma despesas e problemas, inicialmente para empresas construtoras e
posteriormente para os órgãos públicos responsáveis.
Para Leite (1997), o conceito de gerenciamento refere-se aos aspectos
tecnológicos e operacionais e envolve fatores administrativos, econômicos,
ambientais de desempenho, como a produtividade e a qualidade. É a realização do
que a gestão delibera, por meio da ação administrativa de planejamento e controle
de todas as etapas do processo, na qual a gestão pode ser definida como atividade
relacionada à tomada de decisões estratégicas e à organização do setor para uma
determinada finalidade, envolvendo instituições, políticas, instrumentos e meios.
A relação estreita entre o gerenciamento de resíduos no canteiro e a fase de
concepção do projeto induz a um só caminho: toda obra deve cumprir as etapas
construtivas de forma eficiente e eficaz e, para isso, toda obra necessita organizar-
se em nível máximo para atingir esse fim. Se o intuito do gerenciamento dos
resíduos de construção civil, segundo a Resolução 307/2002 do CONAMA, é não
gerar, reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, o planejamento, as responsabilidades,
as práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações
necessárias para esse fim passam pelo cumprimento das etapas previstas: planos e
programas dos projetos em questão e projetos executivos para as construções de
modo que, nas obras, seus resíduos sejam gerenciados. Também devem ser
compatibilizados os projetos e as pessoas envolvidas e, na elaboração desses
projetos, é possível utilizar-se de modelos que visem prevenir a geração de
resíduos, em primeiro lugar, e ainda minimizar o uso de matérias-primas, como o de
Produção Mais Limpa (MARTINS, 2012).
Modelos de gestão ambiental voltados para as organizações como a
Produção Mais Limpa, também conhecida pela sigla P+L, significam a aplicação
contínua de uma estratégia ambiental preventiva e integrada aos processos,
produtos e serviços a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água
e energia e reduzir os riscos para os homens e o meio ambiente. É, antes de tudo,
uma ação econômica porque baseia-se no fato de que qualquer resíduo de qualquer
sistema produtivo só pode ser proveniente das matérias-primas ou insumos de
produção utilizadas no processo. Todos os resíduos ontem eram matéria-prima e
foram comprados e pagos como tal (MARTINS, 2012).
Desta forma, analisando-se unicamente o custo econômico que envolve RCC,
estaria justificado o investimento em gerenciamento de RCC pelos grandes e
42. 41
pequenos geradores e a gestão pela municipalidade, isso sem ainda contabilizar o
dano ambiental, social e de saúde pública.
Goron e Tubino (2007 apud Fernandes 2013) afirma que realizar medições
dentro do canteiro de obra para gerenciamento de resíduos da construção civil
(GRCC) é fundamental; essas medições realizadas antes e depois podem ser
comparadas evitando-se opiniões e comprovando-se objetivamente a melhoria do
processo como um todo. Para Zordan (1997), é possível, além de quantificar o
descarte de cada resíduo, classificá-lo por etapa construtiva e por agente envolvido
no canteiro, sensibilizando-o e conscientizando-o em relação ao seu papel no
processo (ZORDAN, 1997).
Relata Pinto (1999) que no Brasil as estimativas para geração de RCC variam
entre 230 kg/hab./ano e 760 kg/hab./ano e para mediana na amostra pesquisada
cerca de 510 kg/hab./ano. Coletivamente o setor da construção é responsável por
um terço do consumo de recursos naturais, incluindo 12% de todo o uso de água
doce e pela produção de até 40% de resíduos sólidos ou resíduos da construção
civil (RCC).
Carneiro (2005) demonstra que aproximadamente 90% desses RCC são
potencialmente recicláveis quando segregados na fonte geradora, prática ainda
pouco usada nesse segmento. Portanto, em média, 40% dos resíduos produzidos
nas cidades brasileiras são provenientes da construção civil e apenas 10% desse
total são reaproveitados.
Para Bidone (2001), no Brasil, em geral, para cada uma tonelada de RSU são
coletadas duas toneladas de RCC. O grande volume e a massa desse entulho
permanecem sem tratamento e sem aproveitamento nas cidades brasileiras,
gerando um ônus para a sociedade e um grave problema de gestão ambiental para
a administração das cidades.
Ainda segundo Pinto (2005), dentro do total de volume gerado de RCC nos
municípios, são as obras de construção, reformas e demolições realizadas pelos
próprios usuários de imóveis que geram cerca de 75% do total, ou seja: eventos
informais, de pequenos geradores, são aqueles que necessitam ser também
disciplinados pela municipalidade, pela quantidade de RCC produzida.
Assim, é importante destacar que o processo de gerenciamento de RCC
torna-se cada vez mais urgente e a participação desses cidadãos junto à
municipalidade precisa ser tratada com a importância que o tema exige. Promover o
43. 42
desenvolvimento de uma sensibilização ambiental focada em conservação e
preservação é fundamental e, campanhas públicas, contando com a matéria
educação ambiental voltada à educação formal, multidisciplinar e em todos os
níveis, é um caminho para envolver a sociedade em uma gestão de resíduos com
novas regras sociais, econômicas e ambientais que promova mudanças de hábitos
necessárias.
Para a parcela de 25% dos grandes geradores, as empresas construtoras em
geral, o gerenciamento de RCC já é considerado parte integrante de qualquer
processo que vise qualidade, produtividade e redução de custos para as empresas,
a partir de seus empreendimentos. Quando fala-se na melhoria da qualidade para o
setor da construção civil, o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no
Habitat (PBQP-H) visa apoiar o esforço brasileiro de modernização do setor no
aumento da qualidade e produtividade e redução de custos na construção
habitacional.
O Programa trabalha para articular os vários segmentos da cadeia produtiva:
desde a indústria de materiais às empresas construtoras, bem como outras
instâncias governamentais, os agentes financiadores e promotores, entre outros.
Para as empresas é a oportunidade de aumentar sua competitividade por meio da
redução de desperdícios, melhor formação dos profissionais, acesso a projetos,
materiais e componentes de melhor qualidade e adequação às normas técnicas. A
base do Programa tem início na implantação de um sistema evolutivo de qualidade,
o Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obra da
Construção Civil – SiAC, que tem por objetivo fomentar o desenvolvimento e a
implantação de instrumentos e mecanismos de melhoria da qualidade de projetos e
obra (PBQP-H, 2013).
As estratégias das empresas na direção desta qualidade para o setor tem-se
dado através de dois caminhos: primeiro através da implantação de programas de
gestão de qualidade e posterior certificação, pelas normas da série ISO 9000, e
segundo, através da implantação de programas de racionalização construtiva
(BARROS, 2001).
Para SABBATINI (1989), racionalização construtiva é um processo que
abarca o conjunto de todas as ações que tenham por objetivo otimizar o uso dos
recursos materiais, humanos, organizacionais, energéticos, tecnológicos, temporais
e financeiros, disponíveis na construção em todas as suas fases. Ao incorporar-se
44. 43
princípios de racionalização construtiva e construtibilidade de projetos, destaca-se a
necessidade de se reformular como os projetos vêm sendo conduzidos ou seja,
gerenciados.
Relata Lima (2006) que o gerenciamento de RCC no canteiro de obra é
responsável pela redução de acidentes de trabalho em razão de obras mais limpas e
organizadas; melhora a produtividade e reduz o volume de RCC removido da
canteiro, além de atender aos requisitos ambientais do PBQP-H e da certificação
ISO 14001, para gestão ambiental nas empresas. Como resultado, há uma melhoria
importante na imagem institucional da empresa junto ao público consumidor.
A primeira experiência com gerenciamento de RCC em canteiros de obra tem
seu marco no pioneirismo do Programa de Gestão Ambiental de Resíduos em
Canteiros de Obra (2005) em São Paulo, experiência essa divulgada em forma de
Manual e intitulada Gestão Ambiental de Resíduos da Construção Civil: A
Experiência do SindusCon-SP.
Implantada em um grupo-piloto de onze construtoras, a metodologia do
Programa Obra Limpa contou com a assessoria técnica das empresas, Informações
e Técnicas (I&T) e Obra Limpa Comércio e Serviços Ltda, e foi iniciada pelo grupo-
piloto de construtoras em janeiro de 2003 e concluída em agosto de 2004.
Como vantagens identificadas após a implantação do Programa foram
observadas melhorias na organização da obra, conscientização ambiental, redução
de custos, melhoria na administração dos resíduos, adequação à legislação e
melhoria na imagem institucional da construtora (SINDUSCON/SP, 2005).
As dificuldades relatadas em SindusCon/SP (2005) para implantação desse
gerenciamento no grupo-piloto foram: baixo comprometimento da direção de
algumas obras (engenheiros), dificuldade na articulação com produtores e
aplicadores de insumos, presença de empresas de transporte não licenciadas no
Departamento de Limpeza Urbana da Prefeitura de São Paulo, carência de áreas de
reciclagem (ARs) e ATTs, ausência de legislação de fiscalização e penalidade, pelo
não cumprimento da Resolução 307/2002 do CONAMA.
A avaliação final pelo SindusCon/SP (2005) demonstrou ser positiva a
iniciativa e ressaltou a necessidade da continuidade de ações junto aos órgãos
municipais na definição dos Programas Municipais de Gerenciamento de Resíduos
da Construção Civil, programas estes que possibilitam a implantação das ATTs e
45. 44
dos Aterros da Construção Civil, seja pela elaboração das legislações pertinentes ou
pelo incentivo a novos negócios, como a reciclagem dos resíduos.
Hoje essa iniciativa serve como referência para que a implantação da gestão
ambiental de resíduos da construção civil nos canteiros de obras, assim denominada
no resultado do grupo-piloto em 2005, possa tornar-se realidade. A solução passa
pela efetiva participação da cadeia produtiva e envolve construtoras, incorporadoras,
projetistas, transportadores, ATTs, aterros, recicladoras, fabricantes, órgãos públicos
e entidades de pesquisa.
A iniciativa do SindusCon/SP em 2005 promoveu a elaboração de outros
manuais voltados à implementação de PGRCC pelos SindusCon`s, como os de Belo
Horizonte, Salvador, São Paulo, Sergipe, Pernambuco, bem como por instituições,
como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Serviço Brasileiro
de Apoio às Pequenas Empresas (SEBRAE), Conselhos Regionais de Engenharia e
Agronomia (CREA), Ministério das Cidades, Caixa Econômica Federal, entre outras
iniciativas no Brasil.
Para Linhares (2005) a principal dificuldade apontada pelas empresas para
implantar gestão de RCC é sensibilizar a mão de obra no que se refere à
segregação desses resíduos. Treinamento com educação ambiental e programas de
alfabetização no próprio canteiro são iniciativas que visam atender essa questão,
mas destacar como fundamental a participação ativa desses trabalhadores nas
mudanças pretendidas em seus canteiros de obra talvez seja o maior desafio das
empresas. Surge assim mais um desafio para o gerenciamento de RCC: capacitar
trabalhadores tradicionais da construção civil para esse novo processo dentro de
uma realidade de alta rotatividade e baixa qualificação da mão de obra,
historicamente conhecida.
O mesmo autor afirma que práticas estão sendo incorporadas em algumas
empresas, como a redução da espessura de revestimento; controle do transporte e
armazenamento de materiais; uso de placas de gesso acartonado sem argamassa;
uso de peças metálicas pré-acabadas e moldadas conforme projeto e montadas no
local, com pouca geração de resíduos e construções modulares em geral. São as
implementações possíveis dentro de um processo complexo e que ainda demandará
tempo para os ajustes necessários quanto ao gerenciamento de RCC, em cada
empresa.
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John (2000) relata que as mudanças para esse fim serão mais profundas que
aquelas causadas pela adoção do paradigma de gestão da qualidade, e sem que
toda a cadeia produtiva da construção civil sofra transformações significativas não
será possível atender e entender o desenvolvimento sustentável no setor.
2.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Relata a Câmara Brasileira da Indústria da Construção no Programa
Construção Sustentável (CBIC, 2012), que as soluções para o desenvolvimento que
o Brasil espera e precisa passam necessariamente pela Engenharia e pela
Construção: a erradicação do déficit habitacional, a universalização do saneamento
e a ampliação da nossa infraestrutura produtiva e logística tornará os produtos
brasileiros mais competitivos no mercado internacional e, especialistas prevêem que
ocorrerá crescimento econômico mais acentuado nas economias emergentes e em
desenvolvimento, portanto, consumindo mais recursos per capita.
À medida que este crescimento avançar, mudanças substanciais serão
necessárias em todos os países, para atender a essa nova demanda de consumo
dentro dos limites do planeta. Para o estudo Vision 2050 (WBSCD, 2010), o Brasil
dispõe de todas as condições para liderar esse novo processo. Nosso país possui
solo abundante, sol o ano inteiro, tem a mais rica biodiversidade e a maior reserva
de água doce disponível e é movido pela matriz energética mais limpa do planeta.
Para o Guia CBIC (2012) são várias as abordagens em defesa do
desenvolvimento sustentável por envolver diferentes áreas e inúmeras prioridades,
tais como aspectos socioculturais, ambientais e econômicos, multifacetados pela
diversidade dos povos e do planeta em que vivemos e que não permite uma única
visão. Uma sociedade mais sustentável envolve políticas públicas, estratégias
corporativas e movimentos sociais o que, por si só, deve integrar conhecimentos
existentes, multidisciplinares e transversais, para alcançarmos as mudanças
esperadas. Serão revisitados, necessariamente, padrões de consumo, de produção
e de avaliação do bem-estar social, em atendimento a uma nova sociedade, com
objetivos sustentáveis.
Na análise encontrada no Guia CBIC de Boas Práticas em Sustentabilidade
na Indústria da Construção (CBICa, 2012), surge uma nova pergunta: qual o papel
das empresas no desenvolvimento sustentável? O que é esperado dos profissionais