2. Capítulo V
Este capítulo começa por dizer que D. Maria Ana não irá comparecer ao
auto de fé e explica porquê.
- Cerimónia durante a qual eram tornadas
públicas as sentenças do Tribunal da Inquisição e
onde os hereges, os feiticeiros, os judeus e os
cristãos-novos eram “humilhados”.
- Geralmente, decorriam em locais públicos
e contavam com a presença eclesiástica e civil.
“(…) solene cerimónia, tão levantadeira das
almas, ato tão de fé, a procissão compassada, a
descansada leitura das sentenças, as descaídas figuras
dos condenados, as lastimosas vozes, o cheiro da
carne estalando quando lhe chegam as labaredas e
vai pingando para as brasas a pouca gordura que
sobejou dos cárceres.”
D. Maria Ana encontra-se de luto pelo
falecimento do seu irmão. Contudo, não é este o
motivo pelo qual não marcará presença no auto de fé.
A rainha está grávida e, para além de
afrontamentos, esta tem tido sangramentos que lhe
causaram grande debilitação.
3. O capítulo
prossegue com uma
caracterização deste auto
de fé, em especifico, e do
ambiente que o envolve.
Capítulo V
Participarão cento e quatro
penitenciados, entre os quais
cinquenta e um são homens e
cinquenta e três mulheres.
Entre as mulheres, duas
serão “relaxadas ao braço secular”.
Eufemismo;
Significa, neste caso, que ambas
as mulheres serão entregues ao
poder secular (≠ poder sagrado),
que, por sua vez, na pessoa do
carrasco, irá executá-las.
Instala-se um
sentimento de alegria por
ser domingo e haver auto
de fé, que faz as pessoas
saírem de casa e encherem
o Rossio.
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4. Capítulo VAs mulheres estão à janela,
viradas para a praça, preocupadas
com a sua aparência física e a
observar o seu pretendente
(confirmado ou aspirante).
Caracterização:
“vestidas e toucadas a primor”;
“à alemoa”;
“com o seu vermelhão nas faces
e no colo”;
“fazendo trejeitos com a boca”,
“visagens várias”;
“todas viradas para a rua”;
“estarão seguros os sinaizinhos
do rosto, no canto da boca o
beijocador, na borbulhinha o
encobridor, debaixo do olho o
desatinado”.
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O povo ao gritar
“furiosos impropérios”, as
mulher ao “guincharem” e os
frades ao “alanzoarem”, criam
uma atmosfera animalesca, em
que estes são os predadores e os
condenados as presas.
Gera-se, então, um clima
de insultos e imundice verbal e
física por parte do povo, que
tanto gosta destes autos de fé.
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5. Capítulo V
Simeão de Oliveira e Sousa caso
raro e confuso; dizia ser qualificador
do Santo Ofício, dizia a missa,
confessa e pregava, mas,
simultaneamente, assegurava ser
herege e judeu; para além disto,
afirmava ter o direito de escolher o
seu próprio nome e, deste modo,
tanto se podia chamar Teodoro
Pereira de Sousa como frei Manuel
de Graça, entre outros nomes.
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Domingos Afonso Lagareiro fingia ter visões
para que o tivessem como santo e fazia curas,
através de bênçãos, palavras e cruzes, entre
outras superstições.
Padre António Teixeira de Sousa
“solicitava” mulheres.
Sebastiana Maria de Jesus um quarto de
cristão nova; tinha visões e revelações e ouvia
vozes do céu.
Sebastiana Maria de Jesus é caracterizada
como sendo uma feiticeira e uma carrana, o que, no
contexto do auto de fé, era uma injúria grave.
Implicava que esta lançava feitiços, que era imunda.
Era considerada uma bruxa.
6. Capítulo V
Sebastiana Maria de
Jesus introduziu-nos a outras
personagens bastante
importantes. Esta é mãe de
Blimunda.
Blimunda aparece-
nos, pela primeira vez na
história, neste capítulo. Esta
foi ver a mãe ao auto de fé.
No meio da multidão,
Sebastiana descobre a sua
filha. Junto de Blimunda está
o Padre Bartolomeu
Lourenço e um homem alto
que, segundo Sebastiana,
está muito próximo da sua
filha – Baltasar Mateus,
Sete-Sóis.
Após travar contacto visual
com a sua mãe, Blimunda pergunta a
Baltasar o seu nome e este responde-
lhe, dando-lhe, assim, o direito de
perguntar o que quiser. Mais tarde
Blimunda admite que fora a sua mãe
que lhe pedira para fazer tal pergunta.
“Ali vai
minha mãe”
– expressão
fria.
Já em casa, Blimunda chora
desesperadamente, pois apercebe-se que
não se poderá despedir de sua mãe.
Perante esta situação, o Padre
Bartolomeu Lourenço tenta fazê-la
entender que se esta é a vontade de Deus,
então há que respeitá-la.
7. É quando o auto de fé termina que Blimunda se
dirige para casa. O padre vai com ela, assim como
Baltasar, que achou que as breves palavras que tinham
trocado eram razão suficiente para o fazer.
Ao chegarem a casa, Blimunda deixa a porta
aberta para que Sete-Sóis possa entrar.
Capítulo V
Blimunda prepara o jantar e, assim que está
pronto, serve os homens. Esta espera que Baltasar
termine a sua refeição para usar a sua colher, tornando o
que fora dele, seu.
Dá-se o casamento simbólico.
O casal fica sozinho. Baltasar admite estar
encantado por Blimunda, diz que ela o olhou por
dentro. Esta desmente-o.
Nessa noite, Blimunda
perde a virgindade. Com o
sangue da sua virgindade, esta
desenha uma cruz no peito do
seu amante.
8. Capítulo V
Quando acordam, Sete-Sóis vê
Blimunda deitada a comer pão. Ao
abrir os olhos, esta promete nunca o
olhar por dentro.
Maria José Santos
N.12 12ºA