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GAP- Agrupamento de Escolas de Golegã, Azinhaga e Pombalinho Escola B. 2,3/S Mestre Martins Correia, Golegã Ano Lectivo 2010/2011 Leonor Nunes nº10  12ºA
Título:  Crónica do Rei Pasmado Autor : Gonzalo Torrente Ballester Editora : Caminho Local de Edição : Lisboa, Portugal Ano de Edição:  Janeiro de 1997 Ano de Publicação : 1989
Gonzalo Torrente Ballester (13 de Junho de 1910- 27 de Janeiro de 1999) foi um importante professor, romancista, crítico literário e teatral, dramaturgo e jornalista espanhol. Estudou Direito em Espanha e encontrava-se em Paris com o intento de fazer a sua tese de doutoramento quando começou a guerra civil.  Estreou-se como jornalista no jornal  El Carbayón  tendo dado o seu contributo em muitos outros jornais ao longo dos anos.  Leccionou em universidades em Madrid e Nova Iorque e também em vários liceus espanhóis.  Em 1943 publica o seu primeiro romance,  Javier Mariño , mas a obra é apreendida pela censura vinte dias depois.  O seu trabalho foi reconhecido em diversas áreas, quer na literatura, televisão, ou ainda teatro, tendo sido galardoado inúmeras vezes.
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Crónica do Rei Pasmado A história começa numa certa manhã de Outubro quando o Rei de Espanha, Filipe IV, acorda e fica a contemplar a beleza da mulher com quem havia passado a noite. Essa mulher era Marfisa, uma bonita prostituta. Filipe IV fica deslumbrado com a beleza do corpo feminino. De facto, esta não era a primeira vez que o Rei passava a noite com uma mulher, já o havia feito com a sua esposa, a Rainha Isabel de Bourbon, no entanto era a primeira vez que o fazia sem ser por obrigações protocolares e foi a primeira vez que pôde contemplar uma mulher nua. Quando o Conde de Peña Andrada vai até ao quarto de Marfisa chamar o Rei, é hora deste ir às cerimónias religiosas depara-se com o estado embasbacado do monarca e por isso paga a Marfisa e apressa-se a que saiam dali.  O Rei mantém um semblante estupefacto e ao chegar ao palácio pede ao seu servo mais próximo que lhe traga a chave da sala proibida, este rouba-a e entrega-a ao Rei, que se dirige à sala e lá passa muito tempo a contemplar todos os quadros que figuram nas paredes. Entretanto as notícias da noite pecaminosa do Rei difundem-se rapidamente.
Quando toda a comunidade, principalmente o clero, alvitra acerca da  aventura romântica do Rei, este surpreende todos quando, em público, manifesta o desejo de ver a Rainha nua.  A vontade do Rei gera uma grande desordem entre os presentes e o Inquisidor- Mor convoca uma assembleia com o fim de discutir a repercussão que a ambição do Rei poderá ter e se esta pode ou não ser permitida.  Padre Villaescusa é o primeiro a manifestar-se contra e defende que a vontade do Rei é pecado e que as repercussões dos seus actos se irão abater sobre todos. É também apoiado pelo Valido, que por interesses pessoais teme que o castigo de Deus possa afectar a vitória de Espanha na Flandres e possa ser ele o culpabilizado pelo povo. Em privado, o Padre Villaescusa tenta também influenciar o Inquisidor- Mor a não permitir que tal aconteça e sugere que Marfisa seja também castigada por levar o Rei para os caminhos do pecado. No entanto o inquisidor mantém-se moderado e não se deixa impressionar. Ao saber que irá ser perseguida Marfisa foge e é acolhida no mosteiro pela Madre Superiora.
A liderar aqueles que acreditavam que o Rei tinha o direito de estar com a Rainha estava Padre Almeida, que com uma capacidade argumentativa brilhante conseguiu semear a dúvida entre os presentes, afirmando que o casal tinha o direito de ser livre e até mesmo que o casamento entre ambos não era oficializado, pois os dois haviam estado juntos da primeira vez por pura obrigação, apenas para consumar o casamento e não por livre vontade. Marfisa sai do convento e parte para longe e o Inquisidor- Mor deixa as suas funções mas antes escreve uma carta ao Vaticano afirmando que o Padre Villaescusa deve ser mantido sob vigilância devido à sua adoração por autos-de-fé. Descobre-se também que o Conde Peña de Andrada, que havia também partido nunca constou em quaisquer registos de títulos atribuídos. Enquanto todos debatiam o passo seguinte, o casal de monarcas encontra-se em segredo no convento, ajudado por Marfisa, pelo Conde de Peña Andrada e pela Madre Superiora. Na manhã seguinte apresentam-se felizes e Filipe IV que até então carecia de força de vontade e confiança nas suas capacidades de chefia, torna-se um líder mais forte e independente.
“ O jesuíta fitou-o, perplexo; a seguir perguntou-lhe, ousadamente: - Excelência, o senhor acredita em Deus? O Inquisidor-mor sorriu ternamente, mas o seu sorriso transformou-se num esgar triste. - Há muitos livros escritos sobre Deus, mas cabem todos numa palavra: ou sim, ou não.” A UN CABALLERO QUE, ESTANDO COM UNA DAMA, NO PUDO CUMPLIR SUS DESEOS Com Marfisa en la estacada Entraste tan desguarnido Que su escudo, aunque hendido,  no pudo rajar tu espada. ! Qué mucho, si levantada No se vio en trance tan crudo, Ni vuestra verguenza pudo, Cuatro lágrimas llorar, Siquierá para dejar De orín tomado el escudo!

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Apresentação Leonor

  • 1. GAP- Agrupamento de Escolas de Golegã, Azinhaga e Pombalinho Escola B. 2,3/S Mestre Martins Correia, Golegã Ano Lectivo 2010/2011 Leonor Nunes nº10 12ºA
  • 2. Título: Crónica do Rei Pasmado Autor : Gonzalo Torrente Ballester Editora : Caminho Local de Edição : Lisboa, Portugal Ano de Edição: Janeiro de 1997 Ano de Publicação : 1989
  • 3. Gonzalo Torrente Ballester (13 de Junho de 1910- 27 de Janeiro de 1999) foi um importante professor, romancista, crítico literário e teatral, dramaturgo e jornalista espanhol. Estudou Direito em Espanha e encontrava-se em Paris com o intento de fazer a sua tese de doutoramento quando começou a guerra civil. Estreou-se como jornalista no jornal El Carbayón tendo dado o seu contributo em muitos outros jornais ao longo dos anos. Leccionou em universidades em Madrid e Nova Iorque e também em vários liceus espanhóis. Em 1943 publica o seu primeiro romance, Javier Mariño , mas a obra é apreendida pela censura vinte dias depois. O seu trabalho foi reconhecido em diversas áreas, quer na literatura, televisão, ou ainda teatro, tendo sido galardoado inúmeras vezes.
  • 4.
  • 5.
  • 6. Crónica do Rei Pasmado A história começa numa certa manhã de Outubro quando o Rei de Espanha, Filipe IV, acorda e fica a contemplar a beleza da mulher com quem havia passado a noite. Essa mulher era Marfisa, uma bonita prostituta. Filipe IV fica deslumbrado com a beleza do corpo feminino. De facto, esta não era a primeira vez que o Rei passava a noite com uma mulher, já o havia feito com a sua esposa, a Rainha Isabel de Bourbon, no entanto era a primeira vez que o fazia sem ser por obrigações protocolares e foi a primeira vez que pôde contemplar uma mulher nua. Quando o Conde de Peña Andrada vai até ao quarto de Marfisa chamar o Rei, é hora deste ir às cerimónias religiosas depara-se com o estado embasbacado do monarca e por isso paga a Marfisa e apressa-se a que saiam dali. O Rei mantém um semblante estupefacto e ao chegar ao palácio pede ao seu servo mais próximo que lhe traga a chave da sala proibida, este rouba-a e entrega-a ao Rei, que se dirige à sala e lá passa muito tempo a contemplar todos os quadros que figuram nas paredes. Entretanto as notícias da noite pecaminosa do Rei difundem-se rapidamente.
  • 7. Quando toda a comunidade, principalmente o clero, alvitra acerca da aventura romântica do Rei, este surpreende todos quando, em público, manifesta o desejo de ver a Rainha nua. A vontade do Rei gera uma grande desordem entre os presentes e o Inquisidor- Mor convoca uma assembleia com o fim de discutir a repercussão que a ambição do Rei poderá ter e se esta pode ou não ser permitida. Padre Villaescusa é o primeiro a manifestar-se contra e defende que a vontade do Rei é pecado e que as repercussões dos seus actos se irão abater sobre todos. É também apoiado pelo Valido, que por interesses pessoais teme que o castigo de Deus possa afectar a vitória de Espanha na Flandres e possa ser ele o culpabilizado pelo povo. Em privado, o Padre Villaescusa tenta também influenciar o Inquisidor- Mor a não permitir que tal aconteça e sugere que Marfisa seja também castigada por levar o Rei para os caminhos do pecado. No entanto o inquisidor mantém-se moderado e não se deixa impressionar. Ao saber que irá ser perseguida Marfisa foge e é acolhida no mosteiro pela Madre Superiora.
  • 8. A liderar aqueles que acreditavam que o Rei tinha o direito de estar com a Rainha estava Padre Almeida, que com uma capacidade argumentativa brilhante conseguiu semear a dúvida entre os presentes, afirmando que o casal tinha o direito de ser livre e até mesmo que o casamento entre ambos não era oficializado, pois os dois haviam estado juntos da primeira vez por pura obrigação, apenas para consumar o casamento e não por livre vontade. Marfisa sai do convento e parte para longe e o Inquisidor- Mor deixa as suas funções mas antes escreve uma carta ao Vaticano afirmando que o Padre Villaescusa deve ser mantido sob vigilância devido à sua adoração por autos-de-fé. Descobre-se também que o Conde Peña de Andrada, que havia também partido nunca constou em quaisquer registos de títulos atribuídos. Enquanto todos debatiam o passo seguinte, o casal de monarcas encontra-se em segredo no convento, ajudado por Marfisa, pelo Conde de Peña Andrada e pela Madre Superiora. Na manhã seguinte apresentam-se felizes e Filipe IV que até então carecia de força de vontade e confiança nas suas capacidades de chefia, torna-se um líder mais forte e independente.
  • 9. “ O jesuíta fitou-o, perplexo; a seguir perguntou-lhe, ousadamente: - Excelência, o senhor acredita em Deus? O Inquisidor-mor sorriu ternamente, mas o seu sorriso transformou-se num esgar triste. - Há muitos livros escritos sobre Deus, mas cabem todos numa palavra: ou sim, ou não.” A UN CABALLERO QUE, ESTANDO COM UNA DAMA, NO PUDO CUMPLIR SUS DESEOS Com Marfisa en la estacada Entraste tan desguarnido Que su escudo, aunque hendido, no pudo rajar tu espada. ! Qué mucho, si levantada No se vio en trance tan crudo, Ni vuestra verguenza pudo, Cuatro lágrimas llorar, Siquierá para dejar De orín tomado el escudo!