SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  6
Télécharger pour lire hors ligne
1


Universidade Nove de Julho – Uninove
Curso: História
Disciplina: História do Brasil III (2012-1)
Professor responsável: Geraldo José Alves


Nome: Elaine Cristina Santos Aprígio de Lima – RA: 911118098 – Turma:B – Período: Manhã


TEMÁTICA: HISTÓRIA E LITERATURA NA PRIMEIRA REPÚBLICA


                           JOÃO DO RIO E OS CAPÍTULOS DA MISÉRIA
                      A MODERNIZAÇÃO QUE VIOLOU A ALMA DAS RUAS


       A crise de moradias muito se agravou com as reformas urbanas realizadas no início da
República no Rio de Janeiro e foi acompanhada de perto pelos principais escritores que atuavam
na cidade, pois pobreza e luxo coexistiam. Dentro deste contexto os jornalistas preocupavam-se
em escrever apenas para uma restrita elite letrada, não se preocupando com a marginalidade
social. Eram raros jornalistas que falavam sobre a classe pobre do Rio de Janeiro, entre estes
raros está João do Rio. Numa época em que o cenário urbano carioca foi “modernizado”, de
acordo com os interesses dominantes, João do Rio abordou as situações precárias de habitações
como espaços marcados pela presença da miséria, mostrando-nos uma cidade que discorda
daquela divulgada pelo governo e da classe dominante que buscam construir uma aparente e
“moderna” metrópole.

O QUE ACONTECEU DURANTE A MODERNIZAÇÃO

       Tendo como exemplo a Belle Époque parisiense, o Rio de Janeiro, no final do século XIX
para o XX, passava por mudanças. Segundo Sevcenko1, a mudança para a ordem republicana
sofreu vários “processos de desestabilização e reajuste social” (SEVCENKO, 1989: 36). Essas
mudanças sociais, políticas e econômicas contribuíram na elevação do ritmo de vida da sociedade
carioca. O Rio de Janeiro inicia o século XX com grandes vantagens, primeiro fator dá-se por sua
condição de centro político do país. Economicamente, foi favorecido pelo comércio e aplicação
industrial que, devido o grande número populacional, geraria mão de obra. A concentração das
finanças nacional e a grande rede ferroviária, ligando vários estados, faziam com que o Rio se
assemelhasse a outros grandes centros urbanos, mantendo inclusive, convívio com a produção e
o comércio europeu. Era preciso realizar ajustes e ampliar a cidade e tão logo perceberam que
mudanças quanto à estrutura da cidade se fazia necessária, pois “(...) O antigo cais não permitia
que atracassem os navios de maior calado (...) As ruelas estreitas, recurvas e em declive, típicas

1
 SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na primeira República.
São Paulo, Ed. Brasiliense, 1989.
2


de uma cidade colonial, dificultavam a conexão entre o terminal portuário (...) (SEVCENKO, 1989:
40)

       Outro fator que contribuiu para uma mudança no Centro do Rio de Janeiro, José Murilo de
Carvalho2 também nos esclarece que se concentra no início do novo regime. A primeira deu-se
demograficamente, alterando o número de habitantes. Com a abolição, lança o restante da mão
de obra escrava no mercado de trabalho livre, que após a crise cafeeira, deixa o mesmo número
ligada a essa atividade, sem emprego. O segundo fator gerado pela intensa imigração é o
desequilíbrio entre os sexos, pois os homens eram o dobro das mulheres. O terceiro fator foi o
acumulo de pessoas em trabalhos mal remunerados ou sem ocupação. Ainda afirma-nos José
Murilo de Carvalho que “(...) o impacto do crescimento populacional acelerado sobre condições de
vida, com as conseqüentes pressões sobre a administração municipal, gravaram-se muito os
problemas de habitação tanto em termos de quantidade quanto de qualidade.” (CARVALHO,
1987: 18)

       Fora o aspecto físico da cidade, a nova República se vê com um aumento de população
expressivo. O que acaba tornando precária a questão habitacional, acrescentado a velhos
problemas como abastecimento, saneamento e higiene que geraram outros transtornos. Com o
aumento do número de habitações coletivas e todas elas sem o apropriado saneamento,
juntamente à falta de condições de higiene da população, aumenta o processo de proliferação de
epidemias como de febre amarela, peste, cólera e varíola3. Prejudicando com isso a imagem da
cidade que estava em modernização.

       Esse foi, aliás, um dos argumentos empregados a fim de explicar o projeto de reconstrução
da capital que ao ser urbanizada distanciaria as classes pobres do Centro do Rio. A resposta é
“(...) uma política rigorosa de expulsão dos grupos populares da área central da cidade, que será
praticamente isolada para o desfrute exclusivo das camadas aburguesadas” (SEVCENKO, 1989:
43).

       Sidney Chalhoub4 menciona que “as classes pobres não passam a ser vistas como classes
perigosas apenas porque poderiam oferecer problemas para a organização do trabalho e a
manutenção da ordem pública. Os pobres ofereciam também perigo de contágio” (CHALHOUB,
1996: 29). João do Rio descreve na crônica “Sono Calmo” não apenas o que via enquanto
adentrava àquele cortiço, contudo, fica evidenciado em suas palavras, o preconceito aos
moradores de cortiços. Seu relato faz-nos enxergar que tais pessoas viviam “na mais repugnante



2
  CARVALHO, José Murilo de, Os bestializados: O Rio de Janeiro, a república que não foi. São Paulo, Cia
das Letras, 1987, p. 16-17.
3
  Sevcenko relata que as epidemias proliferam devido às áreas pantanosas que faziam da febre tifóide, do
impaludismo, da varíola e da febre amarela endemias inextirpáveis (p. 41)
4
  CHALOUB, Sidney. Cidade febril: cortiços e epidemias na Corte Imperial. São Paulo: Cia das Letras, 1996.
3


promiscuidade”, descrevendo como muitos, entre estes, trabalhadores, viviam numa vida tão
precária.

      “Parecia que todas as respirações subiam, envenenando as escadas, e o cheiro, o fedor, um
      fedor fulminante, impregnava-se nas nossas próprias mãos, desprendia-se das paredes, do
      assoalho carcomido, do teto, dos corpos sem limpeza. (...) a metade daquele gado humano
      trabalhava. (...) era impossível o cheiro de todo aquele entulho humano” (RIO, 2008: 179).

       O discurso sanitarista abriu caminho para a intervenção sobre a pobreza gerando a
proibição de construção de novos cortiços, a demolição e o fechamento de vários deles,
promovendo grandes campanhas e que acabaria provocando a Revolta da Vacina5. Segundo
Geraldo José6 em seu artigo menciona que “(...) o cortiço é o espaço em que essas camadas
economicamente marginalizadas constroem formas de viver politicamente separadas do plano
mais vasto de um projeto de nação que ora se consolidava.” (ALVES, 2005: 64). Nisso afirma
João do Rio em visita a um cortiço na crônica “Sono profundo” que “grande parte desses pobres
entes fora atirado ali, no esconderijo daquele covil, pela falta de fortuna” (RIO, 2008: 179).

       Menciona Sevcenko, que “a maior cidade brasileira veria a sua população no período de
1890 a 1900 passar de 522 651 para 691 565, numa escala impressionante de 32,3% de
crescimento (2,84% ao ano)” (SEVCENKO, 1989: 72), ou seja, o número cresceu sobre maneira
fazendo com que o excedente da população humilde fosse expulsa, desenvolvendo dessa forma
as favelas7, o aumento de invasões a velhos casarões que se tornaria em pensões baratas. Pois
conforme José Murilo de Carvalho “(...) o Rio possuía, em 1888, 1331 estalagens e 18866 quartos
de aluguel, em que moravam 46680 pessoas, incluindo todo o vasto contingente do mundo da
desordem.” (CARVALHO, 1991: 36).

       Neste contexto que João do Rio8 tornou-se um flâneur, pois “flanar é ser vagabundo e
refletir, é ser basbaque e comentar, ter o vírus da observação ligado ao da vadiagem.” (RIO, 2008:
31). Passa João a andar pelas ruas da cidade observando as parcelas da sociedade que
raramente era citada numa manchete de jornal de sua época e assim “vê” e “descreve” em suas
crônicas à realidade que vivem esses homens, mulheres e crianças, pois para João do Rio “a rua
é um fator da vida das cidades, a rua tem alma!” (RIO, 2008: 29).




5
  Em “Os bestializados” José Murilo relata a forma que Rodrigues Alves e Oswaldo Cruz enfrentaram os
problemas das epidemias, obrigando o fechamento de habitações populares irregulares e demolições para
novas construções. Gerando futuramente a obrigatoriedade da vacina e consequentemente a revolta (p. 93-
99)
6
  ALVES, G. J. Público e privado n’O cortiço, de Aluísio Azevedo. Dialogia, São Paulo, v. 4, p. ???-???,
2005.
7
  Sevcenko menciona que com a expulsão da população do Centro da cidade, surgem as favelas que logo
também seriam alvo de perseguições. (p.46)
8
  RIO, João do. A alma encantadora das ruas: crônicas/João do Rio. Organização Raúl Antelo. São Paulo:
Cia das Letras, 2008.
4


       Na crônica “Sono calmo” João relata a visita noturna que fez juntamente com um delegado
de polícia a uma “hospedaria de má fama”. Segundo ele, “(...) o adido assegurava que a miséria
só na Europa - porque a miséria é proporcional à civilização.” (RIO, 2008: 179). Depois de
presenciar a sujeira, a falta de saneamento e o “mau cheiro intenso”, o delegado ordenou uma
inspeção aos fundos do cortiço. Nas palavras de João do Rio,

     “(...) foi aí então que vimos o sofrer inconsciente e o último grau da miséria. O hospedeiro torpe
     dizia que por ali dormiam alguns de favor, mas pelo corredor estreito, em derredor da sentina,
     no trecho do quintal, cheio de trapos e de lama, nas lajes, os mendigos, faces escaveiradas e
     sujas, acordavam num clamor erguendo as mãos para o ar. E de tal forma a treva se ligava a
     esses espetros da vida que o quadro parecia formar um todo homogêneo e irreal.” (RIO, 2008:
     179).

       Essa é a alma das ruas que não foi incluída na modernização da capital, ou seja, essa é a
alma das ruas que foi jogada para fora de seus territórios sem direitos algum.

       Na crônica “As Mariposas do Luxo”, João do Rio relata a forma de passeio das operárias
quando essas saiam do local de trabalho e parando em frente às vitrines de produtos importados.
“Como são feios os operários ao lado dos mocinhos bonitos!”, compara o autor. E dando sua
opinião sobre as trabalhadoras: “Elas, coitadinhas! passam todos os dias a essa hora indecisa e
parecem sempre pássaros assustados, tontos de luxo, inebriados de olhar. Que lhes destina no
seu mistério a Vida cruel? Trabalho, trabalho.” (RIO, 2008: 156). Com isso João sugere a pouca
chance de mudança na questão social dessas mulheres. Assim como elas, os homens na crônica
“Os trabalhadores da estiva”, que trabalhavam carregando e descarregando a embarcação,
também tinham poucas ou quase nenhuma oportunidade de assumir uma colocação social e
econômica. O trabalho físico exaustivo e o baixo salário, unido a pouca alimentação, nem sempre
permitia que os imigrantes juntassem o suficiente se quer para pagar a passagem de volta a sua
terra natal. As condições de trabalho eram mais que precárias e “não havia leis que protegessem
o trabalhador”. João do Rio registrou o depoimento de um estivador:

     “Os patrões não querem saber se ficamos inúteis pelo excesso de serviço. Olhe, vá à Marítima,
     ao Mercado. Encontrará muitos dos nossos arrebentados, esmolando, apanhando os restos de
     comida. Quando se aproximam das casas às quais deram toda a vida correm-nos!” (RIO, 2008:
     168).

     O cronista registrou a forma de organização dos trabalhadores na União dos Operários
Estivadores e sobre os “(...) estatutos que defendem habilmente o seu nobre fim.” Não retrata os
trabalhadores somente como submissos, pois alguns até tinham consciência das diferenças
sociais daquele momento. Um deles chega a desabafar com o cronista: “O problema social não
tem razão de ser aqui? Os senhores não sabem que este país é rico, mas que se morre de fome?
5


É mais fácil estoirar um trabalhador que um larápio? O capital está nas mãos de um grupo restrito
e há gente demais absolutamente sem trabalho. (RIO, 2008: 180).

     É evidente que em várias de suas crônicas, a questão social, mais precisamente a pobreza
é relacionada com o trabalho. A situação de miséria era o que mais atingia os trabalhadores no
início do século no Rio de Janeiro e o João em sua crônica buscava justamente os locais onde ela
se concentrava. Na crônica a “Fome Negra", ajuntava-se um grupo de trabalhadores do depósito
de manganês: “O manganês, que a Inglaterra cada vez mais compra ao Brasil, vem de Minas até
à marítima em estrada de ferro; daí é conduzido em batelões até às ilhas Bárbaras e da
Conceição, onde fica em depósitos.” (RIO, 2008: 169).

     Mesmo com a higienização, com o saneamento, abertura de novas avenidas e obras de
reforma do cais do porto não melhoraram, por exemplo, a vida das mulheres mendigas. Em uma
de suas crônicas João do Rio, descreve parte da mendicância que habitava a cidade. “Os homens
exploradores não têm brio. As mulheres, só quando são realmente desgraçadas é que não
mentem e não fantasiam.” (p. 181). No entanto, o número das que realmente eram miseráveis,
segundo João é maior: “Para estas basta um pão enlameado e um níquel; basta um copo de
álcool para as ver taramelar, recordando a existência passada.” (p.181). Essas mulheres são que,
muitas vezes, geram as crianças de ruas ou “Os que começam”. Para João do Rio,

     “Não há decerto exploração mais dolorosa que a das crianças. Os homens, as mulheres ainda
     pantomimam a miséria para lucro próprio. As crianças são lançadas no ofício torpe pelos pais,
     por criaturas indignas, e crescem com o vício adaptando a curvilínea e acovardada alma da
     mendicidade malandra” (RIO, 2008: 189).

     E para concluir, os trabalhadores narrado por João em uma de suas crônicas, qual a grande
maioria eram espanhóis e portugueses, descarregavam o minério transportado em barcos no
depósito e o recarregavam do depósito para outros navios. Pelo fato de “morarem” na ilha, eram
descontados pela “comida” e pelo “barracão” onde dormiam. Podiam até fazer o serão noturno,
receber um pouco mais por ele e, contudo, teriam da mesma forma os descontos do pão, da carne
e do café servidos durante o trabalho. “Uma vez apanhados pelo mecanismo de aços, ferros e
carne humana, uma vez utensílio apropriado ao andamento da máquina, tornam-se autômatos
com a teimosia de objetos movidos a vapor” (RIO, 2008:170).

     Observador participante, João do Rio pergunta a um desses homens por que não pedem a
diminuição das horas de trabalho: “Para que, se quase todos se sujeitam?” responde um. Outro,
por sua vez, exclama: “Há de chegar o dia, o grande dia.” (p.175).
6


BIBLIOGRAFIA

ALVES, G. J. Público e privado n’O cortiço, de Aluísio Azevedo. Dialogia, São Paulo, v. 4, p. ???-
???, 2005.

CARVALHO, José Murilo de, Os bestializados: O Rio de Janeiro, a república que não foi. São
Paulo, Cia das Letras, 1987

CHALHOUB, Sidney. Cidade febril: cortiços e epidemias na Corte Imperial. São Paulo: Cia das
Letras, 1996.

RIO, João do. A alma encantadora das ruas: crônicas/João do Rio. Organização Raúl Antelo. São
Paulo: Cia das Letras, 2008.

SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na primeira
República. São Paulo, Ed. Brasiliense, 1989.

Contenu connexe

Tendances

Cobertura Total - Vestibular UPE 2013 - Provas do 3º dia
Cobertura Total - Vestibular UPE 2013 - Provas do 3º diaCobertura Total - Vestibular UPE 2013 - Provas do 3º dia
Cobertura Total - Vestibular UPE 2013 - Provas do 3º diaIsaquel Silva
 
Banco de questoes de Historia Completo Prof. Marco Aurelio Gondim [gondim.net]
Banco de questoes de Historia Completo Prof. Marco Aurelio Gondim [gondim.net]Banco de questoes de Historia Completo Prof. Marco Aurelio Gondim [gondim.net]
Banco de questoes de Historia Completo Prof. Marco Aurelio Gondim [gondim.net]Marco Aurélio Gondim
 
A EXCLUSÃO SOCIAL NO RIO DE JANEIRO NO SÉC. XX E XXI
A EXCLUSÃO SOCIAL NO RIO DE JANEIRO NO SÉC. XX E XXIA EXCLUSÃO SOCIAL NO RIO DE JANEIRO NO SÉC. XX E XXI
A EXCLUSÃO SOCIAL NO RIO DE JANEIRO NO SÉC. XX E XXIZelma Alzareth Almeida
 
UPE - Prova vestibular terceiro dia
UPE - Prova vestibular terceiro diaUPE - Prova vestibular terceiro dia
UPE - Prova vestibular terceiro diaJornal do Commercio
 
Comentarios simulado sas-enem-1o_dia_2013
Comentarios simulado sas-enem-1o_dia_2013Comentarios simulado sas-enem-1o_dia_2013
Comentarios simulado sas-enem-1o_dia_2013Isaquel Silva
 
2 Prova Semestral - 1.4 Gabarito
2 Prova Semestral - 1.4 Gabarito2 Prova Semestral - 1.4 Gabarito
2 Prova Semestral - 1.4 GabaritoKellyCarvalho2011
 
Avaliac3a7c3a3o diagnc3b3stica-de-histc3b3ria-9c2ba-ano-com-descritores
Avaliac3a7c3a3o diagnc3b3stica-de-histc3b3ria-9c2ba-ano-com-descritoresAvaliac3a7c3a3o diagnc3b3stica-de-histc3b3ria-9c2ba-ano-com-descritores
Avaliac3a7c3a3o diagnc3b3stica-de-histc3b3ria-9c2ba-ano-com-descritoresAtividades Diversas Cláudia
 
SEMANA DO FERA - PRIMEIRO ANO
SEMANA DO FERA - PRIMEIRO ANOSEMANA DO FERA - PRIMEIRO ANO
SEMANA DO FERA - PRIMEIRO ANOPaulo Alexandre
 
O (pré) conceito de idade média
O (pré) conceito de idade médiaO (pré) conceito de idade média
O (pré) conceito de idade médiaRoseli Grubert
 
Gabarito 3o simulado-sas-enem_1o_dia
Gabarito 3o simulado-sas-enem_1o_diaGabarito 3o simulado-sas-enem_1o_dia
Gabarito 3o simulado-sas-enem_1o_diaIsaquel Silva
 
Projeto de pesquisa de conclusão de curso de licenciatura em história.
Projeto de pesquisa de conclusão de curso de licenciatura em história.Projeto de pesquisa de conclusão de curso de licenciatura em história.
Projeto de pesquisa de conclusão de curso de licenciatura em história.Zelma Alzareth Almeida
 
IntroduçãO2
IntroduçãO2IntroduçãO2
IntroduçãO2rogerio
 
Questões de vestibulares e ENEM sobre o Mediterrâneo antigo
Questões de vestibulares e ENEM sobre o Mediterrâneo antigoQuestões de vestibulares e ENEM sobre o Mediterrâneo antigo
Questões de vestibulares e ENEM sobre o Mediterrâneo antigoZé Knust
 
Saresp história e geografia 2011 9º ano
Saresp história e geografia 2011 9º anoSaresp história e geografia 2011 9º ano
Saresp história e geografia 2011 9º anoAlda Cavalcante
 
Correspondência oficial da legação de portugal em londres 1900-14
Correspondência oficial da legação de portugal em londres  1900-14Correspondência oficial da legação de portugal em londres  1900-14
Correspondência oficial da legação de portugal em londres 1900-14Loulet
 
Simulado ENEM(2013) da Objetivo com resolução comentada.
Simulado ENEM(2013) da Objetivo com resolução comentada.Simulado ENEM(2013) da Objetivo com resolução comentada.
Simulado ENEM(2013) da Objetivo com resolução comentada.6079winstonsmith
 
Questões de História - Enem 2017- Treino 1
Questões de História - Enem 2017- Treino 1Questões de História - Enem 2017- Treino 1
Questões de História - Enem 2017- Treino 1Gilbert Patsayev
 

Tendances (20)

Cobertura Total - Vestibular UPE 2013 - Provas do 3º dia
Cobertura Total - Vestibular UPE 2013 - Provas do 3º diaCobertura Total - Vestibular UPE 2013 - Provas do 3º dia
Cobertura Total - Vestibular UPE 2013 - Provas do 3º dia
 
Banco de questoes de Historia Completo Prof. Marco Aurelio Gondim [gondim.net]
Banco de questoes de Historia Completo Prof. Marco Aurelio Gondim [gondim.net]Banco de questoes de Historia Completo Prof. Marco Aurelio Gondim [gondim.net]
Banco de questoes de Historia Completo Prof. Marco Aurelio Gondim [gondim.net]
 
A EXCLUSÃO SOCIAL NO RIO DE JANEIRO NO SÉC. XX E XXI
A EXCLUSÃO SOCIAL NO RIO DE JANEIRO NO SÉC. XX E XXIA EXCLUSÃO SOCIAL NO RIO DE JANEIRO NO SÉC. XX E XXI
A EXCLUSÃO SOCIAL NO RIO DE JANEIRO NO SÉC. XX E XXI
 
UPE - Prova vestibular terceiro dia
UPE - Prova vestibular terceiro diaUPE - Prova vestibular terceiro dia
UPE - Prova vestibular terceiro dia
 
Comentarios simulado sas-enem-1o_dia_2013
Comentarios simulado sas-enem-1o_dia_2013Comentarios simulado sas-enem-1o_dia_2013
Comentarios simulado sas-enem-1o_dia_2013
 
2 Prova Semestral - 1.4 Gabarito
2 Prova Semestral - 1.4 Gabarito2 Prova Semestral - 1.4 Gabarito
2 Prova Semestral - 1.4 Gabarito
 
História 2007
História 2007História 2007
História 2007
 
A fome
A fomeA fome
A fome
 
Avaliac3a7c3a3o diagnc3b3stica-de-histc3b3ria-9c2ba-ano-com-descritores
Avaliac3a7c3a3o diagnc3b3stica-de-histc3b3ria-9c2ba-ano-com-descritoresAvaliac3a7c3a3o diagnc3b3stica-de-histc3b3ria-9c2ba-ano-com-descritores
Avaliac3a7c3a3o diagnc3b3stica-de-histc3b3ria-9c2ba-ano-com-descritores
 
SEMANA DO FERA - PRIMEIRO ANO
SEMANA DO FERA - PRIMEIRO ANOSEMANA DO FERA - PRIMEIRO ANO
SEMANA DO FERA - PRIMEIRO ANO
 
O (pré) conceito de idade média
O (pré) conceito de idade médiaO (pré) conceito de idade média
O (pré) conceito de idade média
 
Gabarito 3o simulado-sas-enem_1o_dia
Gabarito 3o simulado-sas-enem_1o_diaGabarito 3o simulado-sas-enem_1o_dia
Gabarito 3o simulado-sas-enem_1o_dia
 
Projeto de pesquisa de conclusão de curso de licenciatura em história.
Projeto de pesquisa de conclusão de curso de licenciatura em história.Projeto de pesquisa de conclusão de curso de licenciatura em história.
Projeto de pesquisa de conclusão de curso de licenciatura em história.
 
IntroduçãO2
IntroduçãO2IntroduçãO2
IntroduçãO2
 
Questões de vestibulares e ENEM sobre o Mediterrâneo antigo
Questões de vestibulares e ENEM sobre o Mediterrâneo antigoQuestões de vestibulares e ENEM sobre o Mediterrâneo antigo
Questões de vestibulares e ENEM sobre o Mediterrâneo antigo
 
Saresp história e geografia 2011 9º ano
Saresp história e geografia 2011 9º anoSaresp história e geografia 2011 9º ano
Saresp história e geografia 2011 9º ano
 
Questões
QuestõesQuestões
Questões
 
Correspondência oficial da legação de portugal em londres 1900-14
Correspondência oficial da legação de portugal em londres  1900-14Correspondência oficial da legação de portugal em londres  1900-14
Correspondência oficial da legação de portugal em londres 1900-14
 
Simulado ENEM(2013) da Objetivo com resolução comentada.
Simulado ENEM(2013) da Objetivo com resolução comentada.Simulado ENEM(2013) da Objetivo com resolução comentada.
Simulado ENEM(2013) da Objetivo com resolução comentada.
 
Questões de História - Enem 2017- Treino 1
Questões de História - Enem 2017- Treino 1Questões de História - Enem 2017- Treino 1
Questões de História - Enem 2017- Treino 1
 

Similaire à A modernização da Primeira República e seus impactos sociais retratados por João do Rio

Paper - As Transformações do cenário...
Paper - As Transformações do cenário...Paper - As Transformações do cenário...
Paper - As Transformações do cenário...Emerson Mathias
 
Revolta da vacina
Revolta da vacinaRevolta da vacina
Revolta da vacinaMJPBO
 
Revolta da vacina
Revolta da vacinaRevolta da vacina
Revolta da vacinaMJPBO
 
Quevedo; ruan pina humor como crítica da sociedade-do carnavalo ao digital
Quevedo; ruan pina   humor como crítica da sociedade-do carnavalo ao digitalQuevedo; ruan pina   humor como crítica da sociedade-do carnavalo ao digital
Quevedo; ruan pina humor como crítica da sociedade-do carnavalo ao digitalAcervo_DAC
 
2 az grupo-meninosdavila
2 az grupo-meninosdavila2 az grupo-meninosdavila
2 az grupo-meninosdavilaclaudia murta
 
Prova vestibular terceiro dia da UPE
Prova vestibular terceiro dia da UPEProva vestibular terceiro dia da UPE
Prova vestibular terceiro dia da UPEPortal NE10
 
Prova vestibular terceiro dia
Prova vestibular terceiro diaProva vestibular terceiro dia
Prova vestibular terceiro diapepontocom
 
SJSXXI - Cap 17 - A questão urbana - Parte I.ppt
SJSXXI - Cap 17 - A questão urbana - Parte I.pptSJSXXI - Cap 17 - A questão urbana - Parte I.ppt
SJSXXI - Cap 17 - A questão urbana - Parte I.pptIdalmaSantos1
 
Pre-modernismo.pptx
Pre-modernismo.pptxPre-modernismo.pptx
Pre-modernismo.pptxNunaMedeiros
 
USP_Artigo_ luiz mauricio VII simpósio nacional de história cultural_2014
USP_Artigo_ luiz mauricio  VII simpósio nacional de história cultural_2014USP_Artigo_ luiz mauricio  VII simpósio nacional de história cultural_2014
USP_Artigo_ luiz mauricio VII simpósio nacional de história cultural_2014Luiz Maurício Abreu Arruda
 
Escola estadual professor joão cruz
Escola estadual professor joão cruzEscola estadual professor joão cruz
Escola estadual professor joão cruzBiiancaAlvees
 
Escola estadual professor joão cruz
Escola estadual professor joão cruzEscola estadual professor joão cruz
Escola estadual professor joão cruzBiiancaAlvees
 
Escola estadual professor joão cruz
Escola estadual professor joão cruzEscola estadual professor joão cruz
Escola estadual professor joão cruzBiiancaAlvees
 
Escola estadual professor joão cruz
Escola estadual professor joão cruzEscola estadual professor joão cruz
Escola estadual professor joão cruzBiiancaAlvees
 
Reurbanização do rio de janeiro
Reurbanização do rio de janeiroReurbanização do rio de janeiro
Reurbanização do rio de janeiroRenata Kaori
 
Pré modernismo (1902- 1922) profª karin
Pré modernismo (1902- 1922) profª karinPré modernismo (1902- 1922) profª karin
Pré modernismo (1902- 1922) profª karinprofessorakarin2013
 

Similaire à A modernização da Primeira República e seus impactos sociais retratados por João do Rio (20)

Paper - As Transformações do cenário...
Paper - As Transformações do cenário...Paper - As Transformações do cenário...
Paper - As Transformações do cenário...
 
Revolta da vacina
Revolta da vacinaRevolta da vacina
Revolta da vacina
 
Revolta da vacina
Revolta da vacinaRevolta da vacina
Revolta da vacina
 
Quevedo; ruan pina humor como crítica da sociedade-do carnavalo ao digital
Quevedo; ruan pina   humor como crítica da sociedade-do carnavalo ao digitalQuevedo; ruan pina   humor como crítica da sociedade-do carnavalo ao digital
Quevedo; ruan pina humor como crítica da sociedade-do carnavalo ao digital
 
2 az grupo-meninosdavila
2 az grupo-meninosdavila2 az grupo-meninosdavila
2 az grupo-meninosdavila
 
Prova vestibular terceiro dia da UPE
Prova vestibular terceiro dia da UPEProva vestibular terceiro dia da UPE
Prova vestibular terceiro dia da UPE
 
Prova vestibular terceiro dia
Prova vestibular terceiro diaProva vestibular terceiro dia
Prova vestibular terceiro dia
 
SJSXXI - Cap 17 - A questão urbana - Parte I.ppt
SJSXXI - Cap 17 - A questão urbana - Parte I.pptSJSXXI - Cap 17 - A questão urbana - Parte I.ppt
SJSXXI - Cap 17 - A questão urbana - Parte I.ppt
 
Pre-modernismo.pptx
Pre-modernismo.pptxPre-modernismo.pptx
Pre-modernismo.pptx
 
USP_Artigo_ luiz mauricio VII simpósio nacional de história cultural_2014
USP_Artigo_ luiz mauricio  VII simpósio nacional de história cultural_2014USP_Artigo_ luiz mauricio  VII simpósio nacional de história cultural_2014
USP_Artigo_ luiz mauricio VII simpósio nacional de história cultural_2014
 
Escola estadual professor joão cruz
Escola estadual professor joão cruzEscola estadual professor joão cruz
Escola estadual professor joão cruz
 
Escola estadual professor joão cruz
Escola estadual professor joão cruzEscola estadual professor joão cruz
Escola estadual professor joão cruz
 
Os movimentos urbanos e o movimento operário na república oligárquica
Os movimentos urbanos e o movimento operário na república oligárquicaOs movimentos urbanos e o movimento operário na república oligárquica
Os movimentos urbanos e o movimento operário na república oligárquica
 
Escola estadual professor joão cruz
Escola estadual professor joão cruzEscola estadual professor joão cruz
Escola estadual professor joão cruz
 
Escola estadual professor joão cruz
Escola estadual professor joão cruzEscola estadual professor joão cruz
Escola estadual professor joão cruz
 
Movimento Literário Humanismo em Portugal 1º ano A 2013
Movimento Literário Humanismo em Portugal 1º ano A 2013Movimento Literário Humanismo em Portugal 1º ano A 2013
Movimento Literário Humanismo em Portugal 1º ano A 2013
 
Preseed 2014-revisão 10
Preseed 2014-revisão 10Preseed 2014-revisão 10
Preseed 2014-revisão 10
 
Reurbanização do rio de janeiro
Reurbanização do rio de janeiroReurbanização do rio de janeiro
Reurbanização do rio de janeiro
 
Pré modernismo
Pré modernismoPré modernismo
Pré modernismo
 
Pré modernismo (1902- 1922) profª karin
Pré modernismo (1902- 1922) profª karinPré modernismo (1902- 1922) profª karin
Pré modernismo (1902- 1922) profª karin
 

Plus de Emerson Mathias

Novembro Preto A consciência tardia e o racismo no Brasil contemporâneo
Novembro Preto  A consciência tardia e o racismo no Brasil contemporâneo Novembro Preto  A consciência tardia e o racismo no Brasil contemporâneo
Novembro Preto A consciência tardia e o racismo no Brasil contemporâneo Emerson Mathias
 
A transformação político econômica do capitalismo no final do século xx
A transformação político econômica do capitalismo no final do século xxA transformação político econômica do capitalismo no final do século xx
A transformação político econômica do capitalismo no final do século xxEmerson Mathias
 
Cordel: Uma proposta para o ensino de História
Cordel: Uma proposta para o ensino de HistóriaCordel: Uma proposta para o ensino de História
Cordel: Uma proposta para o ensino de HistóriaEmerson Mathias
 
ENFILEIRAMENTO ESCOLAR: CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DA AUTONOMIA E CRITICI...
ENFILEIRAMENTO ESCOLAR: CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DA AUTONOMIA E CRITICI...ENFILEIRAMENTO ESCOLAR: CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DA AUTONOMIA E CRITICI...
ENFILEIRAMENTO ESCOLAR: CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DA AUTONOMIA E CRITICI...Emerson Mathias
 
Gênero feminino no século XXI: Os feminismos e as múltiplas formas de coexist...
Gênero feminino no século XXI: Os feminismos e as múltiplas formas de coexist...Gênero feminino no século XXI: Os feminismos e as múltiplas formas de coexist...
Gênero feminino no século XXI: Os feminismos e as múltiplas formas de coexist...Emerson Mathias
 
Do Cais para a Esquina: Uma In(con)fluência “beatle” na obra do Clube da Esqu...
Do Cais para a Esquina: Uma In(con)fluência “beatle” na obra do Clube da Esqu...Do Cais para a Esquina: Uma In(con)fluência “beatle” na obra do Clube da Esqu...
Do Cais para a Esquina: Uma In(con)fluência “beatle” na obra do Clube da Esqu...Emerson Mathias
 
O SEGREDO É SER ESPORTÂNEO: UMA BREVE INTRODUÇÃO DA HISTORIA DO CIRCO
O SEGREDO É SER ESPORTÂNEO: UMA BREVE INTRODUÇÃO DA HISTORIA DO CIRCOO SEGREDO É SER ESPORTÂNEO: UMA BREVE INTRODUÇÃO DA HISTORIA DO CIRCO
O SEGREDO É SER ESPORTÂNEO: UMA BREVE INTRODUÇÃO DA HISTORIA DO CIRCOEmerson Mathias
 
A influência do cinema hollywoodiano no processo de emancipação da mulher bra...
A influência do cinema hollywoodiano no processo de emancipação da mulher bra...A influência do cinema hollywoodiano no processo de emancipação da mulher bra...
A influência do cinema hollywoodiano no processo de emancipação da mulher bra...Emerson Mathias
 
UMBANDA- PONTOS CANTADOS E MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO.
UMBANDA- PONTOS CANTADOS E MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO.UMBANDA- PONTOS CANTADOS E MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO.
UMBANDA- PONTOS CANTADOS E MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO.Emerson Mathias
 
A crise da indústria fonográfica no início dos anos 1980 vista pela mídia esp...
A crise da indústria fonográfica no início dos anos 1980 vista pela mídia esp...A crise da indústria fonográfica no início dos anos 1980 vista pela mídia esp...
A crise da indústria fonográfica no início dos anos 1980 vista pela mídia esp...Emerson Mathias
 
OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)
OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)
OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)Emerson Mathias
 
A clio negra paulista atuaãção dos intelectuais (1910-1930)
A clio negra paulista   atuaãção dos intelectuais  (1910-1930)A clio negra paulista   atuaãção dos intelectuais  (1910-1930)
A clio negra paulista atuaãção dos intelectuais (1910-1930)Emerson Mathias
 
Educação do Negro na Primeira República-1889 á 1930.
Educação do Negro na Primeira República-1889 á 1930.Educação do Negro na Primeira República-1889 á 1930.
Educação do Negro na Primeira República-1889 á 1930.Emerson Mathias
 
Machado de Assis, um diálogo entre histórias
Machado de Assis, um diálogo entre históriasMachado de Assis, um diálogo entre histórias
Machado de Assis, um diálogo entre históriasEmerson Mathias
 
Machado de Assis, um diálogo entre histórias
Machado de Assis, um diálogo entre históriasMachado de Assis, um diálogo entre histórias
Machado de Assis, um diálogo entre históriasEmerson Mathias
 
A enciclopédia barsa e o contexto dos anos 60 – algumas percepções do impresso
A enciclopédia barsa e o contexto dos anos 60 – algumas percepções do impressoA enciclopédia barsa e o contexto dos anos 60 – algumas percepções do impresso
A enciclopédia barsa e o contexto dos anos 60 – algumas percepções do impressoEmerson Mathias
 
Aula Mesopotâmia e Egito
Aula Mesopotâmia e EgitoAula Mesopotâmia e Egito
Aula Mesopotâmia e EgitoEmerson Mathias
 
África - Reino do Congo e do Ndongo
África - Reino do Congo e do NdongoÁfrica - Reino do Congo e do Ndongo
África - Reino do Congo e do NdongoEmerson Mathias
 

Plus de Emerson Mathias (20)

Novembro Preto A consciência tardia e o racismo no Brasil contemporâneo
Novembro Preto  A consciência tardia e o racismo no Brasil contemporâneo Novembro Preto  A consciência tardia e o racismo no Brasil contemporâneo
Novembro Preto A consciência tardia e o racismo no Brasil contemporâneo
 
A transformação político econômica do capitalismo no final do século xx
A transformação político econômica do capitalismo no final do século xxA transformação político econômica do capitalismo no final do século xx
A transformação político econômica do capitalismo no final do século xx
 
Cordel: Uma proposta para o ensino de História
Cordel: Uma proposta para o ensino de HistóriaCordel: Uma proposta para o ensino de História
Cordel: Uma proposta para o ensino de História
 
ENFILEIRAMENTO ESCOLAR: CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DA AUTONOMIA E CRITICI...
ENFILEIRAMENTO ESCOLAR: CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DA AUTONOMIA E CRITICI...ENFILEIRAMENTO ESCOLAR: CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DA AUTONOMIA E CRITICI...
ENFILEIRAMENTO ESCOLAR: CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DA AUTONOMIA E CRITICI...
 
Gênero feminino no século XXI: Os feminismos e as múltiplas formas de coexist...
Gênero feminino no século XXI: Os feminismos e as múltiplas formas de coexist...Gênero feminino no século XXI: Os feminismos e as múltiplas formas de coexist...
Gênero feminino no século XXI: Os feminismos e as múltiplas formas de coexist...
 
Do Cais para a Esquina: Uma In(con)fluência “beatle” na obra do Clube da Esqu...
Do Cais para a Esquina: Uma In(con)fluência “beatle” na obra do Clube da Esqu...Do Cais para a Esquina: Uma In(con)fluência “beatle” na obra do Clube da Esqu...
Do Cais para a Esquina: Uma In(con)fluência “beatle” na obra do Clube da Esqu...
 
O SEGREDO É SER ESPORTÂNEO: UMA BREVE INTRODUÇÃO DA HISTORIA DO CIRCO
O SEGREDO É SER ESPORTÂNEO: UMA BREVE INTRODUÇÃO DA HISTORIA DO CIRCOO SEGREDO É SER ESPORTÂNEO: UMA BREVE INTRODUÇÃO DA HISTORIA DO CIRCO
O SEGREDO É SER ESPORTÂNEO: UMA BREVE INTRODUÇÃO DA HISTORIA DO CIRCO
 
A influência do cinema hollywoodiano no processo de emancipação da mulher bra...
A influência do cinema hollywoodiano no processo de emancipação da mulher bra...A influência do cinema hollywoodiano no processo de emancipação da mulher bra...
A influência do cinema hollywoodiano no processo de emancipação da mulher bra...
 
Os condenados da lepra
Os condenados da lepraOs condenados da lepra
Os condenados da lepra
 
Os condenados da lepra
Os condenados da lepraOs condenados da lepra
Os condenados da lepra
 
UMBANDA- PONTOS CANTADOS E MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO.
UMBANDA- PONTOS CANTADOS E MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO.UMBANDA- PONTOS CANTADOS E MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO.
UMBANDA- PONTOS CANTADOS E MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO.
 
A crise da indústria fonográfica no início dos anos 1980 vista pela mídia esp...
A crise da indústria fonográfica no início dos anos 1980 vista pela mídia esp...A crise da indústria fonográfica no início dos anos 1980 vista pela mídia esp...
A crise da indústria fonográfica no início dos anos 1980 vista pela mídia esp...
 
OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)
OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)
OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)
 
A clio negra paulista atuaãção dos intelectuais (1910-1930)
A clio negra paulista   atuaãção dos intelectuais  (1910-1930)A clio negra paulista   atuaãção dos intelectuais  (1910-1930)
A clio negra paulista atuaãção dos intelectuais (1910-1930)
 
Educação do Negro na Primeira República-1889 á 1930.
Educação do Negro na Primeira República-1889 á 1930.Educação do Negro na Primeira República-1889 á 1930.
Educação do Negro na Primeira República-1889 á 1930.
 
Machado de Assis, um diálogo entre histórias
Machado de Assis, um diálogo entre históriasMachado de Assis, um diálogo entre histórias
Machado de Assis, um diálogo entre histórias
 
Machado de Assis, um diálogo entre histórias
Machado de Assis, um diálogo entre históriasMachado de Assis, um diálogo entre histórias
Machado de Assis, um diálogo entre histórias
 
A enciclopédia barsa e o contexto dos anos 60 – algumas percepções do impresso
A enciclopédia barsa e o contexto dos anos 60 – algumas percepções do impressoA enciclopédia barsa e o contexto dos anos 60 – algumas percepções do impresso
A enciclopédia barsa e o contexto dos anos 60 – algumas percepções do impresso
 
Aula Mesopotâmia e Egito
Aula Mesopotâmia e EgitoAula Mesopotâmia e Egito
Aula Mesopotâmia e Egito
 
África - Reino do Congo e do Ndongo
África - Reino do Congo e do NdongoÁfrica - Reino do Congo e do Ndongo
África - Reino do Congo e do Ndongo
 

A modernização da Primeira República e seus impactos sociais retratados por João do Rio

  • 1. 1 Universidade Nove de Julho – Uninove Curso: História Disciplina: História do Brasil III (2012-1) Professor responsável: Geraldo José Alves Nome: Elaine Cristina Santos Aprígio de Lima – RA: 911118098 – Turma:B – Período: Manhã TEMÁTICA: HISTÓRIA E LITERATURA NA PRIMEIRA REPÚBLICA JOÃO DO RIO E OS CAPÍTULOS DA MISÉRIA A MODERNIZAÇÃO QUE VIOLOU A ALMA DAS RUAS A crise de moradias muito se agravou com as reformas urbanas realizadas no início da República no Rio de Janeiro e foi acompanhada de perto pelos principais escritores que atuavam na cidade, pois pobreza e luxo coexistiam. Dentro deste contexto os jornalistas preocupavam-se em escrever apenas para uma restrita elite letrada, não se preocupando com a marginalidade social. Eram raros jornalistas que falavam sobre a classe pobre do Rio de Janeiro, entre estes raros está João do Rio. Numa época em que o cenário urbano carioca foi “modernizado”, de acordo com os interesses dominantes, João do Rio abordou as situações precárias de habitações como espaços marcados pela presença da miséria, mostrando-nos uma cidade que discorda daquela divulgada pelo governo e da classe dominante que buscam construir uma aparente e “moderna” metrópole. O QUE ACONTECEU DURANTE A MODERNIZAÇÃO Tendo como exemplo a Belle Époque parisiense, o Rio de Janeiro, no final do século XIX para o XX, passava por mudanças. Segundo Sevcenko1, a mudança para a ordem republicana sofreu vários “processos de desestabilização e reajuste social” (SEVCENKO, 1989: 36). Essas mudanças sociais, políticas e econômicas contribuíram na elevação do ritmo de vida da sociedade carioca. O Rio de Janeiro inicia o século XX com grandes vantagens, primeiro fator dá-se por sua condição de centro político do país. Economicamente, foi favorecido pelo comércio e aplicação industrial que, devido o grande número populacional, geraria mão de obra. A concentração das finanças nacional e a grande rede ferroviária, ligando vários estados, faziam com que o Rio se assemelhasse a outros grandes centros urbanos, mantendo inclusive, convívio com a produção e o comércio europeu. Era preciso realizar ajustes e ampliar a cidade e tão logo perceberam que mudanças quanto à estrutura da cidade se fazia necessária, pois “(...) O antigo cais não permitia que atracassem os navios de maior calado (...) As ruelas estreitas, recurvas e em declive, típicas 1 SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na primeira República. São Paulo, Ed. Brasiliense, 1989.
  • 2. 2 de uma cidade colonial, dificultavam a conexão entre o terminal portuário (...) (SEVCENKO, 1989: 40) Outro fator que contribuiu para uma mudança no Centro do Rio de Janeiro, José Murilo de Carvalho2 também nos esclarece que se concentra no início do novo regime. A primeira deu-se demograficamente, alterando o número de habitantes. Com a abolição, lança o restante da mão de obra escrava no mercado de trabalho livre, que após a crise cafeeira, deixa o mesmo número ligada a essa atividade, sem emprego. O segundo fator gerado pela intensa imigração é o desequilíbrio entre os sexos, pois os homens eram o dobro das mulheres. O terceiro fator foi o acumulo de pessoas em trabalhos mal remunerados ou sem ocupação. Ainda afirma-nos José Murilo de Carvalho que “(...) o impacto do crescimento populacional acelerado sobre condições de vida, com as conseqüentes pressões sobre a administração municipal, gravaram-se muito os problemas de habitação tanto em termos de quantidade quanto de qualidade.” (CARVALHO, 1987: 18) Fora o aspecto físico da cidade, a nova República se vê com um aumento de população expressivo. O que acaba tornando precária a questão habitacional, acrescentado a velhos problemas como abastecimento, saneamento e higiene que geraram outros transtornos. Com o aumento do número de habitações coletivas e todas elas sem o apropriado saneamento, juntamente à falta de condições de higiene da população, aumenta o processo de proliferação de epidemias como de febre amarela, peste, cólera e varíola3. Prejudicando com isso a imagem da cidade que estava em modernização. Esse foi, aliás, um dos argumentos empregados a fim de explicar o projeto de reconstrução da capital que ao ser urbanizada distanciaria as classes pobres do Centro do Rio. A resposta é “(...) uma política rigorosa de expulsão dos grupos populares da área central da cidade, que será praticamente isolada para o desfrute exclusivo das camadas aburguesadas” (SEVCENKO, 1989: 43). Sidney Chalhoub4 menciona que “as classes pobres não passam a ser vistas como classes perigosas apenas porque poderiam oferecer problemas para a organização do trabalho e a manutenção da ordem pública. Os pobres ofereciam também perigo de contágio” (CHALHOUB, 1996: 29). João do Rio descreve na crônica “Sono Calmo” não apenas o que via enquanto adentrava àquele cortiço, contudo, fica evidenciado em suas palavras, o preconceito aos moradores de cortiços. Seu relato faz-nos enxergar que tais pessoas viviam “na mais repugnante 2 CARVALHO, José Murilo de, Os bestializados: O Rio de Janeiro, a república que não foi. São Paulo, Cia das Letras, 1987, p. 16-17. 3 Sevcenko relata que as epidemias proliferam devido às áreas pantanosas que faziam da febre tifóide, do impaludismo, da varíola e da febre amarela endemias inextirpáveis (p. 41) 4 CHALOUB, Sidney. Cidade febril: cortiços e epidemias na Corte Imperial. São Paulo: Cia das Letras, 1996.
  • 3. 3 promiscuidade”, descrevendo como muitos, entre estes, trabalhadores, viviam numa vida tão precária. “Parecia que todas as respirações subiam, envenenando as escadas, e o cheiro, o fedor, um fedor fulminante, impregnava-se nas nossas próprias mãos, desprendia-se das paredes, do assoalho carcomido, do teto, dos corpos sem limpeza. (...) a metade daquele gado humano trabalhava. (...) era impossível o cheiro de todo aquele entulho humano” (RIO, 2008: 179). O discurso sanitarista abriu caminho para a intervenção sobre a pobreza gerando a proibição de construção de novos cortiços, a demolição e o fechamento de vários deles, promovendo grandes campanhas e que acabaria provocando a Revolta da Vacina5. Segundo Geraldo José6 em seu artigo menciona que “(...) o cortiço é o espaço em que essas camadas economicamente marginalizadas constroem formas de viver politicamente separadas do plano mais vasto de um projeto de nação que ora se consolidava.” (ALVES, 2005: 64). Nisso afirma João do Rio em visita a um cortiço na crônica “Sono profundo” que “grande parte desses pobres entes fora atirado ali, no esconderijo daquele covil, pela falta de fortuna” (RIO, 2008: 179). Menciona Sevcenko, que “a maior cidade brasileira veria a sua população no período de 1890 a 1900 passar de 522 651 para 691 565, numa escala impressionante de 32,3% de crescimento (2,84% ao ano)” (SEVCENKO, 1989: 72), ou seja, o número cresceu sobre maneira fazendo com que o excedente da população humilde fosse expulsa, desenvolvendo dessa forma as favelas7, o aumento de invasões a velhos casarões que se tornaria em pensões baratas. Pois conforme José Murilo de Carvalho “(...) o Rio possuía, em 1888, 1331 estalagens e 18866 quartos de aluguel, em que moravam 46680 pessoas, incluindo todo o vasto contingente do mundo da desordem.” (CARVALHO, 1991: 36). Neste contexto que João do Rio8 tornou-se um flâneur, pois “flanar é ser vagabundo e refletir, é ser basbaque e comentar, ter o vírus da observação ligado ao da vadiagem.” (RIO, 2008: 31). Passa João a andar pelas ruas da cidade observando as parcelas da sociedade que raramente era citada numa manchete de jornal de sua época e assim “vê” e “descreve” em suas crônicas à realidade que vivem esses homens, mulheres e crianças, pois para João do Rio “a rua é um fator da vida das cidades, a rua tem alma!” (RIO, 2008: 29). 5 Em “Os bestializados” José Murilo relata a forma que Rodrigues Alves e Oswaldo Cruz enfrentaram os problemas das epidemias, obrigando o fechamento de habitações populares irregulares e demolições para novas construções. Gerando futuramente a obrigatoriedade da vacina e consequentemente a revolta (p. 93- 99) 6 ALVES, G. J. Público e privado n’O cortiço, de Aluísio Azevedo. Dialogia, São Paulo, v. 4, p. ???-???, 2005. 7 Sevcenko menciona que com a expulsão da população do Centro da cidade, surgem as favelas que logo também seriam alvo de perseguições. (p.46) 8 RIO, João do. A alma encantadora das ruas: crônicas/João do Rio. Organização Raúl Antelo. São Paulo: Cia das Letras, 2008.
  • 4. 4 Na crônica “Sono calmo” João relata a visita noturna que fez juntamente com um delegado de polícia a uma “hospedaria de má fama”. Segundo ele, “(...) o adido assegurava que a miséria só na Europa - porque a miséria é proporcional à civilização.” (RIO, 2008: 179). Depois de presenciar a sujeira, a falta de saneamento e o “mau cheiro intenso”, o delegado ordenou uma inspeção aos fundos do cortiço. Nas palavras de João do Rio, “(...) foi aí então que vimos o sofrer inconsciente e o último grau da miséria. O hospedeiro torpe dizia que por ali dormiam alguns de favor, mas pelo corredor estreito, em derredor da sentina, no trecho do quintal, cheio de trapos e de lama, nas lajes, os mendigos, faces escaveiradas e sujas, acordavam num clamor erguendo as mãos para o ar. E de tal forma a treva se ligava a esses espetros da vida que o quadro parecia formar um todo homogêneo e irreal.” (RIO, 2008: 179). Essa é a alma das ruas que não foi incluída na modernização da capital, ou seja, essa é a alma das ruas que foi jogada para fora de seus territórios sem direitos algum. Na crônica “As Mariposas do Luxo”, João do Rio relata a forma de passeio das operárias quando essas saiam do local de trabalho e parando em frente às vitrines de produtos importados. “Como são feios os operários ao lado dos mocinhos bonitos!”, compara o autor. E dando sua opinião sobre as trabalhadoras: “Elas, coitadinhas! passam todos os dias a essa hora indecisa e parecem sempre pássaros assustados, tontos de luxo, inebriados de olhar. Que lhes destina no seu mistério a Vida cruel? Trabalho, trabalho.” (RIO, 2008: 156). Com isso João sugere a pouca chance de mudança na questão social dessas mulheres. Assim como elas, os homens na crônica “Os trabalhadores da estiva”, que trabalhavam carregando e descarregando a embarcação, também tinham poucas ou quase nenhuma oportunidade de assumir uma colocação social e econômica. O trabalho físico exaustivo e o baixo salário, unido a pouca alimentação, nem sempre permitia que os imigrantes juntassem o suficiente se quer para pagar a passagem de volta a sua terra natal. As condições de trabalho eram mais que precárias e “não havia leis que protegessem o trabalhador”. João do Rio registrou o depoimento de um estivador: “Os patrões não querem saber se ficamos inúteis pelo excesso de serviço. Olhe, vá à Marítima, ao Mercado. Encontrará muitos dos nossos arrebentados, esmolando, apanhando os restos de comida. Quando se aproximam das casas às quais deram toda a vida correm-nos!” (RIO, 2008: 168). O cronista registrou a forma de organização dos trabalhadores na União dos Operários Estivadores e sobre os “(...) estatutos que defendem habilmente o seu nobre fim.” Não retrata os trabalhadores somente como submissos, pois alguns até tinham consciência das diferenças sociais daquele momento. Um deles chega a desabafar com o cronista: “O problema social não tem razão de ser aqui? Os senhores não sabem que este país é rico, mas que se morre de fome?
  • 5. 5 É mais fácil estoirar um trabalhador que um larápio? O capital está nas mãos de um grupo restrito e há gente demais absolutamente sem trabalho. (RIO, 2008: 180). É evidente que em várias de suas crônicas, a questão social, mais precisamente a pobreza é relacionada com o trabalho. A situação de miséria era o que mais atingia os trabalhadores no início do século no Rio de Janeiro e o João em sua crônica buscava justamente os locais onde ela se concentrava. Na crônica a “Fome Negra", ajuntava-se um grupo de trabalhadores do depósito de manganês: “O manganês, que a Inglaterra cada vez mais compra ao Brasil, vem de Minas até à marítima em estrada de ferro; daí é conduzido em batelões até às ilhas Bárbaras e da Conceição, onde fica em depósitos.” (RIO, 2008: 169). Mesmo com a higienização, com o saneamento, abertura de novas avenidas e obras de reforma do cais do porto não melhoraram, por exemplo, a vida das mulheres mendigas. Em uma de suas crônicas João do Rio, descreve parte da mendicância que habitava a cidade. “Os homens exploradores não têm brio. As mulheres, só quando são realmente desgraçadas é que não mentem e não fantasiam.” (p. 181). No entanto, o número das que realmente eram miseráveis, segundo João é maior: “Para estas basta um pão enlameado e um níquel; basta um copo de álcool para as ver taramelar, recordando a existência passada.” (p.181). Essas mulheres são que, muitas vezes, geram as crianças de ruas ou “Os que começam”. Para João do Rio, “Não há decerto exploração mais dolorosa que a das crianças. Os homens, as mulheres ainda pantomimam a miséria para lucro próprio. As crianças são lançadas no ofício torpe pelos pais, por criaturas indignas, e crescem com o vício adaptando a curvilínea e acovardada alma da mendicidade malandra” (RIO, 2008: 189). E para concluir, os trabalhadores narrado por João em uma de suas crônicas, qual a grande maioria eram espanhóis e portugueses, descarregavam o minério transportado em barcos no depósito e o recarregavam do depósito para outros navios. Pelo fato de “morarem” na ilha, eram descontados pela “comida” e pelo “barracão” onde dormiam. Podiam até fazer o serão noturno, receber um pouco mais por ele e, contudo, teriam da mesma forma os descontos do pão, da carne e do café servidos durante o trabalho. “Uma vez apanhados pelo mecanismo de aços, ferros e carne humana, uma vez utensílio apropriado ao andamento da máquina, tornam-se autômatos com a teimosia de objetos movidos a vapor” (RIO, 2008:170). Observador participante, João do Rio pergunta a um desses homens por que não pedem a diminuição das horas de trabalho: “Para que, se quase todos se sujeitam?” responde um. Outro, por sua vez, exclama: “Há de chegar o dia, o grande dia.” (p.175).
  • 6. 6 BIBLIOGRAFIA ALVES, G. J. Público e privado n’O cortiço, de Aluísio Azevedo. Dialogia, São Paulo, v. 4, p. ???- ???, 2005. CARVALHO, José Murilo de, Os bestializados: O Rio de Janeiro, a república que não foi. São Paulo, Cia das Letras, 1987 CHALHOUB, Sidney. Cidade febril: cortiços e epidemias na Corte Imperial. São Paulo: Cia das Letras, 1996. RIO, João do. A alma encantadora das ruas: crônicas/João do Rio. Organização Raúl Antelo. São Paulo: Cia das Letras, 2008. SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na primeira República. São Paulo, Ed. Brasiliense, 1989.