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ÍNDICE DE IMAGENS
Figura 01 – Vênus de Willendorf – Pré-História......................................14
Figura 02 – Templo de Ramsés II – Egito...............................................14
Figura 03 – Estátua do Templo de Abu – Mesopotâmia.........................15
Figura 04 – A Leoa Ferida – Assírios......................................................15
Figura 05 – Kouros – Grécia, Período arcaico.........................................16
Figura 06 – Afrodite de Melos – Grécia, século IV a.C............................16
Figura 07 - Soldado Gálata e sua Mulher – Grécia, século V..................16
Figura 08 – Imperador Justiniano – Arte Bizantina.................................16
Figura 09 – Pátio dos Leões – Arte Islâmica...........................................16
Figura 10 – David – Donatello.................................................................17
Figura 11 – Piedade – Michelangelo.......................................................17
Figura 12 – Êxtase de Santa Tereza – Bernini.......................................18
7
Figura 13 – Apolo e Dafne – Bernini........................................................18
Figura 14 – O Pensador – Rodin.............................................................19
Figura 15 – O Beijo – Rodin.....................................................................19
Figura 16 – O Beijo – Constantin Brancusi..............................................20
Figura 17 – Mãe Reclinada e Bebê – Henry Moore................................20
Figura 18 – Mulher Andando – Alexander Archipenko...........................23
Figura 19 – Pássaro no Espaço – Constantin Brancusi..........................23
Figura 20 – Figura Reclinada – Henry Moore.........................................28
Figura 21 – Grupo Familiar – Henry Moore.............................................28
Figura 22 – Concretividade Humana – Hans Arp....................................29
Figura 23 – Aquática – Hans Arp............................................................29
Figura 24 – Nyanga – Barbara Hepworth................................................30
Figura 25 – Expresso – Barbara Hepworth..............................................30
8
Figura 26 – Polivolume: Superfície Multidesenvolvível – Mary Vieira...........32
Figura 27 – Polivolume: Momento Elipsoidal – Mary Vieira..........................32
Figura 28 – Croquis em Grafite................................................................33
Figura 29 – Croquis em Argila..................................................................34
Figura 30 – Talha no Isopor.....................................................................34
Figura 31 – Fatiamento do Isopor............................................................34
Figura 32 – Numeração nas fatias de Isopor...........................................34
Figura 33 – Transferência para a Madeira...............................................35
Figura 34 – Recorte na Madeira..............................................................35
Figura 35 – Peça de Isopor Montada......................................................35
Figura 36 – Montagem da peça na Madeira............................................35
Figura 37 – Lixamento da peça – Parte I.................................................35
Figura 38 – Lixamento da peça – Parte II................................................35
9
Figura 39 – Peça Pré-acabada................................................................36
Figura 40 – Atração............................................................................39
Figura 41 – Gênese.................................................................................40
Figura 42 – Aconchego...........................................................................41
Figura 43 – Acolhida...............................................................................42
Figura 44 – Escolhas...............................................................................43
10
INTRODUÇÃO
O conhecer inclui a compreensão, lembrança e associação de nossos
sentidos, entendendo assim os sinais do mundo e, ainda, as nossas funções
cerebrais que armazenam essas percepções. A linguagem da escultura procura
materializar o que o artista sente através de diferentes técnicas, materiais e formas e
dentro desta linguagem, a escultura abstrata orgânica nos proporciona variadas
maneiras de interpretação, sem que a mesma tenha que ser observada não
somente de um ângulo e sim de vários, permitindo-nos ter uma visão privilegiada,
proporcionando ao observador sua própria análise do que vê.
A motivação para realizar este projeto focaliza o desejo de aprofundar-me nos
procedimentos que envolvem a arte escultórica, cursando a oficina de escultura II,
ministrada pela Prfª Drª Carla de Cápua. Esta possibilidade, adicionada a várias
técnicas e a uma enorme variedade de materiais que se pode usar nesta disciplina
em uma única peça esculpida a partir da evolução de idéias, usufruindo ainda dos
mais variados materiais possíveis de serem utilizados, aguçou minha criatividade,
levando-me a criar uma proposta em torno da linguagem da escultura abstrata.
O tema proposto para este trabalho é o “AMOR”. Originalmente esta palavra
pode receber diversos signos (qualquer coisa que signifique algo a alguém), ícones
(associação de alguma forma a algo já conhecido) e símbolos (elementos que só
podem ser entendidos através de um código cultural). Também pode ser direcionado
a uma ou mais pessoas, atribuído a muitos significados e sentimentos como a
loucura, ódio, exagero, desespero e a covardia. Há quem o veja pelo lado bom da
vida e nunca mais queira abandoná-lo quando o encontra, como há os que sofrem
por tê-lo encontrado; há o amor incondicional, espiritual, familiar e amigo. O amor
existe de alguém para alguém, de alguém por alguém, enfim, inúmeras formas,
jeitos e olhares, para explicá-lo, senti-lo e enxergá-lo. Por este incógnito sentimento
e por haver estudado mais a fundo a arte da escultura, cheguei ao abstracionismo
orgânico, que revela uma enorme diversidade, dando-me a oportunidade de explorar
uma vasta área na metodologia proposta pelo curso de Artes Visuais. Neste
contexto, posso explorar sentimentos e características elementares como as
proporções lineares e pictóricas, formas planas de volume ou de profundidade,
11
formas côncavas e convexas, forma fechada e forma aberta, pluralidade e unidade,
clareza absoluta e luz relativa, simetrias e composições; e pelo tema também ser
bastante complexo, posso explorar o universo dos sentimentos humanos.
Partindo de um fundamento teórico e prático, meu objetivo foi projetar uma
seqüência de 05 peças tridimensionais, em madeira, empenhando-me em seguir o
Amor como temática, dentro da estética do abstracionismo orgânico, envolvendo um
ou mais corpos. Não pretendi diversificar o masculino e o feminino, a massa corporal
do homem ou da mulher, nem a idade, o tempo, a altura ou o óbvio, e sim
aprofundar-me no encontro destes corpos onde nasce o amor e como ele evolui com
o passar do tempo, espalhando-se ao nosso redor e em quem escolhemos para
amar, levando o espectador a tirar suas próprias conclusões à frente das mesmas,
deixando assim sua imaginação viajar no mundo da arte.
Este trabalho está dividido em cinco (5) capítulos. O primeiro apresenta um
breve histórico sobre a Arte da Escultura seguido por sua história através dos
tempos mais remotos até os dias de hoje.
O segundo capítulo refere-se especificamente à escultura moderna, um
resumo das mudanças ocorridas em seus conceitos - os conceitos de
tridimensionalidade, forma, volume e abstração.
O terceiro capítulo segue com a citação de artistas e mestres inspiradores,
como Henry Moore, com suas formas simples e onduladas, há Mary Vieira, com sua
técnica de fatiamento em metal, entre outros que de algum modo serviram como
fonte de inspiração para minha produção.
No quarto capítulo, descrevo os procedimentos metodológicos, onde é
explicado o processo de criação, desde a elaboração dos croquis e das formas até a
produção final das peças.
O quinto e último capítulo, refere-se à análise de cada peça, onde descrevo a
linguagem que cada obra quer transmitir, seu movimento, suas curvas e vazados,
tornando, assim, mais simples a compreensão das mesmas.
12
CAPÍTULO I
ESCULTURA: A ARTE DAS ARTES
Arte é um procedimento de construção de idéias e obras, ocasionado pela
própria arte. Seu comprometimento é poético, resultando na sensibilidade e na
intuição e embasada em pesquisas e teorias acadêmicas. A linguagem da escultura
procura comunicar o que o artista sente através de seus sentimentos, de seu estado
de espírito, aproveitando diferentes técnicas, materiais e formas. Os processos da
arte escultórica datam da antigüidade e sofreram poucas variações até o
revolucionário século XX. A partir de então, o campo da escultura foi ampliado e
enriquecido, com o surgimento de novas técnicas e materiais. Variados métodos
começaram a ser utilizados sem o abandono dos antigos, tais como o entalhe
(subtração de matéria), a modelagem (adição de matéria), entre outros como a
soldagem e a montagem. Estes processos podem ser classificados segundo o
material empregado: pedra, madeira, argila, metal, resina, tubos de neon, ou na
união destes. Assim sendo, é possível fazer esculturas com quase todos os
materiais orgânicos e inorgânicos existentes.
O conhecer inclui a compreensão, lembrança e associação, ativando nossos
sentidos, e entendendo assim os sinais do mundo e, ainda, as nossas funções
cerebrais que armazenam e catalogam essas percepções. Existe um princípio
comum em meio à Arte e à Natureza, pois ambas são importantes campos de cultivo
da matéria. De maneira que esse estudo pretende facilitar a aproximação de leigos
em arte aos ambientes estéticos visuais da obra de arte, instruindo-os para que
consigam realizar uma leitura através de seu próprio olhar, detalhando qualquer
conjunto de imagens criadas por si mesmos, possibilitando ainda que se coloquem
de forma mais crítica diante da escultura à sua frente e de qualquer outro objeto do
cotidiano que cumpra uma função estética; enfim, objetivando um melhor
desempenho na compreensão da obra, pois esta é composta por formas e cores,
além de outros elementos.
13
Segundo Richard Perassi de Sousa,
Experimentar e representar consiste em conhecer.
A arte utiliza, recria e renova conhecimentos e
linguagens, constituindo para si um grande acervo
de procedimentos e significações, que são próprios
da cultura artística. Esse acervo é comumente
compreendido e disseminado por meio do Ensino
de Artes. (Sousa, 2005, p.25)
A evolução do homem e da arte está fortemente ligada, sendo difícil ou até
mesmo impossível separá-la, uma vez que uma depende da outra no procedimento
de transformação. Em meio às diversas manifestações artísticas, nenhuma outra
talvez, além da escultura, proporcione uma documentação mais completa da
evolução da cultura humana, apresentando muito sobre o estilo de vida de uma
determinada civilização, em determinada época, por meio da manifestação de suas
idéias.
Desde o início dos tempos o homem está em contínuo desenvolvimento,
almejando novos conhecimentos. Essa procura é decorrência da transformação do
costume espiritual do homem em relação ao mundo, assim como a consciência da
sua fragilidade como pessoa perante uma vida limitada. Possivelmente encontra na
arte, um meio de entender e inteirar-se ao mundo, através da magia. O anseio
humano de eternizar sua natureza é obtido através da criação de objetos, que
possibilitam sua continuidade através do tempo.
Segundo Herbert Read
A Arte tem o poder de nos confortar sobre a
consciência da nossa mortalidade e é ela que nos
acompanha e nos consola nesta jornada que
chamamos vida. (Apud: Bozal, 1995)
1.1 – ESCULTURAS E SUA TRAJETÓRIA HISTÓRICA
Os primeiros registros de artefatos escultóricos na História da Arte surgem no
período Paleolítico Superior. A arte produzida pelo homem deste período era
realizada na forma de estatuetas, representando formas figurativas de animais e
14
mulheres, com linhas simplificadas, onde os artesãos concentravam-se nas
aparências físicas que evidenciavam a sexualidade feminina geralmente talhada em
pedra, ossos e marfim. A escultura, seja em pedra, madeira, osso ou chifre foi a
primeira técnica utilizada pelo homem para relacionar-se com o mundo sobrenatural.
Assim sendo, os objetos tinham funções utilitárias, servindo como adornos pessoais
e ainda para realização de rituais religiosos. “Vênus de Willendorf” (Fig. 01) é uma
das esculturas mais antigas datada do período Paleolítico superior.
Ao longo dos séculos a arte foi se desenvolvendo, ainda sem perder suas
funções utilitárias e principalmente de rituais religiosos. Uma das principais
civilizações da Antiguidade se desenvolveu no Egito Antigo Imperial, com quase três
mil anos de tradição teocrática (de 2134 a.C. a 525 a.C.). (Sousa, 2005, p.44). A
religião é talvez o aspecto mais significativo da cultura deste povo, ela invadiu toda a
vida egípcia, determinando o papel de cada classe social e, conseqüentemente,
norteando toda a produção artística desse povo. Dessa forma a arte egípcia que
concretizou-se, desde o início nos túmulos, estatuetas e vasos deixados juntos aos
mortos, era bastante padronizada, não dando margem à criatividade ou imaginação
pessoal. A escultura deste período esculpida em pedra calcária era direcionada aos
templos, com toda arte voltada à demonstração de poder de cada faraó, (Fig. 02).
Fig. 01 Fig. 02
Nome: “Vênus de Willendorf” Nome: Templo de Ramsés II
Data: Cerca de 20.000 a.C Data: 1290 - 1225 a. C,
Material: Pedra Calcária, 10,45cm. Altura das Estatuas: 20m, Fachada: 33 x 38m.
Museu Natural de Viena – Áustria Local: Egito.
Fonte: Bozal, 1995. Fonte: Bozal, 1995.
Muitos outros povos também direcionavam a arte para as crenças e
divindades, assim como os Mesopotâmicos, Babilônicos, Assírios e Persas. As
esculturas Mesopotâmicas eram estáticas, hieráticas e pesadas em uma
15
simplificação cônico-cilíndrica a partir de um bloco sólido de pedra calcária, típica da
região (Fig. 03). Os Babilônicos, Assírios e Persas contribuíram com maravilhosos
relevos, “A Leoa Ferida” Assírios: (Fig. 04).
Fig.03 Fig. 04
Nome: Estátua do Templo de Abu Nome: “A Leoa Ferida”
Data: 2.700 – 2.500 a.C Data: 669 - 629 a.C.
Material: Mármore, 76 cm. Material: Alabastro a base de gesso, 63 cm.
Museu do Iraque – Bagdá Museu Britânico – Londres
Fonte: Anthony F. e H.W. Janson, 1996. Fonte: Bozal, 1995.
Aproximadamente no final do século VII a.C., os gregos começaram a
esculpir. Os artistas não estavam submetidos a convenções rígidas, pois sua arte
não tinha uma função religiosa, podendo assim evoluir livremente e seu material de
base era o mármore. O escultor do período arcaico apreciava a simetria natural do
corpo humano, e esculpia figuras masculinas nuas, eretas, em posição frontal, com
o peso do corpo distribuído sobre as duas pernas (Fig. 05). Na época helenística o
escultor grego explorou toda a gama das expressões humanas (Fig. 06), estes
artistas procuravam o realismo executando esculturas a partir de modelos vivos. Foi
neste período que houve a criação artística de grupos de pleno relevo, o mais
conhecido deles é “Suicídio de Galata” (Fig. 07). (Cápua, 2004, e Janson, 1996,
Proença, 2003, Ostrower, 2004).
16
Fig.05 Fig. 06 Fig. 07
Nome: “Kouros”, 525 a.C Nome: “Vênus de Milo”, séc.II a.C Nome: “Suicídio de Galata”, 230 a.C
Material: Mármore, 194 cm. Material: Mármore, 202 cm. Material: Mármore, 211 cm.
Museu Arqueólogo Museu do Louvre - Paris Museu Delle Terme-Roma
Nacional - Atenas.
Fonte: Bozal, 1995.
Os romanos eram grandes admiradores da arte grega, por isso a maioria de
suas obras eram cópias de esculturas gregas, conseguindo se destacar nos bustos
e relevos. A escultura tipicamente romana é encontrada nos relevos comemorativos
presentes por todo lado, desde as estatuetas funerárias, altares, arcos e sarcófagos.
A Idade Média inicia-se na Arte Cristã Primitiva englobando a Arte Bizantina,
Islâmica, Românica e a Arte Gótica. Neste período todas as artes, incluindo a
escultura eram voltadas para as igrejas, templos e mesquitas, de certa forma
também à arquitetura, onde prevaleciam os mosaicos (Fig. 08), arabescos (Fig.09) e
baixo-relevos.
Fig. 08 Fig. 09
Nome: “Imperador Justiniano”, 526 - 547 Nome: “Pátio dos Leões”, 1377.
Técnica: Mosaico Técnica: Arabesco
Detalhe do Mosaico da igreja de Palácio Islâmico – Alhambra, Granada
São Vital – Ravena Fonte: E.H Gombrich, 1999.
Fonte: Proença, 2003.
17
O Renascimento foi o primeiro período que teve consciência de sua própria
existência e criou um estilo próprio. Com ele chegou ao fim uma longa temporada de
anonimato. Com o ressurgimento de todas as artes, há um novo ideal que
transforma o homem e as artes em geral, o Humanismo, que se tornou o próprio
espírito do Renascimento, onde os artistas expressavam os maiores valores deste
movimento, a racionalidade e a dignidade do ser humano. É neste período que
surgem grandes mestres escultores como: Donatello (1386 – 1466), com sua
escultura em bronze “David” (Fig. 10), Lorenzo Ghiberti (1378 – 1455), Andrea Del
Verrocchio (1435 – 1488), entre outros. Mas o mais conhecido é Michelangelo (1475
– 1564), este foi um dos maiores fenômenos da escultura italiana. Diante de
inúmeras obras espetaculares, está a “Pietà” (Fig.11). (Ibidem).
Fig.10 Fig. 11
Nome: “David”, 1475 Nome: “Piedade”, 1497 - 1499
Material: Bronze, 128 cm. Material: Mármore, 174 x 195 cm.
Museu Nacional – Florença Basílica de São Pedro - Vaticano
Fonte: Bozal, 1996. Fonte: Bozal, 1996.
Nos séculos XVI e XVII, surgem as esculturas Barroca e Rococó. A primeira
originou-se na Itália, não tardando a irradiar por outros países da Europa e ao
continente americano, trazida pelos colonizadores portugueses e espanhóis. As
obras Barrocas tinham como características, romper com o equilíbrio entre o
sentimento e a razão ou entre a arte e a ciência. Nelas, predominam as emoções,
recobrem-se de efeitos decorativos, linhas e curvas, drapeados nas vestes e uso do
dourado. Grandes mestres podem ser citados neste período como o italiano Bernini
(1598 - 1680), com uma de suas obras mais conhecidas, “O Êxtase de Santa
Tereza” (Fig. 12), e “Apolo e Dafne” (Fig. 13). Já o Rococó, durante muito tempo foi
para diversos historiadores, uma variação decadente da arte barroca, mais tarde,
18
porém, o Rococó foi reconhecido como um estilo próprio, ele era atrativo, brincalhão,
caprichoso, decorativo, virtuoso, delicado, etc. Sendo que o resultado não poderia
deixar de ser em um estilo solene e triunfal. (Bozal, 1996).
Fig.12 Fig. 13
Nome: “Êxtase de Santa Tereza”, 1645 – 1652. Nome: “Apolo e Dafne”, 1622 – 1625.
Material: Mármore Bronze Dourado, 350 cm. Material: Mármore, 243 cm.
Capela Cornaro - Roma Galeria Borghese - Roma
Fonte: Bozal, 1996. Fonte: Bozal, 1996.
No final do século XVIII nasceu o Neoclassicismo, onde os artistas
recuperavam o que consideravam como princípios clássicos da arte. Realçando os
drapeados e o nu. O século XIX foi agitado por fortes mudanças sociais, políticas e
culturais, causadas pela Revolução Francesa, por isto neste século entramos em
contato com movimentos artísticos muito diferentes, como é o caso do Romantismo,
Realismo, Impressionismo e do Pós-Impressionismo. A escultura só volta ao auge
no Impressionismo, costuma–se dizer que ele revitalizou tanto a escultura quanto a
pintura. Auguste Rodin (1804 – 1917), primeiro escultor de gênio forte depois de
Bernini, que se destaca com obras como: “O Pensador” (Fig. 14) e a mais famosa,
“O Beijo” (Fig. 15)
19
Fig.14 Fig. 15
Nome: “O Pensador”, 1879 – 1889. Nome: “O Beijo”, 1886.
Material: Bronze, 1,55m. Material: Mármore, 190x120x115 cm.
Museu Metropolitano de Arte Nova York Museu Rodin - Paris
Fonte: Anthony F e H. W. Janson, 1996. Fonte: Jarrassé, 2001.
A partir do século XX a escultura, como a arte em geral, tornou-se sem
limites; com a modernidade o mundo passa a influenciar o artista. Os artistas se
autoconscientizam do problema “estilo”, e sempre que o assunto era debatido,
começavam a experimentar e a desencadear novos movimentos que usualmente
adotavam um novo “ismo” como grito de guerra. (Gombrich, 1995, p. 557).
Gombrich acrescenta que o artista moderno quer criar coisas. A ênfase está
em criar e em coisas. Ele quer sentir que realizou algo que antes não existia. Não
apenas cópia de um objeto real, por mais habilidosa, não apenas uma peça de
decoração, por mais engenhosa, mas algo mais importante e duradouro do que
ambas, algo que ele sente ser mais real.
A partir de 1930, a tendência do orgânico se alastrou rapidamente. Os
escultores se entregam ao Abstracionismo Orgânico, que é inspirado pela natureza.
A forma começa a ficar mais estilizada, mas ainda assim, de algum jeito, sempre
relacionada à figura humana, como podemos notar na obra de Brancusi (1876 –
1957), “O Beijo” (Fig. 16). Já outros escultores não abandonaram a figura humana,
mas passam a representa-lá de uma nova forma, com Henry Moore (1898 – 1986),
com sua obra “Mãe Reclinada e Bebê” (Fig. 17)
20
Fig.16 Fig. 17
Nome: “O Beijo”, 1908. Nome: “Mãe Reclinada e Bebê”, 1983
Material: Granito, 58 cm. Material: Bronze, 265,5 cm.
Museu Nacional da Arte – Filadélfia Fundação Henry Moore
Fonte: Proença, 2003. Fonte: Pinacoteca, 2005.
O abstracionismo orgânico, que surge diretamente na natureza, está do
mesmo modo relacionado à temática que busco representar, e assim, no próximo
capítulo, farei um estudo desta tendência a partir da escultura moderna, destacando
aspectos históricos e estéticos.
21
CAPÍTULO II
ESCULTURA MODERNA
Ao avaliarmos toda a Arte Moderna, observamos que todos os estilos
evoluíram em materiais, técnicas e expressões. E a escultura não está fora disso,
sendo até mesmo uma das linguagens com as maiores propagações e
diversificações.
Em relação às suas novas expressões, a escultura se mostra com intensa
versatilidade de idéias. Atualmente, seus espaços internos e externos são
considerados parte de um todo escultórico. Essa nova consideração de espaço
surge como reformulador de uma opinião sobre a escultura, onde ela apenas existe
com o volume pleno e íntegro.
Segundo Cavalcanti (1970)
Entre as características gerais da escultura
moderna estão: novos materiais, o espaço e a
transparência como elementos escultóricos, a
abstração, o movimento, a luz, o som e a cor.
(Cavalcanti, 1970)
Os novos tempos apresentaram novos materiais para a escultura, surgindo
assim combinações de materiais, permitindo novas técnicas e, em decorrência,
numa maior nitidez para as formas, criando movimentos, som e luz, fazendo com
que a escultura acompanhasse a tendência das diferentes linguagens artísticas.
Apesar de todos esses novos materiais, a escultura de hoje não perdeu a figuração.
No entanto, como a pintura, afasta-se do naturalismo das figuras representadas,
empregando para isso uma enorme sensibilidade deturpadora e de grande alteração
visual, deixando uma aparência de semi-acabamento e com nítidos sinais da
atuação das mãos ou de diferentes artefatos.
22
2.1 – ABSTRAÇÃO: A RUPTURA
Segundo o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, abstração é o “ato ou
efeito de abstrair (-se); abstraimento, operação intelectual, compreendida por
Aristóteles e Tomás de Aquino, como origem de todo processo cognitivo, na qual o
que é escolhido como objeto de reflexão é isolado de uma série de fatores que
comumente lhe estão relacionado na realidade concreta.”
A arte abstrata intitula uma sucessão de estilos artísticos desenvolvidos no
século XX, que recusava o tradicional conceito da arte como aspecto da realidade
ou sua reprodução. O termo é usado freqüentemente para obras que arriscam
restringir as formas rudimentares, as aparências dos objetos perceptíveis, tentando
estruturar objetos artísticos não figurativos, ou seja, não significativos em uma
diversidade de formas e cores.
Apesar de muitos escultores do século XX terem se vinculado a vários
movimentos, como o cubismo e o construtivismo, outros tenderam a abrir seus
próprios caminhos. Segundo Calvacanti (1970), os escultores exploram todas as
possibilidades tridimensionais do objeto, trabalhando principalmente o volume e a
textura. Iniciam também o uso de materiais diversificados, novas técnicas e
possibilidades de dispor os objetos no espaço. Afirma, ainda, que esta tendência
acontece tanto quando falamos da abstração surgida da natureza, quanto da
sensibilidade mecanicista contemporânea inspirada nos cubistas.
Em 1908 Alexandre Archipenko (1887 – 1964), vindo da Europa Oriental se
dirige a Paris. Rapidamente ele parte para a elaboração de esquemas formais
simples e resolutos onde a realidade é reduzida aos seus elementos fundamentais.
Sempre deixou claro a importância que dava a certos valores esculturais que
aprendeu a conhecer observando, como harmonia, ritmo, equilíbrio, distância
(espaço e profundidade), peso (volumes ligeiros e pesados), proporção e movimento
(Zanini, 1980, p:104 - 105).
Entretanto, a maior significação para a escultura contemporânea da obra de
Archipenko está na renúncia dos volumes plenos, levando-o a ser o primeiro a
perfurar um bloco e dar valor plástico ao vazio, como podemos verificar logo abaixo
em sua escultura “Mulher Andando” (Fig. 18).
23
Constantin Brancusi (1876 – 1957), um romeno que estabeleceu residência
em Paris, contribuiu para as primeiras abstrações ao simplificar as formas até seu
ponto mais elementar, libertando-se das aparências de superfície para revelar a
beleza essencial dos próprios materiais utilizados. Seu primeiro grande sucesso foi
“O Beijo” já citado acima, em que a peça nem mesmo sai do retângulo onde foi
talhada. Brancusi determina sua escultura na forma monolítica, mas nos mostra um
agudo senso espacial ao superar a opacidade da massa pelo cansativo e impecável
polimento do mármore e bronze, como podemos constatar na obra “Pássaro no
Espaço” (Fig. 19).
Fig.18 Fig.19
Nome: “Mulher Andando”, 1912. Nome: “Pássaro no Espaço”, 1942-1940.
Material: Bronze, 131 cm. Material: Bronze, 134 cm.
Coleção Particular Coleção Peggy Guggenheim - Veneza
Fonte: Zanini, 1980. Fonte: Bozal, 1996.
No ano de 1930, tem início a fase da escultura biomórfica, que dedicou-se a
representar o orgânico como conceito formativo de realidade despontando sem
manifesto nem planejamento. A tendência do orgânico se alastrou rapidamente, foi
um movimento amplo com muitas ramificações, tendo referência no surrealismo.
(Zanini, 1980).
Hans Arp (1887 – 1966) foi o maior sintetizador no período da criação das
esculturas orgânicas, como nenhum outro escultor uniu a esbelta forma escultural
com a essência pura do crescimento orgânico. Em seus trabalhos, a simplificação
das formas e silhuetas organizadas harmoniosamente, seria a seqüência de linhas
sinuosas na construção tridimensional da escultura.
24
Com isso, usa-se o termo escultura biomórfica devido à semelhança de seus
trabalhos com elementos naturais da fauna e flora. Assim sendo faz-se a relação
das peças produzidas com características comuns da escultura biomórfica.
2.2 – TRIDIMENSIONALIDADE NA ABSTRAÇÃO ORGÂNICA
Ao ser tridimensional, uma escultura tem que ocupar um ambiente real,
manter-se em interação com este ambiente e dele fazer parte. Para que isto ocorra,
o objeto pode ser consistente e compacto, ou dotado de saliências, espaços ocos ou
diferentes elementos reunidos. Com qualquer formato pode-se alcançar um conjunto
em uniformidade. O que ocorre é que, com a escultura moderna, as definições de
espaço e elemento se expandem, vendo que as peças poderiam ser perfuradas sem
perder a definição do volume escultórico, somente sobrepondo um novo.
Existem oito subsídios fundamentais aplicados na escultura: o volume que é o
corpo da peça, igualmente chamado de massa; o espaço, vinculando-se interna e
externamente com o volume escultórico; as linhas, que modelam as formas
mostrando o seu tridimensional; o plano; o movimento; a textura e a cor. A escultura
exige combinação de muitos e diferentes elementos do desenho, já que será
observada de diversos pontos de vista.
Segundo Ostrower (1990), a estrutura do plano pictórico, analisando os
aspectos da altura e da largura, mostra os ritmos que possui a superfície. Sendo
este um conceito bidimensional, não é citada a profundidade. Entretanto, ainda
assim se pode trazer esta análise para os elementos escultóricos. A princípio, estas
formas já nos chamam a atenção num primeiro olhar. A horizontalidade sugere
suavidade, calma, comodismo, melancolia, algo estático ou pouco movimentado. A
verticalidade já presume uma elegância, altivez, seriedade, ascensão,
espiritualização, munida de impulso, mas que, todavia, poderá vir a desequilibrar
com maior facilidade. Estes são elementos da homogeneidade ou heterogeneidade
da composição, que são dinâmicas, e na qual também inclui o volume, fazendo com
que o objeto tenha a possibilidade de expandir-se para várias direções. Em relação
às alterações e transformações.
25
A escultura ganha pulsação, vitalidade e uma construção de maior
homogeneidade, pois interage de maneira mais fácil com o ambiente e dá maior
sutileza à continuidade da movimentação. São inúmeras as formas e as maneiras de
avaliar essas formas escultóricas. O maior obstáculo é o fato de que algumas delas
expressam algo para uma maioria, mas não para todos. Cria-se então, apenas
sugestões ou razoáveis associações para alguma coisa tão particular como a
percepção humana.
2.3 – A FORMA E O VAZADO NA ABSTRAÇÃO
A origem da forma estética, segundo Read (1981), surge atendendo uma
necessidade interior, um desejo de refinação, precisão e ordem. Ao mesmo tempo, o
objeto se liberta da sua função utilitária, à medida que vai sendo aprimorado, fato
que está relacionado à evolução mental e espiritual do homem e à consciência de
sua existência como ser. Conforme o autor, essa é a fórmula que transforma objeto
utilitário em obra de arte: o poder ideológico que joga com a oposição entre a
matéria e o espírito.
Já segundo Arnheim (2000), a melhor definição de forma é que ela é a
configuração visível do conteúdo. A forma sempre ultrapassa a função prática das
coisas encontrando em sua configuração as qualidades visuais como rotundidade ou
agudeza, força ou fragilidade, harmonia ou discordância. O autor segue dizendo que
dentro da forma havia os níveis de abstração, uma dimensão na qual o artista pode
exercitar sua liberdade. Ele pode trabalhar com configurações completamente não
miméticas que refletem a experiência humana por meio da expressão visual pura e
pelas relações espaciais.
As formas do vazado, podem ser compreendidas como orientação a uma
transformação, que por sua vez induzirá a um desenvolvimento, sugerindo uma
futura variação da matéria, assim como ocorre na natureza. Esta transformação é
um movimento, uma expressão qualificada como a disposição de deslocamento
espacial, uma das características principais dos seres vivos, e agora, também
fundamental às obras de arte. A textura e a substância do material também geram
26
certas características na forma escultórica, que devem ser respeitadas por serem
essenciais a este.
Por muitos séculos, os materiais mais tradicionais, clássicos e importantes
eram o barro, a pedra, o mármore, a madeira e o bronze. Atualmente podemos dizer
que, junto desses materiais, passaram a existir outros produzidos pela indústria,
como os incontáveis tipos de plásticos e cimentos, que são utilizados pelos
escultores com naturalidade, de forma que podem originar resultados artísticos
inesperados.
Langer (1980) define a forma como um volume escultural de vigorosa
abstração, dizendo que o volume não é apenas uma medida cúbica dentro do
espaço. É mais que a massa e a área que a figura ocupa, é o espaço tornado
visível. A forma tangível tem um complemento de espaço vazio que ela domina
absolutamente, que é de fato, parte do volume escultural. A própria figura parece
possuir uma espécie de continuidade com o vazio não importando a sua volta. O
vazio a envolve, e o espaço envolvente tem forma vital enquanto continuação.
A escultura, sem deixar de ser apreensível como objeto físico, alcançou uma
importante fluidez, onde luz e espaço apresentaram um significativo desempenho.
Segundo Cavalcanti (1970), as perfurações abertas na massa dos volumes,
para obter o espaço, desempenham a mesma função do volume maciço, fazendo
com que o espaço que o cerca ou envolve possa interagir com a obra, valorizando
toda a questão de espaço e movimento. A importância desta ação se dá, pois, tanto
interna como externamente.
Nas obras apresentadas, as características citadas estão presentes em todas
as peças, deste modo o espaço que as envolve é uma continuidade delas, realçando
mais suas formas e volumes.
27
CAPÍTULO III
MESTRES INSPIRADORES
Quando falamos sobre inspiração, abre-se um vasto leque para a sua
definição, mas aqui cabe uma das definições do Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa: “Entusiasmo criador que anima e aumenta a criatividade de escritores,
artistas, pesquisadores, etc.”
Assim me senti quando pesquisei sobre estes artistas que tanto me auxiliaram
na hora de definir técnicas, formas e materiais.
Foi na escultura moderna, mais especificamente na abstração orgânica, que
me encontrei. Neste período, deparei-me com grandes artistas da escultura
moderna, e identifiquei-me com as formas abstratas orgânicas de Henry Moore, as
formas simples e a obsessão pelas ondulações de Hans Arp, com Barbara
Hepworth, que trabalhava com madeira, optando por dar um acabamento artesanal,
e finalizando com Mary Vieira nas suas formas e especialmente pela técnica de
fatiamento em metal. Todos eles me forneceram um imenso subsídio para a
realização do meu trabalho final.
3.1 – HENRY MOORE (1889 – 1986)
Foi um escultor e desenhista britânico. Decidiu-se por ser escultor, quando
passeava nos campos de Yorkshire, ao norte de Londres, admirando as gigantescas
rochas destacadas no panorama com formas provenientes da erosão e do vento.
A atração pela forma, que no início era apenas um volume sem forma
definida escondido num material, aos poucos se transforma, e toma seu lugar no
espaço. Procurou formas capazes de romper com a estatuária tradicional e
acadêmica. Suas esculturas, embora possam parecer em alguns momentos com a
28
arte primitiva ou em outros possuir traços que lembrem alguns movimentos
artísticos, são apenas recursos dos quais ele utilizou para sua representação,
voltando às origens da escultura, à recuperação do material e da talha. Moore tornou
mais abstratas e sutis suas formas que, além de primitivas, davam a sensação de
decorrer da lenta erosão de milhares de anos, como pode se observar em sua obra,
“Figura Reclinada” (Fig. 20). Sendo um entalhador convicto, esteve sempre
refazendo a estrutura humana sem que essa transformação o fizesse perder contato
com o contexto natural (Wittkower, 2001). Suas obras monumentais demonstram
sua preocupação com o conjunto, espaço, volume e sua obsessão pela figura
humana.
A figura humana é o que me inspira mais
profundamente; no entanto foi estudando na
natureza as pedras, as rochas, os ossos, as
árvores, as plantas, que descobri os princípios das
formas e dos ritmos. (Apud: Lynton, 1979)
Moore muitas vezes pesquisa elementos da natureza para serem as formas
naturais que irão, adaptadamente e subjetivamente, substituir certas formas da
figura humana. Ele permanece basicamente fiel ao seu estilo, sobretudo ao fundo
orgânico e antropomórfico, desde suas primeiras peças, e alcança um de seus mais
altos níveis de criação na série “Grupos de Famílias” (Fig. 21), de 1946, em bronze.
Fig.20 Fig. 21
Nome: “Figura Reclinada”, 1958. Nome: “Grupo Familiar”, 1948-1949.
Material: Pedra, 500 cm. Material: Bronze, 152 cm.
Palácio da UNESCO – Paris Fundação Henry Moore
Fonte: Bozal, 1996. Fonte: Pinacoteca, 2005.
29
Resumindo, podemos afirmar que Moore pesquisou a harmonia plástica e a
importância expressiva entre o volume e o vazio e foi analisando a natureza, rochas,
ossos, árvores e plantas que descobriu as origens das formas e dos ritmos.
3.2 – HANS ARP (1887 – 1966)
Sua obra se desenvolveu a partir dos anos 20 e 30, foi escultor, pintor e
poeta. Apresentou um papel de grande valor na trajetória da Arte Moderna,
convivendo com o Cubismo, Dadaísmo e Surrealismo, produzindo obras
basicamente ao redor destas duas últimas correntes e que distinguiram o seu
trabalho, embora não estivesse preso a nenhuma delas.
Mas segundo Lynton (1979), ele foi encorajado pelo Surrealismo a abusar
mais da imprecisão da forma e significado da escultura, fazendo-o ostentar um estilo
cada vez mais biomórfico em sua construção.
Suas formas não possuíam indícios figurativos, ainda assim implicavam
cadência de desenvolvimento e desenvolvimento da própria matéria viva. A
obsessão pelas ondulações simples e os apelos mútuos do vazio e do cheio, como
podemos observar em “Concretividade Humana” (Fig. 22), e “Aquática” (Fig. 23),
foram características marcantes em sua obra.
Fig. 22 Fig. 23
Nome: “Concretividade Humana”, 1933. Nome: “Aquática”, 1953.
Material: Mármore, 22”x 31”x 21”. Material: Mármore, N/C.
Kunsthaus Zurich, Switzerland Coleção: Walker Art Center
30
Apesar da simplicidade de suas formas, ao oposto de inclinar-se a uma possível
monotonia de sombras semelhantes, suas obras – realizadas em argila, gesso,
bronze, pedra, madeira e posteriormente outros materiais – girando em torno do
conceito formal, apontam seu vigor de criação na força silenciosa da Natureza.
(Wittkower, 2001).
3.3 – BARBARA HEPWORTH (1903 – 1975)
Barbara Hepworth era compatriota de Moore. Segundo Cavalcanti (1970),
esteve sob influência do mesmo, assim como de Arp e Brancusi. Trabalhou o
abstracionismo orgânico, sobretudo na madeira, optando por características de
acabamento artesanal (Fig. 24).
Ela idealizou formas de esculturas diferentes, algo para ser tocado, sentido,
que rompesse com a imobilidade entediante do espectador. O contato estimula o
conhecimento das percepções por movimento, em volta da escultura e este passeio
imposto pela forma que ela chamava de “resposta arcaica”, só é possível por meio
de formas que não sejam especificamente humanas. Ela considerava o trabalho do
escultor, do entalhador e do modelador de matérias naturais, equivalente ao das
forças que criaram o mundo e a vida humana, (Fig. 25).
Barbara Hepworth irrompeu com o obstáculo do distanciamento, para ela
tocar as esculturas era tão importante quanto vê-las.
Fig. 24 Fig. 25
Nome: “Nyanga”, 1959-1960. Nome: “Expresso”, 1960.
Material: Madeira, 908 x 571 mm. Material: Bronze, 740 x 400 x 300 mm.
The Tate Gallery - Londres The Tate Gallery - Londres
Fonte: www.artcyclopedia.com/artist Fonte: www.artcyclopedia.com/artist
31
3.4 – MARY VIEIRA (1927 – 2001)
Nasceu em São Paulo, foi criada em Minas Gerais e faleceu na Suíça.
Escultora e professora, estudou desenho e pintura com Alberto da Veiga Guignard
na escola do parque em Belo Horizonte.
É considerada a precursora dos movimentos concretista e neoconcretista no
Brasil e criadora dos “Polivolumes”, objetos interplásticos com possibilidades táteis e
dinâmicas, abertos à participação dos espectadores. Em 1951, muda-se para a
Suíça. Na Europa, Mary Vieira aprofundou suas propostas de uma escultura de
formas dinâmicas, que foram sucessivamente classificadas como: Monovolumes,
multivolumes, polivolumes e intervolumes.
Conforme Denise Mattar, (curadora da exposição “Mary Vieira – O Tempo do
Movimento”).
A obra de arte não representa a realidade; ao
contrário, salienta estruturas e planos que
exprimem por si mesmo uma dinâmica poética.
Dentro desse conceito se encontra o trabalho desta
artista, que evidencia o diálogo entre percepção e
forma e leva seu espectador a interagir com a obra
para que ela possa ser contemplada. (Apud: Mary
Vieira – O Tempo do Movimento, 2005, p: 3)
Segundo ela, a obra de Mary Vieira pode ser considerada na área das
tendências voltadas à estética concretista, propondo soluções à problemática da
expressão plástica e à representação da idéia em uma nova realidade. Traduz na
sua escultura um aspecto polifônico conduzindo a um resultado volumétrico-
espacial. A sua primeira obra realizada no Brasil foi “Forma Eletrorotatória espirálica
à perfuração Virtual”. A espiral logarítmica se tornará a sua forma geométrica
preferida, aquela que traçará mais exatamente a beleza espiritual e material da vida.
A sua escultura apóia as suas razões criativas na solução de teoremas
plásticos por meio da libertação daquele novo elemento emocional que cada um
deles contém. O material é o veículo através do qual a forma se exprime e a sua
escolha é operada pela escultora em função das várias possibilidades estático-
dinâmicas que os novos metais oferecem para a composição de determinadas
relações plásticas. Assim, ela usa o aço e o alumínio, o ferro e o bronze, o chumbo e
32
o latão destinando-lhes precisas funcionalidades formais, assim como o vidro, a
pedra dura e fria, o gesso, o cimento ou a terra, lhe sugerem possibilidades de
recepção volumétrica de vários estados espirituais. (Figuras 26 e 27).
A artista é reconhecida pela crítica internacional como uma das principais
representantes da arte cinética. Participou de exposições individuais e coletivas na
Europa, no Brasil e nos Estados Unidos, recebendo uma série de importantes
prêmios pelo seu trabalho.
Fig. 26 Fig. 27
“Polivolume: Superfície Multidesenvolvível”, 1966. “Polivolume: Momento Elipsoidal”, 1970.
Material: Alumínio anodizado 56,5 x10, 5 x1,5 cm. Material: Alumínio anodizado, 200 x 40 x 10 cm.
Colecionador: Museu de Arte Brasileira - RJ Colecionador: Banco Central - Brasília
Fonte: Mary Vieira, 2005. Fonte: Mary Vieira, 2005.
33
CAPÍTULO IV
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente trabalho foi concluído após muitas pesquisas bibliográficas para
obter a base teórica imprescindível à sua realização. O conceito introduzido nas
obras foi assimilado por estudo nas áreas de estética, filosofia e psicologia. Alguns
autores apresentaram ampla importância para o suporte teórico, em meio a eles,
Rudolf Wittkower, Fayga Ostrower, entre outros, que complementaram meus
pensamentos e propósito de fazer, através das formas, um relacionamento entre os
sentimentos e as emoções pertencentes ao ser humano. Para a realização da parte
prática, também foram lidos, comparados e observados alguns artistas, obras e
maneiras características de manusear o material de trabalho.
Iniciei a produção das esculturas determinando as formas abstratas, através
de esboços em desenho de traços simples (Fig.28) e posteriormente, com estudos
tridimensionais da forma e volume em croquis de argila (Fig. 29), estabeleci que a
forma que ofereceria unidade a todas as esculturas seria o símbolo da LUA.
(Fig. 28)
34
(Fig.29)
Eleita a madeira para ser o material de produção, optei pela chapa de
compensado de 220 x 160 cm de virola branca, pois esta possui entre suas
características as qualidades que eu necessitava, especialmente sua espessura de
dez (10) mm e tendo em vista experimentos anteriores, concluí que, para o
desenvolvimento de formas orgânicas abstratas, o mais apropriado seria esculpir o
máximo, de maneira subtrativa. Iniciei a partir de um bloco de isopor medindo 100 x
60 x 50 cm (Fig. 30), que foi talhado, seguindo a forma do modelo em cerâmica, com
o auxilio de serrote, garfos, facas, estilete e lixas.
(Fig.30) (Fig.31) (Fig.32)
Quando o processo de esculpir já estava terminado, finalizei o acabamento
com lixa fina, e marquei as laterais da peça em toda sua altura com caneta
hidrográfica de cores diferentes. Em seguida o isopor foi fatiado (Fig. 31) em um
cortador incandescente, na espessura de dez (10) mm que é a mesma da madeira,
onde cada fatia foi enumerada em seu interior (Fig. 32) para servir de molde original
para ser riscado na madeira.
35
A seguir, risquei a chapa de compensado, tendo como molde as fatias de
isopor, estas devidamente numeradas (Fig. 33). Com o auxilio da serra tico-tico de
mão, recortei a chapa em partes menores para somente depois cortá-las
linearmente na serra tico-tico profissional (Fig. 34).
(Fig.33) (Fig.34) (Fig.35)
Com o artefato de isopor montado (Fig. 35), fui executando a peça, seguindo
a numeração e intercalando pregos e cola entre as fatias (Fig. 36). Encerrada a
etapa de montagem, aguarda-se 24 horas para a secagem total da cola, e inicia-se a
etapa de acabamento.
(Fig.36) (Fig.37) (Fig.38
Para esta fase, munida por equipamentos de segurança, iniciei o lixamento da
peça. Primeiramente com amparo de uma lixadeira profissional elétrica, com lixas de
gramatura 16, 24 e 36, passando em seguida para uma lixadeira semi-profissional
com lixas de gramatura 80 e 120, (Fig. 37) e ainda, manualmente, usei lixas finas
(Fig. 38), sendo que nesta etapa, recolhi o pó da madeira para futuramente, junto à
seladora, preparar uma massa para corrigir defeitos que, porventura, apareceriam.
36
(Fig.39)
O cuidado com o acabamento esteve sempre presente. A madeira tem
características próprias e pede um tratamento minucioso. Deixá-la ao natural, em
sua tonalidade clara, sem ocultar sua cor e textura, usando somente seladora, que
além de proteger a madeira desempenha um melhor acabamento estético, foi a
melhor opção (Fig. 39). Todas as cinco (05) peças foram executadas pelo mesmo
procedimento descrito acima.
37
CAPÍTULO V
ANÁLISE DAS OBRAS
Em um resumo geral, a realização deste trabalho não teve qualquer ambição
de representar, narrar ou reler outras obras. Desejava desde o início passar a maior
pureza e harmonia para as obras, acontecendo tudo de maneira intuitiva. Meu
trabalho tem como objetivo a composição estética através de uma poética individual
das formas, onde predominam linhas e curvas. As esculturas aqui apresentadas
podem ser ligadas ao abstracionismo orgânico, associado com formas puras e
ritmos da natureza.
O conjunto é formado por uma série de 5 (cinco) peças, sendo que todas
sugerem movimento, seguido pelo aspecto lunar e baseadas em um conceito sobre
o sentimento que envolve o homem ao amor, comparando de certa maneira, com o
que já sentimos, o que já vivemos ou viveremos. Côncavos e convexos, assim como
cheios e vazios transbordando sentimentos e emoções intensas e inconscientes,
relativos à individualidade que é comum a todo ser humano. São peças grandes,
onde quatro delas tem em média 100 cm de altura, por 60 cm de largura e uma
praticamente reversa, mede 100 cm de largura, por 60 cm de altura.
Como já citei acima, as cinco (5) peças adotaram a linguagem da escultura
abstrata, sob a escolha do tema “AMOR”, processo pelo qual passa o homem e tudo
que o cerca, até mesmo a arte. De todos os procedimentos de mudanças na vida
humana, o mais inerente é o amor.
Para a construção das esculturas elegi o símbolo da lua como marco geral
das minhas obras, esta pode representar o amor, o homem, a mulher, a proteção, a
família, os amigos, até mesmo a maternidade. Tem como base fundamental o
sentimento que circunda o próprio nome. Apresento estas esculturas, inspirada no
mais nobre dos sentimentos, pois torna-se um ciclo em nossa vida.
O amor não nasce só, nem tampouco cresce ou se desenvolve só. Sempre se
necessita de alguém ou de algo para nutrir este sentimento. O amor humano é o que
38
mais se encaixa em minha proposta, pois este é um ciclo interminável. Inicialmente
nasce o amor homem & mulher, representada pela escultura “Atração” (Fig. 36),
desta união passa a existir a descoberta de gerar uma nova vida, sentindo todos os
prazeres de uma gravidez, representada pela obra número 2 “Gênese” (Fig. 37).
“Acolhida” (Fig. 38) é a obra de número 3, onde os pais descobrem um amor
incondicional, chamado filho, que se torna a razão de viver do casal, fazendo-o
perceber até então um sentimento totalmente desigual, e que o leva em busca de
inúmeros caminhos para protegê-lo, de tudo e de todos, com o intuito de proteção no
céu, em deus e na espiritualidade. Assim forma-se a família, representada pela obra
“Aconchego” (Fig.39). Este pequeno ser, adolesce e começa a trilhar seu próprio
caminho, descobrindo então outra definição para o amor, ou seja, um amor mais
descompromissado, descontraído, alegre, sem tantas regras, obrigações e
comprometimento, batizado por amigos, “Escolhas” (Fig. 40). Com o passar dos
anos sua vida vai sendo preenchida por uma infinidade de amores. E sem mesmo
perceber, em determinado momento, depara-se com o destino, encontrando o seu
verdadeiro amor, o amor de sua vida, iniciando nesse momento, sem mais
explicações, o recomeço do ciclo, que em passado não tão remoto, seus pais
trilharam.
39
(Fig. 36)
Título: “Atração”
Dimensões: 92 X 66 X 35 cm.
“Atração” é uma obra constituída por elementos simples onde o côncavo e o
convexo se fundem em único vazado favorecendo a passagem da claridade criando
assim um efeito de luz e sombra. As linhas e curvas podem ser vistas por todos os
ângulos.
Disposta verticalmente, esta obra nasce de uma única base, significando o
amor que os une. O ícone da lua perde um pouco sua evidência pelo modo como
estão dispostos, mas o conjunto remete a um enlaçamento de corpos.
A escultura está totalmente imóvel, mas causando a sensação de que a
qualquer momento haverá um entrelaçamento entre elas, formando um só corpo. A
disposição da peça convida o espectador a girar em torno da mesma, na expectativa
do movimento.
40
(Fig. 37)
Título: “Gênese”
Dimensões: 90 x 80 x 30 cm.
“Gênese”, também disposta verticalmente, apresenta curvas acentuadas e
linhas sinuosas em sua altura. Simboliza a fecundação da primeira obra, a
concepção do sentimento que os uniu, o início da família, onde a gravidez se torna
aparente. Aqui o ícone lunar está bem aparente, como se envolvesse a enorme
barriga em sua própria luz, acomodando-a em sua própria forma.
41
(Fig. 38)
Título: “Aconchego”
Dimensões: 100 x 77 x 33 cm.
Simbolizando o nascer da obra acima, “Aconchego” é uma peça vertical, onde
a imagem da lua está bem declarada. Em suas linhas côncavas acolhe curvas
sinuosas que lembram um bebê, como se fosse uma mãe aconchegando o filho em
seu ventre. A textura e a cor da madeira deram um ar iluminado à peça, unindo
ainda mais a simbologia lunar com a obra em si.
42
(Fig. 39)
Título: “Acolhida”
Dimensões: 110 x 63 x 51 cm.
“Acolhida” é uma obra composta por quatro (4) ícones lunares totalmente
verticais, onde há uma grande concentração de linhas e curvas côncavas e
convexas formando vazados de diferentes tamanhos, que a meu ver, unificam toda a
peça. As luas maiores nascem da mesma base, mas para lados opostos, voltando a
se unir no topo da escultura, enquanto as outras duas luas menores nascem desta
mesma base, mas fundindo-se à mesma, sem darem a noção exata de onde brotam.
Os vazados permitem a passagem de luz, deixando as peças mais altas, com mais
claridade e sombreando aos poucos as peças menores, dando assim um efeito de
proteção.
Esta proteção que vem dos pais para os filhos, simboliza o afeto familiar,
onde o casal viveu seu amor, fecundou um filho, protege-o e presenteia-o com um
irmãozinho, formando assim a família, com uma base sólida, mas com liberdade de
expansão.
43
(Fig. 40)
Título: “Escolhas”
Dimensões: 59 x 118 x 31 cm.
“Escolhas” é a única peça horizontal, com linhas sinuosas seguindo um único
padrão, esta peça sugere movimento, alegria e brincadeira, mesmo sendo
totalmente inerte fisicamente, não há como enxergá-la sem movimento. Por isso, ela
simboliza a amizade, o adolescente.
É como se as linhas e curvas, seguissem um único caminho, uma longa
decida em alta velocidade, sem se preocupar com as conseqüências, sem ter medo
de errar, preocupando-se somente em viver, viver o hoje e o agora, para mais tarde,
quando for obrigado a crescer, não se arrepender de suas escolhas e enfim reiniciar
o ciclo da vida, do amor, da família.
44
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de criação deste trabalho teve início, mesmo inconscientemente,
durante as aulas e oficina de escultura realizadas durante o curso. Foi precisamente
no terceiro ano, quando cursava a oficina direcionada somente à escultura, que
deparei com a técnica de sobreposição de chapas de madeira. Apaixonei-me pelo
resultado, pela técnica e decidi que meu projeto final seria embasado neste
procedimento envolvendo o tema “AMOR”.
As formas e os sentimentos foram abordados com a preocupação de instituir
uma relação entre o homem racional e o emocional, entre o homem e o sentimento.
As relações feitas a partir das diversidades e semelhanças entre o material e as
subjetividades, indicam que vivemos a todo o momento cercados de princípios que
discordam entre si, porém que necessitam permanecer unidos, de forma coerente e
harmoniosa.
Almejando constatar melhor esse vínculo, senti a necessidade de pesquisar
alguns livros na área de filosofia e psicologia. As pesquisas efetuadas, tanto teóricas
quanto as práticas, garantiram contextos e desenvoltura para o meu trabalho, além
de me proporcionar um enorme desenvolvimento pessoal e artístico.
Para o desenvolvimento prático das esculturas foram feitos muitos estudos
das formas com auxílio de desenhos de grafite em traços simples, seguidos por
experimentos da forma bi-dimensional em argila modelada e experimentos com
materiais miscigenados nesta técnica, fundamentados na harmonia do material.
Além disso, foi efetuada uma pesquisa sobre os tipos, tonalidades e espessuras da
madeira a ser usada. As dificuldades que despontaram no decorrer do processo de
produção serviram como um grande desafio, essas são atribuídas quase que
exclusivamente à qualidade das chapas de compensado, onde o processo de
acabamento da peça “Escolhas” foi extremamente trabalhoso, mas nada que não
pudesse ser solucionado. O resultado final de pesquisas e trabalhos sucessivos não
poderia ser outro que não o de ter finalizado com sucesso os objetivos propostos.
45
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A evolução da escultura

  • 1. 6 ÍNDICE DE IMAGENS Figura 01 – Vênus de Willendorf – Pré-História......................................14 Figura 02 – Templo de Ramsés II – Egito...............................................14 Figura 03 – Estátua do Templo de Abu – Mesopotâmia.........................15 Figura 04 – A Leoa Ferida – Assírios......................................................15 Figura 05 – Kouros – Grécia, Período arcaico.........................................16 Figura 06 – Afrodite de Melos – Grécia, século IV a.C............................16 Figura 07 - Soldado Gálata e sua Mulher – Grécia, século V..................16 Figura 08 – Imperador Justiniano – Arte Bizantina.................................16 Figura 09 – Pátio dos Leões – Arte Islâmica...........................................16 Figura 10 – David – Donatello.................................................................17 Figura 11 – Piedade – Michelangelo.......................................................17 Figura 12 – Êxtase de Santa Tereza – Bernini.......................................18
  • 2. 7 Figura 13 – Apolo e Dafne – Bernini........................................................18 Figura 14 – O Pensador – Rodin.............................................................19 Figura 15 – O Beijo – Rodin.....................................................................19 Figura 16 – O Beijo – Constantin Brancusi..............................................20 Figura 17 – Mãe Reclinada e Bebê – Henry Moore................................20 Figura 18 – Mulher Andando – Alexander Archipenko...........................23 Figura 19 – Pássaro no Espaço – Constantin Brancusi..........................23 Figura 20 – Figura Reclinada – Henry Moore.........................................28 Figura 21 – Grupo Familiar – Henry Moore.............................................28 Figura 22 – Concretividade Humana – Hans Arp....................................29 Figura 23 – Aquática – Hans Arp............................................................29 Figura 24 – Nyanga – Barbara Hepworth................................................30 Figura 25 – Expresso – Barbara Hepworth..............................................30
  • 3. 8 Figura 26 – Polivolume: Superfície Multidesenvolvível – Mary Vieira...........32 Figura 27 – Polivolume: Momento Elipsoidal – Mary Vieira..........................32 Figura 28 – Croquis em Grafite................................................................33 Figura 29 – Croquis em Argila..................................................................34 Figura 30 – Talha no Isopor.....................................................................34 Figura 31 – Fatiamento do Isopor............................................................34 Figura 32 – Numeração nas fatias de Isopor...........................................34 Figura 33 – Transferência para a Madeira...............................................35 Figura 34 – Recorte na Madeira..............................................................35 Figura 35 – Peça de Isopor Montada......................................................35 Figura 36 – Montagem da peça na Madeira............................................35 Figura 37 – Lixamento da peça – Parte I.................................................35 Figura 38 – Lixamento da peça – Parte II................................................35
  • 4. 9 Figura 39 – Peça Pré-acabada................................................................36 Figura 40 – Atração............................................................................39 Figura 41 – Gênese.................................................................................40 Figura 42 – Aconchego...........................................................................41 Figura 43 – Acolhida...............................................................................42 Figura 44 – Escolhas...............................................................................43
  • 5. 10 INTRODUÇÃO O conhecer inclui a compreensão, lembrança e associação de nossos sentidos, entendendo assim os sinais do mundo e, ainda, as nossas funções cerebrais que armazenam essas percepções. A linguagem da escultura procura materializar o que o artista sente através de diferentes técnicas, materiais e formas e dentro desta linguagem, a escultura abstrata orgânica nos proporciona variadas maneiras de interpretação, sem que a mesma tenha que ser observada não somente de um ângulo e sim de vários, permitindo-nos ter uma visão privilegiada, proporcionando ao observador sua própria análise do que vê. A motivação para realizar este projeto focaliza o desejo de aprofundar-me nos procedimentos que envolvem a arte escultórica, cursando a oficina de escultura II, ministrada pela Prfª Drª Carla de Cápua. Esta possibilidade, adicionada a várias técnicas e a uma enorme variedade de materiais que se pode usar nesta disciplina em uma única peça esculpida a partir da evolução de idéias, usufruindo ainda dos mais variados materiais possíveis de serem utilizados, aguçou minha criatividade, levando-me a criar uma proposta em torno da linguagem da escultura abstrata. O tema proposto para este trabalho é o “AMOR”. Originalmente esta palavra pode receber diversos signos (qualquer coisa que signifique algo a alguém), ícones (associação de alguma forma a algo já conhecido) e símbolos (elementos que só podem ser entendidos através de um código cultural). Também pode ser direcionado a uma ou mais pessoas, atribuído a muitos significados e sentimentos como a loucura, ódio, exagero, desespero e a covardia. Há quem o veja pelo lado bom da vida e nunca mais queira abandoná-lo quando o encontra, como há os que sofrem por tê-lo encontrado; há o amor incondicional, espiritual, familiar e amigo. O amor existe de alguém para alguém, de alguém por alguém, enfim, inúmeras formas, jeitos e olhares, para explicá-lo, senti-lo e enxergá-lo. Por este incógnito sentimento e por haver estudado mais a fundo a arte da escultura, cheguei ao abstracionismo orgânico, que revela uma enorme diversidade, dando-me a oportunidade de explorar uma vasta área na metodologia proposta pelo curso de Artes Visuais. Neste contexto, posso explorar sentimentos e características elementares como as proporções lineares e pictóricas, formas planas de volume ou de profundidade,
  • 6. 11 formas côncavas e convexas, forma fechada e forma aberta, pluralidade e unidade, clareza absoluta e luz relativa, simetrias e composições; e pelo tema também ser bastante complexo, posso explorar o universo dos sentimentos humanos. Partindo de um fundamento teórico e prático, meu objetivo foi projetar uma seqüência de 05 peças tridimensionais, em madeira, empenhando-me em seguir o Amor como temática, dentro da estética do abstracionismo orgânico, envolvendo um ou mais corpos. Não pretendi diversificar o masculino e o feminino, a massa corporal do homem ou da mulher, nem a idade, o tempo, a altura ou o óbvio, e sim aprofundar-me no encontro destes corpos onde nasce o amor e como ele evolui com o passar do tempo, espalhando-se ao nosso redor e em quem escolhemos para amar, levando o espectador a tirar suas próprias conclusões à frente das mesmas, deixando assim sua imaginação viajar no mundo da arte. Este trabalho está dividido em cinco (5) capítulos. O primeiro apresenta um breve histórico sobre a Arte da Escultura seguido por sua história através dos tempos mais remotos até os dias de hoje. O segundo capítulo refere-se especificamente à escultura moderna, um resumo das mudanças ocorridas em seus conceitos - os conceitos de tridimensionalidade, forma, volume e abstração. O terceiro capítulo segue com a citação de artistas e mestres inspiradores, como Henry Moore, com suas formas simples e onduladas, há Mary Vieira, com sua técnica de fatiamento em metal, entre outros que de algum modo serviram como fonte de inspiração para minha produção. No quarto capítulo, descrevo os procedimentos metodológicos, onde é explicado o processo de criação, desde a elaboração dos croquis e das formas até a produção final das peças. O quinto e último capítulo, refere-se à análise de cada peça, onde descrevo a linguagem que cada obra quer transmitir, seu movimento, suas curvas e vazados, tornando, assim, mais simples a compreensão das mesmas.
  • 7. 12 CAPÍTULO I ESCULTURA: A ARTE DAS ARTES Arte é um procedimento de construção de idéias e obras, ocasionado pela própria arte. Seu comprometimento é poético, resultando na sensibilidade e na intuição e embasada em pesquisas e teorias acadêmicas. A linguagem da escultura procura comunicar o que o artista sente através de seus sentimentos, de seu estado de espírito, aproveitando diferentes técnicas, materiais e formas. Os processos da arte escultórica datam da antigüidade e sofreram poucas variações até o revolucionário século XX. A partir de então, o campo da escultura foi ampliado e enriquecido, com o surgimento de novas técnicas e materiais. Variados métodos começaram a ser utilizados sem o abandono dos antigos, tais como o entalhe (subtração de matéria), a modelagem (adição de matéria), entre outros como a soldagem e a montagem. Estes processos podem ser classificados segundo o material empregado: pedra, madeira, argila, metal, resina, tubos de neon, ou na união destes. Assim sendo, é possível fazer esculturas com quase todos os materiais orgânicos e inorgânicos existentes. O conhecer inclui a compreensão, lembrança e associação, ativando nossos sentidos, e entendendo assim os sinais do mundo e, ainda, as nossas funções cerebrais que armazenam e catalogam essas percepções. Existe um princípio comum em meio à Arte e à Natureza, pois ambas são importantes campos de cultivo da matéria. De maneira que esse estudo pretende facilitar a aproximação de leigos em arte aos ambientes estéticos visuais da obra de arte, instruindo-os para que consigam realizar uma leitura através de seu próprio olhar, detalhando qualquer conjunto de imagens criadas por si mesmos, possibilitando ainda que se coloquem de forma mais crítica diante da escultura à sua frente e de qualquer outro objeto do cotidiano que cumpra uma função estética; enfim, objetivando um melhor desempenho na compreensão da obra, pois esta é composta por formas e cores, além de outros elementos.
  • 8. 13 Segundo Richard Perassi de Sousa, Experimentar e representar consiste em conhecer. A arte utiliza, recria e renova conhecimentos e linguagens, constituindo para si um grande acervo de procedimentos e significações, que são próprios da cultura artística. Esse acervo é comumente compreendido e disseminado por meio do Ensino de Artes. (Sousa, 2005, p.25) A evolução do homem e da arte está fortemente ligada, sendo difícil ou até mesmo impossível separá-la, uma vez que uma depende da outra no procedimento de transformação. Em meio às diversas manifestações artísticas, nenhuma outra talvez, além da escultura, proporcione uma documentação mais completa da evolução da cultura humana, apresentando muito sobre o estilo de vida de uma determinada civilização, em determinada época, por meio da manifestação de suas idéias. Desde o início dos tempos o homem está em contínuo desenvolvimento, almejando novos conhecimentos. Essa procura é decorrência da transformação do costume espiritual do homem em relação ao mundo, assim como a consciência da sua fragilidade como pessoa perante uma vida limitada. Possivelmente encontra na arte, um meio de entender e inteirar-se ao mundo, através da magia. O anseio humano de eternizar sua natureza é obtido através da criação de objetos, que possibilitam sua continuidade através do tempo. Segundo Herbert Read A Arte tem o poder de nos confortar sobre a consciência da nossa mortalidade e é ela que nos acompanha e nos consola nesta jornada que chamamos vida. (Apud: Bozal, 1995) 1.1 – ESCULTURAS E SUA TRAJETÓRIA HISTÓRICA Os primeiros registros de artefatos escultóricos na História da Arte surgem no período Paleolítico Superior. A arte produzida pelo homem deste período era realizada na forma de estatuetas, representando formas figurativas de animais e
  • 9. 14 mulheres, com linhas simplificadas, onde os artesãos concentravam-se nas aparências físicas que evidenciavam a sexualidade feminina geralmente talhada em pedra, ossos e marfim. A escultura, seja em pedra, madeira, osso ou chifre foi a primeira técnica utilizada pelo homem para relacionar-se com o mundo sobrenatural. Assim sendo, os objetos tinham funções utilitárias, servindo como adornos pessoais e ainda para realização de rituais religiosos. “Vênus de Willendorf” (Fig. 01) é uma das esculturas mais antigas datada do período Paleolítico superior. Ao longo dos séculos a arte foi se desenvolvendo, ainda sem perder suas funções utilitárias e principalmente de rituais religiosos. Uma das principais civilizações da Antiguidade se desenvolveu no Egito Antigo Imperial, com quase três mil anos de tradição teocrática (de 2134 a.C. a 525 a.C.). (Sousa, 2005, p.44). A religião é talvez o aspecto mais significativo da cultura deste povo, ela invadiu toda a vida egípcia, determinando o papel de cada classe social e, conseqüentemente, norteando toda a produção artística desse povo. Dessa forma a arte egípcia que concretizou-se, desde o início nos túmulos, estatuetas e vasos deixados juntos aos mortos, era bastante padronizada, não dando margem à criatividade ou imaginação pessoal. A escultura deste período esculpida em pedra calcária era direcionada aos templos, com toda arte voltada à demonstração de poder de cada faraó, (Fig. 02). Fig. 01 Fig. 02 Nome: “Vênus de Willendorf” Nome: Templo de Ramsés II Data: Cerca de 20.000 a.C Data: 1290 - 1225 a. C, Material: Pedra Calcária, 10,45cm. Altura das Estatuas: 20m, Fachada: 33 x 38m. Museu Natural de Viena – Áustria Local: Egito. Fonte: Bozal, 1995. Fonte: Bozal, 1995. Muitos outros povos também direcionavam a arte para as crenças e divindades, assim como os Mesopotâmicos, Babilônicos, Assírios e Persas. As esculturas Mesopotâmicas eram estáticas, hieráticas e pesadas em uma
  • 10. 15 simplificação cônico-cilíndrica a partir de um bloco sólido de pedra calcária, típica da região (Fig. 03). Os Babilônicos, Assírios e Persas contribuíram com maravilhosos relevos, “A Leoa Ferida” Assírios: (Fig. 04). Fig.03 Fig. 04 Nome: Estátua do Templo de Abu Nome: “A Leoa Ferida” Data: 2.700 – 2.500 a.C Data: 669 - 629 a.C. Material: Mármore, 76 cm. Material: Alabastro a base de gesso, 63 cm. Museu do Iraque – Bagdá Museu Britânico – Londres Fonte: Anthony F. e H.W. Janson, 1996. Fonte: Bozal, 1995. Aproximadamente no final do século VII a.C., os gregos começaram a esculpir. Os artistas não estavam submetidos a convenções rígidas, pois sua arte não tinha uma função religiosa, podendo assim evoluir livremente e seu material de base era o mármore. O escultor do período arcaico apreciava a simetria natural do corpo humano, e esculpia figuras masculinas nuas, eretas, em posição frontal, com o peso do corpo distribuído sobre as duas pernas (Fig. 05). Na época helenística o escultor grego explorou toda a gama das expressões humanas (Fig. 06), estes artistas procuravam o realismo executando esculturas a partir de modelos vivos. Foi neste período que houve a criação artística de grupos de pleno relevo, o mais conhecido deles é “Suicídio de Galata” (Fig. 07). (Cápua, 2004, e Janson, 1996, Proença, 2003, Ostrower, 2004).
  • 11. 16 Fig.05 Fig. 06 Fig. 07 Nome: “Kouros”, 525 a.C Nome: “Vênus de Milo”, séc.II a.C Nome: “Suicídio de Galata”, 230 a.C Material: Mármore, 194 cm. Material: Mármore, 202 cm. Material: Mármore, 211 cm. Museu Arqueólogo Museu do Louvre - Paris Museu Delle Terme-Roma Nacional - Atenas. Fonte: Bozal, 1995. Os romanos eram grandes admiradores da arte grega, por isso a maioria de suas obras eram cópias de esculturas gregas, conseguindo se destacar nos bustos e relevos. A escultura tipicamente romana é encontrada nos relevos comemorativos presentes por todo lado, desde as estatuetas funerárias, altares, arcos e sarcófagos. A Idade Média inicia-se na Arte Cristã Primitiva englobando a Arte Bizantina, Islâmica, Românica e a Arte Gótica. Neste período todas as artes, incluindo a escultura eram voltadas para as igrejas, templos e mesquitas, de certa forma também à arquitetura, onde prevaleciam os mosaicos (Fig. 08), arabescos (Fig.09) e baixo-relevos. Fig. 08 Fig. 09 Nome: “Imperador Justiniano”, 526 - 547 Nome: “Pátio dos Leões”, 1377. Técnica: Mosaico Técnica: Arabesco Detalhe do Mosaico da igreja de Palácio Islâmico – Alhambra, Granada São Vital – Ravena Fonte: E.H Gombrich, 1999. Fonte: Proença, 2003.
  • 12. 17 O Renascimento foi o primeiro período que teve consciência de sua própria existência e criou um estilo próprio. Com ele chegou ao fim uma longa temporada de anonimato. Com o ressurgimento de todas as artes, há um novo ideal que transforma o homem e as artes em geral, o Humanismo, que se tornou o próprio espírito do Renascimento, onde os artistas expressavam os maiores valores deste movimento, a racionalidade e a dignidade do ser humano. É neste período que surgem grandes mestres escultores como: Donatello (1386 – 1466), com sua escultura em bronze “David” (Fig. 10), Lorenzo Ghiberti (1378 – 1455), Andrea Del Verrocchio (1435 – 1488), entre outros. Mas o mais conhecido é Michelangelo (1475 – 1564), este foi um dos maiores fenômenos da escultura italiana. Diante de inúmeras obras espetaculares, está a “Pietà” (Fig.11). (Ibidem). Fig.10 Fig. 11 Nome: “David”, 1475 Nome: “Piedade”, 1497 - 1499 Material: Bronze, 128 cm. Material: Mármore, 174 x 195 cm. Museu Nacional – Florença Basílica de São Pedro - Vaticano Fonte: Bozal, 1996. Fonte: Bozal, 1996. Nos séculos XVI e XVII, surgem as esculturas Barroca e Rococó. A primeira originou-se na Itália, não tardando a irradiar por outros países da Europa e ao continente americano, trazida pelos colonizadores portugueses e espanhóis. As obras Barrocas tinham como características, romper com o equilíbrio entre o sentimento e a razão ou entre a arte e a ciência. Nelas, predominam as emoções, recobrem-se de efeitos decorativos, linhas e curvas, drapeados nas vestes e uso do dourado. Grandes mestres podem ser citados neste período como o italiano Bernini (1598 - 1680), com uma de suas obras mais conhecidas, “O Êxtase de Santa Tereza” (Fig. 12), e “Apolo e Dafne” (Fig. 13). Já o Rococó, durante muito tempo foi para diversos historiadores, uma variação decadente da arte barroca, mais tarde,
  • 13. 18 porém, o Rococó foi reconhecido como um estilo próprio, ele era atrativo, brincalhão, caprichoso, decorativo, virtuoso, delicado, etc. Sendo que o resultado não poderia deixar de ser em um estilo solene e triunfal. (Bozal, 1996). Fig.12 Fig. 13 Nome: “Êxtase de Santa Tereza”, 1645 – 1652. Nome: “Apolo e Dafne”, 1622 – 1625. Material: Mármore Bronze Dourado, 350 cm. Material: Mármore, 243 cm. Capela Cornaro - Roma Galeria Borghese - Roma Fonte: Bozal, 1996. Fonte: Bozal, 1996. No final do século XVIII nasceu o Neoclassicismo, onde os artistas recuperavam o que consideravam como princípios clássicos da arte. Realçando os drapeados e o nu. O século XIX foi agitado por fortes mudanças sociais, políticas e culturais, causadas pela Revolução Francesa, por isto neste século entramos em contato com movimentos artísticos muito diferentes, como é o caso do Romantismo, Realismo, Impressionismo e do Pós-Impressionismo. A escultura só volta ao auge no Impressionismo, costuma–se dizer que ele revitalizou tanto a escultura quanto a pintura. Auguste Rodin (1804 – 1917), primeiro escultor de gênio forte depois de Bernini, que se destaca com obras como: “O Pensador” (Fig. 14) e a mais famosa, “O Beijo” (Fig. 15)
  • 14. 19 Fig.14 Fig. 15 Nome: “O Pensador”, 1879 – 1889. Nome: “O Beijo”, 1886. Material: Bronze, 1,55m. Material: Mármore, 190x120x115 cm. Museu Metropolitano de Arte Nova York Museu Rodin - Paris Fonte: Anthony F e H. W. Janson, 1996. Fonte: Jarrassé, 2001. A partir do século XX a escultura, como a arte em geral, tornou-se sem limites; com a modernidade o mundo passa a influenciar o artista. Os artistas se autoconscientizam do problema “estilo”, e sempre que o assunto era debatido, começavam a experimentar e a desencadear novos movimentos que usualmente adotavam um novo “ismo” como grito de guerra. (Gombrich, 1995, p. 557). Gombrich acrescenta que o artista moderno quer criar coisas. A ênfase está em criar e em coisas. Ele quer sentir que realizou algo que antes não existia. Não apenas cópia de um objeto real, por mais habilidosa, não apenas uma peça de decoração, por mais engenhosa, mas algo mais importante e duradouro do que ambas, algo que ele sente ser mais real. A partir de 1930, a tendência do orgânico se alastrou rapidamente. Os escultores se entregam ao Abstracionismo Orgânico, que é inspirado pela natureza. A forma começa a ficar mais estilizada, mas ainda assim, de algum jeito, sempre relacionada à figura humana, como podemos notar na obra de Brancusi (1876 – 1957), “O Beijo” (Fig. 16). Já outros escultores não abandonaram a figura humana, mas passam a representa-lá de uma nova forma, com Henry Moore (1898 – 1986), com sua obra “Mãe Reclinada e Bebê” (Fig. 17)
  • 15. 20 Fig.16 Fig. 17 Nome: “O Beijo”, 1908. Nome: “Mãe Reclinada e Bebê”, 1983 Material: Granito, 58 cm. Material: Bronze, 265,5 cm. Museu Nacional da Arte – Filadélfia Fundação Henry Moore Fonte: Proença, 2003. Fonte: Pinacoteca, 2005. O abstracionismo orgânico, que surge diretamente na natureza, está do mesmo modo relacionado à temática que busco representar, e assim, no próximo capítulo, farei um estudo desta tendência a partir da escultura moderna, destacando aspectos históricos e estéticos.
  • 16. 21 CAPÍTULO II ESCULTURA MODERNA Ao avaliarmos toda a Arte Moderna, observamos que todos os estilos evoluíram em materiais, técnicas e expressões. E a escultura não está fora disso, sendo até mesmo uma das linguagens com as maiores propagações e diversificações. Em relação às suas novas expressões, a escultura se mostra com intensa versatilidade de idéias. Atualmente, seus espaços internos e externos são considerados parte de um todo escultórico. Essa nova consideração de espaço surge como reformulador de uma opinião sobre a escultura, onde ela apenas existe com o volume pleno e íntegro. Segundo Cavalcanti (1970) Entre as características gerais da escultura moderna estão: novos materiais, o espaço e a transparência como elementos escultóricos, a abstração, o movimento, a luz, o som e a cor. (Cavalcanti, 1970) Os novos tempos apresentaram novos materiais para a escultura, surgindo assim combinações de materiais, permitindo novas técnicas e, em decorrência, numa maior nitidez para as formas, criando movimentos, som e luz, fazendo com que a escultura acompanhasse a tendência das diferentes linguagens artísticas. Apesar de todos esses novos materiais, a escultura de hoje não perdeu a figuração. No entanto, como a pintura, afasta-se do naturalismo das figuras representadas, empregando para isso uma enorme sensibilidade deturpadora e de grande alteração visual, deixando uma aparência de semi-acabamento e com nítidos sinais da atuação das mãos ou de diferentes artefatos.
  • 17. 22 2.1 – ABSTRAÇÃO: A RUPTURA Segundo o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, abstração é o “ato ou efeito de abstrair (-se); abstraimento, operação intelectual, compreendida por Aristóteles e Tomás de Aquino, como origem de todo processo cognitivo, na qual o que é escolhido como objeto de reflexão é isolado de uma série de fatores que comumente lhe estão relacionado na realidade concreta.” A arte abstrata intitula uma sucessão de estilos artísticos desenvolvidos no século XX, que recusava o tradicional conceito da arte como aspecto da realidade ou sua reprodução. O termo é usado freqüentemente para obras que arriscam restringir as formas rudimentares, as aparências dos objetos perceptíveis, tentando estruturar objetos artísticos não figurativos, ou seja, não significativos em uma diversidade de formas e cores. Apesar de muitos escultores do século XX terem se vinculado a vários movimentos, como o cubismo e o construtivismo, outros tenderam a abrir seus próprios caminhos. Segundo Calvacanti (1970), os escultores exploram todas as possibilidades tridimensionais do objeto, trabalhando principalmente o volume e a textura. Iniciam também o uso de materiais diversificados, novas técnicas e possibilidades de dispor os objetos no espaço. Afirma, ainda, que esta tendência acontece tanto quando falamos da abstração surgida da natureza, quanto da sensibilidade mecanicista contemporânea inspirada nos cubistas. Em 1908 Alexandre Archipenko (1887 – 1964), vindo da Europa Oriental se dirige a Paris. Rapidamente ele parte para a elaboração de esquemas formais simples e resolutos onde a realidade é reduzida aos seus elementos fundamentais. Sempre deixou claro a importância que dava a certos valores esculturais que aprendeu a conhecer observando, como harmonia, ritmo, equilíbrio, distância (espaço e profundidade), peso (volumes ligeiros e pesados), proporção e movimento (Zanini, 1980, p:104 - 105). Entretanto, a maior significação para a escultura contemporânea da obra de Archipenko está na renúncia dos volumes plenos, levando-o a ser o primeiro a perfurar um bloco e dar valor plástico ao vazio, como podemos verificar logo abaixo em sua escultura “Mulher Andando” (Fig. 18).
  • 18. 23 Constantin Brancusi (1876 – 1957), um romeno que estabeleceu residência em Paris, contribuiu para as primeiras abstrações ao simplificar as formas até seu ponto mais elementar, libertando-se das aparências de superfície para revelar a beleza essencial dos próprios materiais utilizados. Seu primeiro grande sucesso foi “O Beijo” já citado acima, em que a peça nem mesmo sai do retângulo onde foi talhada. Brancusi determina sua escultura na forma monolítica, mas nos mostra um agudo senso espacial ao superar a opacidade da massa pelo cansativo e impecável polimento do mármore e bronze, como podemos constatar na obra “Pássaro no Espaço” (Fig. 19). Fig.18 Fig.19 Nome: “Mulher Andando”, 1912. Nome: “Pássaro no Espaço”, 1942-1940. Material: Bronze, 131 cm. Material: Bronze, 134 cm. Coleção Particular Coleção Peggy Guggenheim - Veneza Fonte: Zanini, 1980. Fonte: Bozal, 1996. No ano de 1930, tem início a fase da escultura biomórfica, que dedicou-se a representar o orgânico como conceito formativo de realidade despontando sem manifesto nem planejamento. A tendência do orgânico se alastrou rapidamente, foi um movimento amplo com muitas ramificações, tendo referência no surrealismo. (Zanini, 1980). Hans Arp (1887 – 1966) foi o maior sintetizador no período da criação das esculturas orgânicas, como nenhum outro escultor uniu a esbelta forma escultural com a essência pura do crescimento orgânico. Em seus trabalhos, a simplificação das formas e silhuetas organizadas harmoniosamente, seria a seqüência de linhas sinuosas na construção tridimensional da escultura.
  • 19. 24 Com isso, usa-se o termo escultura biomórfica devido à semelhança de seus trabalhos com elementos naturais da fauna e flora. Assim sendo faz-se a relação das peças produzidas com características comuns da escultura biomórfica. 2.2 – TRIDIMENSIONALIDADE NA ABSTRAÇÃO ORGÂNICA Ao ser tridimensional, uma escultura tem que ocupar um ambiente real, manter-se em interação com este ambiente e dele fazer parte. Para que isto ocorra, o objeto pode ser consistente e compacto, ou dotado de saliências, espaços ocos ou diferentes elementos reunidos. Com qualquer formato pode-se alcançar um conjunto em uniformidade. O que ocorre é que, com a escultura moderna, as definições de espaço e elemento se expandem, vendo que as peças poderiam ser perfuradas sem perder a definição do volume escultórico, somente sobrepondo um novo. Existem oito subsídios fundamentais aplicados na escultura: o volume que é o corpo da peça, igualmente chamado de massa; o espaço, vinculando-se interna e externamente com o volume escultórico; as linhas, que modelam as formas mostrando o seu tridimensional; o plano; o movimento; a textura e a cor. A escultura exige combinação de muitos e diferentes elementos do desenho, já que será observada de diversos pontos de vista. Segundo Ostrower (1990), a estrutura do plano pictórico, analisando os aspectos da altura e da largura, mostra os ritmos que possui a superfície. Sendo este um conceito bidimensional, não é citada a profundidade. Entretanto, ainda assim se pode trazer esta análise para os elementos escultóricos. A princípio, estas formas já nos chamam a atenção num primeiro olhar. A horizontalidade sugere suavidade, calma, comodismo, melancolia, algo estático ou pouco movimentado. A verticalidade já presume uma elegância, altivez, seriedade, ascensão, espiritualização, munida de impulso, mas que, todavia, poderá vir a desequilibrar com maior facilidade. Estes são elementos da homogeneidade ou heterogeneidade da composição, que são dinâmicas, e na qual também inclui o volume, fazendo com que o objeto tenha a possibilidade de expandir-se para várias direções. Em relação às alterações e transformações.
  • 20. 25 A escultura ganha pulsação, vitalidade e uma construção de maior homogeneidade, pois interage de maneira mais fácil com o ambiente e dá maior sutileza à continuidade da movimentação. São inúmeras as formas e as maneiras de avaliar essas formas escultóricas. O maior obstáculo é o fato de que algumas delas expressam algo para uma maioria, mas não para todos. Cria-se então, apenas sugestões ou razoáveis associações para alguma coisa tão particular como a percepção humana. 2.3 – A FORMA E O VAZADO NA ABSTRAÇÃO A origem da forma estética, segundo Read (1981), surge atendendo uma necessidade interior, um desejo de refinação, precisão e ordem. Ao mesmo tempo, o objeto se liberta da sua função utilitária, à medida que vai sendo aprimorado, fato que está relacionado à evolução mental e espiritual do homem e à consciência de sua existência como ser. Conforme o autor, essa é a fórmula que transforma objeto utilitário em obra de arte: o poder ideológico que joga com a oposição entre a matéria e o espírito. Já segundo Arnheim (2000), a melhor definição de forma é que ela é a configuração visível do conteúdo. A forma sempre ultrapassa a função prática das coisas encontrando em sua configuração as qualidades visuais como rotundidade ou agudeza, força ou fragilidade, harmonia ou discordância. O autor segue dizendo que dentro da forma havia os níveis de abstração, uma dimensão na qual o artista pode exercitar sua liberdade. Ele pode trabalhar com configurações completamente não miméticas que refletem a experiência humana por meio da expressão visual pura e pelas relações espaciais. As formas do vazado, podem ser compreendidas como orientação a uma transformação, que por sua vez induzirá a um desenvolvimento, sugerindo uma futura variação da matéria, assim como ocorre na natureza. Esta transformação é um movimento, uma expressão qualificada como a disposição de deslocamento espacial, uma das características principais dos seres vivos, e agora, também fundamental às obras de arte. A textura e a substância do material também geram
  • 21. 26 certas características na forma escultórica, que devem ser respeitadas por serem essenciais a este. Por muitos séculos, os materiais mais tradicionais, clássicos e importantes eram o barro, a pedra, o mármore, a madeira e o bronze. Atualmente podemos dizer que, junto desses materiais, passaram a existir outros produzidos pela indústria, como os incontáveis tipos de plásticos e cimentos, que são utilizados pelos escultores com naturalidade, de forma que podem originar resultados artísticos inesperados. Langer (1980) define a forma como um volume escultural de vigorosa abstração, dizendo que o volume não é apenas uma medida cúbica dentro do espaço. É mais que a massa e a área que a figura ocupa, é o espaço tornado visível. A forma tangível tem um complemento de espaço vazio que ela domina absolutamente, que é de fato, parte do volume escultural. A própria figura parece possuir uma espécie de continuidade com o vazio não importando a sua volta. O vazio a envolve, e o espaço envolvente tem forma vital enquanto continuação. A escultura, sem deixar de ser apreensível como objeto físico, alcançou uma importante fluidez, onde luz e espaço apresentaram um significativo desempenho. Segundo Cavalcanti (1970), as perfurações abertas na massa dos volumes, para obter o espaço, desempenham a mesma função do volume maciço, fazendo com que o espaço que o cerca ou envolve possa interagir com a obra, valorizando toda a questão de espaço e movimento. A importância desta ação se dá, pois, tanto interna como externamente. Nas obras apresentadas, as características citadas estão presentes em todas as peças, deste modo o espaço que as envolve é uma continuidade delas, realçando mais suas formas e volumes.
  • 22. 27 CAPÍTULO III MESTRES INSPIRADORES Quando falamos sobre inspiração, abre-se um vasto leque para a sua definição, mas aqui cabe uma das definições do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa: “Entusiasmo criador que anima e aumenta a criatividade de escritores, artistas, pesquisadores, etc.” Assim me senti quando pesquisei sobre estes artistas que tanto me auxiliaram na hora de definir técnicas, formas e materiais. Foi na escultura moderna, mais especificamente na abstração orgânica, que me encontrei. Neste período, deparei-me com grandes artistas da escultura moderna, e identifiquei-me com as formas abstratas orgânicas de Henry Moore, as formas simples e a obsessão pelas ondulações de Hans Arp, com Barbara Hepworth, que trabalhava com madeira, optando por dar um acabamento artesanal, e finalizando com Mary Vieira nas suas formas e especialmente pela técnica de fatiamento em metal. Todos eles me forneceram um imenso subsídio para a realização do meu trabalho final. 3.1 – HENRY MOORE (1889 – 1986) Foi um escultor e desenhista britânico. Decidiu-se por ser escultor, quando passeava nos campos de Yorkshire, ao norte de Londres, admirando as gigantescas rochas destacadas no panorama com formas provenientes da erosão e do vento. A atração pela forma, que no início era apenas um volume sem forma definida escondido num material, aos poucos se transforma, e toma seu lugar no espaço. Procurou formas capazes de romper com a estatuária tradicional e acadêmica. Suas esculturas, embora possam parecer em alguns momentos com a
  • 23. 28 arte primitiva ou em outros possuir traços que lembrem alguns movimentos artísticos, são apenas recursos dos quais ele utilizou para sua representação, voltando às origens da escultura, à recuperação do material e da talha. Moore tornou mais abstratas e sutis suas formas que, além de primitivas, davam a sensação de decorrer da lenta erosão de milhares de anos, como pode se observar em sua obra, “Figura Reclinada” (Fig. 20). Sendo um entalhador convicto, esteve sempre refazendo a estrutura humana sem que essa transformação o fizesse perder contato com o contexto natural (Wittkower, 2001). Suas obras monumentais demonstram sua preocupação com o conjunto, espaço, volume e sua obsessão pela figura humana. A figura humana é o que me inspira mais profundamente; no entanto foi estudando na natureza as pedras, as rochas, os ossos, as árvores, as plantas, que descobri os princípios das formas e dos ritmos. (Apud: Lynton, 1979) Moore muitas vezes pesquisa elementos da natureza para serem as formas naturais que irão, adaptadamente e subjetivamente, substituir certas formas da figura humana. Ele permanece basicamente fiel ao seu estilo, sobretudo ao fundo orgânico e antropomórfico, desde suas primeiras peças, e alcança um de seus mais altos níveis de criação na série “Grupos de Famílias” (Fig. 21), de 1946, em bronze. Fig.20 Fig. 21 Nome: “Figura Reclinada”, 1958. Nome: “Grupo Familiar”, 1948-1949. Material: Pedra, 500 cm. Material: Bronze, 152 cm. Palácio da UNESCO – Paris Fundação Henry Moore Fonte: Bozal, 1996. Fonte: Pinacoteca, 2005.
  • 24. 29 Resumindo, podemos afirmar que Moore pesquisou a harmonia plástica e a importância expressiva entre o volume e o vazio e foi analisando a natureza, rochas, ossos, árvores e plantas que descobriu as origens das formas e dos ritmos. 3.2 – HANS ARP (1887 – 1966) Sua obra se desenvolveu a partir dos anos 20 e 30, foi escultor, pintor e poeta. Apresentou um papel de grande valor na trajetória da Arte Moderna, convivendo com o Cubismo, Dadaísmo e Surrealismo, produzindo obras basicamente ao redor destas duas últimas correntes e que distinguiram o seu trabalho, embora não estivesse preso a nenhuma delas. Mas segundo Lynton (1979), ele foi encorajado pelo Surrealismo a abusar mais da imprecisão da forma e significado da escultura, fazendo-o ostentar um estilo cada vez mais biomórfico em sua construção. Suas formas não possuíam indícios figurativos, ainda assim implicavam cadência de desenvolvimento e desenvolvimento da própria matéria viva. A obsessão pelas ondulações simples e os apelos mútuos do vazio e do cheio, como podemos observar em “Concretividade Humana” (Fig. 22), e “Aquática” (Fig. 23), foram características marcantes em sua obra. Fig. 22 Fig. 23 Nome: “Concretividade Humana”, 1933. Nome: “Aquática”, 1953. Material: Mármore, 22”x 31”x 21”. Material: Mármore, N/C. Kunsthaus Zurich, Switzerland Coleção: Walker Art Center
  • 25. 30 Apesar da simplicidade de suas formas, ao oposto de inclinar-se a uma possível monotonia de sombras semelhantes, suas obras – realizadas em argila, gesso, bronze, pedra, madeira e posteriormente outros materiais – girando em torno do conceito formal, apontam seu vigor de criação na força silenciosa da Natureza. (Wittkower, 2001). 3.3 – BARBARA HEPWORTH (1903 – 1975) Barbara Hepworth era compatriota de Moore. Segundo Cavalcanti (1970), esteve sob influência do mesmo, assim como de Arp e Brancusi. Trabalhou o abstracionismo orgânico, sobretudo na madeira, optando por características de acabamento artesanal (Fig. 24). Ela idealizou formas de esculturas diferentes, algo para ser tocado, sentido, que rompesse com a imobilidade entediante do espectador. O contato estimula o conhecimento das percepções por movimento, em volta da escultura e este passeio imposto pela forma que ela chamava de “resposta arcaica”, só é possível por meio de formas que não sejam especificamente humanas. Ela considerava o trabalho do escultor, do entalhador e do modelador de matérias naturais, equivalente ao das forças que criaram o mundo e a vida humana, (Fig. 25). Barbara Hepworth irrompeu com o obstáculo do distanciamento, para ela tocar as esculturas era tão importante quanto vê-las. Fig. 24 Fig. 25 Nome: “Nyanga”, 1959-1960. Nome: “Expresso”, 1960. Material: Madeira, 908 x 571 mm. Material: Bronze, 740 x 400 x 300 mm. The Tate Gallery - Londres The Tate Gallery - Londres Fonte: www.artcyclopedia.com/artist Fonte: www.artcyclopedia.com/artist
  • 26. 31 3.4 – MARY VIEIRA (1927 – 2001) Nasceu em São Paulo, foi criada em Minas Gerais e faleceu na Suíça. Escultora e professora, estudou desenho e pintura com Alberto da Veiga Guignard na escola do parque em Belo Horizonte. É considerada a precursora dos movimentos concretista e neoconcretista no Brasil e criadora dos “Polivolumes”, objetos interplásticos com possibilidades táteis e dinâmicas, abertos à participação dos espectadores. Em 1951, muda-se para a Suíça. Na Europa, Mary Vieira aprofundou suas propostas de uma escultura de formas dinâmicas, que foram sucessivamente classificadas como: Monovolumes, multivolumes, polivolumes e intervolumes. Conforme Denise Mattar, (curadora da exposição “Mary Vieira – O Tempo do Movimento”). A obra de arte não representa a realidade; ao contrário, salienta estruturas e planos que exprimem por si mesmo uma dinâmica poética. Dentro desse conceito se encontra o trabalho desta artista, que evidencia o diálogo entre percepção e forma e leva seu espectador a interagir com a obra para que ela possa ser contemplada. (Apud: Mary Vieira – O Tempo do Movimento, 2005, p: 3) Segundo ela, a obra de Mary Vieira pode ser considerada na área das tendências voltadas à estética concretista, propondo soluções à problemática da expressão plástica e à representação da idéia em uma nova realidade. Traduz na sua escultura um aspecto polifônico conduzindo a um resultado volumétrico- espacial. A sua primeira obra realizada no Brasil foi “Forma Eletrorotatória espirálica à perfuração Virtual”. A espiral logarítmica se tornará a sua forma geométrica preferida, aquela que traçará mais exatamente a beleza espiritual e material da vida. A sua escultura apóia as suas razões criativas na solução de teoremas plásticos por meio da libertação daquele novo elemento emocional que cada um deles contém. O material é o veículo através do qual a forma se exprime e a sua escolha é operada pela escultora em função das várias possibilidades estático- dinâmicas que os novos metais oferecem para a composição de determinadas relações plásticas. Assim, ela usa o aço e o alumínio, o ferro e o bronze, o chumbo e
  • 27. 32 o latão destinando-lhes precisas funcionalidades formais, assim como o vidro, a pedra dura e fria, o gesso, o cimento ou a terra, lhe sugerem possibilidades de recepção volumétrica de vários estados espirituais. (Figuras 26 e 27). A artista é reconhecida pela crítica internacional como uma das principais representantes da arte cinética. Participou de exposições individuais e coletivas na Europa, no Brasil e nos Estados Unidos, recebendo uma série de importantes prêmios pelo seu trabalho. Fig. 26 Fig. 27 “Polivolume: Superfície Multidesenvolvível”, 1966. “Polivolume: Momento Elipsoidal”, 1970. Material: Alumínio anodizado 56,5 x10, 5 x1,5 cm. Material: Alumínio anodizado, 200 x 40 x 10 cm. Colecionador: Museu de Arte Brasileira - RJ Colecionador: Banco Central - Brasília Fonte: Mary Vieira, 2005. Fonte: Mary Vieira, 2005.
  • 28. 33 CAPÍTULO IV PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O presente trabalho foi concluído após muitas pesquisas bibliográficas para obter a base teórica imprescindível à sua realização. O conceito introduzido nas obras foi assimilado por estudo nas áreas de estética, filosofia e psicologia. Alguns autores apresentaram ampla importância para o suporte teórico, em meio a eles, Rudolf Wittkower, Fayga Ostrower, entre outros, que complementaram meus pensamentos e propósito de fazer, através das formas, um relacionamento entre os sentimentos e as emoções pertencentes ao ser humano. Para a realização da parte prática, também foram lidos, comparados e observados alguns artistas, obras e maneiras características de manusear o material de trabalho. Iniciei a produção das esculturas determinando as formas abstratas, através de esboços em desenho de traços simples (Fig.28) e posteriormente, com estudos tridimensionais da forma e volume em croquis de argila (Fig. 29), estabeleci que a forma que ofereceria unidade a todas as esculturas seria o símbolo da LUA. (Fig. 28)
  • 29. 34 (Fig.29) Eleita a madeira para ser o material de produção, optei pela chapa de compensado de 220 x 160 cm de virola branca, pois esta possui entre suas características as qualidades que eu necessitava, especialmente sua espessura de dez (10) mm e tendo em vista experimentos anteriores, concluí que, para o desenvolvimento de formas orgânicas abstratas, o mais apropriado seria esculpir o máximo, de maneira subtrativa. Iniciei a partir de um bloco de isopor medindo 100 x 60 x 50 cm (Fig. 30), que foi talhado, seguindo a forma do modelo em cerâmica, com o auxilio de serrote, garfos, facas, estilete e lixas. (Fig.30) (Fig.31) (Fig.32) Quando o processo de esculpir já estava terminado, finalizei o acabamento com lixa fina, e marquei as laterais da peça em toda sua altura com caneta hidrográfica de cores diferentes. Em seguida o isopor foi fatiado (Fig. 31) em um cortador incandescente, na espessura de dez (10) mm que é a mesma da madeira, onde cada fatia foi enumerada em seu interior (Fig. 32) para servir de molde original para ser riscado na madeira.
  • 30. 35 A seguir, risquei a chapa de compensado, tendo como molde as fatias de isopor, estas devidamente numeradas (Fig. 33). Com o auxilio da serra tico-tico de mão, recortei a chapa em partes menores para somente depois cortá-las linearmente na serra tico-tico profissional (Fig. 34). (Fig.33) (Fig.34) (Fig.35) Com o artefato de isopor montado (Fig. 35), fui executando a peça, seguindo a numeração e intercalando pregos e cola entre as fatias (Fig. 36). Encerrada a etapa de montagem, aguarda-se 24 horas para a secagem total da cola, e inicia-se a etapa de acabamento. (Fig.36) (Fig.37) (Fig.38 Para esta fase, munida por equipamentos de segurança, iniciei o lixamento da peça. Primeiramente com amparo de uma lixadeira profissional elétrica, com lixas de gramatura 16, 24 e 36, passando em seguida para uma lixadeira semi-profissional com lixas de gramatura 80 e 120, (Fig. 37) e ainda, manualmente, usei lixas finas (Fig. 38), sendo que nesta etapa, recolhi o pó da madeira para futuramente, junto à seladora, preparar uma massa para corrigir defeitos que, porventura, apareceriam.
  • 31. 36 (Fig.39) O cuidado com o acabamento esteve sempre presente. A madeira tem características próprias e pede um tratamento minucioso. Deixá-la ao natural, em sua tonalidade clara, sem ocultar sua cor e textura, usando somente seladora, que além de proteger a madeira desempenha um melhor acabamento estético, foi a melhor opção (Fig. 39). Todas as cinco (05) peças foram executadas pelo mesmo procedimento descrito acima.
  • 32. 37 CAPÍTULO V ANÁLISE DAS OBRAS Em um resumo geral, a realização deste trabalho não teve qualquer ambição de representar, narrar ou reler outras obras. Desejava desde o início passar a maior pureza e harmonia para as obras, acontecendo tudo de maneira intuitiva. Meu trabalho tem como objetivo a composição estética através de uma poética individual das formas, onde predominam linhas e curvas. As esculturas aqui apresentadas podem ser ligadas ao abstracionismo orgânico, associado com formas puras e ritmos da natureza. O conjunto é formado por uma série de 5 (cinco) peças, sendo que todas sugerem movimento, seguido pelo aspecto lunar e baseadas em um conceito sobre o sentimento que envolve o homem ao amor, comparando de certa maneira, com o que já sentimos, o que já vivemos ou viveremos. Côncavos e convexos, assim como cheios e vazios transbordando sentimentos e emoções intensas e inconscientes, relativos à individualidade que é comum a todo ser humano. São peças grandes, onde quatro delas tem em média 100 cm de altura, por 60 cm de largura e uma praticamente reversa, mede 100 cm de largura, por 60 cm de altura. Como já citei acima, as cinco (5) peças adotaram a linguagem da escultura abstrata, sob a escolha do tema “AMOR”, processo pelo qual passa o homem e tudo que o cerca, até mesmo a arte. De todos os procedimentos de mudanças na vida humana, o mais inerente é o amor. Para a construção das esculturas elegi o símbolo da lua como marco geral das minhas obras, esta pode representar o amor, o homem, a mulher, a proteção, a família, os amigos, até mesmo a maternidade. Tem como base fundamental o sentimento que circunda o próprio nome. Apresento estas esculturas, inspirada no mais nobre dos sentimentos, pois torna-se um ciclo em nossa vida. O amor não nasce só, nem tampouco cresce ou se desenvolve só. Sempre se necessita de alguém ou de algo para nutrir este sentimento. O amor humano é o que
  • 33. 38 mais se encaixa em minha proposta, pois este é um ciclo interminável. Inicialmente nasce o amor homem & mulher, representada pela escultura “Atração” (Fig. 36), desta união passa a existir a descoberta de gerar uma nova vida, sentindo todos os prazeres de uma gravidez, representada pela obra número 2 “Gênese” (Fig. 37). “Acolhida” (Fig. 38) é a obra de número 3, onde os pais descobrem um amor incondicional, chamado filho, que se torna a razão de viver do casal, fazendo-o perceber até então um sentimento totalmente desigual, e que o leva em busca de inúmeros caminhos para protegê-lo, de tudo e de todos, com o intuito de proteção no céu, em deus e na espiritualidade. Assim forma-se a família, representada pela obra “Aconchego” (Fig.39). Este pequeno ser, adolesce e começa a trilhar seu próprio caminho, descobrindo então outra definição para o amor, ou seja, um amor mais descompromissado, descontraído, alegre, sem tantas regras, obrigações e comprometimento, batizado por amigos, “Escolhas” (Fig. 40). Com o passar dos anos sua vida vai sendo preenchida por uma infinidade de amores. E sem mesmo perceber, em determinado momento, depara-se com o destino, encontrando o seu verdadeiro amor, o amor de sua vida, iniciando nesse momento, sem mais explicações, o recomeço do ciclo, que em passado não tão remoto, seus pais trilharam.
  • 34. 39 (Fig. 36) Título: “Atração” Dimensões: 92 X 66 X 35 cm. “Atração” é uma obra constituída por elementos simples onde o côncavo e o convexo se fundem em único vazado favorecendo a passagem da claridade criando assim um efeito de luz e sombra. As linhas e curvas podem ser vistas por todos os ângulos. Disposta verticalmente, esta obra nasce de uma única base, significando o amor que os une. O ícone da lua perde um pouco sua evidência pelo modo como estão dispostos, mas o conjunto remete a um enlaçamento de corpos. A escultura está totalmente imóvel, mas causando a sensação de que a qualquer momento haverá um entrelaçamento entre elas, formando um só corpo. A disposição da peça convida o espectador a girar em torno da mesma, na expectativa do movimento.
  • 35. 40 (Fig. 37) Título: “Gênese” Dimensões: 90 x 80 x 30 cm. “Gênese”, também disposta verticalmente, apresenta curvas acentuadas e linhas sinuosas em sua altura. Simboliza a fecundação da primeira obra, a concepção do sentimento que os uniu, o início da família, onde a gravidez se torna aparente. Aqui o ícone lunar está bem aparente, como se envolvesse a enorme barriga em sua própria luz, acomodando-a em sua própria forma.
  • 36. 41 (Fig. 38) Título: “Aconchego” Dimensões: 100 x 77 x 33 cm. Simbolizando o nascer da obra acima, “Aconchego” é uma peça vertical, onde a imagem da lua está bem declarada. Em suas linhas côncavas acolhe curvas sinuosas que lembram um bebê, como se fosse uma mãe aconchegando o filho em seu ventre. A textura e a cor da madeira deram um ar iluminado à peça, unindo ainda mais a simbologia lunar com a obra em si.
  • 37. 42 (Fig. 39) Título: “Acolhida” Dimensões: 110 x 63 x 51 cm. “Acolhida” é uma obra composta por quatro (4) ícones lunares totalmente verticais, onde há uma grande concentração de linhas e curvas côncavas e convexas formando vazados de diferentes tamanhos, que a meu ver, unificam toda a peça. As luas maiores nascem da mesma base, mas para lados opostos, voltando a se unir no topo da escultura, enquanto as outras duas luas menores nascem desta mesma base, mas fundindo-se à mesma, sem darem a noção exata de onde brotam. Os vazados permitem a passagem de luz, deixando as peças mais altas, com mais claridade e sombreando aos poucos as peças menores, dando assim um efeito de proteção. Esta proteção que vem dos pais para os filhos, simboliza o afeto familiar, onde o casal viveu seu amor, fecundou um filho, protege-o e presenteia-o com um irmãozinho, formando assim a família, com uma base sólida, mas com liberdade de expansão.
  • 38. 43 (Fig. 40) Título: “Escolhas” Dimensões: 59 x 118 x 31 cm. “Escolhas” é a única peça horizontal, com linhas sinuosas seguindo um único padrão, esta peça sugere movimento, alegria e brincadeira, mesmo sendo totalmente inerte fisicamente, não há como enxergá-la sem movimento. Por isso, ela simboliza a amizade, o adolescente. É como se as linhas e curvas, seguissem um único caminho, uma longa decida em alta velocidade, sem se preocupar com as conseqüências, sem ter medo de errar, preocupando-se somente em viver, viver o hoje e o agora, para mais tarde, quando for obrigado a crescer, não se arrepender de suas escolhas e enfim reiniciar o ciclo da vida, do amor, da família.
  • 39. 44 CONSIDERAÇÕES FINAIS O processo de criação deste trabalho teve início, mesmo inconscientemente, durante as aulas e oficina de escultura realizadas durante o curso. Foi precisamente no terceiro ano, quando cursava a oficina direcionada somente à escultura, que deparei com a técnica de sobreposição de chapas de madeira. Apaixonei-me pelo resultado, pela técnica e decidi que meu projeto final seria embasado neste procedimento envolvendo o tema “AMOR”. As formas e os sentimentos foram abordados com a preocupação de instituir uma relação entre o homem racional e o emocional, entre o homem e o sentimento. As relações feitas a partir das diversidades e semelhanças entre o material e as subjetividades, indicam que vivemos a todo o momento cercados de princípios que discordam entre si, porém que necessitam permanecer unidos, de forma coerente e harmoniosa. Almejando constatar melhor esse vínculo, senti a necessidade de pesquisar alguns livros na área de filosofia e psicologia. As pesquisas efetuadas, tanto teóricas quanto as práticas, garantiram contextos e desenvoltura para o meu trabalho, além de me proporcionar um enorme desenvolvimento pessoal e artístico. Para o desenvolvimento prático das esculturas foram feitos muitos estudos das formas com auxílio de desenhos de grafite em traços simples, seguidos por experimentos da forma bi-dimensional em argila modelada e experimentos com materiais miscigenados nesta técnica, fundamentados na harmonia do material. Além disso, foi efetuada uma pesquisa sobre os tipos, tonalidades e espessuras da madeira a ser usada. As dificuldades que despontaram no decorrer do processo de produção serviram como um grande desafio, essas são atribuídas quase que exclusivamente à qualidade das chapas de compensado, onde o processo de acabamento da peça “Escolhas” foi extremamente trabalhoso, mas nada que não pudesse ser solucionado. O resultado final de pesquisas e trabalhos sucessivos não poderia ser outro que não o de ter finalizado com sucesso os objetivos propostos.
  • 40. 45 BIBLIOGRAFIA ARNHEIN, Rudolf. Arte e Percepção Visual: uma Psicologia da Visão Criadora. 13ª ed. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 2000. BARDI, P. M. Em Torno da Escultura no Brasil. Brasil: Raízes Artes Gráficas Ltda. Banco Sudameris Brasil, 1989. ___________ História da Arte Brasileira – Pintura * Escultura * Arquitetura * Outras Artes. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1875. BOZAL, Valleriano e Ali. Escultura I - História Geral da Arte. Madrid: Ediciones Del Prado, 1995. ___________________ Escultura II - História Geral da Arte. Madrid: Ediciones Del Prado, 1996. ___________________ Escultura III - História Geral da Arte. Madrid: Ediciones Del Prado, 1996. BRASIL, Centro Cultural Banco do. Mary Vieira: O Tempo do Movimento. São Paulo: Centro Cultural do Banco do Brasil, 2005. CÁPUA, Carla M. B. História da Arte: da Pré-história ao Barroco. Apostila formulada para o curso de Artes Visuais – UFMS. Campo Grande – MS, 2004. CAVALCANTI, Carlos. História das Artes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1970. FROMM, Erich. A Arte de Amar. 5ª ed. Belo Horizonte, MG: Itatiaia Limitada, 1966. GIKOVATE, Flávio. O Instinto do Amor. 3ª ed. São Paulo, SP: MG Editores Associados, 1980. GOMBRICH, E. H. A História da Arte. Trad. Álvaro Cabral. 16ª ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1999. HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004. JANSON, Anthony F e H W. Iniciação a História da Arte. Trad. Jefferson Luiz Camargo. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996. JARRASSÉ, Dominique. Rodin: A Paixão do Movimento. Trad. Maria Filomena Duarte. Lisboa: Livros e Livros, 2001.
  • 41. 46 KRAUSS, Rosalind E. Caminhos da Escultura Moderna. Trad. Julio Fischer. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. LANGER, Susanne K. Sentimento e Forma. São Paulo: Perspectiva, 1980. LYNTON, Norbert. O Mundo da Arte – Arte Moderna. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 19179. OSBORNE, Harold. Estética e Teoria da Arte. Trad. Octávio Mendes Cajado. 3ª ed. São Paulo: Cultrix, 1968. OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processo de Criação. 18ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1987. _________________ Universos da Arte. 24ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. PINACOTECA. Henry Moore, Brasil 2005: Uma Retrospectiva. São Paulo: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2005. PROENÇA, Graça. História da Arte. São Paulo: Ática, 2003. READ, Herbert. As Origens da Forma na Arte. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981. SACRAMENTO, Enock. Brasil Artshow. 2ª ed. São Paulo: JC Editora, 2005. SOUSA, Richard Perassi de. Roteiro Didático da Arte na Produção do Conhecimento. Campo Grande, MS: UFMS, 2005. WEIL, Pierre. Amar e ser Amado: A Comunicação no Amor. 19ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1990. WITTKOWER, Rudolf. Escultura. Trad. Jefferson Luiz Camargo. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. WÖLFFLIN, Heinrich. Conceitos Fundamentais da História da Arte. Trad. João Azenha Jr. São Paulo: Martins Fontes, 1984. ZANINI, Walter. Tendências da Escultura Moderna. 2ª ed. São Paulo: Cultrix, 1980.