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A Teologia Escolástica de São Tomás
1. A Teologia Medieval Escolástica
Afonso Murad
www.casadateologia.blogspot.com
Casa da Teologia (5)
2. Teologia Escolástica
• Gestação : o que sobrou da
patristica. Sentenças isoladas dos
Padres.
• Inícios: entrada do pensamento de
Aristóteles. Uso da dialética.
• Santo Anselmo: fides quaerens
intellectum.
• Cisma do Oriente em 1054. Perda
da teologia simbólica.
• Ensino nas escolas de catedrais e
mosteiros.
• Consolidação com Santo Tomás.
3. Elementos do ensino na Escolástica
Lectio: explicação do mestre. Os
estudantes devem reter informações na
memória.
Commentarium: exegese das grandes
obras dos mestres do passado.
Quaestio: desenvolvimento dialético,
submetendo determinada afirmação à
elaboração crítica.
Disputatio: estudantes e mestres
discorrem sobre temas e pensamentos
de autor ou obra.
Quodlibet: Discussão livre sobre
qualquer espécie de assunto.
Sententiae: retomada de sumas
teológicas.
6. A Suma Teológica
Veja como a Suma teológica
se estrutura em três partes,
com as respectivas questões
7. Primeira parte
Tratado de Deus (Questões 1 a 26)
A Sagrada Doutrina (1)
Natureza e extensão da Sagrada Doutrina (1)
O Deus Único (2-26)
A Existência de Deus (2)
A Essência de Deus (3-13)
Operações do Intelecto Divino (14-18)
Operações da Vontade Divina (19-21)
Operações do Intelecto e da Vontade (22-24)
O Poder de Deus (25-26)
Tratado da Trindade (27 a 43)
Tratado da Criação (44 a 49)
Tratado dos Anjos – O Espírito (50-64)
Tratado dos Seis Dias – A Matéria (65 a 74)
Tratado do Homem (Espírito e Matéria) (75-102)
Tratado do Governo Divino (103-119)
8. Segunda Parte - I
Tratado do fim último do homem (1-5)
Tratado dos Atos Humanos (6-48)
Tratado dos Hábitos (49-89)
Tratado das Leis (90-108)
A essência, os vários tipos e os efeitos da lei (90-92)
A Lei Eterna (93)
A Lei Natural (94)
A Lei Humana (95-97)
A Antiga Lei (98-103)
A Nova Lei (106-108)
Tratado da Graça (109-114)
9. Segunda Parte - II
Tratado da Fé, Esperança e Caridade (1-46)
Tratado das Virtudes Cardeais (Prudência, Justiça, Fortaleza, Temperança) (47-178)
Tratado da Vida Contemplativa e da Vida Ativa (179-182)
Tratado dos Estados de Vida (183-189)
10. Terceira Parte
Tratado da Encarnação (1-26)
Tratado da Vida de Cristo (27-59)
Tratado dos Sacramentos (60-65)
Batismo (66-71)
Confirmação (72)
Sagrada Eucaristia (73-83)
Penitência (84-90)
11. Suplemento da Terceira Parte
Penitência(continuação)(1-28)
ExtremaUnção(29-33)
OrdensSagradas(39-40)
Matrimônio(41-68)
ARessurreição(66-99)
12. Veja uma questão da Suma Teológica
Observe como ela segue o esquema lógica:
- Afirmação inicial, em forma de questão
(parece que....)
- Argumentos que justificariam tal afirmativa*.
- Afirmação central, seguida da solução para a
questão. Aqui se condensa a doutrina.
- Refutação dos argumentos apresentados no
início, mostrando como são insuficientes.
* Faltam as notas de rodapé.
13. O quinto ponto discute-se assim:
Parece que a fé não é uma virtude.
A fé como virtude (Ia-IIae, q. 65)
14. 1. Pois, a virtude, tornando bom quem a possui, como
diz o Filósofo, ordena para o bem. Ora, a fé ordena
para a verdade. Logo, não é virtude.
2. Demais: Mais perfeita é a virtude infusa, que a
adquirida. Ora, a fé, pela sua imperfeição, não é
considerada virtude intelectual adquirida, segundo
claramente o diz o Filósofo. Logo, com maior razão,
não pode ser considerada virtude infusa.
3. Demais: A fé informada e a informe são da mesma
espécie, como já se disse. Ora, a informe não é virtude,
por não ter conexão com as demais virtudes. Logo,
também não é a fé informada.
4. Demais: A graça gratuita e o fruto distinguem-se das
virtudes. Ora, a fé está enumerada entre as graças
gratuitas (1Cor 12, 9); e também entre os frutos (Gl 5,
23). Logo, não é a fé uma virtude.
15. Mas, em contrário, o homem se justifica pelas
virtudes; pois, a justiça é a virtude total, como diz
Aristóteles4. Ora, o homem se justifica pela fé, no
dizer da Escritura (Rm 5, 1): Justificados pois pela
fé, tenhamos paz, etc. Logo, é a fé uma virtude.
16. SOLUÇÃO. — Como do sobredito resulta, a virtude humana
torna bom o ato humano. Por onde, todo hábito, que for
sempre princípio de atos bons, pode considerar-se como
virtude humana. Ora, tal hábito é a fé informada. Pois, sendo
crer um ato do intelecto, que assente à verdade, por império
da vontade, duas condições se requerem para esse ser
perfeito. Uma, que o intelecto tenda infalivelmente para o
seu bem, que é a verdade; outra, que infalivelmente se
ordene ao fim último, por causa do qual a vontade assente à
verdade. Ora, ambos esses elementos se encontram na fé
informada. Pois, é da essência mesma da Fé, que o intelecto
seja sempre levado para a verdade, pois a fé não é susceptível
de falsidade, como já estabelecemos.
17. SOLUÇÃO. Ora, pela caridade, que informa a fé, a
alma tem uma vontade que se ordena infalivelmente
para um fim bom. Logo, é virtude a fé informada.
A fé informe, porém, não é virtude, porque, embora
tenha o ato de fé informe a perfeição devida, por
parte do intelecto, não a tem contudo por parte da
vontade. Assim, como se a temperança existisse no
concupiscível, e não existisse no racional a prudência,
não seria a temperança virtude, como já dissemos7.
Porque o ato de temperança exige um ato de razão e
outro do concupiscível, assim como o ato de fé exige
o ato da vontade e o do intelecto.
18. DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — A
verdade, em si mesma, é o bem do intelecto, pois é a
perfeição dele. Por onde, enquanto que pela fé, o
intelecto é determinado para o verdadeiro, a fé se
ordena para um certo bem. Mas ulteriormente,
enquanto informada pela caridade, também se ordena
para o bem, como objeto da vontade.
RESPOSTA À SEGUNDA. — A fé de que fala o Filósofo se
apóia na razão humana que não conclui
necessariamente e é suscetível de falsidade. Por onde,
essa fé não é virtude. Ao contrário, a fé de que
tratamos, funda-se na verdade divina infalível, e
portanto não é suscetível de falsidade. Portanto, tal fé
pode ser virtude.
19. • RESPOSTA À TERCEIRA. — A fé informada e a informe não diferem
especificamente, como se pertencessem a espécies diversas.
Diferem porém como, na mesma espécie, o perfeito, do
imperfeito. Por onde, a fé informe, sendo imperfeita, não realiza
perfeitamente a essência da virtude, pois, a virtude é uma certa
perfeição como diz o Filósofo.
• RESPOSTA À QUARTA. — Certos ensinam que a fé enumerada
entre as graças gratuitas, é a fé informe. — Mas não é esta opinião
fundada, porque as graças gratuitas, no caso enumeradas, não são
comuns a todos os membros da Igreja. Donde o dizer o Apóstolo:
Há repartição de graças; e ainda: a um é dado isto, a outro,
aquilo. Ora, a fé informe é comum a todos os membros da Igreja;
porque o ser informe não lhe pertence à substância, enquanto
dom gratuito. – Por onde, devemos dizer que fé, no caso vertente,
deve ser tomada por alguma excelência dela, p. ex., pela
constância, como diz a Glosa, ou pela linguagem da fé. Por outro
lado, é a fé considerada como fruto, enquanto o seu ato produz
certo deleite, em razão da certeza. Por isso, quando o
Apóstolo enumera os frutos, a Glosa explica que é a fé a certeza do
invisível.
20. Importância da teologia escolástica
• Significou um momento alto de articulação da
fé com o pensar humano (razão filosófica).
• Acolheu e integrou o conhecimento da época,
de forma original e ousada.
• Primou pelo rigor conceitual.
• Respondeu a profundas perguntas humanas.
• Possibilitou o desenvolvimento da teologia
como saber sistematizado.
21. Limites da teologia escolástica
• Usa a bíblia somente para confirmar o que se
sabe. A bíblia não ilumina a teologia, é
somente um argumento a mais para ela.
• Ao acentuar a dimensão intelectual da fé,
desenvolve pouco a mística (espiritualidade).
• É uma teologia conceitual. Não considera a
narração como possibilidade de refletir sobre
a fé.
22. Referência bibliográfica básica
Capítulo 4 Capítulo 3
www.casadateologia.blogspot.com
murad4@hotmail.com (versão 2014)
*Bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq