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UNIVERSIDADE do ESTADO da BAHIA

          Maria Derivagna dos Santos Silva




         Educomunicação no Campo

Impactos e relevância social no Território do Sisal




                   Conceição do Coité

                         2010
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          Maria Derivagna dos Santos Silva




          Educomunicação no Campo:
Impactos e relevância social no Território do Sisal



                                        Trabalho de conclusão apresentado
                                        ao curso de Comunicação Social –
                                        Habilitação em Rádio e TV, na
                                        Universidade do Estado da Bahia,
                                        como requisito parcial de obtenção
                                        do grau de bacharel em
                                        Comunicação, sob a orientação da
                                        professora Vilbégina Monteiro.




                   Conceição do Coité
                         2010
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            Maria Derivagna dos Santos Silva




         Educomunicação no Campo
Impactos e relevância social no Território do Sisal




                Trabalho   de   conclusão   apresentado   ao   curso   de
                Comunicação Social – Rádio e TV, da Universidade do
                Estado da Bahia, sob a orientação da professora
                Vilbégina Monteiro.




             Data:___________________________
            Resultado: _______________________


           BANCA EXAMINADORA
             Prof. (Orientador) _________________
            Assinatura _______________________


             Prof. __________________________
             Assinatura _____________________


             Prof. __________________________
             Assinatura _____________________
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Dedico este trabalho aos meus
pais Dermeval e Flora, pelo
incentivo e apoio incansável
desde o período do vestibular
até   a       produção   desta
monografia.
5



                         AGRADECIMENTOS




                        Aos colegas pelo companheirismo.

                       Aos professores pelos ensinamentos.

  Aos meus irmãos pela ajuda na realização de atividades para a produção desta

                                   monografia.

                 Ao MOC pelas informações e materiais cedidos.

E, em especial, a professora Vilbégina Monteiro pela dedicação, paciência e os bons

                  conselhos para a concretização desse trabalho.
6




“O diálogo é o encontro amoroso dos homens que, mediatizados pelo
mundo o pronunciam, isto é, o transformam, e, transformando-o o
humanizam para a humanização de todos”.

Paulo Freire
7



                                   RESUMO


        EDUCOMUNICAÇÃO NO CAMPO: IMPACTOS E
      RELEVÂNCIA SOCIAL NO TERRITÓRIO DO SISAL


A educomunicação constitui-se em uma nova metodologia para o desenvolvimento
do processo de ensino-aprendizagem e para a democratização da comunicação
através da leitura crítica dos meios de comunicação de massa e da produção
midiática nas escolas. Esta monografia tem como objetivo verificar o impacto que o
Projeto de Educomunicação no Campo desenvolvido pelo Movimento de
Organização Comunitária (MOC) nas cidades de Valente, Retirolândia e Conceição
do Coité tem nas vidas das crianças das escolas envolvidas, assim como os
benefícios de se utilizar uma nova metodologia para o aperfeiçoamento das aulas,
trabalhando a partir da realidade social dessas crianças, dando prioridade aos
aspectos rurais presentes no seu dia-a-dia, disseminando os ideais de cidadania. As
teorias de Paulo Freire e os estudos sobre educomuncação apontam caminhos para
se alcançar a qualidade da educação através do diálogo. Para tal, foram realizadas
pesquisas exploratórias e bibliográficas, observação das atividades desenvolvidas e
entrevistas com alunos e professores. A produção de fanzines, jornal-mural e
programas de rádio tem ajudado aos alunos dessas escolas a desenvolverem suas
capacidades de leitura e escrita, além da perda da vergonha, deixando-os mais
desinibidos para participarem das aulas e, como consequência, aprenderem mais.




Palavras-chave: Educomunicação; Educação; Comunicação; Território.
8



                                                     SUMÁRIO


Introdução.......................................................................................................     9


1    Educomuncação: uma prática em desenvolvimento no Brasil............                                              12
     1.1 As Teorias da Comunicação em revista...............................................                          13
     1.2 Comunicação e educação: concepções freirianas................................ 18
     1.3 Educomunicação: historicizando uma prática no Brasil........................                                 22


2    Território do Sisal: organização para o desenvolvimento do
     semiárido baiano....................................................................................... 28
     2.1 Contribuições do MOC para o desenvolvimento do Território do Sisal. 33


3    Educomunicação: uma área em constante desenvolvimento no
     processo de ensino-aprendizagem nas escolas do semiárido
     baiano......................................................................................................... 38
     3.1 Impactos e relevâncias para os alunos das escolas envolvidas...........                                      39
     3.2 O quantitativo/qualitativo da aplicação da educomunicação nas
     escolas do campo.......................................................................................          44
     3.3 O uso da educomunicação para o fortalecimento das atividades
     escolares.....................................................................................................   47


Considerações finais.....................................................................................             50


Referências Bibliográficas.............................................................................               53


Apêndices.....................................................................................................        55
9



                                   Introdução


      Esta monografia foi produzida com a intenção de entender a atuação do

Programa de Educomunicação no Campo do Movimento de Organização

Comunitária (MOC) e o impacto que este causa nas vidas de alunos e professores

referente ao processo escolar.

      Foram observados o desenvolvimento de capacidades e a superação de

barreiras que impedem o desenvolvimento cognitivo de muitas crianças no processo

de educação e a dificuldade que as escolas encontram de trabalhar conteúdos

midiáticos dentro do currículo formal.

      Desde 1994 o MOC desenvolve o Projeto Conhecer, Analisar e Transformar

(CAT) promovendo a capacitação de professores das escolas públicas para que

estes possam inserir em suas metodologias de ensino, trabalhos com temáticas

ligadas a cultura da região. Desde 2006 desenvolve em escolas onde o Projeto CAT

já era desenvolvido, o Educomunicação no Campo, voltado para o incentivo da

produção midiática pelos alunos.

      Mas poucos estudos, principalmente de nível acadêmico, foram realizados

para analisar sua eficácia quanto ao alcance dos objetivos, principalmente o de

democratização da comunicação através do aumento quantitativo de emissores de

mensagens através dos meios de comunicação de massa, principalmente dos de

caráter comunitário, e a obtenção de melhor qualidade no processo educacional das

escolas envolvidas.

      Considerando-se a abrangência do Programa e dos objetivos propostos, é

importante analisar seus impactos e a relevância que a comunidade escolar atribui a
10



ele, investigando os aspectos que mais se desenvolvem e os que são pouco

percebidos entre as atividades realizadas.

      Para a concretização desse estudo, foram utilizadas técnicas exploratórias,

como a realização de pesquisas bibliográficas, análise de material produzido pelos

alunos nas atividades do programa, observação direta de atividades nas escolas,

entrevistas com alunos e professores para obtenção de dados referentes ao avanço

no processo educacional com a utilização das práticas educomunicativas e

entrevistas com integrantes do MOC, mais especificamente com os responsáveis

pelo Programa de Educomunicação no Campo.

      O estudo da aplicação de práticas semelhantes a essa pode, além de analisar

sua metodologia, eficiência e comprovar o alcance dos objetivos propostos, levar a

um maior número de pessoas um importante método para a qualificação no

processo de ensino-aprendizagem, oferecendo exemplos de práticas que podem ser

importantes para educadores que buscam desenvolver aulas mais participativas e

dinâmicas, que possibilitem a integração dos alunos e permitam mais possibilidades

de aprendizado, utilizando-se inclusive de temáticas que não são necessariamente

do universo escolar, mas que estão presentes no dia-a-dia das crianças.

      O interesse em estudar o tema também se justifica por o objeto em análise

constituir-se como uma metodologia que desperta minha atenção devido às linhas

de trabalho que utiliza, que são a educação e a comunicação. A experiência com

educação infantil me ajudou a perceber a necessidade da educomunicação em sala

de aula.

      Este estudo está desenvolvido em três capítulos. No capítulo 1 foi abordado o

desenvolvimento dos meios de comunicação e o aumento de estudos significativos

sobre sua atuação na sociedade; o surgimento das teorias da comunicação e suas
11



contribuições para o desenvolvimento de estudos acerca dos meios de

comunicação; as ideias de Paulo Freire e suas inquietações sobre a necessidade de

comunicar para melhor educar e o surgimento da educomunicação no Brasil, suas

metodologias e sua cooperação para o aprimoramento da educação básica.

      No capítulo 2 há uma descrição sobre o local onde as práticas

educomunicativas do MOC são desenvolvidas, o Território do Sisal e o crescente

trabalho de entidades que buscam o desenvolvimento local através de atividades

ligadas a valorização do regional e da cultura do lugar. Muitos desses trabalhos

desenvolvidos são de autoria do MOC ou recebem apoio da organização (tanto

financeiro quanto pedagógico) para a sua aplicação.

      No capítulo 3, apresento o estudo realizado com as escolas que desenvolvem

o Programa de Educomunicação no Campo, com a explanação de como o estudo foi

desenvolvido, apontando melhorias alcançadas e a importância do programa para o

fortalecimento do processo educativo de crianças que vivem no campo através de

metodologias que utilizam nas suas vivências diárias.
12



                                     Capítulo 1



        Educomunicação: uma prática em desenvolvimento
                        no Brasil

      Os meios de comunicação de massa desempenham um importante papel na

sociedade contemporânea, se fazendo presentes na vida de cada pessoa

influenciando seus hábitos, personalidade e formação de opiniões. A programação

é, muitas vezes, desenvolvida para atender cada público específico (que vai desde

faixa etária a questões de gênero e raça) que cresce cada vez mais.

      A cultura de um povo sofre influência direta dos meios de comunicação que

predominam na sua região e a maior interferência acontece através da televisão

que, na maioria das vezes, determina a moda, age na forma de falar inserindo gírias

no vocabulário dos telespectadores, lança as músicas mais ouvidas etc.

      Os meios de comunicação de massa devem atuar em prol da sociedade, de

um modo que desenvolvam sua função democrática e social, que é, além de

entreter, apresentar informações de interesse coletivo sem fazer julgamento prévio

da importância do seu conteúdo ou qualificá-los de acordo a interesses de poucos.

      Eles também atuam de forma significativa na promoção e exercício da

cidadania, e trazem para cada cidadão informações de interesse público, deixando-

os a par dos principais acontecimentos e assim, dando a cada um conteúdo para

formar sua opinião, buscar seus direitos e colocar em prática os seus deveres de

ator social comprometido com o seu bem estar e o da sociedade.

      Mas a formação de cada pessoa depende da inter-relação entre diversos

setores da sociedade que agem juntos, como poder público, família, meios de
13



comunicação e escola, que desempenham seus papéis de orientadores no processo

de desenvolvimento pessoal. No entanto, essa inter-relação, por vezes, fica

prejudicada devido aos métodos que cada veículo de comunicação utiliza no seu

trabalho. Por exemplo, a escola que tem muita dificuldade em trabalhar com a

recepção dos meios de comunicação, tão pouco incentivar o exercício da

comunicação comunitária dentro das salas de aula.

      A escola tem grande responsabilidade na formação do caráter e

personalidade de cada pessoa que desde o início da vida já a frequenta e por isso

precisa ampliar seus métodos de ensino-aprendizagem para garantir a cada criança

não apenas a recepção passiva dos meios de comunicação de massa, mas

incentivá-las a fazer julgamentos, exigir seus direitos de cidadão e, principalmente a

produzirem conteúdo informativo dentro do seu espaço como prática de exercício de

cidadania.

      Este capítulo tratará dessa prática que se faz cada vez mais necessária nas

salas de aula, apresentando como ela é vista por especialistas das áreas de

educação e comunicação e os retornos alcançados através da aplicação dessa

metodologia no espaço educacional.




                1.1 As teorias da comunicação em revista



      A expansão da comunicação social despertou o interesse de estudiosos e

intelectuais de diferentes campos do saber, como: linguística, filosofia, sociologia,

entre outros, que passaram a estudar os efeitos desse fenômeno tanto na vida

pessoal quanto na sociedade. A partir desses estudos foram formuladas as teorias

da comunicação, que na sua primeira fase concentraram sua atenção sobre as
14



mensagens da mídia e o efeito sobre os indivíduos, e na segunda, deram destaque

ao processo de seleção, produção e divulgação das informações através dos meios

de comunicação.

      Segundo Vera Veiga França (2001), a partir de 1930 nos Estados Unidos

começou a ser desenvolvido um determinado tipo de pesquisa sobre os meios de

comunicação de massa, mais especificamente sobre os seus efeitos e funções.

Foram os mass communication research, que deram início à Teoria da

Comunicação. Era uma maneira de acompanhar o desenvolvimento desses

veículos, analisando suas metodologias de criação, divulgação e o quanto podiam

interferir nas vidas dos receptores.

      A princípio os estudos concentravam-se em conhecer os efeitos a partir de

estímulos lançados pelos meios de comunicação, com métodos quantitativos que

analisavam conteúdos, audiência e os reflexos que eram levados a cada espectador.

A Teoria Hipodérmica, por exemplo, baseou-se no conceito de “estimulo/resposta”,

pelo qual as mensagens dos meios de comunicação não encontrariam barreiras

para adentrar ao público, que estando organizado em massa recebe as mensagens

de forma isolada, mas com igual efeito para cada individuo, que apenas assimila e a

recebe de forma passiva.

      A Teoria Hipodérmica se constitui de estudos baseados nas teorias da

sociedade de massa que viam os indivíduos isolados, tanto física quanto

psicologicamente, dentro da sociedade industrial do século XX (Le Bron e Ortega y

Gasset, apud Araújo, 2001, p. 125).

       Nesse período os conteúdos produzidos pelos meios de comunicação de

massa eram vistos como impróprios e que tinham ação uniforme sobre as pessoas

sem levar em consideração aspectos culturais, políticos e até mesmo geográficos.
15



      Nesse sentido, a capacidade individual de interpretação dos receptores,

assim como sua inteligência e referências anteriores eram desconsideradas. Nesse

período existia uma resistência por parte de alguns teóricos da área em entender os

meios de comunicação como transmissores de mensagens para a informação e

diversão, entre tantas outras funções. Para eles, as pessoas comportavam-se de

maneira semelhante, com os mesmos sentimentos e reações, de forma passiva,

diante de todo conteúdo a que tinham acesso através dos diversos meios de

comunicação de massa.

      O cientista político Harold Lasswell desenvolveu um modelo que tentou

preencher as lacunas da teoria hipodérmica, que levava em consideração quem era

o emissor, o receptor, qual o meio, a mensagem e o efeito.

      Depois dessa fase novos estudos passaram a levar em consideração as

experiências pessoais de cada pessoa, atribuindo a isso a forma de recepção de

todo material produzido pelos meios de comunicação de massa.           A Teoria da

Persuasão preconizava que as mensagens dos meios de comunicação não são

aceitas de imediato, mas são submetidas a filtros psicológicos individuais e assim as

mensagens não têm poder de manipulação, mas de persuasão. A resposta ao

conteúdo recebido depende de aspectos psicológicos de cada pessoa e esses são

relativos à audiência quando a pessoa vê o que está mais próximo de sua realidade

e, em alguns momentos, chega a distorcer o conteúdo da mensagem para adequá-la

à sua maneira de entender a situação.

      Segundo Araújo (2001), a atuação de vários processos psicológicos entre “a

ação dos meios e dos efeitos”, fazia com que cada pessoa se comportasse de forma

diferente diante da mesma informação.
16



      Nesses estudos já se podia notar os interesses em associar os meios de

comunicação de massa ao universo dos seus receptores, assim como fazer a

análise crítica das mensagens recebidas a fim de poder agir de forma individual

perante cada acontecimento vivenciado através dos veículos de comunicação.

Demonstra-se a importância do receptor das mensagens para a existência desses

veículos e a necessidade de se produzir informação de forma que considere a

diversidade de pessoas que irão receber.

      Gradativamente crescem os estudos que buscam mostrar que o receptor tem

uma função importante para a existência dos meios de comunicação de massa, que

por sua vez, tornam-se mais um instrumento de ação na vida dessas pessoas e não

apenas o único. Não é desconsiderada a importância desses meios na formação de

cada pessoa e para o convívio social, mas reconhece-se também o ser humano

como atuante dentro dessa sociedade e capaz de compreender e tecer suas

próprias opiniões a respeito dessas produções, levando em consideração muitas

outras experiências ao longo da sua história.

      A base da educomunicação está justamente nessa percepção de que o

ouvinte/expectador pode atuar no processo de formação da sua sociedade,

utilizando os meios de comunicação para a divulgação de ideiais, assim deixa de ser

apenas receptor, transformando-se em um emissor.

      São nesses pressupostos que se baseia a Teoria Empírica, que estuda essa

relação entre a recepção das mensagens midiáticas e as vivências e conhecimentos

das pessoas. Ela que diz que a mídia é apenas mais um instrumento de influência

na vida social, que disputa espaço com outros grupos que também são

fundamentais no processo de formação de cada indivíduo, em maior ou menor grau,
17



como família, igreja, partido político, entre outros, descartando assim uma relação

direta entre os meios de comunicação e as atitudes humanas.

      Com o surgimento da Escola de Frankfurt, aumenta o interesse em analisar a

produção em larga escala e passa-se a levar em consideração os interesses

mercadológicos desse processo, estudando os aspectos industriais contidos em

obras como filmes e músicas. A Teoria Crítica considera a produção midiática como

produto da era capitalista. Assim, a arte é concebida pela mídia como qualquer outro

produto industrial, por isso os autores dessa teoria utilizam o termo “indústria

cultural” para caracterizar a produção midiática. Para França (2001, p. 56),



                    a teoria crítica se desenvolve em contraposição – e quase como um antídoto
                    – para a perspectiva pragmática e positivista americana, promovendo uma
                    crítica severa à mercantilização da cultura e a manipulação ideológica
                    operada pelos meios de comunicação de massa.



      Já a Teoria do Agendamento, ou Agenda Setting, estuda a capacidade que os

meios de comunicação possuem para colocar em evidência determinados assuntos.

Assim, ela estuda a importância desses meios como mediadores entre o receptor e

assuntos que estão distantes da sua realidade.

      Giovandro Marcus Ferreira (2001), diz que a agenda setting constrói sua

hipótese afirmando que a influência não reside na maneira como os mass media

fazem o público pensar, mas no que eles fazem o público pensar. Essa teoria não

elimina as relações pessoais, mas também não as classificam como geradoras de

temas.

      Nesse sentido, existe uma preocupação com o poder que os meios de

comunicação possuem em evidenciar determinados fatos que lhe interessam e

ofuscar outros, sem exercer uma das suas principais funções, a imparcialidade. Não
18



é em vão que existe uma preocupação com relação ao que a grande mídia produz e

consequentemente tenta transformar em verdade.

      A presença da mídia na sociedade é tão grande e igualmente importante que

faz despertar a necessidade de conhecê-la mais a fundo. Assim, desenvolvem-se

teorias e suposições sobre suas ações, interesses e necessidades frente ao seu

desenvolvimento.

      As Teorias da Comunicação fazem perceber que a mídia tem papel

importante no processo de desenvolvimento pessoal e coletivo de seus

expectadores. Ela tem o poder de massificar temas, divulgar ideologias e sensibilizar

coletivamente com as informações que transmite.

      A educomunicação utiliza os estudos das Teorias da Comunicação para

fundamentar suas metodologias. Pois, busca sensibilizar as pessoas para se

utilizarem desse recurso para exporem necessidades, anseios, ideais e assim,

construírem uma sociedade mais centrada e que seus membros busquem juntos a

resolução dos problemas existentes.




        1.2 Comunicação e educação: concepções freirianas



      Com a massificação dos meios de comunicação, grande parte das pessoas

tem acesso a inúmeros canais de informação e entretenimento diariamente. Em

casa, no trabalho e até mesmo na rua, chegam mensagens através de rádio, TV,

alto-falantes, entre outros, que nos deixam a par dos acontecimentos locais e

mundiais.
19



      Apesar da forte presença e importância que os meios de comunicação

possuem nas vidas das pessoas e especialmente, nas vidas das crianças, as

escolas possuem barreiras para trabalhar com essas linguagens. Muitas não

valorizam esse aprendizado extraclasse e tão pouco trabalham em sala de aula

questões ligadas aos meios de comunicação de massa, deixando que as crianças

apenas absorvam o conteúdo que recebem, sem maiores conhecimentos de como

são produzidos, quais suas finalidades, a importância deles para a sociedade etc.

      A   escola   desempenha     um    papel   de   extrema   importância   para   o

desenvolvimento psicossocial dos seus estudantes e precisa sempre buscar a

inovação, com a utilização de novos recursos para as aulas, com o intuito de

estimular o processo de aprendizagem.

       Ela deve trabalhar principalmente a partir dos conhecimentos que as crianças

já possuem para alcançar melhores resultados que garantam uma educação de

qualidade, voltada, não apenas para a aquisição de conhecimentos específicos, mas

também para o bem estar social dos envolvidos.

      Paulo Freire defende a distinção entre os mundos da natureza e da cultura

dentro do processo educacional como forma de levar o ser humano a conhecer e

interagir na produção da cultura do seu povo, se fazendo parte desse meio e

atuando na construção da história cultural da sua sociedade. Ele diz ainda que o ser

humano que não consegue fazer uma leitura crítica dos meios de comunicação a

que tem acesso é um analfabeto, pois uma pessoa só se alfabetiza quando é capaz

de analisar criticamente a sociedade em que vive e as informações que recebe.

Paulo Freire (apud Burgos, 2007) cita a comunicação como algo que transforma

essencialmente os homens em sujeitos. Assim formulou sua proposição de que a

educação como construção compartilhada de conhecimentos, constituiu-se em
20



processo de comunicação, uma vez que é produzida através de relações dialéticas

entre as pessoas e o mundo.

      Freire faz uma distinção entre o homem integrado que participa de forma ativa

no processo de construção cultural do seu mundo, pois está inserido na sua

realidade, e o homem massificado, que mantém contato com a realidade, mas não

está integrado à mesma e acaba renunciando cada dia mais a sua capacidade de

decidir (MELO, 1998).

      Ele faz um alerta para o uso da palavra “extensão” no processo educativo,

pois sua função nada mais é do que levar um conhecimento pronto a um receptor,

sem dar a esse condições de analisar criticamente ou modificar essa informação, o

que invalida seus conhecimentos anteriores e sua capacidade de recriação a partir

dos conteúdos recebidos. No processo educativo a descoberta se dá dos dois lados

(educador e educando), e há abertura para a reconstrução das informações

recebidas de acordo a realidade de cada um, garantindo o aprendizado de fato, ao

invés de mera recepção de informações (FREIRE, 1977).

      Para Freire, “a educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não é

a transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a

significação dos significados” (FREIRE, apud ACCIOLY, 2005). E é nesse processo

de troca de saberes que o educador se faz muito importante, pois cabe a ele decidir

como essa ação será praticada, a melhor forma de estimular o aprendizado dos

seus alunos, decidir entre o mais fácil (educação bancária onde a realidade é

apresentada como algo estático, parado e concreto e induz ao aluno à memorização

mecânica) ou educar através dos conhecimentos prévios e diferentes que cada

criança traz e na certeza de que no dia seguinte terá novos conhecimentos para
21



partilhar. A troca de experiências entre educadores e educandos é fundamental para

aquisição de conhecimento; a educação faz parte de uma rede de interações.

       Nesse processo interativo é preciso que a comunicação empregada não seja

apenas entre professores e alunos, mas também que os meios de comunicação

ganhem espaço na sala de aula, para que cada aluno possa produzir informação,

entretenimento, entre muitos outros materiais para desenvolver suas capacidades

intelectuais, incentivar a prática da leitura e da escrita, instigá-lo à pesquisa etc.

       Barbero (2000) diz que a comunicação pode ser uma grande aliada da

educação no processo de formação de cidadãos livres, com capacidade de atuar de

forma independente na sociedade. Para ele, o modelo de educação vertical, adotado

pela grande maioria das escolas, impede que essa se abra para enriquecer-se com

as linguagens dos meios de comunicação.

       Mas não basta apenas introduzir os meios de comunicação nas escolas como

novos recursos tecnológicos que servem unicamente para transmitir conteúdo das

aulas, mas sim que sejam utilizados pelos educandos para interagirem com eles,

que selecionem o que será transmitido nesses equipamentos e, que principalmente,

sejam eles os principais produtores do material informativo, seja escrito, visual ou

auditivo.

       Muitas escolas já utilizam no processo educativo a educomunicação, que visa

o desenvolvimento dessas práticas de fortalecimento da educação através da

realização de atividades comunicativas, onde os alunos podem desenvolver o

conteúdo das matérias a partir dos seus conhecimentos e da pesquisa. No Brasil o

uso da educomunicação está em crescimento e ao longo dos anos de aplicação tem

apresentado bons resultados.
22



     1.3 Educomunicação: historicizando uma prática no Brasil



      Com o passar dos anos e a produção de novas tecnologias, os meios de

comunicação puderam levar suas informações e conteúdos para lugares cada vez

mais distantes e, consequentemente, para muito mais pessoas. Muitos especialistas

passaram a estudar os impactos da transmissão em larga escala e a qualidade do

conteúdo produzido para a formação intelectual e social dos receptores.

      Várias teorias e metodologias surgem trazendo possíveis soluções para os

problemas causados pelos media. Mário Kaplún, comunicador argentino que viveu

no Uruguai, foi o primeiro na América Latina a expressar a necessidade de educar

os cidadãos a pensarem criticamente sobre todo o material que recebiam dos meios

de comunicação de massa. Kaplún buscava mostrar que a forma mais proveitosa de

utilizar os recursos tecnológicos na educação não era como suporte pedagógico,

mas como objeto de disseminação de ideais sociais, que fizesse chegar a mais

pessoas a necessidade de observar criticamente o conteúdo que todos os dias

chega através dos meios massivos, carregados de ideologias.

      No Brasil a primeira pessoa a identificar a necessidade e a estudar alguns

movimentos nesse sentido foi o professor da Escola de Comunicação e Arte da

Universidade de São Paulo (ECA/USP) Ismar de Oliveira Soares. Ele lecionou

durante 16 anos em colégios do Ensino Médio a disciplina de geografia. Formado

em jornalismo, sempre utilizou em suas aulas programas de televisão que faziam

coberturas geográficas ligadas aos temas de suas aulas.

      Soares começou a desenvolver projetos baseados na necessidade de formar

cidadãos capazes não só de receberem passivamente as informações produzidas

de forma massificada, mas também de interagir na sua produção, participar
23



ativamente de todo o processo e ainda saber avaliar todo o conteúdo produzido

pelos media, para reduzir o impacto causado pelos veículos de comunicação de

massa.

       A esse processo, de educar os cidadãos criticamente e prepará-los para

participar   ativamente   das    produções      midiáticas,     foi   dado    o    nome      de

Educomunicação, que não só une os termos educação e comunicação, mas que cria

uma interação entre elas. Ela significa educação para a recepção crítica da mídia.


                      A educomunicação vem surgindo desde a década de 1970 para
                      representar todo esforço feito pela sociedade na defesa de causas como as
                      dos indígenas. Ela vem surgindo na América Latina por meio de grupos de
                      pessoas que se reúnem para usar os recursos da informação na defesa de
                      seus interesses a partir da perspectiva freiriana da comunicação dialógica
                      (Soares, 2009).




       Com o surgimento de movimentos populares pela cidadania nos anos 70 no

Brasil, ficava cada vez mais nítida a necessidade tanto da educação como da

comunicação     transformarem      suas     metodologias.      Segundo       Soares      (apud

SALDANHA, SANTOS, TONUS, 2009), esses movimentos exigiam que a educação

valorizasse mais a realidade, e não se prendesse somente a teorias. Era necessário

também que a comunicação abrisse mais espaço para divulgação de mensagens

com maior caráter comunitário e menos mercadológico.

       A partir dos anos 80, o surgimento das organizações não governamentais

(ONGs) foi de grande valia nesse processo, pois influenciou o voluntariado. As

ONGs ficaram mais próximas das comunidades, o que motivou a educação informal.

Assim, abria-se espaço para uma nova área, que surgia da inter-relação entre

educação e comunicação, onde as duas eram percebidas pela sociedade como

áreas de fundamental importância para a formação do indivíduo.
24



         A educomunicação começou a ser praticada por professores brasileiros em

suas aulas sobre meio ambiente, em busca da conscientização coletiva e a

integração dos alunos e comunidade para a proteção do planeta. Nesse sentido a

cidadania passou a ser mais importante do que os interesses mercadológicos,

praticados pelas grandes mídias.

         No final dos anos 90, Soares começou na Universidade de São Paulo (USP),

uma pesquisa para entender a interface entre comunicação e educação. No início de

sua pesquisa, observou que alguns professores realizavam seus trabalhos com base

em novas práticas, e desenvolviam uma educação para a comunicação através da

leitura crítica da mídia ou da produção de comunicação alternativa.

         O termo Educomunicação era utilizado pela UNESCO no início dos anos 80

para indicar a leitura crítica dos meios e, a USP, em 1999, deu a ele um novo

sentido, como sendo uma nova prática onde a gestão participativa é fundamental.

Na produção de material com base na educomunicação não existem funções

definidas, mas sim, a participação de todos nas diversas etapas, criando-se

conteúdo em que várias pessoas interagem desde a escolha do tema até a edição

final.

         Claudia Jawsnicker (2008) expõe a necessidade que a educação tem de

utilizar os meios de comunicação no seu processo de formação da visão crítica,

sendo a educação responsável por instruir criticamente e a mídia servindo de canal

para a realização desse processo. Mas nem sempre essa relação é bem sucedida

por causa das incertezas dos educadores com relação ao potencial que os veículos

de comunicação possuem ou ainda porque eles valorizam muito mais a aula

expositiva como forma de transmissão de conhecimento.
25



      Izabel Leão (2009) fala sobre o amadurecimento da educomunicação, que

além de fazer leitura crítica da mídia, propõe que tanto alunos quanto professores se

apropriem das diferentes tecnologias no dia-a-dia da sala de aula de maneira

participativa, onde “o diálogo se dê horizontalmente” e que a prioridade seja a

realização de atividades em conjunto para que possam partilhar conhecimentos e

desenvolverem potencialidades. O principal objetivo da educomunicação consiste

não na utilização das melhores tecnologias, mas sim, em “como utilizar esses

recursos para melhorar as relações de comunicação entre os envolvidos”.

      Além das tecnologias utilizadas no processo de educomunicação, da

participação das crianças, da metodologia utilizada, existe outro personagem que

tem   fundamental    importância    para   obtenção    do   êxito   nas   atividades

educomunicativas: o educomunicador. É ele quem faz toda orientação das

atividades desenvolvidas, escolhe os métodos mais eficazes de acordo as

necessidades e potencialidades dos seus alunos e entende seu verdadeiro papel na

função de educador, que é de não apenas transmitir conhecimento, mas também de

mediar a aprendizagem, estimular o desenvolvimento de cada aluno, em que

reconhece suas dificuldades particulares e desenvolve técnicas para que eles

possam superá-las. Cabe a ele também, conhecer os diversos veículos de

comunicação que sua classe tem acesso, a forma como essas emissoras abordam

os temas mais discutidos no momento e educar seus orientandos para saberem

discernir as reais intenções de cada meio e analisarem criticamente as mensagens e

informações recebidas.

      A partir das pesquisas e projetos desenvolvidos pela ECA/USP, muitos outros

foram se articulando por todo o Brasil. Isso se deu graças ao reconhecimento da

necessidade da relação dialógica entre comunicação e educação e de que esse
26



debate precisa ser alicerçado nas salas de aulas. Diversos projetos são

desenvolvidos para capacitar os educadores, criando espaços para produção de

conteúdo midiático nas escolas, a exemplo da Agência Uga-uga de Comunicação

situada na cidade Manaus-AM, que desenvolve o Projeto Escola Cidadã com o

objetivo de mobilizar e sensibilizar adolescentes e jovens para criarem uma cultura

de participação direta na sociedade, através do desenvolvimento de ações que

visem à melhoria de sua realidade escolar e comunitária; o projeto Escola Interativa,

desenvolvido pela Cipó – Comunicação Interativa – Salvador/ BA, que utiliza a

metodologia da Educação pela Comunicação em escolas, favorecendo a construção

de conhecimentos e o desenvolvimento de habilidades e competências nesse

campo; o Projeto Escola de Vídeo em Auçuba, Recife-PE, que busca desenvolver o

senso crítico e a criatividade de jovens com a utilização da comunicação numa

perspectiva educativa. O objetivo é intervir na comunidade, com a implantação de

Núcleos de Comunicação Comunitária (NCC) que reúnam recursos materiais e a

participação humana para a realização de práticas na área da comunicação, a partir

da participação de jovens etc.

      E o projeto de Educomunicação no Campo, desenvolvido pelo Movimento de

Organização Comunitária (MOC), de Feira de Santana-Ba, que desde 2006 busca

democratizar a comunicação, com o estímulo ao debate e à prática da mesma nas

salas de aula em 14 escolas da cidade de Conceição do Coité, 6 em Retirolândia e

27 na cidade de Valente, onde os educadores são incentivados a trabalharem a

produção de mídias educativas como programas de rádio e boletins, com o incentivo

à participação ativa de crianças e adolescentes no processo de construção desses

meios.
27



      É sobre o projeto de Educomunicação no Campo no Território do Sisal que

este trabalho vai se desenvolver.
28



                                   Capitulo 2



Território do Sisal: organização para o desenvolvimento do
                       semiárido baiano

      O Projeto de Educomunicação no Campo é desenvolvido pelo MOC no

chamado Território do Sisal. O território do Sisal possui 21.256,50 quilômetros

quadrados, está localizado no semiárido baiano e é formado pelos municípios de:

Araci, Barrocas, Biritinga, Candeal, Cansação, Conceição do Coité, Ichu, Itiuba,

Lamarão, Monte Santo, Nordestina, Queimadas, Quijingue, Retirolândia, Santa Luz,

São Domingos, Serrinha, Teofilândia, Tucano e Valente.

      Caracterizado por longos períodos de estiagem, o Território do Sisal possui

um clima semiárido. O relevo é marcado por planaltos e tabuleiros e as fontes de

água são rios e riachos, muitas vezes interrompidos por barragens para guardar

essa água para o período da seca. Os lençóis freáticos da região quase sempre são

salobros por causa da baixa pluviosidade e da acidez do solo. Na vegetação há o

predomínio de caatinga, mas também existem grandes áreas de cerrado.

      Essas características influenciaram para que o MOC tivesse interesse em

desenvolver atividades nas escolas, pois é necessário que as crianças conheçam

melhor o lugar onde vivem, e possam desenvolver atividades voltadas para a

disseminação de conhecimento e aplicação de técnicas para o fortalecimento da

agricultura familiar e a melhoria da qualidade de vida dos moradores dessas cidades

e principalmente, das zonas rurais dos municípios.

      A cultura do Território é bem diversificada, marcada por manifestações

folclóricas e caracterizada pela exaltação das tradições mais antigas, como: reisado,
29



bumba meu boi, literatura de cordel, cantiga de roda, entre outros, que resistem,

ainda com formas peculiares, ao processo de desenvolvimento e modernização das

cidades. São manifestações que refletem a simplicidade e a disposição do povo para

continuar lutando pela preservação da sua história e a concretização dos seus

desejos.

      A música também tem presença marcante. O forró, ritmo característico do

nordeste brasileiro, se junta a outros, de origem de diversas partes do Brasil e do

mundo nos momentos de festas e confraternizações.

      A festa mais popular de toda região é o São João, que perdura por todo mês

de junho, a começar com as comemorações de Santo Antonio no dia 13 e indo até o

São Pedro no dia 29. Neste período, um outro aspecto cultural da região se faz

ainda mais forte: a culinária. Como celebração da boa colheita após as plantações

no período chuvoso do verão, as mesas nos festejos juninos tornam-se fartas de

milho assado e cozido, canjica, pamonha, amendoim, bolos e o tradicional licor.

Toda a festa se faz concomitante à queima da fogueira, símbolo maior das festas de

São João e da apresentação das quadrilhas. Ainda entre os principais festejos do

Território do sisal, existem as quermesses, vaquejadas e a festa da Quixabeira, que

reúne diversas manifestações culturais de toda região.

      Em 2008, o governo federal criou o programa Territórios da Cidadania, uma

forma de promover o desenvolvimento econômico e tornar viáveis à população

programas voltados para a cidadania por meio de estratégias de desenvolvimento

territoriais sustentáveis. O Território do Sisal foi um dos beneficiados com esse

programa do governo que garante recursos para os territórios com maior nível de

organização, o que garante uma melhor estruturação nas atividades desenvolvidas,
30



como obtenção de crédito, assistência técnica, financiamento e principalmente a

criação de políticas públicas por entidades não-governamentais e públicas.

       Todos os municípios       que   integram   o Território   têm   características

essencialmente rurais e boa parte das famílias sobrevivem da prática da agricultura

familiar que garante a geração de renda e promove o desenvolvimento sustentável

da região. Segundo Machado (2006), antes era desenvolvida a agricultura

monofuncional, baseada unicamente na exploração do sisal. Com a estruturação de

políticas públicas e a criação de entidades de apoio e assistência ao agricultor

familiar passou a prevalecer à agricultura multifuncional com o processamento,

beneficiamento e a industrialização de atividades desenvolvidas principalmente a

partir do sisal.

       O artesanato é mais uma fonte de renda para muitos habitantes, que usam

principalmente o sisal como matéria-prima, para desenvolver uma grande variedade

de produtos, que além de servirem como adorno para decoração das casas, também

são muito úteis nas atividades do dia-a-dia.

       Foi graças à organização social que o poder público passou a perceber os

grupos que se formavam e a promover uma forte integração entre sociedade civil

organizada e o poder público local, o que garantiu a criação e execução das políticas

públicas idealizadas pelos diversos segmentos que atuam na região.

       Um dos pontos fortes do território é a atuação dos movimentos sociais, que se

desenvolveram frente à grande necessidade de organização de seu povo para

buscar melhorias para suas vidas. A pouca valorização do sisal, a falta de recursos

para investir na agricultura e pecuária fizeram com que práticas como o

cooperativismo e o associativismo ganhassem cada vez mais espaço, oferecendo às

pessoas mais apoio para juntas lutarem pelo desenvolvimento local. Segundo
31



Castells (apud Machado, 2006), nesse processo para que essa organização se

concretize, acontece uma passagem de uma “identidade de resistência”,

desenvolvida a partir do desconhecimento da população dos efeitos causados por

essas iniciativas, para uma “identidade de projetos”. Para ele, identidades que se

iniciam como de resistência, podem transformar-se em identidades de projetos e,

caracterizarem-se como legitimadoras no processo de formação social.

      Os movimentos sociais são de grande importância para o fortalecimento da

comunicação social no Território do Sisal, antes marcado pela cultura do silêncio,

durante o período de dominação fundiária e opressão por parte dos grandes

proprietários de terra. O meio de comunicação predominante na região é a rádio

comunitária, onde quase todas as cidades possuem uma, muitas delas ainda em

processo de legalização. As rádios comunitárias despertaram na população a

necessidade de participação no processo de construção da sociedade, dando vez e

voz para quem antes apenas ouvia e via a vida acontecer através dos grandes

veículos de comunicação de massa de forma impotente.

      Várias rádios comunitárias da região são filiadas à Associação Brasileira de

Rádios Comunitárias (ABRAÇO-SISAL), que tem sua sede na cidade de

Retirolândia. Através da ABRAÇO-SISAL os comunicadores comunitários são

capacitados, as rádios recebem assistência jurídica, entre outras atividades

realizadas.

      As cidades de Conceição do Coité e Valente já contaram com duas emissoras

de TV, uma educativa e outra comunitária, respectivamente. Outras possuem jornais

impressos e há instituições que divulgam suas ações através de boletins

informativos. Há também a Agência Mandacaru de Comunicação (AMAC), com sede

no município de Retirolândia, que além de dar suporte para outros meios e
32



entidades, também produz informações que são distribuídas para outros veículos de

comunicação.

      Foi através dessa organização que surgiram entidades que além de buscarem

por transformações para a região, também atuam como ligação entre a sociedade

civil e os governos. Exemplos de casos bem sucedidos são os do Conselho de

Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Sisaleira da Bahia (Codes), que

surgiu em 2002, a princípio pela necessidade de um consórcio que organizasse as

lutas populares e que além de políticas públicas, também desenvolvesse projetos

para a região. Para o seu presidente, Urbano Carvalho (2005), o Codes



                     encarna esse novo processo de união de vontade política de distintos
                     atores: sindicatos, cooperativas, entidades civis, poderes públicos,
                     organismos internacionais. É a ideia de todos, mais forte, substituindo a
                     ideia individual ou restrita a um só município.



      Há também a Associação de Desenvolvimento Sustentável Solidária da

Região do Sisal (APAEB) localizada no município de Valente, há 240 quilômetros de

Salvador, que trabalha principalmente com o beneficiamento do sisal e emprega

mais de 800 pessoas direta e indiretamente. Começou apenas como associação de

pequenos agricultores e se fortaleceu a partir da necessidade de melhoria da

qualidade de vida. A APAEB Valente está provando que é possível desenvolver

atividades que melhorem a qualidade de vida dos agricultores familiares da região,

com a diversificação dos campos de trabalho com as matérias-primas existentes nas

localidades onde atua.

      As ações voltadas para a sustentabilidade do Território contribuíram de forma

significativa para o fortalecimento das atividades desenvolvidas pelos seus

habitantes e ganham mais força a cada dia com a realização de projetos e o

incentivo à criação e promoção de políticas públicas que visam o desenvolvimento
33



local através da sustentabilidade da população a partir de atividades realizadas com

recursos disponíveis na região.



 2.1 Contribuições do MOC para o desenvolvimento do Território

                                     do Sisal



      O MOC também contribui de maneira significativa para o fortalecimento social

do Território com o incentivo à criação de políticas públicas para o desenvolvimento

da região, o apoio a grupos na estruturação de suas atividades e a implantação de

programas que buscam garantir maior qualidade de vida e o desenvolvimento social

dos moradores do território do sisal. Fundado em 1967 em Feira de Santana-Ba

através de programas sociais da Igreja Católica, tornou-se autônomo a partir de

1970. Sua intenção sempre foi chamar a atenção das pessoas para os seus direitos,

incentivando-as a se organizarem e poderem exercer sua cidadania.

      Desde então, nota-se o crescimento de atividades de apoio e fortalecimento

de associações comunitárias tanto urbanas quanto rurais. Exemplo disso foi o

fortalecimento do Sindicato dos Trabalhadores de Feira de Santana e em seguida

vários outros também ganharam força, além de outras associações e demais

organizações da região.

      Toda região ganhou mais visibilidade frente às reivindicações que eram

realizadas de forma coletiva e organizada. O MOC participa de forma ativa na busca

do desenvolvimento integrado e sustentável nas cidades onde atua, dando

prioridade para o fortalecimento da sociedade civil organizada com contribuições

para o desenvolvimento de políticas públicas.
34



      O MOC busca o fortalecimento da agricultura familiar e dos movimentos

sociais, assim como o fortalecimento da educação na zona rural com projetos

específicos da área e o fim do trabalho infantil, além de programas específicos para

movimentos de mulheres. Para alcançar esses objetivos, é realizado um trabalho de

conscientização política a partir de valores como cooperação, solidariedade e

reciprocidade.

      Nas atividades desenvolvidas pela organização, sempre é empregada uma

metodologia onde todos são considerados sujeitos da ação, que constroem de

maneira igualitária o seu desenvolvimento, com respeito aos valores pessoais,

tradições e a cultura de cada lugar, fazendo-os compreender que são capazes de

conhecer e produzir conhecimento, atuando de forma que possam mudar não só a

eles mesmos, mas a sua realidade de vida. Para isso o MOC trabalha nas linhas da

educação por considerá-la indispensável nesse processo.

      Há um incentivo à produção de conhecimento a partir da realidade de cada

pessoa ou comunidade, com o intuito de resolver problemas que se caracterizam

como próprios daquele lugar, sempre a partir do uso de alternativas viáveis, segundo

a linha de pensamentos de Paulo Freire. Ele trabalha com base na ideia de que não

existem conhecimentos prontos e sim na produção coletiva a partir da troca de

informações e conhecimentos, tanto no âmbito acadêmico quanto popular,

indispensáveis para a formação de uma sociedade mais crítica e atenta às suas

necessidades e objetivos a serem alcançados.

      O principal público de suas ações são trabalhadores e trabalhadoras rurais,

agricultores e agricultoras familiares, pequenos produtores urbanos, professores

rurais e crianças e adolescentes em situação de risco social.
35



           A sua atuação acontece em quatro territórios da cidadania no estado da

Bahia, sendo eles: Bacia do Jacuipe, Piemonte e Diamantina, Portal do Sertão e do

Sisal. Para manter os projetos, ele conta com diversas parcerias de outras

entidades, organizações e redes com quem compartilha outros projetos políticos.

São eles de caráter municipais, estaduais, nacionais e até mesmo internacionais.

           O trabalho desenvolvido é um forte aliado na luta pela democratização da

comunicação nas regiões onde atua com o apoio ao Comitê Pela Democratização

da Comunicação que desenvolve um trabalho na busca de melhorias da

comunicação comunitária. Segundo o coordenador do programa de comunicação da

organização, Klaus Minihuber1, o MOC trabalha com políticas públicas e propostas

de democratização da comunicação e o fortalecimento da comunicação comunitária

“onde a própria comunidade faz a comunicação e não só a consome”. Além disso,

atua na área de assessoria institucional às rádios filiadas a ABRAÇO-SISAL, com

ciclos de capacitação dos comunicadores comunitários.

           Outro aspecto relevante da ONG é o forte trabalho com jovens que, ainda

segundo Minihuber, “tem grande potencial de transformação com atitudes

revolucionárias e que não se acomodam tão fácil”, uma fase que pode ser

canalizada para coisas boas e positivas, adentrando na luta por seus direitos com

vontade de transformação e redescoberta de valores. O trabalho com a juventude

iniciado em 2006 com os “jovens comunicadores” resultou na criação AMAC e em

vários outros movimentos formados principalmente por jovens e adolescentes.

           A articulação de seus trabalhos se dá a partir de quatro linhas estratégicas de

atuação, partindo de ações como: 1) Assessoria de imprensa com um boletim

eletrônico semanal com informações que são utilizadas principalmente pelas rádios


1
    Entrevista concedida a autora no dia 29 de outubro de 2009.
36



comunitárias; 2) políticas públicas no sentido de fazer com que seus projetos se

estruturem e passem a ser ações dos governos; 3) comunicação comunitária

buscando com que as emissoras comunitárias ganhem cada vez mais forma e 4) a

educomunicação como forma de garantir a sustentabilidade da comunicação

comunitária a partir da formação de jovens que sejam capazes de se expressar e

fazer com que a voz de suas comunidades tenha valor.

           O projeto de educomunicação do MOC é desenvolvido em escolas do campo

das cidades de Conceição do Coité, Retirolândia e Valente e busca capacitar os

alunos envolvidos para a produção midiática, além da análise dos meios de

comunicação a quem têm acesso e educar de uma forma mais dinâmica e

proveitosa.

           Para Nayara Silva2, umas das coordenadoras do projeto, o programa trabalha

por dois vieses, são eles:


                               suscitar nos municípios esse debate acerca de políticas públicas voltada
                               para o fortalecimento da educação e por consequência da comunicação
                               também [...] Outro objetivo é gerar essa análise da mídia, dos meios de
                               comunicação que existem nos municípios, no território e a nível de Brasil e
                               permitir que esses sujeitos se envolvam no processo [sic].



           Através das atividades as crianças conseguem descobrir qualidades e

oportunidades que existem na sua região e promover o desenvolvimento social em

busca de melhorias para suas vidas e, consequentemente, para toda a comunidade,

que ganha com a divulgação de informações que estão próximas de sua realidade e

com a organização juvenil que descobre a necessidade da democratização da

comunicação.




2
    Entrevista concedida a autora no dia 29 de outubro de 2009.
37



       A participação do MOC se dá através de capacitações de professores e

estudantes nas áreas técnicas de rádio, internet, mural e fanzine. Ele monitora e

avalia todo o processo, mas a responsabilidade pela continuação do projeto nos

municípios depende das secretarias de educação que têm dado suporte para a

realização das atividades.

       O MOC conta com parcerias para desenvolver seus projetos e colocá-los em

prática, a exemplo do UNICEF, que apóia as ações educomunicativas da

organização por valorizar a participação qualificada das crianças, por garantir o

direito à comunicação e a participação no processo de construção da sociedade em

que vivem. Ainda segundo Naiara Silva, o programa nasceu muito pequeno, sem

muitas perspectivas, mas tende a crescer na região e tem muita importância para o

futuro da instituição.

       Com o apoio da Petrobras, o MOC está estendendo o programa para mais

sete cidades, para garantir as práticas educomunicativas em pelo menos dez

cidades do semi-árido baiano e expandindo cada vez mais suas atividades de

organização e incentivo para o desenvolvimento e a sustentabilidade de parcela da

população baiana.
38



                                   CAPÍTULO 3



         Educomunicação: uma área em constante
   desenvolvimento no processo de ensino-aprendizagem
             nas escolas do semiárido baiano

        A educomunicação ganha cada vez mais espaço em diversos segmentos da

sociedade atual com a perspectiva de agregar valores a processos que se utilizam

de suas metodologias para qualificar as atividades desenvolvidas. Nas escolas,

principalmente, o uso da educomunicação visa à melhoria da qualidade do processo

ensino-aprendizagem com a superação de métodos tradicionais e a eliminação do

processo de educação bancária ainda vigente em muitas instituições de ensino do

país.

        Após muitas teorias e análises de diversos especialistas em educação, várias

proposições são lançadas com o intuito de desenvolver um processo educativo com

maior valorização do aluno e seus conhecimentos adquiridos fora da escola.

        Atualmente, muitas instituições de ensino desenvolvem programas que

buscam superar essas deficiências apontadas nas metodologias tradicionalistas e a

Educomunicação está sendo utilizada com a intenção de desenvolver uma educação

que procure instigar o aluno a buscar conhecimento, através de atividades voltadas

para a pesquisa e produção de informação, ao mesmo tempo em que se utiliza de

técnicas de comunicação de massa e desenvolve o senso crítico e o conhecimento

acerca da funcionalidade desses meios.

        No   semiárido   baiano,   o   MOC   está   desenvolvendo   o   projeto   de

educomunicação no campo, com a promoção de atividades que interligam a

comunicação com o ensino educacional, com a proposta de trabalhar de acordo a
39



realidade do campo com crianças que na maioria das vezes são filhos de

agricultores familiares e convivem diariamente com uma realidade basicamente

rural, mas que são obrigadas a ver nos livros didáticos apenas temáticas ligadas aos

grandes centros urbanos.



3.1 Impactos e relevâncias para os alunos das escolas envolvidas



      O programa de Educomunicação do MOC é desenvolvido nas escolas

públicas municipais das cidades de Conceição do Coité, Retirolândia e Valente. A

função do MOC é capacitar os professores para trabalharem conteúdos midiáticos

em sala de aula, assim como sua produção e a análise crítica do material informativo

produzido pelos grandes meios de comunicação de massa. Cabe aos governos

municipais por vias das secretarias de educação oferecer os recursos necessários

para o desenvolvimento das atividades.

      Para a realização deste trabalho, foram escolhidas três escolas, uma em cada

cidade e todas localizadas na zona rural do município, para observação das

atividades realizadas e entrevista com os alunos e professores.

      A escolha das escolas se deu a partir de pesquisa exploratória através de

conversas com representantes das secretarias de educação de cada município que

descreveu a forma de trabalho desenvolvida em cada instituição. Foram

selecionadas as escolas em que o programa demonstra melhores resultados, com a

intenção de apresentar as metodologias que garantem maior envolvimento das

crianças e consequentemente maior qualidade no processo educacional.

      Com o intuito de descobrir a importância do programa tanto para os alunos,

quanto para os professores no desenvolvimento das suas atividades, foram
40



observados aspectos como: melhoria das notas, comportamento e aprendizado das

crianças durante a realização das tarefas ligadas a produção e divulgação de

conteúdo.

      Em Conceição do Coité, a escola visitada foi a Alípio Cerqueira, na

comunidade de Peba, distrito de Salgadália, com turmas entre o primeiro e o quinto

ano do ensino fundamental. A principal atividade educomunicativa desenvolvida na

escola é um programa de rádio, apresentado todos os dias por grupos de alunos que

são escolhidos principalmente pela dificuldade de aprendizado observada pelas

professoras. Nem todos os alunos fazem parte dos grupos de apresentação, mas os

demais são convidados pelos colegas a participarem com a apresentação de

trabalhos realizados durante as aulas como: textos, poesias, paródias, entre outros.




       Alunos apresentando programa de rádio na Escola Alipio Cerqueira em Conceição do Coité.
                              Fonte: Arquivo da Escola Alípio Cerqueira.

      Os alunos são estimulados a desenvolverem pesquisas sobre temas

propostos pelas professoras e que possuem ligação com a realidade das crianças,

praticam o ato da leitura e escrita e muitos perdem a vergonha de falar em público.
41



      As três turmas que participam têm seu período de aula no turno da tarde e

fazem o programa no intervalo. O uso da educomunicação nas salas de aula surgiu

em 2008 com o intuito de estimular os alunos com maior dificuldade de aprendizado

a desenvolverem suas capacidades motoras de leitura e escrita. São 20 crianças,

divididas em cinco grupos de quatro, onde cada um é responsável pela produção e

apresentação em um dia da semana. O método de aplicação e desenvolvimento do

programa estimula a interação das crianças de diferentes turmas e idades.




         Aluno, na reunião de devolução para a comunidade, apresentando texto produzidonas
                                   atividades do programa.
                              Fonte: Arquivo da Escola Alípio Cerqueira.



      Em Retirolândia a escola visitada foi a Jarbas Passarinho, localizada no

povoado de Vista Bela. As turmas envolvidas no programa são as da segunda,

terceira e quarta séries do ensino fundamental e as atividades acontecem por

etapas, com a realização de parte do processo em determinados períodos, onde os

professores trabalham com base nessas produções. Lá são produzidos fanzines,

jornal-mural e programas de rádio que são gravados em uma rádio comunitária na

sede do município.
42




                   Seminário de Devolução das Escolas Do Municipio de Valente.
                              Fonte: Prefeitura Municipal de Valente.


      Durante as etapas de produção, as crianças realizam pesquisa, colhem

informações, fazem entrevistas, organizam o material, selecionam junto às

professoras o material que servirá de fonte para a produção do material informativo.

      Na cidade de Valente, mais precisamente no povoado de Encruzilhada, se

encontra a escola Veríssimo Ferreira da Silva na qual atividades educomunicativas

acontecem em uma turma multisseriada, com alunos da segunda, terceira e quarta

séries. São dezoito alunos, que trabalham principalmente em grupos na produção de

conteúdo para o jornal-mural, fanzines, programas de rádio, entre outros materiais.
43




         Aluna de Valente fazendo entrevista para o Programa de Rádio do Educomunicação.
                                Fonte: Prefeitura Municipal de Valente



      Apesar de ser uma turma com crianças de diferentes idades, é a escola onde

o programa tem maior destaque com relação a todas as outras que fazem parte do

programa de Educomunicação no Campo do MOC. A escola já adquiriu dois

microcomputadores com impressora e tem acesso à Internet para a realização das

atividades educomunicativas.

      Entre as três escolas visitadas, foi onde os educandos demonstraram maior

desinibição e desenvoltura para falar nas entrevistas e relatavam as melhorias

alcançadas com o programa antes de serem questionados sobre elas. Os alunos

apresentaram acontecimentos, realizações e satisfações familiares com as suas

participações no programa e citaram o incentivo que recebiam para aumentar o

empenho na realização da produção do material educomunicativo solicitado pela

professora.
44



      Outro fator que fez a escola ter mais destaque dentre as demais é o fato da

comunidade de um modo geral colaborar com as atividades ao dar entrevistas e

participar dos eventos desenvolvidos pela escola.




                Seminário de Devolução para a comunidade das escolas de Valente.
                           Fonte: Prefeitura Municipal de Valente.




  3.2 O quantitativo/qualitativo da aplicação da educomunicação
                      nas escolas do campo

      Foram entrevistados 25 alunos das três escolas visitadas, sendo utilizado

como critério de seleção o desenvolvimento das suas capacidades escolares com a

utilização do Programa de Educomincação no Campo. Eram os alunos que mais

apresentavam dificuldades no início do Programa e que estão conseguindo superar

essas carências graças as atividades educomunicativas.
45



Melhorias observadas                                               Resultados

Capacidade de leitura                                                        96%

Capacidade de escrita                                                        84%

Melhorou timidez                                                             56%

Aprendizagem na produção do material informativo                             80%

Respeito com as pessoas da comunidade e os colegas                           12%

Importância                                                               100%




      É perceptível a satisfação das crianças com o programa de educomunicação

na realização das atividades. Nos trabalhos em grupos todos participam, sem que

exista a acomodação de alguns alunos, como é comum em atividades escolares.

Eles opinam sobre o que escrever, a organização do material escrito, demonstram

que atividade sentem mais prazer em desenvolver e não receiam em perguntar à

professora sobre as dúvidas que surgem no decorrer do processo. As crianças

gostam de participar da produção dos programas de rádio, jornal-mural e fanzines, e

se   dedicam   mais para        obterem   maior qualidade     do   produto,   e    assim,

consequentemente desenvolvem suas capacidades de escrever e ler.

      São problemas comuns nas escolas a dificuldade em ler e escrever de muitas

crianças e que nas escolas dos municípios de Conceição do Coité, Retirolândia e

Valente   já   estão    sendo    combatidas,   através   da   prática   de    atividades

educomunicativas.

      As crianças já não conseguem se adaptar às metodologias utilizadas pelas

professoras até pouco tempo atrás, que consistia no processo de educação bancária

e necessitam de atividades mais dinâmicas que estimulem o aprendizado e que ao
46



mesmo tempo, sejam interligadas com acontecimentos do dia-a-dia e que as

coloquem diante de coisas e situações que já estão presentes nas suas vidas fora

da escola. É o exemplo do jornal, programa de rádio e a produção de informação

acerca de assuntos relacionados à sua realidade.

      Também é possível perceber o contentamento das professoras com relação

às melhorias alcanças pelas crianças depois da inserção do programa nas

atividades escolares. Das cinco professoras entrevistadas, 100% disseram que os

alunos envolvidos melhoraram as notas escolares, principalmente na disciplina de

Língua Portuguesa e participam mais das aulas tanto com perguntas, como com

comentários sobre os assuntos trabalhados no universo escolar.

      Para a professora da turma da Escola Veríssimo Ferreira da Silva na qual as

atividades educomunicativas são desenvolvidas, o Programa de Educomunicação

no Campo, além de desenvolver a oralidade e a escrita, trouxe mais dinamismo para

as aulas, com uma maior participação dos alunos, além de fortalecer a leitura crítica

dos meios e o uso consciente dos meios de comunicação em sala de aula, que

antes eram utilizados de maneira aleatória como apenas reprodutores de vídeos e

áudios.

      Já a professora do quinto ano da escola Alípio Cerqueira, em Conceição do

Coité, disse que os alunos melhoraram na produção textual. Eles não apenas

praticavam a escrita na sua forma básica, mas produziam com mais coerência e

articulação sobre o conteúdo de fato.

      A professora do terceiro ano também falou das melhorias na produção textual

e no seu avanço profissional quanto ao incentivo de alunos a buscarem superar

suas dificuldades e aprendessem a produzir os programas de rádio.
47



      A professora da Escola Jarbas Passarinho em Retirolândia disse que o

programa gerou mais proximidade entre as crianças e a realidade do local onde

vivem no ambiente escolar e como o programa não trabalha com temas específicos

facilita a escolha dos que estão mais presentes no dia-a-dia da comunidade.

      O papel do educomunicador é o de fazer a ponte entre os universos da

comunicação e da educação nas escolas, além de intermediar todo o processo de

preparação, produção e apresentação das atividades, deixar a criança sempre livre

para expressar seus conhecimentos e produzirem outros juntamente com os

colegas, atribuindo-lhes valor e respeito.

      Ele nunca vê na criança uma folha em branco que precisa ser preenchida,

mas sim estimula seus educandos a buscarem o conhecimento a partir do que já

sabem.




      3.3 O uso da educomunicação para o fortalecimento das

                              atividades escolares



      Um dos principais objetivos da educomunicação é unir as duas principais

áreas de influência nas vidas das pessoas para que elas possam criar uma inter-

relação de ajuda mútua, onde a educação se desenvolve através de atividades

ligadas a comunicação e essa por sua vez, busca a ampliação do seu quadro de

emissores e consequentemente a sua democratização.

      Mas é perceptível que nas escolas visitadas, o uso da educomunicação é

voltado principalmente para fortalecer a educação, com a melhoria das capacidades
48



motoras de leitura e escrita das crianças, além da melhoria da qualidade das aulas.

A comunicação serve como ferramenta de apoio para o desenvolvimento da

educação.

      Entretanto, com a realização dos trabalhos do programa, as crianças

aprendem como são realizados os programas de rádio e a produção escrita de

material informativo a exemplo do jornal. É uma consequência positiva, que coloca

as crianças a par de como funcionam os meios de comunicação de massa.

      As crianças aprendem como manusear os aparelhos da rádio de que as

escolas dispõem ou em outros ambientes onde vão gravar seus programas,

escrevem para jornais, fanzines, organizam as informações, mas fazem como

atividade escolar e não existe um incentivo de produção de informação para a

divulgação além do ambiente escolar.

      É perceptível a importância da educomunicação para o fortalecimento do

processo educacional, com a superação de metodologias voltadas para uma

educação vertical, onde o professor era o único conhecedor e os alunos aprendizes

colocados na situação de receptores passivos das informações de que os

educandos lhes apresentavam.

      Trabalhar a educomunicação a partir das vivências das crianças, dando

prioridade para os aspectos regionais e sócio-culturais do ambiente em que vivem é

mais um importante passo para a melhoria da qualidade da aplicação dessa

metodologia que já apresentava bons resultados quando bem aplicada. Além de

estimular a criança no processo de ensino-aprendizagem, a educomunicação a

coloca em contato com temáticas diversas que nem sempre fazem parte do universo

escolar.
49



      Apesar das escolas trabalharem muito pouco com a leitura crítica dos meios

de comunicação de massa, o fato dos alunos conhecerem a forma de produção e as

limitações de pesquisa e obtenção de informações é possível tornar os alunos mais

críticos e atentos ás mensagens que recebem diariamente através desses meios.

      O Programa de Educomunicação no Campo é um importante aliado dos

professores que buscam a qualificação da educação, através do trabalho com

práticas ligadas à realidade em que vivem os educandos, ao mesmo tempo em que

oferece uma forma de educação mais horizontal, onde o aluno se transforma em um

produtor de conhecimento, o que desperta na criança o gosto por ir à escola e

querer aprender cada vez mais, principalmente quando toda a responsabilidade da

educação (formal) das crianças fica a cargo dos professores, quando os pais se

isentam dessa função.

      Mas ainda é necessário maior investimento por parte dos poderes públicos,

com equipamentos para que as escolas tenham mais autonomia para o

desenvolvimento das atividades, ou ainda a realização de outras que podem

melhorar o processo, mas que não são desenvolvidas pela falta de material.
50



                              Considerações finais


      Os meios de comunicação de massa expandiram-se rapidamente e por

consequência houve um maior acesso por parte da população ao conteúdo emitido

por esses veículos. Esses emissores conquistaram um lugar de destaque nas vidas

das pessoas e servem como principal fonte de informação, lazer e entretenimento e

assim, juntamente com fatores como família, grupo social, religião, também

influenciam na forma de pensar e agir de cada pessoa.

      A escola também tem grande responsabilidade sobre a formação do caráter

de cada ser e deve trabalhar em conjunto com os outros grupos de influência em

que cada pessoa está inserida. Mas nem sempre ela está preparada para trazer

para o seu ambiente, temáticas ligadas à realidade social dos seus alunos.

      Assim, os meios de comunicação a cada dia se desenvolvem mais e, como

conseqüência, agem mais nas vidas das pessoas enquanto a escola, na grande

maioria das vezes, se mantém inerte a esse processo.

      Desde o início da expansão dos meios de comunicação, foram sendo

produzidas teorias que estudavam a influência desses veículos na formação social e

pessoal de cada um. Eram observadas as mensagens emitidas com a investigação

das suas intenções e a forma como eram recebidas.

      Especialistas em educação, a exemplo de Paulo Freire, preocupavam-se com

a forma de educação vigente no país e pregavam o uso de novas metodologias para

o desenvolvimento do processo educacional e a maior qualidade da educação.

      Para abandonar o modelo de educação bancária, onde o professor era o

único que dominava o conhecimento e tinha a obrigação de transmiti-lo para os

alunos, era necessário o uso de técnicas que utilizassem um modelo de
51



comunicação horizontal, onde a criança também pudesse interagir durante a aula e

apresentasse seus conhecimentos e assim, criasse um processo, mais dinâmico e

agradável para as duas partes.

      Diante dessas necessidades, novas metodologias se faziam necessárias e a

educomunicação passou a ser utilizada para dinamizar o processo de ensino-

aprendizagem. Seu objetivo é estimular a leitura crítica dos meios de comunicação e

fazer com que o uso da comunicação e de suas tecnologias em sala de aula

incentive o debate, a pesquisa, a produção e como consequência ofereça mais

qualidade no processo educacional.

      Várias experiências são desenvolvidas por todo o mundo, mas o Programa de

Educomunicação Comunitária desenvolvido pelo MOC é um diferencial por trabalhar

temáticas ligadas à realidade do campo, o que faz com que as escolas desenvolvam

atividades comunicativas voltadas para o meio em que seus alunos vivem.

      São atividades que buscam além da qualificação da educação e a

democratização da comunicação a valorização do local. As cidades onde o MOC

desenvolve o programa estão localizadas no Território do Sisal e levam em

consideração aspectos como cultura, a comunicação comunitária que tem presença

muito forte na região, meios de subsistência como a agricultura familiar, entre outros.

      O Programa ajuda as crianças das escolas participantes a desenvolverem

suas capacidades de leitura e escrita, através da produção de material informativo

tanto auditivo como escrito. Grande parte das crianças diz que se sente menos

inibida e que aprende muito mais ao realizar as pesquisas e a produção das

atividades. As professoras também dizem que suas aulas estão mais dinâmicas e

com maior participação dos alunos depois que as atividades do Programa de
52



Educomunicação no Campo foram inseridas na escola. É um ganho tanto para os

alunos, quanto para as professoras que têm mais qualidade nas aulas.

      Mesmo com algumas dificuldades, o Programa de Educomunicação no

Campo desenvolvido pelo MOC, tem apresentado bons resultados. Há ainda a

necessidade de melhorias, maior participação dos poderes públicos no incentivo da

prática, aquisição de equipamentos para que a produção se dê com mais qualidade

e uma maior participação da comunidade de fora da escola na educação das

crianças.

      Mas o Programa está apresentando resultados positivos, que são percebidos

com a satisfação das professoras e com as colocações dos próprios alunos acerca

de seus progressos nas aulas. Ele se mostra como importante aliado na busca de

uma educação básica de qualidade, principalmente por valorizar os aspectos locais.
53



                         Referências bibliográficas

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Freire: A questão da mídia na prática docente. 2005. Disponível em:
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Disponível em
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BURGOS, Carlos Crespo. Paulo Freire e as teorias da comunicação. 2007. Disponível em:
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CARVALHO, Urbano. O governo acordou e está junto conosco. In: Territórios Rurais.
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FERREIRA, Giovandro Marcus. As origens recentes: os meios de comunicação pelo viés do
paradigma da sociedade. In: Teorias da Comunicação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.


FRANÇA, Vera Veiga. O objeto da comunicação / A comunicação como objeto. In: Teorias
da Comunicação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.



FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra. 1977.


JAWSNICKER, Claudia. Educomunicação: reflexões sobre teoria e prática. A experiência
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LEÃO, Izabel. A onipresença da mídia. 2009. Disponível em:
<http://www.anj.org.br/jornaleeducacao/biblioteca/artigos/a-onipresenca-da-midia> Ultimo
acesso em 07 de Outubro de 2009.
54



MACHADO, G. B. . Da Identidade de resistência à identidade de projeto no territorio do sisal
(Bahia): o caso da APAEB-Valente. In: Anais do XLIV Congresso Brasileiro de Economia
e Sociologia Rural, 2006, Fortaleza (CE). 2006. Disponível em
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MELO, José Marques; FERRARI, Maria Aparecida, NETO, Elydio dos Santos; GOBBI,
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MELO, José Marques de. A comunicação na pedagogia de Paulo freire. IN: Teorias da
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Portal da Cidadania. Territórios da cidadania. Disponível em:
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PORTINHO, Rafael Issa. Movimento de Organização Comunitária. Salvador. BA. 2004.
Disponível em:
<http://www.adm.ufba.br/capitalsocial/Movimento_Organizacao_Comunitaria.pdf > ultimo
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Região Sisaleira. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Sisaleira>
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SALDANHA, Felipe Gustavo Guimarães. SANTOS, Adriana Cristina Omena. TONUS,
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In: Anais do Intercom – Sociedade Brasileira de estudos Interdisciplinares da
Comunicação. Curitiba – PR. 2009. P 1 a 13.


SOARES. Ismar de Oliveira. Entenda a educomunicação. Disponível em
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145874-1.asp> ultimo acesso em 29 de novembro de 2009.


http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_comunica%C3%A7%C3%A3o Ultimo acesso em 21
de outubro de 2009.
55



Apêndices
Entrevista com os alunos das escolas do Educomunicação no

Campo



1 – Você gosta de participar das atividades de educomunicação com seus colegas?

2 – Você aprende mais quando participa dessas atividades? O quê?

3 – Você sentia alguma dificuldade na escola que melhorou fazendo as atividades

de educomunicação? Quais?

4 – O que você aprende participando dessas atividades?

5 – você acha importante a realização dessas atividades na escola? Por quê?

6 – O que você acha de produzir informação para seus colegas poderem ler ou

ouvir?

7 – mudou alguma coisa na sua vida por causa das experiências do programa de

educomunicação aqui na escola?
57



Entrevista com os professores das escolas do Educomunicação no

Campo



1 – Quais as vantagens de trabalhar com esse programa em sala de aula?

2 – Quais as melhorias percebidas na turma depois do programa de

educomunicação?

3 – Quais os desafios encontrados para a realização das atividades

educomunicativas?

4 – qual a sua avaliação do programa?

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Educomunicação no Campo: impactos e relevância social

  • 1. UNIVERSIDADE do ESTADO da BAHIA Maria Derivagna dos Santos Silva Educomunicação no Campo Impactos e relevância social no Território do Sisal Conceição do Coité 2010
  • 2. 2 Maria Derivagna dos Santos Silva Educomunicação no Campo: Impactos e relevância social no Território do Sisal Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Comunicação Social – Habilitação em Rádio e TV, na Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial de obtenção do grau de bacharel em Comunicação, sob a orientação da professora Vilbégina Monteiro. Conceição do Coité 2010
  • 3. 3 Maria Derivagna dos Santos Silva Educomunicação no Campo Impactos e relevância social no Território do Sisal Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Comunicação Social – Rádio e TV, da Universidade do Estado da Bahia, sob a orientação da professora Vilbégina Monteiro. Data:___________________________ Resultado: _______________________ BANCA EXAMINADORA Prof. (Orientador) _________________ Assinatura _______________________ Prof. __________________________ Assinatura _____________________ Prof. __________________________ Assinatura _____________________
  • 4. 4 Dedico este trabalho aos meus pais Dermeval e Flora, pelo incentivo e apoio incansável desde o período do vestibular até a produção desta monografia.
  • 5. 5 AGRADECIMENTOS Aos colegas pelo companheirismo. Aos professores pelos ensinamentos. Aos meus irmãos pela ajuda na realização de atividades para a produção desta monografia. Ao MOC pelas informações e materiais cedidos. E, em especial, a professora Vilbégina Monteiro pela dedicação, paciência e os bons conselhos para a concretização desse trabalho.
  • 6. 6 “O diálogo é o encontro amoroso dos homens que, mediatizados pelo mundo o pronunciam, isto é, o transformam, e, transformando-o o humanizam para a humanização de todos”. Paulo Freire
  • 7. 7 RESUMO EDUCOMUNICAÇÃO NO CAMPO: IMPACTOS E RELEVÂNCIA SOCIAL NO TERRITÓRIO DO SISAL A educomunicação constitui-se em uma nova metodologia para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem e para a democratização da comunicação através da leitura crítica dos meios de comunicação de massa e da produção midiática nas escolas. Esta monografia tem como objetivo verificar o impacto que o Projeto de Educomunicação no Campo desenvolvido pelo Movimento de Organização Comunitária (MOC) nas cidades de Valente, Retirolândia e Conceição do Coité tem nas vidas das crianças das escolas envolvidas, assim como os benefícios de se utilizar uma nova metodologia para o aperfeiçoamento das aulas, trabalhando a partir da realidade social dessas crianças, dando prioridade aos aspectos rurais presentes no seu dia-a-dia, disseminando os ideais de cidadania. As teorias de Paulo Freire e os estudos sobre educomuncação apontam caminhos para se alcançar a qualidade da educação através do diálogo. Para tal, foram realizadas pesquisas exploratórias e bibliográficas, observação das atividades desenvolvidas e entrevistas com alunos e professores. A produção de fanzines, jornal-mural e programas de rádio tem ajudado aos alunos dessas escolas a desenvolverem suas capacidades de leitura e escrita, além da perda da vergonha, deixando-os mais desinibidos para participarem das aulas e, como consequência, aprenderem mais. Palavras-chave: Educomunicação; Educação; Comunicação; Território.
  • 8. 8 SUMÁRIO Introdução....................................................................................................... 9 1 Educomuncação: uma prática em desenvolvimento no Brasil............ 12 1.1 As Teorias da Comunicação em revista............................................... 13 1.2 Comunicação e educação: concepções freirianas................................ 18 1.3 Educomunicação: historicizando uma prática no Brasil........................ 22 2 Território do Sisal: organização para o desenvolvimento do semiárido baiano....................................................................................... 28 2.1 Contribuições do MOC para o desenvolvimento do Território do Sisal. 33 3 Educomunicação: uma área em constante desenvolvimento no processo de ensino-aprendizagem nas escolas do semiárido baiano......................................................................................................... 38 3.1 Impactos e relevâncias para os alunos das escolas envolvidas........... 39 3.2 O quantitativo/qualitativo da aplicação da educomunicação nas escolas do campo....................................................................................... 44 3.3 O uso da educomunicação para o fortalecimento das atividades escolares..................................................................................................... 47 Considerações finais..................................................................................... 50 Referências Bibliográficas............................................................................. 53 Apêndices..................................................................................................... 55
  • 9. 9 Introdução Esta monografia foi produzida com a intenção de entender a atuação do Programa de Educomunicação no Campo do Movimento de Organização Comunitária (MOC) e o impacto que este causa nas vidas de alunos e professores referente ao processo escolar. Foram observados o desenvolvimento de capacidades e a superação de barreiras que impedem o desenvolvimento cognitivo de muitas crianças no processo de educação e a dificuldade que as escolas encontram de trabalhar conteúdos midiáticos dentro do currículo formal. Desde 1994 o MOC desenvolve o Projeto Conhecer, Analisar e Transformar (CAT) promovendo a capacitação de professores das escolas públicas para que estes possam inserir em suas metodologias de ensino, trabalhos com temáticas ligadas a cultura da região. Desde 2006 desenvolve em escolas onde o Projeto CAT já era desenvolvido, o Educomunicação no Campo, voltado para o incentivo da produção midiática pelos alunos. Mas poucos estudos, principalmente de nível acadêmico, foram realizados para analisar sua eficácia quanto ao alcance dos objetivos, principalmente o de democratização da comunicação através do aumento quantitativo de emissores de mensagens através dos meios de comunicação de massa, principalmente dos de caráter comunitário, e a obtenção de melhor qualidade no processo educacional das escolas envolvidas. Considerando-se a abrangência do Programa e dos objetivos propostos, é importante analisar seus impactos e a relevância que a comunidade escolar atribui a
  • 10. 10 ele, investigando os aspectos que mais se desenvolvem e os que são pouco percebidos entre as atividades realizadas. Para a concretização desse estudo, foram utilizadas técnicas exploratórias, como a realização de pesquisas bibliográficas, análise de material produzido pelos alunos nas atividades do programa, observação direta de atividades nas escolas, entrevistas com alunos e professores para obtenção de dados referentes ao avanço no processo educacional com a utilização das práticas educomunicativas e entrevistas com integrantes do MOC, mais especificamente com os responsáveis pelo Programa de Educomunicação no Campo. O estudo da aplicação de práticas semelhantes a essa pode, além de analisar sua metodologia, eficiência e comprovar o alcance dos objetivos propostos, levar a um maior número de pessoas um importante método para a qualificação no processo de ensino-aprendizagem, oferecendo exemplos de práticas que podem ser importantes para educadores que buscam desenvolver aulas mais participativas e dinâmicas, que possibilitem a integração dos alunos e permitam mais possibilidades de aprendizado, utilizando-se inclusive de temáticas que não são necessariamente do universo escolar, mas que estão presentes no dia-a-dia das crianças. O interesse em estudar o tema também se justifica por o objeto em análise constituir-se como uma metodologia que desperta minha atenção devido às linhas de trabalho que utiliza, que são a educação e a comunicação. A experiência com educação infantil me ajudou a perceber a necessidade da educomunicação em sala de aula. Este estudo está desenvolvido em três capítulos. No capítulo 1 foi abordado o desenvolvimento dos meios de comunicação e o aumento de estudos significativos sobre sua atuação na sociedade; o surgimento das teorias da comunicação e suas
  • 11. 11 contribuições para o desenvolvimento de estudos acerca dos meios de comunicação; as ideias de Paulo Freire e suas inquietações sobre a necessidade de comunicar para melhor educar e o surgimento da educomunicação no Brasil, suas metodologias e sua cooperação para o aprimoramento da educação básica. No capítulo 2 há uma descrição sobre o local onde as práticas educomunicativas do MOC são desenvolvidas, o Território do Sisal e o crescente trabalho de entidades que buscam o desenvolvimento local através de atividades ligadas a valorização do regional e da cultura do lugar. Muitos desses trabalhos desenvolvidos são de autoria do MOC ou recebem apoio da organização (tanto financeiro quanto pedagógico) para a sua aplicação. No capítulo 3, apresento o estudo realizado com as escolas que desenvolvem o Programa de Educomunicação no Campo, com a explanação de como o estudo foi desenvolvido, apontando melhorias alcançadas e a importância do programa para o fortalecimento do processo educativo de crianças que vivem no campo através de metodologias que utilizam nas suas vivências diárias.
  • 12. 12 Capítulo 1 Educomunicação: uma prática em desenvolvimento no Brasil Os meios de comunicação de massa desempenham um importante papel na sociedade contemporânea, se fazendo presentes na vida de cada pessoa influenciando seus hábitos, personalidade e formação de opiniões. A programação é, muitas vezes, desenvolvida para atender cada público específico (que vai desde faixa etária a questões de gênero e raça) que cresce cada vez mais. A cultura de um povo sofre influência direta dos meios de comunicação que predominam na sua região e a maior interferência acontece através da televisão que, na maioria das vezes, determina a moda, age na forma de falar inserindo gírias no vocabulário dos telespectadores, lança as músicas mais ouvidas etc. Os meios de comunicação de massa devem atuar em prol da sociedade, de um modo que desenvolvam sua função democrática e social, que é, além de entreter, apresentar informações de interesse coletivo sem fazer julgamento prévio da importância do seu conteúdo ou qualificá-los de acordo a interesses de poucos. Eles também atuam de forma significativa na promoção e exercício da cidadania, e trazem para cada cidadão informações de interesse público, deixando- os a par dos principais acontecimentos e assim, dando a cada um conteúdo para formar sua opinião, buscar seus direitos e colocar em prática os seus deveres de ator social comprometido com o seu bem estar e o da sociedade. Mas a formação de cada pessoa depende da inter-relação entre diversos setores da sociedade que agem juntos, como poder público, família, meios de
  • 13. 13 comunicação e escola, que desempenham seus papéis de orientadores no processo de desenvolvimento pessoal. No entanto, essa inter-relação, por vezes, fica prejudicada devido aos métodos que cada veículo de comunicação utiliza no seu trabalho. Por exemplo, a escola que tem muita dificuldade em trabalhar com a recepção dos meios de comunicação, tão pouco incentivar o exercício da comunicação comunitária dentro das salas de aula. A escola tem grande responsabilidade na formação do caráter e personalidade de cada pessoa que desde o início da vida já a frequenta e por isso precisa ampliar seus métodos de ensino-aprendizagem para garantir a cada criança não apenas a recepção passiva dos meios de comunicação de massa, mas incentivá-las a fazer julgamentos, exigir seus direitos de cidadão e, principalmente a produzirem conteúdo informativo dentro do seu espaço como prática de exercício de cidadania. Este capítulo tratará dessa prática que se faz cada vez mais necessária nas salas de aula, apresentando como ela é vista por especialistas das áreas de educação e comunicação e os retornos alcançados através da aplicação dessa metodologia no espaço educacional. 1.1 As teorias da comunicação em revista A expansão da comunicação social despertou o interesse de estudiosos e intelectuais de diferentes campos do saber, como: linguística, filosofia, sociologia, entre outros, que passaram a estudar os efeitos desse fenômeno tanto na vida pessoal quanto na sociedade. A partir desses estudos foram formuladas as teorias da comunicação, que na sua primeira fase concentraram sua atenção sobre as
  • 14. 14 mensagens da mídia e o efeito sobre os indivíduos, e na segunda, deram destaque ao processo de seleção, produção e divulgação das informações através dos meios de comunicação. Segundo Vera Veiga França (2001), a partir de 1930 nos Estados Unidos começou a ser desenvolvido um determinado tipo de pesquisa sobre os meios de comunicação de massa, mais especificamente sobre os seus efeitos e funções. Foram os mass communication research, que deram início à Teoria da Comunicação. Era uma maneira de acompanhar o desenvolvimento desses veículos, analisando suas metodologias de criação, divulgação e o quanto podiam interferir nas vidas dos receptores. A princípio os estudos concentravam-se em conhecer os efeitos a partir de estímulos lançados pelos meios de comunicação, com métodos quantitativos que analisavam conteúdos, audiência e os reflexos que eram levados a cada espectador. A Teoria Hipodérmica, por exemplo, baseou-se no conceito de “estimulo/resposta”, pelo qual as mensagens dos meios de comunicação não encontrariam barreiras para adentrar ao público, que estando organizado em massa recebe as mensagens de forma isolada, mas com igual efeito para cada individuo, que apenas assimila e a recebe de forma passiva. A Teoria Hipodérmica se constitui de estudos baseados nas teorias da sociedade de massa que viam os indivíduos isolados, tanto física quanto psicologicamente, dentro da sociedade industrial do século XX (Le Bron e Ortega y Gasset, apud Araújo, 2001, p. 125). Nesse período os conteúdos produzidos pelos meios de comunicação de massa eram vistos como impróprios e que tinham ação uniforme sobre as pessoas sem levar em consideração aspectos culturais, políticos e até mesmo geográficos.
  • 15. 15 Nesse sentido, a capacidade individual de interpretação dos receptores, assim como sua inteligência e referências anteriores eram desconsideradas. Nesse período existia uma resistência por parte de alguns teóricos da área em entender os meios de comunicação como transmissores de mensagens para a informação e diversão, entre tantas outras funções. Para eles, as pessoas comportavam-se de maneira semelhante, com os mesmos sentimentos e reações, de forma passiva, diante de todo conteúdo a que tinham acesso através dos diversos meios de comunicação de massa. O cientista político Harold Lasswell desenvolveu um modelo que tentou preencher as lacunas da teoria hipodérmica, que levava em consideração quem era o emissor, o receptor, qual o meio, a mensagem e o efeito. Depois dessa fase novos estudos passaram a levar em consideração as experiências pessoais de cada pessoa, atribuindo a isso a forma de recepção de todo material produzido pelos meios de comunicação de massa. A Teoria da Persuasão preconizava que as mensagens dos meios de comunicação não são aceitas de imediato, mas são submetidas a filtros psicológicos individuais e assim as mensagens não têm poder de manipulação, mas de persuasão. A resposta ao conteúdo recebido depende de aspectos psicológicos de cada pessoa e esses são relativos à audiência quando a pessoa vê o que está mais próximo de sua realidade e, em alguns momentos, chega a distorcer o conteúdo da mensagem para adequá-la à sua maneira de entender a situação. Segundo Araújo (2001), a atuação de vários processos psicológicos entre “a ação dos meios e dos efeitos”, fazia com que cada pessoa se comportasse de forma diferente diante da mesma informação.
  • 16. 16 Nesses estudos já se podia notar os interesses em associar os meios de comunicação de massa ao universo dos seus receptores, assim como fazer a análise crítica das mensagens recebidas a fim de poder agir de forma individual perante cada acontecimento vivenciado através dos veículos de comunicação. Demonstra-se a importância do receptor das mensagens para a existência desses veículos e a necessidade de se produzir informação de forma que considere a diversidade de pessoas que irão receber. Gradativamente crescem os estudos que buscam mostrar que o receptor tem uma função importante para a existência dos meios de comunicação de massa, que por sua vez, tornam-se mais um instrumento de ação na vida dessas pessoas e não apenas o único. Não é desconsiderada a importância desses meios na formação de cada pessoa e para o convívio social, mas reconhece-se também o ser humano como atuante dentro dessa sociedade e capaz de compreender e tecer suas próprias opiniões a respeito dessas produções, levando em consideração muitas outras experiências ao longo da sua história. A base da educomunicação está justamente nessa percepção de que o ouvinte/expectador pode atuar no processo de formação da sua sociedade, utilizando os meios de comunicação para a divulgação de ideiais, assim deixa de ser apenas receptor, transformando-se em um emissor. São nesses pressupostos que se baseia a Teoria Empírica, que estuda essa relação entre a recepção das mensagens midiáticas e as vivências e conhecimentos das pessoas. Ela que diz que a mídia é apenas mais um instrumento de influência na vida social, que disputa espaço com outros grupos que também são fundamentais no processo de formação de cada indivíduo, em maior ou menor grau,
  • 17. 17 como família, igreja, partido político, entre outros, descartando assim uma relação direta entre os meios de comunicação e as atitudes humanas. Com o surgimento da Escola de Frankfurt, aumenta o interesse em analisar a produção em larga escala e passa-se a levar em consideração os interesses mercadológicos desse processo, estudando os aspectos industriais contidos em obras como filmes e músicas. A Teoria Crítica considera a produção midiática como produto da era capitalista. Assim, a arte é concebida pela mídia como qualquer outro produto industrial, por isso os autores dessa teoria utilizam o termo “indústria cultural” para caracterizar a produção midiática. Para França (2001, p. 56), a teoria crítica se desenvolve em contraposição – e quase como um antídoto – para a perspectiva pragmática e positivista americana, promovendo uma crítica severa à mercantilização da cultura e a manipulação ideológica operada pelos meios de comunicação de massa. Já a Teoria do Agendamento, ou Agenda Setting, estuda a capacidade que os meios de comunicação possuem para colocar em evidência determinados assuntos. Assim, ela estuda a importância desses meios como mediadores entre o receptor e assuntos que estão distantes da sua realidade. Giovandro Marcus Ferreira (2001), diz que a agenda setting constrói sua hipótese afirmando que a influência não reside na maneira como os mass media fazem o público pensar, mas no que eles fazem o público pensar. Essa teoria não elimina as relações pessoais, mas também não as classificam como geradoras de temas. Nesse sentido, existe uma preocupação com o poder que os meios de comunicação possuem em evidenciar determinados fatos que lhe interessam e ofuscar outros, sem exercer uma das suas principais funções, a imparcialidade. Não
  • 18. 18 é em vão que existe uma preocupação com relação ao que a grande mídia produz e consequentemente tenta transformar em verdade. A presença da mídia na sociedade é tão grande e igualmente importante que faz despertar a necessidade de conhecê-la mais a fundo. Assim, desenvolvem-se teorias e suposições sobre suas ações, interesses e necessidades frente ao seu desenvolvimento. As Teorias da Comunicação fazem perceber que a mídia tem papel importante no processo de desenvolvimento pessoal e coletivo de seus expectadores. Ela tem o poder de massificar temas, divulgar ideologias e sensibilizar coletivamente com as informações que transmite. A educomunicação utiliza os estudos das Teorias da Comunicação para fundamentar suas metodologias. Pois, busca sensibilizar as pessoas para se utilizarem desse recurso para exporem necessidades, anseios, ideais e assim, construírem uma sociedade mais centrada e que seus membros busquem juntos a resolução dos problemas existentes. 1.2 Comunicação e educação: concepções freirianas Com a massificação dos meios de comunicação, grande parte das pessoas tem acesso a inúmeros canais de informação e entretenimento diariamente. Em casa, no trabalho e até mesmo na rua, chegam mensagens através de rádio, TV, alto-falantes, entre outros, que nos deixam a par dos acontecimentos locais e mundiais.
  • 19. 19 Apesar da forte presença e importância que os meios de comunicação possuem nas vidas das pessoas e especialmente, nas vidas das crianças, as escolas possuem barreiras para trabalhar com essas linguagens. Muitas não valorizam esse aprendizado extraclasse e tão pouco trabalham em sala de aula questões ligadas aos meios de comunicação de massa, deixando que as crianças apenas absorvam o conteúdo que recebem, sem maiores conhecimentos de como são produzidos, quais suas finalidades, a importância deles para a sociedade etc. A escola desempenha um papel de extrema importância para o desenvolvimento psicossocial dos seus estudantes e precisa sempre buscar a inovação, com a utilização de novos recursos para as aulas, com o intuito de estimular o processo de aprendizagem. Ela deve trabalhar principalmente a partir dos conhecimentos que as crianças já possuem para alcançar melhores resultados que garantam uma educação de qualidade, voltada, não apenas para a aquisição de conhecimentos específicos, mas também para o bem estar social dos envolvidos. Paulo Freire defende a distinção entre os mundos da natureza e da cultura dentro do processo educacional como forma de levar o ser humano a conhecer e interagir na produção da cultura do seu povo, se fazendo parte desse meio e atuando na construção da história cultural da sua sociedade. Ele diz ainda que o ser humano que não consegue fazer uma leitura crítica dos meios de comunicação a que tem acesso é um analfabeto, pois uma pessoa só se alfabetiza quando é capaz de analisar criticamente a sociedade em que vive e as informações que recebe. Paulo Freire (apud Burgos, 2007) cita a comunicação como algo que transforma essencialmente os homens em sujeitos. Assim formulou sua proposição de que a educação como construção compartilhada de conhecimentos, constituiu-se em
  • 20. 20 processo de comunicação, uma vez que é produzida através de relações dialéticas entre as pessoas e o mundo. Freire faz uma distinção entre o homem integrado que participa de forma ativa no processo de construção cultural do seu mundo, pois está inserido na sua realidade, e o homem massificado, que mantém contato com a realidade, mas não está integrado à mesma e acaba renunciando cada dia mais a sua capacidade de decidir (MELO, 1998). Ele faz um alerta para o uso da palavra “extensão” no processo educativo, pois sua função nada mais é do que levar um conhecimento pronto a um receptor, sem dar a esse condições de analisar criticamente ou modificar essa informação, o que invalida seus conhecimentos anteriores e sua capacidade de recriação a partir dos conteúdos recebidos. No processo educativo a descoberta se dá dos dois lados (educador e educando), e há abertura para a reconstrução das informações recebidas de acordo a realidade de cada um, garantindo o aprendizado de fato, ao invés de mera recepção de informações (FREIRE, 1977). Para Freire, “a educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não é a transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados” (FREIRE, apud ACCIOLY, 2005). E é nesse processo de troca de saberes que o educador se faz muito importante, pois cabe a ele decidir como essa ação será praticada, a melhor forma de estimular o aprendizado dos seus alunos, decidir entre o mais fácil (educação bancária onde a realidade é apresentada como algo estático, parado e concreto e induz ao aluno à memorização mecânica) ou educar através dos conhecimentos prévios e diferentes que cada criança traz e na certeza de que no dia seguinte terá novos conhecimentos para
  • 21. 21 partilhar. A troca de experiências entre educadores e educandos é fundamental para aquisição de conhecimento; a educação faz parte de uma rede de interações. Nesse processo interativo é preciso que a comunicação empregada não seja apenas entre professores e alunos, mas também que os meios de comunicação ganhem espaço na sala de aula, para que cada aluno possa produzir informação, entretenimento, entre muitos outros materiais para desenvolver suas capacidades intelectuais, incentivar a prática da leitura e da escrita, instigá-lo à pesquisa etc. Barbero (2000) diz que a comunicação pode ser uma grande aliada da educação no processo de formação de cidadãos livres, com capacidade de atuar de forma independente na sociedade. Para ele, o modelo de educação vertical, adotado pela grande maioria das escolas, impede que essa se abra para enriquecer-se com as linguagens dos meios de comunicação. Mas não basta apenas introduzir os meios de comunicação nas escolas como novos recursos tecnológicos que servem unicamente para transmitir conteúdo das aulas, mas sim que sejam utilizados pelos educandos para interagirem com eles, que selecionem o que será transmitido nesses equipamentos e, que principalmente, sejam eles os principais produtores do material informativo, seja escrito, visual ou auditivo. Muitas escolas já utilizam no processo educativo a educomunicação, que visa o desenvolvimento dessas práticas de fortalecimento da educação através da realização de atividades comunicativas, onde os alunos podem desenvolver o conteúdo das matérias a partir dos seus conhecimentos e da pesquisa. No Brasil o uso da educomunicação está em crescimento e ao longo dos anos de aplicação tem apresentado bons resultados.
  • 22. 22 1.3 Educomunicação: historicizando uma prática no Brasil Com o passar dos anos e a produção de novas tecnologias, os meios de comunicação puderam levar suas informações e conteúdos para lugares cada vez mais distantes e, consequentemente, para muito mais pessoas. Muitos especialistas passaram a estudar os impactos da transmissão em larga escala e a qualidade do conteúdo produzido para a formação intelectual e social dos receptores. Várias teorias e metodologias surgem trazendo possíveis soluções para os problemas causados pelos media. Mário Kaplún, comunicador argentino que viveu no Uruguai, foi o primeiro na América Latina a expressar a necessidade de educar os cidadãos a pensarem criticamente sobre todo o material que recebiam dos meios de comunicação de massa. Kaplún buscava mostrar que a forma mais proveitosa de utilizar os recursos tecnológicos na educação não era como suporte pedagógico, mas como objeto de disseminação de ideais sociais, que fizesse chegar a mais pessoas a necessidade de observar criticamente o conteúdo que todos os dias chega através dos meios massivos, carregados de ideologias. No Brasil a primeira pessoa a identificar a necessidade e a estudar alguns movimentos nesse sentido foi o professor da Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo (ECA/USP) Ismar de Oliveira Soares. Ele lecionou durante 16 anos em colégios do Ensino Médio a disciplina de geografia. Formado em jornalismo, sempre utilizou em suas aulas programas de televisão que faziam coberturas geográficas ligadas aos temas de suas aulas. Soares começou a desenvolver projetos baseados na necessidade de formar cidadãos capazes não só de receberem passivamente as informações produzidas de forma massificada, mas também de interagir na sua produção, participar
  • 23. 23 ativamente de todo o processo e ainda saber avaliar todo o conteúdo produzido pelos media, para reduzir o impacto causado pelos veículos de comunicação de massa. A esse processo, de educar os cidadãos criticamente e prepará-los para participar ativamente das produções midiáticas, foi dado o nome de Educomunicação, que não só une os termos educação e comunicação, mas que cria uma interação entre elas. Ela significa educação para a recepção crítica da mídia. A educomunicação vem surgindo desde a década de 1970 para representar todo esforço feito pela sociedade na defesa de causas como as dos indígenas. Ela vem surgindo na América Latina por meio de grupos de pessoas que se reúnem para usar os recursos da informação na defesa de seus interesses a partir da perspectiva freiriana da comunicação dialógica (Soares, 2009). Com o surgimento de movimentos populares pela cidadania nos anos 70 no Brasil, ficava cada vez mais nítida a necessidade tanto da educação como da comunicação transformarem suas metodologias. Segundo Soares (apud SALDANHA, SANTOS, TONUS, 2009), esses movimentos exigiam que a educação valorizasse mais a realidade, e não se prendesse somente a teorias. Era necessário também que a comunicação abrisse mais espaço para divulgação de mensagens com maior caráter comunitário e menos mercadológico. A partir dos anos 80, o surgimento das organizações não governamentais (ONGs) foi de grande valia nesse processo, pois influenciou o voluntariado. As ONGs ficaram mais próximas das comunidades, o que motivou a educação informal. Assim, abria-se espaço para uma nova área, que surgia da inter-relação entre educação e comunicação, onde as duas eram percebidas pela sociedade como áreas de fundamental importância para a formação do indivíduo.
  • 24. 24 A educomunicação começou a ser praticada por professores brasileiros em suas aulas sobre meio ambiente, em busca da conscientização coletiva e a integração dos alunos e comunidade para a proteção do planeta. Nesse sentido a cidadania passou a ser mais importante do que os interesses mercadológicos, praticados pelas grandes mídias. No final dos anos 90, Soares começou na Universidade de São Paulo (USP), uma pesquisa para entender a interface entre comunicação e educação. No início de sua pesquisa, observou que alguns professores realizavam seus trabalhos com base em novas práticas, e desenvolviam uma educação para a comunicação através da leitura crítica da mídia ou da produção de comunicação alternativa. O termo Educomunicação era utilizado pela UNESCO no início dos anos 80 para indicar a leitura crítica dos meios e, a USP, em 1999, deu a ele um novo sentido, como sendo uma nova prática onde a gestão participativa é fundamental. Na produção de material com base na educomunicação não existem funções definidas, mas sim, a participação de todos nas diversas etapas, criando-se conteúdo em que várias pessoas interagem desde a escolha do tema até a edição final. Claudia Jawsnicker (2008) expõe a necessidade que a educação tem de utilizar os meios de comunicação no seu processo de formação da visão crítica, sendo a educação responsável por instruir criticamente e a mídia servindo de canal para a realização desse processo. Mas nem sempre essa relação é bem sucedida por causa das incertezas dos educadores com relação ao potencial que os veículos de comunicação possuem ou ainda porque eles valorizam muito mais a aula expositiva como forma de transmissão de conhecimento.
  • 25. 25 Izabel Leão (2009) fala sobre o amadurecimento da educomunicação, que além de fazer leitura crítica da mídia, propõe que tanto alunos quanto professores se apropriem das diferentes tecnologias no dia-a-dia da sala de aula de maneira participativa, onde “o diálogo se dê horizontalmente” e que a prioridade seja a realização de atividades em conjunto para que possam partilhar conhecimentos e desenvolverem potencialidades. O principal objetivo da educomunicação consiste não na utilização das melhores tecnologias, mas sim, em “como utilizar esses recursos para melhorar as relações de comunicação entre os envolvidos”. Além das tecnologias utilizadas no processo de educomunicação, da participação das crianças, da metodologia utilizada, existe outro personagem que tem fundamental importância para obtenção do êxito nas atividades educomunicativas: o educomunicador. É ele quem faz toda orientação das atividades desenvolvidas, escolhe os métodos mais eficazes de acordo as necessidades e potencialidades dos seus alunos e entende seu verdadeiro papel na função de educador, que é de não apenas transmitir conhecimento, mas também de mediar a aprendizagem, estimular o desenvolvimento de cada aluno, em que reconhece suas dificuldades particulares e desenvolve técnicas para que eles possam superá-las. Cabe a ele também, conhecer os diversos veículos de comunicação que sua classe tem acesso, a forma como essas emissoras abordam os temas mais discutidos no momento e educar seus orientandos para saberem discernir as reais intenções de cada meio e analisarem criticamente as mensagens e informações recebidas. A partir das pesquisas e projetos desenvolvidos pela ECA/USP, muitos outros foram se articulando por todo o Brasil. Isso se deu graças ao reconhecimento da necessidade da relação dialógica entre comunicação e educação e de que esse
  • 26. 26 debate precisa ser alicerçado nas salas de aulas. Diversos projetos são desenvolvidos para capacitar os educadores, criando espaços para produção de conteúdo midiático nas escolas, a exemplo da Agência Uga-uga de Comunicação situada na cidade Manaus-AM, que desenvolve o Projeto Escola Cidadã com o objetivo de mobilizar e sensibilizar adolescentes e jovens para criarem uma cultura de participação direta na sociedade, através do desenvolvimento de ações que visem à melhoria de sua realidade escolar e comunitária; o projeto Escola Interativa, desenvolvido pela Cipó – Comunicação Interativa – Salvador/ BA, que utiliza a metodologia da Educação pela Comunicação em escolas, favorecendo a construção de conhecimentos e o desenvolvimento de habilidades e competências nesse campo; o Projeto Escola de Vídeo em Auçuba, Recife-PE, que busca desenvolver o senso crítico e a criatividade de jovens com a utilização da comunicação numa perspectiva educativa. O objetivo é intervir na comunidade, com a implantação de Núcleos de Comunicação Comunitária (NCC) que reúnam recursos materiais e a participação humana para a realização de práticas na área da comunicação, a partir da participação de jovens etc. E o projeto de Educomunicação no Campo, desenvolvido pelo Movimento de Organização Comunitária (MOC), de Feira de Santana-Ba, que desde 2006 busca democratizar a comunicação, com o estímulo ao debate e à prática da mesma nas salas de aula em 14 escolas da cidade de Conceição do Coité, 6 em Retirolândia e 27 na cidade de Valente, onde os educadores são incentivados a trabalharem a produção de mídias educativas como programas de rádio e boletins, com o incentivo à participação ativa de crianças e adolescentes no processo de construção desses meios.
  • 27. 27 É sobre o projeto de Educomunicação no Campo no Território do Sisal que este trabalho vai se desenvolver.
  • 28. 28 Capitulo 2 Território do Sisal: organização para o desenvolvimento do semiárido baiano O Projeto de Educomunicação no Campo é desenvolvido pelo MOC no chamado Território do Sisal. O território do Sisal possui 21.256,50 quilômetros quadrados, está localizado no semiárido baiano e é formado pelos municípios de: Araci, Barrocas, Biritinga, Candeal, Cansação, Conceição do Coité, Ichu, Itiuba, Lamarão, Monte Santo, Nordestina, Queimadas, Quijingue, Retirolândia, Santa Luz, São Domingos, Serrinha, Teofilândia, Tucano e Valente. Caracterizado por longos períodos de estiagem, o Território do Sisal possui um clima semiárido. O relevo é marcado por planaltos e tabuleiros e as fontes de água são rios e riachos, muitas vezes interrompidos por barragens para guardar essa água para o período da seca. Os lençóis freáticos da região quase sempre são salobros por causa da baixa pluviosidade e da acidez do solo. Na vegetação há o predomínio de caatinga, mas também existem grandes áreas de cerrado. Essas características influenciaram para que o MOC tivesse interesse em desenvolver atividades nas escolas, pois é necessário que as crianças conheçam melhor o lugar onde vivem, e possam desenvolver atividades voltadas para a disseminação de conhecimento e aplicação de técnicas para o fortalecimento da agricultura familiar e a melhoria da qualidade de vida dos moradores dessas cidades e principalmente, das zonas rurais dos municípios. A cultura do Território é bem diversificada, marcada por manifestações folclóricas e caracterizada pela exaltação das tradições mais antigas, como: reisado,
  • 29. 29 bumba meu boi, literatura de cordel, cantiga de roda, entre outros, que resistem, ainda com formas peculiares, ao processo de desenvolvimento e modernização das cidades. São manifestações que refletem a simplicidade e a disposição do povo para continuar lutando pela preservação da sua história e a concretização dos seus desejos. A música também tem presença marcante. O forró, ritmo característico do nordeste brasileiro, se junta a outros, de origem de diversas partes do Brasil e do mundo nos momentos de festas e confraternizações. A festa mais popular de toda região é o São João, que perdura por todo mês de junho, a começar com as comemorações de Santo Antonio no dia 13 e indo até o São Pedro no dia 29. Neste período, um outro aspecto cultural da região se faz ainda mais forte: a culinária. Como celebração da boa colheita após as plantações no período chuvoso do verão, as mesas nos festejos juninos tornam-se fartas de milho assado e cozido, canjica, pamonha, amendoim, bolos e o tradicional licor. Toda a festa se faz concomitante à queima da fogueira, símbolo maior das festas de São João e da apresentação das quadrilhas. Ainda entre os principais festejos do Território do sisal, existem as quermesses, vaquejadas e a festa da Quixabeira, que reúne diversas manifestações culturais de toda região. Em 2008, o governo federal criou o programa Territórios da Cidadania, uma forma de promover o desenvolvimento econômico e tornar viáveis à população programas voltados para a cidadania por meio de estratégias de desenvolvimento territoriais sustentáveis. O Território do Sisal foi um dos beneficiados com esse programa do governo que garante recursos para os territórios com maior nível de organização, o que garante uma melhor estruturação nas atividades desenvolvidas,
  • 30. 30 como obtenção de crédito, assistência técnica, financiamento e principalmente a criação de políticas públicas por entidades não-governamentais e públicas. Todos os municípios que integram o Território têm características essencialmente rurais e boa parte das famílias sobrevivem da prática da agricultura familiar que garante a geração de renda e promove o desenvolvimento sustentável da região. Segundo Machado (2006), antes era desenvolvida a agricultura monofuncional, baseada unicamente na exploração do sisal. Com a estruturação de políticas públicas e a criação de entidades de apoio e assistência ao agricultor familiar passou a prevalecer à agricultura multifuncional com o processamento, beneficiamento e a industrialização de atividades desenvolvidas principalmente a partir do sisal. O artesanato é mais uma fonte de renda para muitos habitantes, que usam principalmente o sisal como matéria-prima, para desenvolver uma grande variedade de produtos, que além de servirem como adorno para decoração das casas, também são muito úteis nas atividades do dia-a-dia. Foi graças à organização social que o poder público passou a perceber os grupos que se formavam e a promover uma forte integração entre sociedade civil organizada e o poder público local, o que garantiu a criação e execução das políticas públicas idealizadas pelos diversos segmentos que atuam na região. Um dos pontos fortes do território é a atuação dos movimentos sociais, que se desenvolveram frente à grande necessidade de organização de seu povo para buscar melhorias para suas vidas. A pouca valorização do sisal, a falta de recursos para investir na agricultura e pecuária fizeram com que práticas como o cooperativismo e o associativismo ganhassem cada vez mais espaço, oferecendo às pessoas mais apoio para juntas lutarem pelo desenvolvimento local. Segundo
  • 31. 31 Castells (apud Machado, 2006), nesse processo para que essa organização se concretize, acontece uma passagem de uma “identidade de resistência”, desenvolvida a partir do desconhecimento da população dos efeitos causados por essas iniciativas, para uma “identidade de projetos”. Para ele, identidades que se iniciam como de resistência, podem transformar-se em identidades de projetos e, caracterizarem-se como legitimadoras no processo de formação social. Os movimentos sociais são de grande importância para o fortalecimento da comunicação social no Território do Sisal, antes marcado pela cultura do silêncio, durante o período de dominação fundiária e opressão por parte dos grandes proprietários de terra. O meio de comunicação predominante na região é a rádio comunitária, onde quase todas as cidades possuem uma, muitas delas ainda em processo de legalização. As rádios comunitárias despertaram na população a necessidade de participação no processo de construção da sociedade, dando vez e voz para quem antes apenas ouvia e via a vida acontecer através dos grandes veículos de comunicação de massa de forma impotente. Várias rádios comunitárias da região são filiadas à Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (ABRAÇO-SISAL), que tem sua sede na cidade de Retirolândia. Através da ABRAÇO-SISAL os comunicadores comunitários são capacitados, as rádios recebem assistência jurídica, entre outras atividades realizadas. As cidades de Conceição do Coité e Valente já contaram com duas emissoras de TV, uma educativa e outra comunitária, respectivamente. Outras possuem jornais impressos e há instituições que divulgam suas ações através de boletins informativos. Há também a Agência Mandacaru de Comunicação (AMAC), com sede no município de Retirolândia, que além de dar suporte para outros meios e
  • 32. 32 entidades, também produz informações que são distribuídas para outros veículos de comunicação. Foi através dessa organização que surgiram entidades que além de buscarem por transformações para a região, também atuam como ligação entre a sociedade civil e os governos. Exemplos de casos bem sucedidos são os do Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Sisaleira da Bahia (Codes), que surgiu em 2002, a princípio pela necessidade de um consórcio que organizasse as lutas populares e que além de políticas públicas, também desenvolvesse projetos para a região. Para o seu presidente, Urbano Carvalho (2005), o Codes encarna esse novo processo de união de vontade política de distintos atores: sindicatos, cooperativas, entidades civis, poderes públicos, organismos internacionais. É a ideia de todos, mais forte, substituindo a ideia individual ou restrita a um só município. Há também a Associação de Desenvolvimento Sustentável Solidária da Região do Sisal (APAEB) localizada no município de Valente, há 240 quilômetros de Salvador, que trabalha principalmente com o beneficiamento do sisal e emprega mais de 800 pessoas direta e indiretamente. Começou apenas como associação de pequenos agricultores e se fortaleceu a partir da necessidade de melhoria da qualidade de vida. A APAEB Valente está provando que é possível desenvolver atividades que melhorem a qualidade de vida dos agricultores familiares da região, com a diversificação dos campos de trabalho com as matérias-primas existentes nas localidades onde atua. As ações voltadas para a sustentabilidade do Território contribuíram de forma significativa para o fortalecimento das atividades desenvolvidas pelos seus habitantes e ganham mais força a cada dia com a realização de projetos e o incentivo à criação e promoção de políticas públicas que visam o desenvolvimento
  • 33. 33 local através da sustentabilidade da população a partir de atividades realizadas com recursos disponíveis na região. 2.1 Contribuições do MOC para o desenvolvimento do Território do Sisal O MOC também contribui de maneira significativa para o fortalecimento social do Território com o incentivo à criação de políticas públicas para o desenvolvimento da região, o apoio a grupos na estruturação de suas atividades e a implantação de programas que buscam garantir maior qualidade de vida e o desenvolvimento social dos moradores do território do sisal. Fundado em 1967 em Feira de Santana-Ba através de programas sociais da Igreja Católica, tornou-se autônomo a partir de 1970. Sua intenção sempre foi chamar a atenção das pessoas para os seus direitos, incentivando-as a se organizarem e poderem exercer sua cidadania. Desde então, nota-se o crescimento de atividades de apoio e fortalecimento de associações comunitárias tanto urbanas quanto rurais. Exemplo disso foi o fortalecimento do Sindicato dos Trabalhadores de Feira de Santana e em seguida vários outros também ganharam força, além de outras associações e demais organizações da região. Toda região ganhou mais visibilidade frente às reivindicações que eram realizadas de forma coletiva e organizada. O MOC participa de forma ativa na busca do desenvolvimento integrado e sustentável nas cidades onde atua, dando prioridade para o fortalecimento da sociedade civil organizada com contribuições para o desenvolvimento de políticas públicas.
  • 34. 34 O MOC busca o fortalecimento da agricultura familiar e dos movimentos sociais, assim como o fortalecimento da educação na zona rural com projetos específicos da área e o fim do trabalho infantil, além de programas específicos para movimentos de mulheres. Para alcançar esses objetivos, é realizado um trabalho de conscientização política a partir de valores como cooperação, solidariedade e reciprocidade. Nas atividades desenvolvidas pela organização, sempre é empregada uma metodologia onde todos são considerados sujeitos da ação, que constroem de maneira igualitária o seu desenvolvimento, com respeito aos valores pessoais, tradições e a cultura de cada lugar, fazendo-os compreender que são capazes de conhecer e produzir conhecimento, atuando de forma que possam mudar não só a eles mesmos, mas a sua realidade de vida. Para isso o MOC trabalha nas linhas da educação por considerá-la indispensável nesse processo. Há um incentivo à produção de conhecimento a partir da realidade de cada pessoa ou comunidade, com o intuito de resolver problemas que se caracterizam como próprios daquele lugar, sempre a partir do uso de alternativas viáveis, segundo a linha de pensamentos de Paulo Freire. Ele trabalha com base na ideia de que não existem conhecimentos prontos e sim na produção coletiva a partir da troca de informações e conhecimentos, tanto no âmbito acadêmico quanto popular, indispensáveis para a formação de uma sociedade mais crítica e atenta às suas necessidades e objetivos a serem alcançados. O principal público de suas ações são trabalhadores e trabalhadoras rurais, agricultores e agricultoras familiares, pequenos produtores urbanos, professores rurais e crianças e adolescentes em situação de risco social.
  • 35. 35 A sua atuação acontece em quatro territórios da cidadania no estado da Bahia, sendo eles: Bacia do Jacuipe, Piemonte e Diamantina, Portal do Sertão e do Sisal. Para manter os projetos, ele conta com diversas parcerias de outras entidades, organizações e redes com quem compartilha outros projetos políticos. São eles de caráter municipais, estaduais, nacionais e até mesmo internacionais. O trabalho desenvolvido é um forte aliado na luta pela democratização da comunicação nas regiões onde atua com o apoio ao Comitê Pela Democratização da Comunicação que desenvolve um trabalho na busca de melhorias da comunicação comunitária. Segundo o coordenador do programa de comunicação da organização, Klaus Minihuber1, o MOC trabalha com políticas públicas e propostas de democratização da comunicação e o fortalecimento da comunicação comunitária “onde a própria comunidade faz a comunicação e não só a consome”. Além disso, atua na área de assessoria institucional às rádios filiadas a ABRAÇO-SISAL, com ciclos de capacitação dos comunicadores comunitários. Outro aspecto relevante da ONG é o forte trabalho com jovens que, ainda segundo Minihuber, “tem grande potencial de transformação com atitudes revolucionárias e que não se acomodam tão fácil”, uma fase que pode ser canalizada para coisas boas e positivas, adentrando na luta por seus direitos com vontade de transformação e redescoberta de valores. O trabalho com a juventude iniciado em 2006 com os “jovens comunicadores” resultou na criação AMAC e em vários outros movimentos formados principalmente por jovens e adolescentes. A articulação de seus trabalhos se dá a partir de quatro linhas estratégicas de atuação, partindo de ações como: 1) Assessoria de imprensa com um boletim eletrônico semanal com informações que são utilizadas principalmente pelas rádios 1 Entrevista concedida a autora no dia 29 de outubro de 2009.
  • 36. 36 comunitárias; 2) políticas públicas no sentido de fazer com que seus projetos se estruturem e passem a ser ações dos governos; 3) comunicação comunitária buscando com que as emissoras comunitárias ganhem cada vez mais forma e 4) a educomunicação como forma de garantir a sustentabilidade da comunicação comunitária a partir da formação de jovens que sejam capazes de se expressar e fazer com que a voz de suas comunidades tenha valor. O projeto de educomunicação do MOC é desenvolvido em escolas do campo das cidades de Conceição do Coité, Retirolândia e Valente e busca capacitar os alunos envolvidos para a produção midiática, além da análise dos meios de comunicação a quem têm acesso e educar de uma forma mais dinâmica e proveitosa. Para Nayara Silva2, umas das coordenadoras do projeto, o programa trabalha por dois vieses, são eles: suscitar nos municípios esse debate acerca de políticas públicas voltada para o fortalecimento da educação e por consequência da comunicação também [...] Outro objetivo é gerar essa análise da mídia, dos meios de comunicação que existem nos municípios, no território e a nível de Brasil e permitir que esses sujeitos se envolvam no processo [sic]. Através das atividades as crianças conseguem descobrir qualidades e oportunidades que existem na sua região e promover o desenvolvimento social em busca de melhorias para suas vidas e, consequentemente, para toda a comunidade, que ganha com a divulgação de informações que estão próximas de sua realidade e com a organização juvenil que descobre a necessidade da democratização da comunicação. 2 Entrevista concedida a autora no dia 29 de outubro de 2009.
  • 37. 37 A participação do MOC se dá através de capacitações de professores e estudantes nas áreas técnicas de rádio, internet, mural e fanzine. Ele monitora e avalia todo o processo, mas a responsabilidade pela continuação do projeto nos municípios depende das secretarias de educação que têm dado suporte para a realização das atividades. O MOC conta com parcerias para desenvolver seus projetos e colocá-los em prática, a exemplo do UNICEF, que apóia as ações educomunicativas da organização por valorizar a participação qualificada das crianças, por garantir o direito à comunicação e a participação no processo de construção da sociedade em que vivem. Ainda segundo Naiara Silva, o programa nasceu muito pequeno, sem muitas perspectivas, mas tende a crescer na região e tem muita importância para o futuro da instituição. Com o apoio da Petrobras, o MOC está estendendo o programa para mais sete cidades, para garantir as práticas educomunicativas em pelo menos dez cidades do semi-árido baiano e expandindo cada vez mais suas atividades de organização e incentivo para o desenvolvimento e a sustentabilidade de parcela da população baiana.
  • 38. 38 CAPÍTULO 3 Educomunicação: uma área em constante desenvolvimento no processo de ensino-aprendizagem nas escolas do semiárido baiano A educomunicação ganha cada vez mais espaço em diversos segmentos da sociedade atual com a perspectiva de agregar valores a processos que se utilizam de suas metodologias para qualificar as atividades desenvolvidas. Nas escolas, principalmente, o uso da educomunicação visa à melhoria da qualidade do processo ensino-aprendizagem com a superação de métodos tradicionais e a eliminação do processo de educação bancária ainda vigente em muitas instituições de ensino do país. Após muitas teorias e análises de diversos especialistas em educação, várias proposições são lançadas com o intuito de desenvolver um processo educativo com maior valorização do aluno e seus conhecimentos adquiridos fora da escola. Atualmente, muitas instituições de ensino desenvolvem programas que buscam superar essas deficiências apontadas nas metodologias tradicionalistas e a Educomunicação está sendo utilizada com a intenção de desenvolver uma educação que procure instigar o aluno a buscar conhecimento, através de atividades voltadas para a pesquisa e produção de informação, ao mesmo tempo em que se utiliza de técnicas de comunicação de massa e desenvolve o senso crítico e o conhecimento acerca da funcionalidade desses meios. No semiárido baiano, o MOC está desenvolvendo o projeto de educomunicação no campo, com a promoção de atividades que interligam a comunicação com o ensino educacional, com a proposta de trabalhar de acordo a
  • 39. 39 realidade do campo com crianças que na maioria das vezes são filhos de agricultores familiares e convivem diariamente com uma realidade basicamente rural, mas que são obrigadas a ver nos livros didáticos apenas temáticas ligadas aos grandes centros urbanos. 3.1 Impactos e relevâncias para os alunos das escolas envolvidas O programa de Educomunicação do MOC é desenvolvido nas escolas públicas municipais das cidades de Conceição do Coité, Retirolândia e Valente. A função do MOC é capacitar os professores para trabalharem conteúdos midiáticos em sala de aula, assim como sua produção e a análise crítica do material informativo produzido pelos grandes meios de comunicação de massa. Cabe aos governos municipais por vias das secretarias de educação oferecer os recursos necessários para o desenvolvimento das atividades. Para a realização deste trabalho, foram escolhidas três escolas, uma em cada cidade e todas localizadas na zona rural do município, para observação das atividades realizadas e entrevista com os alunos e professores. A escolha das escolas se deu a partir de pesquisa exploratória através de conversas com representantes das secretarias de educação de cada município que descreveu a forma de trabalho desenvolvida em cada instituição. Foram selecionadas as escolas em que o programa demonstra melhores resultados, com a intenção de apresentar as metodologias que garantem maior envolvimento das crianças e consequentemente maior qualidade no processo educacional. Com o intuito de descobrir a importância do programa tanto para os alunos, quanto para os professores no desenvolvimento das suas atividades, foram
  • 40. 40 observados aspectos como: melhoria das notas, comportamento e aprendizado das crianças durante a realização das tarefas ligadas a produção e divulgação de conteúdo. Em Conceição do Coité, a escola visitada foi a Alípio Cerqueira, na comunidade de Peba, distrito de Salgadália, com turmas entre o primeiro e o quinto ano do ensino fundamental. A principal atividade educomunicativa desenvolvida na escola é um programa de rádio, apresentado todos os dias por grupos de alunos que são escolhidos principalmente pela dificuldade de aprendizado observada pelas professoras. Nem todos os alunos fazem parte dos grupos de apresentação, mas os demais são convidados pelos colegas a participarem com a apresentação de trabalhos realizados durante as aulas como: textos, poesias, paródias, entre outros. Alunos apresentando programa de rádio na Escola Alipio Cerqueira em Conceição do Coité. Fonte: Arquivo da Escola Alípio Cerqueira. Os alunos são estimulados a desenvolverem pesquisas sobre temas propostos pelas professoras e que possuem ligação com a realidade das crianças, praticam o ato da leitura e escrita e muitos perdem a vergonha de falar em público.
  • 41. 41 As três turmas que participam têm seu período de aula no turno da tarde e fazem o programa no intervalo. O uso da educomunicação nas salas de aula surgiu em 2008 com o intuito de estimular os alunos com maior dificuldade de aprendizado a desenvolverem suas capacidades motoras de leitura e escrita. São 20 crianças, divididas em cinco grupos de quatro, onde cada um é responsável pela produção e apresentação em um dia da semana. O método de aplicação e desenvolvimento do programa estimula a interação das crianças de diferentes turmas e idades. Aluno, na reunião de devolução para a comunidade, apresentando texto produzidonas atividades do programa. Fonte: Arquivo da Escola Alípio Cerqueira. Em Retirolândia a escola visitada foi a Jarbas Passarinho, localizada no povoado de Vista Bela. As turmas envolvidas no programa são as da segunda, terceira e quarta séries do ensino fundamental e as atividades acontecem por etapas, com a realização de parte do processo em determinados períodos, onde os professores trabalham com base nessas produções. Lá são produzidos fanzines, jornal-mural e programas de rádio que são gravados em uma rádio comunitária na sede do município.
  • 42. 42 Seminário de Devolução das Escolas Do Municipio de Valente. Fonte: Prefeitura Municipal de Valente. Durante as etapas de produção, as crianças realizam pesquisa, colhem informações, fazem entrevistas, organizam o material, selecionam junto às professoras o material que servirá de fonte para a produção do material informativo. Na cidade de Valente, mais precisamente no povoado de Encruzilhada, se encontra a escola Veríssimo Ferreira da Silva na qual atividades educomunicativas acontecem em uma turma multisseriada, com alunos da segunda, terceira e quarta séries. São dezoito alunos, que trabalham principalmente em grupos na produção de conteúdo para o jornal-mural, fanzines, programas de rádio, entre outros materiais.
  • 43. 43 Aluna de Valente fazendo entrevista para o Programa de Rádio do Educomunicação. Fonte: Prefeitura Municipal de Valente Apesar de ser uma turma com crianças de diferentes idades, é a escola onde o programa tem maior destaque com relação a todas as outras que fazem parte do programa de Educomunicação no Campo do MOC. A escola já adquiriu dois microcomputadores com impressora e tem acesso à Internet para a realização das atividades educomunicativas. Entre as três escolas visitadas, foi onde os educandos demonstraram maior desinibição e desenvoltura para falar nas entrevistas e relatavam as melhorias alcançadas com o programa antes de serem questionados sobre elas. Os alunos apresentaram acontecimentos, realizações e satisfações familiares com as suas participações no programa e citaram o incentivo que recebiam para aumentar o empenho na realização da produção do material educomunicativo solicitado pela professora.
  • 44. 44 Outro fator que fez a escola ter mais destaque dentre as demais é o fato da comunidade de um modo geral colaborar com as atividades ao dar entrevistas e participar dos eventos desenvolvidos pela escola. Seminário de Devolução para a comunidade das escolas de Valente. Fonte: Prefeitura Municipal de Valente. 3.2 O quantitativo/qualitativo da aplicação da educomunicação nas escolas do campo Foram entrevistados 25 alunos das três escolas visitadas, sendo utilizado como critério de seleção o desenvolvimento das suas capacidades escolares com a utilização do Programa de Educomincação no Campo. Eram os alunos que mais apresentavam dificuldades no início do Programa e que estão conseguindo superar essas carências graças as atividades educomunicativas.
  • 45. 45 Melhorias observadas Resultados Capacidade de leitura 96% Capacidade de escrita 84% Melhorou timidez 56% Aprendizagem na produção do material informativo 80% Respeito com as pessoas da comunidade e os colegas 12% Importância 100% É perceptível a satisfação das crianças com o programa de educomunicação na realização das atividades. Nos trabalhos em grupos todos participam, sem que exista a acomodação de alguns alunos, como é comum em atividades escolares. Eles opinam sobre o que escrever, a organização do material escrito, demonstram que atividade sentem mais prazer em desenvolver e não receiam em perguntar à professora sobre as dúvidas que surgem no decorrer do processo. As crianças gostam de participar da produção dos programas de rádio, jornal-mural e fanzines, e se dedicam mais para obterem maior qualidade do produto, e assim, consequentemente desenvolvem suas capacidades de escrever e ler. São problemas comuns nas escolas a dificuldade em ler e escrever de muitas crianças e que nas escolas dos municípios de Conceição do Coité, Retirolândia e Valente já estão sendo combatidas, através da prática de atividades educomunicativas. As crianças já não conseguem se adaptar às metodologias utilizadas pelas professoras até pouco tempo atrás, que consistia no processo de educação bancária e necessitam de atividades mais dinâmicas que estimulem o aprendizado e que ao
  • 46. 46 mesmo tempo, sejam interligadas com acontecimentos do dia-a-dia e que as coloquem diante de coisas e situações que já estão presentes nas suas vidas fora da escola. É o exemplo do jornal, programa de rádio e a produção de informação acerca de assuntos relacionados à sua realidade. Também é possível perceber o contentamento das professoras com relação às melhorias alcanças pelas crianças depois da inserção do programa nas atividades escolares. Das cinco professoras entrevistadas, 100% disseram que os alunos envolvidos melhoraram as notas escolares, principalmente na disciplina de Língua Portuguesa e participam mais das aulas tanto com perguntas, como com comentários sobre os assuntos trabalhados no universo escolar. Para a professora da turma da Escola Veríssimo Ferreira da Silva na qual as atividades educomunicativas são desenvolvidas, o Programa de Educomunicação no Campo, além de desenvolver a oralidade e a escrita, trouxe mais dinamismo para as aulas, com uma maior participação dos alunos, além de fortalecer a leitura crítica dos meios e o uso consciente dos meios de comunicação em sala de aula, que antes eram utilizados de maneira aleatória como apenas reprodutores de vídeos e áudios. Já a professora do quinto ano da escola Alípio Cerqueira, em Conceição do Coité, disse que os alunos melhoraram na produção textual. Eles não apenas praticavam a escrita na sua forma básica, mas produziam com mais coerência e articulação sobre o conteúdo de fato. A professora do terceiro ano também falou das melhorias na produção textual e no seu avanço profissional quanto ao incentivo de alunos a buscarem superar suas dificuldades e aprendessem a produzir os programas de rádio.
  • 47. 47 A professora da Escola Jarbas Passarinho em Retirolândia disse que o programa gerou mais proximidade entre as crianças e a realidade do local onde vivem no ambiente escolar e como o programa não trabalha com temas específicos facilita a escolha dos que estão mais presentes no dia-a-dia da comunidade. O papel do educomunicador é o de fazer a ponte entre os universos da comunicação e da educação nas escolas, além de intermediar todo o processo de preparação, produção e apresentação das atividades, deixar a criança sempre livre para expressar seus conhecimentos e produzirem outros juntamente com os colegas, atribuindo-lhes valor e respeito. Ele nunca vê na criança uma folha em branco que precisa ser preenchida, mas sim estimula seus educandos a buscarem o conhecimento a partir do que já sabem. 3.3 O uso da educomunicação para o fortalecimento das atividades escolares Um dos principais objetivos da educomunicação é unir as duas principais áreas de influência nas vidas das pessoas para que elas possam criar uma inter- relação de ajuda mútua, onde a educação se desenvolve através de atividades ligadas a comunicação e essa por sua vez, busca a ampliação do seu quadro de emissores e consequentemente a sua democratização. Mas é perceptível que nas escolas visitadas, o uso da educomunicação é voltado principalmente para fortalecer a educação, com a melhoria das capacidades
  • 48. 48 motoras de leitura e escrita das crianças, além da melhoria da qualidade das aulas. A comunicação serve como ferramenta de apoio para o desenvolvimento da educação. Entretanto, com a realização dos trabalhos do programa, as crianças aprendem como são realizados os programas de rádio e a produção escrita de material informativo a exemplo do jornal. É uma consequência positiva, que coloca as crianças a par de como funcionam os meios de comunicação de massa. As crianças aprendem como manusear os aparelhos da rádio de que as escolas dispõem ou em outros ambientes onde vão gravar seus programas, escrevem para jornais, fanzines, organizam as informações, mas fazem como atividade escolar e não existe um incentivo de produção de informação para a divulgação além do ambiente escolar. É perceptível a importância da educomunicação para o fortalecimento do processo educacional, com a superação de metodologias voltadas para uma educação vertical, onde o professor era o único conhecedor e os alunos aprendizes colocados na situação de receptores passivos das informações de que os educandos lhes apresentavam. Trabalhar a educomunicação a partir das vivências das crianças, dando prioridade para os aspectos regionais e sócio-culturais do ambiente em que vivem é mais um importante passo para a melhoria da qualidade da aplicação dessa metodologia que já apresentava bons resultados quando bem aplicada. Além de estimular a criança no processo de ensino-aprendizagem, a educomunicação a coloca em contato com temáticas diversas que nem sempre fazem parte do universo escolar.
  • 49. 49 Apesar das escolas trabalharem muito pouco com a leitura crítica dos meios de comunicação de massa, o fato dos alunos conhecerem a forma de produção e as limitações de pesquisa e obtenção de informações é possível tornar os alunos mais críticos e atentos ás mensagens que recebem diariamente através desses meios. O Programa de Educomunicação no Campo é um importante aliado dos professores que buscam a qualificação da educação, através do trabalho com práticas ligadas à realidade em que vivem os educandos, ao mesmo tempo em que oferece uma forma de educação mais horizontal, onde o aluno se transforma em um produtor de conhecimento, o que desperta na criança o gosto por ir à escola e querer aprender cada vez mais, principalmente quando toda a responsabilidade da educação (formal) das crianças fica a cargo dos professores, quando os pais se isentam dessa função. Mas ainda é necessário maior investimento por parte dos poderes públicos, com equipamentos para que as escolas tenham mais autonomia para o desenvolvimento das atividades, ou ainda a realização de outras que podem melhorar o processo, mas que não são desenvolvidas pela falta de material.
  • 50. 50 Considerações finais Os meios de comunicação de massa expandiram-se rapidamente e por consequência houve um maior acesso por parte da população ao conteúdo emitido por esses veículos. Esses emissores conquistaram um lugar de destaque nas vidas das pessoas e servem como principal fonte de informação, lazer e entretenimento e assim, juntamente com fatores como família, grupo social, religião, também influenciam na forma de pensar e agir de cada pessoa. A escola também tem grande responsabilidade sobre a formação do caráter de cada ser e deve trabalhar em conjunto com os outros grupos de influência em que cada pessoa está inserida. Mas nem sempre ela está preparada para trazer para o seu ambiente, temáticas ligadas à realidade social dos seus alunos. Assim, os meios de comunicação a cada dia se desenvolvem mais e, como conseqüência, agem mais nas vidas das pessoas enquanto a escola, na grande maioria das vezes, se mantém inerte a esse processo. Desde o início da expansão dos meios de comunicação, foram sendo produzidas teorias que estudavam a influência desses veículos na formação social e pessoal de cada um. Eram observadas as mensagens emitidas com a investigação das suas intenções e a forma como eram recebidas. Especialistas em educação, a exemplo de Paulo Freire, preocupavam-se com a forma de educação vigente no país e pregavam o uso de novas metodologias para o desenvolvimento do processo educacional e a maior qualidade da educação. Para abandonar o modelo de educação bancária, onde o professor era o único que dominava o conhecimento e tinha a obrigação de transmiti-lo para os alunos, era necessário o uso de técnicas que utilizassem um modelo de
  • 51. 51 comunicação horizontal, onde a criança também pudesse interagir durante a aula e apresentasse seus conhecimentos e assim, criasse um processo, mais dinâmico e agradável para as duas partes. Diante dessas necessidades, novas metodologias se faziam necessárias e a educomunicação passou a ser utilizada para dinamizar o processo de ensino- aprendizagem. Seu objetivo é estimular a leitura crítica dos meios de comunicação e fazer com que o uso da comunicação e de suas tecnologias em sala de aula incentive o debate, a pesquisa, a produção e como consequência ofereça mais qualidade no processo educacional. Várias experiências são desenvolvidas por todo o mundo, mas o Programa de Educomunicação Comunitária desenvolvido pelo MOC é um diferencial por trabalhar temáticas ligadas à realidade do campo, o que faz com que as escolas desenvolvam atividades comunicativas voltadas para o meio em que seus alunos vivem. São atividades que buscam além da qualificação da educação e a democratização da comunicação a valorização do local. As cidades onde o MOC desenvolve o programa estão localizadas no Território do Sisal e levam em consideração aspectos como cultura, a comunicação comunitária que tem presença muito forte na região, meios de subsistência como a agricultura familiar, entre outros. O Programa ajuda as crianças das escolas participantes a desenvolverem suas capacidades de leitura e escrita, através da produção de material informativo tanto auditivo como escrito. Grande parte das crianças diz que se sente menos inibida e que aprende muito mais ao realizar as pesquisas e a produção das atividades. As professoras também dizem que suas aulas estão mais dinâmicas e com maior participação dos alunos depois que as atividades do Programa de
  • 52. 52 Educomunicação no Campo foram inseridas na escola. É um ganho tanto para os alunos, quanto para as professoras que têm mais qualidade nas aulas. Mesmo com algumas dificuldades, o Programa de Educomunicação no Campo desenvolvido pelo MOC, tem apresentado bons resultados. Há ainda a necessidade de melhorias, maior participação dos poderes públicos no incentivo da prática, aquisição de equipamentos para que a produção se dê com mais qualidade e uma maior participação da comunidade de fora da escola na educação das crianças. Mas o Programa está apresentando resultados positivos, que são percebidos com a satisfação das professoras e com as colocações dos próprios alunos acerca de seus progressos nas aulas. Ele se mostra como importante aliado na busca de uma educação básica de qualidade, principalmente por valorizar os aspectos locais.
  • 53. 53 Referências bibliográficas ACCIOLY, Denise Cortez da Silva. Educação e comunicação na perspectiva de Paulo Freire: A questão da mídia na prática docente. 2005. Disponível em: <http://www.paulofreire.org.br/pdf/comunicacoes_orais/EDUCA%C3%87%C3%83O%20E %20COMUNICA%C3%87%C3%83O%20NA%20PERSPECTIVA%20DE%20PAULO%20 FREIRE%20A%20QUEST%C3%83O%20DA%20M%C3%8DDIA%20NA%20PR%C3%81 TICA%20DOCENTE.pdf > ultimo acesso em 20 de outubro de 2009. ARAÚJO, Carlos Alberto. A pesquisa norte-americana. In: Teorias da Comunicação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. BARBERO, Jesús Martin. Desafios culturais da educação à comunicação. 2000. Disponível em <http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/comeduc/article/viewArticle/4108> Ultimo acesso em 21 de Outubro de 2009. BURGOS, Carlos Crespo. Paulo Freire e as teorias da comunicação. 2007. Disponível em: <http://www.ciranda.net/spip/article1196.html>. Acesso em 17 de Agosto de 2009. CARVALHO, Urbano. O governo acordou e está junto conosco. In: Territórios Rurais. Brasília, DF. 2005. p. 8. FERREIRA, Giovandro Marcus. As origens recentes: os meios de comunicação pelo viés do paradigma da sociedade. In: Teorias da Comunicação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. FRANÇA, Vera Veiga. O objeto da comunicação / A comunicação como objeto. In: Teorias da Comunicação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra. 1977. JAWSNICKER, Claudia. Educomunicação: reflexões sobre teoria e prática. A experiência do Jornal do Santa Cruz. 2008. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/jawsnicker- claudia-educomunicacao.pdf>. Acesso em 17 de Agosto de 2009. LEÃO, Izabel. A onipresença da mídia. 2009. Disponível em: <http://www.anj.org.br/jornaleeducacao/biblioteca/artigos/a-onipresenca-da-midia> Ultimo acesso em 07 de Outubro de 2009.
  • 54. 54 MACHADO, G. B. . Da Identidade de resistência à identidade de projeto no territorio do sisal (Bahia): o caso da APAEB-Valente. In: Anais do XLIV Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural, 2006, Fortaleza (CE). 2006. Disponível em <http://www.sober.org.br/palestra/5/1163.pdf>. Ultimo acesso em 17 de novembro de 2009. MELO, José Marques; FERRARI, Maria Aparecida, NETO, Elydio dos Santos; GOBBI, Maria Cristina. (Orgs.) Educomídia alavanca da cidadania: O Legado utópico de Mario Kaplún. São Paulo – Universidade Metodista de São Paulo, 2006. MELO, José Marques de. A comunicação na pedagogia de Paulo freire. IN: Teorias da Comunicação: Paradigmas Latino-amricanos. Petropolis, RJ: Vozes, 1998. p 258 a 283. MOC. Portal institucional. www.moc.org.br. Acessado em 25 de janeiro de 2010 Portal da Cidadania. Territórios da cidadania. Disponível em: <http://www.territoriosdacidadania.gov.br/dotlrn/clubs/territriosrurais/dosisalba/one- community?page_num=0> ultimo acesso em 29 de outubro de 2009. PORTINHO, Rafael Issa. Movimento de Organização Comunitária. Salvador. BA. 2004. Disponível em: <http://www.adm.ufba.br/capitalsocial/Movimento_Organizacao_Comunitaria.pdf > ultimo acesso em 08 de novembro de 2009. Região Sisaleira. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Sisaleira> ultimo acesso em 29 de outubro de 2009. SALDANHA, Felipe Gustavo Guimarães. SANTOS, Adriana Cristina Omena. TONUS, Mirna. Projeto Jogo Limpo: uma experiência local de educomunicação para o meio ambiente. In: Anais do Intercom – Sociedade Brasileira de estudos Interdisciplinares da Comunicação. Curitiba – PR. 2009. P 1 a 13. SOARES. Ismar de Oliveira. Entenda a educomunicação. Disponível em <http://geografia.uol.com.br/geografia/mapas-demografia/26/entenda-a-educomunicacao- 145874-1.asp> ultimo acesso em 29 de novembro de 2009. http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_comunica%C3%A7%C3%A3o Ultimo acesso em 21 de outubro de 2009.
  • 56. Entrevista com os alunos das escolas do Educomunicação no Campo 1 – Você gosta de participar das atividades de educomunicação com seus colegas? 2 – Você aprende mais quando participa dessas atividades? O quê? 3 – Você sentia alguma dificuldade na escola que melhorou fazendo as atividades de educomunicação? Quais? 4 – O que você aprende participando dessas atividades? 5 – você acha importante a realização dessas atividades na escola? Por quê? 6 – O que você acha de produzir informação para seus colegas poderem ler ou ouvir? 7 – mudou alguma coisa na sua vida por causa das experiências do programa de educomunicação aqui na escola?
  • 57. 57 Entrevista com os professores das escolas do Educomunicação no Campo 1 – Quais as vantagens de trabalhar com esse programa em sala de aula? 2 – Quais as melhorias percebidas na turma depois do programa de educomunicação? 3 – Quais os desafios encontrados para a realização das atividades educomunicativas? 4 – qual a sua avaliação do programa?