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  UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB
 DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS XIV
          COLEGIADO DE HISTÓRIA




         RAFAELLA DE LIMA CAPISTRANO




VIVÊNCIAS URBANAS NA CIDADE DE SERRINHA - BA

                   (1917-1919)




             Conceição do Coité – BA
                      2010
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         RAFAELLA DE LIMA CAPISTRANO




VIVÊNCIAS URBANAS NA CIDADE DE SERRINHA - BA

                   (1917-1919)




                        Monografia apresentada ao Curso de
                        Licenciatura em História da Universidade do
                        Estado da Bahia – UNEB - Campus-XIV,
                        como requisito parcial para obtenção de grau
                        de Licenciada em História.


                        Orientador: Prof. Ms. Rogério Silva.




             Conceição do Coité – BA
                      2010
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                              TERMO DE APROVAÇÃO




                         RAFAELLA DE LIMA CAPISTRANO




     VIVÊNCIAS URBANAS NA CIDADE DE SERRINHA - BA

                                          (1917-1919)


Monografia apresentada ao Curso de graduação em História, Departamento de Educação - Campus
XIV, Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciada
em História, pela seguinte banca examinadora:



                                                                      Aprovada em ___/____/2010




                    _________________________________________________

                                Professor - Examinador 01
                  Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus XIV


                    _________________________________________________

                                Professor - Examinador 02
                  Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus XIV


                    ________________________________________________

                          Professor Ms. Rogério Silva- Orientador
                  Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus XIV

                                 Conceição do Coité – BA
                                              2010
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                                            RESUMO




 A discussão sobre o estudo das cidades no Brasil durante o século XX foi caracterizado por
uma sociedade pautada na idéia de progresso e transformação. Com o advento da República
surgiu uma nova dinâmica social, política e econômica que influenciou diretamente nas
reformas urbanas. Sendo assim, a formação da concepção de modernidade surge com a
remodelação de grandes cidades como o Rio de Janeiro que foi modelo para as outras capitais.
As reformas urbanas também tinham como objetivo copiar os modelos urbanísticos europeus
a maioria dos projetos envolveu o saneamento de ruas, a inserção de novas tecnologias e
higienização. A presente monografia tem como intuito analisar as transformações urbanas e
sociais ocorridas na cidade de Serrinha entre os anos de 1917 e 1919. Para isso foi necessário
traçar um breve histórico das mudanças experimentadas no município durante a intendência
de Luiz Nogueira sendo que, através da narrativa do Jornal de Serrinha e a partir da
compreensão das imagens produzidas nesse período foi possível identificar alguns aspectos da
ideologia moderna da época.


Palavras-chave: urbanização, reformas urbanas, modernidade, Serrinha.



                                            ABSTRACT



The discussion on the study of cities in Brazil during the twentieth century was characterized by a
society based on the idea of progress and transformation. With the advent of the Republic has come a
new dynamic social, political and economic influence in the country that directly in urban reforms.
Thus, the formation of the conception of modernity comes with the remodeling of large cities like Rio
de Janeiro that was the model for the other capitals. The urban reforms also were intended to copy the
European urban models, most projects involved the rehabilitation of streets, the insertion of new
technologies and hygiene. This thesis has the intention to examine the urban and social
transformations that occurred in the city of Serrinha between the years 1917 and 1919. This required a
brief history of the changes experienced in the city during the stewardship of Luiz Nogueira is that
through the narrative of the Journal of Serrinha and from the understanding of images produced during
this period was possible to identify some aspects of the modern ideology of the time.



Keywords: urbanization,urban reforms, modernity,Serrinha.
5




                                     AGRADECIMENTOS




         Primeiramente, quero agradecer a Deus por ter me dado força espiritual para superar

todos os obstáculos durante a elaboração deste trabalho.


         Aos meus pais e tios que são o alicerce de minha vida, pelo apoio que foi oferecido

durante minha caminhada na universidade, aos meus irmãos pela compreensão e ao meu

namorado pelo ombro amigo durante os momentos de incertezas.


        Aos professores que contribuíram para minha formação acadêmica, em especial a

Rogério Silva que me acompanhou durante todo o processo desde a elaboração a conclusão

do trabalho.


          Aos colegas Edcarla, Arlete, Cristian, Gislani e Samara que dividiram comigo as

alegria e tristezas e que estarão presentes nas boas lembranças dessa etapa de minha vida.
6




                                                           SUMÁRIO




INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 7
CAPÍTULO I-A CIDADE NO OCIDENTE. ....................................................................... 12
CAPÍTULO II-REFORMAS URBANAS EM SERRINHA. .............................................. 21
CAPÍTULO III-IMAGENS DA URBANIZAÇÃO. ............................................................ 31
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 38
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 40
FONTES .................................................................................................................................. 42
7




                                          INTRODUÇÃO




        Lewis Mumford (1991), afirmava que a cidade foi "a mais preciosa invenção coletiva
da civilização‖ (p.63). Neste cenário o homem construiu seus templos, constituiu as relações
sociais e descobriu nesse espaço a oportunidade de concretizar seus sonhos. Refletir sobre as
urbes tem sido um caminho árduo para muitos dos historiadores que optaram por esse desafio.
Entretanto, com o aperfeiçoamento das abordagens teóricas, as novas pesquisas têm
contribuído para ampliar a percepção do homem sobre a dimensão do cotidiano urbano.

          Ao lado do capitalismo a Revolução Industrial construiu um novo cenário para as
antigas cidades, o século XIX e a primeira metade do século XX foram marcados por
inumeráveis transformações e entre elas estão às reformas urbanas1. Ainda neste período se
inicia as primeiras tentativas de construção da urbe que atendesse ao imaginário da sociedade
burguesa, as autoridades das principais capitais do mundo foram responsáveis por tentarem
materializar o progresso da vida moderna e civilizada.

          Elemento obrigatório aos estudiosos que tem como objeto de pesquisa as práticas
modernas, as cidades são essências para compreensão desta dinâmica, logo que é neste espaço
que as pessoas vivenciaram as inovações.

             De acordo com Mumford a cidade é fruto do instinto humano, a consolidação dos
laços fraternos transformou pequenos grupos em aldeias, o autor atribuiu às mulheres ―o
desejo de construir cidades para poderem dar a luz e proteger seus filhos‖ (FREIGAT, 2002,
p.2) o que inicialmente trouxe um caráter feminino. Porém, com o aprimoramento das novas
atividades que requeriam força e trabalho braçal, as aldeias tornaram-se cada vez mais
masculina.

          O teórico também afirmou que a cidade possui um caráter transformador inigualável,
composto de aspectos urbanos marcados por seus autores em cada tempo; as urbes abrigam a
todos sem distinção de gênero, classe e raça e é por essa urbanização que as mesmas
cresceram ao longo da história construindo um conjunto de relações sociais e valores.



1
 Compreende-se como reformas urbanas o conjunto de interferências no espaço e na estrutura de uma cidade
que intervêm diretamente nas relações políticas, econômicas e socioculturais.
8



          O debate sobre os tempos modernos que ganhou força no final do século XIX
buscou entender as limitações e implicações deste tema chegando à conclusão que não um
consenso para defini – lá, dividindo as correntes intelectuais em dois campos: o espiritual e o
material2. Para Marshall Berman (19186) a modernidade seria o conjunto de experiências e
instabilidades vividas por uma sociedade. De acordo com o escritor marxista ser moderno é
―encontra-se em um ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento,
autotransformação e transformação das coisas em redor, mas ao mesmo tempo ameaça a
destruir tudo o que sabemos e somos‖ (p.15). Portanto, o processo das reformas urbanas não
compreende apenas aos estudos das edificações e monumentos é perceber através do que
autor chama de ―turbilhão da vida moderna‖ – a evolução da sociedade por meio dos aspectos
sociais, políticos e econômicos. Jean-Jacques Rousseau foi o primeiro a usar a palavra
moderniste, ―no sentindo em que as gerações do século XIX e XX a usarão ―(BERMAN,
1986, p.14). Em sua novela Nova Heloísa, o autor relata a história de Saint-Preux, um jovem
que sai do campo para morar numa metrópole e descreve nas cartas a sua amada Julie a
experiência de adapta-se ao que lhe parece estranho e agitado.

          Em meio ao conturbado início do século XX, os intelectuais e artistas questionaram
alguns conceitos inerentes para a civilização ocidental como a razão e espiritualismo. A
desestabilização política, bem como as péssimas condições sociais foram fatores que
contribuíram para enfraquecimento do discurso. Deste modo os tempos modernos tendem a
rejeitar as questões ligadas à tradição. Segundo Friedrich Nietzsche o homem retirou Deus de
seu papel norteador da vida o ser divino perde sua acuidade para a natureza e o
individualismo. Como refere o filósofo, a inversão de valores e o momento conturbado que a
sociedade encontrava-se culminou numa crise da moral cristã e das verdades absolutas3. Em
seu livro Além do Bem e do Mal (2004), Nietzsche desenvolveu parte de sua obra tecendo
críticas a razão e a ciência refletindo sobre a origem dos vários conceitos.

             No Brasil, o século XX é considerado o século da modernidade. É durante esse
período que se realizou o processo de reformas urbanas em várias capitais, as mesmas
tentaram mudar a imagem do país, ―a fim de adaptá-las aos novos ideais modernos e




2
  O primeiro diz respeito ao modernismo que esteve presente nas manifestações intelectuais e artísticas, já os
materialistas acreditam que o moderno está no conjunto de estruturas urbanas e sociais.
3
  Sendo a modernidade o período de decadência espiritual, esse momento em que os homens desprezam os
dogmas católicos é chamado por Nietzsche de a ―morte de deus‖. Se tratando da negação de condutas éticas e
morais, o filosofo denomina de ―niilismo‖ essas ausência de valores e crise existencialista.
9



higiênicos, decorrente do avanço científico, de novas tecnologias e de novas ideologias‖.
(PINHEIRO, 2002, p.25)

             A reforma de maior repercussão foi desempenhada por Pereira Passos no Rio de
Janeiro entre os anos de 1902 e 1906. Os melhoramentos trouxeram para a cidade vários
benefícios: são instalados bondes elétricos, serviços de limpeza, opções de lazer e atividades
culturais. O aperfeiçoamento da imprensa também é reflexo deste momento, os jornais e as
fotografias são incorporados pela modernidade e foram capazes de fornecer a dimensão do
seu cotidiano.

             Assim como no Rio de Janeiro, a sociedade brasileira se defronta com a ideologia
modernizadora que não tinha apenas o intuito de alterar a feição das cidades. Modificar e
controlar os costumes e o modo de vida dos habitantes, também fez parte do projeto, pois para
estes a civilidade não se daria somente com a reestruturação urbana, seria preciso à
reeducação das pessoas. Desta forma o governo usou da censura, da imposição e da repressão
para fazer valer os novos hábitos defendidos pelas elites. As práticas religiosas e culturais da
população também foram proibidas pela lei por representarem a transgressão da sociedade.

              Portanto, para a construção da imagem de um país mais moderno a elite utilizo-se
de elementos como valores e hábitos que foram incorporados até mesmo por pequenas
cidades como o município de Serrinha.

             As reformas urbanas implantadas durante o governo do intendente Luiz Nogueira
(1916-1920) prometiam elevar o município ao patamar de um dos locais mais importantes da
região. Nomeado intendente de Serrinha pelo governador J.J. Seabra, o Tenente- coronel foi
responsável pela implantação do primeiro plano urbanístico da cidade e o segundo no interior
da Bahia4.

            O município começou a adquiriu maior prestígio comercial e econômico deste modo
foram remodeladas praças e ruas, houve a construção de açudes para o abastecimento de água,
e a chegada da iluminação na forma de acetileno, sendo que os movimentos culturais também
ganharam maior dimensão.

           Os melhoramentos urbanos que modificaram a dinâmica da sociedade serrinhense
foram registrados principalmente por meio do jornal.                   No ano de 1917 foi criado por
Reginaldo Cardoso o Jornal de Serrinha: seminário imparcial, noticioso, literário, comercial
e agrícola onde estão descritos os fatos e os eventos da época.

4
    Segundo Tasso Franco, o primeiro plano urbanístico do inteiro da Bahia foi implantando em Santo Amaro.
10



          As transformações urbanas foi um momento que marcou a história de Serrinha.
Entretanto, não há nenhum estudo a respeito do tema proposto. Deste modo, o presente
trabalho propiciará um esclarecimento sobre o processo de modernização, desenvolvimento e
reforma urbana neste município, que deverá contribuir para a construção da identidade local,
preenchendo assim algumas lacunas referentes à sua história.

           Para o desenvolvimento da pesquisa, trabalhamos com a bibliografia disponível no
acervo das Bibliotecas Professor José Carlos dos Anjos5 e Julieta Carteado6 a fim de
compreender o processo das reformas e identificar algumas características nas transformações
sofridas na cidade. Partindo do pressuposto que o jornal é um importante instrumento de
narrativa da sociedade consideramos o periódico como principal documento para esse estudo.
Portanto, foram analisadas 60 edições do Jornal de Serrinha entre os anos de 1917 e 1919 que
pertencem ao Museu Pró-memória de Serrinha um dos pouco locais que possui alguma fonte
sobre este período.

          Em relação à documentação iconográfica, as fotos foram utilizadas como suporte
para a pesquisa, as imagens foram empregadas para entendermos como a sociedade tentou
representar o município na modernidade. O acervo iconográfico também está disponível no
Museu Pró-memória de Serrinha.

           No capítulo I, intitulado- “A Cidade no Ocidente” – discorremos sobre a questão
das reformas urbanas em Paris durante seu Segundo Império; as transformações e a inserção
das idéias modernas na cidade do Rio de Janeiro durante a gestão de Pereira Passos e por sua
vez o processo de remodelação em Salvador realizada no governo de J.J. Seabra entre os anos
de 1912 e 1916.

          O capítulo II, que tem como titulo -“Reformas Urbanas em Serrinha”- discutimos
a história da cidade e identificamos alguns aspectos da modernidade presente no discurso do
Jornal de Serrinha: seminário imparcial, noticioso, literário, comercial e agrícola, através
deste percebemos como se encontrava a dinâmica da sociedade diante das reformas implantas
por Luiz Nogueira.

         E por fim no capítulo III, -―Imagens da Urbanização”-foram analisadas algumas
imagens da cidade no inicio do século XX, fotos dos principias lugares mencionados no jornal


5
  A biblioteca Professor José Carlos dos Anjos está localizada em Conceição do Coité-BA na Universidade
Estadual da Bahia, Campus XIV
6
  A Biblioteca Central Julieta Carteado está localiza em Feira de Sanata-BA e pertence a Universidade Estadual
de Feira de Santana.
11



como a Praça Luiz Nogueira centro dos melhoramentos promovidos pelo intendente e a
estação férrea, primeiro sinalizador de mudança no município.
12




     CAPÍTULO I




A CIDADE NO OCIDENTE.
13




          As reformas urbanas implantadas durante a segunda metade do século XIX fizeram de
Paris um das cidades mais importantes da Europa. Porém, ―as intervenções urbanas realizadas
para a abertura de ruas e de novos espaços em centros densamente construídos não são uma
invenção de Haussaman‖ (PINHEIRO,2002,p.65). Foi da Londres do contexto de Revolução
Industrial que Napoleão III espelhou-se para promover as modificações parisienses. Segundo
Pesavento, a capital francesa foi símbolo da modernidade e citando Caillois se refere à
metrópole como um ―mito‖ que atrai até hoje os olhares de diversos artistas, escritores e
fotógrafos.



                            Entendemos, todavia, que Paris se constitui no paradigma da cidade moderna,
                            metonímia da modernidade urbana, isso se deve, em grande parte, á força das
                            representações construídas sobre a cidade, seja sob a forma de uma vasta produção
                            literária, seja pela projeção urbanística dos seus projetos. (PESAVENTO, 2002,
                            p.31)



            De fato, Paris não foi à primeira cidade a promover melhorias urbanas, mas as suas
reformas são referências não somente no continente europeu como no restante do mundo.

           Nomeado por Napoleão III, Georges-Eugène Haussmann (1853-1870) ostentou o
desafio de transformar a cidade numa metrópole que se adequasse a modernidade e aos novos
costumes da burguesia parisiense. Foi a partir desse contexto que tem início o fenômeno
chamado de haussmannização7.

           Paris estava passando por várias complicações em sua estrutura como as ruas estreitas que
dificultavam a circulação, a falta de higiene, precária iluminação e transtornos na distribuição de
água. Para tentar solucionar estes problemas investiu-se em redes de esgoto, abastecimento de
água, construção de edifícios para órgão públicos, serviço de transporte, áreas de lazer como
parques e praças além da construção de ruas amplas que facilitavam a movimentação.

           Símbolo das transformações huassmaisnas os bulevares, são exemplos dos novos padrões
de urbanização. Os mesmos foram vistos como modelo das edificações modernas e logo se
constituíram num grande centro econômico e comercial além de contribuir para a estética do
ambiente.


7
    Projeto de modernização e embelezamento estratégico da cidade realizado pelo Barão de Haussmann
14




                         Os bulevares de Napoleão e Haussmann criaram novas bases – econômicas, sociais,
                        estéticas – para reunir um enorme contingente de pessoas. No nível da rua, elas se
                        enfileiravam em frente a pequenos negócios e lojas de todos os tipos e, em cada
                        esquina, restaurantes com terraços e cafés nas calçadas. Esses cafés, como aqueles
                        onde os amantes baudelarianos e a família de farrapos se defrontam, passaram logo a
                        ser vistos, em todo mundo, como símbolos de la vie parisiense
                        (BERMAN,1986.p.147).


        As intervenções mudaram a dinâmica e o pensamento da população parisiense, as
transformações receberam várias críticas com relação as suas construções. A maioria das
reclamações questionava o excesso de gatos financeiros, a falta de habitação para os populares e a
exclusão social que crescia cada vez mais como refere Pinheiro:



                        Todo esse movimento tem um outro lado. A cultura popular é excluída dos novos
                        espaços; teatros populares são demolidos, e os pobres perdem seus espaços de lazer.
                        As demolições no centro provocaram uma crise de habitações, favorecem a
                        especulação e agrava a segregação social, uma das conseqüências reformas
                        hussamannianas. (PINHEIRO, 2002, p.82)




          Dentre os principias artistas que refletiram sobre esse contexto de contradições,
Baudelaire foi um dos poucos escritores que conseguiu absorver a fusão das formas matérias e
espirituais, percebendo assim a interdependência entre o homem e o ambiente moderno. Uma
das características marcantes desse artista esta em classificar o sentido da vida moderna em
algo difícil e vago para se determinar, portanto a arte deveria acompanhar essas inovações.

          Baudelaire refletiu sobre o espírito e a forma dessa nova sociedade que deparava-
se com os diferentes hábitos. O mesmo tinha duas visões sobre o tema: a primeira a que
denomina de modernismo pastoral (BERMAN,1986) uma visão mais romântica que são
representados pelas obras Salão de 1846 e O Pintor da Vida Moderna (1859). O segundo
momento vai ser caracterizado pelo modernismo anti-pastoral uma visão critica um
distanciamento entre o espiritual e o material que estão nos ensaios de 1855.

         Através da poesia de Baudelaire, Walter Benjamin (1994), refletiu sobre o ―mito‖
em que Paris constituiu-se, dentro desse contexto nasceu à figura do flâuner que passava a
maioria de seu tempo vagando pelas ruas e observando o que acontecia ao seu redor. O
flâuner seria aquele que captaria de modo sensível o sentido da vida, a dinâmica da cidade e o
comportamento do homem.
15




                       Para o perfeito flâuner... é um prazer imenso decidir morar na massa, no ondulante...
                       Estar fora de casa; e, no entanto, se sentir em casa toda parte; ver o mundo, estar no
                       centro do mundo e ficar escondido no mundo, tais são alguns dos menores prazeres
                       desse espírito independentes, apaixonados, imparciais que a língua só pode definir
                       inabilmente. (BENJAMIN, 1994, p.221)



       O modelo haussmaniano trouxe beleza e vigor à ―Cidade Luzes‖, entretanto suas
remodelações ainda provocam discussões entre os teóricos sobre as limitações e implicações
adotadas em seu processo de reformas.

       No Brasil o século XIX, segundo Emilia Viotti (2007), foi o período em que as ações
políticas e econômicas influenciaram diretamente em seu desenvolvimento urbano. As
autoridades que promoveram as intensas mudanças tinham como objetivo transformá-las ou
igualá-las ao patamar das urbes européias. ―A transferência da sede do governo português
para o Brasil, abertura dos portos em 1808, rompendo o sistema de monopólios ate então em
vigor, e finalmente a independência criaram novas condições para o processo de urbanização‖
(p.242) Com a chegada da Família Real os vários problemas de organização, estrutura e
higiene que assolavam as várias cidades despertam a preocupação com imagem do país.

        De acordo com Caio Prado Júnior (1996) as primeiras idéias no sentido de
modernização podem ser observadas desde o Império, mas foi na República que o conceito
esteve mais presente. Desta forma o novo regime que tinha se instalado possibilitou uma
maior abertura comercial para que os governos estaduais investissem em infra-estrutura. Em
consequência disto no século XX surgiram muitas inovações tecnológicas como a
eletricidade, os novos meios de transporte e indústrias. Apesar das capitais ainda não se
constituírem uma metrópole de fato as novidades invadiram o dia-a-dia das pessoas
oferecendo conforto para aqueles que poderiam usufruí desse prestígio (SEVCENKO, 1998).

         Podemos dizer que o conceito de modernidade esteve interligado ao processo
urbano, ou seja, a organização do espaço foi de suma importância para afastar a imagem
negativa que a falta de insalubridade e as péssimas estruturas tinham proporcionado.

       Com o desenvolvimento da industrialização a Capital Federal transformou-se no
centro econômico de grande prestigio atraindo imigrantes até mesmo do exterior. Conduzida
por Francisco Pereira Passos entre os anos de 1902 e 1906 a cidade sofreu intensas reformas
urbanas, com inovações tecnológicas até então nunca vista antes no país.
16




                            [...]O desenvolvimento dos novos meios de comunicação, telegrafia sem fio,
                            telefone, os meios de transporte movidos a derivados de petróleo, a aviação, a
                            imprensa ilustrada, a indústria fonográfica e o cinema intensificarão esse papel da
                            capital da República, tornando-a eixo de irradiação e caixa de ressonância das
                            grandes transformações em marcha pelo mundo, assim como no palco de sua
                            visibilidade e atuação em território brasileiro. O Rio passa a ditar não só as novas
                            modas e comportamentos, mas acima de tudo os sistemas de valores, o modo de
                            vida, a sensibilidade, o estado de espírito e as disposições puncionais que articulam
                            a modernidade como uma experiência existencial e íntima (In: SEVCENKO
                            2008(org.). SEVCENKO p.522).



        Pereira Passos que estava estudando na França acompanhou de perto alguns aspectos
da Belle Époque parisiense. De acordo com Pinheiro, podemos afirma que as transformações
promovidas por Haussaman em Paris influenciaram diretamente no processo de reformas urbanas
do Rio de Janeiro.

           As capitais de modo geral tinham a insalubridade como ponto em comum. Esta
situação prejudicou bastante o comércio nestes locais, pois a falta de higiene afastou o
interesse dos estrangeiros nos principais portos. O rápido crescimento demográfico também
foi um dos fatores que afetou bastante o desenvolvimento urbano, logo que sua estrutura física
não estava preparada para essa demanda.

             A má situação higiênica e sanitária tornou-se o principal motivo de críticas entre
médicos e higienistas. Portanto, se fez entender que seria necessário à criação de um projeto
que visasse o combate a insalubridade, incentivasse mudanças na estrutura física e criassem
                                                                   8
uma política de coerção a chamadas ―causas sociais‖                    da insalubridade. O lixo e a sujeria
eram encontrados em vários pontos inclusive nos locais que foram reformados devido o
descompromisso das construtoras na manutenção dos locais durante as obras, situação esta
que era provocada não só pelas empresas, mas também pelo descaso do governo.

        O Plano de Melhoramento da cidade assim chamado pelo prefeito e sua comissão teve
como objetivo a criação de um novo porto, construção de redes de esgoto, o abastecimento de
água, revigoramento de bondes elétricos, construção de praças e principalmente construção de
ruas e avenidas.




8
  Para os higienistas as ―causas sociais‖ seriam ações que intensificavam a proliferação dos fatores naturais
como hábitos e moradias praticados pela classe pobre.
17



       Portanto, o processo de urbanização não foi apenas sinônimo de progresso também
representou um momento de rupturas e segregação social, o governo usou da censura, da
imposição e da repressão para fazer valer os novos hábitos defendidos pelas elites.



                       Á normatização da vida e regulamentação dos usos do espaço públicos segui-se a
                       grave questão da higiene, com as medidas de vacinação contra a febre amarela,
                       levada a efeito pelo médico Oswaldo Cruz. A campanha, que motivou a conhecida
                       Revolta da Vacina, sobre a qual muito se tem escrito, é mais um exemplo do
                       confronto de concepções diferenciadas entre espaço publico e espaço privado, ordem
                       e desordem. O caráter de verdadeira operação militar, por parte do governo ao
                       aplicar a vacina, e a revolta popular conta a medida são um exemplo cabal de que
                       aquilo que, para um grupo, era uma norma racionalizadora e necessária, para os
                       demais eram o caos social. (PESAVENTO, 2002, p.176)



        De acordo com Chalhoub (1996) para a elite burguesa a classe pobre representava
perigo de contágio. Os higienistas chegaram à conclusão que suas moradas eram nocivas a
sociedade sendo um local fértil de propagação de vícios. Sendo assim, como os pobres
representavam um problema para o controle social os cortiços ameaçavam as condições
higiênicas da cidade, o que resultou na destruição das casas populares que não se
enquadravam nas regras estabelecidas. A demolição mais conhecida é a do cortiço Cabeça-
de-Porco , no dia 26 de janeiro de 1893, pela Inspetoria Geral de Higiene da então capital.

       O processo de urbanização no Rio de Janeiro foi reflexo das transformações estruturais
de ordem política, econômica e social do regime republicano, que realizadas pela elite
burguesa carioca iniciou um processo de desintegração acentuando a exclusão social no país.
Eloisa Pinheiro resume os principais aspectos destas intervenções.



                       Três aspectos se destacam como os mais importantes da reforma Passos. Ela
                       constituiu um exemplo típico de como uma nova conjuntura na organização social
                       determina novas funções na cidade. É o primeiro exemplo de intervenção estatal na
                       qual o urbanismo se reorganiza em novas bases segundo as quais os pobres são
                       expulsos da área mais valorizada da cidade. Finalmente, é uma demonstração de que
                       a resolução das contradições do espaço gera outras novas contradições na
                       organização social, como a nova estruturação especial e a segregação social e
                       funcional, a exemplo da formação das primeiras favelas, que se desenvolvem em
                       conseqüências das reformas. (PINHEIRO,2002,p.65)
18



          Assim como na capital, Salvador também passou por grandes transformações
urbanas. A má condição de higiene da capital baiana foi alvo de buliçosas críticas por parte de
médicos e principalmente da imprensa local.

          De acordo com Alberto Heráclito Filho (1999) até o final do século XIX o espaço
público de Salvador foi marcado pela insalubridade e espaços irregulares. Os prédios antigos
eram vistos com sinônimo de atraso e a todo o momento recordavam seu passado colonial.

          Como refere Leite (1996), no início do século XX Salvador era a terceira maior
cidade do país e apesar de não ter sofrido intenso crescimento demográfico como no Rio de
Janeiro e São Paulo o aumento de sua população foi suficiente para comprometer a dinâmica
da cidade, logo que sua estrutura permaneceu quase a mesma.

        As péssimas condições de saúde associado à falta de salubridade só agravavam a
situação, as ruas eram verdadeiros lixos a céu aberto além de apresentarem vários problemas
como falta de alinhamento e iluminação.



                        Saindo as ruas da cidade, agora na República, o viajante trafegava, do mesmo modo,
                        por vias estreitas e desalinhadas, onde a circulação do ar e a penetração da luz se
                        andavam com dificuldade; diga também que elas eram mal calçadas. Seguindo os
                        seus caminhos observam-se detritos e dejetos depositados em plena rua, terrenos
                        baldios acumulando lixo e excrementos de animais espalhados, devendo exalar dali
                        um insuportável mau cheiro. O serviço de esgoto era inexistente, viam-se apenas
                        canalizações que levavam diretamente para as ruas ou fundos das casas os detritos
                        produzidos nos lares, escritórios de negócios e estabelecimentos comerciais. O
                        abastecimento de água, por sua vez, era ainda, na sua maior parte, feito através de
                        fontes, sendo o fornecimento por encantamento uma raridade (LEITE, 1996.p.29)




       Foram poucos os planos realizados na tentativa de melhorias para esses problemas
como o projeto de Teodoro Sampaio que visava melhorar o abastecimento de água da cidade.
Os transtornos habitacionais também faziam parte desse quadro às construções e os edifícios
eram realizados sem nenhuma medida de precaução desprezando fatores externos como o
próprio relevo.

        Com caráter agroexportador seu comércio declinou junto com os preços, mesmo não
sendo mais o centro econômico a capital baiana possuiu um dos maiores portos da época. A
expansão do comércio juntamente com a crescente industrialização também foi favorável para
mudanças na estrutura física, na construção de novas ferrovias, instalação de empresa de
transporte entre os quais estava o bonde elétrico e sistema bancário.
19



             O governo republicano de J.J. Seabra foi responsável pela reforma urbana em
Salvador durante os anos de 1912 a 1916. Esse período é marcado pela assinatura de decretos
que autorizam o financiamento das primeiras obras de remodelação como a construção da
Avenida Sete de Setembro.

          Segundo Suely Puppi (2009) dois projetos foram escolhidos para remodelar o centro
de Salvador: Melhoramento de Partes da Cidade de Salvador e Melhoramentos da Sé, mas
apesar das modificações a estrutura urbana no geral não sofreu grandes alterações e as obras
favoreceram apenas os bairros importantes. A prioridade de determinadas áreas (as mais
nobres) no processo de remodelação foi alvo de duras criticas por parte de alguns segmentos
sociais. Os jornais noticiavam os problemas gerados pelas obras como falta de habitação,
paralisação entulhos espalhados pelas ruas e muitas construções inacabadas.

          O sentimento de frustração da população foi reflexo dos péssimos serviços oferecidos
depois da remodelação que havia prometido melhorias que nunca ocorreram. A falta de água,
de energia e problema com o transporte público eram apenas alguns dos transtornos existentes
na cidade até mesmo os serviços primários e essenciais para a sobrevivência mal conseguiam
atender as necessidades da população.

        Além da implantação de projetos que visasse o combate aos agentes naturais das
―niasmas‖ 9·,a elite soteropolitana também                 acreditava na importância da criação de
campanhas que incentivassem a mudanças de hábitos das pessoas.



                            Dentre estes tinha-se a preocupação com as questões sociais, que podia ser
                            representado, por um lado, no cuidado com a habitação e o transporte popular, e por
                            outro lado, no cuidado com a assistência pública, com casas correcionais e escolas
                            profissionalizantes para a infância desvalida, casas correcionaras para vadios e
                            criminosos, abrigos noturnos apara indigentes e miseráveis, hospitais para alienados,
                            entre outros. Tinha-se, ainda um anseio pela extensão de instrução pública. Havia,
                            também, uma expectativa da adoção de estilo de vida e hábitos cultos ou elegantes,
                            que abrangiam desde a moda á cultura dos indivíduos, ou seja, ‖uma vida nova, de
                            relações sociais, de solução com espírito de palestras e graça no vestir-se‖. E mais,
                            mecanismos de controle sobre os modos de vida populares e algumas das tradições
                            deveriam caracteriza-se por comedimento e racionalidade. (LEITE,1996,p.42)




9
  o pensamento higienista teve inicio com o inglês Thomas Syndenham, O médico acreditava que o meio natural
e as doenças possuíam intensas relações. A partir da revolução industrial a teoria ganhou mais credibilidade. os
principais responsáveis pelas pandemias eram os pântanos e atmosfera. O primeiro considerado elo de ligação
entre as ―entranhas da terra‖ , o segundo ambiente acumulava a matéria orgânica e produzia vapores chamados
de niasmas que espalhava a doença.
20




         Os novos hábitos da população que agora se encontravam em uma cidade dita
civilizada, vivenciaram as conseqüências e rupturas do progresso. Um bom exemplo eram os
hábitos culturais adquiridos pelas elites com novas formas de divertimento, enquanto que as
classes populares conservavam algumas práticas tidas como incultas.

           Os costumes africanos e alguns valores herdados do período colonial e imperial
contribuíram bastante para isso, especialmente porque o modo de vida a ser seguido deveria
ser o europeu. Práticas como jogo, bebida, samba entre outros eram tidos como prejudiciais a
sociedade, mas também reconhecidos por alguns jornais – muitas das vezes – a única forma
de diversão para grande parte da população e justamente por isso muito difícil de ser
combatido; isso sem falar que muitos dos que deveriam manter a ordem e coibir essas práticas
por vezes também participavam delas, a exemplo dos policiais.



                        Não chega a ser um fato totalmente estranho que guardas e policias de baixa patente
                        participassem de divertimentos envolvendo jogos, bebidas, musicas e onde
                        prostitutas tomassem parte. Originários das baixas camadas da população
                        compartilhavam da cultura popular e das vicissitudes típicas da maior parte dos
                        trabalhadores pobres urbanos. Eles também deviam sofrer com as precárias opções
                        de lazer existentes na cidade. Não lhes restavam, portanto, outras alternativas, nem
                        lhes eram possível possuir códigos e valores tão diferenciados que tornassem viáveis
                        condutas sócio-culturais distintas daquela que eram as mais comuns e praticadas
                        pelos indivíduos de sua classe. (LEITE,1996,p.121-122)




           O processo modernizador foi apenas o começo das mudanças pensadas para
alcançar a civilização. Mesmo não tendo almejado o sucesso esperado na época, o projeto
urbanístico foi de fundamental importância para o crescimento e progresso da capital baiana,
que a partir de então ganhou novos ares, novas ruas e avenidas, em fim, uma nova aparência
gerando grandes esperanças para o futuro baiano. Os problemas de infra-estrutura associados
à má qualidade dos serviços oferecidos foram os grandes causadores de transtornos, no
entanto Leite (1996) evidencia que não se pode esquecer a imposição das transformações
culturais que se fez na época, sento talvez o maior empecilho e resistência da população no
ideal pretendido pelas elites.
21




         CAPÍTULO II




REFORMAS URBANAS EM SERRINHA.
22



       A República Velha teve início com a promulgação da Constituição em 1891. Nesse
período a sociedade brasileira passou por mudanças nos campos sociais, políticos
econômicos. A economia que desde os tempos coloniais tinha como característica o comércio
agroexportador prosseguiu com as mesmas atividades, persistindo o latifúndio e à mão -de -
obra escrava as poucas indústrias existentes limitavam-se à produção de bens de consumo nos
setores têxtil e alimentar.

       Após a abolição o desenvolvimento da industrialização substituiu o trabalho escravo
pelo assalariado permitindo que o capital destinado à compra de negros fosse utilizado em
fábricas e na comercialização de novos produtos. O setor cafeeiro contribuiu bastante para o
crescimento da economia sua expansão permitiu que os grandes fazendeiros aderissem a
novas atividades fomentando o mercado interno e também trazendo investimentos
estrangeiros .Como refere Viotti (2007) o processo de urbanização brasileira foi
―característico de áreas de economia colonial e periférica as quais não se ajustam ao modelo
clássico‖ (p.235-236).

         Foi nesse contexto que o município de Serrinha desenvolveu-se. Seus primeiros
habitantes foram os índios da nação Cariri. Com a chegada dos portugueses entre 1621 e
1891,a fazenda Serrinha que foi um importante ponto de encontro e descanso para os
viajantes foi comprada por Bernardo da Silva em 1723. As rotas de boiadeiros foram
essenciais para ocupação territorial e para a fixação da população nordestina ―ao longo dessas
estradas, pousos de tropeiros, ranchos, vendas, estalagens, hospedarias e registros deram
origens a arraiais e povoados que se desenvolveram e mais tarde alcançaram o status de vilas
e de cidades‖. (CAMPOS, 2007.p.2)

         O pequeno vilarejo cresceu em três rumos: em direção ao tanque da bomba, no
sentido da estação de trem e para o lado da estação da usina de energia (Praça Miguel
carneiro). A localidade foi passagem obrigatória da estrada de Salvador- São Francisco em
direção ao Piauí sendo este um ponto estratégico e expressivo para o comércio.             As
principais lideranças do município eram ligadas ao partido conservador de D. Pedro II,
portanto, após a Proclamação da República e intensos conflitos políticos na Bahia em 24 de
novembro de 1889 a elite da cidade mesmo não apoiando elaborou um documento de adesão
ao novo regime e em 30 de junho de 1891 a Vila foi elevada à categoria de cidade.

         O contexto do município não é diferente do nascimento da maioria das pequenas
cidades do interior. Segundo Emilia Viotti, praticamente a urbanização no período colonial
esteve ligada à auto-suficiência do latifúndio, baixo padrão de vida do trabalhador
23



atrapalhando o desenvolvimento das manufaturas e inibindo o crescimento das funções
urbanas. As principais atividades serrinhenses foram à pecuária e o comércio, desenvolvendo
também algumas atividades agrícolas seus principias produtos eram a mandioca e o milho, o
desenvolvimento urbano teve maior ênfase com a chegada da ferrovia.

           O transporte ferroviário nasceu na mesma década que o Império do Brasil e logo
despertou o interesse do Estado que tinham como objetivo integrar o vasto território, e
fortalecendo o poder. A estrada de ferro era sinal do progresso, tornando muito mais rápido e
eficiente o transporte de pessoas e mercadorias, gerando uma vasta rede de empregos diretos
ou indiretos, proporcionando o contato com outros locais, assim desencadeando o
povoamento e urbanização da região.



                        A chegada da ferrovia mudou totalmente a rotina dos locais por onde passava,
                        interferindo em vários setores da vida: na moda, no uso das expressões inglesas
                        abrasileiradas, no modo de habitar, no uso do ferro e do vidro nas construções.
                        Ocorreu uma europeização dos costumes, que foram disseminados em todo o Brasil
                        onde as ferrovias alcançassem. ( FERNANDES,2006, p.199)



          A implantação das ferrovias na Bahia como consta no livro de Francisco Zorzo
(2001) aconteceu no ano de 1850. As estradas de ferro tinham como objetivo superar a crise
vivida na região através da ligação das zonas produtivas no interior com os portos do litoral.
Era, portanto, um meio de controlar o espaço mercantil baiano.



                         A ferrovia trouxe uma nova mentalidade nas relações sociais e trabalhistas,
                         melhorou o abastecimento de água construindo açudes da estação e da bomba, este
                         último dotado de uma bomba a vapor que puxava água pra abastecer as locomotivas
                         e ainda gerava energia. (FRANCO, 1996.p.74)




           Em 1939, foi construída a garagem e oficina dos trens e em 1943, data do
aniversario de Getulio Vargas, inaugurou-se a nova estação de passageiros10, onde consta uma
placa comemorativa na estação que diz:



                         A gratidão dos filhos de Serrinha aos grandes brasileiros Dr.Getulio Dórnelas
                         Vargas, Presidente da República, General João de Mendonça Lima, Ministro da


10
     Atualmente funciona uma pequena administração da ferrovia.
24



                        Viação, engenheiro Lauro Farine Pedreira de Freitas pelos mais assinalados e
                        valiosos serviços prestados a cidade entre os quais, esta magnífica
                        estação.(FRANCO,1996,p.74)



        Uma nova cultura surgiu na medida em que muitas famílias de outras regiões
chegavam para morar na cidade. O centro urbano girava em torno das localidades próximas a
ferrovia, foram construídas escolas como a Graciliano Ramos que funciona até hoje, a
instalação de hotéis de pequeno porte para atender a demanda dos viajantes além de várias
casas construídas para os trabalhadores da ferrovia. Os movimentos culturais ganharam maior
dimensão com a primeira Filarmônica e o Centro de Cultura em 1896. A partir de então o
município entrou numa nova fase do processo de urbanização, as primeiras tentativas de
remodelar a cidade tem inicio em 1917.

   O tenente- coronel Luiz Osório Rodrigues Nogueira foi nomeado 8º intendente de Serrinha
pelo governador J.J. Seabra no ano de 1916. Sua administração durou quatro anos sendo
indicado por duas vezes para o mesmo cargo. O intendente era filho de Michelina Carneiro
Ribeiro Nogueira e Antônio Rodrigues Nogueira, foi casado com Áurea Ribeiro Nogueira e
―chegou no município para trabalhar na construção da estrada de ferro Água Fria-Serrinha no
ano de 1878‖ (FRANCO, 1996,p.55). Decorrente de sua amizade com o presidente Epitácio
Pessoa e com o governador Seabra, Luiz Nogueira tornou-se forte líder político e nomeou
parentes para encargos públicos.

        Em 1918 foi novamente nomeado pelo governador Antonio Ferrão Moniz de Aragão
que pertenceu ao Partido Republicano Democrático. De acordo com Franco o tente-coronel
enfrentou resistência por parte das oligarquias locais, segundo o autor sua nomeação
representou a quebra do domínio dessas oligarquias e enfrentou muitas dificuldades. Mesmo
assim, Luiz Nogueira que era ligado ao partido do governador, foi responsável pelo primeiro
plano urbanístico da cidade.

        Em sua maioria as reformas realizadas durante sua administração são de ordem
estética, ou seja, o principal objetivo do plano foi embelezar a cidade dando ao município uma
nova fisionomia através da construção de praças calçamento de ruas mais largas e
arborizadas. Também foram tomadas atitudes para o melhoramento do saneamento a fim de
evitar a propagação de doenças por falta de higiene.



                       Foi construído um jardim decorado com palmeiras e outras espécies de arvores,
25



                        chafarizes e portões de entrada e saída, bem como foram colocados postes com
                        globos e luz a aceitilene, uma grande novidade da época. A praça recebeu
                        calçamento de pedras cabeça-de-negro e esgotamento sanitário, e plantão de oitis em
                        todo seu redor. O paço municipal recebeu melhoramentos e foi colocado no topo do
                        prédio uma águia. (FRANCO,1996,p.93)



            As Principais obras promovidas pelo Intendente correspondem à remodelação das
principias praças do município: Manoel Vitorino e Praça do Amparo. Em 1918 por ordem do
conselho a Praça Manoel Vitorino passou a se chamar Luiz Nogueira e Praça do Amparo
recebeu o nome de Miguel Carneiro nessa mesma ocasião também foi construída uma estrada
para ligar as duas localidades.       Nas últimas três décadas do século XX, o processo de
formação e consolidação do espaço esteve ligado às proximidades das praças Luiz Nogueira e
Miguel Carneiro. É a partir do centro econômico localizado nestas duas praças que a cidade
cresceu e constituiu novos bairros.

       Entendemos que a reforma urbana no município sofreu influência das transformações
ocorridas na capital, logo que nesse período o governador J. J. Seabra também aplicava suas
obras e manteve forte ligação política          com Luiz Nogueira          que tinha como objetivo
apresentar Serrinha ao mundo mais moderno e civilizado idéia matriz das reformas em
Salvador.

        A partir dos melhoramentos a população vivenciou um processo de alteração de
valores sociais e políticos. As ações e reações a esses novos costumes foram expressos
principalmente por meio da narrativa do jornal local, período em que a imprensa teve papel
importante para a memória desse novo cotidiano.

            A imprensa brasileira teve nascimento tardio em comparação com seus países
vizinhos. Segundo Sodré (1999) a ausência do capitalismo e da burguesia foram fatores
condicionantes para o seu desenvolvimento.Dois momentos são considerados importantes
para o nascimento da imprensa: a circulação do Correio Braziliense, em Londres e a criação
do primeiro jornal brasileiro a Gazeta do Rio de Janeiro, em 10 de setembro, ambos de 1808.
Entretanto os historiadores têm contestado a importância dos dois jornais em função das datas
e locais que circulavam.



                         A influência do Correio Braziliense, pois, foi muito relativa. Nada teve de
                        extraordinário. Quando as circunstâncias exigiram, apareceu aqui a imprensa
                        adequada. E por isso é que só por exageros se pode enquadrar o Correio Braziliense
                        no conjunto da imprensa brasileira. (SODRÉ,1999,p.28)
26




          Após a independência a imprensa passou por momentos de efervescência devido ao
contexto político e a inserção da idéias liberais que já faziam parte do imaginário brasileiro.
No período da República Velha (1889-1930) além da repressão muitos jornalistas foram
corrompidos e viviam a serviço de políticos que geralmente utilizava-se dos recursos públicos
para patrocinar o noticiário.

       Através da utilização de novas máquinas incluída a de escrever houve o aumento do
número de tiragens e da qualidade. A partir do século XIX o jornalismo brasileiro adquiriu
características no ramo cultural ligada a literatura, onde grandes escritores utilizavam o
periódico como meio de divulgação de suas obras em forma de novelas ou folhetins.

       A imprensa em Serrinha tem inicio no ano de 1907 com edição de seu primeiro jornal
local: O Clarim, escrito a mão e distribuído por Reginaldo Cardoso o folhetim tinha o humor
como principal característica. Ainda em 1915 é lançando A Tribuna e após dois anos nasce o
Jornal de Serrinha: seminário imparcial, noticioso, literário, comercial e agrícola.

         Editado entre os anos de 1917 -19 o periódico foi publicado semanalmente, possuía
entre 8 a 12 laudas e figuras com anúncios em sua maioria de medicamentos. As crônicas,
publicadas no texto de abertura tinham como tema principal o cotidiano do município.
Durante três anos de circulação Reginaldo Cardoso que era cego ocupou o cargo de roteirista,
diretor e proprietário. Foi durante o governo de Luiz Nogueira casado com sua irmã Áurea
Nogueira que Reginaldo recebeu ajuda e fundou a Typografia de Serrinha.

         O periódico surge como algo inovador e de destaque na região. O noticiário foi à
principal fonte de informação para a população, logo que os carros auto-falantes e as
emissoras de rádio só chegaram respectivamente em 1952 e 1969. Escrito pelo professor
Ferreira da Cunha este discurso sinaliza uma Serrinha que tinha pretensão de se inserir entre
as cidades modernas e desenvolvidas da Bahia



                        Passei por Serrinha a primeira vez em 1909, e si não tivesse acompanhado a
                        remodelação daquela cidade verdadeiramente encantadora, talvez não a conhecesse
                        hoje, depois principalmente dos dois últimos quatriennios administrativas idéias em
                        operosidade incansável. Terra feliz a Serrinha, por que os seus filhos a adora-a de
                        verdade, e procura cada dia apresentá-la ao mundo mais modernista e merecendo as
                        maiores provas de respeito e admiração.(Edição,21 de Outubro de 1917)
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         O desejo jornalístico de fazer parte da nova fase em que o município estava
vivenciando foi expresso em sua primeira edição do dia 12 de outubro de 1917 que tinha
como título ―O nosso lemma‖ onde o autor chama de verdadeiro espírito o desejo jornalístico
de contribuir para a modernização.



                        Tem a honra de apparecer n´esta‖ bella cidade sertaneja‖, como serrinhense, cheio
                        de vida e coragem para o trabalho do bem e da verdade, concorrendo para seu
                        engrandecimento. Sobra aos trilhos de serrinha o amor ao trabalho, o devotamento á
                        honra, o estremecimento pelo torrão natal, o respeito á lei, ás suas autoridades o
                        empenho ao file cumprimento dos deveres:_ e assim tudo marcha para o fim
                        desejado. E virá em que Ella adornada com beleza de suas construções, balouçada
                        pela briza suave que acaricia seu ambiente, perfumada pelo aroma subtil de seus
                        campos, será a mais attrante das bellas cidades da Bahia.( Edição,12 de Outubro de
                        1917)



        De acordo com Traquina (2005), o desenvolvimento da imprensa no século XIX foi
marcado pelo surgimento do jornalismo informativo. Este modelo agregou novos valores as
suas reportagens que abandonavam cada vez mais o caráter das produções ficcionais. A partir
de então os jornalistas adotaram em suas reportagens características como a autonomia e
imparcialidade o que fez muitos jornais da época se apresentar como defensores do povo e da
vida pública da cidade. Portanto, com a ascensão de governos democráticos o ideal de
liberdade que fazia parte da nova república foi incorporado pela imprensa como importante
fator para a definição do papel do jornalista na sociedade.

         O esquema tradicional de vinculação política que foi marcante na formação de
muitos noticiários no Brasil também pode ser percebido no jornal de Reginaldo Cardoso, essa
afirmativa tem como base o seu próprio processo de fundação. O mesmo foi acusado por
várias vezes pela oposição de favorecer a gestão de Luiz Nogueira, apesar das críticas o
noticiário ressaltava sempre seu papel íntegro e indiferente comprometido com vida do povo.

                        A política partidária não tem posto no nosso programa. Não nos preocupemos com
                        esse choque de interesses que trás os partidos militantes em e terna dobradoira, que
                        p!anta a sizania entre os homens , que semeia o pomo da discórdia, dissolve das ôas
                        normas e relações sociaes, que rompe com as tradições amistosas, que aggride e
                        asphixa a verdade quando contrataria aos seus interesses, que nega justiça a seos
                        adversários, com a politicagem ou ―politicalha‖. Escarpallaremos os factos com
                        independência sem partididarismo. (Edição,20 de setembro de 1918)




          Além da tendência política, o jornal que se auto- intitulava ―porta-voz do interesse
da coletividade‖ produziu freqüentemente reportagens que tinham como tema acontecimentos
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jurídicos e sociais. Em algumas edições podemos observar algumas críticas aos serviços
públicos, porém sem culpar ou ofender a figura do intendente.

        De acordo com seu lema o noticiário estava a serviço do progresso, o que significava
para seus idealizadores reclamar por melhoramentos materiais, reformas e denunciar tudo que
representa um entrave para a cidade como na edição de 20 de Setembro de 1918 quando a
Chemin de Fer alterou o horário e aumentou em vinte por cento o preço das viagens.



                       Ao expormos a nossa opinião com a do povo o fazemos na convicção de cumprir o
                       nosso dever, do contrario renunciaria. Nos de logo o logar. modestíssimo que nos
                       cabe no seio do jornalismo; em contrario, veríamos por terra a prerrogativa de porta
                       voz dos interesses da coletividade. A reforma de horário é mais um aborto da
                       Chemis e a elevação de tarifas um entrave, um peia á lavoura, a insdutria e ao
                       comércio da zona e alem de tudo iníqua, depostica! Pobre Bahia!(Edição, de 20 de
                       Setembro de 1918)




       O município estava passando por mudanças e sensível a estas modificações o
noticiário se sente no dever de publicar e manter o leitor sempre bem informado. Surgiram
seções especializadas, dedicadas às mulheres, esportes, lazer, vida social e cultural. Assim
como o crescimento econômico era sinônimo de desenvolvimento, as noticias do setor
cultural também faziam parte do caminho para a modernidade (Sevcenko,1998)· Os passeios,
os eventos, as festas de aniversários eram divulgados semanalmente como forma de
entretimento com o público exemplo disto foi o concurso lançado pelo noticiário no ano de
1918 quando houve a eleição da mocinha mais simpática de Serrinha.

         Salientamos que no mesmo ano através do jornal na edição de 30 de Novembro de
1917 o Intendente convidou a população para festa de inauguração dos melhoramentos da
cidade. Em 27 de Janeiro de 1918, realizou-se a festa de inauguração das três novas praças
(Praça Matriz, Praça Manoel Vitorino, Praça do Amparo) onde estiveram para representar o
governador Edgar Sanches ,o senador J.J. Seabra e sua comitiva.

         Como foi visto no capitulo I, umas das características marcantes do projeto
modernizador esteve relacionado à higiene das cidades. É válido ratificar que as ações da
ideologia moderna e seu processo remodelador agiram diretamente sobre os espaços públicos
com intuito de afastar a feição de cidade antiga. Em Serrinha também percebemos esse
combate aos aspectos ditos não-civilizados, em algumas edições que contestam a conduta de
desleixo dos fiscais da intendência e abandono de alguns espaços da cidade:
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                       Passou, a 2 do corrente, o dia de finados; o cemitério desta cidade, o único que Ella
                       possúe, contunúa ainda no mesmo estado anti-hygienico, inesthtico, horrorosamente
                       feio. Como era natural, um dos nossos representantes foi ate lá no dia consagrado
                       aos mortos: e a sua impressão foi tal maneira que nestas linhas elle deixa registrado
                       o desasseio e o descuido da administração, que é a ecclesiastica, como si o local em
                       questão, e ainda mais quase no coração da cidade, não fosse um dos que a hygiene
                       se tornar mister!( Edição, 8 de novembro de 1918)




       Os jornalistas consideravam que diante do progresso alcançado não seria plausível a
permanência de alguns hábitos da população. Sendo assim, o plano higienizador no município
de Serrinha também tinha como objetivo, não só resolver os entraves relacionados aos
ambientes públicos, mas também estabelecer novos costumes. A edição de 1º de novembro de
1918 trouxe uma nota alertando as pessoas de uma medida coercitiva que seria aplicada a
aqueles que despejassem lixo e dejetos nas ruas da cidade.



                        Justo era, portanto que á fiscalização municipal fosse dado o direito de agir, o que
                       vem fazendo de agora por diante, cm a applicação de multas áquelles que
                       demonstrarem essa negação completa a uma causa tão útil quanto proveitosa- a
                       hygiene-. Ficarão, pois d´ora avante todos scientes da resolução tomada pelo
                       município que leva nisso o interesse único de zelar pela saúde nossa e
                       conseqüentemente de uma cidade bella e remodelada. Serão multados todos aqueles
                       que se conduzirem de modo contrario as regras estabelecidas pela hygiene, sendo
                       muito luvavel o procedimento do chefeado executivo aqui. (Edição, 1 de novembro
                       de 1918)




         Entre os problemas relatos nos jornais também estavam os animais soltos nas principias
avenidas como cães e galinhas que prejudicavam o embelezamento e ordem pública do município.




                        Não sabemos por que, ainda a vice- jam as flores dos jardins públicos desta cidade,
                       uma vez que a fiscalisação municipal vai a descaso tremendo ás posturas municipaes
                       em vigor. Certo é que nas ruas principais desta cidade que têm todas as suas casas
                       com quintais cercados, não é licito que o município consinta á solta a criação de
                       galinhas, gansos e animais outros pastam desabrigados, desfazendo assim Serrinha
                       dos foros de cidade civilizada. (Edição, 1 de novembro de 1918)




       As análises dos jornais compravam que as transformações implantadas pelo intendente
Luiz Nogueira procuraram inserir a cidade num mundo moderno e civilizado. As reformas
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urbanas contribuíram em grande parte para o crescimento do município e a reorganização do
espaço, implicando na totalidade de relações sociais, políticas e econômica.
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      CAPÍTULO III




IMAGENS DA URBANIZAÇÃO.
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       Os documentos, de modo geral, apontavam somente o pensamento oficial dos grupos
dominantes. Os historiadores apenas utilizavam os textos oficias como fonte de pesquisa e
em sua grande maioria os trabalhos concentravam-se em relatar os acontecimentos políticos,
militares, diplomáticos, entre outros. No entanto, com o surgimento da Revista dos Annales
em 1929, seus principias autores, Lucien Febvre e March Bloch, trouxeram uma nova
perspectiva documental que ressaltavam a importância e a necessidade da utilização de outras
fontes, foi nesse período de quebra de paradigmas que a fotografia, lentamente, começava a
ganhar espaço nesse campo de atuação.

         Durante sua história a iconografia tem se destacado num espaço predominante
ocupado por textos adquirindo diversos formatos e funções. As várias questões que envolvem
o estudo das imagens tem sido objeto de um crescente conjunto de investigações no campo o
que tem contribuído para o desenvolvimento de pesquisa entre a fotografia e o conhecimento
científico, mesmo assim ainda é pouco utilizada pelos historiadores.



                       As imagens revelam seu significado quando ultrapassamos sua barreira
                       iconográfica; quando recuperamos as histórias que trazem implícitas em sua forma
                       fragmentária. Através da fotografia aprendemos, recordamos, e sempre criamos
                       novas realidades. Imagens técnicas e imagens mentais interagem entre si e fluem
                       ininterruptamente num fascinante processo de criação/construção de realidades - e
                       de ficções. São essas as viagens da mente: nossos "filmes" individuais, nossos
                       sonhos, nossos segredos. Tal é a dinâmica fascinante da fotografia, que as pessoas,
                       em geral, julgam estáticas. Através da fotografia dialogamos com o passado, somos
                       os interlocutores das memórias silenciosas que elas mantêm em suspensão.
                       (KOSSOY, 2005, p.36)



         Todo pesquisador que utiliza a fotografia como fonte deve saber que além de ser um
documento a foto é um instrumento da memória e ideologia. As imagens estão diretamente
relacionadas ao seu contexto cultural e isto implica em observar as intenções, usos e
finalidades que nortearam sua produção. Muito se debateu sobre sua veracidade e
subjetividade, entretanto os questionamentos não colocam em xeque a idéia de imagem como
documento.

         Segundo Susan Sontag (2004) ―o inventario teve início em 1839, e desde então,
praticamente tudo foi fotografado‖ (p.51). Quando se transforma em documento histórico a
foto passa a adquirir características que vai além de sua função primária fornecendo indícios
das relações sociais, modo de vida, etc. O retrato de uma família não se limita a sua função
original de registrar seus membros, por meio dela o pesquisador pode obter informações como
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identificar o grau de parentesco de cada pessoa e relações, que podem ser confrontados por
outros documentos. Assim, ―as fotos não podem criar uma posição moral, mas podem reforçá-
la e podem ajudar a desenvolver essa posição moral (SONTAG, 2004, p.56)‖. Nesse sentido,
fazer a história sem algum tipo de tendência viciosa não se adéqua as imagens sendo assim é
preciso desestruturar o documento para descobrir suas condições de produção e é necessário
que o pesquisador fique atento a estas questões, logo que interpretar as imagens como única
verdade seria cometer um grande equívoco.

            Partindo do pressuposto que a fotografia histórica é importante objeto a ser
analisado na construção de uma narrativa de uma sociedade, propomos aqui uma amostra de
algumas fotos da Praça Luiz Nogueira que auxiliaram na compreensão do processo de
urbanização nas primeiras décadas do século XX no município de Serrinha.



Fotos 1 e 2 - Praça Manuel Vitorino atual Praça Luiz Nogueira




Fonte: Museu Pró-memória de Serrinha.

         A foto do início do século XX passa mensagem de uma cidade bastante organizada
ruas limpas e ordenadas. Entendemos que a foto foi feita com o intuito de mostrar a beleza do
município seu progresso e ordenamento, podem ser observadas elementos ditos pelos jornais
como os melhoramentos realizados na avenida principal que foi calçada com pedras. Vale
ressaltar que a aparência das pessoas trajada em roupa elegante e clara também é um aspeto
da modernidade. Porém, sabe que a maioria da população desta época não se vestia sempre
assim.

          Uma das principais características da fotografia é registrar o aparente, construindo
assim realidades a partir dessa aparência.     A imagem tem o privilegio de selecionar, à
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realidade dos fatos, das emoções e das coisas do mundo e nos mostra uma determinada versão
iconográfica do objeto representado. Quando este é relacionado ao comportamento, percebe-
se que a uma grande diferença entre ambos, logo que a substancia não pode ser captada pela
subjetividade das imagens. Assim,



                       As imagens revelam seu significado quando ultrapassamos sua barreira
                       iconográfica; quando recuperamos as histórias que trazem implícitas em sua forma
                       fragmentária. Através da fotografia aprendemos, recordamos, e sempre criamos
                       novas realidades. Imagens técnicas e imagens mentais interagem entre si e fluem
                       ininterruptamente num fascinante processo de criação/construção de realidades —
                       e de ficções. São essas as viagens da mente: nossos ―filmes‖ individuais, nossos
                       sonhos, nossos segredos. Tal é a dinâmica fascinante da fotografia, que as pessoas,
                       em geral, julgam estáticas. Através da fotografia dialogamos com o passado, somos
                       os interlocutores das memórias silenciosas que elas mantêm em suspensão
                       (KOSSOY, 2005,p.49).




         Em Serrinha a Praça Luiz Nogueira (Foto 1 e 2) foi um dos espaços urbanos de
grande destaque em sua história, no período colonial seu papel foi fundamental nas relações
políticas e sociais. Juntamente com as ruas, as mesmas serviram de inspiração para escritores
e pintores do século XX que vivam nesses espaços de transformação. Assim, a praça foi o
centro das reformas urbanas na cidade supracitada. Esse ambiente foi essencial para o
desenvolvimento da vida urbana tornando-se um ícone social onde podem ser encontrados
vários elementos da ideologia modernizadora conforme descrito na edição de 27 de janeiro de
1918. Por ser um local pequeno, a praça é o núcleo do município, o ponto de encontro de
diversos segmentos sociais, nela aconteciam constantemente às festas, os encontros políticos
citados no jornal. Inicialmente a praça Manoel Vitorino era murada e as pessoas entravam por
um pequeno portão, mas em 1918 em homenagem ao seu intendente recebeu o nome de Luiz
Nogueira.

         Assim, as reformas no espaço público tinham como principal objetivo embelezar a
cidade fazendo com que a mesma alcançasse a estética de grandes urbanos do interior baiano.
Podemos perceber nas fotos (3,4 e 5) que as praças são bastantes aborrizadas e limpas de
acordo com Leite (1996) estes elementos podem ser apontados como componetes da ideoliga
modernizadora.



        Foto 3- Jardim da Praça Manoel Vitorino quando era murada.
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         Fonte: Museu Pró-memória de Serrinha.



          Foto 4- Igreja Matriz Velha




        Fonte: Museu Pró-memória de Serrinha.



       Segundo Viotti a igreja foi umas das entidades mais importantes no período colonial,
além de sua influencia e das práticas religiosas a igreja fez parte da vida cultural e social do
país. Assim também aconteceu no município que cresceu em volta da antiga matriz hoje
chama de igreja velha. Na igreja devota a Nossa Senhora Santana aconteceram várias
celebrações importantes, a mesma fica em frente ao correto, que foi muito utilizado para a
realização de festas na cidade e discurso dos políticos.
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     Foto 5 e 6- Coreto de Serrinha




     Fonte: Museu Pró-memória de Serrinha.

       A estrada de ferro é o primeiro sinal da inserção da modernização no Brasil. A
chegada do trem na cidade como foi relatado no segundo capítulo II vai modificar seu
cenário. Nesse momento apresentavam-se profundas alterações na sociedade, a população
crescia e o espaço urbano transformava-se. Em volta dos trilhos criou-se um bairro chamado
Estação. No local foi construído um hotel para receber os viajantes que chegavam à estação e
hoje abriga um hospital estadual.



  Foto 7- Inicio do seculo XX do antigo hotel que hoje situa-se o hopistal estadual
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  Fonte: Museu Pró-memória de Serrinha.



  Foto 8 - Inicio do seculo XX da Antiga Estação




  Fonte: Museu Pró-memória de Serrinha.

          Portanto, as imagens do inicio do século XX mostram um município, sempre bem
cuidado e limpo. A Praça Luiz Nogueira e a Estação de Trem principais locais da época
desejam transmitir a mensagem de uma cidade civilizada e inserida no mundo moderno. O
papel da fotografia tem sido imprescindível para a reconstrução da história de muitas cidades.
Para elucidar algumas questões e discussões as imagens se tornam indispensáveis, pois muitas
vezes só elas possuem informações que permitem um maior entendimento sobre seu objeto de
estudo.
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                              CONSIDERAÇÕES FINAIS




         Como vimos às primeiras tentativas para remodelar a cidade teve inicio em 1917
com a administração de Luiz Nogueira. Nomeado intendente de Serrinha pelo governador J.
J. Seabra, o Tenente- coronel foi responsável pela implantação do primeiro plano urbanístico
da cidade e o segundo no interior da Bahia. Nesse mesmo período, promovido pelo então
governador, a capital baiana passou por reformas em sua estrutura. Sendo assim, podemos
afirmar que as modificações urbanas no município sofreram influência direta das
transformações na capital.

         No referido estudo, foram identificadas algumas práticas modernas que estiveram
presentes durante o processo de reforma urbana. Além de ser visto como algo inovador que
iria elevá-la ao patamar de moderna e civilizada os melhoramentos foram responsáveis por
alterar a dinâmica do município. As atividades no campo cultural que também foram
consideradas elementos importantes para a inserção na modernidade se intensificaram cada
vez mais. A partir de então a imprensa será criada, os encontro políticos serão freqüentes, as
festas e os eventos cresciam em grande número sendo que uma das grandes atrações foi à
fanfarra da Filarmônica 30 de Junho que sempre esteve presente nos dias de festas.

       As principais reformas da cidade estavam nos espaços públicos como ruas, praças,
calçadas o que demonstra uma preocupação por parte da intendência pelo embelezamento do
ambiente. As mudanças de feição dos espaços mais arborizado, com jardins e flores deixava a
cidade cada vez mais bonita o que fazia com que os políticos e principalmente a imprensa
representada pelo jornal, acreditassem que a partir destas mudanças; Serrinha estava no
caminho do progresso, do crescimento material e o mais importante da modernização.

       Entretanto, não foram apenas os espaços públicos que sofreram alteração, muito
comum no projeto modernizador de varias regiões as medidas coercivas foram utilizadas para
a mudança de hábitos e costumes o que também se fez presente no município. A população
serrinhense teve que se adequar às transformações sociais e para garantir que as normas
fossem cumpridas os fiscais do município tinham como função vigiar e controlar a cidade,
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pois só através deste e das multas a intendência acreditava que as pessoas cumpririam com os
novos hábitos e assim protegeria o ambiente e proporcionaria uma cidade mais higiênica.

       Símbolo de progresso e crescimento intelectual, o Jornal de Serrinha é um dos
poucos documentos sobre a memória local nesse período, durante três anos de edição o
tablóide foi responsável por divulgar, criticar e defender a vida pública, além de registrar
informações sobre os eventos culturais e políticos. Foram observados neste documento
elementos citados por Nelson Traquina(2005) como características do jornalismo moderno
podem perceber a inserção de caricatura e figuras, o discurso que tinha como propósito se
distanciar da ―politicagem‖ e o gênero informativo que foi identificado através das
reportagens com cunho social em defesa do povo.

       Sendo assim, a circulação do Jornal de Serrinha exerceu papel importante para
entendermos da narrativa desta sociedade e como os cronistas da época refletiam sobre as
mudanças urbanas ocorridas no município e percebiam a dinâmica de uma nova sociedade
com valores que sinalizaram a modernidade no século.

        Portanto, ficou explicito que as instituições públicas e suas repartições assim como
os intelectuais e principalmente a imprensa foram responsáveis pelo projeto modernizador no
município. Desta forma, características como: as idéias de modernização, embelezamento,
higienismo, normatização e moralização de costumes presente no discurso civilizatório da
modernidade do Brasil no século XX também estiveram presentes durante os processos de
reformas urbanas no município de Serrinha.
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                                     REFERÊNCIAS


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                                       FONTES



JORNAL:


Jornal de Serrinha:
-Edição, de 12 de Outubro de 1917.
-Edição, de 21 de Outubro de 1917.
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  • 1. 1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS XIV COLEGIADO DE HISTÓRIA RAFAELLA DE LIMA CAPISTRANO VIVÊNCIAS URBANAS NA CIDADE DE SERRINHA - BA (1917-1919) Conceição do Coité – BA 2010
  • 2. 2 RAFAELLA DE LIMA CAPISTRANO VIVÊNCIAS URBANAS NA CIDADE DE SERRINHA - BA (1917-1919) Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em História da Universidade do Estado da Bahia – UNEB - Campus-XIV, como requisito parcial para obtenção de grau de Licenciada em História. Orientador: Prof. Ms. Rogério Silva. Conceição do Coité – BA 2010
  • 3. 3 TERMO DE APROVAÇÃO RAFAELLA DE LIMA CAPISTRANO VIVÊNCIAS URBANAS NA CIDADE DE SERRINHA - BA (1917-1919) Monografia apresentada ao Curso de graduação em História, Departamento de Educação - Campus XIV, Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciada em História, pela seguinte banca examinadora: Aprovada em ___/____/2010 _________________________________________________ Professor - Examinador 01 Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus XIV _________________________________________________ Professor - Examinador 02 Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus XIV ________________________________________________ Professor Ms. Rogério Silva- Orientador Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus XIV Conceição do Coité – BA 2010
  • 4. 4 RESUMO A discussão sobre o estudo das cidades no Brasil durante o século XX foi caracterizado por uma sociedade pautada na idéia de progresso e transformação. Com o advento da República surgiu uma nova dinâmica social, política e econômica que influenciou diretamente nas reformas urbanas. Sendo assim, a formação da concepção de modernidade surge com a remodelação de grandes cidades como o Rio de Janeiro que foi modelo para as outras capitais. As reformas urbanas também tinham como objetivo copiar os modelos urbanísticos europeus a maioria dos projetos envolveu o saneamento de ruas, a inserção de novas tecnologias e higienização. A presente monografia tem como intuito analisar as transformações urbanas e sociais ocorridas na cidade de Serrinha entre os anos de 1917 e 1919. Para isso foi necessário traçar um breve histórico das mudanças experimentadas no município durante a intendência de Luiz Nogueira sendo que, através da narrativa do Jornal de Serrinha e a partir da compreensão das imagens produzidas nesse período foi possível identificar alguns aspectos da ideologia moderna da época. Palavras-chave: urbanização, reformas urbanas, modernidade, Serrinha. ABSTRACT The discussion on the study of cities in Brazil during the twentieth century was characterized by a society based on the idea of progress and transformation. With the advent of the Republic has come a new dynamic social, political and economic influence in the country that directly in urban reforms. Thus, the formation of the conception of modernity comes with the remodeling of large cities like Rio de Janeiro that was the model for the other capitals. The urban reforms also were intended to copy the European urban models, most projects involved the rehabilitation of streets, the insertion of new technologies and hygiene. This thesis has the intention to examine the urban and social transformations that occurred in the city of Serrinha between the years 1917 and 1919. This required a brief history of the changes experienced in the city during the stewardship of Luiz Nogueira is that through the narrative of the Journal of Serrinha and from the understanding of images produced during this period was possible to identify some aspects of the modern ideology of the time. Keywords: urbanization,urban reforms, modernity,Serrinha.
  • 5. 5 AGRADECIMENTOS Primeiramente, quero agradecer a Deus por ter me dado força espiritual para superar todos os obstáculos durante a elaboração deste trabalho. Aos meus pais e tios que são o alicerce de minha vida, pelo apoio que foi oferecido durante minha caminhada na universidade, aos meus irmãos pela compreensão e ao meu namorado pelo ombro amigo durante os momentos de incertezas. Aos professores que contribuíram para minha formação acadêmica, em especial a Rogério Silva que me acompanhou durante todo o processo desde a elaboração a conclusão do trabalho. Aos colegas Edcarla, Arlete, Cristian, Gislani e Samara que dividiram comigo as alegria e tristezas e que estarão presentes nas boas lembranças dessa etapa de minha vida.
  • 6. 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 7 CAPÍTULO I-A CIDADE NO OCIDENTE. ....................................................................... 12 CAPÍTULO II-REFORMAS URBANAS EM SERRINHA. .............................................. 21 CAPÍTULO III-IMAGENS DA URBANIZAÇÃO. ............................................................ 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 38 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 40 FONTES .................................................................................................................................. 42
  • 7. 7 INTRODUÇÃO Lewis Mumford (1991), afirmava que a cidade foi "a mais preciosa invenção coletiva da civilização‖ (p.63). Neste cenário o homem construiu seus templos, constituiu as relações sociais e descobriu nesse espaço a oportunidade de concretizar seus sonhos. Refletir sobre as urbes tem sido um caminho árduo para muitos dos historiadores que optaram por esse desafio. Entretanto, com o aperfeiçoamento das abordagens teóricas, as novas pesquisas têm contribuído para ampliar a percepção do homem sobre a dimensão do cotidiano urbano. Ao lado do capitalismo a Revolução Industrial construiu um novo cenário para as antigas cidades, o século XIX e a primeira metade do século XX foram marcados por inumeráveis transformações e entre elas estão às reformas urbanas1. Ainda neste período se inicia as primeiras tentativas de construção da urbe que atendesse ao imaginário da sociedade burguesa, as autoridades das principais capitais do mundo foram responsáveis por tentarem materializar o progresso da vida moderna e civilizada. Elemento obrigatório aos estudiosos que tem como objeto de pesquisa as práticas modernas, as cidades são essências para compreensão desta dinâmica, logo que é neste espaço que as pessoas vivenciaram as inovações. De acordo com Mumford a cidade é fruto do instinto humano, a consolidação dos laços fraternos transformou pequenos grupos em aldeias, o autor atribuiu às mulheres ―o desejo de construir cidades para poderem dar a luz e proteger seus filhos‖ (FREIGAT, 2002, p.2) o que inicialmente trouxe um caráter feminino. Porém, com o aprimoramento das novas atividades que requeriam força e trabalho braçal, as aldeias tornaram-se cada vez mais masculina. O teórico também afirmou que a cidade possui um caráter transformador inigualável, composto de aspectos urbanos marcados por seus autores em cada tempo; as urbes abrigam a todos sem distinção de gênero, classe e raça e é por essa urbanização que as mesmas cresceram ao longo da história construindo um conjunto de relações sociais e valores. 1 Compreende-se como reformas urbanas o conjunto de interferências no espaço e na estrutura de uma cidade que intervêm diretamente nas relações políticas, econômicas e socioculturais.
  • 8. 8 O debate sobre os tempos modernos que ganhou força no final do século XIX buscou entender as limitações e implicações deste tema chegando à conclusão que não um consenso para defini – lá, dividindo as correntes intelectuais em dois campos: o espiritual e o material2. Para Marshall Berman (19186) a modernidade seria o conjunto de experiências e instabilidades vividas por uma sociedade. De acordo com o escritor marxista ser moderno é ―encontra-se em um ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas em redor, mas ao mesmo tempo ameaça a destruir tudo o que sabemos e somos‖ (p.15). Portanto, o processo das reformas urbanas não compreende apenas aos estudos das edificações e monumentos é perceber através do que autor chama de ―turbilhão da vida moderna‖ – a evolução da sociedade por meio dos aspectos sociais, políticos e econômicos. Jean-Jacques Rousseau foi o primeiro a usar a palavra moderniste, ―no sentindo em que as gerações do século XIX e XX a usarão ―(BERMAN, 1986, p.14). Em sua novela Nova Heloísa, o autor relata a história de Saint-Preux, um jovem que sai do campo para morar numa metrópole e descreve nas cartas a sua amada Julie a experiência de adapta-se ao que lhe parece estranho e agitado. Em meio ao conturbado início do século XX, os intelectuais e artistas questionaram alguns conceitos inerentes para a civilização ocidental como a razão e espiritualismo. A desestabilização política, bem como as péssimas condições sociais foram fatores que contribuíram para enfraquecimento do discurso. Deste modo os tempos modernos tendem a rejeitar as questões ligadas à tradição. Segundo Friedrich Nietzsche o homem retirou Deus de seu papel norteador da vida o ser divino perde sua acuidade para a natureza e o individualismo. Como refere o filósofo, a inversão de valores e o momento conturbado que a sociedade encontrava-se culminou numa crise da moral cristã e das verdades absolutas3. Em seu livro Além do Bem e do Mal (2004), Nietzsche desenvolveu parte de sua obra tecendo críticas a razão e a ciência refletindo sobre a origem dos vários conceitos. No Brasil, o século XX é considerado o século da modernidade. É durante esse período que se realizou o processo de reformas urbanas em várias capitais, as mesmas tentaram mudar a imagem do país, ―a fim de adaptá-las aos novos ideais modernos e 2 O primeiro diz respeito ao modernismo que esteve presente nas manifestações intelectuais e artísticas, já os materialistas acreditam que o moderno está no conjunto de estruturas urbanas e sociais. 3 Sendo a modernidade o período de decadência espiritual, esse momento em que os homens desprezam os dogmas católicos é chamado por Nietzsche de a ―morte de deus‖. Se tratando da negação de condutas éticas e morais, o filosofo denomina de ―niilismo‖ essas ausência de valores e crise existencialista.
  • 9. 9 higiênicos, decorrente do avanço científico, de novas tecnologias e de novas ideologias‖. (PINHEIRO, 2002, p.25) A reforma de maior repercussão foi desempenhada por Pereira Passos no Rio de Janeiro entre os anos de 1902 e 1906. Os melhoramentos trouxeram para a cidade vários benefícios: são instalados bondes elétricos, serviços de limpeza, opções de lazer e atividades culturais. O aperfeiçoamento da imprensa também é reflexo deste momento, os jornais e as fotografias são incorporados pela modernidade e foram capazes de fornecer a dimensão do seu cotidiano. Assim como no Rio de Janeiro, a sociedade brasileira se defronta com a ideologia modernizadora que não tinha apenas o intuito de alterar a feição das cidades. Modificar e controlar os costumes e o modo de vida dos habitantes, também fez parte do projeto, pois para estes a civilidade não se daria somente com a reestruturação urbana, seria preciso à reeducação das pessoas. Desta forma o governo usou da censura, da imposição e da repressão para fazer valer os novos hábitos defendidos pelas elites. As práticas religiosas e culturais da população também foram proibidas pela lei por representarem a transgressão da sociedade. Portanto, para a construção da imagem de um país mais moderno a elite utilizo-se de elementos como valores e hábitos que foram incorporados até mesmo por pequenas cidades como o município de Serrinha. As reformas urbanas implantadas durante o governo do intendente Luiz Nogueira (1916-1920) prometiam elevar o município ao patamar de um dos locais mais importantes da região. Nomeado intendente de Serrinha pelo governador J.J. Seabra, o Tenente- coronel foi responsável pela implantação do primeiro plano urbanístico da cidade e o segundo no interior da Bahia4. O município começou a adquiriu maior prestígio comercial e econômico deste modo foram remodeladas praças e ruas, houve a construção de açudes para o abastecimento de água, e a chegada da iluminação na forma de acetileno, sendo que os movimentos culturais também ganharam maior dimensão. Os melhoramentos urbanos que modificaram a dinâmica da sociedade serrinhense foram registrados principalmente por meio do jornal. No ano de 1917 foi criado por Reginaldo Cardoso o Jornal de Serrinha: seminário imparcial, noticioso, literário, comercial e agrícola onde estão descritos os fatos e os eventos da época. 4 Segundo Tasso Franco, o primeiro plano urbanístico do inteiro da Bahia foi implantando em Santo Amaro.
  • 10. 10 As transformações urbanas foi um momento que marcou a história de Serrinha. Entretanto, não há nenhum estudo a respeito do tema proposto. Deste modo, o presente trabalho propiciará um esclarecimento sobre o processo de modernização, desenvolvimento e reforma urbana neste município, que deverá contribuir para a construção da identidade local, preenchendo assim algumas lacunas referentes à sua história. Para o desenvolvimento da pesquisa, trabalhamos com a bibliografia disponível no acervo das Bibliotecas Professor José Carlos dos Anjos5 e Julieta Carteado6 a fim de compreender o processo das reformas e identificar algumas características nas transformações sofridas na cidade. Partindo do pressuposto que o jornal é um importante instrumento de narrativa da sociedade consideramos o periódico como principal documento para esse estudo. Portanto, foram analisadas 60 edições do Jornal de Serrinha entre os anos de 1917 e 1919 que pertencem ao Museu Pró-memória de Serrinha um dos pouco locais que possui alguma fonte sobre este período. Em relação à documentação iconográfica, as fotos foram utilizadas como suporte para a pesquisa, as imagens foram empregadas para entendermos como a sociedade tentou representar o município na modernidade. O acervo iconográfico também está disponível no Museu Pró-memória de Serrinha. No capítulo I, intitulado- “A Cidade no Ocidente” – discorremos sobre a questão das reformas urbanas em Paris durante seu Segundo Império; as transformações e a inserção das idéias modernas na cidade do Rio de Janeiro durante a gestão de Pereira Passos e por sua vez o processo de remodelação em Salvador realizada no governo de J.J. Seabra entre os anos de 1912 e 1916. O capítulo II, que tem como titulo -“Reformas Urbanas em Serrinha”- discutimos a história da cidade e identificamos alguns aspectos da modernidade presente no discurso do Jornal de Serrinha: seminário imparcial, noticioso, literário, comercial e agrícola, através deste percebemos como se encontrava a dinâmica da sociedade diante das reformas implantas por Luiz Nogueira. E por fim no capítulo III, -―Imagens da Urbanização”-foram analisadas algumas imagens da cidade no inicio do século XX, fotos dos principias lugares mencionados no jornal 5 A biblioteca Professor José Carlos dos Anjos está localizada em Conceição do Coité-BA na Universidade Estadual da Bahia, Campus XIV 6 A Biblioteca Central Julieta Carteado está localiza em Feira de Sanata-BA e pertence a Universidade Estadual de Feira de Santana.
  • 11. 11 como a Praça Luiz Nogueira centro dos melhoramentos promovidos pelo intendente e a estação férrea, primeiro sinalizador de mudança no município.
  • 12. 12 CAPÍTULO I A CIDADE NO OCIDENTE.
  • 13. 13 As reformas urbanas implantadas durante a segunda metade do século XIX fizeram de Paris um das cidades mais importantes da Europa. Porém, ―as intervenções urbanas realizadas para a abertura de ruas e de novos espaços em centros densamente construídos não são uma invenção de Haussaman‖ (PINHEIRO,2002,p.65). Foi da Londres do contexto de Revolução Industrial que Napoleão III espelhou-se para promover as modificações parisienses. Segundo Pesavento, a capital francesa foi símbolo da modernidade e citando Caillois se refere à metrópole como um ―mito‖ que atrai até hoje os olhares de diversos artistas, escritores e fotógrafos. Entendemos, todavia, que Paris se constitui no paradigma da cidade moderna, metonímia da modernidade urbana, isso se deve, em grande parte, á força das representações construídas sobre a cidade, seja sob a forma de uma vasta produção literária, seja pela projeção urbanística dos seus projetos. (PESAVENTO, 2002, p.31) De fato, Paris não foi à primeira cidade a promover melhorias urbanas, mas as suas reformas são referências não somente no continente europeu como no restante do mundo. Nomeado por Napoleão III, Georges-Eugène Haussmann (1853-1870) ostentou o desafio de transformar a cidade numa metrópole que se adequasse a modernidade e aos novos costumes da burguesia parisiense. Foi a partir desse contexto que tem início o fenômeno chamado de haussmannização7. Paris estava passando por várias complicações em sua estrutura como as ruas estreitas que dificultavam a circulação, a falta de higiene, precária iluminação e transtornos na distribuição de água. Para tentar solucionar estes problemas investiu-se em redes de esgoto, abastecimento de água, construção de edifícios para órgão públicos, serviço de transporte, áreas de lazer como parques e praças além da construção de ruas amplas que facilitavam a movimentação. Símbolo das transformações huassmaisnas os bulevares, são exemplos dos novos padrões de urbanização. Os mesmos foram vistos como modelo das edificações modernas e logo se constituíram num grande centro econômico e comercial além de contribuir para a estética do ambiente. 7 Projeto de modernização e embelezamento estratégico da cidade realizado pelo Barão de Haussmann
  • 14. 14 Os bulevares de Napoleão e Haussmann criaram novas bases – econômicas, sociais, estéticas – para reunir um enorme contingente de pessoas. No nível da rua, elas se enfileiravam em frente a pequenos negócios e lojas de todos os tipos e, em cada esquina, restaurantes com terraços e cafés nas calçadas. Esses cafés, como aqueles onde os amantes baudelarianos e a família de farrapos se defrontam, passaram logo a ser vistos, em todo mundo, como símbolos de la vie parisiense (BERMAN,1986.p.147). As intervenções mudaram a dinâmica e o pensamento da população parisiense, as transformações receberam várias críticas com relação as suas construções. A maioria das reclamações questionava o excesso de gatos financeiros, a falta de habitação para os populares e a exclusão social que crescia cada vez mais como refere Pinheiro: Todo esse movimento tem um outro lado. A cultura popular é excluída dos novos espaços; teatros populares são demolidos, e os pobres perdem seus espaços de lazer. As demolições no centro provocaram uma crise de habitações, favorecem a especulação e agrava a segregação social, uma das conseqüências reformas hussamannianas. (PINHEIRO, 2002, p.82) Dentre os principias artistas que refletiram sobre esse contexto de contradições, Baudelaire foi um dos poucos escritores que conseguiu absorver a fusão das formas matérias e espirituais, percebendo assim a interdependência entre o homem e o ambiente moderno. Uma das características marcantes desse artista esta em classificar o sentido da vida moderna em algo difícil e vago para se determinar, portanto a arte deveria acompanhar essas inovações. Baudelaire refletiu sobre o espírito e a forma dessa nova sociedade que deparava- se com os diferentes hábitos. O mesmo tinha duas visões sobre o tema: a primeira a que denomina de modernismo pastoral (BERMAN,1986) uma visão mais romântica que são representados pelas obras Salão de 1846 e O Pintor da Vida Moderna (1859). O segundo momento vai ser caracterizado pelo modernismo anti-pastoral uma visão critica um distanciamento entre o espiritual e o material que estão nos ensaios de 1855. Através da poesia de Baudelaire, Walter Benjamin (1994), refletiu sobre o ―mito‖ em que Paris constituiu-se, dentro desse contexto nasceu à figura do flâuner que passava a maioria de seu tempo vagando pelas ruas e observando o que acontecia ao seu redor. O flâuner seria aquele que captaria de modo sensível o sentido da vida, a dinâmica da cidade e o comportamento do homem.
  • 15. 15 Para o perfeito flâuner... é um prazer imenso decidir morar na massa, no ondulante... Estar fora de casa; e, no entanto, se sentir em casa toda parte; ver o mundo, estar no centro do mundo e ficar escondido no mundo, tais são alguns dos menores prazeres desse espírito independentes, apaixonados, imparciais que a língua só pode definir inabilmente. (BENJAMIN, 1994, p.221) O modelo haussmaniano trouxe beleza e vigor à ―Cidade Luzes‖, entretanto suas remodelações ainda provocam discussões entre os teóricos sobre as limitações e implicações adotadas em seu processo de reformas. No Brasil o século XIX, segundo Emilia Viotti (2007), foi o período em que as ações políticas e econômicas influenciaram diretamente em seu desenvolvimento urbano. As autoridades que promoveram as intensas mudanças tinham como objetivo transformá-las ou igualá-las ao patamar das urbes européias. ―A transferência da sede do governo português para o Brasil, abertura dos portos em 1808, rompendo o sistema de monopólios ate então em vigor, e finalmente a independência criaram novas condições para o processo de urbanização‖ (p.242) Com a chegada da Família Real os vários problemas de organização, estrutura e higiene que assolavam as várias cidades despertam a preocupação com imagem do país. De acordo com Caio Prado Júnior (1996) as primeiras idéias no sentido de modernização podem ser observadas desde o Império, mas foi na República que o conceito esteve mais presente. Desta forma o novo regime que tinha se instalado possibilitou uma maior abertura comercial para que os governos estaduais investissem em infra-estrutura. Em consequência disto no século XX surgiram muitas inovações tecnológicas como a eletricidade, os novos meios de transporte e indústrias. Apesar das capitais ainda não se constituírem uma metrópole de fato as novidades invadiram o dia-a-dia das pessoas oferecendo conforto para aqueles que poderiam usufruí desse prestígio (SEVCENKO, 1998). Podemos dizer que o conceito de modernidade esteve interligado ao processo urbano, ou seja, a organização do espaço foi de suma importância para afastar a imagem negativa que a falta de insalubridade e as péssimas estruturas tinham proporcionado. Com o desenvolvimento da industrialização a Capital Federal transformou-se no centro econômico de grande prestigio atraindo imigrantes até mesmo do exterior. Conduzida por Francisco Pereira Passos entre os anos de 1902 e 1906 a cidade sofreu intensas reformas urbanas, com inovações tecnológicas até então nunca vista antes no país.
  • 16. 16 [...]O desenvolvimento dos novos meios de comunicação, telegrafia sem fio, telefone, os meios de transporte movidos a derivados de petróleo, a aviação, a imprensa ilustrada, a indústria fonográfica e o cinema intensificarão esse papel da capital da República, tornando-a eixo de irradiação e caixa de ressonância das grandes transformações em marcha pelo mundo, assim como no palco de sua visibilidade e atuação em território brasileiro. O Rio passa a ditar não só as novas modas e comportamentos, mas acima de tudo os sistemas de valores, o modo de vida, a sensibilidade, o estado de espírito e as disposições puncionais que articulam a modernidade como uma experiência existencial e íntima (In: SEVCENKO 2008(org.). SEVCENKO p.522). Pereira Passos que estava estudando na França acompanhou de perto alguns aspectos da Belle Époque parisiense. De acordo com Pinheiro, podemos afirma que as transformações promovidas por Haussaman em Paris influenciaram diretamente no processo de reformas urbanas do Rio de Janeiro. As capitais de modo geral tinham a insalubridade como ponto em comum. Esta situação prejudicou bastante o comércio nestes locais, pois a falta de higiene afastou o interesse dos estrangeiros nos principais portos. O rápido crescimento demográfico também foi um dos fatores que afetou bastante o desenvolvimento urbano, logo que sua estrutura física não estava preparada para essa demanda. A má situação higiênica e sanitária tornou-se o principal motivo de críticas entre médicos e higienistas. Portanto, se fez entender que seria necessário à criação de um projeto que visasse o combate a insalubridade, incentivasse mudanças na estrutura física e criassem 8 uma política de coerção a chamadas ―causas sociais‖ da insalubridade. O lixo e a sujeria eram encontrados em vários pontos inclusive nos locais que foram reformados devido o descompromisso das construtoras na manutenção dos locais durante as obras, situação esta que era provocada não só pelas empresas, mas também pelo descaso do governo. O Plano de Melhoramento da cidade assim chamado pelo prefeito e sua comissão teve como objetivo a criação de um novo porto, construção de redes de esgoto, o abastecimento de água, revigoramento de bondes elétricos, construção de praças e principalmente construção de ruas e avenidas. 8 Para os higienistas as ―causas sociais‖ seriam ações que intensificavam a proliferação dos fatores naturais como hábitos e moradias praticados pela classe pobre.
  • 17. 17 Portanto, o processo de urbanização não foi apenas sinônimo de progresso também representou um momento de rupturas e segregação social, o governo usou da censura, da imposição e da repressão para fazer valer os novos hábitos defendidos pelas elites. Á normatização da vida e regulamentação dos usos do espaço públicos segui-se a grave questão da higiene, com as medidas de vacinação contra a febre amarela, levada a efeito pelo médico Oswaldo Cruz. A campanha, que motivou a conhecida Revolta da Vacina, sobre a qual muito se tem escrito, é mais um exemplo do confronto de concepções diferenciadas entre espaço publico e espaço privado, ordem e desordem. O caráter de verdadeira operação militar, por parte do governo ao aplicar a vacina, e a revolta popular conta a medida são um exemplo cabal de que aquilo que, para um grupo, era uma norma racionalizadora e necessária, para os demais eram o caos social. (PESAVENTO, 2002, p.176) De acordo com Chalhoub (1996) para a elite burguesa a classe pobre representava perigo de contágio. Os higienistas chegaram à conclusão que suas moradas eram nocivas a sociedade sendo um local fértil de propagação de vícios. Sendo assim, como os pobres representavam um problema para o controle social os cortiços ameaçavam as condições higiênicas da cidade, o que resultou na destruição das casas populares que não se enquadravam nas regras estabelecidas. A demolição mais conhecida é a do cortiço Cabeça- de-Porco , no dia 26 de janeiro de 1893, pela Inspetoria Geral de Higiene da então capital. O processo de urbanização no Rio de Janeiro foi reflexo das transformações estruturais de ordem política, econômica e social do regime republicano, que realizadas pela elite burguesa carioca iniciou um processo de desintegração acentuando a exclusão social no país. Eloisa Pinheiro resume os principais aspectos destas intervenções. Três aspectos se destacam como os mais importantes da reforma Passos. Ela constituiu um exemplo típico de como uma nova conjuntura na organização social determina novas funções na cidade. É o primeiro exemplo de intervenção estatal na qual o urbanismo se reorganiza em novas bases segundo as quais os pobres são expulsos da área mais valorizada da cidade. Finalmente, é uma demonstração de que a resolução das contradições do espaço gera outras novas contradições na organização social, como a nova estruturação especial e a segregação social e funcional, a exemplo da formação das primeiras favelas, que se desenvolvem em conseqüências das reformas. (PINHEIRO,2002,p.65)
  • 18. 18 Assim como na capital, Salvador também passou por grandes transformações urbanas. A má condição de higiene da capital baiana foi alvo de buliçosas críticas por parte de médicos e principalmente da imprensa local. De acordo com Alberto Heráclito Filho (1999) até o final do século XIX o espaço público de Salvador foi marcado pela insalubridade e espaços irregulares. Os prédios antigos eram vistos com sinônimo de atraso e a todo o momento recordavam seu passado colonial. Como refere Leite (1996), no início do século XX Salvador era a terceira maior cidade do país e apesar de não ter sofrido intenso crescimento demográfico como no Rio de Janeiro e São Paulo o aumento de sua população foi suficiente para comprometer a dinâmica da cidade, logo que sua estrutura permaneceu quase a mesma. As péssimas condições de saúde associado à falta de salubridade só agravavam a situação, as ruas eram verdadeiros lixos a céu aberto além de apresentarem vários problemas como falta de alinhamento e iluminação. Saindo as ruas da cidade, agora na República, o viajante trafegava, do mesmo modo, por vias estreitas e desalinhadas, onde a circulação do ar e a penetração da luz se andavam com dificuldade; diga também que elas eram mal calçadas. Seguindo os seus caminhos observam-se detritos e dejetos depositados em plena rua, terrenos baldios acumulando lixo e excrementos de animais espalhados, devendo exalar dali um insuportável mau cheiro. O serviço de esgoto era inexistente, viam-se apenas canalizações que levavam diretamente para as ruas ou fundos das casas os detritos produzidos nos lares, escritórios de negócios e estabelecimentos comerciais. O abastecimento de água, por sua vez, era ainda, na sua maior parte, feito através de fontes, sendo o fornecimento por encantamento uma raridade (LEITE, 1996.p.29) Foram poucos os planos realizados na tentativa de melhorias para esses problemas como o projeto de Teodoro Sampaio que visava melhorar o abastecimento de água da cidade. Os transtornos habitacionais também faziam parte desse quadro às construções e os edifícios eram realizados sem nenhuma medida de precaução desprezando fatores externos como o próprio relevo. Com caráter agroexportador seu comércio declinou junto com os preços, mesmo não sendo mais o centro econômico a capital baiana possuiu um dos maiores portos da época. A expansão do comércio juntamente com a crescente industrialização também foi favorável para mudanças na estrutura física, na construção de novas ferrovias, instalação de empresa de transporte entre os quais estava o bonde elétrico e sistema bancário.
  • 19. 19 O governo republicano de J.J. Seabra foi responsável pela reforma urbana em Salvador durante os anos de 1912 a 1916. Esse período é marcado pela assinatura de decretos que autorizam o financiamento das primeiras obras de remodelação como a construção da Avenida Sete de Setembro. Segundo Suely Puppi (2009) dois projetos foram escolhidos para remodelar o centro de Salvador: Melhoramento de Partes da Cidade de Salvador e Melhoramentos da Sé, mas apesar das modificações a estrutura urbana no geral não sofreu grandes alterações e as obras favoreceram apenas os bairros importantes. A prioridade de determinadas áreas (as mais nobres) no processo de remodelação foi alvo de duras criticas por parte de alguns segmentos sociais. Os jornais noticiavam os problemas gerados pelas obras como falta de habitação, paralisação entulhos espalhados pelas ruas e muitas construções inacabadas. O sentimento de frustração da população foi reflexo dos péssimos serviços oferecidos depois da remodelação que havia prometido melhorias que nunca ocorreram. A falta de água, de energia e problema com o transporte público eram apenas alguns dos transtornos existentes na cidade até mesmo os serviços primários e essenciais para a sobrevivência mal conseguiam atender as necessidades da população. Além da implantação de projetos que visasse o combate aos agentes naturais das ―niasmas‖ 9·,a elite soteropolitana também acreditava na importância da criação de campanhas que incentivassem a mudanças de hábitos das pessoas. Dentre estes tinha-se a preocupação com as questões sociais, que podia ser representado, por um lado, no cuidado com a habitação e o transporte popular, e por outro lado, no cuidado com a assistência pública, com casas correcionais e escolas profissionalizantes para a infância desvalida, casas correcionaras para vadios e criminosos, abrigos noturnos apara indigentes e miseráveis, hospitais para alienados, entre outros. Tinha-se, ainda um anseio pela extensão de instrução pública. Havia, também, uma expectativa da adoção de estilo de vida e hábitos cultos ou elegantes, que abrangiam desde a moda á cultura dos indivíduos, ou seja, ‖uma vida nova, de relações sociais, de solução com espírito de palestras e graça no vestir-se‖. E mais, mecanismos de controle sobre os modos de vida populares e algumas das tradições deveriam caracteriza-se por comedimento e racionalidade. (LEITE,1996,p.42) 9 o pensamento higienista teve inicio com o inglês Thomas Syndenham, O médico acreditava que o meio natural e as doenças possuíam intensas relações. A partir da revolução industrial a teoria ganhou mais credibilidade. os principais responsáveis pelas pandemias eram os pântanos e atmosfera. O primeiro considerado elo de ligação entre as ―entranhas da terra‖ , o segundo ambiente acumulava a matéria orgânica e produzia vapores chamados de niasmas que espalhava a doença.
  • 20. 20 Os novos hábitos da população que agora se encontravam em uma cidade dita civilizada, vivenciaram as conseqüências e rupturas do progresso. Um bom exemplo eram os hábitos culturais adquiridos pelas elites com novas formas de divertimento, enquanto que as classes populares conservavam algumas práticas tidas como incultas. Os costumes africanos e alguns valores herdados do período colonial e imperial contribuíram bastante para isso, especialmente porque o modo de vida a ser seguido deveria ser o europeu. Práticas como jogo, bebida, samba entre outros eram tidos como prejudiciais a sociedade, mas também reconhecidos por alguns jornais – muitas das vezes – a única forma de diversão para grande parte da população e justamente por isso muito difícil de ser combatido; isso sem falar que muitos dos que deveriam manter a ordem e coibir essas práticas por vezes também participavam delas, a exemplo dos policiais. Não chega a ser um fato totalmente estranho que guardas e policias de baixa patente participassem de divertimentos envolvendo jogos, bebidas, musicas e onde prostitutas tomassem parte. Originários das baixas camadas da população compartilhavam da cultura popular e das vicissitudes típicas da maior parte dos trabalhadores pobres urbanos. Eles também deviam sofrer com as precárias opções de lazer existentes na cidade. Não lhes restavam, portanto, outras alternativas, nem lhes eram possível possuir códigos e valores tão diferenciados que tornassem viáveis condutas sócio-culturais distintas daquela que eram as mais comuns e praticadas pelos indivíduos de sua classe. (LEITE,1996,p.121-122) O processo modernizador foi apenas o começo das mudanças pensadas para alcançar a civilização. Mesmo não tendo almejado o sucesso esperado na época, o projeto urbanístico foi de fundamental importância para o crescimento e progresso da capital baiana, que a partir de então ganhou novos ares, novas ruas e avenidas, em fim, uma nova aparência gerando grandes esperanças para o futuro baiano. Os problemas de infra-estrutura associados à má qualidade dos serviços oferecidos foram os grandes causadores de transtornos, no entanto Leite (1996) evidencia que não se pode esquecer a imposição das transformações culturais que se fez na época, sento talvez o maior empecilho e resistência da população no ideal pretendido pelas elites.
  • 21. 21 CAPÍTULO II REFORMAS URBANAS EM SERRINHA.
  • 22. 22 A República Velha teve início com a promulgação da Constituição em 1891. Nesse período a sociedade brasileira passou por mudanças nos campos sociais, políticos econômicos. A economia que desde os tempos coloniais tinha como característica o comércio agroexportador prosseguiu com as mesmas atividades, persistindo o latifúndio e à mão -de - obra escrava as poucas indústrias existentes limitavam-se à produção de bens de consumo nos setores têxtil e alimentar. Após a abolição o desenvolvimento da industrialização substituiu o trabalho escravo pelo assalariado permitindo que o capital destinado à compra de negros fosse utilizado em fábricas e na comercialização de novos produtos. O setor cafeeiro contribuiu bastante para o crescimento da economia sua expansão permitiu que os grandes fazendeiros aderissem a novas atividades fomentando o mercado interno e também trazendo investimentos estrangeiros .Como refere Viotti (2007) o processo de urbanização brasileira foi ―característico de áreas de economia colonial e periférica as quais não se ajustam ao modelo clássico‖ (p.235-236). Foi nesse contexto que o município de Serrinha desenvolveu-se. Seus primeiros habitantes foram os índios da nação Cariri. Com a chegada dos portugueses entre 1621 e 1891,a fazenda Serrinha que foi um importante ponto de encontro e descanso para os viajantes foi comprada por Bernardo da Silva em 1723. As rotas de boiadeiros foram essenciais para ocupação territorial e para a fixação da população nordestina ―ao longo dessas estradas, pousos de tropeiros, ranchos, vendas, estalagens, hospedarias e registros deram origens a arraiais e povoados que se desenvolveram e mais tarde alcançaram o status de vilas e de cidades‖. (CAMPOS, 2007.p.2) O pequeno vilarejo cresceu em três rumos: em direção ao tanque da bomba, no sentido da estação de trem e para o lado da estação da usina de energia (Praça Miguel carneiro). A localidade foi passagem obrigatória da estrada de Salvador- São Francisco em direção ao Piauí sendo este um ponto estratégico e expressivo para o comércio. As principais lideranças do município eram ligadas ao partido conservador de D. Pedro II, portanto, após a Proclamação da República e intensos conflitos políticos na Bahia em 24 de novembro de 1889 a elite da cidade mesmo não apoiando elaborou um documento de adesão ao novo regime e em 30 de junho de 1891 a Vila foi elevada à categoria de cidade. O contexto do município não é diferente do nascimento da maioria das pequenas cidades do interior. Segundo Emilia Viotti, praticamente a urbanização no período colonial esteve ligada à auto-suficiência do latifúndio, baixo padrão de vida do trabalhador
  • 23. 23 atrapalhando o desenvolvimento das manufaturas e inibindo o crescimento das funções urbanas. As principais atividades serrinhenses foram à pecuária e o comércio, desenvolvendo também algumas atividades agrícolas seus principias produtos eram a mandioca e o milho, o desenvolvimento urbano teve maior ênfase com a chegada da ferrovia. O transporte ferroviário nasceu na mesma década que o Império do Brasil e logo despertou o interesse do Estado que tinham como objetivo integrar o vasto território, e fortalecendo o poder. A estrada de ferro era sinal do progresso, tornando muito mais rápido e eficiente o transporte de pessoas e mercadorias, gerando uma vasta rede de empregos diretos ou indiretos, proporcionando o contato com outros locais, assim desencadeando o povoamento e urbanização da região. A chegada da ferrovia mudou totalmente a rotina dos locais por onde passava, interferindo em vários setores da vida: na moda, no uso das expressões inglesas abrasileiradas, no modo de habitar, no uso do ferro e do vidro nas construções. Ocorreu uma europeização dos costumes, que foram disseminados em todo o Brasil onde as ferrovias alcançassem. ( FERNANDES,2006, p.199) A implantação das ferrovias na Bahia como consta no livro de Francisco Zorzo (2001) aconteceu no ano de 1850. As estradas de ferro tinham como objetivo superar a crise vivida na região através da ligação das zonas produtivas no interior com os portos do litoral. Era, portanto, um meio de controlar o espaço mercantil baiano. A ferrovia trouxe uma nova mentalidade nas relações sociais e trabalhistas, melhorou o abastecimento de água construindo açudes da estação e da bomba, este último dotado de uma bomba a vapor que puxava água pra abastecer as locomotivas e ainda gerava energia. (FRANCO, 1996.p.74) Em 1939, foi construída a garagem e oficina dos trens e em 1943, data do aniversario de Getulio Vargas, inaugurou-se a nova estação de passageiros10, onde consta uma placa comemorativa na estação que diz: A gratidão dos filhos de Serrinha aos grandes brasileiros Dr.Getulio Dórnelas Vargas, Presidente da República, General João de Mendonça Lima, Ministro da 10 Atualmente funciona uma pequena administração da ferrovia.
  • 24. 24 Viação, engenheiro Lauro Farine Pedreira de Freitas pelos mais assinalados e valiosos serviços prestados a cidade entre os quais, esta magnífica estação.(FRANCO,1996,p.74) Uma nova cultura surgiu na medida em que muitas famílias de outras regiões chegavam para morar na cidade. O centro urbano girava em torno das localidades próximas a ferrovia, foram construídas escolas como a Graciliano Ramos que funciona até hoje, a instalação de hotéis de pequeno porte para atender a demanda dos viajantes além de várias casas construídas para os trabalhadores da ferrovia. Os movimentos culturais ganharam maior dimensão com a primeira Filarmônica e o Centro de Cultura em 1896. A partir de então o município entrou numa nova fase do processo de urbanização, as primeiras tentativas de remodelar a cidade tem inicio em 1917. O tenente- coronel Luiz Osório Rodrigues Nogueira foi nomeado 8º intendente de Serrinha pelo governador J.J. Seabra no ano de 1916. Sua administração durou quatro anos sendo indicado por duas vezes para o mesmo cargo. O intendente era filho de Michelina Carneiro Ribeiro Nogueira e Antônio Rodrigues Nogueira, foi casado com Áurea Ribeiro Nogueira e ―chegou no município para trabalhar na construção da estrada de ferro Água Fria-Serrinha no ano de 1878‖ (FRANCO, 1996,p.55). Decorrente de sua amizade com o presidente Epitácio Pessoa e com o governador Seabra, Luiz Nogueira tornou-se forte líder político e nomeou parentes para encargos públicos. Em 1918 foi novamente nomeado pelo governador Antonio Ferrão Moniz de Aragão que pertenceu ao Partido Republicano Democrático. De acordo com Franco o tente-coronel enfrentou resistência por parte das oligarquias locais, segundo o autor sua nomeação representou a quebra do domínio dessas oligarquias e enfrentou muitas dificuldades. Mesmo assim, Luiz Nogueira que era ligado ao partido do governador, foi responsável pelo primeiro plano urbanístico da cidade. Em sua maioria as reformas realizadas durante sua administração são de ordem estética, ou seja, o principal objetivo do plano foi embelezar a cidade dando ao município uma nova fisionomia através da construção de praças calçamento de ruas mais largas e arborizadas. Também foram tomadas atitudes para o melhoramento do saneamento a fim de evitar a propagação de doenças por falta de higiene. Foi construído um jardim decorado com palmeiras e outras espécies de arvores,
  • 25. 25 chafarizes e portões de entrada e saída, bem como foram colocados postes com globos e luz a aceitilene, uma grande novidade da época. A praça recebeu calçamento de pedras cabeça-de-negro e esgotamento sanitário, e plantão de oitis em todo seu redor. O paço municipal recebeu melhoramentos e foi colocado no topo do prédio uma águia. (FRANCO,1996,p.93) As Principais obras promovidas pelo Intendente correspondem à remodelação das principias praças do município: Manoel Vitorino e Praça do Amparo. Em 1918 por ordem do conselho a Praça Manoel Vitorino passou a se chamar Luiz Nogueira e Praça do Amparo recebeu o nome de Miguel Carneiro nessa mesma ocasião também foi construída uma estrada para ligar as duas localidades. Nas últimas três décadas do século XX, o processo de formação e consolidação do espaço esteve ligado às proximidades das praças Luiz Nogueira e Miguel Carneiro. É a partir do centro econômico localizado nestas duas praças que a cidade cresceu e constituiu novos bairros. Entendemos que a reforma urbana no município sofreu influência das transformações ocorridas na capital, logo que nesse período o governador J. J. Seabra também aplicava suas obras e manteve forte ligação política com Luiz Nogueira que tinha como objetivo apresentar Serrinha ao mundo mais moderno e civilizado idéia matriz das reformas em Salvador. A partir dos melhoramentos a população vivenciou um processo de alteração de valores sociais e políticos. As ações e reações a esses novos costumes foram expressos principalmente por meio da narrativa do jornal local, período em que a imprensa teve papel importante para a memória desse novo cotidiano. A imprensa brasileira teve nascimento tardio em comparação com seus países vizinhos. Segundo Sodré (1999) a ausência do capitalismo e da burguesia foram fatores condicionantes para o seu desenvolvimento.Dois momentos são considerados importantes para o nascimento da imprensa: a circulação do Correio Braziliense, em Londres e a criação do primeiro jornal brasileiro a Gazeta do Rio de Janeiro, em 10 de setembro, ambos de 1808. Entretanto os historiadores têm contestado a importância dos dois jornais em função das datas e locais que circulavam. A influência do Correio Braziliense, pois, foi muito relativa. Nada teve de extraordinário. Quando as circunstâncias exigiram, apareceu aqui a imprensa adequada. E por isso é que só por exageros se pode enquadrar o Correio Braziliense no conjunto da imprensa brasileira. (SODRÉ,1999,p.28)
  • 26. 26 Após a independência a imprensa passou por momentos de efervescência devido ao contexto político e a inserção da idéias liberais que já faziam parte do imaginário brasileiro. No período da República Velha (1889-1930) além da repressão muitos jornalistas foram corrompidos e viviam a serviço de políticos que geralmente utilizava-se dos recursos públicos para patrocinar o noticiário. Através da utilização de novas máquinas incluída a de escrever houve o aumento do número de tiragens e da qualidade. A partir do século XIX o jornalismo brasileiro adquiriu características no ramo cultural ligada a literatura, onde grandes escritores utilizavam o periódico como meio de divulgação de suas obras em forma de novelas ou folhetins. A imprensa em Serrinha tem inicio no ano de 1907 com edição de seu primeiro jornal local: O Clarim, escrito a mão e distribuído por Reginaldo Cardoso o folhetim tinha o humor como principal característica. Ainda em 1915 é lançando A Tribuna e após dois anos nasce o Jornal de Serrinha: seminário imparcial, noticioso, literário, comercial e agrícola. Editado entre os anos de 1917 -19 o periódico foi publicado semanalmente, possuía entre 8 a 12 laudas e figuras com anúncios em sua maioria de medicamentos. As crônicas, publicadas no texto de abertura tinham como tema principal o cotidiano do município. Durante três anos de circulação Reginaldo Cardoso que era cego ocupou o cargo de roteirista, diretor e proprietário. Foi durante o governo de Luiz Nogueira casado com sua irmã Áurea Nogueira que Reginaldo recebeu ajuda e fundou a Typografia de Serrinha. O periódico surge como algo inovador e de destaque na região. O noticiário foi à principal fonte de informação para a população, logo que os carros auto-falantes e as emissoras de rádio só chegaram respectivamente em 1952 e 1969. Escrito pelo professor Ferreira da Cunha este discurso sinaliza uma Serrinha que tinha pretensão de se inserir entre as cidades modernas e desenvolvidas da Bahia Passei por Serrinha a primeira vez em 1909, e si não tivesse acompanhado a remodelação daquela cidade verdadeiramente encantadora, talvez não a conhecesse hoje, depois principalmente dos dois últimos quatriennios administrativas idéias em operosidade incansável. Terra feliz a Serrinha, por que os seus filhos a adora-a de verdade, e procura cada dia apresentá-la ao mundo mais modernista e merecendo as maiores provas de respeito e admiração.(Edição,21 de Outubro de 1917)
  • 27. 27 O desejo jornalístico de fazer parte da nova fase em que o município estava vivenciando foi expresso em sua primeira edição do dia 12 de outubro de 1917 que tinha como título ―O nosso lemma‖ onde o autor chama de verdadeiro espírito o desejo jornalístico de contribuir para a modernização. Tem a honra de apparecer n´esta‖ bella cidade sertaneja‖, como serrinhense, cheio de vida e coragem para o trabalho do bem e da verdade, concorrendo para seu engrandecimento. Sobra aos trilhos de serrinha o amor ao trabalho, o devotamento á honra, o estremecimento pelo torrão natal, o respeito á lei, ás suas autoridades o empenho ao file cumprimento dos deveres:_ e assim tudo marcha para o fim desejado. E virá em que Ella adornada com beleza de suas construções, balouçada pela briza suave que acaricia seu ambiente, perfumada pelo aroma subtil de seus campos, será a mais attrante das bellas cidades da Bahia.( Edição,12 de Outubro de 1917) De acordo com Traquina (2005), o desenvolvimento da imprensa no século XIX foi marcado pelo surgimento do jornalismo informativo. Este modelo agregou novos valores as suas reportagens que abandonavam cada vez mais o caráter das produções ficcionais. A partir de então os jornalistas adotaram em suas reportagens características como a autonomia e imparcialidade o que fez muitos jornais da época se apresentar como defensores do povo e da vida pública da cidade. Portanto, com a ascensão de governos democráticos o ideal de liberdade que fazia parte da nova república foi incorporado pela imprensa como importante fator para a definição do papel do jornalista na sociedade. O esquema tradicional de vinculação política que foi marcante na formação de muitos noticiários no Brasil também pode ser percebido no jornal de Reginaldo Cardoso, essa afirmativa tem como base o seu próprio processo de fundação. O mesmo foi acusado por várias vezes pela oposição de favorecer a gestão de Luiz Nogueira, apesar das críticas o noticiário ressaltava sempre seu papel íntegro e indiferente comprometido com vida do povo. A política partidária não tem posto no nosso programa. Não nos preocupemos com esse choque de interesses que trás os partidos militantes em e terna dobradoira, que p!anta a sizania entre os homens , que semeia o pomo da discórdia, dissolve das ôas normas e relações sociaes, que rompe com as tradições amistosas, que aggride e asphixa a verdade quando contrataria aos seus interesses, que nega justiça a seos adversários, com a politicagem ou ―politicalha‖. Escarpallaremos os factos com independência sem partididarismo. (Edição,20 de setembro de 1918) Além da tendência política, o jornal que se auto- intitulava ―porta-voz do interesse da coletividade‖ produziu freqüentemente reportagens que tinham como tema acontecimentos
  • 28. 28 jurídicos e sociais. Em algumas edições podemos observar algumas críticas aos serviços públicos, porém sem culpar ou ofender a figura do intendente. De acordo com seu lema o noticiário estava a serviço do progresso, o que significava para seus idealizadores reclamar por melhoramentos materiais, reformas e denunciar tudo que representa um entrave para a cidade como na edição de 20 de Setembro de 1918 quando a Chemin de Fer alterou o horário e aumentou em vinte por cento o preço das viagens. Ao expormos a nossa opinião com a do povo o fazemos na convicção de cumprir o nosso dever, do contrario renunciaria. Nos de logo o logar. modestíssimo que nos cabe no seio do jornalismo; em contrario, veríamos por terra a prerrogativa de porta voz dos interesses da coletividade. A reforma de horário é mais um aborto da Chemis e a elevação de tarifas um entrave, um peia á lavoura, a insdutria e ao comércio da zona e alem de tudo iníqua, depostica! Pobre Bahia!(Edição, de 20 de Setembro de 1918) O município estava passando por mudanças e sensível a estas modificações o noticiário se sente no dever de publicar e manter o leitor sempre bem informado. Surgiram seções especializadas, dedicadas às mulheres, esportes, lazer, vida social e cultural. Assim como o crescimento econômico era sinônimo de desenvolvimento, as noticias do setor cultural também faziam parte do caminho para a modernidade (Sevcenko,1998)· Os passeios, os eventos, as festas de aniversários eram divulgados semanalmente como forma de entretimento com o público exemplo disto foi o concurso lançado pelo noticiário no ano de 1918 quando houve a eleição da mocinha mais simpática de Serrinha. Salientamos que no mesmo ano através do jornal na edição de 30 de Novembro de 1917 o Intendente convidou a população para festa de inauguração dos melhoramentos da cidade. Em 27 de Janeiro de 1918, realizou-se a festa de inauguração das três novas praças (Praça Matriz, Praça Manoel Vitorino, Praça do Amparo) onde estiveram para representar o governador Edgar Sanches ,o senador J.J. Seabra e sua comitiva. Como foi visto no capitulo I, umas das características marcantes do projeto modernizador esteve relacionado à higiene das cidades. É válido ratificar que as ações da ideologia moderna e seu processo remodelador agiram diretamente sobre os espaços públicos com intuito de afastar a feição de cidade antiga. Em Serrinha também percebemos esse combate aos aspectos ditos não-civilizados, em algumas edições que contestam a conduta de desleixo dos fiscais da intendência e abandono de alguns espaços da cidade:
  • 29. 29 Passou, a 2 do corrente, o dia de finados; o cemitério desta cidade, o único que Ella possúe, contunúa ainda no mesmo estado anti-hygienico, inesthtico, horrorosamente feio. Como era natural, um dos nossos representantes foi ate lá no dia consagrado aos mortos: e a sua impressão foi tal maneira que nestas linhas elle deixa registrado o desasseio e o descuido da administração, que é a ecclesiastica, como si o local em questão, e ainda mais quase no coração da cidade, não fosse um dos que a hygiene se tornar mister!( Edição, 8 de novembro de 1918) Os jornalistas consideravam que diante do progresso alcançado não seria plausível a permanência de alguns hábitos da população. Sendo assim, o plano higienizador no município de Serrinha também tinha como objetivo, não só resolver os entraves relacionados aos ambientes públicos, mas também estabelecer novos costumes. A edição de 1º de novembro de 1918 trouxe uma nota alertando as pessoas de uma medida coercitiva que seria aplicada a aqueles que despejassem lixo e dejetos nas ruas da cidade. Justo era, portanto que á fiscalização municipal fosse dado o direito de agir, o que vem fazendo de agora por diante, cm a applicação de multas áquelles que demonstrarem essa negação completa a uma causa tão útil quanto proveitosa- a hygiene-. Ficarão, pois d´ora avante todos scientes da resolução tomada pelo município que leva nisso o interesse único de zelar pela saúde nossa e conseqüentemente de uma cidade bella e remodelada. Serão multados todos aqueles que se conduzirem de modo contrario as regras estabelecidas pela hygiene, sendo muito luvavel o procedimento do chefeado executivo aqui. (Edição, 1 de novembro de 1918) Entre os problemas relatos nos jornais também estavam os animais soltos nas principias avenidas como cães e galinhas que prejudicavam o embelezamento e ordem pública do município. Não sabemos por que, ainda a vice- jam as flores dos jardins públicos desta cidade, uma vez que a fiscalisação municipal vai a descaso tremendo ás posturas municipaes em vigor. Certo é que nas ruas principais desta cidade que têm todas as suas casas com quintais cercados, não é licito que o município consinta á solta a criação de galinhas, gansos e animais outros pastam desabrigados, desfazendo assim Serrinha dos foros de cidade civilizada. (Edição, 1 de novembro de 1918) As análises dos jornais compravam que as transformações implantadas pelo intendente Luiz Nogueira procuraram inserir a cidade num mundo moderno e civilizado. As reformas
  • 30. 30 urbanas contribuíram em grande parte para o crescimento do município e a reorganização do espaço, implicando na totalidade de relações sociais, políticas e econômica.
  • 31. 31 CAPÍTULO III IMAGENS DA URBANIZAÇÃO.
  • 32. 32 Os documentos, de modo geral, apontavam somente o pensamento oficial dos grupos dominantes. Os historiadores apenas utilizavam os textos oficias como fonte de pesquisa e em sua grande maioria os trabalhos concentravam-se em relatar os acontecimentos políticos, militares, diplomáticos, entre outros. No entanto, com o surgimento da Revista dos Annales em 1929, seus principias autores, Lucien Febvre e March Bloch, trouxeram uma nova perspectiva documental que ressaltavam a importância e a necessidade da utilização de outras fontes, foi nesse período de quebra de paradigmas que a fotografia, lentamente, começava a ganhar espaço nesse campo de atuação. Durante sua história a iconografia tem se destacado num espaço predominante ocupado por textos adquirindo diversos formatos e funções. As várias questões que envolvem o estudo das imagens tem sido objeto de um crescente conjunto de investigações no campo o que tem contribuído para o desenvolvimento de pesquisa entre a fotografia e o conhecimento científico, mesmo assim ainda é pouco utilizada pelos historiadores. As imagens revelam seu significado quando ultrapassamos sua barreira iconográfica; quando recuperamos as histórias que trazem implícitas em sua forma fragmentária. Através da fotografia aprendemos, recordamos, e sempre criamos novas realidades. Imagens técnicas e imagens mentais interagem entre si e fluem ininterruptamente num fascinante processo de criação/construção de realidades - e de ficções. São essas as viagens da mente: nossos "filmes" individuais, nossos sonhos, nossos segredos. Tal é a dinâmica fascinante da fotografia, que as pessoas, em geral, julgam estáticas. Através da fotografia dialogamos com o passado, somos os interlocutores das memórias silenciosas que elas mantêm em suspensão. (KOSSOY, 2005, p.36) Todo pesquisador que utiliza a fotografia como fonte deve saber que além de ser um documento a foto é um instrumento da memória e ideologia. As imagens estão diretamente relacionadas ao seu contexto cultural e isto implica em observar as intenções, usos e finalidades que nortearam sua produção. Muito se debateu sobre sua veracidade e subjetividade, entretanto os questionamentos não colocam em xeque a idéia de imagem como documento. Segundo Susan Sontag (2004) ―o inventario teve início em 1839, e desde então, praticamente tudo foi fotografado‖ (p.51). Quando se transforma em documento histórico a foto passa a adquirir características que vai além de sua função primária fornecendo indícios das relações sociais, modo de vida, etc. O retrato de uma família não se limita a sua função original de registrar seus membros, por meio dela o pesquisador pode obter informações como
  • 33. 33 identificar o grau de parentesco de cada pessoa e relações, que podem ser confrontados por outros documentos. Assim, ―as fotos não podem criar uma posição moral, mas podem reforçá- la e podem ajudar a desenvolver essa posição moral (SONTAG, 2004, p.56)‖. Nesse sentido, fazer a história sem algum tipo de tendência viciosa não se adéqua as imagens sendo assim é preciso desestruturar o documento para descobrir suas condições de produção e é necessário que o pesquisador fique atento a estas questões, logo que interpretar as imagens como única verdade seria cometer um grande equívoco. Partindo do pressuposto que a fotografia histórica é importante objeto a ser analisado na construção de uma narrativa de uma sociedade, propomos aqui uma amostra de algumas fotos da Praça Luiz Nogueira que auxiliaram na compreensão do processo de urbanização nas primeiras décadas do século XX no município de Serrinha. Fotos 1 e 2 - Praça Manuel Vitorino atual Praça Luiz Nogueira Fonte: Museu Pró-memória de Serrinha. A foto do início do século XX passa mensagem de uma cidade bastante organizada ruas limpas e ordenadas. Entendemos que a foto foi feita com o intuito de mostrar a beleza do município seu progresso e ordenamento, podem ser observadas elementos ditos pelos jornais como os melhoramentos realizados na avenida principal que foi calçada com pedras. Vale ressaltar que a aparência das pessoas trajada em roupa elegante e clara também é um aspeto da modernidade. Porém, sabe que a maioria da população desta época não se vestia sempre assim. Uma das principais características da fotografia é registrar o aparente, construindo assim realidades a partir dessa aparência. A imagem tem o privilegio de selecionar, à
  • 34. 34 realidade dos fatos, das emoções e das coisas do mundo e nos mostra uma determinada versão iconográfica do objeto representado. Quando este é relacionado ao comportamento, percebe- se que a uma grande diferença entre ambos, logo que a substancia não pode ser captada pela subjetividade das imagens. Assim, As imagens revelam seu significado quando ultrapassamos sua barreira iconográfica; quando recuperamos as histórias que trazem implícitas em sua forma fragmentária. Através da fotografia aprendemos, recordamos, e sempre criamos novas realidades. Imagens técnicas e imagens mentais interagem entre si e fluem ininterruptamente num fascinante processo de criação/construção de realidades — e de ficções. São essas as viagens da mente: nossos ―filmes‖ individuais, nossos sonhos, nossos segredos. Tal é a dinâmica fascinante da fotografia, que as pessoas, em geral, julgam estáticas. Através da fotografia dialogamos com o passado, somos os interlocutores das memórias silenciosas que elas mantêm em suspensão (KOSSOY, 2005,p.49). Em Serrinha a Praça Luiz Nogueira (Foto 1 e 2) foi um dos espaços urbanos de grande destaque em sua história, no período colonial seu papel foi fundamental nas relações políticas e sociais. Juntamente com as ruas, as mesmas serviram de inspiração para escritores e pintores do século XX que vivam nesses espaços de transformação. Assim, a praça foi o centro das reformas urbanas na cidade supracitada. Esse ambiente foi essencial para o desenvolvimento da vida urbana tornando-se um ícone social onde podem ser encontrados vários elementos da ideologia modernizadora conforme descrito na edição de 27 de janeiro de 1918. Por ser um local pequeno, a praça é o núcleo do município, o ponto de encontro de diversos segmentos sociais, nela aconteciam constantemente às festas, os encontros políticos citados no jornal. Inicialmente a praça Manoel Vitorino era murada e as pessoas entravam por um pequeno portão, mas em 1918 em homenagem ao seu intendente recebeu o nome de Luiz Nogueira. Assim, as reformas no espaço público tinham como principal objetivo embelezar a cidade fazendo com que a mesma alcançasse a estética de grandes urbanos do interior baiano. Podemos perceber nas fotos (3,4 e 5) que as praças são bastantes aborrizadas e limpas de acordo com Leite (1996) estes elementos podem ser apontados como componetes da ideoliga modernizadora. Foto 3- Jardim da Praça Manoel Vitorino quando era murada.
  • 35. 35 Fonte: Museu Pró-memória de Serrinha. Foto 4- Igreja Matriz Velha Fonte: Museu Pró-memória de Serrinha. Segundo Viotti a igreja foi umas das entidades mais importantes no período colonial, além de sua influencia e das práticas religiosas a igreja fez parte da vida cultural e social do país. Assim também aconteceu no município que cresceu em volta da antiga matriz hoje chama de igreja velha. Na igreja devota a Nossa Senhora Santana aconteceram várias celebrações importantes, a mesma fica em frente ao correto, que foi muito utilizado para a realização de festas na cidade e discurso dos políticos.
  • 36. 36 Foto 5 e 6- Coreto de Serrinha Fonte: Museu Pró-memória de Serrinha. A estrada de ferro é o primeiro sinal da inserção da modernização no Brasil. A chegada do trem na cidade como foi relatado no segundo capítulo II vai modificar seu cenário. Nesse momento apresentavam-se profundas alterações na sociedade, a população crescia e o espaço urbano transformava-se. Em volta dos trilhos criou-se um bairro chamado Estação. No local foi construído um hotel para receber os viajantes que chegavam à estação e hoje abriga um hospital estadual. Foto 7- Inicio do seculo XX do antigo hotel que hoje situa-se o hopistal estadual
  • 37. 37 Fonte: Museu Pró-memória de Serrinha. Foto 8 - Inicio do seculo XX da Antiga Estação Fonte: Museu Pró-memória de Serrinha. Portanto, as imagens do inicio do século XX mostram um município, sempre bem cuidado e limpo. A Praça Luiz Nogueira e a Estação de Trem principais locais da época desejam transmitir a mensagem de uma cidade civilizada e inserida no mundo moderno. O papel da fotografia tem sido imprescindível para a reconstrução da história de muitas cidades. Para elucidar algumas questões e discussões as imagens se tornam indispensáveis, pois muitas vezes só elas possuem informações que permitem um maior entendimento sobre seu objeto de estudo.
  • 38. 38 CONSIDERAÇÕES FINAIS Como vimos às primeiras tentativas para remodelar a cidade teve inicio em 1917 com a administração de Luiz Nogueira. Nomeado intendente de Serrinha pelo governador J. J. Seabra, o Tenente- coronel foi responsável pela implantação do primeiro plano urbanístico da cidade e o segundo no interior da Bahia. Nesse mesmo período, promovido pelo então governador, a capital baiana passou por reformas em sua estrutura. Sendo assim, podemos afirmar que as modificações urbanas no município sofreram influência direta das transformações na capital. No referido estudo, foram identificadas algumas práticas modernas que estiveram presentes durante o processo de reforma urbana. Além de ser visto como algo inovador que iria elevá-la ao patamar de moderna e civilizada os melhoramentos foram responsáveis por alterar a dinâmica do município. As atividades no campo cultural que também foram consideradas elementos importantes para a inserção na modernidade se intensificaram cada vez mais. A partir de então a imprensa será criada, os encontro políticos serão freqüentes, as festas e os eventos cresciam em grande número sendo que uma das grandes atrações foi à fanfarra da Filarmônica 30 de Junho que sempre esteve presente nos dias de festas. As principais reformas da cidade estavam nos espaços públicos como ruas, praças, calçadas o que demonstra uma preocupação por parte da intendência pelo embelezamento do ambiente. As mudanças de feição dos espaços mais arborizado, com jardins e flores deixava a cidade cada vez mais bonita o que fazia com que os políticos e principalmente a imprensa representada pelo jornal, acreditassem que a partir destas mudanças; Serrinha estava no caminho do progresso, do crescimento material e o mais importante da modernização. Entretanto, não foram apenas os espaços públicos que sofreram alteração, muito comum no projeto modernizador de varias regiões as medidas coercivas foram utilizadas para a mudança de hábitos e costumes o que também se fez presente no município. A população serrinhense teve que se adequar às transformações sociais e para garantir que as normas fossem cumpridas os fiscais do município tinham como função vigiar e controlar a cidade,
  • 39. 39 pois só através deste e das multas a intendência acreditava que as pessoas cumpririam com os novos hábitos e assim protegeria o ambiente e proporcionaria uma cidade mais higiênica. Símbolo de progresso e crescimento intelectual, o Jornal de Serrinha é um dos poucos documentos sobre a memória local nesse período, durante três anos de edição o tablóide foi responsável por divulgar, criticar e defender a vida pública, além de registrar informações sobre os eventos culturais e políticos. Foram observados neste documento elementos citados por Nelson Traquina(2005) como características do jornalismo moderno podem perceber a inserção de caricatura e figuras, o discurso que tinha como propósito se distanciar da ―politicagem‖ e o gênero informativo que foi identificado através das reportagens com cunho social em defesa do povo. Sendo assim, a circulação do Jornal de Serrinha exerceu papel importante para entendermos da narrativa desta sociedade e como os cronistas da época refletiam sobre as mudanças urbanas ocorridas no município e percebiam a dinâmica de uma nova sociedade com valores que sinalizaram a modernidade no século. Portanto, ficou explicito que as instituições públicas e suas repartições assim como os intelectuais e principalmente a imprensa foram responsáveis pelo projeto modernizador no município. Desta forma, características como: as idéias de modernização, embelezamento, higienismo, normatização e moralização de costumes presente no discurso civilizatório da modernidade do Brasil no século XX também estiveram presentes durante os processos de reformas urbanas no município de Serrinha.
  • 40. 40 REFERÊNCIAS BENJAMIN, Walter. A modernidade e os modernos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975. BERMAN, Marshall. Tudo Que é Sólido Desmancha No Ar: A Aventura da Modernidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1986. BETHELL, Leslie. História da América Latina, volume VI : a América Latina após 1930 : economia e sociedade. São Paulo: EDUSP; Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2005. COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia À República: Momentos Decisivos. 8. ed São Paulo: Editora UNESP, 2007. CHALHOUB, Sidney. Cidade Febril: cortiços e epidemias na Corte Imperial. SãoPaulo: Companhia das Letras, 1996. FERNANDES, Etelvina Rebouças. Do Mar da Bahia ao Rio do Sertão: Bahia and San Francisco Railway. Salvador: Secretária da Cultura e turismo, 2006. FRANCO, Tasso. Serrinha – A colonização portuguesa numa cidade do interior da Bahia. Salvador: EGBA, 1996. FREITAG, Barbara. Projeto Itinerâncias Urbanas ,Rio de Janeiro , Set. 2002. Disponívelhttp://vsites.unb.br/ics/sol/itinerancias/resenhas/freitag_barbara.html>.Acessado em: 13 Set.2009. Kossoy, Boris. Relógio de Hiroshima: reflexões sobre os diálogos e silêncios das imagens.Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 25, nº 49, p. 35-42 – 2005. MUNFORD, Lewis. A Cidade na história. São Paulo: Martins Fontes, 1991. PESAVENTO, Sandra Jatahy. O Imaginário da cidade: visões literárias do urbano. 2. ed Porto Alegre: UFRGS, 1999. PINHEIRO, Eloísa Petti. Europa, França e Bahia: difusão e adaptação de modelos urbanos. Salvador: EDUFBA, 2002.
  • 41. 41 PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. 23.ed. São Paulo: Brasiliense, 1996. SEVCENKO, Nicolau. História da vida privada no Brasil: república: da Belle époque á era do rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. SHORSKE, Carl E. Viena Fin-De-Siècle: Política E Cultura. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. SODRÉ, Nélson Werneck. História da imprensa no Brasil. 4.ed. Rio de Janeiro : Mauad, 1999. SONTAG,Susan.Sobre Fotografia. São Paulo: Companhia das Letras,2004. TAVARES, Luís Henrique Dias. 1926 – História da Bahia. São Paulo: Unesp: Salvador, BA: Edufba, 2001. TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo – Porque as notícias são como são. 2.ed. Florianópolis : Insular,2005. Vol.I VAINFAS, Ronaldo (ogr.) Domínios Da História: Ensaios De Teoria E Metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997. WILHELM, Friedrich Nietzsche.Além do Bem e do Mal. São Paulo:Hemus,2004.
  • 42. 42 FONTES JORNAL: Jornal de Serrinha: -Edição, de 12 de Outubro de 1917. -Edição, de 21 de Outubro de 1917. -Edição, de 28 de Outubro de 1917. -Edição, de 16 de Novembro de 1917. -Edição, de 23 de Novembro de 1917. -Edição, de 30 de Novembro de 1917. -Edição, de 07 de Dezembro de 1917. -Edição, de 14 de Dezembro de 1917. -Edição, de 21 de Dezembro de 1917. -Edição, de 28 de Dezembro de 1917. -Edição, de 04 de Janeiro de 1918. -Edição, de 11 de Janeiro de 1918. -Edição, de 18 de Janeiro de 1918. -Edição, de 25 de Janeiro de 1918. -Edição, de 01 de Fevereiro de 1918. -Edição, de 15 de Fevereiro de 1918. -Edição, de 22 de fevereiro de 1918. -Edição, de 08 de Março de 1918. -Edição, de 29 de Março de 1918. -Edição, de 05 de Abril de 1918. -Edição, de 19 de Abril de 1918. -Edição, de 26 de Abril de 1918. -Edição, de 03 de Maio de 1918. -Edição, de 17 de Maio de 1918. -Edição, de 24 de Maio 1918. -Edição, de 14 de Junho de 1918. -Edição, de 21 de Junho de 1918. -Edição, de 28 de Junho de 1918.
  • 43. 43 -Edição, de 05 de Julho de 1918. -Edição, de 12 de Julho de 1918. -Edição, de 27 de Julho de 1918. -Edição, de 09 de Agosto de 1918. -Edição, de 17 de Agosto de 1918. -Edição, de 30 de Agosto de 1918. -Edição, de 13 de Setembro de 1918. -Edição, de 04 de Outubro de 1918. -Edição, de 12 de Outubro de 1918. -Edição, de 25 de Outubro de 1918. -Edição, de 01 de Novembro de 1918. -Edição, de 08 de Novembro de 1918. -Edição, de 15 de Novembro de 1918. -Edição, de 27 de Dezembro de 1918. -Edição, de 01 de Janeiro de 1919. -Edição, de 17 de Janeiro de 1919. -Edição, de 24 de Janeiro de 1919. -Edição, de 27 de Janeiro de 1919. -Edição, de 07 de Fevereiro de 1919. -Edição, de 21 de Fevereiro de1919. -Edição, de 24 de Março de 1919. -Edição, de 27 de Março de 1919. -Edição, de 04 de Abril de 1919. -Edição, de 18 de Abril de 1919. -Edição, de 09 de Maio de 1919. -Edição, de 30 de Maio de 1919. -Edição, de 13 de Junho de 1919. -Edição, de 20 de Junho de 1919. -Edição, de 29 de Junho de 1919. -Edição, de 10 de Agosto de 1919. -Edição, de 24 de Agosto de 1919. -Edição, de 31 de Agosto de 1919. -Edição, de 07 de Outubro de 1919.