SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  17
Agricultura no Brasil
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


                    Brasil: Agricultura

Área cultivada.                      65.338.804 ha[2]
Terra cultivável (% de área          31%
terrestre)                                                  A agricultura no Brasil
                                                            é, historicamente,
População rural                      5.965.000 famílias
                                                            umas das principais
Principais produtos                  cana-de-açúcar,        bases da economia do
                                     café, soja, milho.     país, desde os
Produção                                                    primórdios da
grãos (2008)                         145,4 milhões de       colonização até o
                                     toneladas[2]           século XXI, evoluindo
Principais itens                                            das extensas
Cana e derivados (2007/08)           493,4 milhões de       monoculturas para a
                                     toneladas              diversificação da
Soja (2008)                          59,2 milhões de        produção.
                                     toneladas[2]
Milho (2008)                         58,9 milhões de        Inicialmente produtora
                                     toneladas[2]           de cana-de-açúcar,
Participação na economia - 2008                             passando pelo café, a
Valor da safra                       R$ 148,4 bilhões[2]    agricultura brasileira
                                                            apresenta-se como uma
Participação no PIB                  4,53%[3]
                                                            das maiores
PIB Agronegócio (Indústria e         26,46%[3]              exportadoras do
comércio rurais, pecuária e                                 mundo em diversas
agricultura)                                                espécies de cereais,
frutas, grãos, entre outros.

Desde o Estado Novo, com Getúlio Vargas, cunhou-se a expressão que diz ser o
"Brasil, celeiro do mundo" - acentuando a vocação agrícola do país.[4]

Apesar disto, a agricultura brasileira apresenta problemas e desafios, que vão da
reforma agrária às queimadas; do êxodo rural ao financiamento da produção; da
rede escoadora à viabilização econômica da agricultura familiar: envolvendo
questões políticas, sociais, ambientais, tecnológicas e econômicas.

Para Norman Borlaug, Nobel da Paz de 1970, em visita ao Brasil em 2004, o país
deve se tornar o maior destaque na agricultura. Enquanto os Estados Unidos já
exploram toda a sua área agricultável, o Brasil ainda dispõe de cerca de cento e
seis milhões de hectares de área fértil a expandir - um território maior que a área
de França e Espanha, somados. [5]

Segundo resultados de pesquisa feita pelo IBGE, no ano de 2008, apesar da crise
financeira mundial, o Brasil teve uma produção agrícola recorde, com crescimento
na ordem de 9,1% em relação ao ano anterior, motivada principalmente pelas
condições climáticas favoráveis. A produção de grãos no ano atingiu a cifra inédita
de cento e quarenta e cinco milhões e quatrocentas mil toneladas.[2]

Essa produção foi a maior já registrada na história; houve aumento, em relação ao
ano anterior, de 4,8% da área plantada que totalizou sessenta e cinco milhões,
trezentos e trinta e oito mil hectares. A safra recorde rendeu cento e quarenta e
oito bilhões de Reais, tendo como principais produtos o milho (com crescimento de
13,1%), a soja (crescimento de 2,4%).

História

Mas, a terra em si, é de muito bons ares, frios e temperados como os de Entre-
Doiro e Minho, porque nesse tempo de agora, assim os achávamos, como os de lá.
Águas são muitas, infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a
aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem![6]

– Pero Vaz de Caminha, Carta a El Rei D. Manuel, Versão integral, no Wikisource

Dos indígenas com sua agricultura primordial ao mais incrementado processo do
agronegócio de exportação, o Brasil vem expandindo sua vocação agrícola, a ponto
de ter na agricultura um dos principais itens de sua economia, com possibilidade
de expansão sobretudo pela melhoria da qualidade produtiva.[7]

Primórdios

A agricultura era uma prática conhecida pelos nativos, que cultivavam a
mandioca, o amendoim, o tabaco, a batata-doce e o milho, além de realizarem o
extrativismo vegetal em diversos outros cultivares da flora local, como o babaçu ou
o pequi, quer para alimentação quer para subprodutos como a palha ou a madeira,
e ainda de frutas nativas como a jabuticaba, o caju, cajá, goiaba e muitas outras.

Com a chegada dos europeus, os indígenas não apenas receberam a cultura mais
forte e dominante, como influenciaram os que chegavam: O português passara "a
nutrir-se de farinha de pau, a abater, para o prato, a caça grossa, a embalar-se na
rede de fio, a imitar os selvagens na rude e livre vida", no dizer de Pedro Calmon[8]

Até a introdução do cultivo de exportação, o extrativismo do pau-brasil foi a
primeira razão econômica da posse das novas terras por Portugal.[9]

As queimadas

Uma das práticas usadas pelos indígenas, na abertura dos aceiros para o cultivo
era a da queimada. Isto possibilitava, além da rápida limpeza do terreno, o
aproveitamento das cinzas como adubo e cobertura.

Ao contrário do que preconizam os estudiosos e pessoas que, como Monteiro
Lobato, abordaram a prática como um legado nocivo dos índios, as queimadas que
estes realizaram ao longo de cerca de doze mil anos de sua presença nas atuais
terras do Brasil mantiveram a natureza em equilíbrio - o que deixou de ocorrer,
entretanto, com a incorporação da limpeza do terreno pelo fogo à cultura européia
introduzida a partir de 1500: a divisão da terra em propriedades, o cultivo
monocultor, etc., que dizimaram a flora nativa.[10]

O manejo dos índios não era baseado apenas no fogo: a formação das roças em
locais escolhidos permitia a interação com a natureza circundante, sua
preservação, obtendo em troca a caça e a proteção contra pragas. Algo que foi
perdido, como constatou Darcy Ribeiro, ao afirmar: "Assim passaram milênios até
que surgiram os agentes de nossa civilização munidos, também ali, da capacidade
de agredir e ferir mortalmente o equilíbrio milagrosamente logrado por aquelas
formas complexas de vida"[10]

Brasil Colônia: a monocultura da cana

Logo após o Descobrimento, as riquezas naturais da terra não se revelaram
promissoras, até a introdução da produção de cana-de-açúcar na região Nordeste.
Isto obrigou os portugueses a introduzirem a mão-de-obra escrava, capaz de
realizar as duras tarefas de cultivo da monocultura, sistema muitas vezes chamado
de plantation. Essa fonte de riqueza, entretanto, não serviu para a promoção do
desenvolvimento técnico ou social.[11]

A concentração da riqueza e a formação de latifúndios geraram um sistema social
quase feudal - diverso do que ocorreu, por exemplo, na América do Norte, onde a
terra foi dividida em pequenas propriedades. A economia brasileira era em sua
maior parte dependente da exportação do açúcar, que a despeito de ser trinta por
cento mais barato que o produzido noutras partes, não possuía acesso aos
mercados, vindo a declinar na segunda metade do século XVII. Muitas regiões
produtoras, então, passaram a diversificar a produção, passando ao plantio do
algodão ou, no Recôncavo Baiano, do tabaco ou do cacau - embora o legado
negativo desse período tenha permanecido: a estrutura social arcaica e a baixa
tecnologia agrícola.[11]

Mão-de-obra escrava

O trabalho do indígena, tentado inicialmente pelos colonos, não se revelou
producente. Leis proibiam sua escravização, embora nos rincões estas não fossem
respeitadas. Entretanto, mesmo estes trabalhadores forçados, se rebelavam,
fugiam ou simplesmente morriam. Os colonos passaram a exigir, então, a vinda
dos africanos.[12]

No primeiro século após o Descobrimento a população cativa já superava a de
homens livres. Tão necessária era sua força de trabalho na agricultura que Antonil
assim descreveu: "os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, porque
sem eles, no Brasil, não é possível fazer, conservar ou aumentar fazenda, nem ter
engenho corrente"[13]

Os escravos foram, ainda, os responsáveis pelo desbravamento das novas
fronteiras agrícolas, no oeste cafeeiro paulista. Ao final do II Reinado o Brasil já
respondia por mais da metade da produção mundial deste grão que, assim,
substituía na agricultura o papel anteriormente representado pela cana-de-açúcar.
[12]



A Lei Áurea, segundo João Ribeiro, "mais que todas humana e cristã, ameaçava o
trabalho e feria gravemente os interesses dos agricultores; ainda havia no Brasil
mais de setecentos mil escravos (…) Muitos dos agricultures passaram-se para o
partido republicano ou ficaram indiferentes ao ataque das instituições…"[14] Feita
sem seguir a uma distribuição de terras aos ex-cativos, a Abolição acabou
provocando o êxodo rural, tanto dos trabalhadores quanto de proprietários
arruinados, por um lado. Por outro, foi a raiz de problemas futuros, como a
favelização dos centros urbanos, da violência e pobreza.[15]

Brasil Império: domínio do café

Ainda no final do período colonial o café foi introduzido no país. Mas foi somente
após a independência que a produção se consolidou na região Sudeste, sobretudo
no estado de São Paulo. A exportação, que no começo do século XIX era de 3.178
mil sacas de 60 kg, passou a 51 milhões e 361 mil sacas, nas décadas de 1880 e 1890
- saltando de dezenove por cento para cerca de sessenta e três por cento do total da
exportação do país.[11]

Esse enorme peso econômico fez surgir uma nova oligarquia dominante no Brasil,
os chamados Barões do Café. Apressou, ainda, os movimentos de imigração, com o
fim da escravidão, atingindo seu ápice nas chamadas política do café-com-leite e
política dos governadores, esta última no governo Campos Sales, até a crise de
1929 encerrar este ciclo na década de 1930 e com a industrialização do país - com o
capital oriundo do excedente cafeeiro.[16]

A imigração européia se acentuou com a produção do café no oeste paulista, com a
chegada ao país sobretudo de italianos. A riqueza gerada pelo produto acentuou as
diferenças entre as regiões brasileiras, especialmente o Nordeste.[11]

Além do café outras culturas tiveram crescimento ainda no século XIX, como o
fumo e o cacau, na Bahia, e a borracha na Amazônia: em 1910 a borracha
representava em torno de quarenta por cento das exportações. O algodão assistiu
um crescimento temporário, durante a Guerra de Secessão, nos Estados Unidos da
América.[11]

Problemas internacionais

A produção brasileira de café, já no começo do século XX, excedia a demanda
mundial. Isto fez ocorrer o conhecido Convênio de Taubaté, onde o Estado passou
a adquirir a produção excedente, que era destruída; novas mudas foram proibidas
de serem plantadas - objetivando manter um preço mínimo rentável do produto.[11]

Também a borracha sofreu com a concorrência externas: a Inglaterra, em 1870,
contrabandeou mudas da seringueira e em 1895 tinha início a plantação de mudas
na Ásia. Nas décadas de 1910 e 1920 essa concorrência praticamente fez sucumbir
a produção brasileira.[11]
Surgimento das escolas de Agronomia

Ainda no Império teve lugar, na Bahia, ao surgimento da primeira escola
destinada à formação de profissionais agrônomos. No ano de 1875 foi fundado, no
povoado de São Bento das Lages, o primeiro curso, na cidade de Cruz das Almas.
[17]
     Em 1883, em Pelotas, no Rio Grande do Sul, o segundo curso foi criado.[18]

O reconhecimento do curso somente se deu trinta e cinco anos após a criação do
primeiro colégio, com o decreto 8.319/1910. A profissão de engenheiro agrônomo
só veio a ser reconhecida em 1933 e atualmente são cerca de setenta faculdades de
agronomia regulares no país. O dia 12 de outubro, quando foi promulgado o
decreto, passou a ser o "Dia do Engenheiro Agrônomo".[18]

O registro profissional é feito junto aos Conselhos Regionais de Engenharia e
Arquitetura, integrados nacionalmente pelo CONFEA;[19] os alunos dos cursos de
Agronomia, por sua vez, integram a Federação dos Estudantes de Agronomia do
Brasil.

Diversificação agrícola: anos 1960 a 1990

Durante o regime militar foi criada em 1973 a EMBRAPA (Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária), com o objetivo de diversificar a produção agrícola. O
órgão foi responsável pelo desenvolvimento de novos cultivares, adaptados às
condições peculiares das diversas regiões do país. Teve início a expansão das
fronteiras agrícolas para o cerrado, e latifúndios monocultores com a produção em
escala semi-industrial de soja, algodão e feijão.[11]

Dentre os pesquisadores da Embrapa que possibilitaram a incrementação da
revolução verde na agricultura brasileira, destaca-se a pesquisadora tcheca-
brasileira Johanna Döbereiner que, com suas pesquisas sobre os microrganismos
fixadores de nitrogênio, por sua amplitude mundial, rendeu-lhe, em 1997, a
indicação para receber o Prêmio Nobel de Química.[20]

Em 1960 eram quatro os principais produtos agrícolas exportados; no começo da
década de 1990 estes passaram a dezenove. O avanço nestes trinta anos incluiu o
beneficiamento: nos anos 60 os produtos não-beneficiados eram oitenta e quatro
por cento do total exportado, taxa que caiu a vinte por cento, no começo da década
de 90.[11]

As políticas de fomento agrícola incluíam créditos subsidiados, perdão de dívidas
bancárias, e subsídios à exportação (que, em alguns casos, chegou a cinquenta por
cento do valor do produto).[11]

Mecanização: os anos 90

A partir de 1994, com a estabilização monetária do Plano Real, o modelo agrícola
brasileiro passou por uma radical mudança: o Estado diminuiu sua participação e
o mercado passou a financiar a agricultura que, assim, viu fortalecida a cadeia do
agronegócio, desde a substituição da mão-de-obra por máquinas (houve uma
redução da população rural brasileira, que caiu de vinte e um milhões e setecentas
mil, em 1985, para dezessete milhões e novecentas mil pessoas em 1995), passando
pela liberação do comércio exterior (diminuição das taxas de importação dos
insumos), e outras medidas que forçaram os produtores brasileiros a se adaptarem
às práticas de mercado globalizado. O aumento da produtividade, a mecanização
(com redução dos custos) e profissionalização marcam esse período.[11]

Questões agrárias

Desde suas origens o Brasil possuiu uma grande concentração de terras, primeiro
no sistema conhecido por sesmarias, que vigeu até 1822, e que deu origem aos
atuais latifúndios.[21] Em 1850 (mesmo ano da lei que proibia o tráfico negreiro) foi
promulgada a Lei de Terras, que manteve o sistema de concentração da terra em
latifúndios e que permaneceu até 1964, quando a ditadura preparou o Estatuto da
Terra. O custo elevado da produção agrícola na Colônia e Império contribuiu para
a formação de latifúndios e no país nunca houve uma grande reforma agrária, que
somente passou a integrar a política oficial e legal do país após a Constituição de
1988.[22]

Dos cerca de trinta e um milhões de brasileiros que vivem na faixa de pobreza,
mais da metade está na zona rural. Nos últimos vinte e cinco anos do século XX
cerca de trinta milhões de moradores do campo abandonaram ou perderam suas
terras, criando um déficit de cerca de quatro milhões e oitocentas mil famílias sem
terra. Neste tempo, a grande maioria dos recursos de financiamento foi dirigido
para as oligarquias e grandes proprietários, atendendo ao modelo de exploração
intensiva das propriedades, formação de grandes monoculturas e áreas de
pastagens, que com o esgotamento da chamada revolução verde, acabou por
revelar uma série de problemas como o uso excessivo de agrotóxicos, irrigação e
desmatamento descontrolados, agressão à cultura nativa, dentre outros.[23]

Com a redemocratização o país teve, entre 1985 e 1988, quase nove mil conflitos
sociais no meio rural, com o assassinato de 1.167 pessoas por questões agrárias.[23]
Neste período teve início um confronto que gerou, de um lado, os sindicatos,
movimentos sociais e a Igreja Católica (então no país orientada pela chamada
"opção preferencial pelos pobres", com as comissões pastorais) e, do outro, os
grandes proprietários, reunidos na União Democrática Ruralista - a UDR - cujo
representante maior era Ronaldo Caiado.[24] A mais famosa vítima desses conflitos
foi o sindicalista Chico Mendes, no Acre, em 1988.

Segundo o pesquisador Bernardo Mançano, da UNESP, os censos rurais realizados
desde 1940 apontavam para a concentração da terra, somente possível de ser
revertida com o fim do êxodo rural e assentamento anual de cento e cinquenta mil
famílias. Durante o Governo Itamar Franco, o INCRA (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária) realizou cerca de cem mil assentamentos anuais;
nesta administração foi instituído o rito sumário de desapropriação, vencendo um
dos principais obstáculos para a medida, que era a sua demora.[25]

Os conflitos atingiram seu ápice em 1996 com o chamado Massacre de Eldorado
dos Carajás, no Pará, quando o então governador Almir Gabriel ordenou a
desocupação de uma estrada ocupado por sem-terras. A chacina daí decorrente -
dezenove mortos e cinquenta e um feridos - expôs ainda mais o problema agrário
no país, e o desrespeito aos direitos humanos vivido.[26]

Em artigo de 1996, a economista Maria da Conceição Tavares, uma das maiores
críticas do Governo Fernando Henrique Cardoso, alertava que "a importância de
uma reforma agrária aumentou muito e a disputa pela terra, se não forem
regulados rapidamente as relações de "domínio" da propriedade rural, levará a
enfrentamentos crescentes".[27]

Em 1998 os movimentos sociais na luta pela terra provocaram cerca de quinhentas
ocupações de fazendas que consideravam improdutivas. Como reação às invasões,
o Presidente FHC editou a Medida Provisória 2.027-38, que continha a proibição
de destinar para a reforma agrária toda terra que fosse ocupada.[25]

Irrigação

As primeiras experiências de irrigação no Brasil ocorreram no Rio Grande do Sul,
para o cultivo do arroz; o primeiro registro data de 1881, com a construção da
barragem de Cadro, teve seu início em 1903. Entretanto, a prática só veio a se
ampliar nos últimos trinta anos do século XX.[28]

Enquanto nas regiões Sul e Sudeste a irrigação desenvolvia-se paulatinamente pela
iniciativa privada, na região Nordeste era incentivada por órgãos oficiais, como o
DNOCS e a CODEVASF, a partir da década de 1950. Em 1968 foi instituído o
Grupo Executivo de Irrigação e Desenvolvimento Agrário (GEIDA), que dois anos
depois veio a instituir o Programa Plurianual de Irrigação (PPI). A maioria dos
recursos foram destinados ao Nordeste.[28]

Essas iniciativas burocráticas federais, entretanto, não obtiveram o sucesso
esperado. A partir de 1985 foi dada nova orientação e, em 1996, um novo
direcionamento foi buscado, a fim de ampliar o uso da irrigação na agricultura,
com o Projeto Novo Modelo da Irrigação, que contou com a participação de mais
de mil e quinhentos especialistas do país e do estrangeiro.[28]

O potencial de irrigação no Brasil, segundo o Banco Mundial é de cerca de vinte e
nove milhões de hectares. No ano de 1998 havia, entretanto, somente 2,98 milhões.
[29]



No final da última década do século XX o país tinha a irrigação de superfície como
a principal forma (59%), seguida pela aspersão (35%) e, por último, a irrigação
localizada. A Região Sul apresentava a maior área irrigada (mais de um milhão e
cem mil ha), depois o Sudeste (oitocentos e noventa mil ha) e Nordeste
(quatrocentos e noventa mil ha).[29]

Presentemente, o marco regulatório da atividade encontra-se em tramitação no
Congresso Nacional, através do Projeto de Lei 6.381/2005[28] , que visa substituir a
Lei 6.662/1979, que disciplina a Política Nacional de Irrigação.[30] A Política
Nacional de Recursos Hídricos é disciplinada pela Lei 9.433/1997, e gerenciada
pelo Conselho Nacional.[28]
Dentre os principais itens infraestruturais que demandam atenção pela atividade
agrícola estão o transporte, os estoques reguladores, armazenagem, política de
preço mínimo, defesa fitossanitária, entre outros.

Escoamento da produção

O transporte das safras é um dos problemas estruturais enfrentados pela
agricultura, no Brasil.

No Brasil não existe uma política de armazenamento da safra nas propriedades. A
maioria do transporte é feito em rodovias, a grande parte em más condições de
tráfego, através de caminhões. O custo do transporte, em geral recaindo sobre o
produtor, é elevado e não obedece aos princípios de logística.[32]

Na safra 2008/2009, por exemplo, a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás
(FAEG) denunciava o estado precário das estradas da região Centro-Oeste,
algumas com problemas desde 2005 e, a despeito de solicitações às entidades
governamentais, nada havia sido feito.[33]

A despeito disto, o governo federal elaborou, em 2006, um Plano Nacional de
Logística e Transportes, destinado a proporcionar um melhor escoamento da
produção.[34] A falta de investimentos no setor, entretanto, continua a ser o
principal problema na logística de escoamento.

Estoques reguladores e preço mínimo

Um bom exemplo da necessidade da formação de estoques reguladores está na
produção de álcool combustível a partir da cana-de-açúcar. A grande variação de
preços ao longo do ano-safra, que variam por razões climáticas e fitossanitárias,
justificam a formação de estoques.[35]

Os estoques também visam assegurar estabilidade aos rendimentos dos
agricultores, além de impedir a flutuação de preços entre-safras. Até a década de
1980 havia no país a implantação da chamada Política de Garantia de Preços
Mínimos, que perdeu importância na política agrícola a partir dos anos 90, com a
globalização. O principal efeito é a instabilidade de preços dos produtos agrícolas.
[36]



A composição de estoques, no plano nacional, compete à Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab).[37]

Armazenagem

A armazenagem agrícola é uma das etapas da produção da agricultura do país que
apresentam necessidades de investimento e ampliação, a fim de acompanhar o
desenvolvimento do setor. Dentre as ações logísticas da produção, a capacidade de
armazenagem brasileira, em 2003, era de 75% da produção de grãos,[38] quando o
ideal é que seja 20% superior à safra.[39]
A produção, por falta de armazéns e silos, precisa ser comercializada rapidamente.
Segundo dados da Conab, apenas 11% dos armazéns estão nas fazendas (enquanto
na Argentina esse total é de 40%, na União Européia de 50%, no Canadá chega a
80%). Isto força o agricultor a servir-se dos serviços de terceiros, para estocar sua
produção. Fatores sazonais, como a quebra de safras e defasagem cambial
descapitalizam o produtor, e este não consegue investir na construção de silos.
Com estes pode negociar sua produção em condições mais favoráveis, e não
quando da colheita, apenas. A situação brasileira permite dizer que os caminhões
se transformam em "silos sobre rodas".[39]

Agricultura familiar no Brasil

A agricultura familiar, assim considerada a que emprega apenas o núcleo familiar
(pai, mãe, filhos e, eventualmente, avós e tios) nas lides da terra,[40] podendo
empregar até cinco trabalhadores temporários,[41] é responsável direta pela
produção de grande parte dos produtos agrícolas brasileiros. Responde, assim,
pela produção de 84% da mandioca, 67% do feijão e 49% do milho.[40]

Na década de 1990 a agricultura familiar apresentou um crescimento de sua
produtividade na ordem de 75%, contra apenas 40% da agricultura patronal. Isso
deve-se, em grande parte, à criação do PRONAF (Programa Nacional da
Agricultura Familiar), que abriu uma linha especial de crédito para o
financiamento do setor. Segundo o Censo Agropecuário de 1995/96, do IBGE,
havia no país 4.339.859 estabelecimentos familiares no país, com área até 100 ha.[41]

Até 2009 foram realizadas seis edições da Feira Nacional da Agricultura Familiar e
Reforma Agrária, sendo as quatro primeiras edições em Brasília e as duas últimas
no Rio de Janeiro. Seu objetivo é divulgar a importância do setor para a economia
brasileira, pois responde por 70% dos alimentos consumidos no pais, o que perfaz
um total de 10% do PIB.[42]

Extrativismo vegetal

A colonização do país iniciou-se com o extrativismo vegetal: a exploração da
madeira do pau-brasil, chamado pelos nativos de ibirapitanga, e que acabou dando
o nome à terra descoberta pelos portugueses.[43]

Existem no Brasil quarenta e nove reservas extrativistas e sessenta e cinco florestas
protegidas por lei federal, com o intuito de preservar o ambiente natural, nas quais
é incentivada a prática do extrativismo vegetal como modo de interagir com o
meio, sem degradá-lo.[44]

Por falta de incentivo governamental as reservas extrativistas vêm se tornando
inviáveis economicamente. O caso da borracha natural é um caso típico: no Acre
cerca de quatro mil famílias teriam abandonado a atividade, conforme revelado
por políticos do estado no início de 2009. A seringueira vem sendo cultivada, após
ter passado por aclimatação, com grande sucesso, no estado de São Paulo, onde
mais de trinta e seis mil hectares foram plantados com a árvore - enquanto o Acre
conta com pouco mais de mil hectares.[45]
A despeito disso, o pesquisador Alfredo Homma, que há mais de três décadas
estuda o ambiente amazônico, assinala que a prática é inviável economicamente,
em longo prazo. Para tanto ressalta exemplificando que para extrair o látex de
quatrocentas e cinquenta árvores um seringueiro deve dispor de uma área
superior a trezentos hectares, quando as mesmas plantas podem ser cultivadas em
igual número numa área equivalente a um campo de futebol. O cultivo de áreas já
degradadas com árvores nativas deve ser uma solução economicamente viável,
segundo o estudioso, como já vem sendo feito em várias culturas que tiveram
aumento da demanda, a exemplo do cupuaçu e do jaborandi.[44]

Segundo o IBGE, no ano de 2003 a produção do extrativismo vegetal apresentou os
seguintes dados: o setor não-madeireiro, que representa 35% do extrativismo,
produziu um valor de quatrocentos e quarenta e nove milhões de Reais, com os
seguintes produtos principais: piaçava (27%), babaçu (amêndoa - 17%), açaí
(16%), erva-mate (14%), carnaúba (8%) e castanha-do-pará (5%). Já o setor
madeireiro representa 65% do extrativismo no país.[46]

Trabalho escravo e infantil

No Brasil ainda se verificam situações de trabalho escravo e infantil. Segundo
dados do Departamento de Trabalho do governo dos Estados Unidos da América,
o país ocupa o terceiro lugar no mundo em ocorrências dessas modalidades ilegais
de trabalho (junto a Índia e Bangladesh, empatados), sendo que o setor de
agronegócio responde com oito das trezes atividades em que tais irregularidades
têm maior incidência, com destaque para a pecuária e os cultivos de sisal, cana-de-
açúcar, arroz, tabaco e carvão vegetal. A despeito dessa posição, o país teve sua
atuação no combate dessa situação elogiada, sendo que no período 1995-2009 cerca
de trinta e cinco mil trabalhadores foram libertados das condições aviltantes de
trabalho.[47]

Para o Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ministro Lélio Bentes, a
Organização Internacional do Trabalho - OIT - reconhece o empenho brasileiro no
combate às práticas criminosas de trabalho, que passam pela aplicação de multas;
dentre as causas aponta a pobreza e a desinformação, ressaltando que para a
solução definitiva mister a constante fiscalização das propriedades, e ainda a
possível aprovação de Projeto de Emenda à Constituição (PEC), que prevê a perda
do imóvel para os proprietários flagrados em situação irregular.[48]

Agricultura e impacto ambiental

No Brasil o setor agropecuário e o desmatamento respondem por 75% das
emissões de gases responsáveis pela mudança do clima. Em razão disto, algumas
iniciativas vêm sendo adotadas, com objetivo de minimizar esse impacto,
sobretudo pela redução do desmatamento para a expansão agrícola e pecuária: a
chamada "Moratória da Soja", o Zoneamento Agroecológico da Cana-de-açúcar, e
o uso da fertirrigação nesta última, são exemplos dessas ações.[49]

Erosão do solo
Um dos problemas enfrentados pela agricultura brasileira é a falta de cuidados
referentes ao uso do solo e controle da erosão. Uma grande parte das regiões
Sudeste e Nordeste do país é de formações rochosas graníticas e de gnaisse, sobre
as quais assenta-se uma camada de regolito, bastante suscetível à erosão e
formação de voçorocas. Autores, como Bertoni e Lombardi Neto, apontam essa
condição como um dos maiores riscos ambientais do país, e grande parte delas são
decorrentes da ação humana.[50]

A erosão impõe a reposição de nutrientes ao solo, em consequência da perda dos
mesmos, e ainda provoca perda da estrutura, textura, e diminuição das taxas de
infiltração e retenção de água.[51]

Os procedimentos usados comumente no preparo do plantio, como a aração e uso
de herbicidas para o controle das ervas daninhas acabam por deixar o solo exposto
e suscetível à erosão - quer pelo carregamento da camada superficial (e mais rica
em nutrientes), quer pela formação das voçorocas. A terra levada pela água, assim,
provoca o assoreamento de rios e reservatórios, ampliando deste modo o impacto
negativo no ambiente. Uma das soluções é o chamado plantio direto, prática ainda
pouco divulgada no país.[52]

Agrotóxicos no Brasil

Existem quatro mil tipos de agrotóxicos, que resultam em cerca de quinze mil
formulações distintas, dos quais oito mil estão licenciadas no Brasil. São produtos
como inseticidas, fungicidas, herbicidas, vermífugos, e ainda solventes e produtos
para higienização de instalações rurais, dentre outros. Seu uso indiscriminado
provoca o acúmulo dessas substâncias no solo, água (mananciais, lençol freático,
reservatórios) e no ar - e são largamente utilizados para manter as lavouras livres
de pragas, doenças, espécies invasoras, tornando assim a produção mais rentável.
[53]



O Brasil apresenta uma taxa de 3,2 kg de agrotóxicos por hectare - ocupando a
décima posição mundial, para alguns estudos, e a quinta, em outros. O estado de
São Paulo é o maior consumidor, no país, sendo também o maior produtor (com
cerca de 80% da produção nacional). Para o controle dos efeitos danosos ao meio
ambiente do uso dessas substâncias é preciso a educação do agricultor, a prática do
plantio direto, e ainda o esforço de órgãos tecnológicos como a EMBRAPA, com o
desenvolvimento de espécies mais resistentes, de técnicas que minimizem a
dependência aos produtos, do controle biológico de pragas, entre outros.[53]

No ano de 2007 os produtos que apresentaram maior índice de contaminação por
agrotóxicos foram tomate, alface e morango, sendo o agricultor o principal
afetado. Isso decorre porque é baixa a conscientização do produtor e poucos são os
que cumprem as determinações legais para o uso dessas substâncias, como a de
Equipamento de Proteção Individual (EPI).[54]

Segundo informações da Anvisa com base em dados da ONU e Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio, as lavouras brasileiras utilizam pelo
menos dez tipos de agrotóxicos considerados proibidos em outros mercados, como
União Europeia e Estados Unidos.[55]
Transgênicos no Brasil

O país ocupa a terceira posição mundial no uso de sementes transgênicas. As
principais culturas que usam dessa biotecnologia são a soja, o algodão e, desde
2008, o milho.[56]

Diversas ONGs nacionais ou internacionais brasileiras, como o Greenpeace, MST
ou Contag, manifestaram-se contrários ao cultivo de plantas geneticamente
modificadas no país, expondo argumentos como a desvalorização destes no
mercado, a possibilidade de impacto ambiental negativo, a dominação econômica
pelos grandes empresários, dentre outros.[57] Entidades ligadas ao agronegócio,
entretanto, apresentam resultados de estudos efetuados pela Associação Brasileira
de Sementes e Mudas (Abrasem), nos anos de 2007 e 2008, tendo como resultado
"vantagens socioambientais observadas nos demais países que adotaram a
biotecnologia agrícola há mais tempo"[56]

No país a Justiça Federal decidiu que alimentos que contenham mais de 1% de
transgênicos em sua composição devem, nos seus rótulos, expor a informação em
destaque, a fim de informar o consumidor.[58]

Cultivo orgânico

A chamada Agricultura orgânica visa a produção de alimentos sem uso de
fertilizantes, agrotóxicos, agroquímicos, etc. O Censo Agrícola de 2006 do IBGE
reportou a existência de noventa mil estabelecimentos do tipo no Brasil, o que
perfaz 2% do total; destes, entretanto, apenas 5106 possuem o certificado de
produção orgânica.[59]

Os orgânicos estão presentes sobretudo nas pequenas e médias propriedades, e a
maioria dos produtores estão organizados em associações ou cooperativas. O
estado com maior número de produtores é a Bahia (223), seguido por Minas
Gerais (192), São Paulo (86), Rio Grande do Sul (83), Paraná (79), Espírito Santo
(64) e outros.[59]

O programa Organics Brasil, constituído em 2005, visa promover as exportações
do setor.[59]

Solos brasileiros

O programa de mapeamento e classificação dos solos do país teve início em 1953,
com a elaboração da Carta de Solos do Brasil, resultando na publicação do
primeiro mapa pelo IBGE no ano de 2003. O conhecimento dos solos foi um dos
fatores que permitiram a ampliação produtiva da agricultura, no período a partir
de 1975. O Centro-Oeste teve sua expansão efetivada graças ao uso da tecnologia;
a região é constituída principalmente por latossolos, tem-se que estes tipos de solo
favorecem a mecanização desde o preparo do terreno até a colheita, em face da
qualidade do relevo, embora sejam pobres em nutrientes.[60]

A classificação dos solos do país, seu estudo e sistematização são capitaneados pela
Embrapa Solos, contando ainda com a participação de diversas entidades, no
passado e no presente, tais como o Projeto RADAM, a Universidade Rural (atual
UFRRJ) e diversos cursos de Agronomia.[61]

Evolução do agronegócio brasileiro

Durante as duas décadas finais do século XX, o Brasil assistiu a uma brutal
evolução na sua produção agrícola: em uma área praticamente igual à do início
dos anos 80, a produção praticamente dobrou no final do século.

Em 2010, a OMS aponta o país como o terceiro maior exportador agrícola do
mundo, atrás apenas de Estados Unidos e União Europeia.[62][63]

Vários fatores levaram a este resultado, tais como a melhoria dos insumos
utilizados (sementes, adubos, máquinas), as políticas públicas de incentivo à
exportação, a diminuição da carga tributária (como, por exemplo, a redução do
imposto de circulação, em 1996), a taxa de câmbio real que permitiu estabilidade
de preços (a partir de 1999), o aumento da demanda dos países asiáticos, o
crescimento da produtividade das lavouras[62] e outros componentes, como a
intercessão governamental junto à OMC para derrubar barreiras comerciais
existentes contra produtos brasileiros em países importadores.[64]

Esta evolução do setor permitiu que a agricultura passasse a representar quase um
terço do PIB nacional. Esta avaliação leva em conta não somente a produção
campesina em si mesma, mas de toda a cadeia econômica envolvida: desde a
indústria produtora dos insumos até aquela envolvida no seu beneficiamento final,
transporte, etc.[64]

Enquanto a agricultura propriamente dita apresentou, no período de 1990 a 2001
uma queda na oferta de empregos, o setor do agronegócio praticamente triplicou a
oferta de empregos (que saltou de trezentos e setenta e dois mil para um milhão e
oitenta e dois mil, no interregno). O número de empresas era, em 1994, de dezoito
mil, e em 2001 saltou para quase quarenta e sete mil. Já a relação
emprego/produtividade na agricultura apresentou um crescimento expressivo,
oposto à diminuição do número de trabalhadores. [65]

Perspectivas e limitações

O setor agrícola brasileiro possui possibilidades de ampliar a produção existente.
Para tanto, há que se considerar as áreas em que pode haver expansão da fronteira
agrícola, bem como o incremento daquelas subexploradas. Fatores que limitam
essa expansão vão desde o surgimento de pragas em virtude das monoculturas,
infraestruturais (vide a seção sobre o transporte), os problemas ambientais
gerados por práticas como o desmatamento, etc.[64]

Balança comercial agrícola

Dentre os produtos do agronegócio a soja é o líder. No período compreendido entre
agosto de 2007 e julho de 2008 as exportações agrícolas renderam ao país sessenta
e oito bilhões e cem milhões de dólares, que fizeram o setor apresentar um
superávit (diferença entre o valor importado e o exportado) de cinqüenta e sete
bilhões e trezentos milhões de dólares, no período.[66]

Mercados externos

No ano de 2008 o maior mercado consumidor dos produtos agrícolas brasileiros foi
a União Européia. A China, entretanto, foi o país que, individualmente, teve maior
participação como importador, com um montante de 13,2% no total, seguido pelos
Países Baixos (com 9,5%) e Estados Unidos da América (8,7%).[66]

Agronegócio por regiões

As Regiões do Brasil possuem ampla diversidade climática e, portanto, apresentam
vocação agrícola e industrial com problemáticas bastante diferenciadas, trazendo
assim participações bem distintas no agronegócio.

No ano de 1995, as regiões brasileiras participavam, percentualmente, da seguinte
forma no total do volume do setor: Norte – 4,2%; Nordeste – 13,6%; Centro-Oeste
– 10,4%; Sudeste – 41,8%; e Sul – 30,0%, dados estes que revelam a concentração
nestas duas últimas regiões de mais de setenta por cento de todo o montante do
agronegócio brasileiro. Este quadro vem se alterando, com a pequena e gradual
ampliação das regiões Centro-Oeste e Norte.[67]

Região Sul

Nos estados do Sul brasileiro (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) houve
considerável participação das cooperativismo. Os produtos de maior
representatividade no PIB agrícola do país são a avicultura e o arroz irrigado, que
lidera, e posições estáveis com o milho e o feijão - havendo perdido as posições que
ocupava no ranking nacional em produtos como soja, trigo, cebola, batata e outros.
[68]
     É, ainda, a maior produtora de tabaco no país que, por sua vez, é o maior
exportador mundial.[69]

A vocação agrícola no Sul, incrementada a partir da década de 30, coincidiu com a
integração com os setores industriais da região. Enquanto nos demais estados as
indústrias tenderam, na atualidade, à importação dos insumos, Santa Catarina
mantém um elevado grau de interdependência do setor industrial com o agrícola.
[70]



No Rio Grande do Sul, sobretudo, é importante a participação do chamado
agronegócio familiar, derivado sobretudo do modelo de colonização ali verificado,
com expressiva representatividade no PIB agrícola daquele estado. Outro fator
importante é que este modelo proporciona um elevado grau de fixação do homem
no campo, bem como a interação entre os pequenos produtores.[71]

No ano de 2004 a região respondia com 14,4% da produção frutícola, ocupando o
terceiro lugar do país.[72]

Região Sudeste
Em 1995 o Sudeste (composto pelos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de
Janeiro e Espírito Santo), era responsável pela maior participação no montante do
agronegócio do país, mas em tendência de queda face a expansão das fronteiras
agrícolas e à instalação de indústrias noutras regiões.[67]

O Sudeste é o maior produtor nacional de frutas, com 49,8% do total nacional, em
dados de 2004.[72] A região concentra 60% das empresas de software voltadas para
o agronegócio, segundo levantamento efetuado pela Embrapa Informática
Agropecuária (situada em Campinas/SP).[73] Quanto à exportação, o setor do
agronegócio ocupava a segunda posição nacional, no período de 2000 a maio de
2008, ficando atrás da Região Sul; o Sudeste representou 36% do montante
exportado de 308 bilhões de dólares - os produtos que mais se destacaram no
comércio exterior na região foram o açúcar (17,27%), café (16,25%), papel e
celulose (14,89%), carnes (11,71%) e hortifrutícolas (com destaque para o suco de
laranja) com 10,27%.[74]

Região Nordeste

No Nordeste brasileiro, região formada por nove estados (Bahia, Sergipe,
Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão)
82,9 % da mão de obra do campo equivale à agricultura familiar.[75]

A região é a maior produtora nacional de banana, respondendo pelo montante de
34% do total.[76] Lidera, ainda, a produção da mandioca, com 34,7% do total.[77]
Segunda maior produtora de arroz, com uma safra estimada para 2008 de um
milhão, cento e catorze mil toneladas, em que o Maranhão tem majoritária
participação (com 668 mil toneladas).[78] Também ocupa a segunda posição na
produção frutícola, com 27% da produção nacional.[72]

Um dos grandes problemas da região são as estiagens prolongadas, mais fortes nos
anos em que ocorre o fenômeno climático do El Niño. Isso provoca o êxodo rural, a
perda de produção, minimizados seus efeitos por meio de ações governamentais de
emergência, através da construção de açudes e outras obras paliativas, como a
transposição do Rio São Francisco. As piores secas dos últimos anos foram as de
1993, 1998 e 1999, a primeira considerada a pior em cinquenta anos.[79]

Região Norte

A região Norte (composta pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará,
Rondônia, Roraima e Tocantins) tem como principal característica a presença do
bioma amazônico, em que a floresta tropical é marcante (e, por sua presença em
parte do estado do Maranhão, este é incluído nas ações de governo nesta região). O
grande desafio da região é aliar a rentabilidade e produtividade com a preservação
da floresta.[80]

A região já foi responsável, por um breve período, pela produção do mais
importante produto de exportação brasileiro, no final do século XIX e começo do
XX, durante o chamado Ciclo da borracha, em que o extrativismo da seringueira
gerou o avanço das fronteiras nacionais (conquista do Acre), até o contrabando da
árvore pela Inglaterra e sua aclimatação em países asiáticos.[81]
É a segunda maior produtora nacional de banana, respondendo por 26% do total.
[76]
     Também é a segunda na produção de mandioca (com 25,9% do total), ficando
atrás somente do Nordeste.[77] Na produção de frutas ocupa a penúltima posição,
responde por 6,1% da produção nacional, à frente apenas da região Centro-Oeste.
[72]



Região Centro-Oeste

Há cerca de trinta anos a região era quase desconhecida em seu potencial
econômico. O principal bioma é o cerrado, cuja exploração foi possível graças às
pesquisas para adaptação de novos cultivares de vegetais como o algodão, girassol,
cevada, trigo, etc. - permitindo que, em 2004, viesse a se tornar a responsável pela
produção de 46% da soja, milho, arroz e feijão produzidos no país.[82]

Essa é a região onde a fronteira agrícola brasileira teve maior expansão. Em as
três últimas décadas do século XX sua agricultura teve um crescimento de cerca de
1,5 milhão de toneladas de grãos por safra, saltando de uma produção de 4,2
milhões para 49,3 milhões de toneladas, em 2008 - um crescimento superior a mil e
cem por cento.[83]

A área cultivada na região, que compreende os estados de Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e o Distrito Federal em 2008 era de quinze milhões
e cem mil hectares, tendo avançado nos primeiros anos do século XXI, sobretudo
sobre áreas anteriormente dedicadas à pecuária. Dentre os principais fatores que
levaram a esse crescimento conta-se a abertura de estradas, que facilitou o
escoamento da produção.[83]

Na fruticultura a participação da região, em dados de 2004, aponta o último lugar
no país, com 2,7% do total produzido.[72]

Principais produtos

Dada a sua grande variedade climática e extensão territorial, o país possui
variadas áreas especializadas em determinados cultivos - por vezes dentro dum
mesmo estado da federação - como, por exemplo, na Bahia, em que se tem o cultivo
de soja e algodão, na sua região oeste, de cacau, no sul, frutas, no Médio São
Francisco, feijão em Irecê, etc. Também um produto agrícola encontra áreas
distintas no território nacional - como por exemplo o arroz, que é plantado no Rio
Grande do Sul, no sul do Maranhão e Piauí, em Sergipe e nas regiões Norte e
Centro-Oeste.

Alguns produtos, como o trigo, arroz e feijão[84] , não tem produção suficiente para
atender à demanda interna; outros, como a soja, são quase que exclusivamente
produzidos para exportação (a soja é o principal produto exportado pelo
agronegócio brasileiro[66]). Por ordem alfabética, os principais produtos agrícolas
do Brasil são:

Algodão - Arroz - Café - Cana-de-açúcar - Feijão - Floricultura e paisagismo -
Frutas e culturas perenes – Banana - Cacau - Laranja (citros) -Silvicultura e
madeira -Horticultura -Tomate -Cebola -Mandioca - Milho - Soja - Tabaco
Agricultura brasileira: base histórica da economia

Contenu connexe

Tendances

Agropecuária brasileira
Agropecuária brasileiraAgropecuária brasileira
Agropecuária brasileiraDhebora Menezes
 
Questão agrária no brasil
Questão agrária no brasilQuestão agrária no brasil
Questão agrária no brasilArtur Lara
 
O Espaço Agrário no Brasil
O Espaço Agrário no BrasilO Espaço Agrário no Brasil
O Espaço Agrário no BrasilEder Liborio
 
Espaço rural 2011
Espaço rural 2011Espaço rural 2011
Espaço rural 2011edsonluz
 
Espaço agrário
Espaço agrárioEspaço agrário
Espaço agrárioPedro Neves
 
Produção de alimentos x fome
Produção de alimentos x fomeProdução de alimentos x fome
Produção de alimentos x fomeEdenilson Morais
 
Produção agropecuária em Nova Andradina-MS
Produção agropecuária em Nova Andradina-MSProdução agropecuária em Nova Andradina-MS
Produção agropecuária em Nova Andradina-MSAnne Feld
 
Geografia agricultura mundial e brasileira
Geografia agricultura mundial e brasileiraGeografia agricultura mundial e brasileira
Geografia agricultura mundial e brasileiraPaulo Henrique Netinho
 
Apresent rede ecológica consumo consciente - versão 13-10-2013
Apresent rede ecológica   consumo consciente - versão 13-10-2013Apresent rede ecológica   consumo consciente - versão 13-10-2013
Apresent rede ecológica consumo consciente - versão 13-10-2013redeeco
 
Geografia - Latifúndio, Monocultura, Escravidão; Agricultura Brasileira Pós-I...
Geografia - Latifúndio, Monocultura, Escravidão; Agricultura Brasileira Pós-I...Geografia - Latifúndio, Monocultura, Escravidão; Agricultura Brasileira Pós-I...
Geografia - Latifúndio, Monocultura, Escravidão; Agricultura Brasileira Pós-I...Vitor Santos
 
O espaço agrário brasileiro aulão enem [salvo automaticamente]
O espaço agrário brasileiro aulão   enem [salvo automaticamente]O espaço agrário brasileiro aulão   enem [salvo automaticamente]
O espaço agrário brasileiro aulão enem [salvo automaticamente]Silmara Vedoveli
 

Tendances (20)

Agropecuária brasileira
Agropecuária brasileiraAgropecuária brasileira
Agropecuária brasileira
 
Questão agrária no brasil
Questão agrária no brasilQuestão agrária no brasil
Questão agrária no brasil
 
O Espaço Agrário no Brasil
O Espaço Agrário no BrasilO Espaço Agrário no Brasil
O Espaço Agrário no Brasil
 
GEOGRAFIA AGRARIA
GEOGRAFIA AGRARIAGEOGRAFIA AGRARIA
GEOGRAFIA AGRARIA
 
Agricultura do Brasil
Agricultura do BrasilAgricultura do Brasil
Agricultura do Brasil
 
Espaço rural 2011
Espaço rural 2011Espaço rural 2011
Espaço rural 2011
 
Espaco agrario
Espaco agrarioEspaco agrario
Espaco agrario
 
Agricultura brasileira
Agricultura brasileiraAgricultura brasileira
Agricultura brasileira
 
Espaço agrário
Espaço agrárioEspaço agrário
Espaço agrário
 
Simulado de geografia e hstra unicaldas
Simulado de geografia e hstra  unicaldasSimulado de geografia e hstra  unicaldas
Simulado de geografia e hstra unicaldas
 
Questão agrária no brasil
Questão agrária no brasil Questão agrária no brasil
Questão agrária no brasil
 
Produção de alimentos x fome
Produção de alimentos x fomeProdução de alimentos x fome
Produção de alimentos x fome
 
Produção agropecuária em Nova Andradina-MS
Produção agropecuária em Nova Andradina-MSProdução agropecuária em Nova Andradina-MS
Produção agropecuária em Nova Andradina-MS
 
Geografia agricultura mundial e brasileira
Geografia agricultura mundial e brasileiraGeografia agricultura mundial e brasileira
Geografia agricultura mundial e brasileira
 
Estrutura fundiária brasileira
Estrutura fundiária brasileiraEstrutura fundiária brasileira
Estrutura fundiária brasileira
 
Apresent rede ecológica consumo consciente - versão 13-10-2013
Apresent rede ecológica   consumo consciente - versão 13-10-2013Apresent rede ecológica   consumo consciente - versão 13-10-2013
Apresent rede ecológica consumo consciente - versão 13-10-2013
 
Geografia - Latifúndio, Monocultura, Escravidão; Agricultura Brasileira Pós-I...
Geografia - Latifúndio, Monocultura, Escravidão; Agricultura Brasileira Pós-I...Geografia - Latifúndio, Monocultura, Escravidão; Agricultura Brasileira Pós-I...
Geografia - Latifúndio, Monocultura, Escravidão; Agricultura Brasileira Pós-I...
 
Agricultura mundial
Agricultura mundialAgricultura mundial
Agricultura mundial
 
O espaço agrário brasileiro aulão enem [salvo automaticamente]
O espaço agrário brasileiro aulão   enem [salvo automaticamente]O espaço agrário brasileiro aulão   enem [salvo automaticamente]
O espaço agrário brasileiro aulão enem [salvo automaticamente]
 
Agricultura no brasil
Agricultura no brasilAgricultura no brasil
Agricultura no brasil
 

Similaire à Agricultura brasileira: base histórica da economia

Tipos de produção agrícola - extensiva e intensiva
Tipos de produção agrícola - extensiva e intensivaTipos de produção agrícola - extensiva e intensiva
Tipos de produção agrícola - extensiva e intensivaLusRobertoCavalcanti
 
Agricultura mundial e do brasil
Agricultura mundial e do brasilAgricultura mundial e do brasil
Agricultura mundial e do brasilprofleofonseca
 
Agricultura brasileira e mundial/Assuntos Possíveis para Enem!
Agricultura brasileira e mundial/Assuntos Possíveis para Enem!Agricultura brasileira e mundial/Assuntos Possíveis para Enem!
Agricultura brasileira e mundial/Assuntos Possíveis para Enem!Joemille Leal
 
Impactos da Indústria da Celulose em Comunidades Tradicionais
Impactos da Indústria da Celulose em Comunidades TradicionaisImpactos da Indústria da Celulose em Comunidades Tradicionais
Impactos da Indústria da Celulose em Comunidades TradicionaisIsabella Aragão Araújo
 
Agronegócio e Sustentabilidade.pdf
Agronegócio e Sustentabilidade.pdfAgronegócio e Sustentabilidade.pdf
Agronegócio e Sustentabilidade.pdfPatriciaBarili1
 
12596677 principais-ciclos-da-economia-brasileira
12596677 principais-ciclos-da-economia-brasileira12596677 principais-ciclos-da-economia-brasileira
12596677 principais-ciclos-da-economia-brasileiraRodrigo Nillo
 
04-Cana-de-Açúcar.ppt.pdf
04-Cana-de-Açúcar.ppt.pdf04-Cana-de-Açúcar.ppt.pdf
04-Cana-de-Açúcar.ppt.pdfAndrei Rita
 
Produção, distribuição e consumo alimentar
Produção, distribuição e consumo alimentarProdução, distribuição e consumo alimentar
Produção, distribuição e consumo alimentarHelder Ferreira
 
Ministério da Agricultura divulga documento do setor agropecuário para a Rio+20
Ministério da Agricultura divulga documento do setor agropecuário para a Rio+20Ministério da Agricultura divulga documento do setor agropecuário para a Rio+20
Ministério da Agricultura divulga documento do setor agropecuário para a Rio+20Portal Canal Rural
 
ETAPA 02 CAP.04.pptx
ETAPA 02 CAP.04.pptxETAPA 02 CAP.04.pptx
ETAPA 02 CAP.04.pptxDIANA PEREIRA
 
Reforma Agrária no Brasil
Reforma Agrária no BrasilReforma Agrária no Brasil
Reforma Agrária no Brasilquimsfilho
 

Similaire à Agricultura brasileira: base histórica da economia (20)

histórico do agronegócio
histórico do agronegóciohistórico do agronegócio
histórico do agronegócio
 
Tipos de produção agrícola - extensiva e intensiva
Tipos de produção agrícola - extensiva e intensivaTipos de produção agrícola - extensiva e intensiva
Tipos de produção agrícola - extensiva e intensiva
 
Agricultura brasileira
Agricultura brasileiraAgricultura brasileira
Agricultura brasileira
 
Agricultura
AgriculturaAgricultura
Agricultura
 
Geografia Agrária
Geografia Agrária Geografia Agrária
Geografia Agrária
 
Agricultura mundial e do brasil
Agricultura mundial e do brasilAgricultura mundial e do brasil
Agricultura mundial e do brasil
 
Espaço rural (2).pdf
Espaço rural (2).pdfEspaço rural (2).pdf
Espaço rural (2).pdf
 
Agricultura brasileira e mundial/Assuntos Possíveis para Enem!
Agricultura brasileira e mundial/Assuntos Possíveis para Enem!Agricultura brasileira e mundial/Assuntos Possíveis para Enem!
Agricultura brasileira e mundial/Assuntos Possíveis para Enem!
 
Geografia
Geografia  Geografia
Geografia
 
Impactos da Indústria da Celulose em Comunidades Tradicionais
Impactos da Indústria da Celulose em Comunidades TradicionaisImpactos da Indústria da Celulose em Comunidades Tradicionais
Impactos da Indústria da Celulose em Comunidades Tradicionais
 
Agronegocio no mercosul
Agronegocio no mercosulAgronegocio no mercosul
Agronegocio no mercosul
 
Agronegócio e Sustentabilidade.pdf
Agronegócio e Sustentabilidade.pdfAgronegócio e Sustentabilidade.pdf
Agronegócio e Sustentabilidade.pdf
 
12596677 principais-ciclos-da-economia-brasileira
12596677 principais-ciclos-da-economia-brasileira12596677 principais-ciclos-da-economia-brasileira
12596677 principais-ciclos-da-economia-brasileira
 
Geo23
Geo23Geo23
Geo23
 
04-Cana-de-Açúcar.ppt.pdf
04-Cana-de-Açúcar.ppt.pdf04-Cana-de-Açúcar.ppt.pdf
04-Cana-de-Açúcar.ppt.pdf
 
Geografia
GeografiaGeografia
Geografia
 
Produção, distribuição e consumo alimentar
Produção, distribuição e consumo alimentarProdução, distribuição e consumo alimentar
Produção, distribuição e consumo alimentar
 
Ministério da Agricultura divulga documento do setor agropecuário para a Rio+20
Ministério da Agricultura divulga documento do setor agropecuário para a Rio+20Ministério da Agricultura divulga documento do setor agropecuário para a Rio+20
Ministério da Agricultura divulga documento do setor agropecuário para a Rio+20
 
ETAPA 02 CAP.04.pptx
ETAPA 02 CAP.04.pptxETAPA 02 CAP.04.pptx
ETAPA 02 CAP.04.pptx
 
Reforma Agrária no Brasil
Reforma Agrária no BrasilReforma Agrária no Brasil
Reforma Agrária no Brasil
 

Agricultura brasileira: base histórica da economia

  • 1. Agricultura no Brasil Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Brasil: Agricultura Área cultivada. 65.338.804 ha[2] Terra cultivável (% de área 31% terrestre) A agricultura no Brasil é, historicamente, População rural 5.965.000 famílias umas das principais Principais produtos cana-de-açúcar, bases da economia do café, soja, milho. país, desde os Produção primórdios da grãos (2008) 145,4 milhões de colonização até o toneladas[2] século XXI, evoluindo Principais itens das extensas Cana e derivados (2007/08) 493,4 milhões de monoculturas para a toneladas diversificação da Soja (2008) 59,2 milhões de produção. toneladas[2] Milho (2008) 58,9 milhões de Inicialmente produtora toneladas[2] de cana-de-açúcar, Participação na economia - 2008 passando pelo café, a Valor da safra R$ 148,4 bilhões[2] agricultura brasileira apresenta-se como uma Participação no PIB 4,53%[3] das maiores PIB Agronegócio (Indústria e 26,46%[3] exportadoras do comércio rurais, pecuária e mundo em diversas agricultura) espécies de cereais, frutas, grãos, entre outros. Desde o Estado Novo, com Getúlio Vargas, cunhou-se a expressão que diz ser o "Brasil, celeiro do mundo" - acentuando a vocação agrícola do país.[4] Apesar disto, a agricultura brasileira apresenta problemas e desafios, que vão da reforma agrária às queimadas; do êxodo rural ao financiamento da produção; da rede escoadora à viabilização econômica da agricultura familiar: envolvendo questões políticas, sociais, ambientais, tecnológicas e econômicas. Para Norman Borlaug, Nobel da Paz de 1970, em visita ao Brasil em 2004, o país deve se tornar o maior destaque na agricultura. Enquanto os Estados Unidos já exploram toda a sua área agricultável, o Brasil ainda dispõe de cerca de cento e seis milhões de hectares de área fértil a expandir - um território maior que a área de França e Espanha, somados. [5] Segundo resultados de pesquisa feita pelo IBGE, no ano de 2008, apesar da crise financeira mundial, o Brasil teve uma produção agrícola recorde, com crescimento
  • 2. na ordem de 9,1% em relação ao ano anterior, motivada principalmente pelas condições climáticas favoráveis. A produção de grãos no ano atingiu a cifra inédita de cento e quarenta e cinco milhões e quatrocentas mil toneladas.[2] Essa produção foi a maior já registrada na história; houve aumento, em relação ao ano anterior, de 4,8% da área plantada que totalizou sessenta e cinco milhões, trezentos e trinta e oito mil hectares. A safra recorde rendeu cento e quarenta e oito bilhões de Reais, tendo como principais produtos o milho (com crescimento de 13,1%), a soja (crescimento de 2,4%). História Mas, a terra em si, é de muito bons ares, frios e temperados como os de Entre- Doiro e Minho, porque nesse tempo de agora, assim os achávamos, como os de lá. Águas são muitas, infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem![6] – Pero Vaz de Caminha, Carta a El Rei D. Manuel, Versão integral, no Wikisource Dos indígenas com sua agricultura primordial ao mais incrementado processo do agronegócio de exportação, o Brasil vem expandindo sua vocação agrícola, a ponto de ter na agricultura um dos principais itens de sua economia, com possibilidade de expansão sobretudo pela melhoria da qualidade produtiva.[7] Primórdios A agricultura era uma prática conhecida pelos nativos, que cultivavam a mandioca, o amendoim, o tabaco, a batata-doce e o milho, além de realizarem o extrativismo vegetal em diversos outros cultivares da flora local, como o babaçu ou o pequi, quer para alimentação quer para subprodutos como a palha ou a madeira, e ainda de frutas nativas como a jabuticaba, o caju, cajá, goiaba e muitas outras. Com a chegada dos europeus, os indígenas não apenas receberam a cultura mais forte e dominante, como influenciaram os que chegavam: O português passara "a nutrir-se de farinha de pau, a abater, para o prato, a caça grossa, a embalar-se na rede de fio, a imitar os selvagens na rude e livre vida", no dizer de Pedro Calmon[8] Até a introdução do cultivo de exportação, o extrativismo do pau-brasil foi a primeira razão econômica da posse das novas terras por Portugal.[9] As queimadas Uma das práticas usadas pelos indígenas, na abertura dos aceiros para o cultivo era a da queimada. Isto possibilitava, além da rápida limpeza do terreno, o aproveitamento das cinzas como adubo e cobertura. Ao contrário do que preconizam os estudiosos e pessoas que, como Monteiro Lobato, abordaram a prática como um legado nocivo dos índios, as queimadas que estes realizaram ao longo de cerca de doze mil anos de sua presença nas atuais terras do Brasil mantiveram a natureza em equilíbrio - o que deixou de ocorrer,
  • 3. entretanto, com a incorporação da limpeza do terreno pelo fogo à cultura européia introduzida a partir de 1500: a divisão da terra em propriedades, o cultivo monocultor, etc., que dizimaram a flora nativa.[10] O manejo dos índios não era baseado apenas no fogo: a formação das roças em locais escolhidos permitia a interação com a natureza circundante, sua preservação, obtendo em troca a caça e a proteção contra pragas. Algo que foi perdido, como constatou Darcy Ribeiro, ao afirmar: "Assim passaram milênios até que surgiram os agentes de nossa civilização munidos, também ali, da capacidade de agredir e ferir mortalmente o equilíbrio milagrosamente logrado por aquelas formas complexas de vida"[10] Brasil Colônia: a monocultura da cana Logo após o Descobrimento, as riquezas naturais da terra não se revelaram promissoras, até a introdução da produção de cana-de-açúcar na região Nordeste. Isto obrigou os portugueses a introduzirem a mão-de-obra escrava, capaz de realizar as duras tarefas de cultivo da monocultura, sistema muitas vezes chamado de plantation. Essa fonte de riqueza, entretanto, não serviu para a promoção do desenvolvimento técnico ou social.[11] A concentração da riqueza e a formação de latifúndios geraram um sistema social quase feudal - diverso do que ocorreu, por exemplo, na América do Norte, onde a terra foi dividida em pequenas propriedades. A economia brasileira era em sua maior parte dependente da exportação do açúcar, que a despeito de ser trinta por cento mais barato que o produzido noutras partes, não possuía acesso aos mercados, vindo a declinar na segunda metade do século XVII. Muitas regiões produtoras, então, passaram a diversificar a produção, passando ao plantio do algodão ou, no Recôncavo Baiano, do tabaco ou do cacau - embora o legado negativo desse período tenha permanecido: a estrutura social arcaica e a baixa tecnologia agrícola.[11] Mão-de-obra escrava O trabalho do indígena, tentado inicialmente pelos colonos, não se revelou producente. Leis proibiam sua escravização, embora nos rincões estas não fossem respeitadas. Entretanto, mesmo estes trabalhadores forçados, se rebelavam, fugiam ou simplesmente morriam. Os colonos passaram a exigir, então, a vinda dos africanos.[12] No primeiro século após o Descobrimento a população cativa já superava a de homens livres. Tão necessária era sua força de trabalho na agricultura que Antonil assim descreveu: "os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles, no Brasil, não é possível fazer, conservar ou aumentar fazenda, nem ter engenho corrente"[13] Os escravos foram, ainda, os responsáveis pelo desbravamento das novas fronteiras agrícolas, no oeste cafeeiro paulista. Ao final do II Reinado o Brasil já respondia por mais da metade da produção mundial deste grão que, assim,
  • 4. substituía na agricultura o papel anteriormente representado pela cana-de-açúcar. [12] A Lei Áurea, segundo João Ribeiro, "mais que todas humana e cristã, ameaçava o trabalho e feria gravemente os interesses dos agricultores; ainda havia no Brasil mais de setecentos mil escravos (…) Muitos dos agricultures passaram-se para o partido republicano ou ficaram indiferentes ao ataque das instituições…"[14] Feita sem seguir a uma distribuição de terras aos ex-cativos, a Abolição acabou provocando o êxodo rural, tanto dos trabalhadores quanto de proprietários arruinados, por um lado. Por outro, foi a raiz de problemas futuros, como a favelização dos centros urbanos, da violência e pobreza.[15] Brasil Império: domínio do café Ainda no final do período colonial o café foi introduzido no país. Mas foi somente após a independência que a produção se consolidou na região Sudeste, sobretudo no estado de São Paulo. A exportação, que no começo do século XIX era de 3.178 mil sacas de 60 kg, passou a 51 milhões e 361 mil sacas, nas décadas de 1880 e 1890 - saltando de dezenove por cento para cerca de sessenta e três por cento do total da exportação do país.[11] Esse enorme peso econômico fez surgir uma nova oligarquia dominante no Brasil, os chamados Barões do Café. Apressou, ainda, os movimentos de imigração, com o fim da escravidão, atingindo seu ápice nas chamadas política do café-com-leite e política dos governadores, esta última no governo Campos Sales, até a crise de 1929 encerrar este ciclo na década de 1930 e com a industrialização do país - com o capital oriundo do excedente cafeeiro.[16] A imigração européia se acentuou com a produção do café no oeste paulista, com a chegada ao país sobretudo de italianos. A riqueza gerada pelo produto acentuou as diferenças entre as regiões brasileiras, especialmente o Nordeste.[11] Além do café outras culturas tiveram crescimento ainda no século XIX, como o fumo e o cacau, na Bahia, e a borracha na Amazônia: em 1910 a borracha representava em torno de quarenta por cento das exportações. O algodão assistiu um crescimento temporário, durante a Guerra de Secessão, nos Estados Unidos da América.[11] Problemas internacionais A produção brasileira de café, já no começo do século XX, excedia a demanda mundial. Isto fez ocorrer o conhecido Convênio de Taubaté, onde o Estado passou a adquirir a produção excedente, que era destruída; novas mudas foram proibidas de serem plantadas - objetivando manter um preço mínimo rentável do produto.[11] Também a borracha sofreu com a concorrência externas: a Inglaterra, em 1870, contrabandeou mudas da seringueira e em 1895 tinha início a plantação de mudas na Ásia. Nas décadas de 1910 e 1920 essa concorrência praticamente fez sucumbir a produção brasileira.[11]
  • 5. Surgimento das escolas de Agronomia Ainda no Império teve lugar, na Bahia, ao surgimento da primeira escola destinada à formação de profissionais agrônomos. No ano de 1875 foi fundado, no povoado de São Bento das Lages, o primeiro curso, na cidade de Cruz das Almas. [17] Em 1883, em Pelotas, no Rio Grande do Sul, o segundo curso foi criado.[18] O reconhecimento do curso somente se deu trinta e cinco anos após a criação do primeiro colégio, com o decreto 8.319/1910. A profissão de engenheiro agrônomo só veio a ser reconhecida em 1933 e atualmente são cerca de setenta faculdades de agronomia regulares no país. O dia 12 de outubro, quando foi promulgado o decreto, passou a ser o "Dia do Engenheiro Agrônomo".[18] O registro profissional é feito junto aos Conselhos Regionais de Engenharia e Arquitetura, integrados nacionalmente pelo CONFEA;[19] os alunos dos cursos de Agronomia, por sua vez, integram a Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil. Diversificação agrícola: anos 1960 a 1990 Durante o regime militar foi criada em 1973 a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), com o objetivo de diversificar a produção agrícola. O órgão foi responsável pelo desenvolvimento de novos cultivares, adaptados às condições peculiares das diversas regiões do país. Teve início a expansão das fronteiras agrícolas para o cerrado, e latifúndios monocultores com a produção em escala semi-industrial de soja, algodão e feijão.[11] Dentre os pesquisadores da Embrapa que possibilitaram a incrementação da revolução verde na agricultura brasileira, destaca-se a pesquisadora tcheca- brasileira Johanna Döbereiner que, com suas pesquisas sobre os microrganismos fixadores de nitrogênio, por sua amplitude mundial, rendeu-lhe, em 1997, a indicação para receber o Prêmio Nobel de Química.[20] Em 1960 eram quatro os principais produtos agrícolas exportados; no começo da década de 1990 estes passaram a dezenove. O avanço nestes trinta anos incluiu o beneficiamento: nos anos 60 os produtos não-beneficiados eram oitenta e quatro por cento do total exportado, taxa que caiu a vinte por cento, no começo da década de 90.[11] As políticas de fomento agrícola incluíam créditos subsidiados, perdão de dívidas bancárias, e subsídios à exportação (que, em alguns casos, chegou a cinquenta por cento do valor do produto).[11] Mecanização: os anos 90 A partir de 1994, com a estabilização monetária do Plano Real, o modelo agrícola brasileiro passou por uma radical mudança: o Estado diminuiu sua participação e o mercado passou a financiar a agricultura que, assim, viu fortalecida a cadeia do agronegócio, desde a substituição da mão-de-obra por máquinas (houve uma redução da população rural brasileira, que caiu de vinte e um milhões e setecentas
  • 6. mil, em 1985, para dezessete milhões e novecentas mil pessoas em 1995), passando pela liberação do comércio exterior (diminuição das taxas de importação dos insumos), e outras medidas que forçaram os produtores brasileiros a se adaptarem às práticas de mercado globalizado. O aumento da produtividade, a mecanização (com redução dos custos) e profissionalização marcam esse período.[11] Questões agrárias Desde suas origens o Brasil possuiu uma grande concentração de terras, primeiro no sistema conhecido por sesmarias, que vigeu até 1822, e que deu origem aos atuais latifúndios.[21] Em 1850 (mesmo ano da lei que proibia o tráfico negreiro) foi promulgada a Lei de Terras, que manteve o sistema de concentração da terra em latifúndios e que permaneceu até 1964, quando a ditadura preparou o Estatuto da Terra. O custo elevado da produção agrícola na Colônia e Império contribuiu para a formação de latifúndios e no país nunca houve uma grande reforma agrária, que somente passou a integrar a política oficial e legal do país após a Constituição de 1988.[22] Dos cerca de trinta e um milhões de brasileiros que vivem na faixa de pobreza, mais da metade está na zona rural. Nos últimos vinte e cinco anos do século XX cerca de trinta milhões de moradores do campo abandonaram ou perderam suas terras, criando um déficit de cerca de quatro milhões e oitocentas mil famílias sem terra. Neste tempo, a grande maioria dos recursos de financiamento foi dirigido para as oligarquias e grandes proprietários, atendendo ao modelo de exploração intensiva das propriedades, formação de grandes monoculturas e áreas de pastagens, que com o esgotamento da chamada revolução verde, acabou por revelar uma série de problemas como o uso excessivo de agrotóxicos, irrigação e desmatamento descontrolados, agressão à cultura nativa, dentre outros.[23] Com a redemocratização o país teve, entre 1985 e 1988, quase nove mil conflitos sociais no meio rural, com o assassinato de 1.167 pessoas por questões agrárias.[23] Neste período teve início um confronto que gerou, de um lado, os sindicatos, movimentos sociais e a Igreja Católica (então no país orientada pela chamada "opção preferencial pelos pobres", com as comissões pastorais) e, do outro, os grandes proprietários, reunidos na União Democrática Ruralista - a UDR - cujo representante maior era Ronaldo Caiado.[24] A mais famosa vítima desses conflitos foi o sindicalista Chico Mendes, no Acre, em 1988. Segundo o pesquisador Bernardo Mançano, da UNESP, os censos rurais realizados desde 1940 apontavam para a concentração da terra, somente possível de ser revertida com o fim do êxodo rural e assentamento anual de cento e cinquenta mil famílias. Durante o Governo Itamar Franco, o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) realizou cerca de cem mil assentamentos anuais; nesta administração foi instituído o rito sumário de desapropriação, vencendo um dos principais obstáculos para a medida, que era a sua demora.[25] Os conflitos atingiram seu ápice em 1996 com o chamado Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, quando o então governador Almir Gabriel ordenou a desocupação de uma estrada ocupado por sem-terras. A chacina daí decorrente -
  • 7. dezenove mortos e cinquenta e um feridos - expôs ainda mais o problema agrário no país, e o desrespeito aos direitos humanos vivido.[26] Em artigo de 1996, a economista Maria da Conceição Tavares, uma das maiores críticas do Governo Fernando Henrique Cardoso, alertava que "a importância de uma reforma agrária aumentou muito e a disputa pela terra, se não forem regulados rapidamente as relações de "domínio" da propriedade rural, levará a enfrentamentos crescentes".[27] Em 1998 os movimentos sociais na luta pela terra provocaram cerca de quinhentas ocupações de fazendas que consideravam improdutivas. Como reação às invasões, o Presidente FHC editou a Medida Provisória 2.027-38, que continha a proibição de destinar para a reforma agrária toda terra que fosse ocupada.[25] Irrigação As primeiras experiências de irrigação no Brasil ocorreram no Rio Grande do Sul, para o cultivo do arroz; o primeiro registro data de 1881, com a construção da barragem de Cadro, teve seu início em 1903. Entretanto, a prática só veio a se ampliar nos últimos trinta anos do século XX.[28] Enquanto nas regiões Sul e Sudeste a irrigação desenvolvia-se paulatinamente pela iniciativa privada, na região Nordeste era incentivada por órgãos oficiais, como o DNOCS e a CODEVASF, a partir da década de 1950. Em 1968 foi instituído o Grupo Executivo de Irrigação e Desenvolvimento Agrário (GEIDA), que dois anos depois veio a instituir o Programa Plurianual de Irrigação (PPI). A maioria dos recursos foram destinados ao Nordeste.[28] Essas iniciativas burocráticas federais, entretanto, não obtiveram o sucesso esperado. A partir de 1985 foi dada nova orientação e, em 1996, um novo direcionamento foi buscado, a fim de ampliar o uso da irrigação na agricultura, com o Projeto Novo Modelo da Irrigação, que contou com a participação de mais de mil e quinhentos especialistas do país e do estrangeiro.[28] O potencial de irrigação no Brasil, segundo o Banco Mundial é de cerca de vinte e nove milhões de hectares. No ano de 1998 havia, entretanto, somente 2,98 milhões. [29] No final da última década do século XX o país tinha a irrigação de superfície como a principal forma (59%), seguida pela aspersão (35%) e, por último, a irrigação localizada. A Região Sul apresentava a maior área irrigada (mais de um milhão e cem mil ha), depois o Sudeste (oitocentos e noventa mil ha) e Nordeste (quatrocentos e noventa mil ha).[29] Presentemente, o marco regulatório da atividade encontra-se em tramitação no Congresso Nacional, através do Projeto de Lei 6.381/2005[28] , que visa substituir a Lei 6.662/1979, que disciplina a Política Nacional de Irrigação.[30] A Política Nacional de Recursos Hídricos é disciplinada pela Lei 9.433/1997, e gerenciada pelo Conselho Nacional.[28]
  • 8. Dentre os principais itens infraestruturais que demandam atenção pela atividade agrícola estão o transporte, os estoques reguladores, armazenagem, política de preço mínimo, defesa fitossanitária, entre outros. Escoamento da produção O transporte das safras é um dos problemas estruturais enfrentados pela agricultura, no Brasil. No Brasil não existe uma política de armazenamento da safra nas propriedades. A maioria do transporte é feito em rodovias, a grande parte em más condições de tráfego, através de caminhões. O custo do transporte, em geral recaindo sobre o produtor, é elevado e não obedece aos princípios de logística.[32] Na safra 2008/2009, por exemplo, a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) denunciava o estado precário das estradas da região Centro-Oeste, algumas com problemas desde 2005 e, a despeito de solicitações às entidades governamentais, nada havia sido feito.[33] A despeito disto, o governo federal elaborou, em 2006, um Plano Nacional de Logística e Transportes, destinado a proporcionar um melhor escoamento da produção.[34] A falta de investimentos no setor, entretanto, continua a ser o principal problema na logística de escoamento. Estoques reguladores e preço mínimo Um bom exemplo da necessidade da formação de estoques reguladores está na produção de álcool combustível a partir da cana-de-açúcar. A grande variação de preços ao longo do ano-safra, que variam por razões climáticas e fitossanitárias, justificam a formação de estoques.[35] Os estoques também visam assegurar estabilidade aos rendimentos dos agricultores, além de impedir a flutuação de preços entre-safras. Até a década de 1980 havia no país a implantação da chamada Política de Garantia de Preços Mínimos, que perdeu importância na política agrícola a partir dos anos 90, com a globalização. O principal efeito é a instabilidade de preços dos produtos agrícolas. [36] A composição de estoques, no plano nacional, compete à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).[37] Armazenagem A armazenagem agrícola é uma das etapas da produção da agricultura do país que apresentam necessidades de investimento e ampliação, a fim de acompanhar o desenvolvimento do setor. Dentre as ações logísticas da produção, a capacidade de armazenagem brasileira, em 2003, era de 75% da produção de grãos,[38] quando o ideal é que seja 20% superior à safra.[39]
  • 9. A produção, por falta de armazéns e silos, precisa ser comercializada rapidamente. Segundo dados da Conab, apenas 11% dos armazéns estão nas fazendas (enquanto na Argentina esse total é de 40%, na União Européia de 50%, no Canadá chega a 80%). Isto força o agricultor a servir-se dos serviços de terceiros, para estocar sua produção. Fatores sazonais, como a quebra de safras e defasagem cambial descapitalizam o produtor, e este não consegue investir na construção de silos. Com estes pode negociar sua produção em condições mais favoráveis, e não quando da colheita, apenas. A situação brasileira permite dizer que os caminhões se transformam em "silos sobre rodas".[39] Agricultura familiar no Brasil A agricultura familiar, assim considerada a que emprega apenas o núcleo familiar (pai, mãe, filhos e, eventualmente, avós e tios) nas lides da terra,[40] podendo empregar até cinco trabalhadores temporários,[41] é responsável direta pela produção de grande parte dos produtos agrícolas brasileiros. Responde, assim, pela produção de 84% da mandioca, 67% do feijão e 49% do milho.[40] Na década de 1990 a agricultura familiar apresentou um crescimento de sua produtividade na ordem de 75%, contra apenas 40% da agricultura patronal. Isso deve-se, em grande parte, à criação do PRONAF (Programa Nacional da Agricultura Familiar), que abriu uma linha especial de crédito para o financiamento do setor. Segundo o Censo Agropecuário de 1995/96, do IBGE, havia no país 4.339.859 estabelecimentos familiares no país, com área até 100 ha.[41] Até 2009 foram realizadas seis edições da Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária, sendo as quatro primeiras edições em Brasília e as duas últimas no Rio de Janeiro. Seu objetivo é divulgar a importância do setor para a economia brasileira, pois responde por 70% dos alimentos consumidos no pais, o que perfaz um total de 10% do PIB.[42] Extrativismo vegetal A colonização do país iniciou-se com o extrativismo vegetal: a exploração da madeira do pau-brasil, chamado pelos nativos de ibirapitanga, e que acabou dando o nome à terra descoberta pelos portugueses.[43] Existem no Brasil quarenta e nove reservas extrativistas e sessenta e cinco florestas protegidas por lei federal, com o intuito de preservar o ambiente natural, nas quais é incentivada a prática do extrativismo vegetal como modo de interagir com o meio, sem degradá-lo.[44] Por falta de incentivo governamental as reservas extrativistas vêm se tornando inviáveis economicamente. O caso da borracha natural é um caso típico: no Acre cerca de quatro mil famílias teriam abandonado a atividade, conforme revelado por políticos do estado no início de 2009. A seringueira vem sendo cultivada, após ter passado por aclimatação, com grande sucesso, no estado de São Paulo, onde mais de trinta e seis mil hectares foram plantados com a árvore - enquanto o Acre conta com pouco mais de mil hectares.[45]
  • 10. A despeito disso, o pesquisador Alfredo Homma, que há mais de três décadas estuda o ambiente amazônico, assinala que a prática é inviável economicamente, em longo prazo. Para tanto ressalta exemplificando que para extrair o látex de quatrocentas e cinquenta árvores um seringueiro deve dispor de uma área superior a trezentos hectares, quando as mesmas plantas podem ser cultivadas em igual número numa área equivalente a um campo de futebol. O cultivo de áreas já degradadas com árvores nativas deve ser uma solução economicamente viável, segundo o estudioso, como já vem sendo feito em várias culturas que tiveram aumento da demanda, a exemplo do cupuaçu e do jaborandi.[44] Segundo o IBGE, no ano de 2003 a produção do extrativismo vegetal apresentou os seguintes dados: o setor não-madeireiro, que representa 35% do extrativismo, produziu um valor de quatrocentos e quarenta e nove milhões de Reais, com os seguintes produtos principais: piaçava (27%), babaçu (amêndoa - 17%), açaí (16%), erva-mate (14%), carnaúba (8%) e castanha-do-pará (5%). Já o setor madeireiro representa 65% do extrativismo no país.[46] Trabalho escravo e infantil No Brasil ainda se verificam situações de trabalho escravo e infantil. Segundo dados do Departamento de Trabalho do governo dos Estados Unidos da América, o país ocupa o terceiro lugar no mundo em ocorrências dessas modalidades ilegais de trabalho (junto a Índia e Bangladesh, empatados), sendo que o setor de agronegócio responde com oito das trezes atividades em que tais irregularidades têm maior incidência, com destaque para a pecuária e os cultivos de sisal, cana-de- açúcar, arroz, tabaco e carvão vegetal. A despeito dessa posição, o país teve sua atuação no combate dessa situação elogiada, sendo que no período 1995-2009 cerca de trinta e cinco mil trabalhadores foram libertados das condições aviltantes de trabalho.[47] Para o Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ministro Lélio Bentes, a Organização Internacional do Trabalho - OIT - reconhece o empenho brasileiro no combate às práticas criminosas de trabalho, que passam pela aplicação de multas; dentre as causas aponta a pobreza e a desinformação, ressaltando que para a solução definitiva mister a constante fiscalização das propriedades, e ainda a possível aprovação de Projeto de Emenda à Constituição (PEC), que prevê a perda do imóvel para os proprietários flagrados em situação irregular.[48] Agricultura e impacto ambiental No Brasil o setor agropecuário e o desmatamento respondem por 75% das emissões de gases responsáveis pela mudança do clima. Em razão disto, algumas iniciativas vêm sendo adotadas, com objetivo de minimizar esse impacto, sobretudo pela redução do desmatamento para a expansão agrícola e pecuária: a chamada "Moratória da Soja", o Zoneamento Agroecológico da Cana-de-açúcar, e o uso da fertirrigação nesta última, são exemplos dessas ações.[49] Erosão do solo
  • 11. Um dos problemas enfrentados pela agricultura brasileira é a falta de cuidados referentes ao uso do solo e controle da erosão. Uma grande parte das regiões Sudeste e Nordeste do país é de formações rochosas graníticas e de gnaisse, sobre as quais assenta-se uma camada de regolito, bastante suscetível à erosão e formação de voçorocas. Autores, como Bertoni e Lombardi Neto, apontam essa condição como um dos maiores riscos ambientais do país, e grande parte delas são decorrentes da ação humana.[50] A erosão impõe a reposição de nutrientes ao solo, em consequência da perda dos mesmos, e ainda provoca perda da estrutura, textura, e diminuição das taxas de infiltração e retenção de água.[51] Os procedimentos usados comumente no preparo do plantio, como a aração e uso de herbicidas para o controle das ervas daninhas acabam por deixar o solo exposto e suscetível à erosão - quer pelo carregamento da camada superficial (e mais rica em nutrientes), quer pela formação das voçorocas. A terra levada pela água, assim, provoca o assoreamento de rios e reservatórios, ampliando deste modo o impacto negativo no ambiente. Uma das soluções é o chamado plantio direto, prática ainda pouco divulgada no país.[52] Agrotóxicos no Brasil Existem quatro mil tipos de agrotóxicos, que resultam em cerca de quinze mil formulações distintas, dos quais oito mil estão licenciadas no Brasil. São produtos como inseticidas, fungicidas, herbicidas, vermífugos, e ainda solventes e produtos para higienização de instalações rurais, dentre outros. Seu uso indiscriminado provoca o acúmulo dessas substâncias no solo, água (mananciais, lençol freático, reservatórios) e no ar - e são largamente utilizados para manter as lavouras livres de pragas, doenças, espécies invasoras, tornando assim a produção mais rentável. [53] O Brasil apresenta uma taxa de 3,2 kg de agrotóxicos por hectare - ocupando a décima posição mundial, para alguns estudos, e a quinta, em outros. O estado de São Paulo é o maior consumidor, no país, sendo também o maior produtor (com cerca de 80% da produção nacional). Para o controle dos efeitos danosos ao meio ambiente do uso dessas substâncias é preciso a educação do agricultor, a prática do plantio direto, e ainda o esforço de órgãos tecnológicos como a EMBRAPA, com o desenvolvimento de espécies mais resistentes, de técnicas que minimizem a dependência aos produtos, do controle biológico de pragas, entre outros.[53] No ano de 2007 os produtos que apresentaram maior índice de contaminação por agrotóxicos foram tomate, alface e morango, sendo o agricultor o principal afetado. Isso decorre porque é baixa a conscientização do produtor e poucos são os que cumprem as determinações legais para o uso dessas substâncias, como a de Equipamento de Proteção Individual (EPI).[54] Segundo informações da Anvisa com base em dados da ONU e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, as lavouras brasileiras utilizam pelo menos dez tipos de agrotóxicos considerados proibidos em outros mercados, como União Europeia e Estados Unidos.[55]
  • 12. Transgênicos no Brasil O país ocupa a terceira posição mundial no uso de sementes transgênicas. As principais culturas que usam dessa biotecnologia são a soja, o algodão e, desde 2008, o milho.[56] Diversas ONGs nacionais ou internacionais brasileiras, como o Greenpeace, MST ou Contag, manifestaram-se contrários ao cultivo de plantas geneticamente modificadas no país, expondo argumentos como a desvalorização destes no mercado, a possibilidade de impacto ambiental negativo, a dominação econômica pelos grandes empresários, dentre outros.[57] Entidades ligadas ao agronegócio, entretanto, apresentam resultados de estudos efetuados pela Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), nos anos de 2007 e 2008, tendo como resultado "vantagens socioambientais observadas nos demais países que adotaram a biotecnologia agrícola há mais tempo"[56] No país a Justiça Federal decidiu que alimentos que contenham mais de 1% de transgênicos em sua composição devem, nos seus rótulos, expor a informação em destaque, a fim de informar o consumidor.[58] Cultivo orgânico A chamada Agricultura orgânica visa a produção de alimentos sem uso de fertilizantes, agrotóxicos, agroquímicos, etc. O Censo Agrícola de 2006 do IBGE reportou a existência de noventa mil estabelecimentos do tipo no Brasil, o que perfaz 2% do total; destes, entretanto, apenas 5106 possuem o certificado de produção orgânica.[59] Os orgânicos estão presentes sobretudo nas pequenas e médias propriedades, e a maioria dos produtores estão organizados em associações ou cooperativas. O estado com maior número de produtores é a Bahia (223), seguido por Minas Gerais (192), São Paulo (86), Rio Grande do Sul (83), Paraná (79), Espírito Santo (64) e outros.[59] O programa Organics Brasil, constituído em 2005, visa promover as exportações do setor.[59] Solos brasileiros O programa de mapeamento e classificação dos solos do país teve início em 1953, com a elaboração da Carta de Solos do Brasil, resultando na publicação do primeiro mapa pelo IBGE no ano de 2003. O conhecimento dos solos foi um dos fatores que permitiram a ampliação produtiva da agricultura, no período a partir de 1975. O Centro-Oeste teve sua expansão efetivada graças ao uso da tecnologia; a região é constituída principalmente por latossolos, tem-se que estes tipos de solo favorecem a mecanização desde o preparo do terreno até a colheita, em face da qualidade do relevo, embora sejam pobres em nutrientes.[60] A classificação dos solos do país, seu estudo e sistematização são capitaneados pela Embrapa Solos, contando ainda com a participação de diversas entidades, no
  • 13. passado e no presente, tais como o Projeto RADAM, a Universidade Rural (atual UFRRJ) e diversos cursos de Agronomia.[61] Evolução do agronegócio brasileiro Durante as duas décadas finais do século XX, o Brasil assistiu a uma brutal evolução na sua produção agrícola: em uma área praticamente igual à do início dos anos 80, a produção praticamente dobrou no final do século. Em 2010, a OMS aponta o país como o terceiro maior exportador agrícola do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e União Europeia.[62][63] Vários fatores levaram a este resultado, tais como a melhoria dos insumos utilizados (sementes, adubos, máquinas), as políticas públicas de incentivo à exportação, a diminuição da carga tributária (como, por exemplo, a redução do imposto de circulação, em 1996), a taxa de câmbio real que permitiu estabilidade de preços (a partir de 1999), o aumento da demanda dos países asiáticos, o crescimento da produtividade das lavouras[62] e outros componentes, como a intercessão governamental junto à OMC para derrubar barreiras comerciais existentes contra produtos brasileiros em países importadores.[64] Esta evolução do setor permitiu que a agricultura passasse a representar quase um terço do PIB nacional. Esta avaliação leva em conta não somente a produção campesina em si mesma, mas de toda a cadeia econômica envolvida: desde a indústria produtora dos insumos até aquela envolvida no seu beneficiamento final, transporte, etc.[64] Enquanto a agricultura propriamente dita apresentou, no período de 1990 a 2001 uma queda na oferta de empregos, o setor do agronegócio praticamente triplicou a oferta de empregos (que saltou de trezentos e setenta e dois mil para um milhão e oitenta e dois mil, no interregno). O número de empresas era, em 1994, de dezoito mil, e em 2001 saltou para quase quarenta e sete mil. Já a relação emprego/produtividade na agricultura apresentou um crescimento expressivo, oposto à diminuição do número de trabalhadores. [65] Perspectivas e limitações O setor agrícola brasileiro possui possibilidades de ampliar a produção existente. Para tanto, há que se considerar as áreas em que pode haver expansão da fronteira agrícola, bem como o incremento daquelas subexploradas. Fatores que limitam essa expansão vão desde o surgimento de pragas em virtude das monoculturas, infraestruturais (vide a seção sobre o transporte), os problemas ambientais gerados por práticas como o desmatamento, etc.[64] Balança comercial agrícola Dentre os produtos do agronegócio a soja é o líder. No período compreendido entre agosto de 2007 e julho de 2008 as exportações agrícolas renderam ao país sessenta e oito bilhões e cem milhões de dólares, que fizeram o setor apresentar um
  • 14. superávit (diferença entre o valor importado e o exportado) de cinqüenta e sete bilhões e trezentos milhões de dólares, no período.[66] Mercados externos No ano de 2008 o maior mercado consumidor dos produtos agrícolas brasileiros foi a União Européia. A China, entretanto, foi o país que, individualmente, teve maior participação como importador, com um montante de 13,2% no total, seguido pelos Países Baixos (com 9,5%) e Estados Unidos da América (8,7%).[66] Agronegócio por regiões As Regiões do Brasil possuem ampla diversidade climática e, portanto, apresentam vocação agrícola e industrial com problemáticas bastante diferenciadas, trazendo assim participações bem distintas no agronegócio. No ano de 1995, as regiões brasileiras participavam, percentualmente, da seguinte forma no total do volume do setor: Norte – 4,2%; Nordeste – 13,6%; Centro-Oeste – 10,4%; Sudeste – 41,8%; e Sul – 30,0%, dados estes que revelam a concentração nestas duas últimas regiões de mais de setenta por cento de todo o montante do agronegócio brasileiro. Este quadro vem se alterando, com a pequena e gradual ampliação das regiões Centro-Oeste e Norte.[67] Região Sul Nos estados do Sul brasileiro (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) houve considerável participação das cooperativismo. Os produtos de maior representatividade no PIB agrícola do país são a avicultura e o arroz irrigado, que lidera, e posições estáveis com o milho e o feijão - havendo perdido as posições que ocupava no ranking nacional em produtos como soja, trigo, cebola, batata e outros. [68] É, ainda, a maior produtora de tabaco no país que, por sua vez, é o maior exportador mundial.[69] A vocação agrícola no Sul, incrementada a partir da década de 30, coincidiu com a integração com os setores industriais da região. Enquanto nos demais estados as indústrias tenderam, na atualidade, à importação dos insumos, Santa Catarina mantém um elevado grau de interdependência do setor industrial com o agrícola. [70] No Rio Grande do Sul, sobretudo, é importante a participação do chamado agronegócio familiar, derivado sobretudo do modelo de colonização ali verificado, com expressiva representatividade no PIB agrícola daquele estado. Outro fator importante é que este modelo proporciona um elevado grau de fixação do homem no campo, bem como a interação entre os pequenos produtores.[71] No ano de 2004 a região respondia com 14,4% da produção frutícola, ocupando o terceiro lugar do país.[72] Região Sudeste
  • 15. Em 1995 o Sudeste (composto pelos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo), era responsável pela maior participação no montante do agronegócio do país, mas em tendência de queda face a expansão das fronteiras agrícolas e à instalação de indústrias noutras regiões.[67] O Sudeste é o maior produtor nacional de frutas, com 49,8% do total nacional, em dados de 2004.[72] A região concentra 60% das empresas de software voltadas para o agronegócio, segundo levantamento efetuado pela Embrapa Informática Agropecuária (situada em Campinas/SP).[73] Quanto à exportação, o setor do agronegócio ocupava a segunda posição nacional, no período de 2000 a maio de 2008, ficando atrás da Região Sul; o Sudeste representou 36% do montante exportado de 308 bilhões de dólares - os produtos que mais se destacaram no comércio exterior na região foram o açúcar (17,27%), café (16,25%), papel e celulose (14,89%), carnes (11,71%) e hortifrutícolas (com destaque para o suco de laranja) com 10,27%.[74] Região Nordeste No Nordeste brasileiro, região formada por nove estados (Bahia, Sergipe, Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão) 82,9 % da mão de obra do campo equivale à agricultura familiar.[75] A região é a maior produtora nacional de banana, respondendo pelo montante de 34% do total.[76] Lidera, ainda, a produção da mandioca, com 34,7% do total.[77] Segunda maior produtora de arroz, com uma safra estimada para 2008 de um milhão, cento e catorze mil toneladas, em que o Maranhão tem majoritária participação (com 668 mil toneladas).[78] Também ocupa a segunda posição na produção frutícola, com 27% da produção nacional.[72] Um dos grandes problemas da região são as estiagens prolongadas, mais fortes nos anos em que ocorre o fenômeno climático do El Niño. Isso provoca o êxodo rural, a perda de produção, minimizados seus efeitos por meio de ações governamentais de emergência, através da construção de açudes e outras obras paliativas, como a transposição do Rio São Francisco. As piores secas dos últimos anos foram as de 1993, 1998 e 1999, a primeira considerada a pior em cinquenta anos.[79] Região Norte A região Norte (composta pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) tem como principal característica a presença do bioma amazônico, em que a floresta tropical é marcante (e, por sua presença em parte do estado do Maranhão, este é incluído nas ações de governo nesta região). O grande desafio da região é aliar a rentabilidade e produtividade com a preservação da floresta.[80] A região já foi responsável, por um breve período, pela produção do mais importante produto de exportação brasileiro, no final do século XIX e começo do XX, durante o chamado Ciclo da borracha, em que o extrativismo da seringueira gerou o avanço das fronteiras nacionais (conquista do Acre), até o contrabando da árvore pela Inglaterra e sua aclimatação em países asiáticos.[81]
  • 16. É a segunda maior produtora nacional de banana, respondendo por 26% do total. [76] Também é a segunda na produção de mandioca (com 25,9% do total), ficando atrás somente do Nordeste.[77] Na produção de frutas ocupa a penúltima posição, responde por 6,1% da produção nacional, à frente apenas da região Centro-Oeste. [72] Região Centro-Oeste Há cerca de trinta anos a região era quase desconhecida em seu potencial econômico. O principal bioma é o cerrado, cuja exploração foi possível graças às pesquisas para adaptação de novos cultivares de vegetais como o algodão, girassol, cevada, trigo, etc. - permitindo que, em 2004, viesse a se tornar a responsável pela produção de 46% da soja, milho, arroz e feijão produzidos no país.[82] Essa é a região onde a fronteira agrícola brasileira teve maior expansão. Em as três últimas décadas do século XX sua agricultura teve um crescimento de cerca de 1,5 milhão de toneladas de grãos por safra, saltando de uma produção de 4,2 milhões para 49,3 milhões de toneladas, em 2008 - um crescimento superior a mil e cem por cento.[83] A área cultivada na região, que compreende os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e o Distrito Federal em 2008 era de quinze milhões e cem mil hectares, tendo avançado nos primeiros anos do século XXI, sobretudo sobre áreas anteriormente dedicadas à pecuária. Dentre os principais fatores que levaram a esse crescimento conta-se a abertura de estradas, que facilitou o escoamento da produção.[83] Na fruticultura a participação da região, em dados de 2004, aponta o último lugar no país, com 2,7% do total produzido.[72] Principais produtos Dada a sua grande variedade climática e extensão territorial, o país possui variadas áreas especializadas em determinados cultivos - por vezes dentro dum mesmo estado da federação - como, por exemplo, na Bahia, em que se tem o cultivo de soja e algodão, na sua região oeste, de cacau, no sul, frutas, no Médio São Francisco, feijão em Irecê, etc. Também um produto agrícola encontra áreas distintas no território nacional - como por exemplo o arroz, que é plantado no Rio Grande do Sul, no sul do Maranhão e Piauí, em Sergipe e nas regiões Norte e Centro-Oeste. Alguns produtos, como o trigo, arroz e feijão[84] , não tem produção suficiente para atender à demanda interna; outros, como a soja, são quase que exclusivamente produzidos para exportação (a soja é o principal produto exportado pelo agronegócio brasileiro[66]). Por ordem alfabética, os principais produtos agrícolas do Brasil são: Algodão - Arroz - Café - Cana-de-açúcar - Feijão - Floricultura e paisagismo - Frutas e culturas perenes – Banana - Cacau - Laranja (citros) -Silvicultura e madeira -Horticultura -Tomate -Cebola -Mandioca - Milho - Soja - Tabaco