1. A CIDADE E AS SERRAS
(FUVEST 2007)Texto para as questões 1 a 3
Já a tarde caía quando recolhemos muito lentamente. E toda essa adorável paz do céu, realmente
celestial, e dos campos, onde cada folhinha conservava uma quietação contemplativa, na luz docemente
desmaiada, pousando sobre as coisas com um liso e leve afago, penetrava tão profundamente Jacinto,
que eu o senti, no silêncio em que caíramos, suspirar de puro alívio.
1. Considerado no contexto de A cidade e as serras, o diálogo presente no excerto revela que, nesse
romance de Eça de Queirós, o elogio da natureza e da vida rural
a) indica que o escritor, em sua última fase, abandonara o Realismo em favor do Naturalismo,
privilegiando, de certo modo, a observação da natureza em detrimento da crítica social.
b) demonstra que a consciência ecológica do escritor já era desenvolvida o bastante para fazê-lo rejeitar,
ao longo de toda a narrativa, as intervenções humanas no meio natural.
c) guarda aspectos conservadores, predominantemente voltados para a estabilidade social, embora
o escritor mantenha, em certa medida, a prática da ironia que o caracteriza.
d) serve de pretexto para que o escritor critique, sob certos aspectos, os efeitos da revolução industrial e
da urbanização acelerada que se haviam processado em Portugal nos primeiros anos do Século XIX.
e) veicula uma sátira radical da religião, embora o escritor simule conservar, até certo ponto, a veneração
pela Igreja Católica que manifestara em seus primeiros romances.
2. Entre os seguintes fragmentos do excerto, aquele que, tomado isoladamente, mais se coaduna com as
idéias expressas na poesia de Alberto Caeiro é o que está em
a) “toda essa adorável paz do céu, realmente celestial”.
b) “cada folhinha conservava uma quietação contemplativa”.
c) “na Natureza não há pensamento”.
d) “dormir dentro da mão de Deus”.
e) “é necessário então viver num mosteiro”.
3. Considere as seguintes afirmações:
I. Assim como Jacinto, de A cidade e as serras, passa por uma verdadeira “ressurreição” ao mergulhar
na vida rural, também Augusto Matraga, de Sagarana, experimenta um “ressurgimento” associado a uma
renovação da natureza.
II. Também Fabiano, de Vidas secas, em geral pouco falante, experimenta uma transformação ligada à
natureza: a chegada das chuvas e a possibilidade de renovação da vida tornam-no loquaz e desejoso de
expressar-se.
III. Já Iracema, quando debilitada pelo afastamento de Martim, não encontra na natureza forças capazes
de salvar-lhe a vida.
1. (UNICENTRO) A única passagem que NÃO encontra apoio em A Cidade e as Serras, de Eça de
Queirós, é
A) Em A Cidade e as Serras, José Fernandes, de rica família proveniente de Guiães, região serrana de
Portugal, narra a história de Jacinto de Tormes, seu amigo também fidalgo, embora nascido e criado em
Paris.
B) A Cidade e as Serras explora uma grave tese sociológica: ser-nos preferível viver e proliferar
pacificamente nas aldeias a naufragar no estéril tumulto das cidades.
C) Para Jacinto, Portugal estava associado à infelicidade, enquanto Paris associava-se à felicidade; ao
longo do romance, contudo, essa opinião se modifica.
D) No romance dois ambientes distintos são enfocados ao longo das duas partes em que o livro pode ser
dividido: a civilização e a natureza.
E) Já avançado em idade, Jacinto se aborrece com as serras e tenciona reviver as orgias parisienses,
mas faltam-lhe, agora, saúde e riqueza.
2. (FOVEST) O romance A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, publicado em 1901, é
desenvolvimento de um conto chamado “Civilização”. Do romance como um todo pode afirmar-se que
A) apresenta um narrador que se recorda de uma viagem que fizera havia algum tempo ao Oriente Médio,
à Terra Santa, de onde deveria trazer uma relíquia para uma tia velha, beata e rica.
B) caracteriza uma narrativa em que se analisam os mecanismos do casamento e o comportamento da
pequena burguesia da cidade de Lisboa.
C) apresenta uma personagem que detesta inicialmente a vida do campo, aderindo ao
desenvolvimento tecnológico da cidade, mas que ao final regressa à vida campesina e a transforma
com a aplicação de seus conhecimentos técnicos e científicos.
2. D) revela narrativa cujo enredo envolve a vida devota da província e o celibato clerical e caracteriza a
situação de decadência e alienação de Leiria, tomando-a como espelho da marginalização de todo o país
com relação ao contexto europeu.
E) se desenvolve em duas linhas de ação: uma marcada por amores incestuosos; outra voltada paraa
análise da vida da alta burguesia lisboeta.
Comentário: Em A Cidade e as Serras, o narrador conta a vida deseu amigo, Jacinto, defensor da vida
urbana hipercivilizada, repleta de tecnologia e artificialismos. Inicialmente, Jacinto acreditava que "o
homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado", porém ao partir para o campo,
Tormes, cidade fictícia, em Portugal, ele recupera suas origens, torna-se mais compreensivo com o que
antes rejeitava e integra-se à vida rural, trabalhando nos campos elevando para a vida campesina o que a
sociedade urbana e a tecnologia ofereciam de melhor.
3Considerado no contexto de A cidade e as serras, o diálogo presente no excerto revela que, nesse
romance de Eça de Queirós, o elogio da natureza e da vida rural
a) indica que o escritor, em sua última fase, abandonara o Realismo em favor do Naturalismo,
privilegiando, de certo modo, a observação da natureza em detrimento da crítica social.
b) demonstra que a consciência ecológica do escritor já era desenvolvida o bastante para fazê-lo rejeitar,
ao longo de toda a narrativa, as intervenções humanas no meio natural.
c) guarda aspectos conservadores, predominantemente voltados para a estabilidade social, embora
o escritor mantenha, em certa medida, a prática da ironia que o caracteriza.
d) serve de pretexto para que o escritor critique, sob certos aspectos, os efeitos da revolução industrial e
da urbanização acelerada que se haviam processado em Portugal nos primeiros anos do Século XIX.
e) veicula uma sátira radical da religião, embora o escritor simule conservar, até certo ponto, a veneração
pela Igreja Católica que manifestara em seus primeiros romances.
4. (PUC) O romance A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, publicado em 1901, é desenvolvimento de
um conto chamado “Civilização”. Do romance como um todo pode afirmar-se que
A) apresenta um narrador que se recorda de uma viagem que fizera havia algum tempo ao Oriente Médio,
à Terra Santa, de onde deveria trazer uma relíquia para uma tia velha, beata e rica.
B) caracteriza uma narrativa em que se analisam os mecanismos do casamento e o comportamento da
pequena burguesia da cidade de Lisboa.
C) apresenta uma personagem que detesta inicialmente a vida do campo, aderindo ao
desenvolvimento tecnológico da cidade, mas que ao final regressa à vida campesina e a transforma
com a aplicação de seus conhecimentos técnicos e científicos.
D) revela narrativa cujo enredo envolve a vida devota da província e o celibato clerical e caracteriza a
situação de decadência e alienação de Leiria, tomando-a como espelho da marginalização de todo o país
com relação ao contexto europeu.
E) se desenvolve em duas linhas de ação: uma marcada por amores incestuosos; outra voltada para a
análise da vida da alta burguesia lisboeta.
1. (UNICAMP – 2008) O poema abaixo pertence a O Guardador de Rebanhos, de Alberto Caeiro:
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
(Fernando Pessoa, Obra Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1983, p.142.)
O trecho abaixo pertence ao capítulo VIII de A cidade e as serras, em que se narra a viagem de Jacinto a
Tormes.
Trepávamos então alguma ruazinha de aldeia, dez ou doze casebres, sumidos entre figueiras, onde se
esgaçava, fugindo do lar pela telha-vã o fumo branco e cheiroso das pinhas. Nos cerros remotos, por
3. a) O que o trecho revela da visão de Jacinto sobre a aldeia e que afinidade existe entre essa visão e a de
Alberto Caeiro no poema da questão anterior?
Em sua viagem à terra natal, Jacinto reencontra o passado e vivencia as delícias da vida no campo,
à qual se integrará progressivamente. A imagem que o narrador, José Fernandes, oferece da
pequena aldeia, impregnada de ternura (“ruazinha”), sugere o encanto de Jacinto diante daquela
paisagem serrana pacata. A linguagem, repleta de lirismo e comoção (“Que beleza!”), expressa a
valorização da vida no ambiente campestre em contraposição à civilização, representada pela
cidade de Paris, que Jacinto abandona para visitar o interior de Portugal. Tanto em Eça de Queirós
quanto em Alberto Caeiro, o retorno a certo ideal bucólico de felicidade,
marcado pela celebração dos prazeres da vida simples, serve de antítese para o sentimento de tédio
e opressão que o artificialismo da vida urbana impõe.
b) Explique a relação entre o protagonista e a paisagem nas duas frases sublinhadas.
Jacinto, caracterizado inicialmente como um homem parisiense, de gosto refinado, entusiasta da
filosofia e das ciências modernas, sente-se tocado pela paisagem rural do interior. As frases citadas
expressam o sentimento de alegria que o domina e a sensação de aconchego experimentada em meio
àquela paisagem, que se lhe mostra familiar, mas da qual ele havia se distanciado. O encontro com
as serras portuguesas revitaliza sua alma, dá-lhe força e ânimo, ao mesmo tempo que lhe
proporciona uma sensação de bem-estar.
2. (FUVEST 2009) Leia o trecho de A cidade e as serras, de Eça de Queirós, e responda ao que se pede.
Então, de trás da umbreira da taverna, uma grande voz bradou, cavamente, solenemente:
- Bendito seja o Pai dos Pobres!
a) No trecho, Jacinto é chamado, pelo velho, de “Pai dos Pobres”. Essa qualificação indica que Jacinto
mantinha com os pobres da serra uma relação democrática e igualitária? Justifique sua resposta.
Apesar de ter sido chamado pelo velho de “Pai dos pobres”, não podemos considerar a relação de
Jacinto com eles como democrática e igualitária. Percebe-se, na obra, uma transformação profunda
do protagonista após a mudança para Tormes, mas ele vive a consciência de ser Senhor das terras
mantendo o status quo de que sempre desfrutou
b) Tendo em vista o contexto da obra, explique sucintamente por que o narrador, no final do trecho, se
refere a “el-rei D. Sebastião”.
D. Sebastião, rei de Portugal e esperança de reconstituição do Grande Império Português,
desapareceu em 1578 sem deixar herdeiros. Sua figura mítica permanece no imaginário do povo,
que espera seu retorno. Assim, a relação entre “El-rei” e Jacinto torna-se clara: por proteger os
pobres, a figura do protagonista pode ser tida como a realização da mitológica volta do grande rei
aos olhos da população esperançosa.
1. Leia o trecho seguinte, pertencente ao romance A cidade e as serras, de Eça de Queirós:
Por uma conclusão bem natural, a idéia de Civilização, para Jacinto, não se separava da imagem de
Cidade, duma enorme Cidade, com todos os seus vastos órgãos funcionando poderosamente. Nem este
meu supercivilizado amigo compreendia que longe de armazéns servidos por três mil caixeiros; e de
Mercados onde se despejam os vergéis e lezírias de trinta províncias; e de Bancos em que retine o ouro
A partir da leitura do trecho acima, pode-se afirmar que, para Jacinto:
a) a ideia de civilização está associada à vida distanciada da balbúrdia da cidade, com seus mercados,
bancos, fábricas e bibliotecas.
b) a civilização é indissociável da cidade, que deve estar aparatada com o que há de mais moderno
em termos de técnica produzida pelo homem.
c) civilização e cidade são inseparáveis, apesar de Jacinto condenar o exagero de atividade existente na
cidade.
d) a busca dura do pão e a ilusão do gozo só podem se realizar plenamente quando a cidade possui fios de
telégrafos e de telefones e canos de gases e de fezes.
e) a delícia de viver, para o homem do século XIX, se manifesta na vida no campo, longe da cidade e da
civilização.
4. 2. Leia os textos a seguir:
Aqui tens tu, Zé Fernandes - começou Jacinto, encostado à janela do mirante -, a teoria que me governa,
bem comprovada. Com estes olhos que recebemos da Madre natureza, lestos e sãos, nós podemos apenas
distinguir além, através da Avenida, naquela loja, uma vidraça alumiada. Mais nada! Se eu, porém, aos
meus olhos juntar os dois vidros simples dum binóculo de corridas, percebo, por trás da vidraça,
Eça de Queirós. A cidade e as serras.
Essa busca insaciável pelas novidades eletrônicas se deve, em parte, à velocidade impressionante com
que produtos inovadores surgem no mercado e são alardeados pela publicidade. Mais importante que
isso, contudo, é que os aparelhos eletrônicos pessoais, principalmente os celulares, deixaram de
pertencer apenas à categoria das ferramentas utilitárias. Exibi-los tornou-se uma forma de expressão
pessoal, como no caso das roupas.
Carlos Rydlewski. “Tanta novidade até confunde.” Veja.com, jul. 2007.
Da comparação entre os textos pode-se concluir que:
a) ambos os textos valorizam a tecnologia, que permite que o homem se relacione de maneira mais
proveitosa com a realidade, permitindo que ele tenha uma visão mais completa e elevada do mundo.
b) ambos os textos contêm a ideia de que a tecnologia é prejudicial ao homem, porque o afasta da
natureza, transformando sua relação com o mundo em algo excessivamente artificial.
c) o primeiro texto, do século XIX, destaca o caráter de manifestação da individualidade que a tecnologia
pode proporcionar ao homem; o segundo, do século XXI, exalta a praticidade e a funcionalidade em que a
tecnologia se transformou atualmente.
d) o primeiro texto, do século XIX, demonstra o entusiasmo com a tecnologia e as novas
possibilidades que ela proporcionou ao homem de se relacionar com o mundo; o segundo, do século
XXI, revela que houve uma transformação, pois a tecnologia deixou de ser somente útil para se
tornar símbolo de status.
e) o primeiro texto, do século XIX, veicula o preconceito da sociedade da época, que via a tecnologia
como algo prejudicial ao homem; o segundo, do século XXI, demonstra como o homem se tornou melhor
a partir do desenvolvimento tecnológico.