1. PRÁTICAS DE ESCRITA NA INFÂNCIA: UMA
ABORDAGEM LINGUÍSTICO-DISCURSIVA DA
JUNÇÃO EM TEXTOS NARRATIVOS
Bruna de Paula Silva (PPGEL/IBILCE-
UNESP)
IV SEMINÁRIO DO CCO
2. Considerações introdutórias
1.
- Descrição e análise dos Mecanismos de Junção (MJ), em textos da
Tradição Discursiva (TD) narrativa, produzidos por sujeitos em
contexto de Aquisição da Escrita (AE);
- Abordagem linguístico-discursiva;
critério bidimensional de análise
sintático-semântico
escrita heterogeneamente
constituída
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3. 2. Material e metodologia
- O córpus consiste em 40 textos de sujeitos de 1ª a 4ª séries dos Ensino
Fundamental I, sendo 10 textos de cada seriação.
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4. - A análise segue uma metodologia qualitativo-quantitativa em direção
aos dados (os MJs provenientes da TD narrativa), descritos segundo as
frequências token e type e analisados sob a perspectiva de escrita
heterogênea.
2. Material e metodologia
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Tabela 1: Critério bidimensional de análise dos mecanismos de junção (LOPES-DAMASIO, 2019)
5. 3. Fundamentaçao teórica
A concepção de escrita heterogênea: consideração do modo de enunciação
escrito a partir da relação com o oral/falado e letrado/escrito, conforme
representação que o sujeito faz sobre a (sua) escrita por meio dos 3 eixos
que circula (CORRÊA, 2004);
A concepção de Aquisição da Escrita: movimento recíproco, constitutivo e
singular que se faz a partir da relação sujeito-linguagem-outro (LEMOS,
1998).
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6. 3. Fundamentaçao teórica
- O conceito de TD: paradigma teórico que identifica, juntamente com a
história social e a história da língua, uma história dos textos (KABATEK,
2006);
- O conceito de MJ: quaisquer técnicas usadas para juntar porções textuais
(RAIBLE, 2001).
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7. 4. Objetivo
- Identificar, no comportamento dos MJs, possíveis reflexos de TDs e
mesclas de TDs, visando à obtenção de conclusões acerca das
características dos textos e da tradição em que se inserem, com base em
um enfoque no contexto de aquisição de TDs no modo escrito de
enunciação.
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8. 5. Resultados e discussão
Gráfico 1:
Frequência token
dos MJs: eixo
vertical
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PARATAXE
89.8%
HIPOTAXE
10.2%
378
43
9. 5. Resultados e discussão
No que diz respeito ao eixo vertical, os usos paratáticos
foram predominantes em relação aos hipotáticos. Embora
menos frequentes, os resultados também atestaram a
junção hipotática, em todas as séries, e, a partir da 3ª série,
com maior recorrência.
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10. 5. Resultados e discussão
Gráfico 2:
Frequência token
dos MJs: eixo
horizontal
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32%
25% 24%
11. 5. Resultados e discussão
No que diz respeito ao eixo horizontal, os sentidos mais
frequentes foram os de adição (32%); causa (25%); e tempo
posterior (24%), característicos da TD narrativa.
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12. 5. Resultados e discussão
(1) Éra, uma feis uma Bruxa Ø um dia ela estava parada na
frente da casa déla [4-B/4/2S]
(2) nao posa porque milha mãe nao deixa [04-B/04/2S]
(3) derrepente apareceu uma tronba depois apareceu a cabeça
depois apareceu uma metade do corpo depois apareceu o
corpo entero [03-B/03/2S]
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13. 5. Resultados e discussão
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Texto 1: Texto escrito por sujeito da 2ª série do EF [05-B/05/2S].
07/03/2002
E.M.E.F. Dr Wilson Romano calil.
a Bruxa Medrosa
A Bruxa es tava an den do Ø derrepen-
te a pare seu un e lefente Ø socorro socorro
un e lefenta Ø o que vocequer Ø a un Bejo Ø
socorro socorro tire e a e elefente daci
14. 5. Resultados e discussão
Os MJs, enquanto marcas da relação oral/letrado e
falado/escrito, indiciam a relação que o sujeito-escrevente
possui com a própria representação que faz da escrita e da TD
narrativa.
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15. 5. Resultados e discussão
Imagem 1: Composição da TD
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16. 5. Resultados e discussão
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Os MJs ocorrem em fronteiras sintáticas de mesclas de
TDs constitutivas da TD narrativa, majoritariamente das
TDs descritiva, diálogo, listagem e explicativa.
17. 5. Resultados e discussão
Portanto, há uma tendência de relações entre os usos de MJs
aditivos, temporais e causais, com a aquisição da TD narrativa,
num esquema de composicionalidade em que, com maior
repetibilidade, as TDs diálogo, descritiva, listagem e explicativa
constituem a narração e caracterizam a sua aquisição.
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18. CORRÊA, M. L. G. O modo heterogêneo de constituição da escrita. SP: Martins Fontes, 2004.
HALLIDAY, M. A. K. An introduction to Functional Grammar. London: Edward Arnold, 1985.
KABATEK, J. Introduccion. In___ (ed.). Sintaxis histórica del español y cambio lingüístico: nuevas perspectivas desde las Tradiciones Discursivas. Madrid:
Iberoamericana; 2008.
______ Sobre a historicidade dos textos. Linha d’água. 2006; 17:157-170.
KORTMANN, B. Adverbial Subordination: a typology and History of Adverbial Subordinators Based on European Languagens. Berlin-New York, Mouton
de Gruyter; 1997.
LEMOS, C. T. G. Sobre a aquisição da escrita. Algumas questões. In: Rojo R. (Org.). Alfabetização e letramento. Campinas: Mercado de Letras; 1998.
LOPES-DAMASIO, L. R. O movimento linguístico-discursivo na aquisição da escrita: uma abordagem dos mecanismos de junção aditivos na construção de
sentidos no texto. Filologia e Linguística Portuguesa (Online), v. 21, p. 147-170, 2019.
RAIBLE, W. Linking clauses. In: HASPELMATH, M. et al. (Ed). Language typology and language universals: an international handbook. Berlin: Walter de
Gruyter; 2001. p. 590-617.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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