1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA I
DESENHO INDUSTRIAL - HABILITAÇÃO EM PROJETO DE PRODUTO
PAULO VITOR PEREIRA TOURINHO
2. PAULO VÍTOR PEREIRA TOURINHO
MASCOTES PARA COOPERATIVA AMIGOS DO PLANETA
Trabalho de conclusão da disciplina
Desenvolvimento de Projeto de Produto
IV do curso de Design da Universidade do
Estado da Bahia – UNEB
Orientadora: Ana B. Simon
4. 4
Este memorial é resultado de estudos realizados em cumprimento da tarefa de
avaliação da matéria Desenvolvimento do Projeto do Produto IV, ministrada ao sexto
semestre do curso de Bacharelado em Desenho Industrial da Universidade do
Estado da Bahia, pela professora Ana Beatriz Simon. Cada aluno foi encarregado de
se especializar em uma situação e desenvolver soluções para os problemas
apresentados em determinado contexto.
Eu, Paulo Vítor Pereira Tourinho, autor desse material, optei pelo contexto da
Cooperativa Amigos do Planeta. Para ser mais exato, devido à minha experiência
individual com o desenho, me encarreguei de desenvolver algo próximo a um
mascote.
Referente à minha vivência profissional,fui vencedor do Concurso de
Ilustrações na categoria Preto & Branco do Anipolitan (Encontro de cultura Pop
Oriental) de 2009 e do Concurso de Elaboração de Personagem da Coelba em
parceria com Fala Menino, em 2007. Tenho experiência também no cenário de
ilustração para tatuagem, com uma Série de Desenhos (espécie de catálogo) em
circulação e vários freelances na área. Criei o Laboratório de Quadrinhos e
Ilustrações da UNEB (Universidade do Estado da Bahia), juntamente com mais
quatro colegas e o professor Alan Sampaio. O Laboratório publicará a nova edição
da histórica revista baiana Tudo com Farinha, em dezembro de 2011. Fiz a arte de
sua capa, contracapa e o roteiro e desenho de uma das histórias contidas na edição.
Atualmente, sou estagiário pela UATI (Universidade Aberta à Terceira Idade) e
freelancer na área da ilustração e programação visual. Em outubro serei publicado
no site da Zupi – revista expoente de arte gráfica e ilustração em geral.
Para mim, aliás, para qualquer espécie projetista ou artista, o desenho é a base de
tudo, sempre. Desde os croquis iniciais, até os dimensionamentos técnicos finais.
Isso sem contar com os testes e tentativas que foram descartados ao longo da
busca pela forma final. Para se ter uma idéia de quão presente é o desenho, basta
olhar para qualquer paisagem urbana e seus componentes. Analisando-se uma
5. 5
cidade, por menor que esta possa ser, a quantidade de cartazes, objetos, cadeiras,
postes, luzes, etc., é absurda. A consciência de que cada item deste cenário é
formado a partir de, no mínimo, um esboço inicial nos dá uma noção da importância
do desenho. Sua aplicação é infinita. Em síntese, o desenho é a linguagem da
imagem criada. E é de criação e desenho que se trata esse documento.
Ao longo das páginas que compõem esse documento, será apresentado o
desenvolvimento de soluções que inferem na imagem da Cooperativa Amigos do
Planeta. Os esboços e todo fundamento teórico contido aqui foram indispensáveis
para a elaboração do produto final.
6. 6
Antes de escrever um livro, é necessário estudar bem não só o assunto, mas
também o idioma e as letras. Para se falar sobre qualquer outra coisa, não é
diferente. É fundamental aprender os termos, as formas e o viés utilizado. Essa
regra é comum no mercado de ilustrações. Nele, cada traço quer dizer algo, seja do
autor ou da obra. O resultado se expressa de forma infinita misturando mensagens
objetivas com subjetivas.
A Cooperativa Amigos do Planeta iniciou sua jornada em 2004, reunindo um grupo
de trabalhadores desempregados e catadores de materiais recicláveis, com o
objetivo de promover a coleta seletiva no bairro. Desde o início não contavam com
apoio governamental e até hoje seus cooperados passam por dificuldades na busca
de uma melhor qualidade de vida, não apenas para eles como indivíduos, mas para
todos nós, no âmbito global. Seja em eventos de surf, fazendo coleta, ou em oficinas
de música para crianças carentes, com instrumentos reciclados, lá está a
Cooperativa.
A idéia de desenvolver mascotes para a Cooperativa Amigos do Planeta surgiu de
uma carência notada no seu padrão de arte gráfica. Notei a necessidade de agregar
mais sentimento e de criar um contexto dinâmico e atrativo para o espectador e
iniciei minhas pesquisas.
Olhar o cenário, o mercado e as tendências do segmento sempre é o primeiro passo
para quem objetiva desenhar algo. A cada dia surgem uma infinidade de novos
produtos (físicos ou não) que buscam a ascensão ou estabilidade, o que vai se
tornando, cada vez mais, uma tarefa difícil. A diferença entre atingir o sucesso ou
não, no mercado, pode ser estabelecida por minúcias. Em meio a um incessável e
crescente duelo de interesses, informações, cores e formas do mercado, o mais
memorável e mais simples pode tornar-se o melhor. Mas, como traduzir na medida
7. 7
certa um produto de forma marcante e simples? Essa pergunta foi o ponto de partida
para a solução apresentada neste documento.
A criação de um mascote não é só relativizada pelo meio, mas também interfere
nele. Cada traço de seu desenho deve explicitar o seu intuito. Foi de extrema
importância voltar-se ao contexto dos catadores e tentar estabelecer uma ponte
entre eles e a imagem almejada. Essa criação direcionaria toda a atmosfera estética
do material gráfico do grupo, todo o contexto e formato. As palavras chaves foram:
reciclagem, natureza e sociedade.
8. 8
Objetivo geral:
Tornar mais atrativo e incrementado o conteúdo impresso da Cooperativa
Amigos do Planeta.
Objetivos específicos:
Condensar, com considerável sucesso, as qualidades de educativo,
expressivo e divertido em um ou mais mascotes para a Cooperativa Amigos do
Planeta. O intuito é traduzir ao máximo a imagem almejada pela mesma e tentar
quebrar o preconceito vivido pelos catadores. Sentimento é a alma do projeto.
Busco um porta-voz carismático para atuar no site, em cartazes, em sinalizações,
banners, nas peças gráficas da cooperativa em geral. O traço almejado é algo de
fácil reprodução, uma vez que se torna interessante a quantidade quando se quer
difundir. Mascotes muito complexos correm o risco de serem muito mal reproduzidos
e se tornarem piada pela má qualidade, inferindo na imagem da marca. O que busco
é algo que seja simples, relativamente fácil (para ser reproduzido nas mais
diferentes técnicas, de serigrafia à grafitti) e ao mesmo tempo profissional.
Seriam fundamentais entrevistas, para depois partir para esboços mais consistentes.
Em seguida, para o sucesso desse projeto, devo realizar a eleição através de
votação quantitativa entre os cooperados. Nela, escolheriam uma das duas
propostas criadas por mim, que seria finalizada, junto com suas possibilidades de
aplicação.
9. 9
Projetos em geral são repletos de pontos fortes e fracos. Até os mais bem
planejados, se forem estudados a fundo vão ter pontos de insatisfação em alguma
área. A mesma regra acontece em sentido contrário. Os mal executados, se forem
estudados a fundo, revelarão grandes preciosidades criativas. O objetivo do estudo
de similares é questionar e aprender em cima dos erros e acertos alheios.
Os mascotes selecionados para essa análise de similares foram os mais
variados, seja no intuito ou no desenho. Podem não ser em sua maioria brilhantes
ou péssimos, mas com certeza forneceram um questionamento necessário na
construção da proposta desse documento. Foram escolhidos a dedo por motivos
distintos. Alguns estão de acordo com o tema (reciclagem, derivados), outros são
populares ou apenas esteticamente agradáveis.
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Personagem ilustrativo para o Programa Neblina Recicla
Programa implantado “no dia 04 de Dezembro de
2008, tem como objetivo melhorar o ambiente de
trabalho, a qualidade de vida e principalmente
preservar o meio ambiente.
Separando os restos do lixo, além de diminuir
impactos na natureza, também se gera empregos,
beneficiando assim a toda população.” A Neblina é
uma empresa distribuidora de materiais elétricos.
O personagem foi feito com o intuito de ser o mais
claro possível. É um recipiente de coleta que passa
com eficácia a mensagem de reciclagem, cuidados, etc.
Não são personagens marcantes, definitivamente, mas
funcionam com sua cor e forma altamente explícitos.
Parecem terem sido construídos através de um giff
pronto de um recipiente. Giffs são arquivos de imagem
de baixa qualidade e muito leves. As mãos parecem ser
partes grosseiras encaixadas no corpo. Referente às mãos, esteticamente elas
possuem traços muito minuciosos e minimalistas, exemplo: o espaço entre os dedos,
uma estética que não concorda com o restante do corpo das personagens, bem
limpo e direto.
A expressão costumeira de empolgação em meio à boca semi-aberta cai bem, mas
o olhar não conversa com o expectador. Parece um olhar distante e levemente
artificial. Isso aconteceu por conta de um erro mínimo de posicionamento da íris e da
pupila.
Analisando esses dois personagens em sua composição e em seu contexto,
funcionam bem. Transmitem o que precisam dentro do que pode ser considerado a
média.
11. 11
Recicladinho, da “ONG” Amigos da Reciclagem
Segundo o blog onde encontrei essa figura
(amigosdareciclaem.blogspot.com/2009/04/ong-
amigos-da-reciclagem), a ONG Amigos da
Reciclagem tem quatro objetivos. Destaquei eles
sem poupar os erros ortográficos. São:
“1. Fazer propagandas nas ruas,distribuindo
panfletos
2. Levar profissionais às escolas para dar palestras
sobre a importância de reciclagem do lixo
3. Lixeiras específicas para a reciclagem
4. Montar exposições com materiais recicláveis"
Não consegui encontrar muito a respeito da ONG Amigos da reciclagem. A única
informação disponível é que se localizam em Canoas, Brasil. Provavelmente, pelos
erros de ortografia e ingenuidade na organização do blog, é de algum grupo de
crianças bem intencionadas que aplicaram ingenuamente o termo “ONG”. Mas
vamos ao que interessa: o mascote.
Dentro de um projeto de mascote como este, aparentemente mal-sucedido, pode-se
tirar muitas coisas boas. A coloração realmente atraente, a finalização delicada e o
traço claramente direcionam os intuitos ao publico infantil. Apesar desses pontos
positivos, não se pode dizer que clareza é o ponto forte. Por que o mundo em suas
mãos está sendo carregado dessa forma? Tudo bem que seria legal um
posicionamento protetor, mas, o que ele pretende fazer com a Terra? Ele está
apontando para a lixeira, será que pretende reciclar a Terra? Deveria estar mais
claro isso. Mas antes de qualquer coisa, que criatura é essa? Uma centopéia? Uma
borboleta sem asas? Ou seria uma formiga? O quê afinal? A propósito, o que são
aquelas botas? Por que a ênfase nela com aquelas hachuras ao redor?
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Um mascote, antes de mais nada representa uma empresa, um propósito, uma
idéia. Portanto, deve ser bem claro o seu objetivo. Deve ser um “texto bem escrito”.
Esse pode gerar muitas dúvidas e questões inexplicadas. Mas se for analisado no
geral, cumpre a função de passar a mensagem de reciclagem, planeta, global,
mesmo que com “palavras soltas”, com os elementos e ícones soltos. O aspecto
mais interessante desse mascote é que por ser singular e até um pouco tosco em
suas singularidades, talvez se destaque em seu meio.
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Mascote do projeto Universo Bem Me Quer
Encontrei o site www.universobemmequer.com.br e me deparei com um bom
mascote. O Instituto de Compromisso com o Desenvolvimento Urbano se aliou ao
grupo Os Independentes, de Barretos e
fundaram o projeto. O objetivo é
conscientizar as pessoas nas festas da
importância da coleta seletiva do resíduo
gerado. O Instituto inclui também
catadores.
Vamos ao mascote. Nome: Bem Me
Quer. Interessante. Ele faz uma ponte
com o nome do projeto. Quanto às cores, funcionam bem. Cores primárias,
marcantes, vivas. O corpo não chama a atenção, passando despercebido, para dar
ênfase no rosto, onde se encontra a mensagem principal do mascote. Mensagem
essa que é passada com velocidade para os que passam por ele nos eventos em
que costuma atuar. O mascote foi construído a partir da humanização do símbolo da
reciclagem, tornando mais simpática (ainda) a mensagem e o objetivo.
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Mascote do PROL
A Sabesp, como uma empresa de soluções ambientais,
desenvolveu um projeto para amenizar os entupimentos
nos esgotos e a poluição gerada pelo óleo de cozinha
jogado em lugares impróprios. O óleo coletado é
descartado em grandes bombas plásticas de 50 litros.
Referente ao mascote, é claramente direcionado ao
público adulto. Apresenta proporções infantis, como a
maioria esmagadora dos mascotes, para causar empatia com o público. Seu
conceito é simples e direto,como o da maioria das campanhas que visam atingir as
massas. Não é nada poético, nada muito inteligente, é um boneco feito de água
carregando um recipiente contendo óleo. Assim, transmite com excelência a idéia de
separação das substâncias e armazenamento do óleo, no frasco. Foi usado o menor
número de cores possíveis, para ser reproduzido em inúmeras técnicas e mídias. As
luvas são previsíveis, brancas, quase que convencionadas no meio dos mascotes.
São interessantes na composição, uma vez que o boneco é azul, sendo as mãos
também azuis, seria muito difícil a visualização delas. Isso afetaria e muito a
variação dos contextos do boneco, da expressão. A cor do recipiente com óleo é
simplesmente perfeita. Uma cor sólida no tom do óleo de fritura após o uso,
tendendo ao marrom. Ainda nele, o símbolo da reciclagem.URL em que encontrei o
conteúdo: http://site.sabesp.com.br/site/interna/Default.aspx?secaoId=82
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Camatan, do Shopping Esplanada (Sorocaba)
O shopping gera cerca de 25 m³ de lixo por dia, então o que
fizeram? Um Projeto de Reciclagem, que consiste em uma
série de medidas a fim de reduzir o lixo gerado pelo
empreendimento e conscientizar funcionários e clientes em
relação ao uso da água.
O nome do mascote é Cataman. O nome com certeza não
concorda com a estética infantil. É uma criança, deveria ser
algo do tipo “Catakid”. É interessante do ponto de vista de
marketing induzir a idéia da empresa atrás do mascote com o nome dele. Mas nesse
caso, não deu muito certo. O objetivo não é rapidamente associado ao verbo
escolhido “catar”. Poderia ser um “coletar”, “reciclar”, etc. Na verdade, como já foi
citado, o projeto de reciclagem que o mascote representa engloba uma s érie de
medidas, e não uma só.
A campanha desse mascote parece apelar aos adultos com a imagem de uma
criança, o que quase sempre funciona. Esse é um ponto positivo do projeto. Criança,
novo, mudança, melhora, se tornam sinônimos. Um lado negativo é que o boneco
não inova em absolutamente nada. É um garoto caucasiano, infelizmente para
muitos, ainda, linguagem visual universal: cabelo conservador para o lado, camisa
branca, um tênis sem personalidade, aliás, nada nele tem personalidade.
Analisando-o melhor, lembramos de uma figurinha que tem feito muito sucesso, o
Ben 10. Com tudo isso, é capaz de passarmos por mil placas com ele, chegarmos
em casa e não conseguirmos lembrar de nenhuma delas. Falta singularidade nele.
(ilustração do Ben 10)
16. 16
Zakumi, o mascote da Copa do Mundo 2010, Africa do Sul
Quanto à origem do nome da mascote, encontrei na internet que em vários dialetos
africanos “Za” significa “África” e “Kumi”, “10”. Ou seja, “África 10”. Tudo a ver com o
futebol, camisa 10 e o sucesso.
Andries Odendaal, o designer criador dele, escolheu um animal típico africano, o
leopardo. Acertou. Pôs verde em sua composição para concordar com o gramado
dos campos de futebol. Andries acertou também. Porem, não sei até onde vão seus
acertos. O mangá, estilo de desenho oriental, vem ganhando o mundo. O Brasil, por
curiosidade, é o maior exportador de mangá fora do oriente! Existem várias
vertentes de mangá. O american mangá por exemplo, traço hoje em dia
predominante nos desenhos animados. Exemplo de desenhos: “Três Espiãs
Demais”, “Bem 10”, “Turma da Mônica Jovem” e “As Aventuras de Jack Chan”. O
mangá Dentro desse contexto, do mangá como um traço universal em ascensão, o
nosso Andries Odendaal acertou. Mangá é jovem e atual, talvez esse tenha sido o
sentimento maior que ele quis passar. Conseguiu. Porém o mascote tem um erro
grave.
O nome “Zakumi”, para os mais leigos, unido ao estilo de desenho tendendo ao
mangá, reforça o sentimento de que a copa se passa no Japão. A África do Sul,
aliás, a África no geral, para os que não tem opinião embasada (e contamos sim
com eles para direcionar a criação de um mascote!) é famosa pela arte com linhas
angulosas e retas. Acredito que essas linhas tão
marcantes da cultura Africana poderiam ser
exploradas e aparecerem no mascote. Não se vê
isso. Vê-se formas orgânicas e arredondadas.
Achei interessante o cabelo liso, quebrando o
preconceito de que na áfrica só existem negros,
rastafáris, carecas, etc. O Zakumi é uma criação
inteligente, mas até essa inovação causa um certo
desconforto no espectador desconhecedor. Talvez
um desconforto necessário, mas ainda assim,
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habita o sentimento de que é algum boneco estrangeiro.
Os pontos mais interessantes de Zakumi se apresentam em sua estética inteligente,
poupando cores e em suas formas orgânicas, com poucos dedos, simplificada, para
reprodução em diferentes mídias.
18. 18
Uma pequena pesquisa de preferência
Liguei para Manoel (presidente da cooperativa Amigos do Planeta), pedindo para
que perguntasse às crianças duas coisas:
1. Qual a banda ou músico que mais gosta?
2. Qual o desenho animado que mais gosta?
A resposta da pesquisa, recebi por email dia 18 de julho de 2011 (este domingo).
Foi:
NOME BANDA OU CANTOR DESENHO
NATALIA LUAN SANTANA MADAGASCAR
FLAVIA LUAN SANTANA PICA PAU
EMILIA LUAN SANTANA PICA PAU
RAONE LUAN SANTANA PICA PAU
JÉFESON LUAN SANTANA PICA PAU
GUILHERME REPP DRAGON BALL Z
YURI BLACK STYLE DRAGON BALL Z
PEDRO INFANTIL PICA PAU
YASMIN REBELDE MADAGASCAR
Obs: o desenho que mais aparece é o Pica-pau.
19. 19
Pica-pau
Personagem presente em várias gerações. Foi criado na década de 40 e consegue
cativar as crianças de hoje. O traço da ave é o cartoon tradicional. Claro que ao
longo do tempo sofreu mudanças. A ave, que tinha um tom grotesco, foi se tornando
mais bela e refinada, ascendendo para novos públicos. Note, na ilustração abaixo,
que os anos se passaram e a cabeça da ave foi aumentada, assemelhando-se a
proporção de uma criança, o que causa mais empatia com o público. Apesar das
alterações, a fórmula é a mesma, cores quentes vermelho e amarelo, um azul vivo e
luvas brancas.
20. 20
Asas Livros, mascote do SISB (Sistema de Bibliotecas do Estado da Bahia)
A UNEB (Universidade do Estado da Bahia) realizou um concurso para a
escolha do mascote do SISB. O vencedor foi este.
Asas Livros carrega em si a poesia de que o livro e o conhecimento nos dá
asas e possibilita voar. Mensagem que passa relativamente bem c om sua estética
fantasiosa. As cores são certeiras. Associamos facilmente o azul e o vermelho à
marca da UNEB. O amarelo entra com um atrativo quente, acendendo e não
anulando o corpo e o rosto do bonequinho.
Nas “asas”, o
texto “SISB UNEB”
é diagramado de
forma irreverente.
Isso funcionou muito
bem. Aproveitou o
pouco espaço e
disponibilizou o
texto de forma clara.
Ainda nas “asas”,
formas azuis e
brancas circulares
que nos remetem aos desenhos de asas de borboletas. As antenas ganharam
formas espiraladas dando mais graça e movimento à mascote.
Colorido, vivo e, em certo aspecto, infantil. Talvez fosse mais fácil associá-lo a
uma escola. É interessante, até para incentivar a leitura em diferentes grupos, um
mascote que dialogue com o maior número deles. Sabe-se que mascotes com
proporções infantis estabelecem essa ponte com eficácia. No caso, foi ampliada a
cabeça da borboleta para isso. Porém, não acredito que tenha sido o suficiente.
A leitura de seus sentimentos e expressão fica comprometida devido ao
tamanho de seus olhos, sobrancelhas e da boca confusa em meio à textura aplicada
ao longo do corpo da borboleta. Analisando a imagem em tamanho grande é
21. 21
possível entender, sim. Mas, na condição de mascote, será vista em diferentes
situações. Seria possível entender com clareza o que ela quer passar se estivesse
em alguma placa um pouco distante? E em algum impresso, em tamanho reduzido?
Outro aspecto, talvez o mais importante e prejudicial quando se fala em expressões,
é a ausência de mãos. Nos desenhos, como os da Disney, as mãos são valorizadas
acrescentando luvas brancas. A expressão corporal de um mascote se deve muito a
suas mãos. Nesse caso, muito mesmo. Como colocaríamos essa borboleta
carregando livros? Como ensinaríamos a cuidar deles? A propósito, como este
mascote indicaria alguma direção em meio às prateleiras das bibliotecas? A idéia de
colocar placas em sua boca seria interessante se a composição já não apresentasse
tantas informações. O resultado seria poluído. O mascote também não deixa clara
uma personalidade, e com isso o posicionamento da empresa não é explicitado.
O grande erro desse mascote é o limite expressivo dele. E de fato, o mascote
do SISB parece ter se limitado em toda a sua existência apenas a essa ilustração. É
bonito, bem executado, mas não funciona como um mascote e não interage com as
situações de um. Funciona muito bem como uma ilustração.
22. 22
Personagens do jogo Worms
Inicialmente feito para computador, o jogo Worms
vem desde a década de noventa fazendo sucesso. Claro
que foi redesenhado e aprimorado ao longo do tempo.
Mas, o sucesso se deve principalmente a formula inicial.
Como tornar a idéia de guerra com morte e
violência uma coisa
cômica, engraçada e
principalmente, vendável
para crianças, com
classificação livre?
Usando minhocas
caricatas. O conceito do
jogo é bem simples:
guerra de minhocas. Isso
mesmo, guerra de
minhocas! E para torná-
las mais engraçadas e cômicas, ganharam proporções infantis. A jogabilidade foi
inovadora, mas foi graças ao desenho que o jogo atingiu o que é hoje.
Worms é basicamente um jogo de estratégia com vista lateral. Os bonecos
são vistos bem longe. A cabeça enorme do boneco comporta olhos também
enormes com sobrancelhas flutuantes. Eles ajudam na compreensão de suas
expressões, que por sinal, é um dos grandes atrativos do jogo. Eles riem, atiçam uns
aos outros, contam piadas, choram, fazem caras de maus, e muito mais. O boneco
em seu estado normal não possui boca nem mãos (como na imagem no topo),
tornando o visual mais limpo. Somente quando necessário eles surgem. Surge
também um ponto de incoerência. Minhocas não têm mãos! Pois é, foram
adicionadas mãos a esses personagens e mesmo assim é aceita a condição de
minhoca. Por quê? Note que não existem braços, apenas mãos. A idéia de mãos
flutuantes faz sentido. Se fossem adicionados braços chamaríamos atenção para os
23. 23
membros, uma atenção que influiria e muito. Sem braços, não percebemos tanto a
presença da mão, fundamental no jogo.
Referente à cor, a minhoca de Worms possui um tom mais quente e atrativo,
diferente das minhocas que conhecemos. Somado a isso, a cor ficou mais limpa
nesses personagens, garantindo o sucesso e a clareza da proposta. Os
personagens do jogo Worms sem dúvida foram muito bem projetados, garantindo o
sucesso do jogo.
24. 24
Bibendum, mascote da Michelin
Bibendum é incrivelmente antigo. Foi desenvolvido em sua primeira forma no final do
séc. XIX, para ser mais exato, em 1898. Como todas as empresas inteligentes, a
Michelin o redesenhou ao longo dos tempos, dando-lhe um contexto atual.
Um dos mais antigos mascotes do mundo, Bibendum foi criado em 1898. O
nome tem origem na frase latina " nunc est bibendum" (bebamos agora), devido ao
contexto comemorativo de um cartaz da Michelin. O boneco ganhou o gosto popular,
firmando-se na empresa. É lógico que ao longo dos anos foi redesenhado.
Inicialmente as dobras presentes ao longo de seu corpo eram mais finas
(assemelhava-se a uma
múmia), foram
aumentadas para tornar
o desenho mais limpo e
menos complexo
visualmente. Isso
possibilitou também a
redução do personagem
sem perda de
informações em escalas
mais reduzidas.
A cor do Bibendum não foi alterada com o tempo. Continua branca, não
perdendo sua identidade. Um ponto positivo da sua cor branca é que enfatiza o
preto dos pneus (produto vendido pela marca) nas ilustrações. O boneco também
continuou com cinco dedos. A mão apesar de possuir uma quantidade de dedos
relativamente alta para um mascote (que geralmente possui três, numero
simplificado) é bem limpa e clara. Assim, não polui visualmente sua composição. O
rosto do Bibendum é pouco expressivo, deixando que a mensagem toda do mascote
seja passada com o corpo. A mão acenando, na ilustração, salda o cliente e
praticamente o convida.
25. 25
Um ponto diferente dos mascotes comumente vistos, é que ele não apresenta
proporções infantis. Muito pelo contrário, o Bibendum é dotado de uma certa
robustez. Com a aparência adulta e o porte, ele nos transmite tradição, seriedade e
força. Seu corpo também parece ser composto por pneus. Isso é muito interessante.
Quando o mascote induz o produto que almeja vender, combinando o sentimento
que quer passar, ele se torna um mascote muito bem-sucedido. Por isso o
Bibendum continua representando a Michelin.
26. 26
Fiz uma entrevista com o intuito de me contextualizar. Não adianta ter
conhecimento de desenho e criatividade, deve-se focar tudo isso. A pesquisa diria
aonde.
Manoel Basílio, presidente da Cooperativa Amigos do Planeta, havia se
encontrado com a prefeita de Lauro de Freitas, casualmente, na rua. Aproveitou
para falar das dificuldades da cooperativa. Como boa política, ela pediu para que ele
aparecesse na prefeitura. Sem esperar, Manoel apareceu, em frente à Prefeitura
Municipal de Lauro de Freitas, durante um dia de semana, trajando o uniforme da
Amigos do Planeta, juntamente com mais quatro cooperadas, a fim de conseguir
subsídios.
Cheguei lá por volta das nove e dez da manhã. Só consegui iniciar minha entrevista
uma hora e meia depois, quando os cooperados saíram de uma reunião com um
secretário da prefeita, pois esta não se encontrava na prefeitura.
Foram cinco entrevistados, de 22 a 41 anos. Entrevistei cooperados da área
financeira, administração e catadores. Estavam na cooperativa por um período de
cinco meses a seis anos. Dei início a entrevistas individuais, trazendo o entrevistado
para um lugar separado dos demais, a fim de não induzir respostas semelhantes.
Claro que foi tudo muito precário, não sou jornalista e, pelo visto, não tenho talento
para tal. Inicialmente, caracterizou-se como entrevista formal, com vídeo e um roteiro
de perguntas, e, aos poucos foi assumindo a forma de um bate papo, mantendo as
pautas. Apesar de minha pouca experiência no ramo da reportagem, consegui
captar os pontos mais importantes.
De início, todos estavam empolgados com a idéia de um mascote. Me falaram
da rotina de trabalho, que se iniciava logo cedo, por volta das oito da manhã, com
final às cinco da tarde, de segunda a sexta. Tinham consciência da importância do
trabalho que faziam, mas explicitavam a necessidade de se obter uma renda. Era
unânime o desejo de ascensão na sociedade. Alguns almejavam pequenas coisas,
27. 27
melhora na estrutura da cooperativa, outros eram mais ambiciosos, sonhavam com
uma melhora geral da cooperativa. O fato é que sofriam muito preconceito por serem
catadores em sua maioria, e queriam demonstrar sua revolta e luta através do
mascote. Desejaram também fugir da imagem de “coitadinhos”, para que possíveis
patrocinadores e parceiros se aproximassem deles pelo sucesso e qualidade.
Obtive informações valiosas depois da entrevista, numa conversa informal.
Soube que havia uma rotatividade intensa de catadores, devido à falta de subsídios.
Muitos entravam e saíam por não conseguirem se sustentar financeiramente. A
própria comunidade em que se localizavam muitas vezes subestimava a ação da
cooperativa por ser uma instituição de dentro, feita por moradores. Infelizmente no
Brasil, temos o costume de subestimar o que é nosso. Na comunidade, projetos
feitos pelo governo ou empresas de fora, fazem mais sucesso e têm mais brilho aos
olhos dos moradores. Meu dever era buscar esse brilho para a cooperativa na forma
de um mascote. Resolvi criar duas alternativas.
(Presidente da Cooperativa Amigos do Planeta, Manoel Basílio, frente à Prefeitura Municipal de Lauro de Freitas)
(membros da cooperativa, frente à Prefeitura Municipal de Lauro de Freitas, Edilene dos Santos e Marlene Cruz)
28. 28
Antes da entrevista fiz esboços não muito contundentes. Faço isso como
método de produção, até mesmo para ver depois o quão necessário é a
contextualização. Depois da entrevista notei a inviabilidade das primeiras propostas
e mantive alguns itens. Inicialmente mantive os esboços em preto e branco, evitei as
cores, para seguir um uma linha mais séria. É claro que as cores seriam
adicionadas, mas queria na essência de sua construção a seriedade da Cooperativa
Amigos do Planeta.
Pensei na forma de um robô feito
de materiais recicláveis, uma vez que um
dos pedidos dos cooperados era o de
transmitir tais valores em sua estética.
Pensei numa garotinha também para dar
mais força ao apelo emocional.
29. 29
Fiz mais esboços
do robô feito de material
reciclado, personagem
descartado. Adicionei a
ele um aspecto mais
circense, inspirado no
Circ de Soleil Faltava
seriedade. Ainda não era
o que buscava.
Abandonei a idéia e
resolvi investir na figura
da garotinha.
30. 30
Pus a garotinha literalmente vestindo a camisa da cooperativa e carregando
um instrumento (produzido com materiais reciclados). Busquei economizar ao
máximo nas cores. O traço, porém, continua ainda de difícil reprodução. Muito exato,
e ainda exige muito da coordenação motora. Não era o que eu buscava.
31. 31
Um certo dia, vi no telhado de minha casa, um pássaro. Pensei como era
interessante o fato de certas espécies aproveitarem o espaço para habitarem. Foi aí
que tive a idéia para compor minha segunda alternativa.
Conversando com meu pai, soube de uma espécie típica com tais hábitos, a
garrincha. Consultei amigos que cursam veterinária na UFBA. Pesquisaram espécies
com esses hábitos e confirmaram. É claro que a essa altura do campeonato já lia
uma série de artigos sobre garrincha na internet. Aos poucos, me interessava mais e
mais pela idéia dessa ave como mascote. Fiz esboços:
(Mantive a idéia de “vestir a camisa”. Acima esboços rudimentares de testes de cor)
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(Nesse esboço arrisquei patas diferentes, semelhantes a botas. Não causou o sentimento que buscava.
“Natureza” era uma das palavras chaves. Queria exaltar mais o lado animal do mascote.)
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(Buscava um traço. Erro. Deveria estudar a anatomia com um traço mais realista para só depois pensar em
distorcer com coerência. Ainda não aparenta ser uma garrincha. Se assemelha mais a uma coruja.)
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(Começava a observar um pouco mais. Queria uma garrincha com apelo emocional, com aspecto mais infantil.
Notei que pôr a camisa da cooperativa mais justa no corpo da ave fazia com que ela aparentasse ser mais
robusta.)
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(Iniciei o estudo de rostos de ave observando. Existem cerca de cinco rostos observados acima. Os demais
foram criação. Optei por fazer aves diferentes para soltar mais o meu traço, uma vez que não costumo desenhar
pássaros.)
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(Nesse esboço já pus uma camisa maior para dar um aspecto infantil a ave. Fiz também uma versão feminina e
estudo de ângulos para o bico. Ampliei o brilho nos olhos para reforçar a emoção. Havia gostado do resultado
até então. Só depois vi que não se parece com uma garrincha.)
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(Tentei dar uma forma mais semelhante à ave original. Não estava satisfeito. A quantidade de cores porém era
bem resumida, como eu intencionava.)
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(Fiz mais esboços, continuava insatisfeito. Estudando a ave percebi que ela mesma tinha proporções infantis.
Não precisava retratar um filhote, a identificação com a criança era inevitável.)
Imagens que serviram de base para a construção da alternativa:
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(Ilustração encontrada no site “www.portalsaofrancisco.com.br”, feita por Rolf Grantsau, ilustrador científico)
(fotografia encontrada no site “www.wikipedia.com.br”)
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O trabalho braçal sempre foi um trabalho desvalorizado. Ao longo da história
vemos muitos trabalhadores braçais mal pagos e uns poucos gerenciadores bem
pagos.
Nós brasileiros, em especial, temos o histórico da humilhação e da
discriminação sofrida pelos escravos. Eles foram explorados física e moralmente,
nas mãos dos senhores de engenho. Por muito tempo, se transformaram nos braços
e pernas que moviam a economia. Abolida a escravidão, o que ganharam em troca?
Racismo, preconceito e nenhum incentivo de integração social.
Hoje, a quantidade de lixo produzido nas grandes cidades é imensa.
Tentando reduzir os impactos gerados por essa superprodução, nasceu a
cooperativa Amigos do Planeta. Conseguem tirar das ruas uma infinidade de lixo,
desviar crianças da periferia do caminho das drogas e dar uma mínima condição de
sobrevivência às famílias. Apesar do trabalho magnífico o que ganham em troca?
Pois é, quase mesmo que os ex-escravos.
A cooperativa Amigos do Planeta sofre o preconceito de ser movida pelo
trabalho braçal e, além disso, de ter como base, a produção a partir de resíduos. Foi
partindo principalmente da vontade de romper com esses preconceitos que foram
desenvolvidas as duas propostas de personagens.
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Tratando-se de reciclagem e resíduos, é involuntária a associação ao elemento
terra. E quando se fala “terra”, imagina-se o contexto de tudo que se relaciona a ela:
os animais terrestres, o homem, as árvores, etc. O objetivo da proposta de uma ave
como mascote é quebrar essa associação inicial, saindo desse âmbito terrestre.
Uma ave é um animal que, por percorrer os ares, nos passa o sentimento de
liberdade espacial e de ser global. Também está mais associada à beleza e leveza,
saindo da obviedade de tudo que é associado ao elemento terra, quebrando a
ingrata associação aos resíduos trabalhados na cooperativa à sujeira.
A garrincha (Troglodytes aedeon) é uma ave pequena, com cerca de 12 cm. É
encontrada ao longo do território brasileiro, principalmente no litoral. Na Bahia, é
vista em abundância. Seu canto é ouvido principalmente de manhã cedo, no horário
em que os catadores costumam começar a sua jornada. A escolha da garrincha
como ave mascote da cooperativa se deve principalmente a uma característica
digna de um membro da Cooperativa Amigos do Planeta: a adaptação.
A lista de moradas
incomuns das garrinchas é
enorme. Os ninhos são
encontrados em lugares
como telefones públicos,
tratores, caixas de músicas,
instalações elétricas,
telhados, etc. Para construir
os ninhos eles aproveitam
tudo que encontram
disponível. Alteram de
forma limpa e ecológica o
ambiente, para torná-lo
habitável, assim como a
Cooperativa Amigos do
Planeta.
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A idéia de se por várias garrinchas compondo a programação visual da
cooperativa se torna ainda mais interessante quando essas aves estão vestindo o
uniforme. A camisa padrão dos cooperados representa a força da instituição. Os
pássaros que a comporiam, nos mostrariam a dimensão global que suas atividades
atingem, atentando à sua importância. O fato de serem muitos nos permitiriam
representá-los em várias situações. Exemplo: se for necessário ilustrar .
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Criança é universalmente associada ao futuro. A proposta de uma criança trajando
o uniforme dos cooperados atinge os principais pontos objetivados. Carrega o
enorme potencial de transparecer sentimentos e nos detalhes estéticos, explicita o
seu motivo.
Sabe-se que criança causa mais empatia com o espectador, por isso a
maioria dos mascotes apresentam proporções infantis. Poderia citar o mascote da
Copa do Mundo de 2010, o Zakumi; o Mickey; ou até mesmo o mascote da IG, que é
um cãozinho com proporções infantis fotografado. O fato da mascote dessa
proposta, a garotinha, vestir a camisa da cooperativa, além de fortalecer a
identidade visual do cooperado, sensibilizaria os espectadores para a causa. Uma
vez que as crianças de hoje serão as
principais afetadas pelas
imprudências cometidas pela
humanidade, amanhã. O apelo
ecológico no caso é exaltado na
imagem da figura mais frágil e amada
pelo cidadão comum: a criança.
Como a criança em si
representa o futuro, a mascote
garotinha passaria uma mensagem
otimista em relação a ele com sua
postura proativa e ecologicamente
correta. Além disso, essa proposta
firma implicitamente como moderna a
postura da Amigos do Planeta.
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Me reuni com os cooperados num dia de sexta-feira, para ser mais exato no
dia 02 de setembro. Acontecia um evento de surf na praia de Jaguaribe e a
Cooperativa estava lá para fazer coleta e promover o nome.
Nos sentamos na areia com as justificativas e as imagens das duas propostas
impressas (havia mandado previamente os mascotes por email e estava lá para
apresentar e tirar duvidas). Infelizmente não puderam comparecer todos os
cooperados. Apresentei, mas, no intuito de ser o mais democrático possível, pedi
para que fizessem uma votação interna e computassem para mim os votos. No dia 5
de setembro, recebi um email da cooperativa com o resultado:
VOTAÇÃO DO MASCOTE
Garrincha Criança
1 Manoel Basilio O. Rodrigues 1
2 Marineide Silva Alves 1
3 Everaldo Texeira Macena 1
4 Jairo Almeida da Paixão 1
5 Edlene Rosario dos Santos 1
6 Miraci Pereira Melo 1
7 Marilene da Cruz dos Santos 1
8 Joel Silva Pinheiro 1
9 Marlene Cruz dos Santos 1
10 Moacir dos Santos 1
11 Maria Luiza Alves Silva 1
12 Nayara Araujo Santos 1
13 Elizio Batista Gomes 1
14 Ana Marta Ferreira dos Santos 1
15 Carla 1
Total 14 1
Vitória da Garrincha.
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Creio que com essa versão consegui reunir bem as três palavras-chaves que
citei no início deste documento: reciclagem, natureza e sociedade.
A natureza está evidenciada não só nas intenções da mascote, mas em sua
espécie. Quis realçar o seu lado animal evitando a parte branca dos olhos,
costumeira em mascotes humanizados. Realcei ainda mais o sentimento dela com o
grande brilho em seus olhos.
O traço permanece simples e fácil de reproduzir, tornando admissível erros
motores ou até mesmo pequenos deslizes de proporção. Uma vez que o mascote
não é uma garrincha e sim várias, se tornam aceitáveis diferenças entre eles. É na
idéia de multiplicidade que sentimos os valores de uma sociedade. O trabalho em
equipe estará evidente em suas aplicações. Nelas aparecerão suas atividades,
voltadas principalmente para a reciclagem, o reaproveitamento e o respeito à
natureza.
Quanto às cores, optei pela escala da segunda opção do teste de cor. Essa
escala em especial foi tirada de uma ilustração científica da garrincha que não
retratou os efeitos de fontes de luzes coloridas. Nas cores do uniforme não pude
inovar muito, uma vez que sua referência é o uniforme dos cooperados. Pus um
circulo pequeno verde para fazer menção a logo da cooperativa. O posicionamento
desse circulo resolvi não limitar a um lado apenas, pois muitas vezes gera uma
problemática na construção que não vai ser sentida pelo espectador. Além disso
facilitará a reprodução, uma vez que espelhar uma imagem é mais fácil que
reconstruir ela ou apagar o circulo. Facilitará também o reconhecimento do uniforme
da cooperativa no desenho. Se a esfera estivesse apenas em um lado, em algumas
situações não seria vista, fazendo com que o passarinho aparentemente vestisse
apenas uma camisa azul. Quanto à iluminação dos desenho finais, optei por uma luz
colorida para tornar o traço mais rico. A cor escolhida tende ao verde da logo da
cooperativa, para que aconteça a junção do mascote e marca com mais harmonia.
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Pode-se notar no traço pontos pretos ou hachuras ao longo das ilustrações.
Pus isso para transmitir o sentimento do papel reciclado e sua estética
comercialmente forte, agregando ainda mais valores ao mascote.
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(Banner feito com vetor: Outro ponto positivo do mascote è que não há muitas perdas de qualidade
quando convertido a vetor. Isso acontece devido ao seu acabamento rústico intencional, gerado pelo
brush ( pincel do Photoshop) duro).
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(Versão do mascote vetorial com cores sólidas para técnica de serigrafia ou impressão com gama
limitada de cores)
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Fui o mais amplo que consegui ser em tão pouco tempo de confecção desse
projeto. Não reduzi o tempo de estudo, nem de desenvolvimento do mascote.
Reduzi as horas de sono e lazer que eu tinha. Aos poucos o projeto se tornou minha
rotina. Carreguei sua forma de dias, noites, de todo sentimento que captava no dia-
a-dia no geral. Pude construí-lo em posições variadas, que fossem facilmente
aplicadas em diferentes situações. Acredito ter criado um leque de posturas úteis.
Consegui usá-las na pratica como visto em “aplicações”.
Apesar de ter projetado esses mascotes para que fossem o mais
independente possível, o meu objetivo como designer e ilustrador é dar seqüência à
vida dele. Deixo aberto a novas possibilidades e posições e interpretações de outros
desenhistas.
Acredito ter criado mascotes que traduzam de forma otimista a postura da
Cooperativa Amigos do Planeta. Mascotes que descrevam a história e a luta desse
grupo de cooperados quando aprofundado os olhares. E além de tudo,
inquestionavelmente atrativos para o cidadão comum. Por falar em “comum”, o
mascote busca atingir o cidadão comum e também tornar comum todos os cidadãos.
Ele é um convite para toda a humanidade olhar para o planeta, igualando diferenças
em prol de um ideal.
Me senti realizado nesse projeto em especial, pois a evolução que sofri não
foi apenas técnica, mas, acima de tudo, humana.
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CURSO COMPLETO DE DESENHO. São Paulo: Editora Escala
PASSARINHANDO. Corruíra – Troglodytes aedeon Disponível em: <
http://cirinodesign.com.br/passarinhando/index.php?option=com_content&view=articl
e&id=209:corruira&catid=82:ordem-alfabetica&Itemid=217>. Acesso em: 15 ago.
2011.
PASSARINHANDO. Corruíra ou Cambaxirra Disponível em: <
dimaserose.blogspot.com>. Acesso em: 15 ago. 2011.
TOURINHO, Paulo Vitor. Galeria de P. Torinno Disponível em: <
http://www.flickr.com/ptorinno>. Acesso em: 15 ago. 2011.
WIKI AVES. Corruíra Disponível em: < http://www.wikiaves.com.br/corruira>.
Acesso em: 15 ago. 2011.