1. TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM E SUAS ESPECIFICAÇÕES: DIAGNÓSTICO E
TRATAMENTO
CALMARINO VICTOR LIMPO
Licenciado em psicologia educacional com habilitações em intervenção em desenvolvimento
humano e aprendizagem
Calmarinolimpo64@gmail.com
Adptado em 13/01/2023
Resumo
São transtornos que causam discrepâncias entre o potencial e os níveis reais de desempenho
acadêmico, assim como as previsões das habilidades intelectuais da pessoa. Os transtornos de
aprendizagem envolvem deficiências ou dificuldades na concentração, atenção, linguagem ou
processamento visual de informações. O diagnóstico inclui avaliações médicas, psicológicas,
intelectuais, educacionais, de fala e linguagem. O tratamento consiste primeiramente na
abordagem educacional e, às vezes, terapêuticas médica, comportamental e psicológica.
Transtorno de aprendizagem
Transtornos de aprendizagem são considerados um tipo de transtorno neurodesenvolvimental.
Distúrbios do neurodesenvolvimento são condições neurológicas que aparecem cedo na infância,
geralmente antes da idade escolar. Esses transtornos prejudicam o desenvolvimento do
funcionamento pessoal, social, acadêmico e/ou ocupacional e normalmente envolvem
dificuldades de aquisição, manutenção ou aplicação de habilidades ou conjuntos de informações
específicas. Os transtornos podem envolver distúrbios de atenção, memória, percepção,
linguagem, solução de problemas ou interação social. Outros transtornos do desenvolvimento
neurológico comuns incluem deficit de atenção/hiperatividade, distúrbios do espectro do autismo
e deficiência intelectual.
Transtornos de aprendizagem específicos afetam a capacidade de:
➢ Compreender ou utilizar a linguagem falada
2. ➢ Compreender ou usar a linguagem escrita
➢ Compreender e utilizar números e raciocínio usando conceitos matemáticos
➢ Coordenar os movimentos
➢ Focar a atenção em uma tarefa
Portanto, esses transtornos envolvem problemas de leitura, matemática, ortografia, expressões
escritas ou manuscritas, compreensão ou uso da linguagem verbal ou não verbal (). A maioria
dos transtornos de aprendizagem é complexa ou mista, com deficits em mais de um sistema.
Embora a quantidade total de crianças nos EUA com transtornos de aprendizagem seja
desconhecida, no ano letivo de 2019–2020, 7,3 milhões de estudantes (ou 14% de todos os
estudantes de escolas públicas) com idades entre 3 e 21 anos nos EUA receberam serviços de
educação especial sob o Individuals with Disabilities Education Act (IDEA). Entre os estudantes
que recebem serviços de educação especial, 33% (ou cerca de 5% de todos os estudantes) tinham
dificuldades de aprendizagem específicas (1). Meninos com transtorno de aprendizagem superam
as meninas em 5:1. Embora os diagnósticos formais possam ajudar algumas crianças a obter
assistência, caracterizar capacidades distintas como transtornos impõe o risco de "medicalizá-las"
como sendo algo, de certa forma, patológico. O importante é identificar as pessoas que precisam
de ajuda diferente ou adicional para aprender e fornecer acesso à assistência de que precisam.
Os transtornos de aprendizagem podem ser congênitos ou adquiridos. Nenhuma causa única foi
definida, mas supõe-se que deficits neurológicos estejam envolvidos, quer outras manifestações
neurológicas estejam ou não presentes (além do transtorno de aprendizagem). As influências
genéticas estão frequentemente envolvidas. Outras causas possíveis incluem:
➢ Doenças maternas , ou uso de drogas tóxicas durante a gestação
➢ Complicação durante a gestação ou no trabalho de parto (p. ex., posição, toxemia,
trabalho de parto prolongado, parto rápido)
➢ Problemas neonatais (p. ex., prematuridade, baixo peso ao nascimento, icterícia grave,
asfixia perinatal, pós-maturidade, insuficiência respiratória)
3. Fatores potenciais pós-natais incluem exposição a toxinas ambientais (p. ex., o chumbo),
infecções do sistema nervoso central, neoplasias e seus tratamentos, trauma, desnutrição e
isolamento ou privação social grave. Experiências infantis adversas (EIA), como abuso e maus-
tratos, foram particularmente associadas a problemas na função executiva (2).
Transtorno
1. Dislexia (comprometimento da leitura)-Problemas com a leitura
2. Dislexia fonológica-Problemas com análise do som e memória
3. Dislexia superficial-Problemas com o reconhecimento visual das formas e estruturas das
palavras
4. Disgrafia (comprometimento da expressão escrita)-Problemas com compreensão,
expressões escritas ou grafia
5. Discalculia (comprometimento da matemática)-Problemas com matemática e
dificuldades para solucionar questões
6. Ageometria (ageometresia) Problemas de raciocínio matemático
7. Anarritmia-Dificuldades na formação de conceitos básicos e inabilidade para adquirir
aptidões de computação
8. Afasia anômica (disnomia)-Dificuldades para recordar palavras e solicitar informações da
memória
Sinais e sintomas dos transtornos de aprendizagem
Crianças com transtornos de aprendizagem apresentam pelo menos uma inteligência média,
embora estas dificuldades possam ocorrer naquelas com baixa função cognitiva.
Os sinais e sintomas dos transtornos de aprendizagem graves podem se manifestar em uma idade
precoce, mas os transtornos de aprendizagem leves ou moderados só são reconhecidos na idade
escolar, quando a criança se depara com o rigor acadêmico do aprendizado.
Deficiências acadêmicas
4. Podem apresentar dificuldades na alfabetização e aquisição de associações (p. ex., nomes das
cores, classificação, contagem, nomes das letras). A compreensão da fala pode ser limitada, a
linguagem é adquirida lentamente e o vocabulário pode ser pequeno. Crianças afetadas podem
não entender o que leem, podem ter escrita desordenada, segurar o lápis de modo desajeitado,
podem ter dificuldades em organizar ou iniciar tarefas ou repetir uma história ordenadamente,
podem confundir símbolos matemáticos e fazer leitura errada de números.
Deficiências em funções executivas
Os distúrbios ou atrasos de linguagem, atenção e compreensão são prognósticos de problemas
acadêmicos além da pré-escola. A memória pode ser deficiente, incluindo a memória próxima e
remota, uso da memória (p. ex., na recitação) e recordação ou recuperação verbal.
Os problemas podem ocorrer na conceituação, abstração, generalização, raciocínio, organização
e planejamento de informações para resolver problemas. Pessoas com problemas na função
executiva muitas vezes têm dificuldade de organizar e concluir tarefas.
Podem ocorrer problemas de percepção visual e processamento auditivo, incluindo dificuldades
na percepção espacial e orientação (p. ex., localização de objetos, memória espacial,
conhecimento da posição e localização), memória e atenção visual, discriminação e análise de
sons.
Problemas de comportamento
Algumas crianças com transtornos de aprendizagem têm dificuldade de seguir as convenções
sociais (p. ex., revezar-se, aproximar-se muito do ouvinte, não entender piadas); essas
dificuldades muitas vezes também são componentes dos distúrbios do espectro do autismo leves.
Outros sinais precoces são: atenção com curta duração, hiperatividade, problemas de motricidade
fina (p. ex., desenhos ou cópias de má qualidade) e variabilidade no desempenho e
comportamento durante todo o tempo.
Podem também ocorrer impulsividade, comportamentos sem metas definidas e hiperatividade,
problemas de disciplina, agressividade, desistem ou evitam situações, timidez e medos
5. excessivos. Como se pode observar, distúrbios de aprendizagem e de deficit de
atenção/hiperatividade (TDAH) frequentemente ocorrem juntos.
Diagnóstico dos transtornos de aprendizagem (Avaliações cognitiva, educional, médica e
psicológica)
Critérios clínicos
Crianças com transtornos de aprendizagem são identificáveis quando se reconhece uma
discrepância entre o seu potencial e o desempenho acadêmico. Para determinar as deficiências
nas habilidades e processos cognitivos, são necessárias avaliações da fala, linguagem, cognitiva,
educacional, médica e psicológica. Também são necessárias avaliações do comportamento social
e emocional para planejar o tratamento e monitorar o progresso.
Avaliação
A avaliação cognitiva tipicamente inclui testes de inteligência verbal e não verbal e costuma ser
feita por um psicologo educacional. Os testes psicoeducacionais podem ser úteis na descrição da
maneira, preferida pela criança, de processar informações (de modo holístico, ou analítico, visual
ou auditivo). Avaliações neuropsicológicas são particularmente úteis para crianças com lesão
cerebral ou doenças, para mapear as áreas cerebrais que correspondem a fragilidade e tensões
funcionais específicas. Avaliações da fala e linguagem estabelecem a integridade da
compreensão e uso da linguagem, processamento fonológico e memória verbal, e também podem
avaliar a linguagem (social) pragmática.
Avaliação educacional e do desempenho pelas observações dos professores quanto ao
comportamento na sala de aula e desempenho acadêmico é essencial. As avaliações medem as
habilidades no reconhecimento, compreensão, fluência e decodificação da palavra. Amostras da
escrita devem se obtidas para avaliar a ortografia, sintaxe e fluência de ideias. Habilidades
matemáticas devem ser avaliadas em termos de computação, conhecimento das operações,
compreensão dos conceitos e interpretação dos "problemas do mundo".
6. Avaliação médica inclui um detalhado história familiar e da criança, exame físico, neurológico e
do desenvolvimento neural, para buscar-se a base do distúrbio. As anormalidades físicas e sinais
neurológicos, embora infrequentes, podem indicar causas médicas tratáveis. Problemas de
coordenação motora podem indicar deficits neurológicos ou retardo do desenvolvimento neural.
Os níveis de desenvolvimento são avaliados de acordo com critérios padronizados.
Avaliação psicológica identifica transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH),
distúrbios de conduta, ansiedade, depressão e reduzida autoestima, que estão frequentemente
associados, e devem ser diferenciados das dificuldades de aprendizagem. Devem ser avaliados as
atitudes na escola, a motivação, o relacionamento com os pares e a autoconfiança.
Critérios clínicos
O diagnóstico dos transtornos de aprendizagem é clínico e baseia-se nos critérios do Diagnostic
and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5), e exige evidências de que
pelo menos um dos seguintes esteve presente por ≥ 6 meses, apesar da intervenção direcionada:
➢ Leitura de palavras imprecisa, lenta e/ou que requer esforço
➢ Dificuldade para compreender o significado do material escrito
➢ Dificuldade de grafia
➢ Dificuldade para escrever (p. ex., vários erros gramaticais e de pontuação; ideias não
expressas claramente)
➢ Dificuldade para dominar o sentido numérico (p. ex., compreender a magnitude relativa e
relacionamento dos números; em crianças maiores, dificuldade de fazer cálculos simples)
➢ Dificuldade de raciocinar matematicamente (p. ex., usar conceitos matemáticos para
resolver problemas)
As habilidades devem estar substancialmente abaixo do nível esperado para a idade da criança e
também prejudicar significativamente o desempenho na escola ou nas atividades diárias. Além
disso, as dificuldades não devem ser explicadas como sendo decorrentes de deficiência
intelectual ou de outros distúrbios do desenvolvimento neurológico.
7. Tratamento dos transtornos de aprendizagem
Abordagem educacional
Terapia médica, comportamental e psicológica
Ocasionalmente, tratamento medicamentoso
O tratamento dos transtornos de aprendizagem focaliza a conduta educacional, mas também pode
envolver terapia médica, comportamental e psicológica. Os programas de ensino com uma
abordagem estratégica compensam os fármacos (ensinar a criança como aprender). Uma má
combinação de métodos educativos aplicados à criança com transtornos de aprendizagem agrava
o problema.
Algumas crianças necessitam de instruções especializadas em apenas uma área enquanto
continuam a frequentar classes regulares. Outras crianças precisam de programas educacionais
separados e intensos. As leis norte-americanas colocam estas crianças em salas de aulas de
crianças sem estas dificuldades.
Os fármacos afetam minimamente as aquisições acadêmicas, inteligência e habilidades de
aprendizagem, embora certos fármacos (p. ex., psicoestimulantes como o metilfenidato e várias
preparações anfetamínicas) possam melhorar a atenção e a concentração, permitindo que a
criança possa responder mais eficientemente às instruções.
Muitos remédios populares e terapias não foram comprovados (p. ex., eliminar temperos
alimentares, uso de antioxidantes ou megadoses de vitaminas, estimulação sensorial e
movimentação passiva, terapia sensorial integrada, mediante exercícios posturais, treinamento do
nervo auditivo e treinamento optométrico para melhorar a percepção visual e processos de
coordenação sensoriomotor).