Durante a Idade Média, a Igreja Católica (1) acumulou grande poder político, econômico e social, (2) controlando quase dois terços das terras da Europa e influenciando as leis e costumes, e (3) usou desse poder para manter a ordem social da época, perseguindo hereges.
2. 391 D.C. = Religião cristã tornada oficial do Império Romano.
Idade Média: (século V ao XV), a Igreja Católica conquistou e manteve
grande poder. Foi a instituição mais poderosa da época.
Possuía muitos terrenos (poder econômico), influenciava nas decisões
políticas dos reinos (poder político), interferia na elaboração das leis (poder
jurídico) e estabelecia padrões de comportamento moral para a sociedade
(poder social).
Com o controle da fé, ela ditava a forma de nascer, morrer, festejar, pensar,
enfim, de todos os aspectos da vida dos seres humanos no mundo medieval.
3. A Igreja chegou a ser proprietária de quase dois terços das terras da Europa
ocidental. Era a grande senhora feudal, participando das relações de
suserania e vassalagem e controlando a servidão dos camponeses.
Ao contrário da nobreza – que tinha seus bens repartidos por heranças,
casamentos, lutas pela posse da terra, etc. - , a Igreja só acumulava riquezas,
já que os bens não pertenciam aos religiosos, mas a própria instituição.
4. Assim, usufruindo do poder que tinha sobre as consciências, a Igreja católica
pôde acumular grande riqueza material. À medida que essa riqueza crescia, o
alto clero, constituído por aqueles que ocupavam cargos mais elevados na
hierarquia interna da Igreja, distanciava-se dos assuntos religiosos.
Controlando o poder espiritual e material, a Igreja foi responsável por
manter, em grande parte, a ordem social da Idade Média. Segundo um texto
da época:
Deus quis que, entre os homens, uns fossem senhores e outros, servos, de tal
maneira que os senhores estejam obrigados a venerar e amar a Deus, e que os
servos estejam obrigados a amar e venerar o seu senhor (...).
(St.Laud de Angers. Citado em: Gustavo de Freitas. 900 textos e documentos
de História. Lisboa, Plátano, 1977, v.I, p. 145.)
5. Como religião única e oficial, a Igreja Católica não permitia opiniões e
posições contrárias aos seus dogmas (verdades incontestáveis).
Aqueles que desrespeitavam ou questionavam as decisões da Igreja eram
perseguidos e punidos. Na Idade Média, a Igreja Católica criou o Tribunal do
Santo Ofício (Inquisição) no século XIII, para combater os hereges (contrários
à religião católica).
A Inquisição prendeu, torturou e mandou para a fogueira milhares de pessoas
que não seguiam às ordens da Igreja.
6. Por outro lado, alguns integrantes da Igreja Católica foram extremamente
importantes para a preservação da cultura. Os monges copistas dedicaram-se
à copiar e guardar os conhecimentos das civilizações antigas, principalmente,
dos sábios gregos. Graças aos monges, esta cultura se preservou, sendo
retomada na época do Renascimento Cultural.
Paralelamente ao clero secular surgiu o clero regular, formado por monges
que serviam a Deus vivendo afastados do mundo material, recolhidos em
mosteiros.São Bento organizou a primeira ordem monástica no ocidente, a
ordem dos beneditinos, baseado na regra orar e trabalhar, que significa viver,
na prática, em estado de obediência, pobreza e castidade. Na verdade, os
mosteiros acabaram se tornando o centro da vida cultural e intelectual da
Idade Média e também cumpriram funções econômicas e políticas
importantes.
7. A cultura na Idade Média foi muito influenciada pela religião católica. As
pinturas, esculturas e livros eram marcados pela temática religiosa.
Os vitrais das igrejas traziam cenas bíblicas, pois era uma forma didática e
visual de transmitir o evangelho para uma população quase toda formada por
analfabetos. Neste contexto, o papa São Gregório (papa entre os anos de 590
e 604) criou o canto gregoriano. Era uma outra forma de transmitir as
informações e conhecimentos religiosos através de um instrumento simples e
interessante: a música.
8. As catedrais
Na própria Igreja também existiam movimentos contrários ao seu
envolvimento nas questões materiais e ao uso da violência contra os hereges.
Eram os franciscanos e dominicanos, que pregavam voto de pobreza e por isso
eram conhecidos como ordens mendicantes, que se misturavam ao povo,
procurando demonstrar a vida pobre e sacrificada do cristão. No entanto, eles
foram incapazes de realizar a moralização definitiva da Igreja. Pode-se
considerar que toda movimentação contra as interferências da Igreja
Católica no mundo material, iniciada na Idade Média, acabaram originando a
grande divisão dos católicos no século XVI, com a Reforma Protestante.