Theodor Adorno foi um filósofo, sociólogo, musicólogo e crítico musical alemão.
Também foi um dos maiores críticos da degradação gerada pelo capitalismo em nome
das forças que mercantilizam a cultura e as relações sociais.
Para Adorno, a psicologia precede a política. Seu foco não recai tanto sobre os aspectos
econômicos do capitalismo, pois está interessado nas configurações culturais que esse
possibilita.
Dessa maneira, Adorno foi um dos fundadores da famosa "Escola de Frankfurt", junto a
nomes como Herbert Marcuse, Jürgen Habermas, Max Horkheimer e Wilhelm Reich.
Recebeu muitas influências de pensadores como Hegel, Marx e Freud, bem como de
Lukács e Walter Benjamin, com quem conviveu.
Vale destacar que Adorno acreditava que a cultura possuía uma missão mais nobre, tal
como os intelectuais, únicos capazes de modificar a sociedade.
Biografia
Nascido em Frankfurt, Alemanha, no dia 11 de setembro de 1903, Theodor Ludwig
Wiesengrund-Adorno foi privilegiado por pertencer a uma família culta.
Seu pai, Oscar Alexander Wiesengrund, era negociante de vinhos e sua mãe, Maria
Barbara Calvelli-Adorno, foi uma cantora lírica.
Ela e sua meio-irmã Agathe foram as responsáveis por despertar o gosto musical de
Theodor.
Entre 1918 e 1919, foi aluno de Siegfried Kracauer e, posteriormente, frequentou o
Kaiser-Wilhelm-Gymnasium.
Teve aulas particulares de música com o compositor Bernhard Sekles. Neste período
publicou dezenas de artigos sobre crítica e estética musical.
Ingressou na Universidade de Frankfurt em 1920, onde estudou Filosofia, Musicologia,
Psicologia e Sociologia, formando-se 1924.
Neste mesmo ano, Theodor Adorno e seus colegas fundam o “Instituto de Pesquisas
Sociais”, mais tarde conhecido como “Escola de Frankfurt”.
Em 1925, Adorno vai para Viena, Áustria, com o intuito de estudar composição musical
com Alban Berg.
No ano de 1933, publica sua tese sobre Kierkegaard. No ano seguinte, é obrigado a fugir
do regime nazista, devido sua ascendência judaica e seu alinhamento socialista.
Foge para Inglaterra, onde irá lecionar Filosofia em Oxford. Em 1938, se exila nos
Estados Unidos, onde irá estudar a mídia estadunidense, devido ao fascínio e repulsa
que sentiu ao conhecer a cultura de consumo da Califórnia.
Foi convidado por seu amigo Max Horkheimer para lecionar na Universidade de
Princeton. Posteriormente, é indicado para auxiliar na direção do Projeto de Pesquisas
sobre Discriminação Social da Universidade da Califórnia, em Berkeley.
No ano de 1953, volta a residir em Frankfurt, onde se torna Diretor-Adjunto do Instituto
para Pesquisa Social, em 1955.
Morre no dia 6 de agosto de 1969, em Visp, na Suíça, devido a problemas no coração.
Principais Ideias
Adorno considerava a sociedade enquanto objeto e abandona a ideia de produção
cultural autônoma em relação à ordem social vigente.
Por sua vez, sua perspectiva está embasada na Dialética de Hegel, apesar de divergirem
em alguns pontos.
Com isso, critica o Positivismo Lógico e a Razão Instrumental, pois estes não aceitam a
dualidade existente entre o sujeito e objeto.
Por outro lado, Adorno admite a presença do irracional no pensamento, do qual as obras
de arte são um grande exemplo. Elas são um reflexo mediado do mundo real, expresso
por uma linguagem (artística).
As obras de arte são capazes de abranger todas as contradições que a linguagem
conceitual não alcança. Isso porque elas buscam uma correspondência exata entre a
palavra e o objeto.
Por este motivo, a obra de arte representa uma verdadeira antítese da sociedade. Ela (a
arte) é a própria aparência do real pela sua diferença (dialética) em relação à realidade.
Theodor Adorno e a Indústria Cultural
A principal expressão atribuída a Adorno e seus colegas da Escola de Frankfurt é
"Indústria Cultural".
Esse termo diz respeito à onipresente e maliciosa máquina de entretenimentos que está
sob controle das grandes corporações midiáticas.
Esta máquina é capaz de instigar desejos profundos nas mentes, levando-as a esquecer
do que realmente precisam.
Produtos como filmes de cinema, programas de TV e rádio, revistas e jornais, bem
como outras mídias sociais, são criadas com a intenção sórdida de nos manter
distraídos.
Com isso, ela incuti medos e desejos que nos confundem e intimidam, impossibilitando
uma ação de transformação social.
Ora, este fator de alienação está totalmente embasado na racionalidade da técnica, posto
que o progresso técnico e científico foi apropriado pela Indústria Cultural
A racionalidade da técnica identifica-se com a racionalidade do próprio domínio, o qual
é controlado pela Indústria Cultural.
Ela instaura o poder da mecanização sobre o homem, realizando uma sistemática e
programada exploração de bens considerados culturais com a única finalidade de lucro.
Note que, nesta relação, a Indústria Cultural estabelece uma integração vertical com
seus consumidores.
Seus produtos são adaptados de acordo com os gostos das massas, na mesma medida em
que geram o desejo de consumo.
Com isso, para alguns estudiosos, a Indústria Cultural incapacita os indivíduos, os quais
deixarão de serem autônomos e capazes decidir conscientemente.
Principais Obras
Dialética do Esclarecimento (1947)
Filosofia da Nova Música (1949)
Teoria Estética (1970)
A Indústria Cultural - o Iluminismo como Mistificação das Massas (1947)
Crítica Cultural e Sociedade (1949)
Tempo Livre (1969)
Minima Moralia (1944, 1945, 1946 e 1947)
Frases
“Normalidade significa morte.”
“A tarefa atual da arte é introduzir o caos na ordem.”
“Liberdade não é poder escolher entre preto e branco mas sim abominar este tipo de
propostas de escolha.”
“O homem é tão bem manipulado e ideologizado que até mesmo o seu lazer se torna
uma extensão do trabalho.”
“A grandeza de uma obra de arte está fundamentalmente no seu caráter ambíguo, que
deixa ao espectador decidir sobre o seu significado.”
“A arte necessita da filosofia, que a interpreta, para dizer o que ela não consegue dizer,
conquanto só através da arte pode ser dito ao não ser dito.”
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