2. Primeira categoria
Alucinações telepáticas em que o animal é o
agente
Caso 14 (Visual)
O Rev. Ellis G. Roberts enviou à revista Light (1921, pág.
241) o relato de um incidente paranormal que aconteceu com
sua filha e que foi redigido por ela nos seguintes termos:
3. “Tinha um cão fox-terrier irlandês chamado “Paddy”, ao qual eu
era muito apegada; ele gostava muito de mim também. Uma manhã
Paddy não apareceu na hora do café da manhã; não me preocupei,
pois ele tinha o costume de ir passear sozinho, embora quase
sempre ele viesse regularmente na hora das refeições. Por volta das
nova horas, eu estava
na cozinha, que desemboca em uma pequena área de onde, por uma
outra porta, passamos para a despensa. A porta exterior estava
aberta, e da posição que estava eu podia ver o jardim. Era uma
manhã ensolarada, com o chão coberto de neve. Olhando para fora,
vi Paddy chegar saltitando na neve, atravessar o jardim, entrar na
área e desaparecer na despensa. Eu o segui, mas não pude
encontrá-lo em nenhum lugar. Espantada e perplexa, entrei na
cozinha, onde havia várias pessoas que, não tendo visto nada,
queriam me convencer que eu tinha confundido Paddy com um outro
cão dálmata, de pelo curto, muito maior que ele e bem diferente de
um fox-terrier irlandês. Este cachorro vivia em casa também. Não
levei em conta essa tentativa de explicação porque ela era absurda:
tinha visto bem sobre o fundo brilhante da neve meu cãozinho, e
notado o contraste do seu pelo com a
4. Uma hora e meia depois, eu o vi chegar em condições
lamentáveis: ele tinha pedaços de pele arrancados do peito e das
pernas, e quatro ou cinco dentes faltavam na sua boca. Logicamente
o pobrezinho foi assolado e castigado sem dó, mas nunca
conseguimos descobrir o que aconteceu com o cão. Ele morreu
poucos meses depois; não acredito, no entanto, que sua morte tenha
sido causada pelos ferimentos.”
O Rev. Ellis G. Roberts completa o relato com algumas linhas
suplementares:
5. “Minha filha nunca teve alucinações visuais; parece-me que a
única explicação racional para o incidente seria reconhecê-lo como
sendo um exemplo de telepatia entre um cachorro em apuros e sua
dona, e que, necessariamente, o pensamento do cão se dirigia para
ela devido à necessidade que ele tinha de ser socorrido.”
6. As conclusões do Rev. Ellis G. Roberts parecem consistentes e sólidas; assim
sendo, é inútil nos focalizarmos neste ponto. É mais útil observarmos mais uma vez
que as condições em que o incidente se realizou corroboram para confirmar a regra à
qual aludimos há pouco, ou seja, que as manifestações telepáticas se produzem
geralmente a partir da “via de menor resistência” que elas encontram nas faculdades
sensoriais do percipiente. Se não fosse assim, quando um agente telepático se
encontra numa situação dramática e volta seu pensamento para um protetor distante,
este último deveria invariavelmente perceber a imagem do agente e de acordo com a
situação na qual ele se encontra. De fato, a agitação produzida pela situação só pode
ter invadido momentaneamente o campo inteiro do consciente do agente; assim
sendo, é provável que não possa existir outra idéia a não ser aquela que o domina no
momento da transmissão telepática. Ora, ao contrário, constatamos na prática que
esta correspondência na representação verídica dos eventos se realiza raramente nas
transmissões telepáticas; como ela não se realizou no caso da filha do Rev. Roberts,
onde vemos que um cãozinho assolado e castigado, aparentemente voltando seu
pensamento para sua protetora distante, determina nesta última uma manifestação
telepática, após o que, a moça, ao invés de perceber a situação em que ele se
encontra, o vê entrar na casa trotando calmamente, atravessando o jardim e
penetrando na despensa, isto é, ela visualiza a maneira costumeira de uma atitude
cotidiana. Ora, esta diferença entre o pensamento do agente e a visualização do
percipiente só pode ser explicada a partir da lei psíquica que já indicamos, segundo a
qual todo e qualquer impulso telepático está sujeito a se transformar, no percipiente,
na visualização do agente que lhe é mais familiar.
7. Destacarei, por fim, que quando uma visualização telepática
reproduz fielmente a situação na qual se encontra o agente, significa
que as condições de relação psíquica entre o agente e o percipiente
são tão harmônicas que não há entre eles empecilhos para a
comunicação telepática.