1) O documento discute vários tópicos relacionados a Natal e família, incluindo magia do Natal, saúde bucal de crianças, amor paternal e avós.
2) Também aborda cartas em vias de extinção devido a mensagens eletrônicas e capacidade de espermatozoides "campeões" se movimentarem como cobras.
3) Finalmente, apresenta entrevista com escritora sobre experiência e desafios de ser avó.
1. VESTIDOS
PARA A FESTA
MODA
Só o instinto não chega
N. 299
dezembro 2015
www.paisefilhos.pt
PRESENTES INDESEJADOS
Podemos recusar?
CONSTIPAÇÕES
Elas estão aí!
SOS NATAL
COMO“SOBREVIVER”
AO STRESSE
PARTO
Leve as suas
músicas
preferidas
EDUARDO SÁ
“Para que serve
o Pai Natal?”
CARTA
Gonçalo M.Tavares
ao
PAINATAL
FELIZES
PARA SEMPRE?
Sim, é possível!
EPISIOTOMIA ESTIMULAR A GENEROSIDADE CASTIGOS
BELEZA ROTEIRO LEITURAS LIFESTYLE
NatalAjude-os a acreditar
na magia!
mensal PVPcontinente3.50€
2.
3. www.paisefilhos.pt 3
00
sumário
NATAL
DEZEMBRO
97
LIFESTYLE
90
HISTÓRIA
88
LER
84
ROTEIRO
63
CADERNOS
60
SHOPPING
O Pai Natal existe!
Aproveite sem stresse esta época única, com toda a magia
edição 299
14
24
Diabetes
Uma questão de controlo
Terror
Como explicar aos mais novos
54
46
50
Casais felizes
Todos os segredos
Constipações
Podemos evitar?
Moda Natal
Prontos para as festas
Beleza
Maquilhagem
Entrevista
Ella Woodward
Música no parto
Banda sonora de afetos
18
CRÓNICAS: 12 Eduardo Sá 22 Mário Cordeiro 28 Isabel Stilwell 30 Sónia Morais Santos 44 Enrique Pinto-Coelho
72
32
80
4. 4 Pais&filhos dezembro2015
editorial Amor em tempo de guerra
A
chegada do pinheiro, a escolha
criteriosa das bolas e das fitas,
a apanha do musgo para o pre-
sépio, o azevinho no jarrão, a
abóbora partida aos gomos, o
bacalhau de molho, os cartões de Boas Fes-
tas e os papéis de embrulho espalhados pela
mesa… tudo isto, à mistura com um estra-
nho frenesim de gente, luzes e cânticos an-
tecipavam a grande Noite e impregnavam a
casa de uma atmosfera especial. Um pouco
estranha, de tão inquietante, mas deliciosa.
Para mim, era o mês mais desejado do ano. Por
estaaltura,jáaquelenervosomiudinhomefazia
gritar de alegria e estremer de comoção. Mas,
com a carta ao Menino Jesus, vinham os pri-
meiros receios e algumas interrogações. Será
que me portei bem o suficiente para receber a
boneca “que fala”? Como descerá a viola pela
chaminé? Estarei a pedir demais? É desta que
vou ser penalizada por todos os pecados? Como
é que Ele, lá do alto, vigia tudo e todos e nunca
se engana no sapatinho? E como é que me con-
segue sempre devolver a carta?
Um enigma que guardava com cautela e que,
com o aproximar da data, se tornava cada vez
mais presente... e perturbador. A ponto de me
tirar o sono, por vezes a fala.
Com o passar dos anos, o mistério, cada vez
menos obscuro, foi deslindado. Mas eu, talvez
resistente ao quebrar do feitiço, continuei a
ignorar certos “deslizes”, a escrever cartas ao
Menino Jesus e a pôr o sapatinho na chaminé.
Até hoje. Quem sabe na esperança de que o
mistério perdure e a magia nunca esmoreça.
Numaépocaemqueascriançasdominamtanta
coisa, mas brincam tão pouco – e em que o Pai
Natal está apenas à distância de um clique –
cabe a nós, pais, cultivar e propagar a magia.
Num gesto altruísta ou numa bolacha para o Pai
Natal. Porque, por mais presentes (programas
ou atividades) que recebam, só a magia é capaz
de (n)os encantar... e dar “poderes” especiais.
Na altura em que escrevo este texto, vou assis-
tindo, ainda em estado de choque, aos contor-
nos e efeitos assustadores da noite de terror
que atingiu Paris (e, inevitavelmente, todos
nós). Neste mês em que se celebra a festa da
família – e se apregoam valores como a paz, a
amizade e a solidariedade –, talvez seja bom
parar, refletir.. e tentar novos rumos. E não
desistirmos, mesmo desiludidos, impotentes
ou revoltados, de combater o terror... com o
amor. Todos os dias. Boas Festas!
Alexandre Castro Caldas
[diretor do Instituto
de Ciências da Saúde
da Universidade Católica]
Paul Coleman
[psicólogo e autor do livro
“Finding Peace When Your
Heart is in Pieces”]
Numa época em que o Pai Natal está
à distância de um clique, cabe a nós, pais,
cultivar e propagar a magia
Helena Gatinho
[diretora]
Eles dizem...
Foto: Isabel Saldanha
“É preciso que os miúdos
percebam que têm dentro
da cabeça um computador
muito melhor do que
qualquer outro”.
“Os pais podem dizer:
estes ataques são raros,
os maus estão a ser
apanhados e os adultos
estão a fazer tudo
para que não voltem
a acontecer”.
5. Cinco escovas extra
O aspirador Becken Aquapower
conta com cinco escovas extra,
pensadas para facilitar cada
processo de limpeza.
Esta é uma ajuda
imprescindível para a limpeza
da casa e a sua manutenção
é extremamente simples.
O
aspirador a água da
BECKEN Aquapower
permite uma limpeza
profunda da casa,
mesmo para os aman-
tes de animais, garantindo ainda a ex-
tinção dos elementos alergénios que se
encontramnasmaispequenaspartículas
depó.Aconjugaçãodosfiltrosdeáguae
HEPAatrabalharsimultaneamente,com
umapotênciade1600W,reflete-senuma
grandeeficiênciadesucção,eliminando
as“fontes”dealergiasqueabundamem
todas as casas.
Sem saco, com filtragem e com re-
curso a água, o Aquapower permite
a aspiração de líquidos e sólidos.
O aspirador da Becken utiliza um novo
sistema de filtragem ciclónico, que cria
um efeito giratório, o que faz com que a
águanodepósitocirculenomesmosen-
tidodaentradadoar,impedindoqueas
partículasdepómaispequenasvoltema
sairdoaspiradoresemantenhamnoar.
O sistema ciclónico é simples e inova-
dor, reduzindo a quantidade de bolhas
geradasnosciclosdeaspiração,oquefaz
com que as partículas mais pequenas
sejamnaturalmenteretidasnaágua.As
poucasbolhascommicropartículasque
permaneçamsãoretidaspelofiltroHEPA.
Pensadoparatodasasdivisõesdacasa,
o aspirador Becken Aquapower inclui
acessóriosquepermitemlimparasvárias
divisõesdascasas,independentemente
da sujidade ser sólida ou líquida. Inclui
atéumacessóriopróprioparaospelosde
animais.Odepósitodeáguafacilmente
removível,apegadetransporte,aprote-
ção de borracha e o indicador do nível
de água espelham a simplicidade deste
aspirador,desenhadoparaproporcionar
conforto no processo de limpeza.
Osistemadeencaixecriadoparafechar
oaspiradorfoiespecialmentedesenhado
para ser fácil de desmontar e remover
toda a água e sujidade do seu interior.
Lava-se facilmente e fica pronto a usar
de novo.
Finalmente, derealçarodesignmoderno
e ergonómico, especialmente desenvol-
vido a pensar em si.
O aspirador Becken
Aquapower utiliza
um novo sistema de
filtragem ciclónico, para
uma limpeza mais eficaz
Cuida da casa
e da sua família
uida da casada da casa
6. Notíciasbloco de notas
6 Pais&filhos dezembro2015
CARTAS EM VIAS
de extinção?
As cartas e todas as formas de
comunicação escrita de tipo
manual podem já ser classificadas
como uma “espécie em vias de
extinção” revelam os autores de
um estudo realizado no Reino
Unido junto de adolescentes. Na
base do fenómeno está o domínio
cada vez mais absoluto das
mensagens de texto enviadas com
recurso às novas tecnologias.
Da amostra de mil jovens entre
os 13 e os 19 anos inquiridos
para este trabalho, cerca de um
terço nunca escreveu uma carta
ou mesmo um pequeno bilhete,
enquanto um em cada dez afirma
não utilizar lápis ou canetas fora
do âmbito escolar: tudo é feito
online e através de mensagens
escritas, e-mail ou com o recurso
às redes sociais.
O que é que faz de um homem um pai afetuoso
e cuidador? Fatores biológicos, emocionais e
boas capacidades auditivas e visuais, garantem
investigadores da Universidade do Michigan (EUA)
que têm vindo a dedicar-se ao estudo do que
chamam a “equação do amor paterno”.
Ao ouvir e ver o seu bebé a chorar, os níveis
da hormona testosterona do pai baixam
significativamente, descobriu a equipa norte-
-americana. E isso significa que a habitual tendência
masculina para a competição e os instintos de
sobrevivência a todo o custo são substituídos, a nível
celular, por uma tendência de empatia “que beneficia
a cria que, por algum motivo, está a mostrar sinais de
tristeza ou desconforto”.
COMO NASCE o amor de pai?
7. www.paisefilhos.pt 7
A forma como as células reprodutoras masculinas se movem – em
especial o que distingue as mais fortes das mais fracas – é um dos
campos de trabalho mais populares para a comunidade científica
que se dedica a estudar as questões da fertilidade masculina. Agora,
uma equipa da Universidade de Toronto (Canadá) mostrou que
os espermatozoides mais capazes não se limitam a “nadar” com
movimentos de saca-rolhas, como se acreditava. Os “campeões” da
fertilidade têm também capacidade de se moverem como cobras,
deslizando ao longo da parede
do útero ou atravessando
fluidos espessos. Isto permite-
-lhes moverem-se duas vezes
mais depressa, ultrapassando
todos os que não possuem a
mesma técnica. A descoberta
poderá abrir caminho a
novos tratamentos contra a
infertilidade masculina.
Ser avó obriga a redescobrir
o mundo?
É o maior tratamento de
rejuvenescimento imaginável: de um
dia para o outro começamos a olhar
para tudo à nossa volta como se fosse
a primeira vez. E aí reparamos que há
tanta coisa que tínhamos deixado
de ver! Afinal os pombos têm
“cachecóis”, os aviões voam (e isso é um “milagre”),
saltar nas poças dá-nos um prazer incalculável...
O que lhe ensinaram a Carminho
e a Madalena nestes cinco anos?
Sinto que elas me ensinaram duas coisas essenciais: a
importância da cumplicidade e a dar valor a focar-nos
completamente numa tarefa, tirando dela o maior
dos prazeres. Quando estou a brincar com elas não
penso em mais nada, envolvo-me a 100 por cento
na brincadeira e esqueço completamente os emails,
os artigos que tenho de escrever, etc., e isso tem-me
proporcionado momentos únicos de pura felicidade.
As avós também têm dúvidas?
As avós têm dúvidas, mas confiam mais no seu banco
de dados e no bom senso, seguras pela experiência
que têm. E, sobretudo, sentem-se menos julgadas
pelos outros, o que dá uma margem de manobra
maior. Mas há problemas novos que surgem com os
netos, questões que nunca se puseram com os seus
filhos, e aí devem procurar respostas, nos livros, nas
conversas, e claro junto dos pais da criança,
que a conhecem melhor do que ninguém.
É possível ser avó sem entrar em choque
com os pais?
Acho que não, até porque os pais são filhos, e os
bons pais nunca deixam de tentar educar os filhos,
por muito que eles cresçam. Mas se construíram
uma relação de respeito e admiração ao longo da
vida com eles, hábitos de diálogo e troca de ideias,
os confrontos podem dar bons frutos! Afinal têm em
comum o amor por aquela criança.
Teresa Martins
“Ser avó é mudar
a forma de ver o mundo
[Isabel Stilwell, escritora]
Ser avó é “embarcar alegremente numa viagem
sem retorno”. “Diário de uma Avó-Galinha”
relata cinco anos desta fantástica descoberta.
CarlosRamos
ESPERMATOZOIDES “CAMPEÕES”
MEXEM-SE COMO COBRAS
Regras para uma boa saúde oral
A Associação Dentária Americana
apresentou recentemente algumas
recomendações para garantir
uma dentição saudável, desde os
primeiros dias.
• Nunca colocar águas
aromatizadas, sumos ou
refrigerantes no biberão.
• Não colocar a chucha do bebé na
boca. Isto porque há transferência
de germes e bactérias “adultas”
para o metabolismo infantil.
• Nunca embeber, mergulhar ou
cobrir a chucha em doces.
• Antes do aparecimento dos
primeiros dentes de leite, limpar as
gengivas do bebé, depois de cada
refeição, com um pedaço de tecido
suave e húmido.
•Até aos três anos, escovar
suavemente com uma escova
e dentífrico apropriados (a
quantidade não deve exceder o
tamanho de uma ervilha).
• Supervisionar a lavagem até aos
seis anos (só nessa altura a criança
tem capacidade de usar a escova e
o dentífrico de modo eficaz).
• Não usar “copos de bebé” depois
do primeiro aniversário. Nessa
altura, o bebé é capaz de usar um
copo normal, desde que não seja
pesado, quebrável e tenha uma
quantidade moderada de líquido.
8. bloco de notas
8 Pais&filhos dezembro2015
YOGA CONTRA
stresse infantil
Brincar absorve totalmente as crianças, queima energia
e recursos e, acima de tudo, tem uma influência indelével na
sua personalidade. Ajuda-as a adquirir novas capacidades e a
consolidar outras. A principal característica da brincadeira é
o sentimento imediato de prazer: para as crianças, brincar é
instantaneamente gratificante e é, portanto, algo que as atrai
bastante.
A brincadeira é uma conceção multifacetada de liberdade,
contradição, incoerência, prazer. É, pois, capaz de revelar os
aspetos emocionais mais secretos da alma de uma criança.
É capaz de evidenciar os seus desejos, tendências e aspetos
contraditórios do seu caráter e é, por isso, algo que não
devemos subestimar e a que devemos prestar muita atenção.
Atribuir uma definição específica e uma interpretação
inequívoca à brincadeira não é, contudo, uma tarefa fácil, já
que a forma de brincar de uma criança diversifica-se durante
as diferentes fases de crescimento.
Desde o nascimento, os brinquedos são uma importante
forma de estimular o desenvolvimento sensorial da
criança. Brinquedos fáceis de agarrar, divertidos, coloridos
e barulhentos são muito estimulantes para o seu
desenvolvimento nesta fase. Dos seis meses em diante, os
brinquedos têm a importante tarefa de permitir que os bebés
se tornem mais conscientes das suas capacidades e comecem
a controlar o seu comportamento sensório-motor. À medida
que progridem, isto vai permitir-lhes imitar o comportamento
dos adultos. Por outro lado, tornam-se também cada vez mais
interessados no que as rodeia e desenvolvem a necessidade
de se divertirem e aprenderem coisas novas. E, os brinquedos
que eram inicialmente utilizados para estabelecer uma ligação
com o mundo à sua volta, agora transformam-se numa fonte
de conhecimento essencial para o seu desenvolvimento.
BRINCAR PARA CRESCER
O observatório Chicco acompanha o desenvolvimento da criança nos primeiros anos de vida,
com a colaboração de mães, médicos, especialistas em puericultura, associações e creches,
para propor produtos simples e seguros para cada fase do crescimento. www.chicco.pt
B Ó
Programa comunitário combate
obesidade infantil
“Juntos Prevenimos a Obesidade Infantil”: é este o
mote por detrás do programa comunitário VIASANO,
desenvolvido em França e posto em prática em 19
cidades da Bélgica, que pretende estimular uma
mudança de comportamento sustentável a longo prazo
e prevenir a obesidade infantil. A metodologia funciona
numa dupla perspetiva: dirigindo-se à população local
através de técnicas de marketing social, utilizando canais
de comunicação locais, e dirigindo-se ao ambiente da
comunidade em colaboração com agentes locais. Um
estudo publicado na revista Pediatric Obesity avaliou os
efeitos do VIASANO e concluiu que o programa permitiu
reduzir a prevalência de excesso de peso ou obesidade
em 2,2 por cento. Os investigadores analisaram, ao
longo de três anos (entre 2007 e 2010), as mudanças
da prevalência do excesso de peso e obesidade em
crianças de três a quatro anos e de cinco a seis anos nas
cidades piloto de Mouscron e Marche-en-Famenne,
na Bélgica.
As crianças também precisam de relaxar: o
stresse e a pressão nos estudos podem causar
sintomas de ansiedade prejudiciais ao seu
desenvolvimento. O yoga é uma das formas de
combater estes malefícios e ganha cada vez
mais adeptos, entre pais e filhos. “São muitos
os benefícios que se podem retirar da prática
de yoga desde os primeiros anos de vida. Não
só porque fortalece os músculos e melhora a
flexibilidade, mas também porque estimula a
coordenação, o tempo de reação e a memória”,
assegura Martha Tena, professora de yoga
especializada em sessões para o público infantil.
A especialista refere que esta prática pode mesmo
“influenciar a capacidade da criança em resolver
problemas e a pensar de forma criativa”.
9. MÁXIMA ABSORÇÃO DE XIXIS
E FEZES LÍQUIDAS
A fralda Dodot Sensitive oferece o máximo cuidado da Dodot
para a delicada pele do recém nascido.
Com tecnologias especiais:
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1
2
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TAMANHO
10. 10 Pais&filhos dezembro2015
Neste Natal queremos ajudá-lo(a) a evitar acidentes que
podem acontecer em dias que deveriam ser apenas de paz
e felicidade. Alguns podem ser tão graves! Por isso siga as
dicas da APSI:
– Enfeite a casa com uma árvore de Natal estável que não
possa cair sobre as crianças;
– Escolha enfeites adequados à idade dos seus filhos ou
netos, para que não corram risco de asfixia com peças
pequenas ou que possam soltar-se. Coloque-os de
preferência fora do seu alcance para que não possam
puxá-los;
– Verifique que as luzes de enfeite estão em bom estado,
sem fios descarnados ou em risco de sobreaquecimento e
incêndio. Apague-as sempre que saia de casa e à noite;
– Não enfeite a casa com velas; se o fizer ponha-as em
lugares altos, longe de cortinas e produtos inflamáveis.
Guarde longe do alcance da criança os fósforos ou
isqueiros;
– Escolha brinquedos para oferecer, adequados às
diversas idades, e de boa qualidade. Compre numa loja de
confiança para evitar brinquedos contrafeitos que podem
esconder alguns riscos: corte, perfuração, entalão, asfixia,
queimadura, choque elétrico…
– Observe bem os brinquedos que oferecem às suas
crianças; procure peças pequenas que possam aspirar ou
engolir (menos de 32 mm ou 45 mm se forem esféricas),
objetos cortantes, etc. Leia as instruções e utilize sempre os
equipamentos de proteção recomendados.
Passe esta informação aos seus familiares e amigos para
que possam evitar acidentes ou apenas alguns sustos
neste Natal.
APSI – Associação para a Promoção da Segurança Infantil
www.facebook.com/apsi.org.pt
www.apsi.org.pt | apsi@apsi.org.pt | 21 884 41 00
Natal sem acidentes
DICAS DE SEGURANÇA
Ter filhos aumenta a longevidade das mulheres que,
em qualquer altura da vida, têm mais 20 por cento de
possibilidades de se encontrarem bem de saúde do que as
que não são mães. Esta é, pelo menos, a conclusão a que
chegaram investigadores britânicos do King’s College de
Londres. O trabalho envolveu um megaestudo de mais
de 320 mil mulheres, de dez países europeus, durante um
período de 13 anos. Durante o processo de investigação, os
cientistas descobriram que as mães apresentavam menos
risco de morte, em especial as que tiveram o primeiro filho
antes dos 30 anos.
TER FILHOS
aumenta longevidade
FAMÍLIA
% dos alunos do 3º ciclo e secundário
são fumadores, diz um estudo
da Universidade de Coimbra
O número de famílias monoparentais em Portugal cresceu
para o dobro no espaço de duas décadas, revelam dados do
projeto GeoHealthS, um estudo do Centro de Estudos em
Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de
Coimbra. Os últimos dados obtidos revelam um aumento de
mais do dobro de famílias monoparentais entre 1991 e 2011,
passando de uma média de 6,1 para 12,6 por cento. De acordo
com o projeto, a monoparentalidade “encontra-se associada
a maior risco de privação de pobreza, principalmente nas
mulheres”, havendo vários estudos que indicam um risco
acrescido para a criança ao nível da saúde mental.
FAMÍLIAS MONOPARENTAIS
crescem para o dobro
bloco de notas
21%
As Olisipíadas estão de regresso a Lisboa. Trata-
-se de uma iniciativa organizada pela Câmara
Municipal de Lisboa e pelas 24 freguesias da
cidade, em parceria com os Comités Olímpico
e Paralímpico de Portugal, as Associações e
Federações desportivas, clubes da cidade e
agrupamentos escolares. Com o grande objetivo de
promover a prática desportiva entre os mais novos, dos
seis aos 14 anos, as Olisipíadas, de acordo com Jorge
Máximo, Vereador do Desporto da Câmara de Lisboa,
“têm a capacidade única de abrir o desporto a milhares
de jovens e, quem sabe, descobrir campeões”. As
competições locais irão realizar-se até maio e os jogos
terminarão em inícios de junho, com uma grande
festa do desporto para toda a família.
Jogos estão de volta
11.
12. crónica Porque sim não é resposta
12 Pais&filhos dezembro2015
Eduardo Sá
[psicólogo]
É
mau que se acredite no Pai Natal?
Não. É indispensável! É verdade que Natal nos ajuda a esmerar para a ideia de família.
Mas são os presentes que nos trazem para o deslumbramento de descobrir se estamos
(ou não) no centro do Presépio para alguém!
O Pai Natal faz mal... ao Natal?
Não! Mal faz a luta entre consumismo e sagrada família que, às vezes, “anda no ar”, como se ou
houvesse quem valorizasse o Natal e desprezasse os presentes ou quem se empanturrasse neles e
ignorasse o Natal. Presentes demais não são presentes: são uma forma de alguém nos achar tão
ausentes dentro de si que, à cautela, ao dar-nos muitos, ao menos assim, sempre se arrisca a acertar
no meio do nosso coração, quase sem querer, pelo menos, uma vez. Mas não trocar presentes é uma
forma de dizer: “Se sabes que eu gosto de ti, não tenho a obrigação de te provar que te conheço!”. O
que não é verdade: quanto maior for o amor mais nós temos de o provar. Já o dinheiro, no Natal, não
é presente: é uma forma de subornar a preguiça de alguém não nos dizer “Amo-te!”, num gesto só.
Para que serve o Pai Natal?
Serve para nos rebelarmos contra os dias onde o coração parece ter de bater, unicamente, dentro do
peito. E para nos insubordinarmos contra a vida quando ela, vezes demais, não tem (como devia) “a
nossa cara”. E para falarmos da falta que nos faz um mundo que sorria para nós. O Pai Natal serve
para falarmos de esperança! E da fé de termos – algures num grão, mais ou menos perdido, do
Universo – alguém que nos conheça, nos vire do avesso e, por isso, teime e teime e não desista de
fazer de nós o melhor do mundo só para si.
O Pai Natal existe, mesmo?
Existe! E chega de fazermos de conta que o mundo se divide entre pessoas reais e personagens
imaginárias. Tecnicamente (vamos dizer assim) essa distinção tem sentido, claro. Mas acontece
que às pessoas reais falta, muitas vezes, um enredo, um comboio de gestos que – de tão límpidos e
compreensíveis – se adivinhem. Mais um jeito só seu que as torne “escutadoras” e, por isso mesmo,
“adivinhonas” e “brincadoras”. E tudo o resto que, de inventivo ou trapalhão, nos eleva do chão, sem
nunca sairmos do seu olhar, que nos segura. E, sendo assim, falta às pessoas reais um quase-nada
de rodopio com que costurem o nosso coração e que faça com que ele possa ser tudo – um balão
colorido ou uma avenida de gente olhando por nós – mas nunca, e em circunstância alguma, mais
um remendo. É por isso que as personagens imaginárias têm, muitas vezes, o patoá que falta às
pessoas reais. Porque não sabendo o nosso nome, nem sendo possível que se lhes toque, nos falam
ao ouvido. E enternecem e nos comovem com quase-nada. E sendo tão íntimas e delicadas, por
mais que se não queira, serão reais. E sendo assim um ror de vezes, são (como não podia deixar de
ser) “dos nossos”. Como alguns tios e mais alguém (quem sabe?) nunca serão. É por isso que, tal
como elas, o Pai Natal não só existe como, sobretudo, faz parte da família.
Chega de fazermos de conta que o mundo se divide entre
pessoas reais e personagens imaginárias. O Pai Natal não só
existe como, sobretudo, faz parte da família
Para que serve
o Pai Natal?
13. www.paisefilhos.pt 13
Mas, sendo assim, para é que servem as pessoas, quando são reais e imaginárias, ao
mesmo tempo?
Para fazerem milagres! Porque há sempre um milagre quando duas pessoas acreditam naquilo
que sentem e creem uma na outra, ao mesmo tempo.
Falar às crianças do Pai Natal não serve, então, para as levar ao engano?
Não! Por mais que as crianças sejam pequeninas, e dado que não veem a mãe e o pai a levantar
voo a torto e a direito, não há forma delas acreditarem, realmente, que cento e quarenta quilos
de Pai Natal, mais o peso do trenó, uns pares de renas e uma tonelada de brinquedos levante
voo... sem motor de arranque. Mas trazer mistérios para a vida das crianças ajuda-as a perceber
que é com eles, e pela forma como se desvendam, que se vai do estranho ao maravilhoso. E –
mais, ainda – serve para lhes explicar que é por convivermos com aquilo que vai além de nós e
que, de tão exultante, nos torna, por vezes, quase minúsculos, que o coração nos arrebata e nós
crescemos.
Será que o Pai Natal das crianças e o Pai Natal dos pais são pessoas diferentes?
É claro que são! O das crianças é uma forma delas darem a entender que o importante não são as
prendas. Mas a distância que separa um desejo do arrepio de alguém o descobrir. Por mais que os
pais, à conta das asneiras que fazem, não sejam, muitas vezes, de confiar. A ponto de as crianças
– fazendo de conta que não reparam na letra do Pai Natal ser, estranhamente, parecida com a
do pai ou da mãe – escreverem cartas para o País do Natal, que é uma forma de dizerem aos
pais, sem magoar: “Agora, orientem-se! Sim?...”. Já o Pai Natal dos pais é um avozinho barrigudo
de barbas brancas – que vestisse ele como as pessoas reais, em vez de vermelho – e quase seria
uma forma de dizerem aos avós das crianças que está na altura de voltarem a ser escutadores,
adivinhões e brincadores como, algures, no seu crescimento, já terão sido.
E (já agora) é mau que o Pai Natal, para a mãe, e o Pai Natal, para o pai, tenham listas
diferentes de prendas que desejem dar?
Não. Mau será que só tenham olhos para as prendas com que sonharam nas suas infâncias e que
nunca tiveram. E, mesmo assim, isso não seria, de todo, mau! Porque os presentes servem para
sairmos do nosso mundo e sermos, ao mesmo tempo, pessoas reais e personagens imaginárias.
No mundo das crianças, o pai e a mãe, quando vão a sufrágio, raramente ganham sem se
coligarem. É essa a magia de os ter a amar a quatro mãos. Coisa que as pessoas reais, aquelas a
quem falta magia, estranham e desconhecem. Mas tirando Deus, porque é Deus, e as consegue,
as maiorias absolutas só existem quando há um milagre. E até aí elas teimam em ser fugazes
e fugidias. E, vendo bem, mesmo considerando Deus, olhando nós para tantos meninos que
parecem tê-lO apanhado a jogar dados com o Universo, há sempre alguém que é da oposição.
O que, tirando aquilo que se passa noutros países – que não são o do Natal – é redentor. Porque
sempre que duas contradições tagarelam e se entremelam, logo uma convicção apanha o jeito e
zás: põe-se a falar.
Ganhamos alguma coisa ao dizermos a um filho que o Pai Natal não existe?
Não. Não ganhamos mesmo nada! Porque, dito assim, não existir o Pai Natal não quer dizer
que se acabaram as prendas. Mas que deixaram de ser “presentes” e de estar presentes dentro
de quem os ama. Porque um presente serve para alguém nos dizer “presente!”, dum jeito
talvez secreto e muito nosso. E, para além de todos os nossos “ais” serem só seus, serve para
percebermos que essa pessoa nos escuta e adivinha e nos comove. E faz da nossa vida o melhor
dos seus presentes! E, sendo assim, quando – de coração apertado – abrimos um presente e,
tremelicando, reconhecemos nele a nossa cara e o amor arrepiante com que ela se esmerou para
se dar, é como se nascêssemos outra vez. E, então sim, ao chegarmos com ele bem ao centro do
Presépio, só aí será Natal.
Um presente serve para alguém nos dizer “presente!”, dum jeito secreto e muito
nosso. E para percebermos que essa pessoa nos escuta e adivinha e nos comove
14. 14 Pais&filhos dezembro2015
gravidez & parto Diabetes gestacional
[texto] Teresa Martins [fotografia] Fotolia
uma questão de
T
udo começa no prato: quando
os níveis de açúcar no sangue
obrigam a levantar a bandeira
vermelha, cada refeição da
grávida passa por um rigoroso
escrutínio. É preciso selecionar alimentos,
cortar quantidades, combinar ingredientes,
desdobrar refeições… Tudo com conta, peso e
medida, para garantir que a glicémia se man-
tém em níveis aceitáveis e inofensivos para a
grávida e, sobretudo, para o bebé.
“As grávidas com diabetes gestacional preci-
sam de um plano personalizado e de acom-
panhamento multidisciplinar: é um trabalho
entre o obstetra, o nutricionista e o endocri-
nologista. É preciso analisar o que comem, o
que acontece quando comem determinado
alimento, as horas a que o comeram… É preciso
analisar tudo caso a caso”, explica a nutricio-
nista Daniela Seabra. Nesta equação entram
diversas variáveis, desde o tipo de alimento
ingerido, à quantidade ou ao intervalo entre
refeições. Tudo conta. “É um jogo”, diz a nutri-
cionista, sublinhando que “há grávidas cujos
níveis são muito difíceis de controlar”. Por isso
mesmo, apesar de não gostar da palavra proi-
controloÉ uma complicação frequente e implica um intenso
braço de ferro com os hidratos de carbono. Mas com
autodisciplina e determinação, é possível controlar
a grande maioria dos casos. Para bem do bebé!
Motivação
Controlar
a diabetes
gestacional é
proteger e tratar
o bebé. Por isso,
na grande maioria
dos casos, as
grávidas cumprem
o plano à risca
bir, Daniela Seabra não deixa margem para
manobras: “Proíbo sim, tudo o que é açúcar,
logo na primeira consulta! Porque para algu-
mas grávidas basta ingerir um bocadinho de
açúcar e os valores disparam.”
Para perceber a importância do controlo da
diabetes gestacional é preciso primeiro com-
preender por que surge e que consequências
pode ter quer para a grávida quer para o bebé.
“Na fase inicial da gravidez, o aumento das
hormonas origina uma baixa de açúcar, pro-
movendo a acumulação de gordura e aumento
do apetite. À medida que a gestação progride,
os níveis de açúcar no sangue após as refeições
vão aumentando, enquanto a sensibilidade à
insulina diminui. Para que se mantenha um
bom controlo do nível de açúcar no sangue
durante a gravidez, é preciso que haja um au-
mento suficiente da produção de insulina pela
mãe para contrariar a queda na sensibilidade à
insulina. A diabetes gestacional ocorre quando
a secreção de insulina não é suficiente”, explica
a obstetra Sofia Serrano.
As consequências deste desequilíbrio são co-
nhecidas: “Valores persistentemente elevados
de açúcar no sangue da grávida podem origi-
15. www.paisefilhos.pt 15
Medir a gordura abdominal no
primeiro trimestre da gravidez
permite identificar as mulheres
com maior risco de desenvolverem
diabetes gestacional, revela um
estudo publicado na revista Diabetes
Care. Os investigadores do Hospital
St. Michael em Toronto (Canadá)
analisaram perto de 500 mulheres
com idades entre os 18 e os 42 anos
e comprovaram que as grávidas
que apresentavam maiores níveis
de gordura abdominal foram as
que desenvolveram, com mais
frequência, diabetes gestacional
entre as 24 e as 28 semanas,
independentemente do índice de
massa corporal. Por isso, defendem
que a gordura abdominal deve
ser um marcador a ter em conta
na avaliação do risco de diabetes
gestacional a partir de agora.
Gordura abdominal prevê risconar excessivo crescimento do feto (macrosso-
mia) associado a problemas no parto (distócia
de ombros, aumento da taxa de cesarianas,
hipoxia perinatal, aumento dos partos instru-
mentados) e aumentam a probabilidade da
grávida, no futuro, desenvolver uma diabetes”,
adianta a especialista. Além disso, acrescenta,
“a exposição à diabetes no meio intrauterino
está associado a um risco acrescido do filho
ter excesso ponderal e obesidade no início
da infância, maior risco de diabetes tipo 2 e
aumento do risco cardiovascular”.
Rastreio universal
A diabetes gestacional pode surgir em qual-
quer mulher, mas existem alguns fatores de
risco que obrigam a olhar para a grávida ainda
com maior atenção: “Idade igual ou superior a
30 anos, antecedentes familiares de diabetes
tipo 2, obesidade, multiparidade (quatro ou
mais partos), dois ou mais abortos espontâ-
neos, morte perinatal anterior, macrossomia
fetal, diabetes gestacional em gravidez prévia”,
enumera Sofia Serrano, chamando a atenção
também para as alterações do estilo de vida
ocorridas nas últimas décadas. “A mulher en-
gravida mais tarde e tem excesso de peso ou
é obesa, situações muitas vezes associadas a
défice de produção de insulina”.
Por tudo isto, é fundamental diagnosticar
atempadamente e declarar guerra a esta com-
plicação. As atuais normas de vigilância da
gravidez emitidas pela Direção Geral da Saúde
indicam que, numa situação de baixo risco,
“deve ser feita pesquisa de glicémia em jejum
na primeira consulta de vigilância pré-natal
e prova de tolerância à glicose oral (PTGO)
às 24-28 semanas de gestação”. “O rastreio
16. 16 Pais&filhos dezembro2015
universal é fundamental para tentar que ge-
rações futuras não tenham as complicações
decorrentes da diabetes”, sublinha a obstetra.
O poder das picadas
O tratamento da diabetes gestacional passa,
essencialmente, pela alteração do plano ali-
mentar e pela “autovigilância glicémica ri-
gorosa (implica que a grávida faça picadas
regulares para saber o seu nível de açúcar no
sangue)”, refere Sofia Serrano, acrescentando
que “a ingestão de água é recomendada, as
bebidas alcoólicas desaconselhadas e o exer-
cício regular estimulado, preferencialmente a
marcha e sobretudo após as refeições.” Daniela
Seabra sublinha o “poder das picadas”: “São
importantíssimas, porque as grávidas assus-
tam-se com os valores depois das refeições
e mudam”. E mudar significa seguir o plano
à risca, sem cair em tentações. Porque por
mais pequenas que sejam, podem ter conse-
quências. “Costumo dizer às minhas grávidas:
‘Pode comer o bolo de chocolate no dia em
que o bebé nascer! Vingue-se nessa altura,
mas agora estamos a tratar o bebé’”, conta a
nutricionista, referindo, no entanto, que na
maioria dos casos a motivação nas grávidas
é “muito grande”.
Apesar das proibições, Daniela Seabra escla-
rece que há pequenos truques que facilitam
na hora de escolher os alimentos: “Substituir
pão branco por pão de mistura, sempre! Comer
fruta (pouca) com algumas nozes ou avelãs.
O truque é atrasar a absorção do açúcar, jun-
tando gordura (fruta com nozes, pão com pasta
de azeitonas…), para não criar picos.”
Se mesmo com as alterações alimentares de-
finidas não se conseguir manter os níveis de
glicémia controlados (“entre 60-90 mg/dl em
jejum e entre 100-120 mg/dl uma hora após
início das refeições”) então “será necessário
iniciar terapêutica com insulina, que é o tra-
tamento preferencial, apesar de já existirem
diversos estudos com antidiabéticos orais”,
esclarece Sofia Serrano, referindo que “a eco-
grafia às 29-33 semanas, para avaliar o cres-
cimento fetal, pode determinar o início e/ou
intensificação da terapêutica com insulina”.
Com ou sem necessidade de insulina, as im-
plicações decorrentes da diabetes gestacio-
nal nem sempre terminam com o parto. “Nas
primeiras seis a oito semanas após o parto, a
mulher deve fazer uma nova prova de ingestão
de glicose (PTGO), para perceber se está ou
não alterada e se tem diabetes ou diminuição
da tolerância à glicose”, lembra Sofia Serrano,
esclarecendo que mesmo as mulheres que
apresentem uma prova normal no pós-parto
“devem fazer determinações da glicemia em
jejum anualmente, pois têm um risco aumen-
tado para desenvolverem diabetes”.
Comer fruta acompanhada por algumas nozes
ou pão com pasta de azeitona ajuda a retardar
a absorção do açúcar
gravidez & parto Diabetes gestacional
Fazer mais refeições por dia, para
evitar estar mais de duas/três horas
sem comer é uma regra fundamental
no controlo da diabetes gestacional.
A nutricionista Daniela Seabra deixa
uma sugestão de ementa para um
dia.
- Pequeno-almoço: iogurte natural
com fruta (meia peça), flocos de
aveia e quatro ou cinco nozes
- Lanche meio da manhã: uma fatia
de pão de mistura com pasta de
azeitona
- Almoço: sopa de legumes, carne ou
peixe com muitos legumes e arroz ou
massa (em pouca quantidade)
- Lanche da tarde: fruta com nozes
ou avelãs
- Segundo lanche da tarde: uma fatia
de pão com queijo magro ou um
iogurte
- Jantar: sopa de legumes, carne ou
peixe com muitos legumes e arroz ou
massa (em pouca quantidade)
- Ceia: iogurte natural com duas ou
três colheres de aveia
Comer menos, mais vezes
17.
18. gravidez & parto Música
[texto] Rosa Cordeiro [ilustração] Rachel Caiano
18 Pais&filhos dezembro2015
Há mais um item para colocar na mala da
maternidade: uma playlist musical. Ao promover
o relaxamento, a música diminui a ansiedade
e ajuda a mãe a manter a calma e o controlo.
E
m casa, no hospital público ou na
clínica privada, a música é uma
ótimaferramentadoparto.Aideia
nem sequer é nova: se retirarmos
a tecnologia e olharmos para trás
na história, cantar fez sempre parte do ato de
dar à luz. E como ouvir música é de graça e
perfeitamentecompatívelcomosmaisdiversos
atos médicos, vale a pena criar uma playlist
pessoal. Uma vez iniciado o trabalho de parto,
não há qualquer problema se mudar de ideias
e decidir que a última coisa que lhe apetece é
música, mas jogar na antecipação garante-lhe
a opção.
Um estudo realizado no ano passado no Reino
Unido, pelo site de parentalidade www.bounty.
com, revelou que quatro em cada cinco das
recém-mamãs entrevistadas ouviu música ao
dar à luz. A maioria testemunhou que isso as
sonora
ajudou a lidar com a dor e a manter o controlo
nasfasesfinaisdoprocesso.OclássicodeDiana
Ross “Ain’t no mountain high enough” e “Roar”,
deKatyPerry,foramasescolhasmaispopulares
para a hora “h”, seguidas de “Angels” (Robbie
Williams), “Greatest day” (Take That), “You’re
beautiful” (James Blunt), “I’m every woman”
(Chaka Khan), “Let it be” (Beatles), “Circle of
Life” (Elton John), “Ave Maria” (Bach – a única
peça do género clássico a entrar no top dez) e
banda
doparto
19. www.paisefilhos.pt 19
Controlo
Não conseguimos prever
como o parto vai evoluir,
mas podemos escolher
a banda sonora
“Empire state of mind” (Alicia Keys e Jay-Z).
E a “moda” chegou também às celebridades. A
duquesa Kate Middleton viveu o trabalho de
parto ao som de Calvin Harris, Bruno Mars e
Of Monsters and Men, e Mariah Carey deu à
luz os gémeos Moroccan e Monroe ao som do
seu próprio êxito “We belong together”.
Curiosidades à parte, a playlist perfeita para
dar à luz é, claro, uma escolha pessoal. Os gos-
tos musicais variam muito, mas a maioria de
nós tem melodias favoritas, umas que nos dão
energia, outras que nos relaxam e outras que,
simplesmente, nos deixam bem-dispostas e
com vontade de dançar. E qualquer uma delas
pode ter utilidade no parto.
Distração que concentra
A obstetra Elsa Milheiras refere que “só há
vantagens em ter música durante a dilatação
e o parto: descontrai, afasta a atenção dos dis-
positivos médicos e das atitudes do pessoal de
saúde, permitindo que a grávida se centre mais
na naturalidade do processo e menos na dor e
nos medos”. E lança apenas um alerta: “Temos
de garantir que é do agrado da grávida e de que
está no volume adequado a cada caso”.
Já Cristina Pincho, doula, relembra que “não há
receitas para todas as pessoas” e que o ideal
é que “a mãe esteja o mais relaxada possível”,
pelo que, quando em conversa com as mães
que acompanha percebe que a música as ajuda
a relaxar, “por que não?”, termina.
Elsa Milheiras conta ainda que é comum as
“suas”grávidaspediremparalevarasuaprópria
banda sonora, e que acede sempre, de muito
bom grado. “Muitas vezes sou eu que pergunto,
nas últimas consultas, se desejam alguma mú-
sica específica, para que se preparem para a
levar, caso não esteja disponível na clínica”,
diz. Mas a verdade é que muitas não fazem
questão,bastando-lhesorádio,enquantooutras
escolhem cuidadosamente o que ouvir. Neste
último caso, refere, “são temas com significado
especialparaamulherouparaocasal”.Quando
o que toca é rádio, conhece inúmeros casos de
mulheres que, não conseguindo lembrar-se da
música, telefonam para a estação de rádio a
perguntar que música estava a passar em de-
terminado dia e hora, “para poderem associar
um tema e um cantor ao que estavam a ouvir
no momento do parto”.
Eesta“faltadememória”écomum.Afinal,éum
momento em que há muita coisa a acontecer.
No estudo do Reino Unido que mencionámos,
embora a maioria das mulheres entrevistadas
tivesse dado à luz ao som de música, quase dois
terços não conseguia lembrar-se que canções
deram as boas-vindas ao seu bebé.
Não é, no entanto, o caso de Patrícia, que es-
colheu criteriosamente o que ouvir nos seus
três partos: “Adoro música, e acho que consigo
atribuir uma banda sonora a quase todos os
momento importantes da minha vida”, conta.
“Por isso, no nascimento dos meus filhos, não
podia faltar. Já tinha lido sobre os benefícios
da música no parto, mas foi mais por instinto
do que por razões científicas que fiz questão
de incluir o CD na mala da maternidade. No
primeiro parto procurei ter uma experiência
romântica, tranquila, suave, um momento in-
teiramente partilhado com o meu marido, por
20. gravidez & parto Música
20 Pais&filhos dezembro2015
isso escolhi o álbum ‘No need to argue’, dos The
Cranberries,queeraigualmenteabandasonora
do nosso namoro. E a Catarina já sabe que nas-
ceu ao som da canção ‘Ode to my family’. No
segundoparto,jásabiaaoqueia,eterosegundo
filho implicava mais força e coragem, pelo que
percebi que precisava de algo mais forte e po-
deroso. Escolhi Nina Simone, a minha cantora
preferida,principalmentequandoprecisodeme
conectar comigo própria. Foi um parto rápido,
intenso, fogoso, e ajudou-me muito gritar com
ela ‘I got life!’. Na terceira gravidez conheci os
Edward Sharpe and the Magnetic Zeros, que
E porque o humor também relaxa,
o site norte-americano BabyCenter
(blogs.babycenter.com) pediu
sugestões à sua comunidade e
elaborou uma lista hilariante para
as diversas fases do parto, das
primeiras contrações à expulsão:
l All that she wants [is another
baby] (Ace of Base)
l Hurt so good (John Mellencamp)
l Just breathe (Eddie Vedder)
l I’m coming out (Diana Ross)
l Everybody hurts (REM)
l Shout (Tears for Fears)
l I will survive (Gloria Gaynor)
l What have I done to deserve this
(Pet Shop Boys)
l I wanna be sedated
(The Ramones)
l Under pressure (Queen)
l The drugs don’t work (The Verve)
l Help! (The Beatles)
l Push it (Salt n Peppa)
l You can do it [Put your back into it]
(Ice Cube)
l Break on through (The Doors)
l The sweet escape (Gwen Stefani)
Música com humor
são uma banda meio hippie, com muito boa
onda, que me alegrou nos momentos mais
complicados desses nove meses. Escolhi-os,
por isso, para o parto, e quando apareceu todo
o pessoal médico, com as suas batas, ordens e
ferramentas,eusóouvia‘home,letmegohome,
homeiswhereverI’mwithyou’.Eissoajudou-me
a conseguir ignorá-los e a concentrar-me no
trabalho de trazer mais um bebé ao mundo”.
Rita Ferreira, por sua vez, decidiu ouvir música
no parto do segundo filho. “Achei que era uma
forma de tornar o ambiente mais acolhedor
e mais próximo das minhas coisas, do meu
próprio ambiente. Escolhi músicas que ouço
habitualmente no meu dia-a-dia, mas todas
numregistomaistranquilo,ecoloquei-asnuma
playlist do iPod a que chamei ‘parto’”, diz. De-
pois o Tomé trocou-lhe as voltas, e, umas boas
horasdepoisdeteriniciadootrabalhodeparto,
deu entrada no hospital e o processo parou.
Ficou sem contrações e com dilatação mínima,
pelo que saiu para dar uma volta. Não passou
do parque de estacionamento, mas quando
voltou a entrar já tinha a dilatação completa
e estava em pleno período expulsivo, pelo que
foi tudo muito apressado e nem se lembrou
mais da música. Hoje, confessa-nos: “Hones-
tamente, pensando no trabalho de parto e no
parto, acho que não voltava a querer música
para nada. Aquilo é um momento tão animal e
de tanta concentração que acho que a música
me ia atrapalhar”.
Catarina Faria estava a viver em Londres
quando a sua filha nasceu. “Fui para um Birth
Center, que é uma espécie de ‘hotel’, onde dis-
ponibilizam um quartinho todo bonito, onde o
marido pode também dormir, e permitem que
tenhasobebénumapequenabanheira/piscina,
com música relaxante que a grávida pode es-
colher. Eu escolhi Stevie Wonder, porque tanto
eu como o Ben [o marido] gostamos muito, e
durante toda a gravidez demos a ouvir este
som à Victoria e ela reagia sempre com muito
entusiasmo. Depois o parto complicou-se, e
fui transferida para o ‘labour centre’, onde o
ambiente é muito hospitalar, e não há música
ou outras ‘regalias’. Portanto, o nosso Stevie
Wonder tocou durante cerca de duas horas no
trabalho de parto, mas a coisa complicou-se
tanto e eu tinha tantas dores que nem ouvi o
senhor em condições...”.
Porcá,CarolinaBirrdecidiuabraçarumprojeto
musical“doityourself”,ecantoudurantetodoo
21. trabalho de parto e parto do seu segundo filho.
“Enquanto procurava técnicas que apaziguas-
sem a dor, para ter um parto mais suave que o
primeiro, encontrei online um vídeo inspirador
de uma mãe que cantou e vocalizou durante o
parto. Tive também a sorte de estar no hospital
– público – que me deu total liberdade. Depois
demerebentaremaságuasfuitomarumduche
e estive mais ou menos uma hora debaixo de
água a cantar e a dançar, muito concentrada
no meu bebé e no processo. E continuei a can-
tar e a mexer-me enquanto foi possível. Cantei
músicas que nem sabia que sabia, outras que
inventava, entoei sons ritmados e ‘ooms’… Isso
ajudou-me muito. Senti realmente que eu é que
dei à luz a minha filha. Cantar fez com que me
sentisse 100 por cento centrada, e deu-me uma
sensaçãodepoder,decontrolosobreoprocesso,
afastando o medo e a fragilidade.”
Aprofundar os sons
Quem quiser explorar mais fundo esta relação
da música com o parto, a musicoterapia é uma
especialização científica que estuda e investiga
o complexo som/ser humano, e uma das suas
áreas de atuação é de suporte ao trabalho de
parto. Rita Maia, da Associação Portuguesa
de Musicoterapia, explica-nos que a musicote-
rapia desenvolve um trabalho de acompanha-
mento, utilizando várias técnicas de suporte
ao trabalho de parto: “Na fase de dilatação é
desenvolvido um momento de escuta musical,
commúsicaconstruídapropositadamenteeem
conjuntocomaparturiente.Pretende-seoefeito
de ‘envelope sonoro’ no desenvolvimento de
suporte emocional de promoção de segurança,
proteção e bem-estar, e controlo da ansiedade,
sem grande carga emocional. São também uti-
lizadas técnicas de visualização positiva de
promoção do bem-estar durante o parto, assim
como técnicas de condicionamento rítmico de
suporte ao treino de padrões respiratórios de
preparação muscular, na preparação psicopro-
filática para o parto”. Contudo, refere, “todos
estes elementos fazem parte de um processo
com continuidade, que acompanha todo o pro-
cesso pré e perinatal, abordando e integrando
técnicas de vinculação, de suporte emocional e
de desenvolvimento de reciprocidade e ajusta-
mentodacomunicaçãoedarelaçãopais-bebé”.
Com maior ou menor preparação, os benefícios
de ter uma banda sonora do parto são eviden-
tes. A nossa música faz do quarto do hospital
o “nosso quarto”, bloqueia outras distrações e
sons indesejados, ajuda-nos a mexer durante o
trabalho de parto, diminui a perceção da dor,
ajuda a regular os batimentos cardíacos e a
respiração, e a reduzir a ansiedade, levando
a mamã a sentir-se mais calma e no controlo
da situação.
www.paisefilhos.pt 21
Variedade
O ideal é que a playlist
tenha vários estilos, pois
nunca se sabe o que vai
apetecer ouvir na altura
22. crónica A Sedução do SER
22 Pais&filhos dezembro2015
O
meu patrão tem recebido milhares e milhares de cartas, de pedidos, de súplicas,
até. Algumas não são expressão de desejo ou de sonho, são mais uma intimação
de tribunal, do género “eu quero!”. Só falta, estou certo, trazer a coima que o meu
patrão, o Pai Natal, terá de pagar se não cumprir a lista de alguns tiranozinhos que
por aí andam. Mas, dado que os leitores são os representantes do Polo Norte nas
vossas casas, resolvi colocar-vos uma pergunta tão tola e evidente que até nem parece descabida:
Haverá brinquedos ideais? Eu, rena que me prezo de ser, com um vasto conhecimento do mundo das
crianças e do jogo e brincadeira, arrisco-me a dizer: Tenho algumas dúvidas. Ou muitas, até.
Pensem nos objetivos do brincar: divertir, entreter, desenvolver a persistência e a capacidade de criar
e imaginar, criar competências sociais e físicas, gerir emoções, aprender a estar consigo próprio e com
os outros, e desenvolver a motricidade e a coordenação motora e psíquica. É também importante
saber os gostos, interesses, facilidades e dificuldades de cada criança, e cada uma delas tem o seu
naipe de competências, apetências, gostos e ritmos.
E, já agora, envio-vos umas dicas para poupar esforço, trabalho e até um rombo financeiro ao meu
patrão, que a crise não é só aí em Portugal:
l A criança precisa mesmo de um presente ou estão a dá-lo por sentimentos de culpa, para a
compensar de alguma coisa?
l Pensem se a criança vai gostar do presente, por representar algo de novo para explorar e conhecer.
l Vejam se é adequado a essa criança e não às crianças “dessa idade”, que podem ter muita coisa em
comum mas não são ela.
l Não contribuam para o desperdício – não é por trazerem carradas de coisas que vão ser mais
amados, pelo contrário, um mimo, uma história, uma surpresa de afeto são presentes muito
melhores. Estar “presente” é isso… ou de onde acham que vem a palavra?
l Os brinquedos ocupam espaço, acumulam pó e as casas não são elásticas – depois não se queixem
da confusão e da desarrumação, nem invetivem a criança por estar a brincar.
l Pensem no que lá tem em casa e… construam, imaginem, inventem e... brinquem. As crianças
preferem inventar do que brinquedos ultra-elaborados.
l A criatividade e a imaginação das crianças não podem ser castradas. Objetos mais “toscos” podem
ser tudo, logo, é como se lhe tivessem a dar uma carrada de brinquedos, sempre diferentes, sempre a
desenvolverem-se – eles, brinquedos, e a criança também… e pouca eletrónica, por favor!
l Ofereçam brinquedos que deem à criança o poder de lhe dar a forma e a função que ela quer.
l Preocupem-se com a segurança dos brinquedos mas isso não significa optar pelo mais caro.
Pois é. Era isto, sucintamente que vos queria dizer. Sejam frugais! Ajudem o Pai Natal, os duendes e, já
agora, a equipa de renas que tem de transportar tudo para todas as casas. Ah, e não tentem, através
dos presentes que dão aos vossos filhos, mostrar “sinais exteriores de riqueza”, colmatar frustrações
de quando vocês eram crianças ou arranjar coisas com as quais vocês gostariam de brincar agora.
Se for o caso, comprem um brinquedo para vocês mesmos. Os adultos não devem estar proibidos de
brincar, mesmo que não tenham nenhuma criança dentro de si.
Feliz Natal, e perdoem o atrevimento desta humilde rena…
Rodolfo
PS: Para os mais velhos: livros, livros e livros…
Mário Cordeiro
[pediatra]
da rena Rodolfo
Um conselho
Olá. Daqui escreve-vos o Rodolfo, esse mesmo, a famosíssima
rena do Pai Natal. Resolvi pegar na caneta e dirijo-me a vocês,
pais, avós, educadores, tios, sobrinhos, padrinhos e afins
23. Que a marca seguinte no mercado
Agora
Até
Muitas coisas podem acordar o seu bebé,
mas uma fralda húmida não será uma delas.
Agora, até 2 vezes mais seco.
Porque lhe está a nascer o primeiro dente
ou simplesmente porque tem saudades suas.
Há muitos motivos pelos quais o seu bebé pode
acordar de noite, mas com Dodot não será
por culpa de uma fralda húmida.
Agora a Dodot é até 2 vezes mais seco que a marca
seguinte no mercado porque tem mais material
absorvente. Para uma noite de sono sem
interrupções.
24. 24 Pais&filhos dezembro2015
crianças Terrorismo
[texto] Teresa Martins [fotografia] Fotolia
mãe, vem aí a
guerra?Como se explica o terrorismo às
crianças? Com a verdade (doseada e
adequada à idade), sem detalhes nem
dramas. Acima de tudo é preciso garantir
que se sintam seguras e amadas.
O
que vou dizer ao meu filho
amanhã quando ele acordar?”,
perguntava, incrédula, uma
mãe francesa na noite dos
ataques em Paris. Os terríveis
acontecimentos dessa sexta-feira 13 no co-
ração da Europa voltaram a levantar medos,
angústias e muitas dúvidas aos pais: como se
explica a uma criança o que é o terrorismo e,
acima de tudo, porque é que ele existe, porque
acontecem os atentados? Como se pode apa-
ziguar os seus medos e ansiedades perante
cenários aterradores até para os adultos?
Não é um assunto fácil, mas ignorá-lo não
é a melhor opção. Os constantes relatos na
comunicação social de atentados terroristas
e cenários de guerra nas mais diversas partes
do mundo levantam, naturalmente, muitas
perguntas às crianças (para as quais nem
sempre temos respostas). É preferível abor-
dá-las em casa, adequando as explicações à
maturidade da criança, limitando a quanti-
dade de informação e evitando pormenores
desnecessários. “Não comentar é uma decisão
errada. É absolutamente necessário dizer a
verdade aos mais pequenos, mas uma ver-
dade doseada e adaptada à idade”, sublinha
25. www.paisefilhos.pt 25
Evitar a TV
As crianças mais
novas podem ficar
impressionadas
pelas imagens
e sons e ter
dificuldade
em bloquear
pensamentos
perturbadores
É preciso adequar a informação à criança,
às suas características, idade, fase de
desenvolvimento e maturidade emocional
a psicóloga Teresa Paula Marques.
A “regra” é, então, simplificar, sobretudo no
caso das crianças pequenas. E por muito que
a vontade e instinto dos pais seja proteger ao
máximo os filhos, nestes casos “tapar-lhes”
os olhos não é solução. Vivemos num mundo
marcado pelo 11 de setembro e, agora, pelo
terror do Estado Islâmico e é preciso estar
preparado para responder às dúvidas das
crianças, acalmar os seus receios e, acima de
tudo, fazê-las sentirem-se seguras e amadas.
Tempo para falar
“O maior cuidado é exatamente adequar a
informação à criança, às suas características,
idade e fase de desenvolvimento e maturidade
emocional”, salienta Rita Castanheira Alves,
psicóloga infanto-juvenil, acrescentando que
é importante “escolher o momento para falar
sobre o sucedido (ter tempo, estar próximo
da criança e num ambiente seguro e tran-
quilo, evitar fazê-lo em alturas em que não se
conseguirá ficar mais tempo com a criança)”.
A idade e a personalidade da criança influen-
ciam a sua reação às notícias que ouvem ou
às imagens violentas que veem na televisão,
por isso é sempre importante adequar o diá-
logo a essas características. “As crianças mais
novas (entre os quatro e os seis anos) podem
ser as mais impressionáveis pelas imagens e
sons que veem e ouvem, pois nesta idade é
natural que confundam os factos com as suas
próprias fantasias e medos e podem ter mais
dificuldade em bloquear pensamentos pertur-
badores”, explica a psicóloga norte-americana
Robin Goodman, que se tem desdobrado em
conferências e palestras em escolas depois
dos atentados do 11 de setembro e da guerra
no Iraque.
As crianças em idade escolar, por outro lado,
“compreendem a diferença entre fantasia e
realidade, mas podem não compreender que
o que estão a ver na televisão muitas vezes
é repetido até à exaustão, ou seja, podem
acreditar que os atos violentos continuam a
ocorrer e que envolvem muito mais pessoas
do que na realidade”. Além disso, sublinha,
“as imagens na televisão podem dar-lhes a
sensação de que aquilo está a acontecer muito
perto deles. E isso é assustador”.
“É necessário ter especial cuidado com as
crianças dos seis aos 11 anos, cujo egocen-
trismo faz com acreditem que qualquer coisa
que aconteça no mundo pode de seguida acon-
tecer-lhes. Torna-se necessário reforçar o ca-
rinho, para que se sintam seguras e amadas.
Explicar, de forma simples, que estes ataques
26. 26 Pais&filhos dezembro2015
são muito raros e que os senhores maus foram
apanhados, e que os adultos estão a fazer o
que podem para impedir que volte a aconte-
cer”, sugere Teresa Paula Marques. No caso
dos adolescentes, sublinha, a conversa poderá
ser mais aprofundada. “Torna-se importante
explicar o que fazer em casos de emergência,
para onde se devem dirigir, caso aconteça
alguma coisa, e a quem devem ligar.” Os ado-
lescentes podem “sentir-se revoltados e com
vontade de agir, muitas vezes interessam-se
pelas questões políticas que estão envolvidas
nestes acontecimentos. São oportunidades
que podem ser bem aproveitadas”, lembra
família tinha lá estado nas últimas férias da
Páscoa e, por reconhecer os locais, a proxi-
midade afetou mais. “Vai acontecer cá?”, per-
guntou, ansioso. Apesar das explicações dos
pais, que tentaram transmitir-lhe segurança
e tranquilidade perante os acontecimentos,
assegurando-lhe que Portugal é um país muito
pacífico, João foi perentório: “Já não quero
viajar, não quero sair do meu país!”.
Na segunda-feira depois dos ataques em Paris
fez-se um minuto de silêncio na escola do
Tiago, seis anos. Às 11h, todos os meninos
do jardim-de-infância e do 1º ciclo saíram
para o recreio e, em silêncio, prestaram a sua
homenagem às vítimas. “Houve umas pessoas
más que mataram outras pessoas que não
fizeram nada”, explica, admitindo que ficou
um “bocado triste” e, no momento, pensou em
Nicolas, o amigo parisiense que tantas vezes
visita a família. Mas depois “fiquei contente
porque era a hora do recreio e eu fui brincar
com os meus amigos”.
Reforçar a segurança
Apesar das diferentes reações das crianças
perante os mesmos acontecimentos trágicos,
o importante é que os pais reforcem o sen-
timento de segurança. “Daí que seja muito
importante acalmarem-se antes de falarem
com os filhos e explicarem que são situações
de exceção e que tudo está a ser feito para
que não se repita”, diz Teresa Paula Marques.
“É difícil, claro”, admite Rita Castanheira
Alves. “Até para nós adultos, a eminência do
perigo e a insegurança são sentidos, mesmo
que tentemos que assim não seja”. Acima de
tudo, defende, é essencial “explicar à criança
que há pessoas que têm profissões respon-
sáveis por garantir a nossa segurança, que
nos protegem deste tipo de situações e que
o fizeram neste acontecimento para salvar
as pessoas e o continuarão a fazer”. Além da
segurança, Rita Castanheira Alves defende
que estes são momentos “ideais e essenciais
para trabalhar com as crianças a solidarie-
dade, a bondade, a ajuda e o respeito pelo
próximo”. Teresa Paula Marques acrescenta
que é importante também “explicitar que a
violência não é fruto de uma determinada
religião, mas de pessoas que não sabem res-
peitar as diferenças ou como reagir de forma
correta quando se sentem ofendidas”.
Nestes momentos é importante trabalhar
com as crianças a solidariedade, a bondade,
a ajuda e o respeito pelo próximo
crianças Terrorismo
- Incentive os seus filhos a falar
e a fazer perguntas acerca das
notícias que veem/ouvem e esteja
atento aos seus pensamentos e
sentimentos;
- Seja rigoroso nas explicações,
mas evite entrar em detalhes
e, sobretudo, dramatizar. Tente
simplificar para não confundir ainda
mais;
- Relembre-lhes que vivem numa
comunidade segura e que estes
acontecimentos extremos não estão
a acontecer na sua cidade, nem no
seu país;
- Tente gerir as suas próprias
emoções antes de dialogar com as
crianças: elas vão sentir o seu medo
e ansiedade.
- Aproveite para reforçar algumas
“regras de segurança”- como nunca
aceitar a boleia de um estranho.
Preparar as crianças para eventos
imprevistos ajuda-as a pensar de
forma mais clara e reduz o risco de
danos físicos e emocionais.
- Dê-lhes a oportunidade de
participarem em eventos de
solidariedade (ou até organizarem
na própria escola). É importante que
sintam que podem ajudar e ser úteis
na sua comunidade.
Na hora de gerir informação e emoções
Robin Goodman. A especialista sublinha
ainda que é preciso sempre ter em conta a
personalidade e o temperamento da criança
em causa: “Algumas têm naturalmente mais
tendência para sentir medo e por isso ficam
mais ansiosas (e até em pânico) perante uma
situação de perigo”.
Reações diferentes
Foi o que aconteceu a João, oito anos, quando
o pai lhe contou o que aconteceu em Paris. A
27.
28. E
stamos a preparar-nos para o Natal. Já temos bolinhas encarnadas no azevinho do jar-
dim, e passámos a fazer os nossos desenhos e pinturas em frente da lareira, mas o sinal
mais evidente de que está ai à porta um novo mundo pronto a nascer das palhinhas,
foi a “adoção” absoluta e integral que fizemos da Marta. Adoção para o nosso “bando”, o
bando de avó e netas, bem entendido, porque todos nós a adoramos desde muito antes
dela ter sequer posto os pés cá fora.
Não é, portanto, uma questão de amor que se trata, mas da lenta construção de uma sensação de
pertença, de conhecimento mútuo, de memórias e laços que nos unem. De desejo de abrir a porta a
umnovosócio.Apartirdeagora,eficaaquiescrito,aMartajápodeirconnosconasnossasaventuras,
partilharospasseiospeloscampos,osnossoslivrosemúsicasfavoritase,éclaro,ospequenos-almoços
na cama, sob a égide de duas raposas pintadas na cabeceira que trocaram as galinhas da capoeira
por torradas com manteiga.
Paraesteestadodecoisascontribuiu,obviamente,aconfiançadaAna,queaospoucos,mefoideixando
a Marta sozinha por mais tempo, escondendo o medo de que o seu querido, querido bebé sentisse
horrorosamente a sua falta (que na verdade sentiu), ensinando-me os truques para conseguir ador-
mecer e sossegá-la, as suas músicas favoritas (não, nada que estivesse no meu reportório de canções
de embalar, a favorita dela é o “Je Vole”, da Luanne), mas sobretudo permitindo que a Marta não só
sorrisse ao longe para nós (o que faz quase desde que nasceu!), mas agora connosco.
Neste pacote de truques mágicos, veio primeiro o “pano”, e depois a “manduca”, que descobri com
um entusiasmo crescente. Do pano, tinha medo. Adorava a sensação do bebé aconchegado, e o bebé
ainda mais, mas não conseguia deixar de a segurar contra mim, tal o receio de que tudo aquilo se
desatasse. Aliás, insistia que fosse sempre a Ana a cruzar e descruzar e a dar os nós, primeiro porque
não os sabia fazer sozinha, e depois porque, de uma forma sub-reptícia, queria descartar-me da
responsabilidade, julgo eu!
A “manduca” já foi uma coisa diferente, uma porta aberta para passeios na rua, almoços em pastela-
rias, trabalho ao computador e foi nela até que a Marta “moderou” umas Conversas Horizonte, com
o Mário Cordeiro, no Mapa.
A Carmo e a Madalena sabem perfeitamente como se aperta e desaperta, os cliques de segurança, e
a estrutura parece bem mais sólida. Além disso, mil vezes mais portátil e com menos danos para as
costas do que os “ovos” com um bebé de oito quilos lá dentro.
Nãofoiumprocessonadatãolinearcomoaquelequemeligouàsgémeas,ojackpotdequalqueravó,
porque as mães não têm outro remédio senão partilhá-las com o primeiro par de braços que estiver
disponível.Aquifoiprecisoverdeforaeesperar.Assistiraumapequenadistânciaaumamãequesabe
perfeitamente o que quer para a filha, e já tem a maturidade e a experiência para chegar lá sozinha.
Agora, sim, foi provavelmente ser mais avó, do que mãe, e quantas vezes perante novos hábitos ou
teorias tive vontade de protestar que não via razões nenhumas para “modernices”.
Mas agora a Marta faz parte do nosso bando. Quando se senta no chão, muito direitinha, não tira os
olhosdasirmãsmaisvelhas,edobraorisoemgargalhadascontagiantesacadamacacadaquefazem.
E estende-me os braços, para depois partirmos as quatro juntas numa nova descoberta.
Decididamente, este ano, a Marta é o Menino Jesus.
crónica Diário de uma avó galinha
Fica aqui escrito: a Marta já pode ir connosco nas nossas
aventuras, partilhar os passeios pelos campos, os nossos livros
e músicas favoritas e, é claro, os pequenos-almoços na cama
Isabel Stilwell
[jornalista] A Marta já faz parte
do nosso “bando”
28 Pais&filhos dezembro 2015
29. T
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INCLUÍDO
30. *AutoradoBlogueCocónaFralda.
Sónia
Morais Santos
[jornalista*]
N
ovembro e dezembro são meses de emoções fortes. Novembro é o mês do meu
aniversário, o mês em que o Manuel nasceu, o mês em que o Mateus também
chegou à nossa vida. Ainda mal acabámos a celebração do nascimento de um e já
estamos a fazer a festa do próximo. Não é à toa que nos chamam a família “sempre
em festa”. A seguir chega dezembro e é a vez do Natal. Começamos logo no dia 1 a
fazer a árvore e depois é todo um mês de jantares, compras, e preparativos para a grande noite.
Este ano está tudo a ter um sabor ainda mais especial. No dia em que fiz 42 anos, o meu marido
fez-me uma surpresa e quando cheguei ao restaurante onde supostamente íamos jantar só os dois
deparei-me com quarenta e tal amigos a gritarem “Parabéns!” Amigos de infância, de adolescência,
amigos “herdados” do Ricardo, amigos das corridas, amigos de sempre e amigos de agora que espero
que fiquem para sempre. Foi uma emoção. E quando o humorista Manuel Marques entrou para
contar a minha vida em menos de meia hora... ia tendo um chilique.
Uma semana depois foi o primeiro aniversário do Mateus. O meu bonequinho já tem um ano e,
uma vez mais, fui tomada por aquela sensação de impossibilidade, de incredulidade, de choque pelo
tempo que voa ao invés de passar devagarinho. Sempre senti isto mas com o Mateus o sentimento
é ainda mais avassalador. Já tenho meninos crescidos, agora gostava que este ficasse mais tempo
assim, pequenino, rechonchudo, amoroso. Um ano, já? Caramba.
Preparei um jantar em casa apenas para os familiares mais chegados e, assim de repente, tinha
16 pessoas à mesa a uma terça-feira, com jantar feito por mim e bolo de anos também (o clássico
bolo de iogurte com chocolate por cima nunca me deixa ficar mal). O Mateus adorou e portou-se
lindamente – é um bebé que quase nunca se ouve chorar e que gosta muito de estar rodeado de
gente (ou não tivesse nascido já rodeado por três irmãos).
Três dias a seguir ao aniversário do Mateus foi a vez do Manuel. Catorze anos. Sim. Sou mãe
de um rapaz de 14 anos e isso é mais violento do que os meus próprios 42 anos. A festa do meu
filho adolescente foi combinada entre mim e a namorada dele (ai, isto é tudo tão custoso...), e
basicamente consistiu numa entrada em casa onde já o esperava um grupo de amigos para um
jantar-surpresa.
A juntar a todo este clima de festa, ainda tenho a felicidade de ter sido a escolhida para apresentar o
programa Pais&filhos, que resulta da parceria entre esta revista que o leitor tem nas mãos e a TVI24.
Um programa semanal, aos sábados às 15h, que aborda temas que dizem respeito às crianças e aos
adolescentes e a todos os que lidam com eles: pais, avós, educadores, médicos, etc.
O programa estreou no dia 7 de novembro com o tema do sono. A dificuldade de algumas crianças
em dormir foi discutida por Filipa Sommerfeldt Fernandes, especialista em ritmos de sono, e o
pediatra Mário Cordeiro, convidados para a conversa.
Acho que o programa é, sem dúvida, muito útil para debater questões que preocupam os pais, e
sinto-me muito feliz por fazer parte dele. Espero que gostem.
E, de repente, estamos em dezembro e vem aí o Natal e toda a alegria que esta festa da família traz
consigo. Eu não digo que são dois meses em permanente festejo?
Novembro é o mês dos aniversários: o meu, o do Manuel e o do
Mateus. Ainda mal acabámos a celebração de um e já estamos
a fazer a festa do próximo. Depois, é a vez do Natal...
de emoções fortes
Dois meses
30 Pais&filhos dezembro2015
crónica Quatro em Linha
31. Campanha válida de 1 a 31 de Dezembro de 2015. Limitado ao stock existente e farmácias aderentes.
A delicadeza da sua pele, a ternura do seu sorriso, a
intensidade das suas emoções e o seu olhar inocente,
despertam em nós o instinto irresistível de protegê-
los, de lhes proporcionar toda a suavidade e ternura
possíveis.
Foi a pensar nesta necessidade diária de proteção,
segurança e conforto, que os Laboratórios BIODERMA,
estenderam à pediatria o seu conhecimento
dermatológico, desenvolvendo a gama ABCDerm –
fórmulas rigorosas, de elevada segurança e eficácia,
que satisfazem as exigências da pele delicada dos
mais pequenos.
A pele dos bebés é muito sensível e mais vulnerável
às agressões externas, tais como: alterações
climáticas (frio, vento), ambientes superaquecidos,
exposição solar, ar condicionado, produtos de higiene
inadequados (que removem os lípidos naturais da pele),
etc. O seu filme hidrolipídico é fino e incapaz de cumprir
plenamente a própria função de barreira protetora. É portanto,
de primordial importância, acalmar a pele seca das crianças
e protegê-las das agressões, utilizando produtos de cuidado
nutritivos e protetores e produtos de higiene não deslipidantes.
“Ninguém é mais
precioso do que
o seu bebé!”
Doado à Fundação do Gil
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agressões externas.
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hidratação e conforto.
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32. 32 Pais&filhos dezembro2015
natal Fantasia
[texto] Sofia Teixeira [ilustração] Marta Torrão
sim, o
existe!
Existe na imaginação dos seus filhos e isso é bom para o
desenvolvimento afetivo e cognitivo. Mas, nos tempos que
correm, em que a crianças têm acesso a mais informação
e mais cedo, ainda é possível acreditar no Pai Natal?
O
PaiNatalexiste.Pelomenospara
Simão,deseisanos.Tantoéque
o tio às vezes até lhe liga para
o Polo Norte e fala com ele ao
telefone,tantoéqueovêpassar
de fugida através da janela na noite de Natal e
depois aparecem os presentes, tanto é que em
dezembro nas ruas e nos centros comerciais
andam os seus ajudantes – que se podem re-
conhecer pela roupa de Pai Natal embora não
sejammesmooPaiNatalverdadeiro.Paramais,
o Pai Natal adivinha o que ele quer todos os
anos. Não, não há razão absolutamente ne-
nhuma para duvidar da sua existência.
Este ano a mãe já lhe perguntou o que vai pedir
ao Pai Natal, e Simão, ciente da necessidade
de bom comportamento, ditou a sua própria
sentença: “Não vou pedir nada. Não me ando a
portarbemporquenãodurmonaminhacama”,
responde sério. “Não é nada pedinchão”, diz
a mãe, Cristiana Santos. “Mas sei que com o
aproximar do Natal e quando aparecerem os
E a fantasia?
“Vivemos numa época
de hiper-realismo
e imediatismo,
que deixam pouco espaço
à representaçao mental.
As crianças de hoje sabem
muito, mas brincam e
sonham pouco”, considera
a psicoterapeuta
Alexandra Barros
Pai Natal
folhetos das lojas começa a ver coisas e a di-
zer que gosta”. E não é que o Pai Natal acerta
sempre?
Talvez este seja o último Natal em que Simão
desfrutadestafantasia.Cristianadesconfiaque
não vai demorar muito até que o filho perceba
que o velhinho das barbas é uma doce mentira.
“Este ano na escola, com o que dizem os mais
velhos, acredito que comece a desconfiar que
não existe. E na internet ainda não navega por-
queaindanãoescrevenemlê,masvaicomeçara
serdiferentecomaaquisiçãodaleitura.Depois,
acaba-se a magia.”
Na realidade, as duas fases – o auge da fantasia
e a aquisição da leitura – cruzam-se por um
período relativamentecurto detempo.“Aidade
própria da fantasia corresponde sobretudo ao
período pré-escolar, estendendo-se depois um
poucoapósaentradaparaaescola”,explicaJoão
NunoFaria,psicólogoclínico eresponsávelpelo
Núcleo de Intervenção no Uso da Internet e das
Telecomunicações do PIN – Progresso Infantil.
34. 34 Pais&filhos dezembro2015
natal Fantasia
- Arranje um Pai Natal de serviço
que passe em frente à janela ou
apareça na sala a distribuir os
presentes. Tenha o cuidado de
preparar os mais pequenos antes
da sua entrada, caso contrário,
alguns ficam assustados.
- Se abrir os presentes de manhã
prepare com as crianças um copo
de leite e umas bolachas para a ceia
do Pai Natal. Antes de se ir deitar,
com as crianças já na cama, beba
um pouco de leite e dê uma dentada
na bolacha. Deixe-os encontrar as
provas da passagem do Pai Natal lá
por casa na manhã seguinte.
- Mostre-lhes vídeos ou animações
do Pai Natal. Ou deixe-os
acompanhar a viagem do Pai Natal
em sites como o NORAD Santa
Tracker (www.noradsanta.org)
- Peça à criança para escolher um
brinquedo para o Pai Natal levar
para outro menino e deixe-o na
árvore.
- Ensaie com eles algumas canções
de Natal e, na noite da consoada,
deixe-os fazer uma atuação para a
família.
Dicas para “alimentar” a magia
“Uma infância sem Pai Natal,
sem fantasia, é uma infância
a preto e branco”
Internet: fantasia vs realismo
“O Pai Natal existe?”, perguntamos nós ao
Google. E ele responde em 0,32 segundos com
cerca de 693 000 resultados muito diferentes.
E é isto que as crianças começam a fazer, mal
sabem teclar as primeiras letras. Um inquérito
realizado no Reino Unido mostra que 54 por
cento das crianças vai primeiro ao Google ou a
outro motor de busca quando tem uma dúvida,
e apenas 26 por cento afirma que pergunta aos
paisprimeiro.Porissoimpõe-seapergunta:será
que o mundo de hoje pode aniquilar a fantasia
das crianças? Pode o Google ditar a morte pre-
coce do Pai Natal no imaginário das crianças?
A psicoterapeuta Alexandra Barros não tem
dúvidas que, em muito, os tempos de hoje
são pouco amigos da infância e da fantasia.
“Vivemos numa época de hiper-realismo e de
imediatismo, que deixam pouco espaço à re-
presentação mental. As crianças de hoje sabem
muito, mas brincam e sonham pouco.” Para
a psicoterapeuta, estamos a criar adultos em
ponto pequeno, mas sem os devidos recursos
emocionaisparalidarcomessesconhecimentos
eainternet,comtodasasvantagensquetrouxe,
tem a sua quota-parte de culpa. “Descobrir que
o Pai Natal não existe está à distância de um
clique nos motores de busca e, na minha opi-
nião, uma infância sem Pai Natal, sem fantasia,
é uma infância a preto e branco.”
Já João Nuno Faria defende que a questão pode
ser olhada de dois polos contrários: a internet,
aomesmotempoquetemtodoopotencialpara
acabar de forma factual com o mundo da fan-
tasia, tem igualmente o poder de o potenciar.
“Se for para destruir o mito, pais e professores
poderão encontrar sites com explicações ade-
O Natal é contagioso. E mesmo que não faça uma grande encenação natalícia, as crianças fantasiam
naturalmente. Mas, se quiser dar um empurrão, eis algumas dicas:
36. 36 Pais&filhos dezembro2015
natal Fantasia
Perguntas! Prepare-se
“Como consegue o Pai Natal
entregar, numa só noite,
os presentes a todas as
crianças do mundo?”
quadas à etapa de desenvolvimento em que a
criança está. Mas têm igualmente ao seu dis-
por inúmeros sites que poderão maravilhar o
mundo imaginário das crianças, com efeitos
e animações a que ninguém de gerações an-
teriores teve acesso.”
Em casa de Alexandra Capelo é isso que acon-
tece. A filha, Anita, de seis anos, ainda acredita
no Pai Natal, apesar de a irmã mais velha, de
dez, lhe ir dizendo que ele não existe. A mãe
esforça-se para manter a magia mas é também
online que Anita encontra as provas da exis-
tência desta personagem que todos os anos lhe
deixa uma prenda que deseja.
“Por enquanto, não acho que a internet contri-
bua para ela desconfiar, pelo contrário, como
aindanãosabelerainternetajuda-aaacreditar.
Vê só a magia.” Com alguma ajuda da irmã e da
mãe, online, Anita maravilha-se com os jogos,
histórias, desenhos animados e músicas do Pai
Natal. Ele está ali, mesmo em frente aos seus
olhos, como não acreditar nele? “Ela ainda está
na fase em que acredita em tudo o que vê na
televisão e na internet”, conta Alexandra. De
A internet tem potencial para acabar
com o mundo da fantasia, mas também
tem o poder de o potenciar
37. www.paisefilhos.pt 37
“Descobrir que o Pai Natal não existe não é um
trauma. O que traumatiza é a impossibilidade
de sonhar e de ser criança”
resto, esta mãe acha que hoje em dia é bem
mais fácil fazê-los acreditar: “Há uma cumpli-
cidade comercial muito grande que não havia
no nosso tempo.”
“No período pré-escolar as crianças têm pouca
autonomia para realizar pesquisas na internet
por si mesmas, com a entrada para a escola
verifica-se um aumento na curiosidade e na
capacidade de autonomamente pesquisar in-
formação na internet”, refere João Nuno Faria.
Mas se tem receio que seja através da internet
que ele descobre que não há Pai Natal, tranqui-
lize-se: “Sabe-se que a maior parte das buscas
são feitas de modo a confirmar as crenças do
indivíduo e apenas uma pequena parte das
pesquisas é orientada com palavras que pro-
curam desmentir os factos” refere o psicólogo.
Quer isso dizer que, ainda que aconteça que
essa resposta venha através do Google, se a
criança já escreve é porque já está na idade em
que é natural começar a desacreditar, e além
disso, já teria suspeitas e foi só à procura da
sua confirmação.
Pai Natal supersónico?
Depois de um período de certezas, vêm as dú-
vidas: “Como consegue o Pai Natal entregar
numa só noite os presentes a todas as crianças
do mundo?” Esta é uma das perguntas que si-
naliza as primeiras desconfianças e marca a
passagem para um pensamento mais racional
e menos mágico. Bom, a ciência, ao longo dos
tempos,temfeitoosseuscálculossobreotema:
seriam precisas 360 mil renas para transpor-
tar todos os brinquedos; aproveitando os fusos
horários, o Pai Natal teria cerca de 31 horas
para a distribuição, o que daria uma média
de mil visitas por segundo, o que, por sua vez,
implicaria deslocar-se a qualquer coisa como
mais de 1000 quilómetros por segundo.
Está visto que quando o seu filho começar a
apresentar dúvidas, o raciocínio lógico não é
a melhor forma de lhe responder às questões!
Nesta fase, a psicoterapeuta Alexandra Barros
defende que os pais devem seguir a criança
e sugere que lhe respondam com outras per-
guntas: “O que é que tu achas?”, “O que é que
te disseram?”, “Se o Pai Natal não existe, quem
será que te dá as prendas?”, “Como te ias sentir
se soubesses que o Pai Natal não existe?”.
As respostas a estas questões, diz a psicote-
rapeuta, ajudam os pais a perceber o nível de
proximidadecomoreal,ograudecompreensão
e a maturidade emocional para lidar com o
assunto. “Quando conduzimos as descobertas
destemodo,evitamosresponderàfrentedoque
acriançaestápreparadaparacompreender,da-
mos-lhe pistas para se aproximar da realidade
e ajudamo-la a chegar sozinha às conclusões.”
Mas nem sempre é assim.
Esta foi uma situação que Marta Farinha, mãe
de Íris, não teve de ajudar a filha a gerir. Aliás,
sealguémtevedegeriralgumacoisainesperada
noquetocaestafantasia infantilfoi ela própria.
Íris tem hoje dez anos e, no Natal em que tinha
seis, uns dias antes de dia 24, Marta pergun-
tou-lhe qual era o presente que ela desejava
mais. “Respondeu-me que sabia perfeitamente
que não havia Pai Natal nenhum e que era eu e
outrosadultosquecomprávamosospresentes!”
Marta ainda relembrou episódios da chegada
do Pai Natal em anos anteriores, mas Íris não
se deixou abalar nas convicções já firmadas.
Explicou que percebia agora que era alguém
que ia bater à janela lá fora e que ainda não
tinhaditonadaporqueachavamuitodivertido.
Depois, pondo em campo todo o seu raciocínio
lógico explicou as razões da sua descrença: “É
impossívelapenasumsenhordistribuirpresen-
tes às crianças do mundo inteiro, mesmo com
um trenó que voasse muito rápido. Ainda para
mais sendo ‘velhote’: são pessoas mais lentas
e com dores nas pernas…”
Oidealéqueestatransiçãoaconteça,assim,por
si. “O desenvolvimento intelectual é caracteri-
zadoporumatransiçãogradualdopensamento
mágico para o raciocínio lógico, e a criança vai
naturalmente concebendo a interferência de
fatores externos, mais próximos da realidade”,
explica Alexandra Barros.
E em relação à preocupação de muitos pais,
especialista desdramatiza: “Descobrir que o
Pai Natal não existe pode trazer alguma de-
silusão, mas não propriamente um trauma,
até porque os desejos até aqui realizados por
essa figura continuarão, de certa forma, a ser
assegurados pelos pais. O que traumatiza é a
impossibilidade de sonhar e de ser criança!”
38. 42 Pais&filhos dezembro2015
natal Presentes indesejados
[texto] Sofia Teixeira [fotografia] Fotolia
e se os pais
não gostam dos
O Natal é das
crianças. Por isso,
no que toca a
presentes, todos
tentam agradar.
O pior é que, às
vezes, os presentes
que fazem as delícias
das crianças são um
inferno para os pais.
longedeterlevadoamalaofertaqueasuaamiga
delongadatafezàfilha,eatribui-aaumacerta
inexperiência. “Quem não tem filhos, quando
compra um presente para uma criança, mais
facilmente se esquece de pensar que há brin-
quedosquepodemmaçarapaciênciaaospais.”
Aamigaresponsávelpelaoferendaestáagoraa
planear engravidar. “Portanto, é o tipo de brin-
quedo que está guardado na minha lista para
oferecer ao filho que há-de ter”, ri Sandra.
Menos graça achou Margarida quando há uns
anos no Natal ofereceram ao filho Tomás, na
alturacomapenasoitoanos,ojogodecomputa-
dor Call of Dutty – um jogo que recria batalhas
históricas e envolve lutas corpo a corpo, com
sons e grafismos ultra-realistas. Nada adepta
de violência, Margarida optou por não deixar
que Tomás jogasse. “Ele ficou feliz da vida com
a prenda, mas é um jogo muito violento. Tive
deoesconderporquenãoqueriaqueeletivesse
acesso àquilo.”
presentes?
L
ogonanoitedeNatal,SandraIsidro
percebeu que talvez aquele micro-
fone com música da Popota ainda
lhe viesse a dar algumas dores de
cabeça. “O som era estridente e o
volume não era regulável”, lembra esta mãe. A
filha, Margarida, de quatro anos, ficou encan-
tada e, apesar do mar de presentes, recebeu-o
com um entusiasmo proporcional ao barulho
queobrinquedofazia.Quando,unsdiasdepois,
Sandra acordou de manhã cedo, sobressaltada
comumbarulho,edescobriuMargaridaameio
doseuquartodemicrofonenamão,confirmou
que o brinquedo lhe ia dar água pelas barbas.
Solução:devezemquando,emalturasdemenos
paciência,obrinquedo“desaparecia”tempora-
riamente para parte incerta. Entretanto, para
algum alívio dos pais, avariou-se.Sandra está
39. www.paisefilhos.pt 43
Para grandes males, grandes remédios
Masafinal,oquefazeremcasosdeste?Quando
umtioofereceàcriança,semperguntarantes,a
Playstationqueelepediueàqualjátinharespon-
dido não? Ou quando a avó lhe dá uma bateria
que já sabe que lhe vai roubar o sossego nos
próximos tempos? Deve impedir-se a criança
de usar um presente de Natal com o qual não
se concorda ou o melhor é ceder?
O psicoterapeuta Nuno Cristiano de Sousa de-
fende que, por muito doloroso que seja para os
paisretiraràcriançaumaprendadesadequada,
éummalnecessárioqueteráefeitospositivosa
curto prazo. “Mesmo que a criança tenha uma
reaçãodechoroequeixa,ospaisdevemassumir
a responsabilidade de ser firmes”, defende. Ou
seja, deve dar-se espaço à criança para mos-
trar o seu desagrado e para “refilar”, mas não
se deve considerar que para ela isso será um
trauma, basta explicar a razão pela qual se to-
mou a decisão.
O psicoterapeuta defende ainda que, em muito
casos,aexplicaçãopodepassarpordizerquea
prenda ainda não pode ser utilizada, porque é
paracriançasmaisvelhas,masquequandoela
tiver idade suficiente os pais a devolvem.
Háapenasumacoisaqueospaisnãodevemfa-
zer:reagirabruptamentecomquempresenteou
a criança, sobretudo à frente dela. Por um lado,
porquemesmoqueopresentesejadesadequado,
a oferta não terá sido feita com má intenção.
Por outro, porque uma reação abrupta “pode
provocar na criança várias reações negativas,
como a sensação de que quem deu a prenda é
uma pessoa má, que os pais são pessoas vio-
lentas, ou até de que ela própria é má por ter
desejadoalgoproibido.”Emrelaçãoaquemdeu
opresente,opsicoterapeutaédeopiniãoquese
deve transmitir que não se concorda e explicar
porquê, mas calmamente e não em frente da
criança.
Sensibilidade e bom senso
Rita Dias, mãe de dois rapazes, com 13 e sete
anos, reconhece que foi neste aspeto mais per-
missivacomoprimeirofilhodoqueécomose-
gundo.Quandoomaisvelhotinhaapenascinco,
recebeu pelo Natal uma Playstation, oferecida
pelos avós. “Como os primos tinham, os avós
acharamqueeletambémdeviater”,contaRita.
Na altura, apesar de achar muito cedo, acabou
porcederedeixá-lobrincarcomela.Resignou-se
e acho que se “estava dado, estava dado.”
Masessaeoutrasexperiênciasfizeram-nasentir
quenãoestavaabeneficiarofilhoemnada.“Acho
quetertidoalgumascoisasantesdotempo,fez
com que não as soubesse aproveitar na altura
e,quandochegouomomentocertodeasgozar,
já tinham perdido o interesse.” Por isso, com o
mais novo, já não foi assim. Além de só agora,
com sete anos, ter sido autorizado a começar
a jogar um pouco com a Playstation do irmão
mais velho, quando no ano passado os tios se
preparavam para lhe oferecer um tablet no Na-
tal, Rita considerou que era cedo demais e não
autorizou o presente.
Diferentes pais têm diferentes opiniões e prin-
cípiosemrelaçãoàeducaçãodascrianças,pelo
que não há regras universais. Assim, não ha-
vendopropriamenteuma“etiqueta”noquetoca
àofertadepresentesacrianças,deveimperaro
bom senso. “Quando há uma relação próxima
comafamília,quemofereceteránaturalmentea
capacidadedeintuiroquepoderáseradequado
para a criança, portanto não se deve ter medo
de ser espontâneo na escolha”, defende Nuno
Cristiano de Sousa.
Noentanto,opsicoterapeutatambémdeixauma
regradebomsensomuitoútilemcasodedúvida:
perguntar sempre aos pais. E, acima de tudo,
tratar o assunto previamente, entre adultos:
“Não se deve prometer à criança uma prenda
específica, porque caso os pais não concordem
podempassarpelos‘mausdafita’queproibiram
a prenda do ‘amigo bom’!”
41. www.paisefilhos.pt 39
E
m Inglaterra, especialistas em se-
parações judiciais já apelidaram a
primeirasegunda-feiradejaneirode
“Dia D ou Dia do Divórcio”, devido
à avalanche de pedidos que ocor-
rem nessa semana, em especial por parte das
mulheres.Aculpa?AfestadeNatal!Aterapeuta
sexualinglesa,PamSpurr,atécriouumprograma
chamado “12 days of Sexmas” (um intraduzível
trocadilho com Christmas), que defende que o
casal deve ter 12 dias de sexo criativo até ao dia
25 de dezembro, como forma de prevenção de
conflitos.Brincadeirasàparte,todosjásentimos
SOSO Natal pode ser fonte de grande ansiedade e stresse.
Com tantos fogos para apagar, é preciso organizar-se
e centrar-se no essencial. Saiba como.
que a época natalícia pode ser mais stressante
quegratificante…APais&filhosfaloucomalguns
especialistasedeixa-lhealgumasdicasparaum
Natal mais feliz.
Baixar as expectativas
“Desde pequenos, vendem-nos o Natal como
sendo uma época maravilhosa, de paz e amor.
E que, se nos portarmos bem, ainda recebemos
presentes! Só que também é verdade que pode
ser uma altura de birras, constipações, stresse
e frustrações. Por isso, o meu conselho é bai-
xarasexpectativas.Mesmo!”,aconselhaMagda
GomesDias,coacheformadoranasáreascom-
portamentais. Para que tudo corra melhor, é
importanteesquecerosmodelosperfeitoseter
bempresenteque“emborasejaacelebraçãoda
família e uma época supostamente mágica, é
tambémumaalturadoanoemquenadaécomo
nosfilmes”.Enãofazmal.Omaisnaturaléque
issoaconteça.Osprópriosrituaisfamiliaresvão
se alterando com o tempo.
“Osrituaisnãodevemserestáticosourígidos.As
famíliasvãoadaptando-os,atéconsiderandoas
fasesdevida,asidades,asaúde,asdeslocações
que os vários núcleos da família estão a viver. Há
famíliasemquevãovariandoacasaondeaconteceo
Natal,outrasquepassamacelebrarnumhotel,outras
que deixam de ter oferta de prendas, outras que vão
mudandoaprópriacomidadasprincipaisrefeições….”,
desmistificaapsicólogaeterapeutafamiliarCatarina
Rivero. Por isso, aproveite ao máximo o “seu” Natal e
não entre em comparações.
Planear e antecipar
Deixar tudo para o fim aumenta a ansiedade, faz-
-nos ultrapassar os orçamentos e leva-nos a tomar
Natal
42. 40 Pais&filhos dezembro2015
decisões por impulso, que se tornam por vezes
irracionais. “O conjunto de coisas a preparar
é enorme: a decoração da casa, a compra das
prendas, as atividades para os filhos em tempo
deférias,aceiadeNatal,recebervisitasemcasa.
Para que tudo corra bem, é essencial planear e
começaromaiscedopossívelaprepararoNatal”,
aconselha Lígia Noia, formadora e consultora
emorganização.Paratal,sugeretrêspassos:“1.
identificar quais as grandes áreas que precisa
organizar;2.fazertrêslistas:listadetarefas,lista
de compras, lista de prendas; 3. definir datas
para realizar as tarefas e registar na agenda”.
Desdejá,podecomeçaraprepararadecoração
de Natal. Verifique quais os enfeites que ainda
pode aproveitar do ano anterior e elabore uma
lista do que pretende comprar, o mais especí-
fica possível: que enfeites de Natal precisa, as
quantidades,ascoresequantopretendegastar.
Seráumaajudapreciosaparasefocarecontro-
lar quando chegar às lojas e vir todas aquelas
estrelas, luzes e bonecos a chamar por si.
Prendas ou dores de cabeça?
Quase ninguém consegue fugir delas, por isso
háquetentarpassarpeloprocessocomamaior
calmapossível.Maisumavez,énoplanearque
pode estar o ganho. Prepare uma lista com o
nomedapessoa,otipodeprendaeoorçamento
previsto.Sepossível,escolhasóduasoutrêslojas
etentecomprartodasasprendasnesseslocais.O
quenãoencontrar,procurecompraronline. Não
gaste demasiado dinheiro se não souber que a
prenda vai agradar mesmo, tanto às crianças
comoaospais.Pensenautilidadedaprenda,de
formaaquenãosetransformeemtralhanacasa
dasoutraspessoas.Sejaconscientenaescolhado
meio de pagamento. Se, por exemplo, optar por
fazercomprascomdinheirooucomocartãode
débito,teráumanoçãomaisrealdoquantoestá
a gastar. E se quiser oferecer a si mesma, como
presentedeNatal,aquelegadgetoupeçaderoupa
que já anda a namorar há algum tempo, espere
pela altura dos saldos, logo a seguir às festas.
Emcasa,éessencialdestralhareprepararespaço
disponível para o que vai chegar. “Quando as
pessoas não o fazem, colocam as coisas no pri-
meiroarmário,gavetaoucaixaqueencontram.
O problema fica resolvido no momento, mas
depois torna-se uma bola de neve e as ‘tralhas’
espalham-se por toda a casa”, reconhece Lígia
Noia. “A minha sugestão é doar/dar ou vender
brinquedos antes do Natal. E reservar um local
Baixe as expectativas. O Natal não é perfeito
como nos filmes. E não faz mal!
natal Preparativos
Se o Natal é, para si, sinónimo de
receber visitas, estas dicas vão
ajudá-la. Ter uma casa organizada
de forma simples e funcional vai
facilitar os momentos de grande
confusão. Lígia Noia deixa os seus
conselhos de organização para o
próximo mês.
Semana 1
Destralhar a casa (verificar que
brinquedos, objetos de decoração e
móveis já não precisa).
Preparar a decoração de Natal
(verificar necessidades, fazer lista e
comprar o que falta).
Semana 2
Planear o menu da ceia de Natal e as
responsabilidades de cada membro
da família (crianças incluídas).
Fazer as compras do supermercado
(antecipe todas as compras que for
possível e deixe os frescos para os
dias antes do Natal).
Semana 3
Consumir o máximo de alimentos
que tem no frigorífico e congelador
(libertando espaço para o que vai
comprar).
Limpeza da casa (pode dividir a casa
em cinco áreas e em cada dia da
semana limpa uma área).
Preparar as loiças para a ceia de
Natal (ver se falta alguma coisa).
Semana 4
Fazer as compras para a ceia de
Natal.
Fazer limpezas de última hora.
Preparar espaço para receber visitas
(afastar/retirar móveis para criar
mais espaço de circulação).
Preparar a casa, semana a semana
43. “Os pais de crianças pequenas deveriam
ser obrigados a tirarem férias entre o Natal
e o Ano Novo. É aí que se desacelera.
E se descansa”
Algumas dicas da consultora Lígia
Noia para organizar as divisões da
sua casa e receber os convidados
com todo o conforto.
Hall de entrada
Crie espaço para guardar as malas,
casacos e guarda- -chuvas. Para
quem tem pouco espaço, pode
improvisar e colocar uma mesa ou um
cesto grande para colocar as malas.
Casa de banho
Tenha sempre vários rolos de papel
higiénico visíveis, para que as pessoas
possam mudar se necessário. Ter
toalhas para substituir se necessário à
mão também é útil. Se tiver toalhetes
de limpeza guardados numa caixa ou
gaveta, em dois minutos pode limpar
a casa de banho novamente.
Sala
Preveja um espaço para juntar
todas as prendas. Prepare sacos do
lixo para os embrulhos. Afaste os
móveis do centro, de forma a permitir
a circulação dos convidados. Crie
“kits” para facilitar a organização.
Por exemplo, num cantinho para o
café, pode colocar a máquina, as
chávenas, o açúcar, água para a
máquina e cápsulas do café. Faça a
mesma coisa com as louças, copos e
talheres.
Cozinha
Prepare espaço no frigorífico para as
comidas que os convidados trazem.
Guarde caixas descartáveis para os
convidados levarem comida para
casa (de outra forma pode ficar sem
os seus tupperwares). Tenha um
saco do lixo grande, sempre bem
visível, para ser usado por todos os
convidados.
Tudo em ordem
específico, que pode ser um armário ou caixa,
paraasprendasquereceber.Assim,asprendas
recebidas que ainda não tiverem ‘casa’ ficam lá
até decidir o que fazer com elas. É uma espécie
de‘caixadeentrada’,talcomotemosnoemail”.
Natal x 2
À confusão própria desta época, acresce a lo-
gística da organização destes dias, própria de
famíliascomospaisseparados.“Nãoexisteuma
forma ideal de organização, contudo é impor-
tante que as crianças tenham conhecimento,
quanto antes, de como irá ser o seu Natal, já
que a previsibilidade lhes trará uma sensação
de segurança emocional”, aconselha Catarina
Rivero. Valorizar o Natal que a criança vive na
outra casa é importante, assim como recriar
rotinas.Entraremcompetiçõesparaque“omeu
Natalsejamelhorqueoteu”,nãofazsentido.“Pôr
em causa a casa do outro, ou a forma como os
rituaissãovividos,étambémpôremcausaafa-
míliabinucleardosfilhos.Oamorearelaçãoque
se desenvolve entre pais e filhos não tem como
basebensmateriaisouexperiênciashilariantes.
Trata-sedaligaçãomaisvastaqueseestabelece
navivênciadetodososdiasemqueestãojuntos”.
SeesteéoseuprimeiroNatalcomestarealidade,
a psicóloga e terapeuta familiar deixa algumas
indicações: “Quando há um divórcio, há uma
necessidadedemudança.Éfundamentalquese
conversesobreanovaformadeviveroNatal,sem
retirar esse lado simbólico ou de ligação entre
todos os que se sentem família. E é importante
lembrar que o divórcio não é o fim da família,
mas sim o princípio de uma realidade familiar
maiscomplexa:ascriançaspertencemecrescem
agora numa família binuclear. Assim, o impor-
tante é continuar a celebrar os Natais e outros
rituais que para a família sejam considerados
importantes, adaptando as agendas dos pais
emproldobemmaior,queéodesenvolvimento
ótimo das crianças”.
Tirar férias
Emtodosostiposdefamílias,porserumaépoca
tãoemotiva,sãofrequentesosconflitos,mesmo
noprópriodiadeNatal.“Éfrustranteeficamos
tristesporpassarmospelaalturadoNatalcom
tanta tensão, cansaço e sem realmente termos
aproveitado como deveríamos”, reconhece
Magda Gomes Dias. Por isso, acha que os pais
de crianças pequenas deveriam ser obrigados
a tirarem férias entre o Natal e o Ano Novo. “É
nessa altura que se aproveita mais o Natal, e se
desacelera.Esedescansa.Eaindahápãodocee
bolo rei!” E deixa um conselho final: “Se os teus
filhosficambirrentos,éporqueestãocansados
de tanta agitação. Reduz a azáfama, os janta-
res de Natal e os encontros. Pouco e bom será
o segredo… e em família, que é para isso que
existe o Natal”.
Birras no Natal
“Não lhes peçam
apenas para se
portarem bem.
Expliquem, tim-tim
por tim-tim, que tipo
de comportamento
é esperado”,
aconselha Magda
Gomes Dias
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