O documento discute a desigualdade racial no Brasil, abordando temas como escravidão, racismo, movimento negro e democracia racial. Apresenta como a escravidão criou o conceito de raça e como isso impactou a sociedade brasileira por séculos, resultando em grande desigualdade racial mesmo após a abolição. Questiona a ideia de democracia racial e destaca a importância do movimento negro em conquistar direitos e enfrentar o racismo estrutural.
2. Diferenciar é importante
Etnia
► é um grupo definido pela mesma
origem, afinidades linguísticas e
culturais
► É cultural
Raça
► tenta trazer a ideia da distinção
entre os homens, é um conceito
socialmente construído de que
existiriam diferenças biológicas
entre as etnias
► É histórico
3. Vamos começar com a
escravidão
► Vamos voltar no calendário e contextualizar a escravidão. A
principal fonte para o estudo da escravidão antiga provavelmente
é Aristóteles. As diferenças entre os tipos de escravidão e as
diferenças entre as múltiplas regiões da Grécia (além, é claro, do
período de tempo extenso), tornam o tema complexo, mas
podemos vulgarizar da seguinte forma: a escravidão na Grécia
antiga compreendia três possibilidades; por dívida, como punição
e como apresamento de guerra.
4. Na antiguidade
► Qual a lógica de tais tipos de escravidão? A
escravidão como punição, como mecanismo
penal, talvez seja a mais óbvia. Um indivíduo
comete um crime de tal proporção que, como
punição, é privado de sua cidadania e de
liberdade. Tal escravidão pune o indivíduo
apenas, ou seja, não se aplica para uma
sociedade ou sua família. A escravidão por
dívida é autoexplicativa, quando uma dívida
pecuniária é paga pelo trabalho servil; ela,
dependendo do exemplo, podia passar para o
restante da família do devedor. Finalmente, o
apresamento de escravos em guerra consistia no
entendimento aristotélico de que um
determinado povo, ao perder uma guerra,
demonstrava fraqueza e inferioridade, por isso
seria justo o vencedor escravizá-lo.
5. No colonialismo
► Em contraste à sociedade romana, em que
várias etnias poderiam ser escravas, inclusive
os próprios romanos, o componente étnico
que Portugal adiciona ao comércio de
escravos cria uma aberração: existe um
povo que é escravo, tem cara de escravo.
Tem cor de escravo.
► Por trezentos anos, tal conceito é martelado
na sociedade. Os resultados só podem ser
catastróficos. O Decreto nº 1.331-A, de 17 de
Fevereiro de 1854, que regulamenta o ensino
básico no Brasil, irá excluir os negros, mesmo
os libertos, do ensino nesses motivos, por
serem “portadores de contágio”. No Rio
Grande do Sul, no Colégio de Artes
Mecânicas, a lei mandava recusar matrículas
às crianças de cor preta e aos escravos e
pretos, “ainda que libertos e livres”.
6. ‘’Mas outras etnias também foram
escravizadas’’
► Comparar o imenso comércio de africanos
escravizados pelo Oceano Atlântico com o
comércio de escravos feito na Antiguidade, ou
de acordo com os costumes antigos, não tem
sustentação. Se um príncipe africano tomava
escravos em uma guerra com seus vizinhos, é
uma coisa. Inserir esse escravo no processo
mercantil atlântico é outra, com outra origem,
outra conotação, outra finalidade. Outro
elemento: o étnico. O escravo deixa de ser por
crime, por dívida ou por guerra. O escravo é o
negro, e o negro torna-se escravo. Um
fenômeno econômico que remonta à
antiguidade do Crescente Fértil é distorcido
ideologicamente. A escravidão do negro pelo
Atlântico não é fruto do racismo. A escravidão
do negro pelo Atlântico cria o racismo.
7. A opinião é
Senso comum
► É racismo o fato isolado de
apelidar/discriminar alguém pela
cor da pele
► Temos igualdade racial no Brasil
desde que houve abolição da
escravidão
► Mas a constituição garante nossa
igualdade!
Científica
► Racismo é puramente ligado à história
► A desigualdade racial no Brasil é uma das maiores
do mundo, pois os negros não foram integrados
ao sistema educacional e foram absorvidos pelas
camadas mais baixas do mercado de trabalho
► Existe uma grande diferença entre igualdade
formal(ou jurídica) e igualdade material (ou
isonomia material), nessa última em específico, os
negros saem perdendo historicamente.
8.
9. E o movimento negro?
► O movimento negro começou a surgir no
Brasil durante o período da escravidão.
Para defender-se das violências e injustiças
praticadas pelos senhores, os negros
escravos se uniram para buscar formas de
resistência. Ao longo dos anos, o
movimento negro se fortaleceu e foi
responsável por diversas conquistas desta
comunidade, que por séculos foi injustiçada
e cujos reflexos das políticas escravocratas
ainda são visíveis na sociedade atual.
10. Democracia racial?
► O termo democracia racial foi utilizado pelo sociólogo Gilberto Freyre, no seu livro “Casa
Grande e Senzala” (1933). O autor defende a ideia de que, ao contrário de outros países
como África do Sul e Estados Unidos, haveria no Brasil uma convivência pacífica entre as
raças. Veja a capa do livro “Casa Grande e Senzala”, onde Gilberto Freyre fala de
democracia racial. O autor também escreveu o livro Sobrados & Mucambos, referente
ao mesmo tema.
► O mito da democracia racial assentou-se sobre dois fundamentos: 1) o mito do bom
senhor ; 2) o mito do escravo submisso
► O movimento negro ganhou novas influências na década de 1960, com a força do
movimento dos direitos civis nos EUA e a luta africana contra o apartheid e libertação
das colônias.
11.
12. Democracia racial se baseia em
dois princípios
► A crença no bom senhor
A ideia de que o senhor de
engenho tinha uma relação de
hierarquia, mas não de guerra com
relação aos escravos negros,
trazendo uma ideia de
pseudocordialidade do senhor.
► O mito do escravo submisso
A ideia de que os negros não teriam se
levantado contra as opressões raciais
durante o colonialismo, ignorando o
sofrimento e a resistência do povo negro
13. Como foi/é nos EUA...
► Os Panteras Negras surgiram como um
grupo que defendia a resistência
armada contra a opressão dos negros.
Fundado em outubro de 1966, o grupo
nasceu prometendo patrulhar os bairros
de maioria negra para proteger seus
moradores contra a violência policial.
► O movimento se espalhou pelos EUA
chegou ao seu período de maior
popularidade no final da década de
1960, quando chegou a ter 2 mil
membros e escritórios nas principais
cidades do país. Mas logo as brigas
com a polícia levaram a tiroteios em
Nova York e Chicago, e entre 1966 e
1970 pelo menos 15 policiais e 34
“panteras” morreram em conflitos
urbanos.
14.
15. Outros movimentos de ativismo
negro nos EUA:
► NAÇÃO DO ISLÃ
► LÍDER – Malcolm X
► PROPOSTAS – Essa vertente religiosa
praticava a luta política por meios legais,
mas defendia quaisquer formas de
autoproteção para negros contra a
violência racial. Recusando a igualdade
racial, o foco do movimento liderado
por X era promover a ideia de que
apenas os negros poderiam trazer a
libertação dos próprios negros. Na
prática, o grupo defendia a supremacia
negra e a criação de uma nação
separada.
16. ► DIREITOS CIVIS
► PRINCIPAL LÍDER – Martin Luther King Jr.
► PROPOSTAS – O pastor batista liderava uma corrente moderada,
adepta da não-violência, que defendia a obtenção da igualdade
racial por meios pacíficos, com a extensão do direito ao voto a
todos os negros e o uso de táticas como boicotes e desobediência
civil sem atos violentos.
17.
18. No Dia Nacional da Consciência Negra, brasileiros
negros relatam suas experiências
19. Para casa
► Analisar o texto 4 da página 60 do livro e realizar as atividades das
páginas 61 até 67 (A correção será enviada no grupo)
► Anotar no caderno quem foi e qual a importância de Rosa Parks.