1. Urgência e emergência em
álcool e outras drogas
Gabriela Lanzetta Haack
Psicóloga
CAPS
Pelotas
2. Introdução
No Brasil, 6% da população apresentam transtornos
graves relacionados ao uso de drogas
Além disso, o uso de drogas está relacionado a
outros agravos à saúde. Dados referentes a
atendimentos em pronto socorro geral referem que o
álcool está associado a quase 70% dos homicídios,
40% dos suicídios, 50% dos acidentes de automóvel,
60% das queimaduras fatais, 60% dos afogamentos e
40% das quedas fatais.
3. Além das causas externas...
Álcool: associado a doenças como:
hipertensão, AVC, diabetes, doença do fígado
e estômago, vários tipos de câncer, etc
Cocaína/crack: problemas respiratórios, dor
precordial, problemas cardiocirculatórios, etc
4. Avaliação do paciente com transtornos
relacionados ao uso de drogas
Histórico detalhado do uso de drogas e dos efeitos
destas no funcionamento cognitivo, psicológico,
fisiológico (no passado e no presente)
História médica geral e psiquiátrica
Exame físico geral
História familiar e social
Testes de laboratório e outros exames quando
necessário
Coleta de outras informações com familiar ou outro
(com a permissão do paciente)
5. Intoxicação aguda
Intoxicação caracteriza-se por síndromes
especificas devidas à ingestão (ou exposição)
recente à droga. O tratamento visa à retirada
ou à recuperação dos efeitos agudos da
substância
O atendimento à urgência pode ser o primeiro
contato do usuário com algum tipo de
tratamento, e é crucial para a adesão e
continuidade do mesmo
6. A intoxicação aguda pode ser:
Intoxicação sem doença psiquiátrica, incluída a
dependência química – fazer abordagem da intoxicação e
orientações gerais;
Intoxicação com suspeita de diagnóstico de dependência
química, sem outra doença psiquiátrica – abordagem da
intoxicação, avaliação diagnóstica do TUS, sensibilização do
paciente e familiares, encaminhamento para tratamento;
Intoxicação com co morbidade psiquiátrica e dependência
química – abordagem da intoxicação, avaliação diagnóstica
TUS e outros transtornos psiquiátricos, sensibilização do
paciente e familiares, encaminhamento para tratamento.
7. Atendimento de urgência
Nesta situação é importante avaliar três variáveis:
O USUÁRIO: personalidade, fisiologia, motivação para o uso da droga,
USUÁRIO
expectativa quanto ao efeito, medo, etc.
O CENÁRIO: se o local é seguro ou ameaçador, estranho ou familiar,
CENÁRIO
acolhedor ou apertado, tranqüilo ou agitado, quente ou frio, barulhento ou
quieto, o que está ocorrendo em volta, hora do dia, etc.
A DROGA: tipo de droga, quantidade, quantas vezes foi usada, como foi
DROGA
administrada (fumada, aspirada, ingerida, injetada), se já era usada antes,
durante quanto tempo, grau de pureza da droga, se misturou algo com a
droga, etc.
8. No atendimento
Quando a somatória desses três fatores é negativa, a
pessoa necessitará de ajuda. O socorrista, quando for
atender, pode ser de grande ajuda:
Sendo tranquilizador, não ameaçador;
Colocando a pessoa em lugar calmo, não barulhento;
Mantendo a temperatura agradável;
Interferindo de forma valiosa na modificação do
hábito de usar drogas;
Explicando para o usuário os efeitos ocorridos;
Explicando os efeitos da droga.
9. Tratamento da superdose
A superdose de droga pode ser tratada
de dois modos: pelos
sintomas apresentados e pelo tratamento
específico de acordo com a droga
usada.
usada
10. Tratamento pelos sintomas
Tratar de um usuário de drogas pelo sintoma não é diferente de tratar
de uma vítima não drogada. Inicialmente devemos observar a maneira
como ele respira, pulso, pressão sangüínea e temperatura. Importante
também observar indicativos neurológicos incluindo itens como nível de
consciência, coordenação, linguagem e anormalidade dos olhos;
observe se os olhos estão “virados”, opacos, contraídos ou dilatados.
Pupilas desiguais nunca são causadas por drogas (pensar em lesão
cerebral).
A vítima relacionada com drogas pode exibir vários sintomas que
requeiram atendimento de urgência, se necessário, ressuscitação cardiopulmonar. Também poderão estar presentes: choque, hiperventilação,
inconsciência, convulsões, choque anafilático e reações alérgicas. A
vítima deve ser tratada como qualquer outra pessoa com estes sintomas.
11. Tratamento pelos sintomas
Adicionalmente, podem aparecer sintomas como
pânico e reações de ansiedade.
ansiedade
É importante manter a calma e falar lentamente.
Tranqüilize a pessoa. Explique que a busca de ajuda
foi correta. Use o nome da pessoa. Fale apenas frases
simples. Seja sincero e compreensivo, e não tente ser
conselheiro. Não faça julgamentos. Não se apavore;
mesmo que tenha cometido um erro, mantenha a
segurança. Não faça brincadeiras e não tenha reações
súbitas. Lembre-se, a pessoa pode mesmo estar em
pânico.
12. Tratamento de acordo com adroga
tomada
Após o tratamento de acordo com
os sintomas, e se for evidente o tipo
de droga usada, trate-a de acordo
com a droga específica.
13. Depressores: barbitúricos,
tranqüilizantes e derivados do ópio
EFEITOS DO ABUSO – sonolência, apatia, língua enrolada, embriaguês sem hálito, depressão,
confusão, desorientação, falta de coordenação, tremores, irritabilidade, agressividade, variação
de humor, falta de memória, vertigens, atenção e reflexos diminuidos, náuseas e vômitos.
RISCOS DO ABUSO – perda de peso, irritabilidade, confusão, tremores, respiração superficial, pele
fria, úmida e escamosa, pupilas dilatadas, pulso descompassado, impotência, esterilidade,
coma.
SUPERDOSE – a vítima pode parecer desorientada, confusa, sonolenta e possivelmente agressiva.
Diminuição da pressão sangüínea; respiração e freqüência de pulso lentas e/ou irregulares,
reflexos diminuidos ou ausentes, fala desconexa e vagarosa, olhos vidrados com reação lenta
para a luz, pele pálida e seca, vômitos. Semiconsciência ou inconsciência, depressão
respiratória, coceira na pele, nariz escorrendo, pele cianótica.
EFEITOS DA FALTA/ABSTINÊNCIA – ansiedade, insônia, tremores, convulsões, “delirium
tremens”, delírio, alucinações, parada cardíaca e respiratória, dores abdominais e musculares.
14. Depressores: barbitúricos,
tranqüilizantes e derivados do ópio
CUIDADOS DE EMERGÊNCIA – depois de tratar a vítima
pelos sintomas, se o droga foi tomada oralmente, dilua com
vários copos de água ou leite, induzindo ao vômito e dilua
outra vez com água ou leite. Mantenha a pessoa de lado para
evitar aspiração se houver deterioração. Pode haver a
necessidade de auxílio com oxigênio, pois a evolução pode
ser rápida; evite que a pessoa durma. Mantenha as vias aéreas
livres. Permaneça com a pessoa acordada e falando. Pode-se
colocá-la em posição fetal, para evitar risco de aspiração.
Nunca dê café ou outro psicoestimulante, pois drogas
estimulantes e depressoras não se neutralizam, e sim
apresentará efeitos de ambas, sendo mais prejudicial do que
uma delas sozinha.
15. Depressores: inalantes
Colas a base de tolueno, acetona, benzina, gasolina, éter, fluido de isqueiros, tintas, aerossóis e
sprays.
EFEITOS DO ABUSO – o usuário sente-se tonto e eufórico sente-se “alto”, como se estivesse flutuando, com
voz pastosa (língua enrolada), sonolência, olhos vermelhos, corisa, anorexia, perda de sensibilidade ao
frio, andar cambaleante.
RISCOS DO ABUSO – lesões irreversíveis no córtex cerebral, na medula óssea (aplasia de medula), nos rins e
fígado (insuficiência), doenças pulmonares, parada cardíaca.
SUPERDOSE – sinais de pânico, ansiedade, confusão e agressividade. Olhos injetados de sangue, náuseas,
convulsões e parada cardíaca, depois de estresse físico. Risco de morte por asfixia. Desorientação, falta
de coordenação motora, andar cambaleante, violência. Depressão do Sistema Nervoso Central.
EFEITOS DA FALTA – cefaléia, tonturas, náuseas e vômitos, tremores, convulsão, ansiedade, insônia, risco
de óbito por parada cardíaca.
CUIDADOS DE EMERGÊNCIA – levar a pessoa ao ar fresco, ou administrar oxigênio; tratar as respostas
emocionais, realizações de pânico, ansiedade e agressividade, permanecendo calmo. Monitorize a vítima
cuidadosamente pois as complicações podem ser fatais. Tratamento sintomático.
16. Depressores: álcool
EMBRIAGUEZ – Intoxicação Alcoólica Aguda
Há relação entre a quantidade de álcool ingerido e o comportamento da pessoa.
Esta relação pode ser influenciada por diversos fatores, tais como idade, peso
corporal, situação alimentar, tolerância individual, padrão de consumo anterior,
uso associado de outras drogas, etc.
Quando os efeitos do álcool tornam-se mais intensos, caracteriza-se a embriaguez,
com mudança de comportamento.
EFEITOS DO ABUSO – mudanças de comportamento, diminuição do julgamento,
euforia, depressão, labilidade emocional, irritabilidade, falta de coordenação
motora, diminuição de reflexos, impulsividade, diminuição do nível de
consciência, agressividade, náuseas e vômitos.
RISCOS DO ABUSO – emagrecimento, alterações gastrointestinais, dores
musculares, disfunção sexual, alterações cardiovasculares, convulsões, contusões,
alterações neurológicas.
17. Depressores: álcool
CUIDADOS DE EMERGÊNCIA – avaliação de outras
alterações orgânicas, presença de fraturas, uso associado de
outras drogas, e, nos casos de alteração de consciência,
lembrar
de
hipoglicemia
e
traumatismo
craneoencefálico. Não há medicação de utilização clínica
que acelere o metabolismo do álcool ou que alivie os
sintomas de embriaguez. A intoxicação leve e moderada não
necessita tratamento especial; quando apresenta quadros de
agitação ou agressividade, são indicados benzodiapínicos,
sem fazer narcose, clordiazepóxico 25 a 100 mg, podendo
chegar a 300 mg; se necessário sedação, haloperidol
intramuscular de 30/30 minutos, até o efeito desejado.
18. Depressores: álcool
Em casos de coma alcoólico:
lavagem gástrica;
manutenção do dados vitais;
oxigenação;
correção do desequilíbrio hidreletrolítico;
administração de glicose a 50% EV e tiamina IM;
suporte ventilatório mecânico, se necessário;
hemodiálise, se a alcoolemia por superior a
500mg / 100ml.
19. Intoxicação álcoólica crônica
ALCOOLISMO
Geralmente, a dependência ao álcool é negada pelo
paciente, que não admite beber demais, e atribui esse fato a
problemas morais, sociais ou aos “nervos”, afirmando: “bebo
e paro quando quero”. A dependência, muitas vezes é negada
também pela família, que julga o alcoolista como alguém com
problemas morais, fraco, sem-vergonha, mau caráter, mas não
um doente.
O profissional de saúde deve estar atento, em todos os
casos que consultar, podendo encontrar pessoas abstêmicas,
bebedores moderados, bebedores-problema e dependentes.
20. Depêndência do álcool
Deve-se pensar em alcoolismo quando ocorrer:
Hálito alcoólico na consulta, face avermelhada, emagrecimento, inapetência,
aversão a doces, náuseas e vômitos matinais, dor abdominal, azia, diarréia
repetida, hemorragia digestiva, pancreatite, hepatomegalia, disfunções hepáticas,
insônia, nervosismo, dores musculares, polineuropatia periférica, hipertensão
arterial, disfunção sexual, taquicardia, escoriações, contusões e fraturas repetidas,
pneumopatias de repetição, pelagra, acidentes de trabalho e trânsito, convulsões,
“delirium”, desemprego prolongado, má adaptação sócio-famililares;
Laboratório alterado; VCM aumentando, gama gt aumentada, bilirrubinas e
transaminases elevadas, amilase elevada, ácido úrico, colesterol e triglicerídeos
elevados, anemia megaloblástica, proteínas séricas diminuídas, magnésio e
potássio diminuídos, hipovitaminose A,B e C principalmente.
21. Intoxicação álcoólica crônica
EFEITOS DA FALTA – ansiedade, irritabilidade, agressividade, insônia,
tremores, sudorose intensa, taquicardia, convulsões, náuseas matinais e
vômitos, “delirium tremens”.
Pode-se utilizar o questionário “cage” para triagem inicial:
1. Alguma vez o(a) Sr(a) sentiu que deveria diminuir a quantidade de bebida
ou mesmo parar de beber?
2. As pessoas o(a) aborrecem ou criticam o seu modo beber?
3. O(A) Sr(a) sente-se culpado(a) pela maneira com que costuma beber?
4. O(A) Sr(a) costuma beber pela manhã para diminuir o “nervosismo” e/ou
a ressaca?
Duas respostas positivas reforçam a suspeita de um caso de alcoolismo.
22. Intoxicação alcoólica crônica
Pode-se intensificar as suspeitas na ocorrência de: tremores grosseiros,
alucinações e/ou convulsões na privação do álcool, além de sintomas tais
como:
tremores e náuseas matinais, que diminuem com o beber;
“delirium tremens”, com ingestão habitual;
uso de álcool, apesar de contra-indicação médica, conhecida do paciente;
uso de álcool, apesar de contra-indicação sócio-familiar, conhecida pelo
paciente;
alcoolemia superior a 150mg por 100ml, sem evidências de embriaguês;
hepatite alcoólica.
23. Álcool
CUIDADOS DE EMERGÊNCIA – no atendimento de pessoas que vem sofrendo e
causando prejuízos a si e aos outros, resultantes do abuso do álcool, há duas fases;
a primeira de desintoxicação, tratando a síndrome de abstinência; a segunda
através de reorganização da vida do paciente, com a recuperação. A abstinência
causa desconforto, principalmente nos primeiros dias. A equipe profissional deve
estar capacitada para essa atenção.
Deve-se avaliar:
intensidade doa sintomas de abstinência;
nível da conseqüências orgânicas;
nível da conseqüências psiquiátricas;
nível de disciplina da família para ajudar.
De forma geral, só deverão ser internados os casos com dependência grave ou
complicações severas.
24. Álcool - desintoxicação
É um fenômeno biológico, que acontece todas as vezes em que um alcoolista
cessa a ingestão alcoólica; dessa forma, na maioria das vezes, não há
necessidade de qualquer tipo de medicação.
O uso de glicose, pura ou associada, não tem nenhum respaldo científico.
Atitude carinhosa e compreensiva, antecipando ao paciente o que poderá
vir a sentir aumentará a tolerância aos sintomas.
Muitas vezes, vitamina B1, 100mg/dia é suficiente. Quando os sinais de
abstinência tornarem-se mais intensos, poder-se-á utilizar benzodiapínico
(clordiazepóxido) 25 a 200mg/dia, preferencialmente por via oral, por período não
superior a 7 dias. Aparecendo convulsão, indica-se o aumento da dose do
benzodiapínico; se houver história prévia de crises convulsivas, indica-se a
introdução de difenilidantoína 300mg/dia, por 5 a 7 dias, simultaneamente ao
benzodiazepínico. Se necessário sedação utilizar haloperidol.
25. Álcool: delirium tremens
O Delirium Tremens é uma forma mais intensa e
complicada da abstinência. Designa estado de confusão
mental.
São comuns os tremores intensos ou mesmo convulsões.
Um sintoma comum, mas nem sempre presente são as
alucinações táteis e visuais em que o paciente "vê" insetos ou
animais asquerosos próximos ou pelo seu corpo. Esse tipo de
alucinação pode levar o paciente a um estado de agitação
violenta para tentar livrar-se dos animais que o atacam.
O Delirim Tremens é uma condição potencialmente fatal,
principalmente nos dias quentes e nos pacientes debilitados.
A fatalidade quando ocorre é devida ao desequilíbrio hidroeletrolítico do corpo.
26. Álcool: delirium tremens
Sugere-se: hidratação, glicose hipertônica 1 amp.,
sulfato de magnésio solução 50% 2 amp. em frasco
em frasco de 1000ml, 2 amp. de complexo B,
diazepam, de 40 a 60mg (dose máxima diária
recomendada é de 120mg), podendo ser repetido. A
solução glico-fisiológica e o diazepam se
permanecer a sintomalogia (preferencialmente o
diazepam deve ser feito EV, não misturado a outras
drogas ou diluído em outras soluções). Tão logo seja
possível, passar para via oral.
27. Álcool
ALUCINOSE ALCOÓLICA – surgimento de alucinações intensas e
persistentes. Não há distúrbios de consciência. Indica-se o uso de
haloperidol 2 a 5 mg/dia IM, seguido por via oral logo que possível, até
ceder a sintomatologia.
DISTÚRBIOS AMNÉSIO POR ÁLCOOL – indica-se tiamina e sulfato de
magnésio; para adequação da dose utiliza-se como parâmetro a remissão
dos sinais oculares; pode-se utilizar de 100 até 1000mg de tiamina no
início. Utiliza-se 1 a 2mg de sulfato de magnésio a 50% IM até o
restabelecimento dos níveis normais. A administração de glicose antes da
tiamina pode precipitar ou piorar a encefalopatia de Wernicke.
28. Álcool
POLINEUROPATIA ALCOÓLICA – caracterizada
por dor, parestesias e cãimbras localizadas, tremores
em membros superiores, diminuição ou abolição da
sensibilidade. Indica-se suplementação vitamínica
oral ou parenteral, dependendo da gravidade.
OBS.: De modo geral o uso de aversivos (dissulfiram) e
psicotrópicos são de indicação reduzida e sua
utilização deve ser precedida de avaliação rigorosa.
29. Estimulantes
Anfetaminas, cafeína, nicotina, etc.
EFEITOS DO ABUSO – excitação, anorexia, insônia, inquietação, confusão
mental, agressividade, boca seca, dilatação de pupilas, alucinações,
convulsões,
visão
embaraçada,
liberação
das
inibições,
paranóia, descontrole verbal e fadiga.
RISCOS DO ABUSO – respiração superficial, depressão, agitação
psicomotora, tremores, convulsões, paranóia, alucinações, perda de peso,
parada cardíaca.
EFEITOS DA FALTA – apatia, sono prolongado, irritabilidade, depressão,
delírio, desorientação, alucinações, agressividade, tendências suicidas,
surto psicótico.
30. Estimulantes
SUPERDOSE – embora não seja muito freqüente, mas
em tais circunstâncias pode ocorrer ansiedade,
paranóia e pânico, desmaios e perda de consciência,
confusão e alucinações, com possível agressividade;
respiração rápida, pulso rápido e irregular, tensão
muscular, cefaléia, boca seca, olhos normais ou
dilatados, hipertermia, pressão sangüínea elevada,
tremores, convulsão, pele quente, úmida e
avermelhada, taquicardia; colapso circulatório e
morte.
31. Estimulantes
O tabaco, embora produza efeitos do abuso (excitação,
tabaco
anorexia, tremores finos, distração e relaxamento);
apresente
riscos
do
abuso
(complicações
respiratórias, cardio-vasculares, gastro-intestinais e
neurológicas); apresente sintomas de falta
(ansiedade, nervosismo, irritabilidade, tremores,
aumento do apetite, insônia, sensações desagradáveis
e mau estar, dificuldades nas atividades intelectuais,
etc.); não apresenta riscos de superdosagem, quando
fumando.
32. Estimulantes
CUIDADOS DE EMERGÊNCIA – se a ingestão foi via oral,
dilua com muitos copos de água ou leite, induza ao vômito,
dilua novamente com água ou leite. Diminua os fatores
estimulantes do ambiente diminuindo a luz ou ruído; tente
manter a vítima imóvel, evite assustá-la, mantenha
monitorização dos dados vitais. Em raros casos a temperatura
se eleva a níveis preocupantes; se necessário medique
sintomaticamente. Não fique temeroso ou agressivo, mesmo
que a vítima apresente tais sintomas. Use a força apenas em
último recurso. Encorage a pessoa a ingerir líquidos;
observação e cuidado com vômitos e aspiração. Quando
necessário poder-se-á utilizar benzodiapinicos (opção pelo
clorbiazepóxido 25 a 100mg) e/ou clorprozina 25 a 100mg
podendo usar até 300mg.
33. Estimulantes: cocaína/crack
EFEITOS DO ABUSO – perda do apetite, insônia, excitação, hiperatividade,
irritabilidade, agressividade, idéias delirantes paranóides, palidez acentuada,
dilatação das pupilas, despersonalização, alucinações (dependendo da dose),
sensação de aumento de energia, hipertemia, cefaléia, hipertensão, destruição do
septo nasal, hemorragia nasal e gengiva, corisa.
RISCOS DO ABUSO – hiperatividade, irritabilidade, convulsões, hipertensão,
taquicardia, depressão respiratória, parada respiratória, infecções por
contaminação (AIDS), psicose paranóide.
SUPERDOSAGEM – ansiedade, paranóide e pânico, desmaios e inconsciência,
convulsões e alucinações, agressividade, depressão e parada respiratória.
EFEITOS DA FALTA – apatia, depressão, desorientação, delírio, ansiedade, insônia,
ou sono prolongado.
34. Estimulantes: cocaína/crack
CUIDADOS DE EMERGÊNCIA – diminua os fatores
estimulantes do ambiente, mantenha monitorização dos dados
vitais; tente manter a pessoa imóvel, diminua os ruídos e a
luz. Faça hidratação via oral, se possível. Tente manter-se e a
vítima tranqüilos. Faça a tranquilização, conversando com a
pessoa; use medicação apenas quando necessário; use a
força/contenção apenas em último caso. Faça a avaliação
sistêmica e trate sintomaticamente as conseqüências. Quando
necessário, a utilização de benzoazipínico (clordiazapóxido
25 a 100mg, podendo chegar a 300mg) e/ou clorpromazina
25 a 100mg, podendo chegar a 300 mg.
35. Perturbadores/Alucinantes
MACONHA, HAXIXE
SINTOMAS DE ABUSO – desmotivação e apatia, dilatação das pupilas, distorção na percepção de
tempo e espaço, fadiga, vertigens, sonolência, variação de humor, olhos avermelhados,
distúrbios de julgamento e percepção, aumento do apetite, vontade de comer doces,
“comportamento estranho”.
RISCOS DO ABUSO – isolamento, desmotivação generalizada, distúrbios hormonais, esterilidade,
distúrbios imunológicos, gastrointestinais e cardiovasculares, descompensação psíquica nos
indivíduos predispostos.
EFEITOS DA FALTA – irritabilidade, inquietação, hiperatividade, cefaléia, ansiedade e insônia.
SUPERDOSE – raramente apresenta sintomas bastante graves. Uma verdadeira superdose não
ocorre. Os problemas geralmente são causados por distúrbios emocionais. A pessoa pode
parecer quieta e ausente ou ansiosa e em pânico. Pode estar hiperventilada ou apresentar sinais
de choque com possível desmaio.
CUIDADOS DE EMERGÊNCIA – geralmente não há necessidade de interferência. O tratamento
será sintomático; inclui tranqüilização. Em casos graves, deve-se tratar a vítima pelo pânico e
reações de ansiedade. Nesses casos há indicação de benzodiazepínicos.
36. Perturbadores/Alucinantes
LSD, chá de cogumelo, etc.
EFEITOS DO ABUSO – náuseas, ilusões, alucinações intensas, “despersonalização”, distorção
na percepção do tempo e espaço, confusão mental, impulsividade, flutuação emocional.
RISCOS DO ABUSO – danos cerebrais, “surtos psicóticos”, “flashes” das alucinações, etc
EFEITOS DA FALTA – desconhecidos.
SUPERDOSE – impulsividade, hiperreflexia, flutuação emocional, aumento da sensibilidade,
taquicardia, olhos dilatados, fraqueza muscular, tendência suicida, comportamento
imprevisível, confusão mental. A pessoa pode aparecer agitada e introspectiva, ansiosa,
deprimida ou em pânico; apresenta pele avermelhada e sudorese profusa, hiperventilação,
pulso rápido, elevação da pressão sangüínea, cólicas estomacais e hipertemia leve.
CUIDADOS DE EMERGÊNCIA – tratamento sintomático, cuidados especiais com a reação de
ansiedade e pânico. Não há necessidade de tratamento específico.
37. Concluindo...
O uso de drogas pode trazer consequências e riscos graves,
tanto na intoxicação quanto na abstinência.
É importante atentar aos sintomas, bem como ao padrão de
uso, não subestimando os danos/riscos/prejuízos.
Deve-se tentar manter uma postura acolhedora, escutar o
usuário sem julgamentos, preconceitos ou críticas.
Sempre que se suspeitar de uso abusivo e/ou dependência
deve-se sugerir ao usuário e familiares a continuidade do
tratamento, encaminhando-os para o local adequado.
Essa primeira abordagem na urgência/emergência pode
influenciar significativamente a adesão da pessoa a
tratamentos posteriores.
38. Algumas referências bibliográficas
Amaral, Ricardo Abrantes e col. Manejo do paciente com
transtornos relacionados ao uso de substância psicoativa na
emergência psiquiátrica. Revista Brasileira de Psiquiatria,
vol 32, Supl II,out2010.
CENPRE. Intoxicação por drogas. Disponível em:
http://www.cenpre.furg.br . Data do acesso: 08/2011.
Laranjeira, Ronaldo, coordenador. Usuários de substâncias
psicoativas: abordagem, diagnóstico e tratamento. 2aed. São
Paulo: Conselho Regional de Medicina do Estado de São
Paulo/Associação Médica Brasileira; 2003. p.86.
Leite, Marcos da Costa e colaboradores. Cocaína e crack dos
fundamentos ao tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas,
1999.